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FACULDADE TEOLGICA NACIONAL

DISCIPLINA

BIBLIOLOGIA

Faculdade e Seminrio Teolgico Nacional


Ensino Distncia
CONCEITO GERAL DE BIBLIOLOGIA

Imagem meramente ilustrativa.


O nosso assunto o estudo introdutrio e auxiliar das Sagradas Escrituras, para sua
melhor compreenso. tambm chamado Isagoge nos cursos superiores de Teologia.
Este estudo auxilia grandemente a compreenso dos fatos da Bblia. Um ponto saliente
nele a histria de como a Bblia chegou at ns. A necessidade desse estudo que,
sendo a Bblia um livro divino, veio a ns por canais humanos, tornando-se, assim,
divino-humano, como tambm o a Palavra Viva: Cristo, que se tornou tambm divinohumano (Jo 1.1; Ap 19.13).

Atravs da Bblia, Deus se revela em linguagem humana, para que o homem possa
entend-lo. Por essa razo, a Bblia faz aluso a tudo que terreno e humano. Ela
menciona pases, montanhas, rios, desertos, mares, climas, solos, estradas, plantas,
produtos, minrios, comrcio, dinheiro, lnguas, raas, usos, costumes, culturas etc. Isto
, Deus, para fazer-se compreender, vestiu a Bblia da nossa linguagem, adaptando-a
ao modo humano de perceber as coisas.

A Bblia , sem dvida, um dos mais apreciados legados literrios da humanidade.


Contudo o seu valor no se firma de maneira substancial no fato literrio. A riqueza da
Bblia consiste no carter essencialmente religioso da sua mensagem, que a transforma
no livro sagrado por excelncia, tanto para o povo de Israel quanto para

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a Igreja crist. Nessa coleo de livros, a Lei se apresenta como uma ordenao divina
(x 20; Sl 119), os Profetas tm a conscincia de serem portadores de mensagens da
parte de Deus (Is 6; Jr 1.2; Ez 2-3) os Escritos ensinam que a verdadeira sabedoria
encontra em Deus a sua origem (Pv 8.22-31).
Esses valores religiosos aparecem no s no ttulo de Sagradas Escrituras, mas
tambm na forma que Jesus e, em geral, os autores do Novo Testamento se referem
ao Antigo, isto , aos textos bblicos escritos em pocas precedentes. Isso ocorre, por
exemplo, quando lemos que Deus fala por meio dos profetas ou por meio de algum dos
outros livros (Mt 1.22; 2.15; Rm 1.2; 1Co 9.9) ou quando os profetas aparecem como
aquelas pessoas mediante as quais se diz algo ou se anuncia algum acontecimento,
forma hebraica de expressar que o prprio Deus quem diz ou anuncia (Mt 2.17; 3.3;
4.14); tambm quando se afirma a permanente autoridade das Escrituras (Mt 5.17-18;
Jo 10.35; At 23.5), ou quando as relaciona especialmente com a ao do Esprito Santo
(At 1.16; 28.25). Formas magistrais de expressar a convico comum a todos os
cristos em relao ao valor das Escrituras so encontradas em passagens como 2Tm
3.15-17 e 2Pe 1.19-21.
A Igreja crist, desde as suas origens, tem descoberto na mensagem do evangelho o
mesmo valor da palavra de Deus e a mesma autoridade do Antigo Testamento (Mc
16.15-16; Lc 1.1-4; Jo 20.31; 1Ts 2.13), por isso, em 2Pe 3.16, se equiparam as
epstolas de nosso amado irmo Paulo (v.15) s demais Escrituras. Gradativamente,
a partir do sculo II d.C., foram sendo reconhecidos os 27 livros que formam o Novo
Testamento a sua categoria de livros sagrados e, em conseqncia, a plenitude da sua
autoridade definitiva e o seu valor religioso.
Tal reconhecimento, que implica o prprio tempo da presena, direo e inspirao do
Esprito Santo na formao das Escrituras, no descarta, em absoluto, a atividade fsica
e criativa das pessoas que redigiram os textos. Elas mesmas se referem a essa
atividade em diversas ocasies (Ec 1.13; Lc 1.1-4; 1Co 15.1-3,11; Gl 6.11). A presena
de numerosos autores materiais , precisamente, a causa da extraordinria riqueza de
lnguas, estilos, gneros literrios, conceitos culturais e reflexes teolgicas que
caracterizam a Bblia.
A expresso a palavra de Deus (tambm a palavra do Senhor, ou simplesmente a
palavra) possui vrias aplicaes na Bblia. Obviamente, refere-se, em primeiro lugar,
a tudo quanto Deus tem falado diretamente. Quando Deus falou a Ado e Eva (Gn
2.16,17; Gn 3.9-19), o que Ele lhes disse era, de fato, a palavra de Deus. De modo
semelhante, Ele se dirigiu a Abrao (Gn 12.1-3), a Isaque (Gn 26.1-5), a Jac

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(Gn 28.13-15) e a Moiss (x 3-4). Deus tambm falou totalidade da nao de Israel,
no monte Sinai, ao proclamar-lhe os dez mandamentos (x 20.1-19). As palavras que
os israelitas ouviram eram palavras de Deus.
Alm da fala direta, Deus ainda falou atravs dos profetas. Quando eles se dirigiam ao
povo de Deus, assim introduziam as suas declaraes: Assim diz o Senhor, ou Veio
a mim a palavra do Senhor. Quando, portanto, os israelitas ouviam as palavras do
profeta, ouviam, na verdade, a palavra de Deus.
A mesma coisa pode ser dita a respeito do que os apstolos falaram no Novo
Testamento. Embora no introduzissem suas palavras com a expresso assim diz o
Senhor, o que falavam e proclamavam era, verdadeiramente, a palavra de Deus. O
sermo de Paulo ao povo de Antioquia da Pisdia (At 13.14-41), por exemplo, criou
tamanha comoo que, no sbado seguinte, ajuntou-se quase toda a cidade a ouvir a
palavra de Deus (At 13.44). O prprio Paulo assegurou aos Tessalonicenses que,
havendo recebido de ns a palavra da pregao de Deus, a recebestes, no como
palavra de homens, mas (segundo , na verdade) como palavra de Deus (1Ts 2.13;
At 8.25).
Alm disso, tudo quanto Jesus falava era palavra de Deus, pois Ele, antes de tudo,
Deus (Jo 1.1,18; 10.30; 1Jo 5.20). Lucas, escritor do terceiro evangelho, declara
explicitamente que, quando as pessoas ouviam a Jesus, ouviam na verdade a palavra
de Deus (Lc 5.1). Note como, em contraste com os profetas do ANTIGO
TESTAMENTO, Jesus introduzia seus ditos: Eu vos digo... (Mt 5.18, 20, 22, 23, 32,
39; 11.22, 24; Mc 9.1; 10.15; Lc 10.12; 12.4; Jo 5.19; 6.26; 8.34). Noutras palavras, Ele
tinha dentro de si mesmo a autoridade divina para falar a palavra de Deus. to
importante ouvir as palavras de Jesus, pois quem ouve a minha palavra e cr naquele
que me enviou tem a vida eterna e no entrar em condenao (Jo 5.24). Jesus, na
realidade, est to estreitamente identificado com a palavra de Deus que chamado o
Verbo [a Palavra] (Jo 1.1,14; 1Jo 1.1; Ap 19.13-16; Jo 1.1). A palavra de Deus o
registro do que os profetas, apstolos e Jesus falaram, isto , a prpria Bblia. No Novo
Testamento, quer um escritor usasse a expresso Moiss disse, Davi disse, o
Esprito Santo diz, ou Deus diz, nenhuma diferena fazia (At 3.22; Rm 10.5, 19; Hb
3.7; 4.7); pois o que estava escrito na Bblia era, sem dvida alguma, a palavra de
Deus.
Mesmo no estando no mesmo nvel das Escrituras, a proclamao feita pelos
autnticos pregadores ou profetas, na igreja de hoje, pode ser chamada a palavra de
Deus. Pedro indicou que, a palavra que seus leitores recebiam mediante a

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pregao, era palavra de Deus (1Pe 1.25), e Paulo mandou Timteo pregar a Palavra
(2Tm 4.2). A pregao, porm, no pode existir independentemente da Palavra de
Deus. Na realidade, o teste para se determinar se a palavra de Deus est sendo
proclamada num sermo, ou mensagem, se ela corresponde exatamente Palavra
de Deus escrita.
O que se diz de uma pessoa que recebe uma profecia, ou revelao, no mbito do culto
de adorao (1Co 14.26-32)? Ela est recebendo, ou no, a palavra de Deus? A
resposta um sim. Paulo assevera que semelhantes mensagens esto sujeitas
avaliao por outros profetas. Todavia, h a possibilidade de tais profecias no serem
palavras de Deus (1Co 14.29 E falem dois ou trs profetas, e os outros julguem).
somente em sentido secundrio que os profetas, hoje, falam sob a inspirao do
Esprito Santo; sua revelao jamais deve ser elevada categoria da inerrncia (1Co
14.3).

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1 - A BBLIA - ORIGEM E VOCBULOS

1.1 Origens da Escrita

Tem sido difcil determinar com exatido, onde, como e quando a escrita teve a sua
origem. A escrita se originou quando o ser humano sentiu a necessidade de guardar
seus feitos para que a posteridade os conhecesse. A escrita primitiva foi pictogrfica
onde figuras representavam objetos. Logo a seguir aparece ideogrfica, assim
chamada pelo fato das figuras representarem idias. Num terceiro estgio aparece o
fonograma figuras representando sons. Dos povos antigos, os dois que mais se
destacaram, no desenvolvimento da escrita, foram os babilnicos e os egpcios. Cada
um destes teve a sua destacada e particular escrita: os babilnicos criaram a escrita
cuneiforme, assim denominada por consistir de pequenas cunhas, feitas especialmente
em pedras; enquanto os egpcios usavam pequenas figuras para representar objetos e
idias, os famosos hierglifos. A histria nos relata que a decifrao dessas escritas
exigiu muito esforo e concentrao. A escrita cuneiforme foi decifrada pelo oficial
ingls Henrique Rawlinson, aps 18 anos de labores intensos. Quanto escrita
hieroglfica, todos sabem que foi Champollion, o notvel egiptlogo francs, o primeiro a
desvendar-lhe os mistrios.

