Biofísica - Unidade I
Biofísica - Unidade I
Biofísica - Unidade I
Olá, eu sou o professor Renato Fernandes e vou acompanhá‑lo neste estudo sobre biofísica.
Sou engenheiro mecânico, formado em 1996, e fui responsável por diversos projetos dentro de indústrias
alimentícias. Devido às características sanitárias desse tipo de indústria, surgiu a oportunidade de participar de
comissões de implantação de APPCC, como instrutor e também como auditor de normas de Boas Práticas de Fabricação
de Alimentos.
Em 2003, defendi o mestrado em Engenharia Química, enfocando o projeto de equipamentos industriais para
tratamento térmico de alimentos. A pasteurização e o UHT são exemplos desse tipo de tratamento térmico e servem
para reduzir a carga microbiana dos alimentos.
Foi justamente a aquisição desse conhecimento, da engenharia aplicada sobre a microbiologia, que abriu meus
olhos para esse universo fascinante da biofísica.
Trabalho na Universidade Paulista desde 2009, atuando como professor de Biofísica, Biossegurança, Bioética e Química.
124 p. il.
CDU 53
U504.99 – 20
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem
permissão escrita da Universidade Paulista.
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Comissão editorial:
Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
Projeto gráfico:
Prof. Alexandre Ponzetto
Revisão:
Virgínia Bilatto
Carla Moro
Sumário
Física e Biofísica
APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................................9
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................9
Unidade I
1 ONDAS...................................................................................................................................................................11
1.1 Caracterização das ondas.................................................................................................................. 12
1.2 Parâmetros de uma onda................................................................................................................... 13
1.3 Ondas harmônicas e a superposição de efeitos........................................................................ 15
1.4 Teorema de Fourier............................................................................................................................... 16
1.4.1 Os vagalhões e a onda Draupner...................................................................................................... 17
1.4.2 O equalizador dos sistemas de som................................................................................................. 19
1.5 Ondas estacionárias............................................................................................................................. 20
2 SOM E O SISTEMA AUDITIVO....................................................................................................................... 22
2.1 Nível de intensidade do som............................................................................................................ 23
2.2 Funcionamento do sistema auditivo............................................................................................. 26
3 SISTEMA FONADOR......................................................................................................................................... 30
4 O ULTRASSOM APLICADO À MEDICINA.................................................................................................. 31
4.1 Efeito Doppler......................................................................................................................................... 33
4.2 Ecolocalização........................................................................................................................................ 34
Unidade II
5 PROCESSOS VISUAIS....................................................................................................................................... 41
5.1 A natureza da luz.................................................................................................................................. 41
5.1.1 Teoria corpuscular da luz...................................................................................................................... 42
5.1.2 Teoria ondulatória da luz...................................................................................................................... 42
5.1.3 Teoria da dualidade onda‑partícula................................................................................................. 43
5.2 Formação das cores nos objetos..................................................................................................... 44
5.3 As câmaras fotográficas..................................................................................................................... 44
5.4 Anatomia do olho simples................................................................................................................. 46
5.5 O funcionamento do olho simples................................................................................................. 48
5.6 Dispositivos dióptricos........................................................................................................................ 49
5.7 Defeitos de visão................................................................................................................................... 50
5.8 Acuidade visual...................................................................................................................................... 52
5.9 Olho composto....................................................................................................................................... 52
5.10 Microscópios óticos e eletrônicos................................................................................................ 54
6 ENERGIA.............................................................................................................................................................. 55
6.1 Introdução................................................................................................................................................ 55
6.2 Primeira Lei da Termodinâmica....................................................................................................... 56
6.2.1 Trabalho....................................................................................................................................................... 58
6.2.2 Potência....................................................................................................................................................... 59
6.3 Formas de energia................................................................................................................................. 61
6.3.1 Mecânica..................................................................................................................................................... 61
6.3.2 Energia térmica......................................................................................................................................... 62
6.3.3 Energia química e biológica................................................................................................................ 63
6.3.4 O Corpo humano e a energia.............................................................................................................. 64
6.4 Classificação das fontes de energia............................................................................................... 65
6.4.1 Fontes convencionais e não convencionais.................................................................................. 66
6.4.2 Fontes renováveis e não renováveis................................................................................................. 69
Unidade III
7 FLUÍDOS............................................................................................................................................................... 78
7.1 Introdução................................................................................................................................................ 78
7.2 Pressão hidrostática e o Princípio de Pascal.............................................................................. 79
7.3 Teorema de Stevin e os vasos comunicantes............................................................................. 81
7.4 Princípio de Arquimedes.................................................................................................................... 82
7.5 Hidrodinâmica e escoamento de fluidos..................................................................................... 83
7.6 Efeitos da atração intermolecular.................................................................................................. 84
7.6.1 Tensão superficial.................................................................................................................................... 84
7.6.2 Capilaridade............................................................................................................................................... 86
7.6.3 Difusão e osmose..................................................................................................................................... 87
7.6.4 Viscosidade................................................................................................................................................. 89
8 FUNDAMENTOS DE RADIOPROTEÇÃO...................................................................................................... 91
8.1 Introdução................................................................................................................................................ 91
8.2 Principais formas de radiação.......................................................................................................... 92
8.2.1 Radiação alfa (a)..................................................................................................................................... 92
8.2.2 Radiação beta (b)..................................................................................................................................... 93
8.2.3 Radiação gama......................................................................................................................................... 94
8.2.4 Raio X............................................................................................................................................................ 94
8.2.5 Feixe de nêutrons..................................................................................................................................... 94
8.2.6 Famílias radioativas................................................................................................................................. 94
8.3 Aplicações da radiação........................................................................................................................ 95
8.3.1 Aplicação na medicina........................................................................................................................... 96
8.3.2 Aplicação na agricultura....................................................................................................................... 96
8.3.3 Datação por carbono‑14...................................................................................................................... 97
8.4 Efeitos biológicos da radiação......................................................................................................... 98
8.4.1 Efeitos indiretos da radiação............................................................................................................... 99
8.4.2 Radiação direta......................................................................................................................................... 99
8.5 Medições da radioatividade............................................................................................................100
8.5.1 Atividade (A)............................................................................................................................................100
8.5.2 Exposição (X)............................................................................................................................................101
8.5.3 Dose absorvida (D).................................................................................................................................101
8.5.4 Dose equivalente (H)............................................................................................................................102
8.6 Proteção radiológica..........................................................................................................................102
8.7 Equipamentos de detecção de radiação....................................................................................103
APRESENTAÇÃO
O aluno vai adquirir a compreensão de como a ondulatória e a física quântica explicam os fenômenos
óticos e da visão. Vai entender como ocorre o processo auditivo e quais fatores o influencia. Ele deve
conhecer como as várias formas de energia são responsáveis pelos processos vitais na natureza. E devem
entender como a energia se transforma nos vários processos naturais, além de compreender como e por
que os fluídos se comportam nos mais variados processos biológicos.
INTRODUÇÃO
Os nossos ancestrais primitivos estavam inseridos na mesma natureza que tentavam entender,
da mesma forma que nós, nos dias atuais. Estamos também sujeitos às mesmas regras, ditadas pelo
universo, que estavam os homens da caverna. E por mais que descubramos coisas novas, a única coisa
que percebemos é que há mais por descobrir, num ciclo infinito.
