Revolução Humana - Janeiro - Paulo PDF
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Budismo do Sol — Iluminando o Mundo - Terceira Civilização, ed. 616, dez. 2019, p. 48-63 - Explanação
do presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda
Explanação
O filósofo grego Heráclito (c. 540–480 a.E.C.) emitiu a célebre frase: “O Sol é novo a cada dia”.1
No alvorecer deste novo ano (2017), vamos iniciar nossa jornada com esperança, otimismo e um
revigorado sol brilhando radiantemente em nosso coração.
Agora, na última metade da segunda década do século 21, o mundo se mostra cada vez mais conturbado,
com nuvens carregadas surgindo no horizonte.
De um lado, a globalização está avançando em múltiplas frentes, como nos negócios, nas finanças, nos
transportes e nas comunicações; do outro, as disparidades econômicas estão se intensificando, conflitos
e guerras civis prosseguem ininterruptamente em diversas partes do mundo e parecem indicar o
ressurgimento da divisão e da hostilidade no coração das pessoas. A evolução desses fatos tem
transformado um número enorme de seres humanos em refugiados, cuja vida está sendo desrespeitada e
ameaçada.
Os problemas da sociedade não podem ser resolvidos unicamente por mudanças externas como
reformas políticas e econômicas ou inovações institucionais e organizacionais.
Reformas que deixem de levar em conta o bem-estar das pessoas ou que careçam de respeito pela
dignidade da vida só criam distorções e levam a situações de impasse.
Assim, nunca devemos nos esquecer do objetivo fundamental que é agir em prol das pessoas.
Não se afastem dos seres humanos! Despertem para a dignidade e a preciosidade da vida! Comecem a
mudança pelas próprias pessoas! Agora é hora de a humanidade retornar a esses pontos fundamentais.
Considerando tudo isso, quais devem ser os princípios norteadores da religião no século 21? Afirmo
convictamente que são o humanismo e a revolução humana.
Fazendo um retrospecto, alguns anos após fundar a Soka Kyoiku Gakkai [Sociedade Educacional de
Criação de Valor; precursora da Soka Gakkai (Sociedade de Criação de Valor)], em 1930, o primeiro
presidente, Tsunesaburo Makiguchi, discutiu a questão da mudança social dizendo: “Em última análise, a
menos que se transforme fundamentalmente o espírito humano com uma revolução religiosa, o caos da
realidade jamais será remediado”. A transformação fundamental do espírito a que ele se refere aqui não é
outra senão a revolução humana.
O segundo presidente da organização, Josei Toda, que deu continuidade aos ideais de Tsunesaburo
Makiguchi, foi preso junto com seu mestre em decorrência da opressão religiosa imposta pelo governo
militarista da época da guerra. No cárcere, Toda senseidespertou para a percepção de que buda é a
própria vida e que ele era um bodisatva da terra. Depois da sua libertação (em julho de 1945), empenhou-
se em ensinar às pessoas como transformar a vida pela fé na Lei Mística. Com o propósito de elevar a
condição de vida da humanidade ao estado de buda — a dimensão máxima do caráter do ser humano —,
ele se lançou à concretização do kosen-rufu. Seu desejo era libertar as pessoas do sofrimento, inclusive
dos tormentos causados por guerra, fome e doenças.
Por essa razão, Toda senseiconcordou de maneira tão entusiástica com o presidente da Universidade de
Tóquio, Shigeru Nambara (1889–1974), quando este destacou, pouco depois do fim da Segunda Guerra
Mundial, a necessidade da revolução humana para que as reformas sociais e políticas e a chamada
segunda revolução industrial, que ocorriam em meio às mudanças turbulentas da era pós-guerra,2
fossem, de fato, implementadas para atender aos interesses do povo.
Toda sensei percebeu com clareza que, para se conquistar a felicidade, a prosperidade social e a paz
mundial, seria necessária a transformação fundamental nas profundezas da vida humana. Ele demonstrou
como tornar isso possível mediante a prática do Budismo Nichiren e a concretização da revolução
humana dentro da realidade da nossa vida e da sociedade.
Quando estava com 20 anos, assisti a uma palestra de Toda sensei sobre o Sutra do Lótus, e a visão
extraordinária dele me emocionou profundamente. Senti-me inspirado a registrar em meu caderno:
“Revolução religiosa é a própria revolução humana que, por sua vez, conduz à revolução educacional e à
revolução econômica, como também à revolução política”.
Posteriormente, como seu discípulo de unicidade, escrevi o romance Revolução Humana, como um
registro da sua nobre vida. Resumi o tema da obra com as seguintes palavras: “A grandiosa revolução
humana de uma única pessoa, um dia, impulsionará a mudança total do destino de um país e, além disso,
será capaz de transformar o destino de toda a humanidade”.
Esse também é o tema que norteia a relação de mestre e discípulo Soka dedicada ao cumprimento do
juramento seigan de concretizar o kosen-rufu que é, em si, a paz mundial.
