Prevenção Indicada e Intervenção Precoce: Dicad - Ars Norte Ip
Prevenção Indicada e Intervenção Precoce: Dicad - Ars Norte Ip
Prevenção Indicada e Intervenção Precoce: Dicad - Ars Norte Ip
Prevenção Indicada e
Intervenção Precoce
DICAD | ARS Norte IP
Boas Práticas para a Intervenção
nas Consultas de Jovens da
DICAD/ARS Norte I.P.
AUTORES:
Andreia Ribeiro
Iolanda Martins
Paula Carvalho
Paulo Lorga
Paula Gonzalez
Rui Guimarães
Junho 2022
ÍNDICE
1. Introdução ……………………………………………………………………..….……..….…………...... 3
1. Modelo de Intervenção nas Consultas de Prevenção Indicada e Intervenção Precoce (PIIP) – Consultas
de Jovens ....................................................................................................... 20
3.1 Objetivos/Âmbito de Intervenção………...………………………….…...…………………....... 21
3.2 População-Alvo e Critérios de Referenciação ………………………………………...….…... 21
3.3 Rede de Referenciação – Articulação intra e interinstitucional...….......................................... 22
3.4 Equipas Técnicas ……………………………………..….……………………………..........….…... 25
3.5 Espaço de Atendimento ………………………….….….…..……….............………………........ 26
3.6 Abordagens Terapêuticas ………...……………………….….….….…………..………………... 26
5. Anexos……………………………………………….…………………………..….….………..……..….. 36
7.1 Critérios de Diagnóstico …………………..….….……………………..................… 38
7.2 Ficha de Referenciação …..………………............................................................ 43
7.3 Protocolo de Consentimento Informado …………........…………………............ 44
7.4 Instrumentos de Avaliação Clínica Formal …………………...…..….……........... 45
7.5 Critérios de Referenciação para Comunidade Terapêutica ………………........ 47
1. Introdução
As intervenções ao nível da promoção da saúde e prevenção dos Comportamentos Aditivos e
Dependências (CAD) junto de crianças, adolescentes e jovens têm tido, por parte da DICAD da ARS
Norte IP, um crescente investimento ao longo dos últimos anos, tendo em conta que a intervenção
precoce pode prevenir ou reduzir a probabilidade de desenvolvimento de perturbações ao nível da saúde
mental, segundo a evidência científica que norteia as diretivas internacionais em saúde ( EMCDDA, 2011,
2019).
Os problemas sociais mais complexos das sociedades contemporâneas (“wicked problems”, de acordo
com Rittel e Webber, 1973), tal como os comportamentos aditivos e dependências, particularmente em
crianças e jovens, persistem perante uma evidente dificuldade das instituições públicas e privadas em
encontrar uma resposta social adequada. As crescentes diversificações destes problemas, bem como a
sua complexificação, colocam novos desafios na organização dos serviços para lhes responder.
Tendo em consideração esses princípios, e constatando a existência de um crescente número de
adolescentes e jovens com fatores e comportamentos de risco frequentemente associados aos CAD, e a
diversificação destes mesmos CAD junto desta população (relacionados não só com os desafios
colocados pelas novas tecnologias, mas também com o surgir de novos padrões de consumo de álcool e
cannabis), a DICAD da ARS Norte IP criou e implementou respostas especializadas para jovens no
âmbito da Prevenção Indicada e da Intervenção Precoce (PIIP).
Face à grande diversidade dos territórios de intervenção e, consequentemente, às diferentes práticas
locais (ao nível dos seus espaços físicos, dos recursos humanos e dos procedimentos), reveste-se da
maior importância enquadrar estas respostas conceptualmente, de forma a permitir uma maior
harmonização e integração na Rede de Cuidados no âmbito dos CAD na Região Norte.
Pretende-se assim, com este documento, dar resposta a dois importantes objetivos: elaborar uma
conceptualização comum das respostas assistenciais ao nível da Prevenção Indicada e Intervenção
Precoce, e promover a harmonização das suas boas práticas e procedimentos.
2. Pressupostos Teóricos
Nas últimas décadas têm vindo a ser realizados vários estudos no âmbito da saúde, da psicologia,
sociologia e outros domínios científicos, que procuram compreender a etiologia, formas de
manifestação e evolução dos comportamentos de risco na adolescência (nomeadamente
comportamentos aditivos com e sem substância, comportamentos sexuais de risco e comportamentos
antissociais).
No estudo “Uso de Drogas, Comportamentos sexuais de risco e comportamentos antissociais na
adolescência: Padrões de associação” (Chitas, Negreiros e Barreira, 2014) os resultados apontam, segundo
os autores, para a existência de uma associação entre diferentes comportamentos de risco, colocando a
hipótese de uma etiologia comum ou de um fator comum não especificado.
Assim, a ideia de que os comportamentos de risco se encontram associados, adotando alguma
plasticidade nas suas formas de expressão e assumindo uma etiologia comum, remete para a discussão
em torno do seu valor enquanto “sintoma”, refletindo um complexo sistema de relações estabelecidas
entre o adolescente/jovem e os diferentes contextos onde está inserido, remetendo para a pertinência de
uma abordagem integrada dos comportamentos de risco na adolescência.
De seguida são apresentados dados respeitantes a estudos recentes, referentes à frequência e prevalência
de alguns dos comportamentos associados aos fatores de risco preconizados como preditores do
desenvolvimento dos CAD (abordados no capítulo 2.2) na população de adolescentes e jovens
portugueses.
Dados da PORDATA (2020) referentes à taxa de abandono precoce de educação e formação (APEF),
apontam para 11% de jovens entre os 18 e os 24 anos que deixaram de estudar sem completar o ensino
secundário (na sua maioria rapazes). Embora esta taxa tenha vindo a decrescer, encontra-se ainda acima
da média dos países da EU, agravada pelo facto de os jovens portugueses abandonarem o sistema de
educação com baixas qualificações (OCDE, 2018). A investigação sobre o abandono precoce tem vindo a
colocar em evidência uma forte relação com a retenção e o insucesso, remetendo para a conceção de
abandono precoce enquanto processo cumulativo e progressivo de rutura com a escola ( Mesquita &
Hardalova, 2018 em O Estado da Educação 2018 - CNE).
Acresce ainda (de acordo com Município do Porto, 2019) que a taxa de jovens NEET (Not in Education,
Employment or Training – desempregados e que não se encontram em formação) em Portugal é de
14,1%, percentagem superior à média europeia, sendo na região Norte onde se se encontra o número
mais elevado de jovens nesta situação - 34% (entre os 15 e os 34 anos).
A investigação tem demonstrado que todas as formas de violência infantil influenciam negativamente a
saúde e bem-estar das crianças, baixam o sentimento de pertença à escola, condicionam o envolvimento
escolar e parecem aumentar os fatores de risco para o uso de substâncias e comportamentos sexuais de
risco (Le et al., 2016).