1.1.1 A Escrita Cuneiforme

A princpio, certa espcie de marca representava uma palavra inteira, ou uma


combinao de palavras. Desenvolvendo-se a arte de escrever, passou a haver
'marcas' que representavam partes de palavras, ou slabas. Era este o gnero de
escrita em uso na Babilnia no alvorecer do perodo histrico. Havia mais de 500
marcas diferentes, com umas 30.000 combinaes. Geralmente, essas marcas se
faziam em tijolos ou placas de barro macio (mido), medindo de 2 a 50 centmetros de
comprimento, uns dois teros de largura, e escritos de ambos os lados; depois eram
secados ao sol ou cozidos no forno. Por meio dessas inscries cuneiformes, em
placas de barro, que chegou at ns a vasta literatura dos primitivos babilnios.

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1.1.2 Origem do Alfabeto

Tem sido um assunto bastante controvertido a origem do alfabeto. Em geral se aceita


que o alfabeto de 22 letras foi inventado pelos fencios e por eles levado aos gregos e
depois aos latinos. At a pouco se afirmava que a descoberta do alfabeto tinha sido
pelos sculos XII ou XI a.C., sendo este argumento apresentado para provar que
Moiss no podia ter escrito o Pentateuco, visto que em seu tempo no tinham ainda
inventado a arte de escrever.
Ira M. Price no livro The Ancestry of Our English Bible, p. 13, escreveu: "A escrita
muito antiga na Palestina [...] O trabalho dos arquelogos nos mostra muitos exemplos
de escrita antes de Moiss". Escavaes arqueolgicas em Ur tm provado que Abrao
era cidado de uma metrpole altamente civilizada. Nas escolas de Ur os meninos
aprendiam leitura, escrita, aritmtica e geografia.
Trs alfabetos foram descobertos: junto do Sinai, em Biblos e em Ras Shamra, que so
bem anteriores ao tempo de Moiss (1.500 a.C.). Estudiosos modernos, baseados em
evidncias irrefutveis, sustentam que Moiss escolheu a escrita fontica para escrever
o Pentateuco. O arquelogo W. F. Albright datou esta escrita de incio do sculo XV
a.C. (tempo de Moiss). Interessante notar que esta escrita foi encontrada no lugar
onde Moiss recebeu a incumbncia de escrever seus livros. Em xodo 17.14
encontramos a ordem divina para que Moiss escrevesse num livro.
Note-se ainda a frase de Merril Unger sobre a escrita do Antigo Testamento: "A coisa
importante que Deus tinha uma lngua alfabtica simples, pronta para registrar a
divina revelao, em vez do difcil e incmodo cuneiforme de Babilnia e Assria, ou o
complexo hierglifo do Egito". Sobre o problema de Moiss ter escrito ou no seus
livros vale acrescentar o que escreveu o Dr. Renato Oberg: "Os primeiros livros da
Bblia a serem escritos foram os que compem o Pentateuco e o de J, sendo a autoria
deles atribuda a Moiss pela tradio judaica que, por sua vez, aceita sem
contestao por grande nmero de cristos. O Talmude Babilnico afirma que 'Moiss
escreveu o seu prprio livro e as passagens e respeito de Balao e J' (SDABC, vol. III,
p. 493).

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Como vimos, nem todos aceitam Moiss como sendo o real autor destes livros,
especialmente o de J. Os que o fazem, do J como tendo sido o primeiro dos livros
escritos, e Moiss o teria feito quando pastoreava os rebanhos do seu sogro nas
campinas de Midi, aps ter fugido do Egito. Os cinco livros que compem o
Pentateuco foram escritos posteriormente. Os que no aceitam esta tese, j
escreveram muito a respeito do assunto, procurando arrazoar com argumentos os mais
variados. Inclusive a diferena de estilo entre os livros e at dentro de cada um deles.
Um dos argumentos mais fortes, porm seno o mais forte de todos, foi o que comeou
a dominar desde o fim do ltimo quartel do sculo passado, quando Wellhausen,
professor da Universidade de Greifswald, chegou a afirmar que se fosse to-somente
possvel saber que Moiss pudesse escrever, seria ridculo no aceit-lo.
Evidentemente, segundo tudo o que se conhecia at ento, quando as primeiras
grandes descobertas arqueolgicas comearam a empolgar o mundo e quando se dizia
que tudo tem de ser decidido pela razo, tinha-se como certo que a inveno do nosso
alfabeto se devia aos fencios que o tinham criado no empenho de facilitar suas
transaes comerciais pelo mundo todo. Foi ento que a decifrao dos hierglifos feita
por Champollion revelou o contedo de uma srie enorme de documentos com sinais
tidos por muitos como decorao e misticismo religioso, e cujo contedo era, at ento,
desconhecido completamente. Ora sendo o alfabeto inventado pelos fencios, cuja
existncia foi bem posterior de Moiss, e se as escritas anteriores, hierglifos e
cuneiformes, foram apenas decifradas no sculo passado, como poderia Moiss ter
escrito aqueles livros? Se o tivesse feito, s o poderia fazer em hierglifos, lngua na
qual a prpria Bblia diz que Moiss era perito (Atos 7.22) e, neste caso ela, a Bblia do
Velho Testamento, teria ficado desconhecida por ns at Champollion! Da a frase de
Wellhausen.
Acontece, porm, que no princpio do sculo XX ou, mais precisamente, nos anos de
1904 e 1905, Sir Flinders Petrie, fazendo escavaes na Pennsula do Sinai,
patrocinadas pela Escola Britnica de Arqueologia no Egito, descobriu algumas
inscries muito diferentes do cuneiforme, mas embora aparentassem alguma
semelhana com o hierglifo, no o eram, em absoluto. O caso despertou enorme
interesse entre os que cuidavam do assunto, especialmente quando comearam a
aparecer mais vasos e stracos (cacos de vasos com inscries) portadores de sinais
idnticos, em outros lugares na Palestina. Para encurtar a histria, os estudos que
arquelogos famosos como, inclusive, W. F. Allbright fizeram, esclareceram
completamente o caso e hoje se sabe perfeitamente que os sinais descobertos por

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Flinders Petrie pertencem escrita chamada de proto-fencia, proto-sinatica ou
cananita e [...] era alfabtica! Com esta descoberta, a origem do nosso alfabeto se
transportava da poca dos fencios para a dos seus antecessores, sculos antes, os
cananitas que viveram no tempo de Moiss e antes dele. Foram estes antepassados
dos Fencios que simplificaram a escrita, passando a usar o alfabeto em lugar dos
hierglifos, isto , sinais que representam sons ao invs de sinais que representam
idias. Para ns, porm, assume importncia igualmente grande o fato de estes
cananitas, inventores da escrita alfabtica, serem justamente os da regio onde Moiss
pastoreava as ovelhas do seu sogro. Convm, portanto que os conheamos um pouco
mais.
A partir da XII dinastia, os egpcios comearam a explorar as minas de cobre e turquesa
da regio do Sinai, e uma das maiores delas ficava em Serabitel-Khaden, acerca de
oitenta quilmetros do tradicional Monte Sinai, onde foram dados os Dez Mandamentos.
Em termos de jornada, esta regio distava cerca de trs dias de viagem do Egito. Neste
local trabalhavam para os egpcios muitos semitas que praticavam uma religio muito
semelhante dos israelitas, tal como pde ser observado pelos restos deixados por
eles e descobertos pelos arquelogos. Esta regio era a mesma naquele tempo
conhecida tambm pelo nome de 'Terra de Midi', para onde Moiss fugiu da presena
de Fara (x 2.15). Com estas descobertas, perderam sua razo de ser muitos dos
argumentos contrrios Bblia feitos pela Crtica Histrica, porque se verificou que a
histria bblica daquele perodo passou a ser perfeitamente compreensvel dentro dos
costumes da poca, inclusive a boa convivncia de Moiss com o sacerdote Jetro,
cujas religies eram fundamentalmente as mesmas.
Ora vivendo Moiss quarenta anos nesta regio, bvio que tomou contato com a
escrita rude daquele povo, viu nela a escrita do futuro e passou a us-la por duas
grandes razes que teria julgado decisivas: a primeira foi a impresso grandiosa que
teve de usar uma lngua alfabtica para seus escritos e que se compunha apenas de
vinte e dois sinais bastante simples comparados com os ideogrficos que aprendera
nas Escolas do Egito; a outra teria sido o fato de compreender que estava escrevendo
para seu prprio povo, cuja origem era semita como a dos habitantes da terra onde
vivia, tendo estes uma religio idntica dos primeiros, ambas, porm, deturpadas
pelas influncias pags e oriundas do pecado; seus leitores seriam homens e mulheres,
moos e moas do povo, especialmente israelitas que, no sendo versados em
hierglifos por causa da sua posio de escravos no Egito, aprenderam com muito mais
facilidade os poucos e simples sinais alfabticos que

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representavam sons do que os inmeros e complicados hierglifos que representavam
idias.