O Budismo de Nichiren Daishonin é o farol da revolução humana, brilhando cada vez mais intensamente
para conceder a luz da coragem e da esperança às pessoas deste conturbado mundo de hoje.
Trecho do escrito 1
Conforme o sutra afirma: “Na esperança de tornar todas as pessoas iguais a mim, sem nenhuma
distinção entre nós” [LSOC, cap. 2, p. 70], o senhor pode se tornar, prontamente, um buda tão
nobre quanto Shakyamuni.3(CEND, v. II, p. 297)
Toda sensei tomou a liberdade de expandir e desenvolver o conceito de revolução humana pautando-se
pelos princípios essenciais do Budismo de Nichiren Daishonin. O primeiro passo desse importante ponto
de vista foi revivescer na sociedade contemporânea o significado do propósito da prática budista, que é
atingir o estado de buda, como transformação da vida e revolução humana.
Examinemos a passagem de Carta para Niike que acabamos de apresentar. Nela, Nichiren Daishonin
afirma que os mortais comuns podem atingir o estado de buda, salientando que todos podem se tornar
“prontamente” budas como Shakyamuni.
Os dizeres “Na esperança de tornar todas as pessoas iguais a mim, sem nenhuma distinção entre nós”
(LSOC, cap. 2, p. 70) são de extrema importância, pois expressam o juramento seigande Shakyamuni
desde existências passadas, e constam do capítulo 2, “Meios Apropriados”, do Sutra do Lótus, que ensina
a “substituição dos três veículos pelo veículo único”.4
Shakyamuni declara: “Shariputra, saiba que no início fiz um juramento na esperança de tornar todas as
pessoas iguais a mim, sem nenhuma distinção entre nós” (Ibidem). “Todas as pessoas” indicam todos,
sem exceção. Nem um único indivíduo é excluído desse juramento. Ele afirma também “iguais a mim” —
são palavras que transmitem enfaticamente seu desejo de encorajar e guiar seus discípulos, com a
esperança de que atinjam a mesma condição de vida do estado de buda manifestada por ele.
Ao mesmo tempo, da perspectiva de Shariputra e dos outros discípulos a quem Shakyamuni dirigiu essas
palavras, isso representa o chamado do mestre para que rompam as limitações que impuseram a si
mesmos.
É uma passagem de suma importância que Makiguchi sensei também sublinhou em seu exemplar da
Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin.
Assumimos para nós o grande juramento seigan do nosso mestre, libertando-nos corajosamente da nossa
condição de vida limitada e confinada, além de incentivarmos as demais pessoas para avançarmos juntos
pela estrada que conduz ao estado de buda. Esse é o caminho da revolução humana trilhado por
discípulos unidos ao mestre. Lutar para dar continuidade ao espírito do mestre, mantendo o mesmo
juramento, constitui o caminho budista de mestre e discípulo.
“Prontamente”, na frase “o senhor pode se tornar, prontamente, um buda tão nobre quanto Shakyamuni”
(CEND, v. II, p. 297), sugere a facilidade dessa conquista. Isso estabelece um grande contraste com os
ensinamentos anteriores ao Sutra do Lótus, que expunham que eram necessários incontáveis kalpa de
prática para atingir a iluminação. Com isso, Daishonin expressa que podemos atingir infalivelmente o
estado de buda no curso da nossa vida como mortais comuns neste tão conflituoso mundo saha.5 Esse é
o princípio de “atingir o estado de buda nesta existência” e de “atingir o estado de buda na forma que se
apresenta”.
Trecho do escrito 2
O Sutra do Lótus oferece um meio secreto para conduzir todos os seres vivos ao estado de buda.
Ele conduz à iluminação a pessoa que está no mundo do inferno, a pessoa que está no mundo dos
Esse é um trecho de Carta para Horen, endereçada a Soya Kyoshin, discípulo [a quem Daishonin
concedeu o nome budista Horen] que vivia na província de Shimosa (atual parte norte da província de
Chiba) e também possuía vínculos com a região de Hokuriku.7 Daishonin esclarece que o Sutra do Lótus
é a escritura que expõe a forma mais elevada de devoção filial — de saldar as dívidas de gratidão com os
pais —, pois ensina que todas as pessoas podem atingir a iluminação.
Embora Nichiren Daishonin descreva o Sutra do Lótus como “um meio secreto para conduzir todos os
seres vivos ao estado de buda” (CEND, v. I, p. 535), tudo começa com um único indivíduo. Somente
quando conseguirmos habilitar quem está bem diante de nós a atingir o estado de buda, será possível
fazer o mesmo com todas as pessoas. Por esse motivo, Daishonin declara que esse processo se inicia
mediante o ato de ajudar uma única pessoa a atingir a iluminação.
Os princípios da “possessão mútua dos dez mundos”8 e dos “três mil mundos num único momento da
vida”9 estabelecem que todos os nove mundos — do inferno ao de bodisatva — contêm o estado de
buda, e por isso todos os seres vivos dos nove mundos podem alcançar esse estado.