De acordo com o Instituto da segurança Social, I.P., no Relatório CASA de 2019 (caraterização anual da
situação de acolhimento de crianças e jovens), encontravam-se acolhidas neste ano, 7046 crianças e
jovens nas diferentes respostas sociais. A maior parte destes (86,6%) encontram-se em acolhimento
residencial generalista (LIJ, CAT e AR), seguindo-se as famílias de acolhimento (2,7%), Comunidade
Terapêutica (2,2%) e depois em Lar Residencial (1,9%), Lar Residencial Especializado (1,4%) e
Apartamento de Autonomia (1,5%).
A principal situação de perigo verificada que motivou o acolhimento foi a negligência (por falta de
supervisão e acompanhamento parental), correspondendo a 57% das situações reportadas. Destas,
relativamente aos acolhidos, 53% pertencem ao sexo masculino e 36,1% à faixa etária dos 15 aos 17
anos.
Do total de crianças e jovens acolhidos, verifica-se que 67% apresentam caraterísticas particulares em
termos de saúde mental que os tornam mais vulneráveis. Destacam-se em 28% dos jovens os problemas
de comportamento (77% destes entre os 12 e os 17 anos); deficiência ou debilidade mental (15%),
consumo esporádico de estupefacientes - CAD (4% na faixa etária 12-20 anos) e problemas de saúde
mental clinicamente diagnosticados (5%). Destes, 36% mantiveram acompanhamento regular de
psicologia e 25% em pedopsiquiatria, estando 26% destes a fazer medicação neste âmbito.
Assim, 71% dos jovens apresentam problemas comportamentais ligeiros (impulsividade, atitudes de
desafio, oposição e fugas breves). Em 25% dos jovens foi identificada a forma média de
comportamentos disruptivos (agressões físicas, fugas prolongadas, pequenos furtos e destruição de
propriedade) e 3% dos jovens apresentam comportamentos considerados graves (roubos, utilização de
armas brancas, destruição de propriedade com grandes prejuízos e atividade sexual forçada).
Comparativamente aos dados nacionais, no estudo do SICAD Comportamentos aditivos aos 18 anos:
inquérito aos jovens participantes no Dia da Defesa Nacional. Regiões 2015-2019, o consumo de
álcool quer nas diferentes prevalências estudadas (PLV, 12M e 30D), quer relativamente ao seu
consumo nocivo (binge e embriaguez) são relativamente inferiores na região Norte. O consumo de
tabaco não difere no Norte relativamente ao território de Portugal Continental. No que refere ao
consumo de canábis, este é também relativamente inferior ao do restante território de Portugal
Continental. Para as outras substâncias ilícitas, o consumo é equiparável e inferior no consumo recente.
No estudo supracitado, as prevalências de consumo de substâncias ilícitas enquadraram-se, de um modo
geral, no padrão encontrado em outros estudos em populações escolares da mesma idade, embora, por
comparação aos alunos de 18 anos se verifique uma maior frequência do consumo de cannabis e
também maiores prevalências de consumo de outras substâncias ilícitas.
Conforme divulgado pelo SICAD, 2020 no Inquérito aos jovens participantes no Dia da Defesa
Nacional 2019, verificou-se que 1 em cada 3 jovens, com 18 anos, iniciou uso de internet com menos de
10 anos de idade. É ainda referido que estes jovens utilizam diariamente as redes sociais, sendo que
25% despende 6 ou mais horas diárias nesta atividade. Constata-se ainda que 50% dos jovens joga
online, e 15% a dinheiro (apostas), menos de 2 horas diárias, e maior frequência nos rapazes. Apurou-
se, também, que 25% experienciou problemas decorrentes do uso de internet.
No estudo produzido pela DICAD da ARS Norte, Comportamentos aditivos nos jovens de 18 anos
residentes na região Norte de Portugal, 2015-2017, verifica-se, também, que neste período mais de 95%
dos jovens utilizam as redes sociais, usando as raparigas mais e por períodos de tempo mais dilatados;
os jogos online são utilizados por cerca de 50% dos jovens (3 em cada 4 rapazes e 1 em cada 4
raparigas), e a maioria dos jovens aos 18 anos não utiliza apostas online (usada por 25% dos rapazes e
5% das raparigas).
Nos dados recolhidos no ECATD – 2019 (Estudo sobre o consumo de álcool, tabaco, drogas, e outros
comportamentos aditivos e dependências), relativos á utilização do jogo e internet pelos jovens,
verificamos que o acesso às redes sociais (uso de internet) representa uma prática generalizada pelos
jovens (95% na última semana), enquanto relativamente ao jogo online, 72% referem ter jogado no
último mês, e 13% destes a dinheiro.
Relativamente ao uso de internet nos adolescentes, Ferreira et al. (2017) referem, no estudo
Epidemiologia do uso de internet numa população adolescente se sua relação com hábitos de sono, que
a utilização de internet faz parte da rotina dos adolescentes (uso diário em 75% e 41% por 3 ou mais
horas), que priorizam o seu uso no acesso a redes sociais e jogos online; apurou-se dependência de
internet em 19% da amostra, e destes 2% apresentavam critérios de dependência grave. Ainda se
concluiu que a dependência de internet está associada a alterações no sono e sonolência diurna
excessiva.
Para além da utilização mais frequente, há também uma tendência de início de utilização mais precoce
(50% fizeram o primeiro acesso antes dos 8 anos de idade). Os acessos são principalmente feitos a partir
de casa, utilizando o telemóvel, tablet ou portátil.
Os jogos online e as redes sociais são as principais atividades realizadas pelos jovens.
Ainda de acordo com a revisão da bibliografia realizada por Patrão, 2017, os rapazes parecem utilizar a
internet para jogar, explorar conteúdos de cariz sexual e realizar apostas online, e as raparigas utilizam
mais as redes sociais e programas de comunicação.
Os adolescentes e jovens devem ser reconhecidos como cidadãos com os seus próprios interesses e
direitos, e devem ser tratados como agentes ativos da sociedade, e não recetores passivos de cuidados.
Estes direitos estão plenamente consagrados na Convenção sobre os Direitos da Criança, sendo o direito
à saúde um direito fundamental (Comité Português para a UNICEF, 2019).
A saúde mental da Infância e da Adolescência integra-se no contexto mais alargado da saúde e bem-
estar, no qual a saúde mental e física são interdependentes. Os problemas de saúde mental resultam de
uma interação complexa entre a criança/ adolescente, a família e o meio sociocultural em que estão
inseridos.
Existem múltiplas razões para se investir no desenvolvimento de intervenções eficazes junto de crianças
e adolescentes, já que as perturbações desta faixa etária acarretam graves prejuízos não só aos
indivíduos, mas também à sociedade. Dado existir um importante grau de continuidade entre muitas
perturbações da infância e da adolescência na idade adulta, só a intervenção precoce pode prevenir ou
reduzir a probabilidade da sua ocorrência, diminuindo o seu impacto negativo e a incapacidade a longo
prazo (Plano Nacional de Saúde Mental 2007-2016).
Os programas que contemplam as diferentes etapas do desenvolvimento individual e familiar
constituem campos prioritários de intervenção nas políticas de Saúde Mental. A especificidade das
intervenções junto de crianças, jovens e suas famílias implica a necessidade de ter em atenção os
diferentes níveis de atuação, e convoca para opções estratégicas de estabelecimento de parcerias com as
áreas da Educação Segurança Social, Justiça e Ambiente.