1.2 Materiais Usados para Escrever

1.2.1 Manuscritos

Vulgarmente os dicionrios registram MANUSCRITO como "escrito mo". Em sentido


tcnico, esse nome refere-se volumosa bagagem de rolos ou fragmentos escritos
mo com textos das Escrituras Sagradas. Em um sentido mais particular, alude aos
escritos do Antigo e Novo Testamentos, desde os tempos patriarcais at inveno da
imprensa, na metade do sculo XV.
De conformidade com o Prof. Antonio Gilberto (1996, p.74,75), desde os tempos mais
remotos o homem tem usado vrios materiais e tcnicas sobre as quais tentava de
alguma forma passar idias, fatos de gerao a gerao, alguns dos materiais usados
foram:
a) Pedra. Os caracteres eram gravados nas colunas dos templos, como os de
Lxor e Camaque, no Egito; ou em cilindros, como o cdigo de Hamurabi; ou nas
rochas, como em Perspolis; ou mesmo em lpides, como a pedra Roseta,
decifrada por Champolion, nos dias de Napoleo.
b) Cermica. Material usado desde tempos imemoriais na regio da Mesopotmia.
Dois tipos de cermica tm sido encontrados pelos arquelogos: seca ao sol e
seca ao forno.
c) Linho. Tem sido encontrado nas descobertas arqueolgicas.
d) Tbuas recobertas de cera (Is 8.1; Lc 1.63).
e) Papiro. O papiro se destaca como o principal material antigo usado para
escrever. Planta originria do Egito, muito comum nas margens lodosas do Nilo,
e usada abundantemente na preparao de uma espcie de papel. Ele s cresce
em terrenos alagadios, por isso em J 8.11 h a seguinte pergunta: Pode o
papiro crescer sem lodo? Normalmente se escrevia s de

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um lado do papiro e as folhas mais longas eram enroladas. Estes rolos recebiam
o nome de volumes, palavra do latim volvere que significa enrolar. Os egpcios
guardavam cuidadosamente o segredo da preparao do papiro para a escrita.
No sculo VI a.C. comearam a export-lo para a Grcia e depois para outros
povos que habitavam nas margens do Mediterrneo, onde se criou um
importante comrcio desta especialidade, mormente na cidade da Biblos. Quem
hoje chega ao Cairo, capital do Egito, pode visitar s margens do rio Nilo um
navio-escola, onde se prepara o papiro com finalidades culturais e tursticas, mas
no comerciais. The Interpreter's Dictionary of the Bible, vol. 3, p. 649, diz o
seguinte sobre o papiro: "O papel, palavra derivada de papiro, era preparado de
finas faixas da parte interior da folha do papiro arranjadas verticalmente, com
outra camada aplicada horizontalmente em cima. Um adesivo era empregado
(Plnio diz que era gua do Nilo!) e presso aplicada para lig-las formando uma
folha. Aps secar, era polida com instrumentos de concha ou pedra; depois as
folhas eram atadas, formando rolos".
f) Pergaminho. A preparao do pergaminho para receber a escrita tem uma
interessante histria. De acordo com a Histria Natural de Plnio, o Velho (Livro
XIII, captulo XXI), foi o rei Eumene de Prgamo, uma cidade da sia Menor,
quem promoveu a preparao e o uso do pergaminho. Este rei planejou fundar
uma biblioteca em sua cidade, que se rivalizasse com a famosa biblioteca de
Alexandria. Esta ambio no agradou a Ptolomeu do Egito, que imediatamente
proibiu a exportao de papiro para Prgamo. Esta proibio forou Eumene a
preparar peles de carneiro ou ovelha para receber a escrita, dando-lhe o nome
do lugar de origem pergaminho. O pergaminho era muito superior ao papiro,
por causa da maior durabilidade. Os principais manuscritos bblicos esto
escritos em Pergaminhos. Paulo na sua segunda Epstola a Timteo (4.13) roga
ao jovem ministro para que lhe trouxesse os pergaminhos. Em grego a palavra
no pergaminho, mas membrana. O pergaminho continuou a ser usado at o
fim da Idade Mdia quando o papel inventado pelos chineses e introduzido na
Europa pelos comerciantes rabes tornou-se popular, suplantando todos os
outros materiais da escrita. Os judeus eram bastante cuidadosos com a
preparao de manuscritos destinados a receber os escritos sagrados, exigindo
que a pele fosse de animal limpo e preparada por um judeu.

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g) Palimpsesto. Em virtude de crises econmicas o pergaminho tornava-se muito
caro, era ento raspado, lavado e usado novamente. Estes manuscritos eram
chamados palimpsestos (do grego palin = de novo e psesto = raspado). Um
famoso manuscrito o Cdice Efraimita est escrito em um palimpsesto. Por
meio de reagentes qumicos e raios ultravioletas eruditos tm conseguido fazer
reaparecer a escrita primitiva desses palimpsestos. Dos 250 manuscritos unciais
conhecidos hoje, do Novo Testamento, 52 so palimpsestos.

1.2.2 Caracteres dos Manuscritos


Na antiguidade havia dois tipos distintos de escrita em grego: o cursivo e o uncial. O
cursivo, escrita rpida, empregado em escritos no literrios, tais como: cartas,
pedidos, recibos. Neste tipo de escrita eram comuns as contraes e abreviaes. O
uncial, usado mais em obras literrias, caracterizava-se por serem as letras maiores e
separadas umas das outras. Assemelhar-se-iam s nossas letras maisculas. Os
manuscritos bblicos apresentam estes dois tipos de escrita, porm, no nos devemos
esquecer que os principais se encontram em letras unciais.
No incio do sculo IX a.D., houve uma reforma na maneira de escrever e uma escrita
com letras pequenas, chamadas minsculas, era usada na produo de livros. Letras
minsculas, economizando tempo e material, faziam com que os livros ficassem mais
baratos e pudessem ser adquiridos por maior nmero de pessoas. Nos manuscritos
bblicos primitivos, normalmente, nenhum espao era deixado entre as palavras e at o
sculo VIII a pontuao era pouca usada. De acordo com J. Angus em Histria,
Doutrina e Interpretao da Bblia, Vol, I, p. 39, somente no sculo VIII que foram
introduzidos nos manuscritos alguns sinais de pontuao e no sculo IX introduziram o
ponto de interrogao e a vrgula. Sentidos distintos tm surgido, quando uma simples
vrgula mudada de lugar, como se evidencia da leitura da conhecida passagem: "Em
verdade te digo hoje, comigo estars no paraso". Muitas outras passagens bblicas
podem ser lidas com sentido totalmente diferente ao ser mudada a sua pontuao
como nos confirmam os seguintes exemplos: "Ressuscitou, no est aqui."
"Ressuscitou? no, est aqui." "A voz daquele que clama no deserto: preparai o
caminho do Senhor"; "A voz daquele que clama: no deserto preparai o caminho do
Senhor."

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1.2.3 Manuscritos gregos

a) Papiros. O texto do Novo Testamento continuou sendo escrito sobre papiro at


ao sculo VII. Mas sabemos que a partir do sculo IV j se usava o pergaminho.
H nada menos de 76 papiros que contm pores do Novo Testamento.
b) Unciais e Cursivos. Existia uma variedade de escritos unciais e cursivos. H 252
cpias unciais, atribudas de 4 a 9 e mais ou menos 2646 cpias em cursivos, de
9 a 11 d.C.
c) Lecionrios. Igualmente escritos em pergaminho. H 1997 cpias. Eram leituras
escolhidas do texto do Novo Testamento, para serem lidas nas reunies
pblicas nas igrejas. Portanto, h nada menos de cinco mil manuscritos gregos.
De todas as obras literrias antigas, nenhuma to bem documentada como o
Novo Testamento.
d) Ostracas. Eram pedaos de jarros quebrados, grafados com pequenas pores
do Novo Testamento ou de outras obras literrias. Do Novo Testamento h
apenas vinte e cinco, com os seguintes textos: Mt 27.31,32; Mc 5.40,41; Lc
12.13-16; Jo 1.1-9,14-17; 18.19-25 e 19.15-17.
e) Amuletos. Tambm chamados "talisms da sorte." Eram pedaos de lana,
madeira, barro, pergaminho e papiro, com inscries, algumas com breves
pores do Novo Testamento, inclusive a orao do Pai Nosso. Pertencem aos
sculos IV XIII.

1.2.4 Manuscritos Importantes do Antigo Testamento

Muitos dos manuscritos medievais do Antigo Testamento exibem uma forma


positivamente padronizada do texto hebraico. Essa padronizao reflete o trabalho de
copistas medievais conhecidos pelo nome de massoretas (500-900 d.C.). O texto
resultante desse trabalho denominado texto massortico. A maioria dos manuscritos
importantes, datados do sculo XI d.C. ou posteriores reflete essa mesma tradio
textual bsica. Mas, visto que o texto massortico no se firmou at

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bem depois de 500 d.C., muitas questes relacionadas ao seu desenvolvimento nos
sculos precedentes no podiam ser respondidas. Ento, a primeira tarefa para os
crticos textuais do Antigo Testamento foi comparar as testemunhas antigas, a fim de
descobrir como o texto massortico surgiu e como ele e os testemunhos antigos da
Bblia hebraica esto relacionados, o que nos leva primeira tarefa da crtica textual: a
compilao de todos os registros possveis dos escritos bblicos.
Todas as fontes primrias das Escrituras hebraicas so manuscritos (grafados mo),
geralmente escritos em peles de animais, em papiros ou, s vezes, em metais. O fato
de serem escritos mo fonte de muitas dificuldades para o crtico textual. O erro
humano e a interferncia editorial so freqentemente culpados pelas muitas leituras
variantes nos manuscritos do Antigo e do Novo Testamento. Pela razo de os antigos
manuscritos estarem escritos em peles ou em papiros, gera-se outra fonte de
dificuldades. Devido deteriorao natural, a maioria dos antigos manuscritos
subsistentes est fragmentria, difcil de ler [...] H muitas testemunhas secundrias
para o texto primitivo do Antigo Testamento, incluindo tradues para outras lnguas,
citaes usadas tanto por amigos quanto por inimigos da religio crist e evidncias
dos primeiros textos impressos. Grande parte das testemunhas secundrias passou por
processos similares s testemunhas primrias. Elas tambm contm numerosas
variantes por causa de erros, no s intencionais como tambm acidentais, e esto
fragmentrias como resultado da degenerao natural. Considerando que as leituras
variantes realmente existem nos antigos manuscritos que subsistiram, estes devem ser
compilados e comparados. O trabalho de comparar e alistar as leituras variantes
conhecido por colao (COMFORT, 1998, p. 215).

