4 Parashá 05

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TORÁ: A INSTRUÇÃO QUE DURA PARA

SEMPRE

IV – YESHUA É A TORÁ VIVA

É significativo o texto que abre as boas novas de Yochanan (João):

“No princípio, era a Palavra, e a Palavra estava com Elohim, e a Palavra


era Elohim.” (Yochanan/João 1:1).

A chave deste verso está em identificar o que significa “a Palavra”. Como


bons bereanos, vamos procurar a definição do vocábulo no Tanach
(Primeiras Escrituras):

“Quando atravessarem o Yarden [Jordão], em direção à terra que YHWH,


seu Elohim, dá a vocês, levantem duas pedras grandes, cubram-nas com
cal e, depois da travessia, nelas escrevam esta Torá, cada palavra…”
(Devarim/Deuteronômio 27:2-3).

Para os israelitas, a Torá é a “Palavra” do ETERNO, uma vez que a Lei


não foi fruto da invenção humana, mas adveio da revelação do Criador a
Moshé (Moisés) por meio das palavras que lhe foram ditas. Fácil entender
esta questão: atualmente os evangélicos chamam a Bíblia de “a Palavra”;
ora, no Israel antigo, a Torá era a única Bíblia da época, logo, era chamada
a Torá de “a Palavra”. Em Tehilim/Salmos 119, há uma associação direta
entre “a palavra” e “a Torá”:

89. Para sempre, ó YHWH, a tua palavra permanece no céu.


90. A tua fidelidade dura de geração em geração; tu firmaste a terra,
e ela permanece firme.
91. Eles continuam até ao dia de hoje, segundo as tuas ordenações;
porque todos são teus servos.
92. Se a tua Torá não fora toda a minha recreação, há muito que
pereceria na minha aflição.” (Tehilim/Salmos 119:89-92).

Quem conhece poesia hebraica percebe que o Salmista usou um


paralelismo de ideias, em que “tua palavra” (verso 89) é sinônimo de “tua
Torá” (verso 92). Este recurso linguístico é novamente usado mais adiante:

“Lâmpada para os meus pés é tua palavra, e luz para o meu caminho.
Jurei, e o cumprirei, que guardarei os teus justos juízos.
Estou aflitíssimo; vivifica-me, ó YHWH, segundo a tua palavra.
Aceita, eu te rogo, as oferendas voluntárias da minha boca, ó YHWH;
ensina-me os teus juízos. A minha alma está de contínuo nas minhas
mãos; todavia não me esqueço da tua Torá.” (Tehilim/Salmos
119:105-109).

Conclusão: à luz do Tanach, “Torá” é sinônimo de “Palavra”. Já que


Yochanan (João) tinha este conceito em mente, assim podem ser
traduzidas suas escrituras:

“No princípio, era a Palavra [a Torá], e a Palavra [a Torá] estava com


Elohim, e a Palavra [Torá] era Elohim…

E a Palavra [a Torá] se fez carne, e habitou entre nós, cheio de graça e


de verdade; e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai”
(Yochanan/João 1: 1 e 14).

“A Palavra [a Torá] da Vida existia desde o princípio. Nós o ouvimos,


nós o vimos com nossos olhos, nós o contemplamos, e tocamos nele com
nossas mãos! A vida apareceu, e nós a vimos. Testemunhamos dela e a
anunciamos a vocês, a vida eterna! Ele estava com o Pai e apareceu
para nós.” (Yochanan Álef/1 João 1: 1-2).

Que linda mensagem de Yochanan: Yeshua é a Torá que se fez carne e


habitou entre nós! Yeshua é a Torá Viva!

Em Guilyana (Apocalipse), Yochanan repete tal concepção:

“ [Yeshua] Está vestido com um manto tingido de sangue, e o seu nome é


‘A PALAVRA [A TORÁ] DE ELOHIM’ ” (Ap 19:13).
A ideia de que a Torá existe antes da criação do mundo não é uma
invenção dos netsarim (nazarenos), visto que Baruch (Baruque), que foi o
escriba de Yirmeyahu (Jeremias), escreveu sobre este tema. Se não
bastasse, Baruch profetizou que a Torá iria encarnar e habitaria no meio
dos homens:

“Depois disso, apareceu sobre a terra e no meio dos homens conviveu. Ela
é o livro dos preceitos de Elohim, a Torá que subsiste para sempre.” (Sefer
Baruch 3:38 e 4:1).