Tendo em conta a elevada prevalência das perturbações mentais associada a uma alta taxa de
comorbilidade e o aumento do número e gravidade dos casos, tem-se assistido, em Portugal, a um
aumento da procura de serviços especializados de saúde mental da infância e adolescência, quer ao
nível da consulta de ambulatório, quer ao nível do serviço de urgência, bem como a um aumento da
gravidade dos quadros clínicos apresentados nesta faixa etária (Plano Nacional de Saúde Mental 2007-
2016).
Na idade pré-escolar e escolar assume particular importância o diagnóstico e a intervenção em
patologias com impacto no desempenho escolar, como as perturbações de hiperatividade com défice de
atenção, as perturbações de oposição, ou as problemáticas do foro ansioso e depressivo. O trabalho de
articulação com a escola é fundamental nesta etapa.
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Na adolescência, as problemáticas da ansiedade, da depressão, do risco suicidário e de outros
comportamentos de risco têm uma prevalência significativa. As perturbações do comportamento
assumem uma maior gravidade. Quando o processo de desenvolvimento não ocorre de forma adequada,
podem surgir conflitos que colocam o adolescente em situações de risco, como é exemplo a adoção de
comportamentos aditivos com e sem substância, requerendo novas especificidades ao nível da avaliação
e intervenção.
Independentemente da perspetiva teórica utilizada para a sua compreensão, os CAD são expressões
comportamentais e, como tal possuem, em si mesmo, determinadas funções (forma de expressão, meio
de comunicação, sintoma, estratégia interativa, mecanismo de adaptação e mecanismo de defesa),
especialmente quando presentes em idades em que os indivíduos, por se encontrarem em pleno processo
de desenvolvimento, ainda não possuem outras formas de lidar e expressar conteúdos afetivos e
emocionais significativos.
Esta conceção remete para a necessidade de ter uma visão compreensiva e integrada do fenómeno, já
que o comportamento nunca pode ser visto de forma separada da respetiva representação psíquica que o
determina e é sempre um prolongamento visível do estado mental e por isso merece leitura mais
profunda que tente a compreensão da mensagem para atingir as verdadeiras origens de determinados
problemas, para assim os resolver ou minorar. Ainda mais em personalidades em formação em que o
meio desempenha um papel fundamental para a sua organização e onde por insuficiente capacidade de
mentalização o comportamento assume uma importância primordial.
Como atrás referido, os comportamentos aditivos aparecem muitas vezes associados ao período do fim
da infância e início da adolescência (EMCDDA, 2019, Curriculum Europeu de Prevenção). Este processo
não tem uma explicação simples, sendo muitas vezes fruto de decisões influenciadas por fatores
internos (psicológicos e/ou biológicos) e externos (ambientais e/ou sociais). A vulnerabilidade ao risco
ou o risco a que o individuo está exposto pode resultar da influência mútua entre características pessoais
e ambientais, traduzindo-se pela interação estabelecida entre os fatores de risco e de proteção.
São diversas as teorias explicativas para o desenvolvimento de comportamentos aditivos, mas iremos
aprofundar as teorias dos múltiplos fatores de risco, que salientam a influência das caraterísticas
pessoais (biológicas e psicológicas), dos fatores do ambiente familiar, fatores do grupo de pares e
caraterísticas do contexto social mais amplo onde o jovem está inserido na etiologia e manutenção do
abuso de substâncias psicoativas (Carr, 2014).
Os fatores de risco são influências negativas, que se traduzem por caraterísticas individuais
(psicológicas), ambientais ou sociais (família, escola e comunidade), que aumentam a probabilidade de
resultados negativos. Estes efeitos incluem o uso de substâncias psicoativas e a utilização problemática
da internet, e podem variar de acordo com a idade em termos da sua natureza e influência.
Os fatores de proteção são aqueles que reduzem a vulnerabilidade dos indivíduos, representando
caraterísticas que amortecem o impacto dos fatores de risco.
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Exemplos de Fatores Protetores:
Individuais: capacidade de autorregulação;
Familiar: vínculo com os cuidadores;
Escolar: desenvolvimento de competências sociais (tomada de decisão e resolução de
problemas) e envolvimento educacional;
Comunitário: qualidade na educação e outros fatores relacionados com a escola e normas
comunitárias positivas.
Intervenções preventivas eficazes devem visar a promoção dos fatores de proteção e intervir nos fatores
de risco, sempre que possível, antes do início dos comportamentos de risco.
Como resultado da teoria dos múltiplos fatores de risco, acima referida, surge a indicação de que os
programas de intervenção e prevenção devem ter como alvo os fatores biológicos, psicológicos,
familiares e sociais que mantêm o abuso de substâncias.
No que concerne à intervenção preventiva, sugere-se que os programas multissistémicos, que têm como
alvo mais do que um dos contextos de risco, são os mais eficazes ( Cornack & Carr, 2000; Rowe & Liddle,
2003 citados por Carr, 2014).
De acordo com o mesmo autor, existe um conjunto de fatores pessoais e contextuais que constituem os
Fatores de Risco predisponentes aos CAD.
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Fatores predisponentes
Pessoais: Contextuais:
Problemas comportamentais ou emocionais pré-
existentes;
Relacionamento “pobre” com os pais;
Dificuldades específicas da aprendizagem;
Problemas de vinculação ou estilo parental
Problemas de atenção e dificuldades académicas; desadequado;
Propensão para comportamentos de risco; Reduzida supervisão parental;
Atitudes e valores positivos em relação utilização Disciplina inconsistente;
de substâncias psicoativas;
Abuso de substâncias psicoativas por parte dos
Temperamento difícil; progenitores;
Baixa autoestima; Desorganização familiar (regras, papéis e rotinas
Locus de controle externo; pouco claros).
Necessidade de controlar estados de humor negativos (que poderão ser resposta a acontecimentos de vida
problemáticos recentes);
Inclusão em grupo de pares desviante/ de risco;
Desenvolvimento de crenças e valores que favorecem a adoção de comportamentos aditivos.
Quando está estabelecido um padrão problemático de uso (de substâncias, de internet, de jogo, etc.),
este poderá ser mantido se existirem fatores de manutenção pessoais e contextuais que o reforcem.
Fatores de Manutenção
Pessoais: Contextuais:
Modelos parentais de abuso ou expressão de atitudes
positivas acerca do mesmo;
Falta de supervisão parental adequada ou proibição
consistente de determinados comportamentos;
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Existência de relação problemática ou Suporte social limitado, com elevados níveis de
dependência (física e/ou psicológica); stress e desvantagem social no sistema familiar
Necessidade de regular estados de humor alargado;
negativos (humor depressivo ou ansiedade) que Instituições educativas com pouco tempo para
emergem de complicações (físicas, económicas, dedicar à ligação casa-escola ou supervisionar de
psicossociais) resultantes deste comportamento perto o jovem (cuidados despersonalizados);
aditivo; Vinculação a grupo de pares desviantes com
Crenças positivas acerca das substâncias/jogo; comportamentos aditivos e atitudes positivas em
Necessidade de correr riscos; relação aos mesmos;
Baixa autoeficácia; Falta de coordenação e comunicação clara entre os
Imaturidade (negação da severidade do profissionais envolvidos na intervenção (membros
problema); da rede podem fornecer pareceres contraditórios ao
Fatores Protetores
Pessoais: Contextuais:
Embora os estudos realizados ao nível dos fatores de risco e de proteção em CAD historicamente se
baseassem no consumo de substâncias psicoativas, a evidência cientifica tem demonstrado que estes
mesmos fatores se encontram na génese dos comportamentos aditivos sem substância.