1.2.5 O Texto Massortico

A histria do texto massortico um relato por si mesmo significativo. Esse texto da


Bblia hebraica o mais completo que existe. Forma a base para nossas modernas
Bblias hebraicas e o prottipo pelo qual todas as comparaes so feitas no estudo
textual do Antigo Testamento. chamado massortico porque, em sua presente forma,
foi baseado na Massora, a tradio textual dos eruditos judeus conhecidos como os
massoretas de Tiberades (local dessa comunidade, no mar da Galilia). Os
massoretas, cuja escola de erudio prosperou entre 500 e 1000 d.C.

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padronizaram o tradicional texto consonantal, adicionando pontos voclicos e notas
marginais (o antigo alfabeto hebraico no tinha vogais).
O manuscrito massortico de data mais antiga o Cdice Cairense (895 d.C. atribu-do
a Moiss ben Aser. Esse manuscrito compreende os livros tanto dos primeiros profetas
(Josu, Juzes, Samuel e Reis) quanto dos ltimos (Isaas, Jeremias, Ezequiel e os 12
Profetas Menores). O resto do Antigo Testamento est faltando no manuscrito [...] Outro
importante manuscrito subsistente atribudo famlia Ben Aser o Cdice Alepo. De
acordo com nota conclusiva encontrada no manuscrito, Aron ben Moiss ben Aser foi
responsvel por escrever as notas massorticas e colocar os pontos voclicos no texto.
Esse manuscrito continha todo o Antigo Testamento e data da primeira metade do
sculo X d.C. De acordo com notcias divulgadas, foi destrudo em um tumulto
antijudaico em 1947, porm mais tarde tal informe comprovou-se ser apenas
parcialmente verdadeiro. Uma grande parte do manuscrito subsistiu e ser usada como
base para uma nova edio crtica da Bblia hebraica a ser publicada pela Universidade
Hebraica de Jerusalm [...] O manuscrito conhecido como Cdice Leningradense,
atualmente guardado na Biblioteca Pblica de Leningrado, de especial importncia
como testemunha ao texto de Ben Aser. Segundo nota contida no manuscrito, esse
cdice foi copiado, em 1008 d.C., de textos escritos por Aron ben Moiss ben Aser.
Visto que o mais antigo texto hebraico completo do Antigo Testamento (o Cdice
Alepo), no estava disponvel aos eruditos no incio do sculo XX, o Cdice
Leningradense foi usado como base textual para os populares textos hebraicos de hoje:
a Bblia Hebraica, editada por R. Kittel, e sua reviso, a Bblia Hebraica Stuttgartensia,
editada por K. Elliger e W. Rudolf [...] H um nmero muito grande de cdices de
manuscritos menos importantes, que refletem a tradio massortica: o Cdice de
Petersburgo dos Profetas e os Cdices de Erfurt. Tambm h vrios manuscritos que
no existem mais, embora tenham sido usados pelos eruditos no perodo massortico.
Um dos mais distintos o Cdice Hillel, tradicionalmente atribudo ao rabino Hillel ben
Moiss ben Hillel, de aproximadamente 600 d.C. Esse cdice era dito como muito exato
e foi usado para a reviso de outros manuscritos. Leituras desse cdice so
repetidamente citadas pelos antigos massoretas medievais. O Cdice Muga, o Cdice
Jeric e o Cdice Jerusalmi, tambm no mais subsistentes, foram igualmente citados
pelos massoretas. [...] A despeito da perfeio dos manuscritos massorticos da Bblia
hebraica, um importante problema ainda permanece para os crticos do Antigo
Testamento. Os manuscritos massorticos, antigos como so, foram escritos entre um
e dois mil anos depois dos autgrafos originais. (COMFORT, 1998, p. 215-219).

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1.2.6 Manuscritos do Mar Morto

Imagem meramente ilustrativa.


Num dia de vero, em 1947, o pastor beduno rabe, Muhammad ad Dib, da tribo dos
Taa'mireh, que se acampa entre Belm e o Mar Morto, saiu a procura de uma cabra
desgarrada nas ravinas rochosas da costa noroeste do referido mar, e encontrou um
inestimvel tesouro bblico. Estava o pastor junto encosta rochosa do udi Qmramo
Ao atirar uma pedra numa das cavernas ouviu um barulho de cacos se quebrando.
Entrou na caverna e encontrou uma preciosa coleo de MSS bblicos: 12 rolos de
pergaminho e fragmentos de outros. Um dos rolos era um MS de Isaas do ano 100
a.C., isto , mil anos mais antigo que os exemplares at ento conhecidos. Os rolos
esto escritos em papiro e pergaminho e envolvidos em panos de linho. Outras
cavernas foram vasculhadas e novos MSS foram encontrados.
Novas luzes esto surgindo na interpretao de passagens difceis do Antigo
Testamento. Exemplos: em xodo 1.5, o total de pessoas 75, concordando assim
com Atos 7.14. (O hebraico no tem algarismos para os nmeros e sim letras; da, para
um erro no custa muito) Em Isaas 49.12, o novo MS de Isaas diz "Siene" e no
"Sinin". Ora, Siene era uma importante cidade fronteiria do Egito, s margens do Nilo,
junto Etipia. hoje a moderna Assuam, com sua extraordinria represa.
Ezequiel 29.10 e 30.6 referem-se a essa cidade; a verso ARC grafa "Seven". Muitos
eruditos pensavam at agora que o termo "Sinin" de Isaas 49.12 fosse uma aluso
China. muito confortante saber que os textos desses MSS encontrados concordam
com os das nossas Bblias. Pesquisas revelam que os MSS do mar Morto foram
escondidos pelos essnios - seita asctica judaica - durante a segunda revoluo dos
judeus contra os romanos em 132-135 d.C. Os responsveis por um

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grande mosteiro agora descoberto, ao verem aproximar-se as tropas romanas,
esconderam ali sua biblioteca! Nas 267 cavernas examinadas, foram encontrados
fragmentos de 332 obras, ao todo. Encontraram, inclusive, cartas do lder dessa revolta:
Bar Kochba, em perfeito estado, estando sua assinatura bem ntida. Nos MSS
encontrados h trechos de todos os livros do Antigo Testamento, exceto Ester.

1.2.7 Escritos em Blocos de Pedra

Dos escritos em blocos de pedra h documentos que se tornaram famosos pela


antiguidade e contedo. Dentre estes se destacam: o Cdigo de Hamurbi e a Pedra
de Roseta.

1.2.7.1 Cdigo de Hamurabi

Foi esta uma das mais importantes descobertas arqueolgicas que j se fizeram.
Hamurabi, rei da cidade de Babilnia, cuja data parece ser 1792-1750 a.C.,
comumente identificado pelos assirilogos com o "Anrafel" de Gn 14, um dos reis que
Abrao perseguiu para libertar L. Foi um dos maiores e mais clebres dos primitivos
reis babilnios. Fez seus escribas coligir e codificar as leis do seu reino; e fez que estas
se gravassem em pedras para serem erigidas nas principais cidades. Uma dessas
pedras originalmente colocada na Babilnia foi achada em 1902, nas runas de Susa
(levada para l por um rei elamita, que saqueara a cidade de Babilnia no sculo 12
a.C.) por uma expedio francesa dirigida por M. J. de Morgan. Acha-se hoje no Museu
do Louvre, em Paris. Trata-se de um bloco lindamente polido de duro e negro diorito, de
2 m 60 cm de altura, 60 cm de largura, meio metro de espessura, um tanto oval na
forma, belamente talhada nas quatro faces, com gravaes cuneiformes da lngua
semito-babilnica (a mesma que Abrao falava). Consta de umas 4.000 linhas,
equivalendo, quanto matria, ao volume mdio de um livro da Bblia; a placa
cuneiforme mais extensa que j se descobriu. Representa Hamurabi recebendo as leis
das mos do rei-sol Chams: leis sobre o culto dos deuses dos templos, a
administrao da justia, impostos, salrios, juros, emprstimos de dinheiro, disputas
sobre propriedades, casamento,

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sociedade comercial, trabalho em obras pblicas, iseno de impostos, construo de
canais, a manuteno dos mesmos, regulamento de passageiros e servio de
transporte pelos canais e em caravanas, comrcio internacional e muitos outros
assuntos.

1.2.7.2 A Pedra de Roseta

a chave da lngua egpcia antiga. A lngua da antigo Egito era hieroglfica, escrita de
figuras, um smbolo para cada palavra. Pelo ano 700 a.C. uma forma mais simples de
escrita entrou em uso, chamada 'demtica', mais aproximada do sistema alfabtico, e
que continuou como lngua do povo at aos tempos dos romanos. No 5 sculo d.C.
ambas caram em desuso e foram esquecidas. De sorte que tais inscries se tornaram
ininteligveis, at que se achou a chave de sua traduo. Essa chave foi a Pedra de
Roseta. Achou-a M. Boussard, um dos sbios franceses que acompanharam Napoleo
ao Egito (1799), numa cidade sobre a foz mais ocidental do Nilo, chamada Roseta.
Encontra-se hoje no Museu Britnico. de granito negro, cerca de 1,30 m de altura, 80
cm de largura, 30 cm de espessura, com trs inscries, uma acima da outra, em
grego, egpcio demtico, e egpcio hieroglfico, o grego era conhecido. Tratava-se de
um decreto de Ptolomeu V, Epfanes, feito em 196 a.C. nas trs lnguas usadas ento
em todo o pas, para ser colocado em vrias cidades. Um sbio francs, de nome
Champollion, depois de quatro anos (1818-22) de trabalho detalhado e paciente,
comparando os valores conhecidos das letras gregas com os caracteres egpcios
desconhecidos, conseguiu descobrir os mistrios da lngua egpcia antiga.