O filósofo grego Sócrates já havia concluído isso no século V a.C.. A frase “Só sei que nada sei.”,
atribuída a ele, não é um exemplo de humildade ou demagogia do homem que é considerado o mais
sábio de sua época, mas, acima de tudo, expressa esse sentimento de impotência perante a alternância
de descobertas e conclusões.
Nos dias atuais, apresentamos aos nossos jovens as ciências naturais fragmentadas em diversos
ramos: física, química, matemática, biologia. Essa divisão didática acaba formando a ideia de que esses
ramos da ciência não conversam entre si. Isso é um erro que precisa ser reparado, pois fazemos parte
do universo.
O conceito de universo foi criado por outro pensador grego: Pitágoras. A palavra “universo” sugere
o número 1, unidade, então não faz sentido as fragmentações de conceitos que, no final das contas,
resultam em uma visão unilateral e muito restrita da própria existência.
O próprio Pitágoras foi o criador de uma cosmogonia: um modelo que tenta explicar o cosmos.
Segundo as palavras do físico Carl Sagan, em 1980:
Observação
Os seres humanos surgiram há 150 mil anos. O universo, segundo a teoria do Big Bang, surgiu a cerca
de 13,5 bilhões de anos. Esses números são grandes demais para que possamos compreendê‑los. Para
explicá‑los melhor, o próprio Carl Sagan faz uma analogia a um calendário. Se considerarmos que o Big
Bang aconteceu no primeiro segundo de 1 de janeiro e o momento atual seja o último segundo de 31
de dezembro, a humanidade surgiu há, apenas, 20 segundos.
Foram necessários apenas 20 segundos nessa escala cósmica para que surgíssemos, entendêssemos
parte do universo à nossa volta e extrapolássemos os nossos limites planetários.
Contudo, ainda há muito que descobrir e eu convido você, prezado leitor, a alargar seus próprios
limites e viajar nesse mundo interessante da biofísica.
Saiba mais
10
FÍSICA E BIOFÍSICA
Unidade I
1 ONDAS
Quando lemos a palavra onda, talvez a primeira imagem que surja na mente seja uma praia paradisíaca,
com seus surfistas; ou você tenha pensado num tsunami devastando uma cidade com sua força implacável;
ou ainda, de forma mais simples, você tenha pensado no forno de micro‑ondas aquecendo seu almoço.
Não importa qual dessas imagens venha à sua mente, você está certo. A figura a seguir mostra situações
que, aparentemente, não teriam nexo, mas que estão conectadas por um conceito simples: ondas.
a) b) c)
Figura 1 – Exemplos de ondas presentes na natureza: (a) onda no mar (b) tsunami no Japão (c) forno de micro‑ondas
Ondas são perturbações que se propagam. Isso parece simples e óbvio, mas quais os conceitos
associados? Poucas definições poderiam ser mais abrangentes que isso, e aí está um dos principais
assuntos da física (HALLIDAY, 2009).
Qualquer variação repentina de estado pode ser definida como uma perturbação: uma pedra
caindo na água, uma criança chacoalhando uma corda, uma explosão solar. Independente da fonte da
perturbação, o que existe é uma quantidade de energia posta em movimento.
Trataremos melhor do conceito de energia na unidade III, mas precisaremos de alguns conceitos
básicos para discutir sobre as ondas.
O conceito de energia e de matéria são conceitos extremamente complexos e ainda não foram bem
definidos. Conseguimos ter noção dessas duas ideias por meio de suas propriedades:
• matéria: é algo que pode ser tocado, pesado e ocupa lugar no espaço (ATKINS, 2001);
• energia: os químicos costumam defini‑la como sendo a capacidade de realizar trabalho (RUSSEL,
1994), sem definir muito bem o que significa trabalho. Entenda, por enquanto, a energia como
sendo a capacidade de realizar coisas. Enquanto está estática, não realiza nada e é apenas uma
possibilidade. Quando está em movimento, a energia pode aparecer na forma de calor, eletricidade,
impacto ou reações químicas.
11
Unidade I
Por exemplo: quando uma pedra atinge a superfície calma de uma lagoa, parte da energia contida
na pedra é transferida subitamente para a água. Essa transferência de energia é, então, transferida para
todos os lados da superfície da lagoa na forma de ondulações.
Por essa descrição, fica fácil notar que as ondas conseguem transferir energia, mas não conseguem
transferir matéria. Se transferisse matéria, existiria um buraco no meio da lagoa, aguardando que a onda
se refletisse na beirada e voltasse ao ponto de origem, o que é um absurdo.
Estou me atendo aos conceitos da física clássica. Quando entramos no campo da física relativista
(a física do extremamente grande) ou da física quântica (física do extremamente pequeno), existem
conceitos que equiparam energia e matéria, o que torna perfeitamente possível a ideia de onda de
matéria. Esses conceitos são extremamente complexos e não têm aplicações no nosso cotidiano ou no
escopo deste livro.
O estudo das ondas é muito abrangente e permitiu avanços em diversas áreas do conhecimento:
a engenharia, a música, as telecomunicações, as ciências da saúde e a biologia. É graças a esta área
do conhecimento que temos a possibilidade de ver órgãos e fetos, por meio do ultrassom, ou rastrear
animais por meio de implantes que emitem sinais eletromagnéticos.
As ondas podem ser classificadas segundo três critérios: quanto ao meio de propagação; quanto
à direção de propagação e quanto à posição relativa entre o causador da onda (excitação) e a direção
de propagação.
Ondas mecânicas são aquelas que precisam de um meio material para se propagar. Isso quer dizer
que elas não se propagam no vácuo, que é ausência de matéria. São, para nós, as familiares: as ondas
do mar, o som, o pulso se propagando pelo comprimento de uma corda, os terremotos e as ondas
de choque provocadas por uma explosão. Nas ciências biológicas e da saúde, são empregadas na
forma de ultrassom para diagnósticos de imagens, para tratamentos médicos ou, ainda, como meio de
comunicação entre as espécies.
Ondas eletromagnéticas são aquelas que não precisam de meio material para se propagar. Também estão
extremamente presentes no nosso cotidiano, mas dificilmente percebemos que são ondas: a luz, os sinais de
rádio, televisão e celular, as micro‑ondas do forno, as radiações infravermelhas, ultravioletas e raios X.
• Unidirecionais: quando a onda se propaga apenas em uma direção, como uma corda sendo
agitada por uma criança. O pico de onda formado pelo movimento do braço da criança só pode
se propagar na direção da corda.
12
FÍSICA E BIOFÍSICA
• Bidirecionais: quando a onda se propaga em uma superfície, por exemplo, uma onda provocada
por uma pedra lançada contra a superfície de uma lagoa. As ondulações prosseguem na forma de
círculos concêntricos na superfície da lagoa, sem que o ar ou o fundo da lagoa sejam afetados. O nome
bidirecional vem do fato de a onda se propagar em duas direções de um plano cartesiano, x e y.
• Tridirecionais: quando a onda se propaga em todas as direções, como o som. O nome tridirecional
vem do fato de a onda se propagar em todas as direções de um sistema cartesiano (x, y e z).