Relativamente ao desenvolvimento de Utilização Problemática de Internet (UPI), vários estudos
recentes indicam que os indivíduos com personalidades internalizantes (baixa autoestima, introversão
e ansiedade social) estão em maior risco para desenvolver esta problemática. No mundo virtual o
individuo pode encontrar uma falsa sensação de afeto, de inclusão social e de pertença ( Patrão, 2017).
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A autora refere ainda que, por outro lado, as personalidades externalizantes (impulsividade, baixa
tolerância à frustração, tendência para o aborrecimento, baixo autocontrole, procura de emoções fortes e
de satisfação imediata), estão presentes em jovens com vários comportamentos de risco, são também
frequentemente observadas em jovens com UPI.
A nível familiar, estão associados ao UPI a falta de coesão, padrões de comunicação disfuncionais,
baixo envolvimento emocional, abuso ou negligência e um padrão de vinculação inseguro ou
desorganizado.
O baixo envolvimento escolar e associação a pares desviantes são fatores ambientais preditores de
maior probabilidade de desenvolver UPI.
Tendo em conta que na adolescência o pensamento crítico, a capacidade de planeamento, e a gestão de
limites se encontram ainda em desenvolvimento, existe uma maior probabilidade de a utilização (seja de
substâncias psicoativas ou da internet) se constituir como mais problemática quanto menor for a idade
de iniciação. De igual modo, quanto maior a disponibilidade (da substância ou da internet), maior a
probabilidade de o seu uso se tornar problemático.
O UPI tem uma forte correlação com o uso de substâncias (em associação). Em 2014, Ko e colegas
demostraram que a “urgência” do uso de internet e o consumo de substância psicoativas ativavam as
mesmas áreas cerebrais (citados por Patrão, 2017).
De igual modo, os indivíduos com UPI e os indivíduos com diagnóstico de Perturbação por Uso de
Substâncias (PUS), apresentaram pontuações elevadas na procura de novidade, de recompensa e
associação com existência de fatores emocionais e situacionais relacionados com emoções negativas ou
stress associado a obrigações sociais e laborais.
De acordo com Patrão (2017), vários autores sugerem que a UPI representa um mecanismo de coping
usado de forma semelhante a automedicação com ingestão de álcool ou outras substâncias psicoativas.
Batista (2019), no estudo Perturbação do jogo pela internet em adolescentes; diferenças entre 3 níveis
de adição, verificou que quanto mais adição os adolescentes apresentam, maior será o impacto negativo
a nível da sua saúde mental, ou seja, maiores serão os seus níveis de depressão, ansiedade, stress,
insónia, isolamento e agressividade, e menor será a sua autoestima e os seus níveis de autocontrolo.
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Segundo EMCDDA (2009), citando o modelo preconizado pelo Institute of Medicine (IOM), a
intervenção em CAD é definida num continuum global de cuidados de saúde, tendo por base a
promoção, a prevenção (universal, seletiva e indicada), o tratamento e a manutenção.
Becoña (2002) refere, citando Gordon, (1987) que a conceptualização e desenho da intervenção
preventiva atualmente tem por base os modelos compreensivos e de influência social, centrados na
avaliação da vulnerabilidade e do risco de ocorrência de uma doença, operacionalizando-se em três
níveis de intervenção;
Prevenção universal, dirigida à população em geral sem a prévia análise do risco individual;
Prevenção seletiva, dirigida a subgrupos ou segmentos da população geral com caraterísticas
específicas, identificadas como de risco para o consumo de substâncias;
Prevenção Indicada, dirigida a indivíduos com comportamentos de risco, que exibem sinais de uso de
substâncias psicoativas ou que apresentam outros comportamentos de risco ou problemáticas de
dimensão subclínica.
Para além destes, tem vindo a ser desenvolvida numa outra abordagem conceptual a Prevenção
Ambiental, transversal aos diferentes níveis de risco, desenvolvida paralelamente, cujo enfoque se
dirige à definição de estratégias globais que possam interferir ao nível da sociedade e dos sistemas
sociais. Estas estratégias visam mudar os ambientes culturais, sociais, físicos e econômicos em que as
pessoas fazem escolhas sobre o uso de substâncias psicoativas ( SICAD, 2013) em Linhas de Orientação
á Intervenção Preventiva nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências.
Neste âmbito, inserem-se medidas legislativas nacionais e internacionais relativas ao consumo e venda
de substâncias psicoativas ilícitas e lícitas, como, por exemplo, a taxação fiscal de produtos como o
álcool e o tabaco, a exposição a mensagens publicitárias, o controlo da idade de venda dos mesmos, ou
ainda medidas em contextos particulares, como o meio escolar, que regulamentam o seu uso para toda a
comunidade escolar (alunos, professores, profissionais e responsáveis pelos alunos) ( EMCDDA, 2011
citado por SICAD, 2013) em Linhas de Orientação á Intervenção Preventiva nos Comportamentos
Aditivos e nas Dependências.
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A definição do nível operacional de intervenção é determinada em função dos indicadores de risco que,
na prevenção seletiva, são de natureza grupal e mais inespecífica, i.e., correlacionados com variáveis
mediadoras do abuso de substâncias, e na prevenção indicada são de natureza individual (por ex:
insucesso escolar, envolvimento com a justiça, problemas de saúde ou de saúde mental, violência e
agressão, uso de substâncias psicoativas, binge drinking, ou outros comportamentos aditivos).
A prevenção indicada, de acordo com o IOM, citado por EMCDDA ( 2009), dirige-se a indivíduos que
evidenciem sinais e sintomas precoces ligados às dependências e aos comportamentos aditivos, e a
indivíduos com consumo de substâncias psicoativas, visando prevenir a passagem do uso ao uso nocivo/
abuso e à dependência, permitindo uma atuação mais precoce, mais específica e de maior eficácia. Os
sinais ou sintomas referidos podem estar diretamente relacionados com o consumo de substâncias (por
ex., consumo de álcool e ou de cannabis), com os comportamentos aditivos sem substância (Uso
Problemático de Internet, Gaming e Gambling, entre outros), ou constituir variáveis mediadoras para
com as dependências e os comportamentos aditivos (por ex: insucesso escolar, comportamentos
antissociais).
A prevenção indicada situa-se entre a prevenção seletiva e o tratamento, sendo fundamental identificar
os pontos nos quais estas áreas de intervenção se intercetam, através da definição clara dos grupos alvo
para as diferentes intervenções, baseada no nível de risco dos indivíduos.