1.2.8 Formato dos Livros

O livro, atravs da sua longa existncia, apresentou duas formas bem distintas: o rolo e
o cdice.
(a) Rolo. Entre o povo judeu, bem como no mundo grego-latino, os livros eram
normalmente publicados em forma de um rolo feito de papiro ou pergaminho.
Formava-se o rolo colocando vrias folhas de papiro ou couro uma ao lado da

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outra. O tamanho mdio de um rolo entre os gregos era de 11 metros. Alguns
rolos chegaram a ter o comprimento de 30 metros. O maior rolo de papiro,
conhecido, uma crnica do rei egpcio Ramss II, com a extenso de 40
metros, conhecido como o Papiro Harris. O comprimento mdio de um rolo
bblico estava entre 9 e 11 metros. Livros longos como Reis, Crnicas e Isaas
eram divididos em dois rolos. Os dois maiores livros do Novo Testamento, Lucas
e Atos, cada um preencheria um rolo de mais ou menos 10 metros de
comprimento. O manuseio de um rolo era mais difcil do que o de um livro atual,
porque o leitor necessitava empregar as duas mos, uma para desenrol-lo e a
outra para enrol-lo. Alm disso, as comunidades crists primitivas, em breve
descobriram que era difcil encontrar especficos tpicos das escrituras num rolo.
Diante dessas dificuldades, a habilidade humana idealizou o livro nos moldes em
que o temos hoje. Estes livros em seus primrdios eram chamados cdices.
(b) Cdices. A palavra cdice vem do latim "codex", que designava primitivamente
um bloco de madeira cortado em vrias folhas ou tabletes para escrever. O
cdice era formado de vrias folhas de papiro ou pergaminho sobrepostas e
costuradas. Estes cdices comearam a substituir os primitivos rolos no segundo
sculo a.D. A afirmativa de que as comunidades crists comearam a usar os
cdices nas igrejas, para diferenar dos rolos, usados nas sinagogas, pode ser
verdadeira, levando-se em conta o seguinte. Dos 476 manuscritos no cristos
descobertos no Egito, copiados no segundo sculo a.D., 97% esto na forma de
rolo. Em contrapartida, dos 111 manuscritos bblicos cristos dos primeiros 4
sculos da Era Crist, 99 esto na forma de cdice.
As vantagens dos cdices sobre os rolos, no caso dos manuscritos bblicos, so
evidentes pelas seguintes razes: Permitia que os quatro Evangelhos, ou todas as
Epstolas paulinas se achassem num livro; era bem mais fcil o manuseio do livro;
adaptava-se melhor para receber a escrita de ambos os lados, baixando assim o custo
do livro; a procura de determinadas passagens era mais rpida.

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1.3 O Vocbulo "Bblia"

Este vocbulo no se acha no texto das Sagradas Escrituras. Consta apenas na capa.
De onde, pois, vem? Vem do grego, a lngua original do Novo Testamento. derivado
do nome que os gregos davam folha de papiro preparada para a escrita - "biblos". Um
rolo de papiro de tamanho pequeno era chamado "biblion" e vrios destes eram uma
"Bblia". Portanto, literalmente, a palavra Bblia quer dizer "coleo de livros
pequenos". Com a inveno do papel, desapareceram os rolos, e a palavra biblos deu
origem a "livro", como se v em biblioteca, bibliografia, biblifilo etc.
consenso geral entre os doutores no assunto que o nome Bblia foi primeiramente
aplicado s Sagradas Escrituras por Joo Crisstomo, patriarca de Constantinopla, no
Sculo IV. E porque as Escrituras formam uma unidade perfeita, a palavra Bblia, sendo
um plural, como acabamos de ver, passou a ser singular, significando o Livro, isto , o
Livro dos livros; o Livro por excelncia. Como Livro divino, a definio cannica da
Bblia "A revelao de Deus humanidade". Os nomes mais comuns que a Bblia d
a si mesma, isto , os seus nomes cannicos, so: Escrituras (Mt 21.42); Sagradas
Escrituras (Rm 1.2); Livro do Senhor (Is 34.16); Palavra de Deus (Mc 7.13; Hb 4.12);
Orculos de Deus (Rm 3.2).

1.4 Nomes atribudos a Palavra de Deus


a) Bblia. A palavra Bblia, usada com referncia s Escrituras Sagradas desde o IV
sculo, a forma latina da palavra grega Bblia, plural neutro de Biblion, que por
sua vez diminutivo de Biblos nome grego para a planta da qual se fazia o
papel papiro. Pelo uso que se fez do papiro que biblos veio a significar livro e
biblion um livro pequeno. Os fencios se ocupavam grandemente do comrcio de
papiro, por isso no segundo sculo a.C. deram o nome de Biblos ao seu
principal porto, passando depois cidade, e conservado at hoje para as suas
runas. A palavra Biblos encontra-se em Marcos 12.26 como referncia a um
livro de Velho Testamento, ou a um grupo no plural para designar os livros dos
profetas Daniel 9.2. O plural usado no Velho Testamento passou Igreja
Crist e as Escrituras so designadas por livros, livros divinos, livros cannicos.
O nome Bblia para o conjunto dos livros sagrados foi usado pela primeira vez
por Crisstomo, no

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IV sculo. Alguns pais da Igreja denominaram as Escrituras de Biblioteca Divina.
b) Escrituras. O Novo Testamento, que ocupa menos da terceira parte do Velho,
usa a expresso Os Escritos ou as Escrituras para os livros do Antigo
Testamento, em Mateus 21.42 e Joo 5.39.
c) Outras Expresses: A Palavra de Deus (Hb 4.12); A Escritura de Deus (x
32.16); As Sagradas Letras (1Tm 3.15); A Escritura da Verdade (Dn 10.21); As
Palavras da Vida (Atos 7.38); As Santas Escrituras (Rm 1.2).
d) Nomes figurativos: Uma luz. "Uma luz para o meu caminho" (Sl 119:105); Um
espelho (Tg 1.23); Ouro fino (Sl 19.10); Uma poro de alimento (J 23.12);
Leite (1Co 3.2); Po para os famintos (Dt 8.3); Fogo (Jr 23.29); Um martelo (Jr
23.29); Uma espada do Esprito (IOF 6.17).
e) Pentateuco. Etimologicamente, Pentateuco significa cinco estantes, onde se
colocavam os livros e depois, por metonmia, os prprios livros. Pesquisando um
pouco mais se tem a impresso de que as estantes eram aqueles pedaos de
madeira que sustentavam os rolos, vindo depois a designar os prprios rolos. O
termo Pentateuco, de origem grega, significando cinco rolos tem sido usado para
os cinco livros de Moiss, enquanto o nome hebraico para estes mesmos livros
Tor. Este vocbulo comeou a ser usado para os primeiros cinco livros da
Bblia depois da traduo da Septuaginta. Estes livros constituem a primeira
diviso do Cnon Hebraico, que formado, como do conhecimento geral, da
Lei, dos Profetas e dos Escritos. Eruditos modernos tm usado o termo
"Hexateuco" em vez de Pentateuco, por adicionarem aos primeiros livros da
Bblia o livro de Josu, por notarem muita afinidade entre os seis. Nenhuma
razo plausvel existe para a aceitao desta nova nomenclatura, desde que o
termo tem sido usado por crticos que no admitem tenha sido Moiss o autor do
Pentateuco.
f)

Testamento. Este vocbulo no se encontra na Bblia como designao de uma


de suas partes. Sabemos que toda a Bblia se divide em duas partes chamadas
Antigo Testamento e Novo Testamento. Contendo a primeira, os escritos
elaborados antes de Cristo, a segunda registra o que foi redigido no primeiro
sculo da nossa era. A palavra portuguesa testamento corresponde palavra
hebraica "berith" aliana, pacto, contrato, e designa aquela aliana que Deus
fez com o povo de Israel no Monte Sinai, aliana

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sancionada com o sangue do sacrifcio como vemos em xodo 24.1-8; 34.10-28.
Sendo esta aliana quebrada pela infidelidade do povo, Deus prometeu uma
nova aliana (Jr 31.31-34) que deveria ser validada com o sangue de Cristo. (Mt
26.28). Os escritores neotestamentrios denominam a primeira aliana de antiga
(Hb 8.13), contrapondo-lhe a nova (2Co 3.6,14). Os tradutores da Septuaginta
traduziram "berith" para "diatheke", embora no haja perfeita correspondncia
entre as palavras, desde que berith designa aliana (compromisso bilateral) e
diatheke tem o sentido de "ltima disposio dos prprios bens", "testamento"
(compromisso unilateral). Pela figura de linguagem, conhecida como metonmia,
as respectivas expresses "antiga aliana" e "nova aliana" passaram a designar
a coleo dos escritos que contm os documentos respectivamente da primeira
e da segunda aliana. O termo testamento veio at ns atravs do latim quando
a primeira verso latina do Velho Testamento grego traduziu diatheke por
testamentum. So Jernimo revisando esta verso latina manteve a palavra
"testamentum", equivalendo ao hebraico "berith" aliana, concerto, quando a
palavra como j foi visto no tinha essa significao no grego. Afirmam alguns
pesquisadores que a palavra grega para contrato, aliana deveria ser suntheke,
por traduzir melhor o hebraico "berith". As denominaes Antigo Testamento e
Novo Testamento, para as duas colees dos livros sagrados, comearam a ser
usadas no final do II sculo a.D. quando os evangelhos e outros escritos
apostlicos foram considerados como Escrituras. O cristianismo distinguiu duas
etapas na manifestao do dom de Deus humanidade: A antiga feita por
Deus ao povo de Israel (2Co 3.14); A segunda ou nova designa a unio que o
prprio Deus, tomando a forma humana, selou com o homem pela oblao de
Cristo (2Co 3.6).
g) Torah. Palavra derivada do verbo Yarah, que no "hifil" significa lanar, jogar (x
15.4, 1Sm 20.36) e de modo especial lanar flechas para se conhecer a vontade
divina (Js 18.6; 2Rs 13.17). O mesmo verbo usado no sentido de mostrar com
a mo, apontar com o dedo (Gn 46.28; x 15.25). A significao fundamental de
yarah , portanto; indicar uma direo. O substantivo cognato tem o sentido
bblico mais corrente: ensinamento, instruo, como se deduz da leitura de
Isaas 30.9; 42.4; Mq 4.2; Ml 2.6; J 22.22, onde esta palavra aparece. Do
estudo desta palavra conclui-se que o termo portugus "lei" no traduz o
vocbulo hebraico em toda a sua extenso. A torah o ensinamento que inspira
bom procedimento em nosso viver.