Quanto à posição relativa entre a excitação, isto é, o que provocou a onda, e a direção da propagação,
as ondas podem ser classificadas como:
• Longitudinal: a excitação e a propagação estão na mesma direção como o som provocado pelo
movimento pulsante de um autofalante.
As ondas mecânicas podem ser longitudinais ou transversais, mas as ondas eletromagnéticas são
sempre transversais. Isso acontece porque as ondas eletromagnéticas são o resultado da ação entre
campos elétricos e campos magnéticos e estes sempre ocorrem perpendiculares entre si.
Saiba mais
Por simplicidade, vamos estudar uma onda mecânica, unidirecional transversal, ou seja, uma onda
numa corda sendo agitada, como na figura a seguir. Essa é a forma mais simples de onda.
Velocidade
Amplitude
13
Unidade I
Quando se faz o movimento de sobe e desce com a mão, segurando uma corda esticada, o pedaço
da corda mais próximo da mão também é puxado e, por sua vez, puxa o pedaço seguinte da corda e
assim por diante. Cada pedacinho de corda repete o movimento da mão, porém com uma pequena
diferença de tempo entre eles. Isso gera um pulso, que se propaga pela corda com certa velocidade. Essa
velocidade é chamada velocidade de onda.
Nas ondas mecânicas, a velocidade depende do meio de propagação. No caso da corda, vai depender
do atrito entre as fibras, do material da corda, do diâmetro e da tensão aplicada para esticá‑la. Já a
velocidade do som no ar, por exemplo, que se convencionou a estimar em 340 m/s, na verdade, depende
da temperatura, altitude e umidade do ar para o seu cálculo com precisão.
Apesar de ser difícil calcular a velocidade de uma onda, esse parâmetro é facilmente medido.
Como a velocidade da onda mecânica só depende do meio em que ela se propaga, é só emitir um
pulso e medir o tempo que ele leva para cobrir uma distância conhecida. A distância dividida pelo
tempo é a velocidade.
Já as ondas eletromagnéticas, que não dependem do meio para se propagar, viajam todas à velocidade
da luz: aproximadamente 300.000.000 m/s (299.792.458 m/s se você quiser ser muito detalhista).
Outro parâmetro importante nas ondas é a amplitude. A amplitude está associada à quantidade de
energia propagada pela onda. Voltemos à figura 2. Quanto maior a distância percorrida pela mão, maior
será a quantidade de energia fornecida à corda e maior será a altura da oscilação. No caso do som,
quanto mais energia fornecemos a um autofalante, mais alto será o som.
Em princípio podem parecer coisas completamente distintas, mas estão associados à velocidade de
oscilação, e o uso de um ou outro parâmetro é condicionado à facilidade do cálculo matemático.
Quando uma onda oscila de forma muito lenta, demorando alguns segundos para a execução de um
ciclo, é mais fácil expressar‑se em termos de período, ou seja, é mais fácil descrever uma onda com 50
segundos por ciclo do que uma onda com 0,02 ciclos por segundo.
Quando uma onda oscila de uma maneira mais rápida é mais fácil descrever a onda em termos de
frequência do que por período. No caso da corrente elétrica na tomada de casa, é mais fácil expressar a
oscilação com 60 ciclos por segundo do que 0,016667 segundos por ciclo.
14
FÍSICA E BIOFÍSICA
Quando lidamos com fenômenos que acontecem numa frequência muito alta, é mais fácil expressá‑la em
termos de comprimento de onda. É o caso das ondas eletromagnéticas. A luz visível de frequência mais baixa,
por exemplo, é o vermelho. Se expressarmos essa oscilação em termos de frequência o valor é 4.1014 ciclos por
segundo (4 seguido de 14 zeros) ou ainda 0,25.10‑14 segundos por ciclo (0, seguido de 14 zeros antes do 25). É
muito mais confortável trabalhar com o comprimento de onda de 750 nm (nanômetros).
Se a onda é provocada por impulsos periódicos, ela pode ser modelada matematicamente de maneira
semelhante à usada para descrever o movimento harmônico simples. Observe a próxima figura.
10 20 30 40 50
O movimento do ponteiro do relógio é circular, mas uma sombra do ponteiro, projetada na vertical, faria
o mesmo movimento de sobe e desce que o descrito para a mão da figura 2. O comprimento dessa sombra (y)
oscila de acordo com o cosseno do ângulo q indicado na figura, variando entre o comprimento do ponteiro
(Y) para cima e para baixo. Em termos matemáticos, essa oscilação pode ser descrita da seguinte forma:
y = Y ⋅ cos(θ) (1)
Observação
A equação 2 é a equação que descreve o movimento harmônico simples, e uma onda que apresente
esse mesmo comportamento é chamada de onda harmônica. Toda e qualquer outra onda pode ser
expressa em termos da composição de diversas ondas harmônicas, o que facilita muito em termos de
estudo de ondas.
15
Unidade I
Essa propriedade é chamada superposição de efeitos e foi estudada pelo matemático francês
Jean‑Baptiste Joseph Fourier. Na verdade, Fourier não estudava ondas, mas estudava a decomposição
de funções complexas no somatório de funções mais simples e acabou criando uma técnica que hoje é
conhecida como Teorema de Fourier.
Lembrete
A solução de equações de 1° grau, por exemplo, x+2=0, é bastante simples e conseguimos ensiná‑la
às crianças durante os primeiros anos do Ensino Fundamental.
A solução de equações de 2° grau, por exemplo, x2+x+2=0, é bem mais complexa, apresenta 2
soluções distintas, mas pode ser resolvida pela chamada Fórmula de Báscara, mostrada a seguir:
−b ± b2 − 4ac
x= (3)
2a
Báscara, cujo nome original era Bhaskara Akaria, foi um matemático indiano do século XII que
conseguiu a solução geral para este tipo de equação. Essa solução é ensinada no 8° ano do Ensino
Fundamental, mas já começa a apresentar alguns inconvenientes, como a possibilidade de apresentar
resultados no âmbito dos números complexos.
Alguma vez você já viu a solução para uma equação de 3°grau? Até existem algumas formas,
como o método Cardano‑Tartaglia, do século XVI, mas são soluções tão trabalhosas e complexas que
caíram em desuso.
Fourier, e muitos outros matemáticos antes dele, propunha uma abordagem diferente: o uso de
séries infinitas.
A ideia é simples: um número grande pode ser expresso como a soma de números menores e mais
simples. Observe a dízima periódica 0,11111111.... A quantidade de algarismos 1 vai se estendendo até o
infinito. Esse número pode ser expresso como:
1 1 1 1 1
0,1111... = 0,1 + 0, 01 + 0, 001 + 0, 0001 + .... = + + + + . . . + + ...
101 102 103 104 10n (4)
Fazendo isso, se estudarmos cada pedacinho que compõe o todo em separado e depois somarmos
tudo, temos o comportamento do todo. Isso é a superposição de efeitos.
16
FÍSICA E BIOFÍSICA
Cada matemático que estudou o comportamento das séries infinitas acabou desenvolvendo um
modelo próprio de decomposição de equações complexas em séries. O padrão criado pelo matemático
francês Jean‑Baptiste Joseph Fourier utiliza senos e cossenos, como vimos na equação 2.