Prevenção
Prevenção Tratamento
Seletiva Indicada
Intervenção Precoce
A área de interceção entre a prevenção indicada e o tratamento designa-se por intervenção precoce, e
consiste numa resposta dirigida a indivíduos que já apresentam consumos, embora não preencham os
critérios para abuso de substâncias ou dependência. Assim, esta definição centra-se na intervenção
numa fase precoce do desenvolvimento da patologia aditiva, distinguindo-se do conceito mais amplo de
Intervenção Precoce (associado à intervenção junto das crianças mais pequenas que se encontrem em
risco, visando o seu desenvolvimento global, presente e futuro, bem como da família e do contexto que
as rodeiam (EMCDDA, 2009 em Preventing Later Substance Use Disorders in at-risk Children and Adolescents ).
A Prevenção Indicada dirige-se a indivíduos referenciados com base numa avaliação do risco
individual, podendo ser realizada individualmente ou em grupo, citando o Institute of Medicine,
2009(EMCDDA, 2019).
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As intervenções de cariz indicado procuram ajudar os sujeitos a lidar com as suas caraterísticas
individuais e outros fatores de risco que os tornam vulneráveis para desenvolver problemas no âmbito
dos CAD.
Existem múltiplas abordagens que intervêm no âmbito Prevenção Indicada, baseadas em intervenções
terapêuticas com frequência regular e intensiva, que poderá ser articulada/complementada com
intervenções breves, manualizadas como a entrevista motivacional e/ou programas de treino parental
(EMCDDA, 2009).
A Divisão de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (DICAD) da ARS Norte
IP dispõe atualmente de vários espaços de atendimento dirigidos a crianças, adolescentes, jovens e suas
famílias/cuidadores, que apresentem risco acrescido para os comportamentos aditivos. Estas respostas
assistenciais, com diferentes níveis de estruturação, funcionamento e população alvo, privilegiam a
acessibilidade a intervenções preventivas numa abordagem compreensiva, global e integrada,
promovendo intervenções articuladas na comunidade.
Não obstante, e constatando a existência de um número cada vez maior de jovens referenciados para a
DICAD com problemáticas mais graves e complexas, por acumularem um maior número de fatores de
risco e de maior gravidade (entre os quais se destacam os problemas de comportamento graves e/ou
comportamentos aditivos com nível de alto risco e dependência), e que, pelas suas caraterísticas, exigem
respostas altamente especializadas e estruturadas, foi priorizada, neste documento, a definição de
princípios e práticas de organização dos espaços de atendimento a jovens que carecem de processos
contínuos de robustecimento e harmonização ao nível das boas práticas.
Pretendemos apresentar, de seguida, um modelo de intervenção das Consultas de Prevenção Indicada e
Intervenção Precoce – Consultas de Jovens, que se adapte às necessidades da população - alvo e aos
contextos onde se inserem, com base na definição/clarificação das boas práticas de intervenção,
harmonização e consolidação de estratégias e procedimentos, na região Norte.
3.1. Objetivos
As Consultas de Jovens, tendo por base a intervenção no âmbito da prevenção indicada e intervenção
precoce nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências, visam: (1) prevenir a experimentação
precoce, evitar a passagem da experimentação ao uso/ uso nocivo/ abuso e à dependência, permitindo
uma atuação precoce mais específica e de maior eficácia; (2) potenciar os fatores de proteção e reduzir
fatores de risco associados aos comportamentos aditivos e às dependências.
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3.2. População-Alvo: Critérios de Referenciação
Estas respostas dirigem-se a adolescentes e Jovens dos 12 aos 24 anos (e respetivas famílias e/ou
significativos) que apresentem fatores de risco (individuais, familiares, escolares e contextuais) que
aumentam a probabilidade de desenvolver problemas relacionados com os CAD, e outros
comportamentos de risco, podendo apresentar um padrão aditivo problemático ou de elevado risco e /ou
história recente de dependência com baixo nível de severidade, de acordo com os critérios para o
diagnóstico de dependência do DSM V ou CID-11(anexo 7.1). Destacando-se os fatores de risco de
cariz individual e familiar:
Nível Individual:
Temperamento caracterizado por: locus de controle externo, impulsividade, baixa resistência à frustração e propensão
para comportamentos de risco;
Problemas comportamentais (envolvimento com a justiça, violência, furtos, etc.);
Problemas emocionais pré-existentes (sintomatologia ansiosa, depressiva, etc.);
Uso de substâncias psicoativas, binge drinking ou outros comportamentos aditivos;
Perturbações do comportamento;
Perturbações do Espectro Ansioso e Depressivo (ligadas ao trauma)
Nível Familiar:
Estilo parental desadequado e desorganização familiar (com baixa supervisão parental, fraca comunicação e fraca
ligação emocional);
Violência doméstica e negligência, conflitualidade familiar;
Comportamentos aditivos por parte dos progenitores.
Reforça-se que estes espaços de atendimento não se destinam exclusivamente ao atendimento de jovens
que apresentem consumo de substâncias psicoativas ou outros comportamentos aditivos, e que todos os
jovens que preencham os critérios acima descritos devem ser atendidos apenas e só nestas respostas
assistenciais no âmbito da PIIP.
19
saúde centrado no adolescente e jovem através da criação de respostas de Prevenção Indicada e
Intervenção Precoce, devidamente coordenadas e articuladas com os restantes níveis de cuidados em
CAD e com os demais cuidados de saúde. O modelo de prestação de cuidados integrados está alicerçado
na avaliação do risco para o desenvolvimento dos comportamentos aditivos e dependências, de acordo
com a ilustração infra:
Com base na avaliação do Nível de Risco, passa a ser possível determinar quais as respostas mais
adequadas a cada individuo, permitindo uma referenciação mais adequada e precoce.
Nível I - corresponde à manifestação de sinais de alarme desde alterações do comportamento a patologias somáticas, passando por
situações em que já podem ser evidentes padrões disfuncionais de consumo (consumo de Baixo Risco e de Risco) – podem
beneficiar de respostas de Intervenções Breves (Cuidados de Saúde Primários), de respostas de Prevenção Indicada e/ou
Programas de Intervenção Comunitária (Consultas de Prevenção Indicada e Equipas de Prevenção da DICAD);
Nível II – corresponde às situações em que se tornam evidentes as consequências nocivas diretamente relacionadas com o padrão
de uso/abuso existente, ainda de expressão atenuada. Associado a este padrão surgem frequentemente comportamentos de risco
em diversas esferas do funcionamento individual (saúde, sexualidade, social e familiar) bem como patologia diversas associadas a
este padrão disfuncional podem beneficiar de respostas de Intervenções Breves (Cuidados de Saúde Primários), de respostas de
Prevenção Indicada e/ou Programas de Intervenção Comunitária (Consultas de Prevenção Indicada e Equipas de Prevenção da
DICAD), respostas de Tratamento e de Redução de Riscos e Minimização de Danos;
Nível III – corresponde a um agravamento do nível da patologia aditiva subjacente a uma evolução desfavorável, bem como das
suas consequências. A dependência assume características graves, decorrendo um aumento de probabilidade do
surgimento/agravamento de co morbilidades (psicopatologia grave) – necessidade de uma intervenção integrada ao nível do
Tratamento, da Reinserção e/ou Respostas de Minimização de Riscos e Redução de Danos.