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h) O termo Palavra. No Antigo Testamento, a palavra dbhr de Deus usada
por 394 vezes para designar alguma comunicao divina provinda da parte de
Deus aos homens, na forma de mandamento, profecia, advertncia ou
encorajamento. A frmula usual a palavra de Yahweh veio (literalmente, foi)
a..., ainda que algumas vezes a palavra de Deus seja vista como uma viso (Is
2.1; Jr 2.31; 38.21). A palavra de Yahweh uma extenso da personalidade
divina, investida de autoridade, e deve ser ouvida tanto pelos anjos como pelos
homens (Sl 103.20; Dt 12.32). A palavra de Deus permanece para sempre (Is
40.8), e uma vez proferida no pode deixar de ser cumprida (Is 55.11). usada
como sinnimo da lei, trah, de Deus, em Sl 119, onde a referncia
mensagem escrita e no mensagem falada da parte de Deus. No Novo
Testamento, palavra geralmente traduz dois termos gregos, logos e rhema, a
primeira usada supremamente para designar a mensagem do evangelho
cristo (Mc 2.2; At 6.2; Gl 6.6), embora a ltima esteja revestida da mesma
significao (Rm 10.8; Ef 6.17; Hb 6.5 etc.). Nos pontos seguintes veremos
maiores detalhes.

1.5 A Palavra Rhema

Rhema Aquilo que dito, palavra, dito, expresso (Mt 12.36; Mc 9.32). Ameaa (At
6.13). Coisa, objeto, assunto, evento (Mt 18.16; Lc 1.37; 2.15, 19, 51). Nosso Senhor
falou sobre a palavra de Deus (na parbola do semeador, Lc 8.11; Mc 7.13; Lc 11.28),
porm, nos evangelhos sinpticos Ele sempre usava o plural para indicar a Sua prpria
mensagem (minhas palavras, Mt 24.35 e paralelos; Mc 8.38; Lc 24.44). No quarto
evangelho, entretanto, pode-se encontrar o singular com freqncia. Para a Igreja
primitiva, a palavra era uma mensagem revelada da parte de Deus em Cristo, que
deveria ser pregada, ministrada e obedecida. Era a palavra da vida (Fp 2.16), da
verdade (Ef 1.13), da salvao (At 13.26), da reconciliao (2Co 5.19), e da cruz (1Co
1.18).

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1.6 A Expresso Logos
Significado etimolgico. Tem um grande nmero de diferentes significados: sua
traduo bsica palavra, isto uma declarao significativa, de onde se
desenvolvem seus muitos sentidos afirmao, declarao, discurso, assunto, doutrina,
questo e, mediante outro tipo de desenvolvimento, razo, causa, motivo, respeito.
Na Bblia: palavra (Mt 12.37), dizer a palavra (Mt 8.8), assunto sob discusso, matria,
coisa, ponto, tema (Mt 5.32; Mc 9.10), declarao, assero, afirmao (Mt 12.32;
15.12). A traduo do logos ir, freqentemente, variar de acordo com o contexto.
Como termo gramatical significa uma sentena finita, em uma declarao lgica de
fatos, definio ou julgamento, e na retrica significa uma declarao de oratria
corretamente construda.
Como termo de psicologia e metafsica, foi empregado pela Sto, seguindo Herclitos,
para significar o poder ou funo divina pela qual o universo recebe sua unidade,
coerncia e significado. Logos spermatikos, palavra seminal que, semelhana de
semente, d forma matria disforme. O homem foi criado de acordo com o mesmo
princpio, e em si mesmo se diz possuir um Logos, tanto internamente (logos
endiathetos, razo), e que se expressa pela fala externamente (logos prophorikos). O
termo igualmente usado como padro ou norma mediante a qual o indivduo pode
viver de conformidade com a natureza.
Na Septuaginta o termo Logos usado para traduzir a palavra hebraica dbhr. A raiz
desta palavra significa aquilo que est por trs e assim quando traduzida por
palavra, tambm significa som compreensvel; e tambm pode significar coisa. De
acordo com uma caracterstica comum da psicologia dos hebreus, o dbhr de um
homem considerado como, em certo sentido, uma extenso de sua personalidade, e,
alm disso, como algo que possui uma existncia substancial toda prpria. A palavra de
Deus, portanto, Sua auto-revelao atravs de Moiss e dos profetas. Tambm pode
ser usada para designar tanto vises isoladas e orculos como o contedo total da
revelao inteira, e assim, especialmente o Pentateuco. A palavra possui um poder
semelhante ao de Deus, o qual a profere (Is 55.11) e efetua Sua vontade sem qualquer
resistncia. Por conseguinte o termo pode referir-se palavra criadora de Deus.

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1.7 A Palavra Escrita e o Verbo Vivo

A revelao que Deus fez de si mesmo centraliza-se em Jesus Cristo. Ele o Logos de
Deus. Ele o Verbo Vivo, o Verbo encarnado, que revela o Deus eterno em termos
humanos. O ttulo Logos s pode ser encontrado nos escritos joaninos, embora o
emprego do termo haja sido relevante na filosofia grega daqueles dias. Alguns tm
procurado uma ligao entre a linguagem de Joo e a dos esticos, dos primeiros
gnsticos, ou dos escritos de Filo de Alexandria. Estudos mais recentes sugerem que
Joo foi influenciado primariamente pelos seus alicerces no Antigo Testamento e na f
crist. provvel, porm, que tivesse conscincia das conotaes mais amplas do
termo, e que a tivesse empregado deliberadamente, com o propsito de transmitir um
significado adicional e especial.
O Logos identificado com a Palavra de Deus na Criao e tambm com sua Palavra
autorizada (a lei para toda a humanidade). Joo deixa nossa imaginao atnita
quando introduz o Logos eterno, o Criador de todas as coisas, o prprio Deus, como o
Verbo que se encarnou a fim de habitar entre a sua criao (Jo 1.1-3,14). "Deus nunca
foi visto por algum. O filho unignito, que est no seio do Pai, este o fez conhecer" (Jo
1.18). O Verbo Vivo tem sido visto, ouvido, tocado, e agora proclamado mediante a
Palavra escrita (1Jo 1.1-3). Quando do encerramento do cnon sagrado, o Logos vivo
de Deus, o Fiel e Verdadeiro, est em estado de prontido no Cu, prestes a voltar
Terra como Rei dos reis e Senhor dos senhores (Ap 19.11-16).
A suprema revelao de Deus acha-se no seu Filho. Durante muitos sculos, mediante
as palavras dos escritores do Antigo Testamento, Deus havia se revelado
progressivamente. Tipos, figuras, sombras e prefiguraes desdobravam
paulatinamente o plano de Deus para a redeno da humanidade (Cl 2.17). Depois, na
plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho para revelar o Pai de forma mais
perfeita e para executar aquele gracioso plano mediante a sua morte na Cruz (1Co 1.1
7-25; Gl 4.4). Toda a revelao bblica, antes e depois da Encarnao de Cristo,
centraliza-se nEle. As muitas fontes originrias e maneiras da revelao anterior
indicavam e prenunciavam a sua vinda terra como homem. Toda a revelao
subseqente engrandece e explica a sua vinda. A revelao que Deus fez de si mesmo
comeou pequena e misteriosa, progrediu no decurso do tempo, e chegou ao seu ponto
extremo na Encarnao do seu Filho. Jesus a revelao mais completa de Deus.

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Na Pessoa de Jesus Cristo, coincidem entre si a Fonte e o Contedo da revelao. Ele
no era mais um meio de comunicar a revelao divina, conforme o foram os profetas e
apstolos. Ele mesmo "o resplendor da sua glria, e a expressa imagem da sua
pessoa" (Hb 1.3). Ele "o caminho, e a verdade, e a vida"; conhecer a Ele conhecer
tambm o Pai (Jo 14.6-7). Os profetas diziam: "Veio a mim a Palavra do Senhor", mas
Jesus afirmava: "Eu vos digo"! Jesus inverteu o uso do termo "amm", comeando
assim as suas declaraes: "Na verdade [hb. amen], na verdade te digo" (Jo 3.3).
Tendo Ele falado, a verdade foi declarada de modo imediato e inquestionvel. Cristo a
chave que revela o significado das Escrituras (Lc 24.25-27; Jo 5.39,40; At 17.2,3; 28.23;
2Tm 3.15). Elas testificam dEle e da salvao que Ele outorga mediante a sua morte. O
enfoque que as Escrituras dedicam a Cristo no justifica, porm, o abandono
irresponsvel do texto bblico nas reas que parecem ter poucas informaes
abertamente cristolgicas.

2 - LNGUAS, CARACTERSTICAS E AUTORIDADE

2.1 Lnguas em que a Bblia Escrita

Quase todos os estudantes da Bblia sabem que o Velho Testamento foi escrito em
hebraico, e o Novo, em grego, mas muitos desconhecem o fato de que h uma terceira
lngua na Bblia o aramaico.