Ondas do mar de tamanho anormal, conhecidas como vagalhões, são relatadas há séculos por
marinheiros que são resgatados de naufrágios inexplicáveis, em condições normais de navegação, e
esses depoimentos, dada as condições suspeitas do naufrágio e o estado emocional das vítimas, são
postos em descrédito.
Não haveria explicação para que, sem uma tempestade ou ocorrência geofísica qualquer, uma onda
do mar extremamente grande atingisse o navio, surgida do nada, e o levasse ao naufrágio. São ondas do
mar que surgem independentemente de condições de correntes marítimas.
Os vagalhões foram tratados como pertencentes ao folclore marítimo até que, em 1° de janeiro
de 1995, uma plataforma petrolífera no Mar do Norte, a plataforma Draupner, registrou a ocorrência
de uma onda do mar anormal (CANDELLA; CANDELLA, 2010). A figura a seguir mostra uma imagem
da plataforma Draupner, localizada a meio caminho entre a Escócia e a Noruega. No dia havia uma
forte tempestade ao sul da posição da plataforma, o que a coloca longe das condições climáticas mais
intensas (HAVER, 2004).
Observação
O histórico de ondas do mar foi registrado por um sensor montado em uma das superestruturas da
plataforma. A figura 5 mostra um trecho do registro da altura das ondas do mar em função do tempo
(TAYLOR et al., 2006).
Draupner 1520 wave record
20
15
10
n (m)
5
0
-5
-10
0 200 400 600 800 1000 1200
Time(s)
Nessa figura, o eixo horizontal é o tempo e o eixo vertical é a altura da onda do mar. Repare que
a plataforma vinha recebendo ondas do mar com alturas próximas a 5 m, na maioria das vezes e,
eventualmente, uma onda do mar maior que isso, por volta de 8 m. De repente, surgiu uma onda de
18,5 m que não se repetiu mais.
Felizmente não aconteceu nada de grave, mas como podemos prever o aparecimento de ondas do mar
desse porte? Taylor (et al., 2006) estimaram a probabilidade de uma ocorrência dessas na ordem de 1 em 200.000
ondas do mar. Como será que eles fizeram isso? Certamente não foi contando uma a uma as ocorrências.
Observe que esse histórico forma uma onda não periódica e complexa, mas, como vimos no item
anterior, ondas complexas não periódicas podem ser decompostas como sendo o somatório de ondas
harmônicas mais simples. A figura 6 mostra esse padrão de decomposição de ondas para o caso da
plataforma Draupner.
Fifth order NewWave with its first, second and third order contributions
20
Linear contribution
15 Second order contribution
Third order contribution
10 NewWave to fifth order
5
n (m)
0
-5
-10
-15
-40 -30 -20 -10 0 10 20 30 40
Time(s)
Como vimos na equação 2, uma onda harmônica pode ser definida por meio de 2 parâmetros: a
amplitude e a frequência. Neste caso, a amplitude é a altura da onda do mar e a frequência é o número
de ocorrência do fenômeno ao longo do tempo. Daí a conclusão de 1 ocorrência em 200.000 sem que
ninguém tenha que contar até 200.000.
18
FÍSICA E BIOFÍSICA
É claro que isso envolve uma matemática enorme e, por vezes, recursos eletrônicos avançados, mas
nós fazemos isso instintivamente algumas vezes.
Saiba mais
Por facilidade, vamos analisar o som produzido pelo CD de uma banda de rock composta por
vocal, baixo elétrico, guitarra e bateria. Os equalizadores são aparelhos que permitem ajustar o
volume dos instrumentos musicais e vocal que saem pelos autofalantes de acordo com a escolha
do operador do aparelho.
O volume de uma onda sonora é dado pela amplitude da onda que chega aos autofalantes. A
característica grave ou aguda do som está relacionada à frequência da onda. Sons graves têm uma
frequência mais baixa e os sons mais agudos têm uma frequência alta.
Quando o sinal elétrico da gravação chega ao equalizador, é uma onda complexa e não periódica,
pois os sons dos instrumentos e do vocal estão todos juntos agrupados na gravação de um único CD. O
equalizador, por meio de circuitos eletrônicos, divide essa onda em diversas frequências já padronizadas.
Por meio de ajustes, é possível aumentar, reduzir ou até eliminar determinadas frequências antes que
ela saia no autofalante. A figura 7 mostra uma mesa de som profissional em que é possível fazer a
equalização do som.
Exemplo de aplicação
Reflita como seria possível analisar o canto de um pássaro, gravado num parque de uma grande
cidade, com crianças brincando, um jogo de futebol entre amigos acontecendo e vários vendedores
ambulantes gritando para vender seus produtos.
19
Unidade I
Lembrete
Pelo conceito da superposição de efeitos, é possível fazer a soma de ondas. Então vamos imaginar
dois pulsos de ondas com a mesma frequência e amplitude seguindo pela mesma corda muito longa,
mas em sentidos opostos. O encontro desses dois pulsos de ondas pode resultar em duas situações:
quando o pico de um pulso encontra o pico do outro pulso de onda e o pico resultante tem amplitude
dobrada em relação ao pulso original ou o pico de um pulso de onda encontra o vale do outro e ambos
se anulam. A figura 8 ilustra essa descrição.
20
FÍSICA E BIOFÍSICA
No nosso exemplo, a corda é longa e os pulsos seguem indefinidamente após se cruzarem, mas, se
a corda for curta, esses pulsos ficarão indo e voltando continuamente, formando um padrão chamado
onda estacionária. Esse nome não significa que a onda fica parada, mas, sim, que alguns pontos da
corda ficam parados.
Numa onda estacionária podemos verificar uma progressão de pontos parados, que são chamados
nós, e de ventres, que alguns autores chamam de antinós (HALLIDAY, 2009).
Como a corda tem um comprimento finito e as duas pontas estão amarradas, a corda só vibrará em
frequências específicas em que há formação de nós e antinós. Essas frequências são chamadas harmônicos.
A figura 9 mostra os três primeiros harmônicos para uma corda vibrando com as extremidades fixas.
1º harmônico
2º harmônico
3º harmônico
Figura 9 – Os três primeiros harmônicos de uma corda vibrando com as extremidades fixas
Quando um músico toca violão, os dedos da mão direita pressionam a corda contra os trastes que
ficam ao longo do braço do violão, alterando o comprimento efetivo da corda e, portanto, gerando
frequências diferentes.
O mesmo acontece com ondas sonoras em tubos, pois os tubos têm um comprimento fixo, de forma
semelhante à corda da figura 9. Se alguma extremidade do tubo for aberta, há algumas modificações na
aparência da onda, mas continuarão existindo nós e antinós e, portanto, harmônicos da mesma forma.
A figura 10 mostra o 3° harmônico para um tubo com apenas uma extremidade aberta e outro com
ambas abertas.
21
Unidade I
Numa flauta pan, os tubos possuem comprimentos diferentes para obter as diferentes notas musicais,
que são os harmônicos para aqueles tubos.
O corpo humano tem órgãos que trabalham com ondas estacionárias. A traqueia é um exemplo de
um tubo acústico com ambas as extremidades abertas, enquanto o canal auditivo é um exemplo de tubo
acústico com uma das extremidades fechadas.
A faringe e a boca possuem uma geometria mais complexas e são usadas para modular o som
gerado na traqueia (GARCIA, 1998).