20
(Rede de Referenciação/Articulação no âmbito dos comportamentos aditivos e dependências. SICAD, 2013)
(adaptado de Rede de Referenciação/Articulação no âmbito dos comportamentos aditivos e dependências. SICAD, 2013)
21
O acesso às Respostas Assistenciais PIIP poderá ser direto, através de pedido do próprio ou da família,
ou através da referenciação efetuada por estruturas da saúde (Cuidados de Saúde Primários ou Unidades
hospitalares), ou através do sistema educativo (Escolas), sistema judicial (Direção Geral de Reinserção
Social e Serviços Prisionais, Equipas Multidisciplinares de Apoio aos Tribunais, Tribunais de Família e
Menores), sistema de promoção e proteção (CPCJ, Casas de Acolhimento Residencial) e Comissão de
Dissuasão das Toxicodependências (CDT).
Este encaminhamento deverá ser operacionalizado através do preenchimento e envio da ficha de
referenciação para as respostas assistenciais PIIP correspondente (anexo 7.2).
Estas respostas devem funcionar em locais específicos, integrados em estruturas da ARS Norte IP
(UIL/DICAD, ACeS), ou em instalações cedidas por instituições parceiras da comunidade que intervêm
na área da juventude (IPDJ, Espaços Municipais, entre outros).
Realçamos a absoluta necessidade de demarcar estes espaços de atendimento a adolescentes e jovens
das estruturas dedicadas ao tratamento de adultos com critérios de dependência, tendo em conta as
diferenças significativas ao nível das caraterísticas da população alvo, das necessidades de intervenção,
22
e da abordagem clínica, que realçam a importância da criação de espaços diferenciados para respostas
tão distintas. Este aspeto, para além de estar consagrado nos direitos da Crianças ( Convenção sobre os
Direitos da Criança | Portugal - Relatório Alternativo das ONG Observações Finais do Comité dos Direitos da
Criança das Nações Unidas, 2020), mostra-se absolutamente fundamental para aumentar a acessibilidade, a
adesão e a eficácia das intervenções de uma população que, pelas suas características, apresenta
resistência à intervenção, e não perceciona os comportamentos como problemáticos.
De igual forma, atendendo ao risco inerente à realização deste tipo de intervenções, o encaminhamento
para unidades conotadas com a dependência de substâncias acarreta grandes riscos de rotulagem,
estigmatização e agravamento dos problemas, não só através da modelagem, mas igualmente por se
constituírem como referenciais para jovens com dificuldades na construção da sua identidade, e
encontrando-se numa fase crucial de formação da sua personalidade.
Em face do exposto, os adolescentes e jovens que apresentem critérios para integração em respostas
PIIP não deverão ser atendidos nas Equipas Técnicas Especializadas de Tratamento, dado a abordagem
realizada nestas estruturas ser desadequada e contraindicada para esta população.
Sendo esta resposta dirigida a adolescentes e jovens é fundamental acautelar espaços de apoio e
intervenção junto das famílias e cuidadores. Este espaço de apoio deve ser disponibilizado no âmbito da
consulta de acompanhamento ao adolescente e ao jovem e/ou em espaço específico, com terapeuta
23
distinto, dirigido à família/cuidadores, ou ainda em resposta no âmbito da Terapia Familiar, com equipa
terapêutica devidamente formada.
Existem ainda espaços de intervenção em grupo com diferentes abordagens: grupos terapêuticos
inscritos num modelo de intervenção psicoterapêutico, e grupos socioeducativos, que pretendem
desenvolver competências socio-emocionais.
Estas equipas poderão ser apoiadas por outras valências sempre que seja necessário, nomeadamente
apoio ao nível social e ocupacional.
Na intervenção junto desta população, a relação cooperante de trabalho entre a equipa que realiza o
acompanhamento, a família, e uma boa coordenação entre os diferentes profissionais envolvidos
funciona como um fator de proteção. É importante que os técnicos sejam sensíveis às crenças e aos
valores do adolescente/jovem e das suas famílias/cuidadores, de modo a promover uma maior adesão
terapêutica e o desenvolvimento de uma boa aliança terapêutica.
Neste sentido, reforçamos as orientações da OPP ( 2011) segundo as quais “os psicólogos devem ter
como foco as suas atribuições profissionais, papéis e funções, respeitando a articulação interprofissional
e institucional, assegurando que esta articulação não comprometa a sua objetividade, competência e
eficiência, de modo a evitar qualquer dano ou prejuízo da criança/jovem e sua família”.
Antes de dar início à intervenção, é uma boa prática solicitar o preenchimento do protocolo de
consentimento informado (anexo 7.3) a todos os jovens maiores de 16 anos, ou ao(s) responsável(s)
legal(ais), no caso de o jovem ter menos de 16 anos ( Documento - Guia sobre Consentimento Informado,
ARS Norte I.P, 2009).
Este consentimento visa garantir que o adolescente/jovem e os seus representantes compreendem a
intervenção que lhes é proposta, que concordam com ela, e que a autorizam. Será também importante
informar os envolvidos dos limites e condicionantes à completa confidencialidade, sempre que se
verifiquem situações agudas (sério risco de suicídio ou homicídio, perda grave do controle de
impulsos), ou por imposições determinadas por um processo legal (importância da natureza colaborativa
do trabalho – articulação interinstitucional), de acordo OPP ( 2011) em Princípios Específicos do Código
Deontológico (p.21).
Este protocolo é particularmente relevante quando existe um encaminhamento por parte de entidades
externas no âmbito da saúde, social ou judicial, que poderão incluir futuros procedimentos de partilha
de informação.
24
4.2. Articulação Interinstitucional
25
4.3. Orientações para a Avaliação Clínica Formal
26
Assim sendo, a realização destes procedimentos de forma sistemática e sem contextualização
terapêutica, está desaconselhada no âmbito da intervenção em Prevenção Indicada e Intervenção
Precoce, com repercussões para o processo terapêutico.
Sempre que se considerar adequado poderá proceder-se ao encaminhamento interno dos jovens para
outras respostas assistenciais PIIP, ou solicitar a intervenção numa determinada valência, mantendo o
acompanhamento ativo através da disponibilização do processo.
27
4.8. Realização de Formação/Supervisão
5. Considerações finais
Em face do exposto, salientamos a importância da distinção clara entre aquilo que devem ser os
dispositivos assistenciais no âmbito da Prevenção Indicada e Intervenção Precoce (PIIP), e as respostas
no âmbito do Tratamento. Reforçamos como boa prática a adoção de uma perspetiva compreensiva e
integrada, procurando intervir desenvolvendo respostas que interfiram sobre o maior número de fatores
de risco e a diferentes níveis, potenciando, desta forma, as mudanças pretendidas.
A população alvo de intervenção ao nível das Consultas de Jovens caracteriza-se por adolescentes e
jovens, com idades entre os 12 e os 24 anos de idade, que revelem fatores e/ou comportamentos de risco
relacionados com os comportamentos aditivos, mas que não apresentem quadros definidos e
estruturados de dependência ao nível dos comportamentos aditivos com e sem substância.
Esta população, pelas suas caraterísticas e necessidades, deve ser alvo de uma intervenção de cariz
terapêutico no âmbito da PIIP, que deverá funcionar em espaços distintos das Equipas Técnicas
Especializadas de Tratamento (ET), recorrendo a procedimentos distintos ao longo de todo o processo
de intervenção.