2.1.1 Aramaico

O aramaico foi sem dvida, desde muito tempo, a lngua popular de Babilnia e da
Assria, cuja linguagem literria, culta e religiosa era o sumero-acadiano. Documentos
assrios mencionam o aramaico desde 1100 a.C. Durante o reinado de Saul e Davi, os
estados aramaicos ou srios so mencionados na Bblia (1Sm 14.47; 2Sm 8.3-9; 10.68). O aramaico foi trazido para a Palestina porque os assrios

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seguiam costume de transplantar os povos das naes subjugadas, por isso depois de
terem vencido o reino de Israel, trocaram as pessoas e as espalharam atravs de todo
o seu imprio. 2Rs 17.24 menciona explicitamente que entre os povos trazidos para
Samaria a fim de repovoarem a terra devastada, encontravam-se aramaicos de
Hamate. Esta lngua dotada de grande poder de expanso tornou-se usual nas relaes
internacionais de toda a sia, e na prpria Palestina propagou-se to largamente, que
venceu o prprio hebraico.
O lar original do aramaico foi a Mesopotmia. Algumas tribos arameanos viviam ao sul
de Babilnia, perto de Ur, outras tinham seus lares na alta Mesopotmia entre o rio
Quebar (Khabr) e a grande curva do Eufrates, tendo Har como centro. O fato de os
patriarcas Abrao, Isaque e Jac terem conexes com Har provavelmente
responsvel pelo estatuto feito por Moiss de que Jac era "arameano". Dt 26.5. Deste
seu lar ao norte da Mesopotmia o aramaico se espalhou para o sul de toda a Assria.
Tudo indica que o aramaico foi preferido pelos assrios e babilnicos por ser mais
simples do que a complicada escrita cuneiforme. A prova de sua simplicidade est
relatada em 2Rs 18.26, quando Senaqueribe invadiu Jud no fim do VIII sculo a.C. os
oficiais judeus que dominavam to bem o hebraico quanto o aramaico, pediram ao
general assrio que lhes falasse em aramaico. Esta ainda a razo porque durante os
setenta anos do cativeiro babilnico os judeus se esqueceram muito do hebraico,
adotando em seu lugar o aramaico. Ao voltarem do cativeiro continuaram falando o
aramaico, como se depreende da leitura de Neemias 8.1-3 e 8. O aramaico era a lngua
usada por Jesus (Mc 5.41; 7.34; 15.34), pela maioria das pessoas na Palestina, bem
como pelas primeiras comunidades crists. Segundo outros estudiosos entre os quais
se destaca Robertson, Jesus falava aramaico na conversao diria, mas no ensino
pblico e nas discusses com os fariseus a lngua usada era o grego.
J antes da Era Crist superou totalmente o hebraico que se tornou a lngua morta e
exclusivamente religiosa. Na sia Ocidental, a lngua aramaica se difundiu largamente,
assumindo naquelas regies e naquele tempo o mesmo papel que assumem em
nossos dias o francs e o ingls. O aramaico, embora ainda utilizado em certas regies,
vai cedendo lugar ao rabe, e corre o perigo de desaparecer como lngua falada, pois
hoje falada somente em algumas povoaes da Sria. O aramaico desapareceu sob o
impacto cultural do grego e do latim, j que deixou de ser conhecido pelos cristos.

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Quem conhece o hebraico pode com facilidade ler e entender o aramaico, dadas as
suas marcantes semelhanas. As partes do Velho Testamento escritas em aramaico
so as seguintes: A expresso "Jegar-Saaduta" de Gnesis 31.47; O verso de Jeremias
10.11; Alguns trechos de Esdras 4.8 a 6.18; 7.22-26; Partes do livro de Daniel, entre os
captulos 2.4 a 7.28.

2.1.2 Hebraico

A lngua hebraica foi a lngua dos Hebreus ou israelitas desde a sua entrada em Cana.
A sua origem bastante misteriosa, porque alm do Velho Testamento s possumos
escassos documentos para o seu estudo. O mais provvel que o hebraico tenha vindo
do cananeu e foi falado pelos israelitas depois de sua instalao na Palestina. A atual
escrita hebraica (chamada "hebraico quadrado") cpia do aramaico e entrou em uso
pouco antes da nossa era, em substituio ao hebraico arcaico. Os Targuns o
denominam de "lngua sagrada" (Is 19.18); e no Velho Testamento chamado "a lngua
de Cana" ou a lngua dos judeus (Is 36.13, 2Rs 18.26-28). Salmo 114.1 mostra a
grande diferena entre o hebraico e o egpcio. Israel por estar cercado de povos que
falavam uma lngua cognata o aramaico foi se esquecendo do hebraico, at que
este veio a extinguir-se como lngua falada. Era ainda a lngua de Jerusalm no tempo
de Neemias (13.24), cerca de 430 a.C., mas muito antes do tempo de Cristo foi
substituda pelo aramaico.
O alfabeto hebraico consta apenas de consoantes, em nmero de 22. O hebraico
escrito da direita para a esquerda como o rabe e algumas outras lnguas semticas.
Sua estrutura fundamental , como em todas as lnguas semticas, a palavra raiz,
composta de trs consoantes. uma lngua bastante simples, seus melhores
conhecedores sublinham sem hesitao a sua pobreza, quando comparado com o
grego ou com lnguas modernas, como o ingls e o portugus. De acordo com a
Pequena Enciclopdia Bblica o vocabulrio hebraico na Bblia conta com apenas 7.704
vocbulos diferentes. A Academia do Idioma Hebraico tem registrado o uso de cerca de
30.000 palavras. Quase no possui adjetivos nem pronomes possessivos, porm, rica
em advrbios. uma lngua quase indigente em termos abstratos.

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Quase sempre os pronomes pessoais so ligados s formas verbais como se fossem
sufixos ou prefixos. Com raras excees no faz uso de palavras compostas. O
alfabeto hebraico possui letras com sons bem prprios, por isso no apresentam
nenhuma semelhana com o nosso alfabeto. Os dois exemplos mais caractersticos se
encontram no "alef" e no "ayin". Se lngua um organismo vivo que se transforma, o
hebraico quase pode apresentar-se como exceo, como comprovam os escritos de
Moiss e de alguns profetas mil anos depois, cujas diferenas lingsticas so
insignificantes. Este fato tem levado a "alta crtica" a dogmatizar que os escritos do
Velho Testamento foram produzidos num espao de tempo bem pequeno.
Seus processos sintticos so muito simples, usando pouco as oraes subordinadas,
preferindo sempre as coordenadas, quase sempre unidas pela conjuno "e" como
inegvel influncia do hebraico. Os tempos do verbo, a exemplo do grego, indicam mais
o "aspecto" da ao, conforme ela seja momentnea, prolongada ou repetida. Como
lngua semtica no classifica os fatos em passados, presentes e futuros, mas em
realizados ou de ao acabada (perfeito), e no realizados ou de ao inacabada
(imperfeito).
Uma das peculiaridades da lngua hebraica com respeito ao sistema verbal esta: a
simples troca de um sinal voclico determina uma mudana nas formas verbais. No
possui o verbo "ter", enquanto o verbo "ser" ativo e significa existir eficazmente.
Quando os judeus sentiram que o hebraico estava em declnio como lngua falada, e
que sua leitura correta ia perder-se, criaram um sistema de vocalizao. Este trabalho
foi feito pelos massoretas, por isso o texto hebraico usado hoje se chama massortico.

2.1.3 Grego Bblico

Como do conhecimento geral, o Novo Testamento foi escrito na Koin, lngua na qual
tambm foi traduzido o Velho Testamento hebraico pelos Setenta. O termo Koin
significa a lngua comum do povo entre os anos 330 a.C. e 330 a.D. Com exceo da
Epstola aos Hebreus e da linguagem de Lucas (Evangelho e Atos) que se encontram
num Koin mais literrio, os outros escritos pertencem lngua mais comum ou Koin
vulgar. O insigne erudito Gustav Adolf Deissmann foi quem primeiro mostrou a
identidade do grego do Novo Testamento, salientando que o

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grego da Bblia era o Koin, e no o grego erudito, nem a chamada "linguagem do
Esprito Santo" ardorosamente defendida por alguns autores.

2.1.3.1 Caractersticas da Linguagem do Novo Testamento

Se fosse possvel caracterizar o Koin, lngua em que foi escrito o Novo Testamento,
sintetizando-a em uma palavra, a melhor seria "simplificao". Esta concluso
facilmente deduzida estudando-lhe as caractersticas: Substituio dos casos pelas
preposies; tendncia para simplificar a morfologia e a sintaxe; uso escasso de
oraes subordinadas, tendo preferncia pelas coordenadas ligadas pela conjuno
"e"; eliminao do dual e uso equilibrado do modo optativo, aparecendo apenas 67
vezes no Novo Testamento; uso mais freqente do artigo; simplificao das riqussimas
formas verbais do grego clssico; mudana de sentido de muitas palavras do grego
clssico, por influncia religiosa, tais como: batizar, justia, graa, amor, glria, carne,
cruz, mundo, crer, esprito, clice, dia, etc.; as formas diminutivas se tornam mais
comuns; emprego mais generalizado de construes perifrsticas nos verbos; os
adjetivos so mais usados no grau superlativo do que no comparativo; preferncia pela
ordem mais direta, pois no grego clssico predomina a ordem inversa; emprego
freqente dos pronomes sujeitos, em casos dispensveis, por estarem eles
subentendidos nas desinncias verbais; idntico valor fontico para as vogais gregas;
emprego de vrios latinismos, tais como: legio, centurio, denrio, colnia e flagelo;
uso freqente do presente histrico nas narrativas; aparecimento generalizado da
parataxe, com prejuzo da hipotaxe.
Parataxe uma construo mais simples da frase, como as oraes coordenadas,
enquanto a hipotaxe mais complexa, isto , formada de oraes subordinadas; uso de
palavras que so emprstimos diretos do aramaico, a exemplo de: geena, Eli Eli,
Hosana, litstrotos (gabat), Sat, Talita cumi, Rabi, Maranata; freqncia de
hebrasmos, sobretudo na sintaxe, fastidioso emprego da conjuno "e", pois esta
partcula aparece muito no Novo Testamento, em expresses como estas: "e ele falou
dizendo", "e disse", "e aconteceu que". As frases: "Filhos da luz'; "filhos da perdio"
so eminentemente semticas.
Quanto linguagem dos escritores do Novo Testamento haveria muito que dizer, mas
fiquemos somente com as seguintes observaes: Apenas Hebreus Lucas e alguns
trechos de Paulo so escritos num estilo mais literrio.

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O vocabulrio mais rico no o de Paulo, mas sim o de Lucas, que emprega 250
palavras novas no Evangelho e, mais ou menos 500, em Atos. Se a linguagem mais
polida e mais erudita a de Lucas, a mais pobre e menos aprimorada, quanto ao estilo,
a de Marcos e a de Joo, especialmente no Apocalipse. O doutor Benedito P.
Bittencour no livro O Novo Testamento, pgina 67, chama-nos a ateno para a
linguagem pouco aprimorada do Apocalipse, onde h violaes flagrantes dos corretos
cnones da gramtica.