Figura 10 – 3° harmônico para um tubo com as duas extremidades abertas e para outro com uma das extremidades fechadas
O som é uma onda mecânica que temos a capacidade de perceber por meio do nosso sistema
auditivo. Em outras palavras, som é aquilo que conseguimos ouvir e isso não é tão óbvio quanto parece,
já que os humanos têm uma capacidade bastante limitada de perceber o som, se comparada à de outros
animais.
Além disso, essa percepção não depende apenas da existência da onda sonora, mas também de
todo um sistema fisiológico complexo para que o sinal mecânico transportado por essa onda seja
transformado em um sinal elétrico percebido pelo cérebro, que é o órgão, em última análise, responsável
pela percepção do som. Essa conversão de sinais mecânicos em sinais elétricos é chamada transdução
de sinais.
Isso acontece de forma semelhante ao processo de se conversar ao telefone. Não é a onda sonora
que viaja pelos fios, mas sim impulsos elétricos gerados pelo microfone do aparelho.
Altura: é associado à frequência da onda sonora. Os sons podem ser graves (frequência baixa) ou
agudos (frequência alta).
22
FÍSICA E BIOFÍSICA
Timbre: é a característica que nos permite diferenciar uma nota musical executada por um piano
e de um violão, mesmo que seja a mesma nota (frequência). Quando um corpo vibra, gera diversos
harmônicos simultaneamente e o somatório desses harmônicos gera a nota musical. Dependendo da
quantidade de harmônicos gerados, percebemos qual foi o tipo de instrumento que gerou o som.
Intensidade: é o volume do som e está associada à amplitude da onda sonora. Quanto maior a
intensidade, maior a amplitude da onda.
Nem toda onda sonora é audível e a capacidade de audição depende de vários fatores, como a
espécie do animal, a frequência e a intensidade do som. Um ser humano, por exemplo, consegue ouvir
sons entre 20 e 20.000 Hz (valores médios aproximados), mas essa capacidade varia com a idade e a
intensidade do som. Já um morcego possui a capacidade de emitir sons na faixa entre 20.000 Hz e
100.000 Hz (GARCIA, 1998).
Uma frequência muito baixa ou muito alta não consegue fazer vibrar os órgãos responsáveis pelo
processo de audição. O grande problema está na intensidade do som. Uma onda sonora de grande
intensidade pode danificar esses órgãos, podendo chegar, inclusive, à surdez.
Para uma mesma frequência dentro da faixa audível, se aumentarmos gradativamente a intensidade
do som, vamos definir alguns limites (DURÁN, 2003).
Limiar doloroso: é a intensidade quando o som começa a provocar uma sensação penosa e de dor.
A onda sonora é uma onda longitudinal e seu comportamento é semelhante a uma mola espiral
sendo comprimida e esticada sucessivamente. Os pulsos vão se propagando ao longo da mola, formando
uma alternância de espirais comprimidas e de espirais espaçadas.
No ar, a onda sonora provoca uma sucessão de regiões com pressão alta, seguidas por regiões com
pressão baixa. A intensidade do som é associada a essas regiões que, no seu valor máximo, é a amplitude
da onda: quanto maior a intensidade, maior a pressão do ar. Definimos, então, a pressão acústica.
O corpo humano é capaz de captar uma ampla faixa de intensidades sonoras. São valores que variam
de 0,000000000001 W/m2 até 1 W/m2 e, além disso, o nível de estímulo recebido pelo corpo é relativo
à menor intensidade, o que resultaria em valores muito grandes e incômodos para se trabalhar com
matemática.
Aqui vale uma pausa para uma explicação sobre a matemática, numa visão extremamente simplificada.
Vamos partir da seguinte ideia: a operação matemática principal é a soma. As demais operações servem
para acelerar o processo de soma.
23
Unidade I
Quando eu tenho poucas somas ou valores pequenos é fácil somar, mas quando os números
ficam maiores é mais fácil fazer a multiplicação. Qual a operação mais fácil: 345+345+345+345
ou 345 x 4?
Isso fica mais fácil ainda quando trabalhamos em potência de 10, já que o expoente é o número de
zeros: 101=10, 102=100, 103=1.000 e assim por diante.
Para simplificar ainda mais o trabalho com números muito grandes, que precisam ser expressos
em potências de 10, usamos o logaritmo, que é a operação que já dá o expoente. Sendo assim: log
101=1, log 102=2, log 103=3 e assim por diante. Então, ao invés de trabalhar com um número gigante
como 1.000.000.000.000, define‑se uma escala logarítmica e trabalha‑se com o número 12, que é
bem mais simples.
Quando se calcula o nível de intensidade do som, chegamos a valores na ordem de 1012; assim,
trabalha‑se com logaritmo e defini‑se uma nova unidade de medida chamada bel.
Para tornar esse número mais fácil de trabalhar dentro da capacidade humana de audição, trabalha‑se
com o decibel, que é a décima parte do bel. A equação 5 é a definição do nível de intensidade sonora,
em decibel (GARCIA, 1998).
I
β = 10 ⋅ log (5)
I0
Onde:
A tabela 1 mostra os diferentes níveis de intensidade do som que podem ser obtidos no
cotidiano (ABNT, 1987; CARMO 1998; GARCIA, 1998) e a tabela 2 mostra o tempo máximo diário
permitido de exposição a ruídos contínuos para trabalhadores (BRASIL, 1978). A exposição a ruídos
contínuos acima de 85 dB já começa a provocar lesões, sendo necessária a redução do tempo de
exposição do trabalhador. Não são permitidas as exposições contínuas acima de 115 dB sem o uso
de equipamentos de proteção.
24
FÍSICA E BIOFÍSICA
Local dB
Enfermarias, berçários, centros cirúrgicos (ABNT, 1987) 35–45
Laboratórios (ABNT, 1987) 40–50
Bibliotecas (ABNT, 1987) 35–45
Salas de aula (ABNT, 1987) 40–50
Restaurantes (ABNT, 1987) 40–50
Residências – dormitórios (ABNT, 1987) 35–45
Residências – salas de estar (ABNT, 1987) 40–50
Salas de concerto, teatros (ABNT, 1987) 30–40
Cinemas (ABNT, 1987) 35–45
Salas de reunião em escritório (ABNT, 1987) 30–40
Salas de gerência em escritório (ABNT, 1987) 35–45
Salas de computadores (ABNT, 1987) 45–65
Igrejas e templos (ABNT, 1987) 40–50
Pavilhões fechados para espetáculos e ativ. esportivas (ABNT, 1987) 45–60
Bar/restaurante/igreja com música (CARMO, 1999) 70–90
Automóvel (15 m) (CARMO, 1999) 60–90
Ônibus (interior) (CARMO, 1999) 70–95
Caminhão (15 m) (CARMO, 1999) 70–100
Motocicleta (15 m) (CARMO, 1999) 70–95
Rifle (CARMO, 1999) 130–140
Pistola (CARMO, 1999) 110–130
Discoteca (CARMO, 1999) 95–105
Walkman (menor volume) (CARMO, 1999) 60–70
Walkman (maior volume) (CARMO, 1999) 110–115
Farfalhar de folhas (GARCIA, 1998) 10
Ambiente de biblioteca (GARCIA, 1998) 40
Conversação normal (GARCIA, 1998) 60
Rua com grande tráfego (GARCIA, 1998) 70
Trem em movimento (GARCIA, 1998) 90
Britadeira (GARCIA, 1998) 100
Limiar de desconforto (GARCIA, 1998) 120
Limiar de dor (GARCIA, 1998) 140
Lesão no tímpano (GARCIA, 1998) 160
25
Unidade I
Os ouvidos dos vertebrados executam, na verdade, duas funções sensoriais: a audição e o equilíbrio.