28
Dada a necessidade de articulação frequente com estruturas de âmbito legal (CPCJ, EMAT, TFM, CDT
e DGRSP), reforçamos a importância da conceptualização clínica e no âmbito da saúde, que deverá
nortear os cuidados prestados nas Consultas de Jovens, que deverá traduzir-se numa especial atenção na
partilha de informação e nas respostas às solicitações externas, tendo sempre em consideração o
superior interesse dos adolescentes e jovens.
Afigura-se como fundamental a articulação institucional e a formação dos técnicos da comunidade, com
o objetivo de os implicar no desenvolvimento de estratégias e ações que se adequem às necessidades
específicas destes jovens e se pautem pelas normas e critérios de boas práticas, promovendo a
construção de uma rede de suporte ao nível da intervenção preventiva.
Em suma, consideramos que estas repostas assistenciais representam um importante recurso preventivo
dos comportamentos aditivos e dependências junto de adolescentes e jovens. No entanto, esta rede de
respostas necessita ainda de se consolidar no terreno e de se reorganizar em alguns dos territórios da
região Norte, de forma a apresentar padrões e critérios de boas práticas adequadas às necessidades da
população que pretendem servir.
Desejamos que este documento, que se pretende manter-se em constante atualização, seja um contributo
para a melhoria dos cuidados em saúde aos adolescentes e jovens atendidos nas Consultas de Jovens da
DICAD/ARS Norte, I. P..
29
6. Siglas e Abreviaturas:
ACeS – Agrupamento de Centros de Saúde
APEF – Abandono Precoce de Educação e Formação
AR – Acolhimento Residencial
ARS Norte I.P. – Administração Regional de Saúde Norte I.P.
CAD - Comportamentos Aditivos e Dependências
CASA – Caraterização Anual de Situação de Acolhimento de Crianças e Jovens
CAR – Casa de Acolhimento Residencial
CAT – Centro de Acolhimento Temporário
CDT – Comissão de Dissuasão da toxicodependência
CID – Classificação Internacional de Doenças
CNE – Conselho nacional da Educação
CPCJ - Comissão de Proteção de Crianças e Jovens
DGRSP – Direção Geral Reinserção e Serviços Prisionais
Aces – Agrupamento de Centos de Saúde
DICAD - Divisão de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências
DSM -5 – Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – 5ª edição
ECATD – Estudo sobre o Consumo de Álcool, Tabaco e Drogas e outros Comportamentos Aditivos e Dependências
EMAT – Equipa Multidisciplinar de Apoio aos Tribunais
EMCDDA – European Monitoring Centre for Drugs and Drug Addiction
ESPAD – European School Survey Project on Alcohol and Other Drugs
ET – Equipa de tratamento
HBSC – Health Behaviour in School aged Children
IOM – Institute of Medicine
IPDJ – Instituto Português do Desporto e Juventude, I.P.
LIJ – Lar de Infância e Juventude
MP – Ministério Público
NEET - Not in Education, Employement or Training
OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico
OEDT – Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência
OPP – Ordem dos Psicólogos Portugueses
PIIP – Prevenção Indicada e Intervenção Precoce
PLV – Prevalência ao longo da Vida
12M – últimos 12 meses
30D – últimos 30 dias
PUS – Perturbação por Uso de Substâncias
SICAD – Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências
SPA- Substâncias Psicoativas
TFM – Tribunal de Família e Menores
UIL – Unidade de Intervenção Local
UNICEF – United Nations International Childrens Emergency Fund (Fundo das Nações Unidas para a Infância)
UPI – Utilização Problemática da Internet
7. Anexos:
30
7.1 Critérios de Diagnóstico
31
7.1 Critérios de Diagnóstico
4. A substância é frequentemente consumida em maiores quantidades ou por um período mais longo do que o
pretendido
5. Muito tempo é gasto em atividades necessárias para a obtenção da substância, na utilização ou na recuperação de
seus efeitos.
7. Uso recorrente da substância, resultando no fracasso em desempenhar papéis importantes no trabalho, na escola ou
em casa.
8. Uso continuado da substância, apesar de problemas sociais e interpessoais persistentes ou recorrentes causados ou
exacerbados por seus efeitos.
9. Importantes atividades sociais, profissionais ou recreativas são abandonadas ou reduzidas em virtude do uso da
substância.
10. Uso recorrente da substância em situações nas quais isso representa perigo para a integridade física.
11. O uso da substância é mantido apesar da consciência de ter um problema físico ou psicológico persistente ou
recorrente, que tende a ser causado ou exacerbado por esse uso.
32
Perturbação por Uso de Substâncias
CID – 11 - Critérios de Diagnóstico
Incluem as perturbações que resultam do uso numa única ocasião ou repetido de substâncias com propriedades
psicoativas, incluindo alguns medicamentos. Incluem perturbações relacionadas com 14 classes ou grupos de
substâncias psicoativas. Tipicamente, o uso inicial desta(s) substância(s) produz efeitos psicoativos prazerosos ou
apelativos que são reforçados ou recompensados pelo uso repetido. Através do uso continuado, muitas das substâncias
incluídas têm capacidade de produzir dependência. Têm também capacidade de causar numerosas formas de prejuízo,
tanto na saúde mental como física.
Mantêm-se, no geral, os critérios apresentados na CID 10, mas separadamente para cada substância, com diferentes graus
de comprometimento (dependendo da substância, intensidade de consumo e caraterísticas pessoais)
Dependência
O comportamento de uso terá que ser evidente por um período de pelo menos 12 meses, para ser atribuído um
diagnóstico de dependência, podendo esta duração ser encurtada se todos os requisitos de diagnóstico estiverem
presentes e se os sintomas forem severos.
3. Estado de abstinência fisiológica quando o uso da substância cessou ou foi reduzido, evidenciado pela síndrome de
abstinência de uma substância especifica, ou quando se faz o uso da mesma substância com a intenção de aliviar ou
evitar sintomas de abstinência.
4. Evidência de tolerância, de tal forma que são requeridas doses crescentes da substância psicoativa para alcançar
efeitos originalmente produzidos por doses mais baixas.
5. Abandono progressivo de prazeres e interesses alternativos, em favor do uso da substância psicoativa. Aumento,
também da quantidade da quantidade de tempo necessário para obter ou ingerir a substância, assim como para se
recuperar dos seus efeitos.
6. Persistência no uso da substância, apesar da evidência clara de consequências nocivas, tais como: danos do fígado
por consumo excessivo de bebidas alcoólicas, estados de humor depressivo, períodos de consumo excessivo da
substância, comprometimento do funcionamento cognitivo, etc.
33
relacionada com videojogos (Gaming), pesquisa ou descarga de informação, trocas/compras online, Jogo
Patológico e apostas online (Gambling), sexo/relacionamentos virtuais e solicitação sexual ou cyberbullying, de
acordo com Patrão (2017).