Nesse trecho, Nichiren Daishonin afirma claramente que uma vez que os seres vivos estão nos mundos
do inferno e dos espíritos famintos — os dois mais impregnados de sofrimentos —, podem atingir a mais
elevada condição de vida. A conclusão óbvia é que os seres vivos de todos os nove mundos da existência
também podem. O exemplo de uma pessoa no mundo do inferno é representado no Sutra do Lótus pela
predição de que Devadatta10atingirá o estado de buda, abrindo o caminho para a iluminação das pessoas
más.11
A consecução dessa ampla condição de vida por uma única pessoa abre o caminho do estado de buda
para todos os seres vivos — assim como partir um único nó de um colmo de bambu faz romper todos os
demais nós. Como Daishonin aponta, “Devadatta é mencionado como um exemplo [de uma pessoa que
atingirá o estado de buda no futuro] para representar todas as incontáveis outras pessoas. Ele é
considerado o pior transgressor e, por essa razão, subentende-se que todos os demais, que cometeram o
mal em grau menor, também possuem a natureza de buda” (Ibidem, p. 280-281).
Trata-se do princípio de “o exemplo que se aplica a todo o conjunto”12ensinado pelo grande mestre
Miaole (Ibidem, p. 281).
Nichiren Daishonin escreve: “Ao atingir a iluminação, a filha do rei dragão abriu o caminho do estado de
buda para todas as mulheres das eras posteriores” (Ibidem). Em outras palavras, a emocionante mudança
do carma ou do destino de uma única pessoa demonstra a veracidade do budismo, abre o caminho da
vitória na vida de todos aqueles oprimidos pelo mesmo sofrimento.
Os seres vivos de quaisquer dos dez mundos podem atingir o estado de buda
Nichiren Daishonin declarou que o princípio de “atingir o estado de buda na forma que se apresenta” se
baseia na doutrina dos “três mil mundos num único momento da vida”. Independentemente de quais
sejam nossas circunstâncias, todos nós podemos atingir o estado de buda exatamente como somos
agora, como mortais comuns nos nove mundos. É uma concepção fundamentalmente diferente da visão
do estado de buda enunciada nos ensinamentos anteriores ao Sutra do Lótus, que sustentavam que só
seria possível atingir o estado de buda depois de passar por uma mudança física [e não na forma que se
apresenta].
Não obstante em qual dos dez mundos possamos estar, assim que tomamos a decisão de viver com base
na Lei Mística, a qual nos habilita a acreditar no potencial infinito que reside dentro de cada um e a extraí-
lo, descobrimos um futuro radiante à nossa frente. Sentimo-nos plenos de coragem para desafiar a nós
mesmos e evidenciamos intrépido espírito de luta, inabalável esperança, firme determinação e
perseverança. Despertamos para nossa missão, o propósito pelo qual nascemos neste mundo. A maneira
como vemos a vida se modifica e nosso modo de viver também muda fundamentalmente, e com nossas
próprias ações conseguimos mudar a realidade.
Por isso, cada pessoa é importante. Nosso espírito primordial deve ser sempre prezar uma única pessoa.
Para mim, essa é a essência de uma religião voltada para a revolução humana.
Ao nos referirmos a “todos os seres vivos” ou a “toda a humanidade”, não os estamos concebendo como
conceitos ou ideias abstratos. Nosso foco se concentra na pessoa real, diante dos nossos olhos — ou
seja, como podemos ajudar esse ser humano a se tornar feliz, a transformar o seu destino e a dissipar a
escuridão do sofrimento que envolve sua vida. Uma religião incapaz de ajudar o indivíduo é vazia,
destituída de significado genuíno. Preocupar-se com o bem-estar de um único indivíduo é a verdadeira
razão de existir uma religião.
Josei Toda oferecia orientações individuais pautado pelo senso de responsabilidade de auxiliar cada
pessoa que estivesse sofrendo. Uma sucessão infindável de membros vinha procurá-lo. Ele dedicava total
atenção aos desafios que esses membros enfrentavam, os incentivava e os orientava sinceramente.
Acolhia essa torrente de problemas com inabalável confiança e convicção, tendo como única âncora os
ensinamentos do Budismo de Nichiren Daishonin.
Toda sensei devotou a vida ao cumprimento do grande juramento seigande concretizar o kosen-rufu. O
pensamento que mais ocupava sua mente todos os dias era que seus amados discípulos fizessem a
própria revolução humana e transformassem o destino.
Se não formos capazes de ajudar a pessoa que se encontra diante de nós em sua revolução humana,
não poderemos abrir o caminho do kosen-rufu nem mudar o destino da humanidade. Herdando o espírito
de Toda sensei, membros da organização do mundo inteiro se empenham ativamente em estender a mão
para uma pessoa após outra e propagam a esperança e a alegria da revolução humana.
Há cinquenta anos, o renomado escritor francês André Maurois (1885–1967) afirmou no ensaio intitulado
Au Commencement était l’Action[No Princípio Era a Ação]: “As revoluções mais profundas são espirituais.