Reflita sobre a profecia acima: Baruch (Baruque), mais de 500 anos antes
de Yeshua, escreveu ao povo transmitindo praticamente a mesma ideia de
Yochanan, qual seja, a encarnação da Torá junto aos homens. Compare:

BARUCH (Baruque) Yochanan (João)

“Depois disso, apareceu sobre a terra e no “e a Palavra [a Torá]


meio dos homens conviveu. Ela é o livro estava com Elohim, e
dos preceitos de Elohim, a Torá que a Palavra [Torá] era
subsiste para sempre” (Sefer Baruch 3:38 e Elohim…
4:1) E a Palavra [a Torá] se
fez carne, e habitou
entre nós” (Jo 1: 1 e
14)

Sublinha-se que, como já dito, a Torá é sinônimo de “instrução, ensino”, ou


seja, a Lei do ETERNO é o ensinamento do Criador para os homens.
Yeshua é a manifestação visível dos ensinamentos (Torá) de YHWH.
Considerado um dos maiores especialistas em paleo-hebraico da
atualidade, Jeff A. Benner aponta a diferença entre a forma de pensar
ocidental e a oriental, aplicando-a ao texto de Yochanan (João) 1:1 e 14:

“Na Moderna Filosofia Ocidental, o foco está sobre o indivíduo: a mim, o


meu e o eu. Em contraste com isso, a Antiga Hebraica/Oriental Filosofia
sempre incide sobre a totalidade ou sobre a comunidade: a nós, o nosso e
o nós. Quando lemos a Bíblia, temos que interpretá-la de acordo com a
cultura dos antigos hebreus e sua filosofia hebraica/oriental, e não de
acordo com nossa própria filosofia moderna greco-romana/ocidental.

Na filosofia hebraica, o objetivo é a eliminação do ‘eu’, ou do ‘ego’. Se o


que eu estou dizendo é verdade, então por que, quando lemos as palavras
de Yeshua, nós sempre vemos Yeshua centrado em si mesmo, em
completa oposição à filosofia hebraica? Um exemplo perfeito disso é João
14:6. ‘Eu sou o caminho a verdade e a vida, ninguém vem ao Pai senão
por mim’. A resposta é que estamos lendo o texto da forma errada.
Estamos interpretando-o a partir de uma filosofia ocidental e não da
hebraica.

Para responder essa pergunta, vamos começar com João 1:1, muito
controverso e, em minha opinião, um verso muito mal compreendido. Na
versão King James, esta passagem diz: ‘No princípio era a Palavra, e a
Palavra estava com Deus, e a Palavra era Deus’.

No Antigo Testamento, estamos sempre a dizer que as palavras de Deus


são seus ensinamentos, que é a palavra hebraica Torá. Ensinamentos
de Deus são a sua palavra. Se colocarmos o vocábulo ensinamentos
dentro deste versículo, temos: ‘No princípio era o Ensino, e o Ensino
estava com Deus, e o Ensino era Deus’.

Então, no versículo 14 lemos: ‘E o Ensino se fez carne’. De acordo com


esta passagem, Yeshua assumiu a persona dos ensinamentos de Deus.
Afinal, não é isso que Yeshua fez? Ele veio para ensinar os ensinamentos
de Deus.

Yeshua esvaziou-se de si mesmo e assumiu os atributos dos


ensinamentos de Deus. Portanto, sempre que Yeshua fala, não é Yeshua
quem está falando, mas os ensinamentos. Quando Yeshua diz ‘eu’, o
‘eu’ não é Yeshua, são os ensinamentos.” (John 1:1, publicado pelo
Ancient Hebrew Ressearch Center).

Constate que no texto transcrito Jeff Benner registra que o verbete


“ensinamentos” é sinônimo de “Torá”. Então, quando Yeshua diz “eu”, o
“eu” não é Yeshua, mas sim a Torá (ensinamentos).
Eis um grave erro do Cristianismo: prega que “aceita Jesus”, mas que “a
Lei (Torá) foi abolida”. Ora, a Torá é a substância do que seja o Mashiach,
logo, não se pode “aceitar o Mashiach” e rejeitar a Torá. O sentido inverso
também é correto: se alguém acolhe verdadeiramente a Torá, também
deverá reconhecer “a Palavra” – o Mashiach. É impossível ser um
verdadeiro zeloso da Torá sem o testemunho de Yeshua, porque ninguém
chega ao Pai senão por ele (Jo 14:6). Aliás, afirmou Yeshua que se
alguém crê em Moshé (Moisés) também irá crer em seu testemunho, já
que Moshé escreveu a seu respeito (Jo 5: 46-47 c/c Dt 18:18-19).

Enfim, quando o Cristianismo apregoa a anulação da Torá, termina por


pregar a própria invalidação da mensagem e do real Yeshua! Sejamos
francos: o Cristianismo inventou um “Jesus” contra a Lei (antitorá), o que
não corresponde ao autêntico, genuíno e legítimo Mashiach.

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