1. Necessidade de jogar com quantias de dinheiro crescentes de modo a atingir a excitação desejada
2. Inquietação ou irritabilidade quando tenta reduzir ou parar de jogar
3. Esforços malsucedidos de controlar, reduzir ou parar de jogar
4. Preocupação frequente com o jogo (por exemplo, pensamentos persistentes de reviver
experiências prévias com o jogo, desvantagens ou planeamento dos próximos jogos, pensar em
formas de obter dinheiro para jogar)
5. Jogo frequente quando se sente angustiado (sentimento de desespero, culpabilidade, ansiedade,
depressão)
6. Após perdas de dinheiro no jogo, regressa muitas vezes noutro dia para as recuperar (“resgate”
das próprias perdas)
7. Mentir para dissimular a extensão de envolvimento com o jogo
8. Prejudicou ou perdeu relações significativas, emprego ou oportunidades de carreira ou
académicas devido ao jogo
9. Depende de terceiros para obter o dinheiro para aliviar as situações financeiras desesperadas
causadas pelo jogo
O comportamento face ao jogo não é mais bem explicado por um episódio maníaco.
34
CID -11 - Critérios de diagnóstico
É caraterizada por um padrão de jogo persistente ou recorrente que pode ser online (i. é., na internet) ou offline,
manifestado por:
1. Dificuldade de controle sobre o jogo (por ex. início, frequência, intensidade, duração, termo, contexto)
2. Aumento da prioridade dada ao jogo na medida em que o jogo toma predominância sobre outros interesses
da vida e atividades quotidianas; e
3. Continuação ou escalada no jogo apesar da ocorrência de consequências negativas.
O padrão de comportamento de jogar pode ser contínuo ou episódico e recorrente. Este comportamento resulta em
sofrimento significativo ou prejuízo considerável nas esferas pessoal, familiar, social, educacional, ocupacional ou
outras áreas de funcionamento importantes. Este comportamento e outros elementos são normalmente evidentes por
um período de pelo menos 12 meses, para ser atribuído um diagnóstico, podendo esta duração ser encurtada se todos os
requisitos de diagnóstico estiverem presentes e se os sintomas forem severos.
Inclusões:
Jogo compulsivo
Exclusões:
Doença Bipolar Tipo I
Doença Bipolar Tipo II
Jogo perigoso ou apostas
Para a confirmação do diagnóstico, pelo menos 5 dos 9 sintomas têm de estar presentes durante um período de 12
meses.
1. Preocupação com jogos pela internet. (i.e., o indivíduo pensa na partida anterior do jogo ou antecipa a
próxima partida; o jogo pela internet torna-se a atividade dominante na vida diária.)
2. Sintomas de abstinência quando os jogos pela internet são retirados. (Esses sintomas são tipicamente
descritos como irritabilidade, ansiedade ou tristeza, mas não há sinais físicos de abstinência farmacológica.)
3. Tolerância (i.e., a necessidade de passar quantidades crescentes de tempo envolvido nos jogos pela internet.)
4. Tentativas fracassadas de controlar a participação nos jogos pela internet.
5. Perda de interesse por passatempos e divertimentos anteriores em consequência dos, e com a exceção dos
jogos pela internet.
6. Uso excessivo continuado de jogos pela internet apesar do conhecimento dos problemas psicossociais.
7. Enganou membros da família, terapeutas ou outros em relação à quantidade do jogo pela internet.
8. Uso de jogos pela internet para evitar ou aliviar um humor negativo (e.g., sentimentos de desamparo, culpa,
ansiedade).
10. Colocou em risco ou perdeu um relacionamento, emprego ou oportunidade educacional ou de
carreira significativa devido à participação em jogos pela internet. Depende de terceiros para
35
obter o dinheiro para aliviar as situações financeiras desesperadas causadas pelo jogo
O comportamento face ao jogo não é mais bem explicado por um episódio maníaco.
É caraterizada por um padrão persistente ou recorrente de comportamento de jogar (jogo digital ou videojogo)
dirigido principalmente sobre a internet e manifesta-se por:
1. Controle sobre o jogo prejudicado (por ex. início, frequência, intensidade, duração, termo, contexto);
2. Aumento da prioridade dada ao jogo na medida em que o jogo toma predominância sobre outros interesses
da vida e atividades quotidianas; e
3. Continuação ou escalada no jogo apesar da ocorrência de consequências negativas. O padrão de
comportamento tem gravidade suficiente para prejudicar/afetar de forma significativa áreas importantes de
funcionamento na esfera pessoal, familiar, social, educacional, ocupacional ou outras.
O padrão do comportamento de jogar pode ser contínuo ou episódico e recorrente. O comportamento de jogar e outros
elementos terão que ser evidentes por um período de pelo menos 12 meses, para ser atribuído um diagnóstico, podendo
esta duração ser encurtada se todos os requisitos de diagnóstico estiverem presentes e se os sintomas forem severos.
36
7.2 Ficha de Referenciação
37
7.3 Protocolo Consentimento Informado
38
7.4 Instrumentos de Avaliação Clínica Formal
(11 - 18 anos)
ASEBA - Modelo Multiaxial Achenbach - Sistema Integrado de
Avaliação com Múltiplos Informadores (Achenbach e col, 2014,
Psiquilibrios edições)
(até aos 20 anos)
MAYSI-2 – Instrumento de avaliação de saúde mental de
MAYSI-2 – Instrumento de avaliação de saúde mental de jovens de
jovens de Massachusetts – versão 2 (Almiro e
Massachusetts – versão 2 (Almiro e colaboradores, 2014) – Rastreio
colaboradores, 2014); Rastreio de Psicopatologia para
de Psicopatologia para jovens inseridos no sistema de justiça.
jovens inseridos no sistema de justiça.
(12 - 18 anos)
SAVRY – Avaliação estruturada do risco de violência em jovens
(Castro e Negreiros, 2012); (12 - 18 anos).
(7 - 15 anos)
CDI – Inventário da Depressão Infantil (Marujo, 1994)
CMAS R – Escala Revista para Avaliação da Ansiedade Manifesta BSI - Inventário de Sintomas Psicopatológicos
para Crianças (Fonseca, 1999) (Canavarro, 1999)
Avaliação de Personalidade
39
TAT - Tests de Apercepción Temática (Henry A. Murray)
Avaliação Intelectual
AFUPI – Escala de Alterações Funcionais pelo Uso problemático da ASSIST - Alcohol Smoking and Substance Involvement
Internet (Patrão e col., 2020) Screening Test (OMS, 2011) (em adaptação e validação
por UM, PIAC, CDT e UCP)
40
7.5 Critérios de Referenciação para Comunidade Terapêutica
Critérios de Inclusão:
Sem prejuízo de outras exigências da responsabilidade das Instituições entende-se deverem constar
sempre as seguintes situações:
Existência de um perfil de consumos de Dependência ou Consumo Nocivo onde as
consequências deste assumam a centralidade do funcionamento do individuo;
Fracasso em tratamentos anteriores em ambulatório;
Necessidade de isolamento do meio para garantir uma abstinência continuada, tendo em vista
criar condições mais favoráveis para o tratamento e reinserção;
Motivação para a mudança de estilo de vida;
Desestruturação familiar e/ou social;
Situação judicial problemática e/ou determinação judicial;
41
8. Referências Bibliográficas
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