Elas transformam pessoas que, por sua vez, transformam o mundo”.13
Ele acrescentou: “A verdadeira revolução é a revolução do indivíduo (...). Mais precisamente, um único
indivíduo, seja ele herói ou santo, pode ser um exemplo para multidões que, ao imitá-lo, podem modificar
o mundo drasticamente”.14
É verdade. Tudo se inicia com a revolução humana de uma única pessoa. O exemplo de uma única
pessoa que se levanta inspira os outros, pondo tudo em movimento. As ideias de Maurois têm forte
consonância com a afirmação de Daishonin: “Neste caso, um único indivíduo foi usado como exemplo,
mas o mesmo se aplica igualmente a todos os seres vivos” (WND, v. II, p. 844).
A questão principal é que a revolução humana se desenrola a partir do coração de uma única pessoa, e
não se limita apenas à vida interior desse indivíduo.
Como no Budismo de Nichiren Daishonin a consecução do estado de buda se baseia no princípio dos
“três mil mundos num único momento da vida”, as ondas da mudança ocorrida num momento da vida de
uma pessoa se propagam para todos os cem mundos e mil fatores e, por fim, nos três mil mundos da
existência. Além disso, impactam o relacionamento de uma pessoa com outra, como também do indivíduo
com seu ambiente. Quando mudamos, nosso ambiente muda. Quando o ambiente muda, o mundo se
transforma. A revolução humana de uma única pessoa é o ponto de partida dessa transformação colossal
e dinâmica.
Embora a revolução humana consista numa mudança drástica no âmbito da vida de um indivíduo,
também tem relação com o mundo inteiro. Ela nos capacita a vencer com força total e a enriquecer a vida
das pessoas ao redor. É uma revolução que nos permite produzir felicidade para nós mesmos e para os
outros, cultivando um solo fértil para relações humanas harmônicas.
do escrito 3
As Quatorze Calúnias
No passado, o bodisatva Jamais Desprezar declarou que a natureza de buda era inata a todos os
seres humanos e que, se abraçassem o Sutra do Lótus, atingiriam sem falta o estado de buda.
Também afirmou que depreciar o outro era o mesmo que desprezar o próprio Buda. Assim sendo,
a prática desse bodisatva consistia em reverenciar todas as pessoas, inclusive aquelas que
rejeitavam o Sutra do Lótus, pois elas também possuíam a natureza de buda e, um dia, poderiam
aceitar o sutra.16(CEND, v. II, p 13)
Devotado a louvar e a respeitar os outros, o bodisatva Jamais Desprezar dizia àqueles com os quais se
deparava: “Eu os reverencio profundamente, jamais ousaria tratá-los com desdém ou arrogância. Por
quê? Porque todos estão praticando o caminho do bodisatva e infalivelmente atingirão o estado de buda”
(LSOC, cap. 20, p. 308). Mesmo quando pessoas ignorantes o insultavam e o atacavam, ele persistia
hábil e resolutamente na prática de demonstrar reverência a elas.
Mediante a prática constante de respeitar as pessoas, o bodisatva Jamais Desprezar obteve o benefício
da purificação dos seis órgãos18 e a grande recompensa de atingir o estado de buda. A purificação dos
seis órgãos é outra maneira de descrever a transformação interior. E os que insultaram e perseguiram o
bodisatva Jamais Desprezar, em decorrência disso, formaram uma relação inversa19 com o Sutra do
Lótus e, no fim, conseguiram atingir o estado de buda por esse vínculo.
“Todas as pessoas possuem a natureza de buda” — essa é a concepção fundamental do Sutra do Lótus.
A vida é o tesouro supremo. Ninguém é desprovido de importância ou de valor. Quando nos
conscientizamos dessa visão fundamental de respeito à vida e ao ser humano, a maneira como olhamos
para nós mesmos e para os outros e o nosso relacionamento com as pessoas mudam radicalmente.
O bodisatva Jamais Desprezar compreendeu que desrespeitar alguém equivale a desrespeitar um buda e
Em Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente, Daishonin comenta: “Quando a pessoa olha
para o espelho e se curva em reverência, a imagem refletida também faz o mesmo” (OTT, p. 165). Todas
as formas de vida mantêm uma relação de mutualidade e interdependência. Se somos preciosos, então
os outros também são. Ou melhor, somente quando reconhecemos e afirmamos o valor e a dignidade das
pessoas, evidenciamos o brilho do nosso próprio valor e dignidade. Essa percepção compõe a base da
coexistência harmoniosa.
Não devemos renegar aqueles que rejeitam o Sutra do Lótus (cf. CEND, v. II, p. 13), com base no ponto
de vista superficial de a pessoa abraçar ou não a fé neste exato momento. Na visão do bodisatva Jamais
Desprezar, qualquer um poderá vir a praticar um dia, porque também possui a natureza de buda.