Essas duas funções estão associadas à atividade de células ciliadas que conseguem converter um
estímulo mecânico (som, gravidade ou acelerações) em estímulos elétricos registráveis pelo cérebro
(RANDALL, BURGGREN, FRENCH, 2000).
Essas células transdutoras de sinal podem ser encontradas na classe dos hidrozoários, como as caravelas
do mar e águas‑vivas, mas o sistema auditivo surge somente a partir dos peixes e artrópodes (GARCIA, 1998).
Existe muita confusão em relação às palavras “ouvido” e “orelha”. A palavra “orelha” vem do latim
auris, que designa o órgão responsável pela audição, enquanto “ouvido” vem do latim auditus, verbo
ouvir. Alguns profissionais, principalmente os que trabalham com anatomia, adotam a grafia “orelha”, por
padronização, mas, na linguagem coloquial e em alguns textos técnicos que não enfocam a padronização
do termo, “ouvido” e “orelha” são tratados como sinônimos (REZENDE, 2011). Neste texto, ouvido e orelha
serão tratados como sinônimos, pela simplicidade, e será mantida a grafia de cada referência.
Será descrito o sistema auditivo humano, que é semelhante ao de outros mamíferos e mais complexo
que o de outras classes.
O sistema auditivo é um sistema extremamente sensível, capaz de captar variações de até 1 milésimo da
pressão atmosférica. Isso equivale a um deslocamento de 1 angstron, isto é, 0,00000001 mm (DURÁN, 2003).
• orelha externa: é a parte do sistema que está em contato com o meio externo. Começa na estrutura
que comumente chamamos de orelha e vai até a membrana timpânica;
• orelha interna: é a parte do sistema responsável pela transdução do sinal mecânico da onda
sonora em um sinal elétrico a ser registrado pelo cérebro.
26
FÍSICA E BIOFÍSICA
osso
temporal
osso
temporal
nervo
auditivo
pavilhão canal auditivo
audutivo cóclea
(ou caracol)
nervo
da cóclea
osso
Saiba mais
O site <http://www.ib.unicamp.br/dep_anatomia/files/atlasorelha/
bineuorelha1.html#4> traz diversas imagens referentes à anatomia do
sistema auditivo humano.
A orelha externa consiste numa concha acústica de geometria complexa chamada pavilhão auricular,
que capta a onda sonora, e o canal que leva a onda sonora até a membrana timpânica é chamado de
meato auditivo externo. O meato auditivo externo é protegido de infecções devido à presença de pelos,
por uma geometria complexa que dificulta a chegada de sujidades à membrana timpânica e pela produção
de cera, por meio de glândulas situadas na pele do meato (COSTA et al., 2006).
Em humanos, o pavilhão auricular é pouco efetivo se comparado a alguns animais: não tem músculos
para direcioná‑lo e sua posição na cabeça favorece traumatismos. No caso do elefante, esse órgão
também tem a função de permitir perda de calor.
27
Unidade I
A onda sonora captada pelo pavilhão auricular perde energia ao entrar pelo meato auditivo externo.
Este conduto se comporta como um tubo acústico fechado e, portanto, como uma caixa de ressonância,
amplificando as ondas sonoras entre 2000 e 6000 Hz (DURÁN, 2003). Essas ondas movimentam a
membrana timpânica, transformando o sinal de pressão, oriundo da onda sonora em movimento.
A membrana timpânica é o início da orelha média. Essa membrana não é homogênea e possui uma
ampla capacidade de vibração. A amplitude dessa vibração é de 0,0001 mm para sons graves e chega a
0,00000001 mm para sons agudos (GARCIA, 1998). A membrana timpânica está ligada a um músculo
tensor que atua nos casos de sons com grande intensidade, aumentando a resistência da membrana
para sons mais graves. Essa membrana não é homogênea e possui zonas com diferentes espessuras e
durezas, o que a torna sensível a diversas frequências.
Para poder vibrar adequadamente, a pressão do lado da orelha externa tem que ser igual à pressão
do lado da orelha média. Isso é garantido pela trompa de Eustáquio, que faz uma ligação entre a orelha
média e a nasofaringe, que é uma extensão da cavidade nasal. Toda vez que bocejamos, deglutimos ou
espirramos, a trompa de Eustáquio se abre e permite que haja um equilíbrio entre as pressões (COSTA
et al., 2006).
Na orelha média encontram‑se três pequenos ossos: o martelo, a bigorna e o estribo. Esses três
ossos, exclusivos de mamíferos, trabalham em conjunto, recebendo as vibrações do tímpano, amplificando
seu sinal e transmitindo‑o para a janela oval da cóclea, que é o primeiro órgão da orelha interna. Os
ossículos da orelha média também são dotados de músculos que ajudam na proteção da orelha interna
contra sons de grande intensidade.
A pressão de ar dentro da cavidade da orelha média também executa a transmissão de parte do sinal
sonoro por causa da diferença entre as áreas da membrana timpânica, que num humano adulto é de
0,55 cm2, e a da janela oval que é de 0,032 cm2 (valores aproximados). Essa diferença de áreas, associada
à articulação entre os ossículos, provoca uma amplificação do sinal mecânico enviado para a orelha
interna (GARCIA, 1998).
A orelha interna é formada pela cóclea: um conjunto de três tubos paralelos e espiralados, encravados
no osso temporal e dispostos na vertical. Estes tubos são, de cima para baixo: a rampa vestibular,
o canal coclear e a rampa timpânica (DURÁN, 2003). A rampa vestibular e a rampa timpânica se
comunicam por meio do helicotrema, que é uma passagem no final do comprimento da cóclea. A figura
12 mostra o conjunto formado pela orelha média e interna.
28
FÍSICA E BIOFÍSICA
martelo bigorna
3 canais semi-circulares
nervo
estribo auditivo
cóclea
(a) (b)
O sinal transmitido pela orelha média chega à cóclea pela janela oval, que fica na rampa vestibular e
é retransmitido pelo helicotrema para a rampa timpânica, o que duplica o sinal de pressão sobre o canal
coclear. Essa pressão é aliviada pela janela redonda, no final do canal timpânico (COSTA et al., 2006).
O canal coclear está preenchido de endolinfa, que é um líquido rico em íons K+, enquanto as rampas
vestibular e timpânica são preenchidas por perlinfa, que é rica em íons Na+. Dentro do canal coclear
existe o órgão de Corti, que é o responsável pela conversão do sinal de pressão em sinal elétrico.
No interior do órgão de Corti existe a membrana tectorial que recobre células ciliadas ligadas, por meio
de sinapses, aos neurônios do nervo auditivo. Quando um sinal de pressão incide sobre as rampas vestibular e
timpânica, o canal coclear é comprimido e a membrana tectorial pressiona os cílios dessas células. Ao fazê‑lo,
provoca a inclinação desses cílios e a abertura dos canais de potássio dessas células. Logo essas células serão
despolarizadas, dando origem aos potenciais de ação (DURÁN, 2003). A figura 13 mostra o órgão de Corti.
Membrana tectória
Feixe piloso
Fibras sensitivas e
motorasno nervo coclear,
um ramo do nervo
Células que revestem vestibulococlear (VIII)
Lâmina basilar a rampa do tímpano
Cada região da cóclea possui células ciliadas com cílios de comprimentos diferentes, o que torna
cada região da cóclea específica para determinadas frequências. Quando a orelha recebe um estímulo
muito forte, podem acontecer danos nesta estrutura ciliar delicada e, consequentemente, perda da
capacidade auditiva.
29
Unidade I
Ainda na cóclea localizam‑se os órgãos responsáveis pelo equilíbrio. São duas câmaras, preenchidas
por linfa: o sáculo e o ultrículo. O ultrículo dá origem a três canais semicirculares dispostos nos três
planos ortogonais (eixos X, Y e Z num sistema cartesiano), e esses canais possuem células ciliadas.
Quando a cabeça se mexe, a câmara que está dentro dos canais semicirculares também é movimentada
e aciona as células ciliadas, provocando uma resposta elétrica que é registrada pelo cérebro e interpretada
como uma alteração do equilíbrio (RANDALL, BURGGREN, FRENCH, 2000).
3 SISTEMA FONADOR
A comunicação oral é um dos fatores que distinguem o homem de outros seres vivos, mas essa
comunicação é obtida por diversos meios, sendo o principal a audição. Essa comunicação depende
de sinais preestabelecidos para que ideias sejam transmitidas. Somente o homem tem um aparato
realmente desenvolvido para esta atividade, mas o que se convencionou chamar de aparelho fonador
não é um sistema especializado, mas a junção de diversos órgãos pertencentes a outros sistemas
(COSTA et al., 2006).
Essa adaptação funcional utiliza‑se de partes do sistema digestivo e do sistema respiratório que,
quando integrados pelo sistema nervoso, passam a formar um sistema constituído de: um sistema de
bombeamento de ar, formado pela caixa torácica, pulmões e músculos envolvidos no ato da respiração,
em especial o diafragma; um indutor de vibrações, que são as pregas vocais (cordas vocais), que emitem
uma frequência de ressonância e seus harmônicos; um sistema de ressonância, formado pelo tórax e pelas
cavidades do nariz, boca e faringe que, por sua vez, favorecem a existência de harmônicos específicos e
distingue uma voz de outra; um sistema que modula esse som, transformando‑o em fonemas, por meio
de mecanismos de articulação dos quais fazem parte os lábios, língua, palato, mandíbula e laringe; um
retorno de sinal, por meio da própria audição daquilo que falamos; e um sistema nervoso que gera e
codifica os sinais que emitimos (COSTA et al., 2006).
Os processos mentais que, inicialmente, dão origem ao processo formador da fala, não são o enfoque
deste estudo, pois se desenvolvem no plano abstrato do pensamento para, depois, materializar‑se na
forma de expressões e emoções.
Com a finalidade de efetivar a verbalização, o córtex motor envia impulsos elétricos para os diversos
componentes do sistema fonador.
O conjunto pulmões, diafragma e caixa torácica formam um fole que, quando estimulados, emitem
um pulso de ar na fase de expiração. Esse pulso de ar é entrecortado pelas cordas vocais, que são
elementos vibradores que interrompem periodicamente a passagem do ar e geram uma onda sonora
(COSTA et al., 2006).
A frequência da onda gerada nas cordas vocais depende da massa destas. A massa da corda vocal
masculina é maior que a da feminina, então as frequências dos harmônicos gerados por um homem são
menores que as frequências dos harmônicos gerados por uma mulher. Por isso que o homem tem a voz
mais grave que a da mulher (DURÁN, 2003).
30
FÍSICA E BIOFÍSICA
Essa onda sonora será modificada pelas cavidades da via aérea, que funcionam como câmaras de
ressonância: faringe, cavidade da boca, fossas nasais e seios da face, que acrescentam ou modificam
harmônicos e caracterizam o timbre da voz.
A voz é, então, modulada pelos articuladores orais (lábios, língua, dentes e palato), resultando em
fonemas e símbolos compreensíveis para a comunicação (COSTA et al. 2006).
As ondas ultrassônicas são ondas mecânicas longitudinais, semelhantes ao som audível, porém com
uma frequência superior a 20 kHz (20.000 Hz). Suas propriedades físicas são idênticas às ondas audíveis,
porém não conseguem ativar os mecanismos responsáveis pela audição (DURÁN, 2003).
Vários animais conseguem ouvir em frequências que são ultrassônicas para humanos (DURÁN, 2003):
O primeiro uso prático do ultrassom foi em sonares para determinação do perfil do fundo de rios
e mares. Seu uso nas ciências médicas permitiu um grande avanço no estudo do funcionamento
das estruturas do corpo e seu uso se desenvolveu rapidamente devido à sua ação não invasiva
(GARCIA, 1998).
Para a faixa de frequências ultrassônicas, os autofalantes comuns não conseguem funcionar. Para a
geração de um pulso ultrassônico é necessário um cristal piezelétrico. O cristal piezelétrico é um material
que, quando submetido a um esforço mecânico, gera uma tensão elétrica (voltagem) e, ao contrário,
quando submetido a uma tensão elétrica, gera uma vibração mecânica (DURÁN, 2003). O quartzo e a
turmalina são exemplos de materiais piezelétricos, mas existem materiais sintéticos que possuem essa
mesma propriedade (GARCIA, 1998).
O cristal piezelétrico é um tipo de transdutor. Quanto menor for a sua espessura, maior a frequência
de vibração das suas moléculas. Esse efeito permite que o cristal piezelétrico funcione simultaneamente
como emissor de um ultrassom e como receptor de alguma onda ultrassônica em eco. Assim, um circuito
eletrônico pode registrar esse eco, processá‑lo e interpretá‑lo (DURÁN, 2003).
A onda de ultrassom pode ser contínua ou pulsada, e suas ondas se propagam pelos tecidos moles
do corpo humano. Toda onda sonora que se propaga em meios não homogêneos interage com o meio,
sofrendo absorção ou reflexão de parte da energia da onda (GARCIA, 1998).
31
Unidade I
Como a capacidade de gerar eco depende da densidade do meio no qual o som se propaga, o
computador do aparelho de ultrassom consegue diferenciar as estruturas internas do paciente e calcular
uma imagem baseando‑se em medições de diferença de tempo entre a emissão e o retorno do eco e da
intensidade deste eco.
A homogeneidade da superfície observada também afeta o eco gerado pelo ultrassom. Uma superfície
posicionada perpendicularmente ao feixe de ultrassom gerará muito mais eco que uma superfície
posicionada de forma oblíqua.
Modulando a frequência e a intensidade do sinal emitido, o ultrassom pode ter diversas utilidades.
Vejamos alguns exemplos.
Medicina diagnóstica: o ultrassom gerado pelo cristal piezelétrico se move por dentro do corpo
do paciente, passando por diferentes tecidos e profundidades, nas quais parte da onda é refletida.