Esse modo de pensar é o fundamento da genuína tolerância e oferece uma perspectiva alicerçada na fé
nos seres humanos, pois, não importando qual seja sua filosofia ou crença, todos possuem o potencial
positivo de despertar para a verdade da dignidade da vida.
Nichiren Daishonin declara: “O coração de todos os ensinamentos que o Buda expôs ao longo de sua
existência é o Sutra do Lótus, e o coração da prática desse sutra se encontra no capítulo “[Bodisatva]
Jamais Desprezar”. Qual o significado do profundo respeito que o bodisatva Jamais Desprezar sentia por
todas as pessoas? O propósito do advento do buda Shakyamuni, o senhor dos ensinamentos, neste
mundo reside em seu comportamento como ser humano” (CEND, v. II, p. 113).
Vamos nos esforçar para seguir o exemplo do bodisatva Jamais Desprezar com nossas ações e nosso
comportamento, respeitando os outros da mesma maneira que ele fazia.
Numa palestra intitulada “O Budismo Mahayana e a Civilização do Século 21” que proferi na Universidade
Harvard em setembro de 1993, propus as seguintes diretrizes como parâmetros para a religião
humanística que nossa época busca.
A religião torna as pessoas mais fortes ou mais fracas? Ela estimula o que há de bom ou o que há de mau
nelas? Essa religião as torna mais ou menos sábias?20
Essas perguntas são relevantes até hoje e mais importantes do que nunca.
Para nos tornarmos mais fortes, melhores e mais sábios, precisamos nos educar, nos aprimorar e, de
fato, nos transformar. Em especial, como podemos desenvolver a força para não sermos derrotados por
fraquezas como ganância desenfreada, tendência à arrogância, indolência, egoísmo ou covardia e apatia
diante das dificuldades?
É isso que faz a revolução humana ser tão importante. Chegou a hora de a religião da revolução humana
florescer ainda mais amplamente, ajudando as pessoas a se tornar mais fortes, melhores e mais sábias.
Em certo mês de dezembro, num momento em que estava refletindo sobre um desafio aparentemente
impossível que enfrentaria no ano novo e me sentindo angustiado, Toda sensei, como se lesse meu
pensamento, disse: “Daisaku, sofrimentos são inevitáveis na vida. Somente ao sofrer compreenderá a fé e
se tornará alguém dotado de conteúdo”.
As adversidades que estamos vivenciando agora fazem parte da nossa prática budista para nossa
revolução humana. Não podemos nem precisamos nos tornar nada além de seres humanos. Nossa fé e
nossa prática existem para nos habilitar a crescer como pessoas e nos tornarmos seres humanos
excelentes por meio de nosso sofrimento e esforços. Esse é o significado de revolução humana.
Toda sensei costumava dizer: “Sejam fortes!”; “Esta prática cria leões”.
“Leão” é outro nome para Buda. Como o mestre é um rei leão, o discípulo deve se tornar um leão
também. Não nos permitir ser derrotados por nada, lutar com o espírito de um leão — essa é a gloriosa
essência da revolução humana na Soka Gakkai.
Enquanto estava exilado na Ilha de Sado, Nichiren Daishonin, como um herói espiritual, declarou:
“Quando um mau governante, associado a sacerdotes que praticam ensinamentos errôneos, tenta
destruir o ensinamento correto e eliminar um sábio, os que possuem o coração de um rei leão, sem
dúvida, atingirão o estado de buda, assim como Nichiren, por exemplo” (CEND, v. I, p. 318).
Heróis invencíveis que se levantam sozinhos com o espírito de um rei leão diante de todas as
tempestades de adversidades “sem dúvida, atingirão o estado de buda” (Ibidem).
O Ano da Expansão dos Jovens da Nova Era do Kosen-rufu Mundial (2017) começou. Conclamo aos
membros de todos os lugares, companheiros bodisatvas da terra e, especialmente, aos meus jovens
sucessores: “Meus amigos, levantem-se bravamente com o ‘coração de um rei leão’ (Ibidem)! Hasteiem a
bandeira da vitória no local em que se encontram agora, e demonstrem exemplos esplêndidos de
revolução humana. Que a luz da revolução humana faça resplandecer um glorioso século 21!”.
Masayuki Kamioka era o único japonês entre os trezentos alunos da Escola Popular de Ensino Médio
Askov. Todas as manhãs e noites, Kamioka realizava a leitura do Sutra do Lótus e recitava Nam-myoho-
renge-kyo vigorosamente no dormitório. Seu colega de quarto, Jon Miller, não sabia praticamente nada
sobre o Japão, além do fato de se tratar de um país onde outrora existiam samurais. Observando a
recitação do sutra pelo colega com desconfiança, Miller se perguntava se aquilo seria algo que fazia parte
da vida dos japoneses. Então, um belo dia, interpelou-o, indo direto ao ponto:
— É a prática budista ensinada por Nichiren Daishonin, que foi um buda inigualável. Por meio da
recitação de trechos do sutra e da recitação do Nam-myoho-renge-kyo todos os dias, podemos
transformar nossa condição de vida. Mesmo que desejemos a paz e a mudança da sociedade, nada se
modificará a menos que façamos essas mudanças ocorrer dentro da nossa própria vida. O budismo é
uma filosofia de vida maravilhosa, que mostra que, se cada um assumir a responsabilidade de realizar
sua revolução humana, será possível alcançar a paz e a prosperidade na sociedade — respondeu
Kamioka.
— Estruturas sociais devem, enfim, buscar uma filosofia de humanismo que ensine a inviolabilidade da
vida. Sem isso, qualquer sistema acabará se tornando opressor. Além disso, a revolução humana é vital
para controlar o egoísmo. É especialmente importante que os líderes se submetam constantemente ao
processo de revolução humana. Este é o caminho para se evitar abusos de poder e a burocratização de
uma organização. Em última análise, a revolução humana tornou-se um tema relevante nos países
capitalistas e livres também. Se o ego humano inflar de forma desproporcional, a sociedade
inevitavelmente será atirada ao caos. Além disso, o ego humano é o principal instigador de guerras e
conflitos. Espero que todos vocês se tornem extraordinários líderes na sociedade que defendam
totalmente a filosofia da revolução humana encontrada no budismo. O século 21 repousa sobre o ombro
de vocês. Seu desenvolvimento é minha maior alegria. Gostaria de oferecer ao Grupo Atsuta da Divisão
dos Universitários uma fita cassete da Canção da Revolução Humana, composta por mim, e um toca-fitas.
Deixarei para vocês também uma fita da música Vila Atsuta. Peço-lhes que, ouvindo essas canções,
avancem com indômita dignidade pelo grandioso caminho do kosen-rufu por toda a vida, em prol de seus
pais e da felicidade das pessoas.
— Acredito que a maioria de vocês esteja casada e tenha filhos. Espero que todas se esforcem para ser
boas mães e esposas. Fazer revolução humana não se refere a algo especial, isolado da vida cotidiana,
O romance Nova Revolução Humana inicia-se no momento da partida de Shin’ichi para sua primeira
viagem internacional em 2 de outubro de 1960, cinco meses após ter assumido como terceiro presidente
da Soka Gakkai, em 3 de maio. Enquanto edificava o castelo do kosen-rufu da canção triunfal do povo no
Japão, plantava as sementes da paz chamada de Lei Mística nas visitas a 54 países e territórios e
construía inúmeras pontes de intercâmbio educacional e cultural. A obra retrata os acontecimentos até
novembro de 2001, ano do descortinar do novo século, um grande objetivo almejado pela Soka Gakkai.
O budismo, que prega a existência da natureza de buda inerente a todas as pessoas, é o grandioso
princípio filosófico de respeito à dignidade da vida e de igualdade fundamental entre seres humanos. E a
compaixão exposta pelo budismo é o modelo de humanismo. De fato, o budismo é a ideologia que
transforma a descrença em confiança, o ódio em amizade, erradicando quaisquer conflitos par tornar
realidade a paz perene. As viagens pela paz de Shin’ichi eram o próprio desafio de unir o mundo,
adotando o humanismo da filosofia budista como base espiritual da época.
O tema dos romances Revolução Humana e Nova Revolução Humana é “Seja como for, a grandiosa
revolução humana de uma única pessoa um dia impulsionará a mudança total do destino de um país e,
além disso, será capaz de transformar o destino de toda a humanidade!”.
A iluminação de Toda sensei na prisão foi o que indicou o caminho para essa transformação. Na prisão,
desejando compreender a verdadeira essência do Sutra do Lótus, ele iniciou sua compenetrada leitura e a
recitação do daimoku. Com isso, alcançou a percepção de que esteve na Cerimônia no Ar revelada no
Nos escritos de Nichiren Daishonin consta: “Se tiver a mesma mente que Nichiren, o senhor deve ser um
bodisatva da terra” (CEND, v. I, p. 404). Nós, que vivemos pelo kosen-rufuem exato acordo com o
testamento de Daishonin, somos, sem dúvida, bodisatvas da terra. Contudo, porque nós que somos esses
sublimes bodisatvas que cumprem a nobre tarefa do kosen-rufu, nascemos com variados carmas de
sofrimento?
“Rei dos Remédios, deve saber que essas pessoas renunciam voluntariamente à recompensa merecida
pela pureza de suas ações, e por se compadecerem dos seres vivos, elas nascem neste mundo maléfico
após eu ter entrado em extinção para expor amplamente este sutra” (LSOC, p. 200).
O grande mestre Miaole interpretou essa passagem como “carma adotado pelo próprio desejo”.