Pela intensidade dos retornos e tempos em que esses retornos acontecem, um computador calcula as
profundidades e texturas dos tecidos, possibilitando a formação de uma imagem feita pelo computador.
Ultrassom terapêutico: a energia transportada pela onda do ultrassom pode proporcionar dois
tipos de benefícios:
—― o aquecimento localizado de tecidos, que terão seu fluxo sanguíneo aumentado, elevando a
velocidade da cura.
Ultrassom odontológico: o tártaro é uma evolução da placa bacteriana. Ele acontece quando a placa
– que é um acúmulo de bactérias sobre o dente – não é removida e acaba calcificando (endurecendo).
O ultrassom atua em materiais duros, gerando e propagando trincas e facilitando a remoção do tártaro.
Não afeta tecidos moles como a gengiva.
Além de permitir a formação de uma imagem e de ter uma ação terapêutica, o ultrassom consegue
fazer medições de velocidade de objetos ou fluidos em movimento por meio do efeito Doppler.
32
FÍSICA E BIOFÍSICA
Esse efeito foi explicado pelo físico austríaco Johann Christian Doppler, em 1842. O exemplo clássico
de efeito Doppler é quando um observador está numa estrada e ouve passar uma ambulância com a
sirene ligada: o som da sirene da ambulância chegando é mais agudo do que o som dela indo embora.
Isso não é uma ilusão e foi demonstrado experimentalmente, pela primeira vez, em 1845 pelo holandês
Christophorus Henricus Diedericus Buys Ballot, usando uma locomotiva puxando um vagão aberto com
vários trompetistas (HALLIDAY, 2009).
O efeito Doppler não é observado somente em ondas sonoras, mas em qualquer tipo de onda, seja
mecânica ou eletromagnética e depende do movimento relativo entre o emissor e o receptor da onda.
Imagine gotas pingando na superfície de um espelho d’água. A cada gota que bate na superfície da
água forma‑se uma ondulação, e a sequência de ondas circulares se espalharão concêntricas ao ponto
onde caem as gotas. A frequência das ondas é a mesma frequência que a das gotas.
Se o emissor de gotas começar a se mover, por exemplo, para a direita, o desenho formado pelas
ondas circulares deixarão de ser concêntricos, mas estarão mais próximas à direita e mais afastadas à
esquerda, conforme mostrado na figura 14.
Essa distância entre ondulações é o comprimento de onda e quanto maior o comprimento de onda,
menor a frequência de onda. Isso quer dizer que para um observador parado, a frequência da onda é
maior quando o emissor se aproxima e menor quando o emissor se afasta.
Numa situação real, esse movimento é a composição entre os movimentos do emissor da onda, do
receptor da onda e do meio onde a onda se propaga.
No caso da ambulância na rua, o carro está em movimento mais rápido que o vento, e o observador
está parado na calçada. O som da sirene é mais agudo quando a ambulância está se aproximando e mais
grave quando está se afastando.
33
Unidade I
No caso do ultrassom de diagnóstico, o emissor e o receptor estão parados, mas o sangue está em
movimento dentro do corpo do paciente.
Medindo‑se a diferença entre a frequência emitida pelo aparelho de ultrassom e a frequência do eco
obtido, é possível calcular a vazão de sangue num vaso sanguíneo.
4.2 Ecolocalização
A energia utilizada para a emissão de um pulso ultrassônico é dada pelo próprio animal que,
posteriormente, avaliará o sinal de retorno obtido, interpretando a existência de um obstáculo à sua
frente.
Resumo
Ondas
34
FÍSICA E BIOFÍSICA
Uma onda que pode ser modelada matematicamente por uma função
cosseno é chamada de onda harmônica e qualquer outro tipo de onda
pode ser tratado como sendo a soma de diversas ondas harmônicas. A
superposição de efeitos é tratada pelo Teorema de Fourier.
O som é uma onda mecânica que podemos registrar pelo sistema auditivo.
A percepção do som não depende apenas da existência da onda mas, de um
sistema fisiológico complexo onde o sinal mecânico é transformado em um
sinal elétrico percebido pelo cérebro. No sistema auditivo, os sons podem
ser distinguidos um do outro devido a três características: a altura (grave
ou agudo); o timbre (som característico) e a intensidade (volume do som).
Uma onda sonora chega até a orelha externa e é captada pelo pavilhão
auricular, que concentra e direciona a onda para o canal auditivo, que
leva a onda sonora até a membrana timpânica. Essas ondas movimentam
a membrana timpânica, transformando a pressão da onda sonora em
movimento. Na orelha média encontram‑se três ossículos: o martelo,
a bigorna e o estribo, que são exclusivos de mamíferos e amplificam as
vibrações do tímpano e transmitem‑no para a janela oval da cóclea, na orelha
interna. O sinal transmitido segue para a rampa vestibular, é retransmitido
pelo helicotrema para a rampa timpânica, dobrando a intensidade do
36
FÍSICA E BIOFÍSICA
37
Unidade I
Exercícios
Questão 1. (UFMS 2010) Os morcegos, quando voam, emitem ultrassom para que, através das
reflexões ocorridas pelos obstáculos à sua frente, possam desviar deles, e também utilizam esse
mecanismo para se orientarem durante seu voo. Imagine um morcego voando em linha reta horizontal
com velocidade V, em direção a uma parede vertical fixa. Considere que não esteja ventando e que
a fonte sonora no morcego seja puntiforme e então, quando ele ainda está a uma certa distância da
parede, emite uma onda sonora com uma frequência f de ultrassom. Com fundamentos da mecânica
ondulatória, assinale a(s) proposição(ões) correta(s).
I − A velocidade das ondas sonoras que possuem frequência de ultrassom é maior que a velocidade
de ondas sonoras que possuem frequência menor que as de ultrassom.
III − A frequência da onda sonora, refletida pela parede e percebida pelo morcego, é maior que a
frequência da onda sonora emitida por ele.
IV − A velocidade da onda sonora no ar, refletida pela parede, é igual à velocidade da onda sonora
no ar emitida pelo morcego.
V − Esse efeito de mudança na frequência de ondas sonoras emitidas por fontes em movimento
chama-se batimento.
38
FÍSICA E BIOFÍSICA
I – Afirmativa incorreta.
II – Afirmativa incorreta.
Justificativa: quando a onda sonora se reflete na parede, esta funciona como fonte. Como o morcego
está se aproximando da fonte ocorre o efeito Doppler e ele detecta um som mais agudo que o emitido,
ou seja, de maior frequência.
IV − Afirmativa correta.
V – Proposição incorreta.
dos ossículos da orelha média que, por sua vez, fazem vibrar a janela oval (área aproximada:
3,2 mm2), chegando à cóclea. Esse fenômeno é explicado pelo fato de:
B) o som ser amplificado devido ao aumento de pressão associado à diferença de áreas entre a
membrana timpânica e a janela oval.
C) os ossículos da orelha média serem muito menores do que o processo mastoide e mais sensíveis
à vibração do diapasão.
D) a velocidade do som no ar ser cerca de 4 vezes menor do que na água, resultando em maior
quantidade de energia.
E) a transmissão do som pelo osso ser menos eficaz por tratar-se de um meio mais denso do que
o ar.
40