Exatamente de acordo com esse princípio [de “carma adotado pelo próprio desejo”], nascemos neste
mundo maléfico dos Últimos Dias da Lei com variados destinos, tais como de doença, de dificuldade
financeira, de desarmonia familiar ou ainda de solidão e de sentimento de inferioridade, com o juramento
seigan de salvar as pessoas imersas no sofrimento. Contudo, quando recitamos Nam-myoho-renge-kyo,
empenhamo-nos na prática individual e altruística e vivemos em prol do kosen-rufu, surge plenamente a
vida de bodisatva da terra e a extraordinária condição de buda dentro de nós. Assim, manifestamos em
nossa vida a sabedoria, a coragem, a força, a esperança e a alegria para ultrapassar quaisquer
sofrimentos ou dificuldades. O ato de vencer resolutamente as intempéries do destino provará a justiça e
a grandiosa força do budismo, possibilitando promover o avanço do kosen-rufu. Ou melhor, nascemos
carregando sofrimentos e dificuldades nas costas exatamente com essa finalidade.
Em outras palavras, o destino e a missão são os dois lados de uma mesma moeda. O destino se torna
propriamente a nobre missão específica da pessoa. Por isso, quando vivemos pelo kosen-rufu, não há
absolutamente nenhum destino que não possa ser transformado.
Todos são bodisatvas da terra e possuem o direito de ser felizes. Eles são os protagonistas e os
extraordinários atores do grande drama que transforma as nevascas do inverno em primavera ensolarada
e o sofrimento em alegria.
O enredo do romance Nova Revolução Humana se desenvolve com base nesse princípio de que “destino
é missão”. A essência do ensinamento budista não se detém a uma visão estática dos acontecimentos,
mas revela o dinamismo da vida capaz de transformar quaisquer aspectos por meio de princípios tais
como “desejos mundanos são a iluminação”, “os sofrimentos da vida e da morte são o nirvana”, e
“transformação do veneno em remédio”, entre outros. Identifica nas profundezas da vida de uma pessoa
mergulhada no sofrimento sua condição de buda. Buda, por sua vez, indica o caminho para despertar e
manifestar o sublime bem, a criatividade e o protagonismo inerentes à vida de todas as pessoas.
Notas:
1. Hippocrates. Vol. IV: Heracleitus On the Universe [Hipócrates. Vol. IV: Heráclito no Universo].
Tradução: W. H. S. Jones. Londres: William Heinemann Ltd., 1959. p. 481.
2. Traduzido do japonês. NAMBARA, Shigeru. Ningen Kakumei to Dai-niji Sangyo Kakumei [A Revolução
Humana e a Segunda Revolução Industrial]. Nambara Shigeru Chosaku-shu [Coletânea de Obras de
Shigeru Nambara]. Tóquio: Iwanami Shoten, v. 7, p. 131, 1973.
3. Essa carta foi endereçada a Niike Saemon-no-jo, discípulo de Nichiren Daishonin que vivia na província
de Totomi (atual região oeste da província de Shizuoka). Nela, Daishonin expressa a alegria de nascer
nos Últimos Dias da Lei e propagar o Sutra do Lótus nesse período. Acrescenta ainda que a fé na Lei
Mística é a chave para se atingir o estado de buda e reitera a importância da prática diligente.
4. “Substituição dos três veículos pelo veículo único”: Referência à afirmação feita por Shakyamuni no
Sutra do Lótus de que os “três veículos” não são fins em si — apesar de outros sutras provisórios
ensinarem que são —, mas meios apropriados por intermédio dos quais conduzem as pessoas ao
“veículo único do estado de buda”. Os “três veículos” são os ensinamentos expostos para os ouvintes da
voz, para aqueles que despertaram para a causa e para os bodisatvas, respectivamente. O “veículo único
do estado de buda” indica o ensinamento que habilita todas as pessoas a atingir o estado de buda e
corresponde ao Sutra do Lótus.
5. Mundo saha: Este mundo repleto de sofrimento. É frequentemente traduzido como mundo da
resignação. Em sânscrito, sahasignifica “terra”; deriva do radical “suportar” ou “aguentar”. Por essa razão,
nas versões chinesas das escrituras budistas, saha é interpretado como “resignação” ou “paciência”.
Nesse contexto, mundo saha denota um mundo onde as pessoas devem suportar sofrimento.
6. Escrita no quarto mês de 1275, Carta para Horen é endereçada a Soya Kyoshin, a quem Nichiren
Daishonin concedeu o nome budista Horen (Lei do Lótus). Nela, Daishonin descreve a ofensa de caluniar
e o benefício de fazer oferecimentos ao devoto do Sutra do Lótus nos Últimos Dias da Lei. Ensina
também que oferecer orações fundamentadas no Sutra do Lótus pelos falecidos pais é a melhor maneira
de saldar a dívida de gratidão que temos como filhos.
7. Região localizada na parte centro-oeste de Honshu, a maior das quatro ilhas principais do Japão, que
8. “Possessão mútua dos dez mundos”: Princípio que expõe que cada um dos dez mundos abarca o
potencial para todos os dez dentro de si. “Possessão mútua” significa que a vida não se fixa em um ou em
outro dos dez mundos, mas pode manifestar qualquer um deles — do mundo do inferno ao mundo do
estado de buda — em dado momento. O ponto importante desse princípio é que todos os seres em
qualquer dos nove mundos possuem a natureza de buda. Isso quer dizer que as pessoas detêm o
potencial para manifestar o estado de buda, e o Buda, por sua vez, também abriga os nove mundos e,
nesse sentido, não é separado ou diferente das pessoas comuns.
9. “Três mil mundos num único momento da vida” (ichinen sanzen, em japonês): Sistema filosófico
estabelecido por Tiantai da China com base no Sutra do Lótus. Os “três mil mundos” indicam os aspectos
variáveis e fases que a vida assume a cada momento. Em cada momento, a vida manifesta um dos dez
mundos. Cada um desses mundos abriga o potencial para todos os dez, resultando em cem mundos
possíveis. Cada um desses cem mundos possui os dez fatores e opera dentro de cada um dos três
domínios da existência, totalizado assim três mil mundos. Em outras palavras, todos os fenômenos estão
contidos dentro de um único momento da vida, e um único momento da vida permeia os três mil mundos
da existência, ou seja, o mundo dos fenômenos em sua totalidade.
10. Devadatta: Primo de Shakyamuni e, inicialmente, seu discípulo. Mais tarde, contudo, por arrogância
tornou-se inimigo de Shakyamuni e cometeu muitas transgressões graves, como causar uma cisão na
Ordem budista e tentar matar o Buda.
11. Iluminação das pessoas más: Mesmo as pessoas que se opõem e caluniam o ensinamento do
budismo, tais como os icchantika ou pessoas de descrença incorrigível, podem atingir o estado de buda
por meio da relação inversa. Como estas pessoas estabelecem uma ligação com o ensinamento do
budismo opondo-se a ele, recebem efeitos negativos que as levam a professar a fé e a atingir o estado de
buda. No Sutra do Lótus, esse conceito é ilustrado pelos exemplos de Devadatta e daqueles que
ridicularizaram e atacaram o bodisatva Jamais Desprezar.
13. Traduzido do francês. MAUROIS, André. Au Commencement était l’Action [No Princípio Era a Ação].
Paris: Librairie Plon, 1966. p. 93.
15. Bodisatva Jamais Desprezar. Descrito no capítulo 20, “[Bodisatva] Jamais Desprezar”, do Sutra do
Lótus, esse bodisatva — Shakyamuni numa existência anterior — curvava-se respeitosamente a todos
com quem se encontrasse, reconhecendo a natureza de buda inata deles. Porém, ele era atacado por
pessoas arrogantes, que o agrediam com varas e bastões e atiravam pedras nele. O sutra explica que
essa prática se tornou a causa para o bodisatva Jamais Desprezar atingir o estado de buda.
16. Essa carta, escrita no décimo segundo mês de 1276, foi endereçada ao sacerdote leigo Matsuno
17. “Quatorze calúnias”: Quatorze tipos de calúnia relacionados em Anotações sobre “Palavras e Frases
do Sutra do Lótus” de Miaole (711–782) com base no conteúdo do capítulo 3, “Analogia e Parábola”, do
Sutra do Lótus. Consistem em quatorze ofensas contra a Lei, ou ensinamentos do Buda, e contra as
pessoas que acreditam nela e a praticam. São: (1) agir com arrogância, (2) agir com negligência, (3)
basear-se apenas no próprio pensamento, (4) julgar superficialmente, (5) apegar-se aos desejos
mundanos, (6) recusar-se a compreender, (7) recusar-se a acreditar, (8) franzir a testa em desaprovação,
(9) duvidar, (10) difamar, (11) desprezar, (12) odiar, (13) invejar, e (14) nutrir rancor.
18. Purificação dos seis órgãos dos sentidos: Também definida como purificação dos seis sentidos.
Significa os seis órgãos dos sentidos — olhos, orelhas, nariz, língua, pele e mente — tornarem-se puros,
permitindo que se assimile corretamente todos os fatos. O capítulo 19, “Os Benefícios do Mestre da Lei”,
do Sutra do Lótus explica que aqueles que abraçam e praticam o sutra obtêm oitocentos benefícios dos
olhos, nariz e pele e 1.200 benefícios das orelhas, língua e mente, e que por meio desses benefícios os
seis órgãos são apurados e purificados.
20. Cf. IKEDA, Daisaku. Mahayana Buddhism and Twenty-first-Century Civilization [O Budismo Mahayana
e a Civilização do Século 21]. A New Humanism: The University Addresses of Daisaku Ikeda [Um Novo
Humanismo: Os Discursos de Daisaku Ikeda em Universidades]. Nova York: Weatherhill, 1995. p. 157.
21. “Três venenos” — avareza, ira e estupidez: Males fundamentais inerentes à vida, que originam o
sofrimento humano. No Tratado sobre Grande Perfeição da Sabedoria do renomado estudioso do
Mahayana, Nagarjuna, os três venenos são considerados a fonte de todas as ilusões e desejos
mundanos. Os “três venenos” são denominados assim por contaminarem a vida das pessoas e operarem
para impedir que elas voltem o coração e a mente para o bem.