2.2 A Sobrenaturalidade da Bblia

A Bblia um fenmeno que s explicvel de um modo: a Palavra de Deus. Ela no


o tipo de livro que o homem escreveria se pudesse, ou que poderia escrever se
quisesse. Outros sistemas religiosos tambm tm seus desvios excntricos do curso
comum do procedimento humano, desvios esses que no so muitos, e so de
pequena importncia; e estes, realmente, so de se esperar, considerando que o
homem est sempre determinado a crer em um Deus, ou deuses, quer sua crena seja
baseada em fatos ou no. O estudante da verdade sempre ser convidado a
reconhecer contra reivindicaes extra-bblicas e intrabblicas. Aquilo que extrabblico
encampa todo o campo das religies humanamente arquitetadas e especulaes
filosficas. O que intrabblico encampa todos os cultos e declaraes parciais da
verdade divina que, embora professem edificar seus sistemas sobre as Escrituras,
fazem-no, entretanto, atravs de falsas nfases ou negligncia da verdade, provocando
uma confuso de doutrina que parente ou talvez at mais desencaminhadora do que
o erro sem mistura. Embora no seja possvel apresentar uma lista exaustiva,
enumeramos aqui alguns dos muitos aspectos sobrenaturais da Bblia:

2.2.1 O Livro de Deus

Com este ttulo queremos chamar a ateno para a reivindicao que a Bblia
apresenta de que a mensagem de Deus ao homem e no uma mensagem do homem
aos outros homens, muito menos uma mensagem do homem a Deus. Neste

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Livro, Deus apresentado como o Criador e Senhor de tudo. a revelao dele
prprio, o registro do que Ele tem feito e vai fazer, e, ao mesmo tempo, a revelao do
fato de que cada coisa est sujeita a Ele e que s descobre suas vantagens mais
elevadas e seu destino quando se conforma Sua vontade. Cada palavra da Bblia o
resultado de sublimes declaraes como esta: "No h Deus como tu, em cima nos
cus nem em baixo da terra" (1Rs 8.23), e, novamente: "Tua, Senhor, a grandeza, o
poder, a honra, a vitria e a majestade; porque teu tudo quanto h nos cus e na
terra; teu, Senhor, o reino, e tu te exaltaste por chefe sobre todos" (1Cr 29.11).
"Senhor, Senhor Deus compassivo, clemente e longnimo, e grande em misericrdia e
fidelidade" (x 34.6). "As suas ternas misericrdias permeiam todas as suas obras" (SI
145.9). Quem, entre a humanidade cega, seria o escritor de fico capaz de criar os
conceitos de um Deus trino de toda a eternidade que se encontra nas pginas das
Escrituras? Quem, entre os homens, planejou o peculiar e perfeito equilbrio das partes
de cada Pessoa da Divindade na redeno, ou o carter divino na sua consistente e
inaltervel exibio de santidade infinita e amor infinito: os juzos divinos, a avaliao
divina de todas as coisas, inclusive das hostes anglicas e dos espritos do mal? Quem,
entre os homens, j foi capaz de conceber a criao de tais noes interdependentes,
alm de express-Ias perfeitamente numa histria em andamento, a qual, sendo
acidental, afinal no passa de imitao: uma imitao hipcrita e dissimulada da
verdade? Que absurda a presuno de que o homem sozinho poderia escrever a
Bblia, se assim o quisesse! Mas se o homem no deu origem a Bblia, Deus o fez, e
por causa disso sua autoridade tem de ser reconhecida.

2.2.2 A Bblia e o Monotesmo

O fato de que Deus supremo implica em que no h nenhum outro que se lhe
compare; mas quase universalmente a humanidade tem praticado, com uma insistncia
que est longe de ser acidental, as abominaes da idolatria. O povo judeu, de quem,
considerando o lado humano, vieram as Escrituras, no ficaram imunes a esta
tendncia. Desde os dias do bezerro de ouro, atravs dos sculos seguintes, os
israelitas estiveram sempre revertendo idolatria e isto apesar da abundncia de
revelao e castigo. A histria da igreja est manchada pelo culto de imagens
esculpidas assimiladas do paganismo. Com que insistncia o Novo Testamento adverte
os crentes a fugir da idolatria e da adorao dos anjos! luz

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destes fatos, como poderamos supor que os homens (at mesmo Israel) pudessem,
parte da direo divina, dar origem a um tratado que, com os olhos apenas na glria de
Deus, estigmatiza a idolatria como um dos primeiros e mais ofensivos crimes e insultos
contra Deus? A Bblia no o tipo de livro que o homem escreveria se pudesse.

2.2.3 A Doutrina da Trindade

Embora defendendo o monotesmo sem modificao, a Bblia apresenta o fato de que


Deus subsiste em trs Pessoas ou modos de ser. A doutrina bblica da Trindade
consiste em que Deus um em essncia, mas trs Pessoas em identificao. Sem
dvida, este um dos grandes mistrios. A doutrina vai alm do alcance da
compreenso humana, embora seja fundamental na revelao divina. Quando
consideradas separadamente, as Pessoas individuais da Divindade apresentam as
mesmas evidncias indiscutveis quanto origem sobrenatural da Bblia.
Deus Pai. Vasto realmente o campo das Escrituras que apresenta as atividades e as
responsabilidades distintivas que so caractersticas da Primeira Pessoa. Dizemos que
Ele o Pai de toda a criao, o Pai do Filho eterno (a Segunda Pessoa) e o Pai de todo
aquele que cr para a salvao de sua alma. Esta revelao estende-se a todos os
detalhes do relacionamento paternal e inclui a ddiva do Filho para que a graa de
Deus pudesse ser revelada. Nenhuma mente humana poderia dar origem ao conceito
de Deus Pai como Ele revelado na Bblia.
Deus Filho. O registro referente Segunda Pessoa, que, de acordo com a Palavra de
Deus, o Filho desde a eternidade, que sempre a manifestao do Pai e que,
embora esteja agora sujeito ao Pai, o Criador das coisas materiais, o Redentor e Juiz
final de toda a humanidade, oferece as evidncias mais extensas e mais imensurveis
da origem divina das Escrituras. A Pessoa e a obra do Filho de Deus com Sua
humilhao e glria o tema dominante da Bblia; mas o Filho, em troca, dedica-se
glria do Pai. As perfeies do Filho no podem nunca ser comparadas ao mais sbio
dos homens, nem compreendidas por ele. Se, afinal, esta revelao ilimitada do Filho
no passa de fico, no seria um desafio razovel (mesmo para a mente no
regenerada) que este suposto autor fosse descoberto e, com base no trusmo de que a
coisa criada no pode ser maior do que o seu criador fosse adorado e reverenciado
acima de tudo o que chamado de Deus?

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Deus Esprito. O Esprito Santo que apresentado na revelao como igual em cada
particular ao Pai e ao Filho, , no obstante e para a promoo dos atuais
empreendimentos divinos, retratado como sujeito a ambos, o Pai e o Filho. Do mesmo
modo, Seu servio considerado como complemento e administrao da obra do Pai e
do Filho.
Assim o Deus trino revelou-se ao homem em termos que o homem, mesmo quando
ajudado pelo Esprito, s pode compreender debilmente; e que inocente a intimao
de que estas revelaes so o produto dos homens que sem exceo desde os dias de
Ado so depravados, degenerados e incapazes de receber ou conhecer as coisas de
Deus parte da iluminao divina! Tal conceito prope nada menos que a presuno
de que o homem deu origem idia de Deus, e que o Criador um produto da criatura.

2.2.4 A Continuidade da Bblia

A continuidade da mensagem da Bblia absoluta em sua inteireza. Ela se mantm


coesa por sua seqncia histrica, tipos e anttipos, profecias e seu cumprimento e por
antecipao, apresentao, realizao e exaltao da Pessoa mais perfeita que jamais
andou sobre a terra e cujas glrias so o resplendor do cu. Mas a perfeio desta
continuidade se mantm contra o que para o homem seriam impedimentos
insuperveis; pois a Bblia uma coleo de sessenta e seis livros que foram escritos
por mais de quarenta diferentes autores: reis, camponeses, filsofos, pescadores,
mdicos, polticos, mestres, poetas e lavradores, que viveram suas vidas em diversos
pases e no experimentaram nenhum contato ou concordncia entre si, e durante um
perodo de no menos que mil e seiscentos anos de histria humana. Por causa destes
obstculos de continuidade, a Bblia seria naturalmente a coleo mais heterognea,
mais desigual, mais desarmnico e contraditria de opinies humanas que o mundo j
viu; mas, pelo contrrio, ela exatamente o que pretende ser, isto , uma narrativa
homognea, ininterrupta, harmoniosa e ordeira de toda a histria do relacionamento de
Deus com o homem.
Este livro contendo muitos livros no recebeu a impresso pessoal de muitas mentes.
Sua harmonia no a de trombetas tocadas em unssono, mas, antes, uma

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orquestrao em que, embora absolutamente afinada distingue-se perfeitamente os
instrumentos. Em que base esta continuidade plenria poderia ser explicada se
afirmssemos que a Bblia no a Palavra de Deus?

2.2.5 Profecia e seu Cumprimento

Um grandssimo nmero de profecias foram feitas pelos escritores do Antigo


Testamento relativamente vinda do Messias e foram centenas, algumas vezes
milhares de anos antes da vinda de Cristo. Essas predies que no propsito divino
deveriam se cumprir no primeiro advento de Cristo cumpriram-se literalmente nessa
ocasio. Muitas mais permanecem sem cumprimento at que Ele volte e, temos
motivos para crer, elas se cumpriro com a mesma preciso. Bastariam duas previses
feitas e cumpridas, como as do nascimento virginal de Cristo que aconteceu em Belm
de Jud, e o carter sobrenatural das Escrituras estaria comprovado pela histria que
registra sua realizao; mas quando estas predies chegam a milhares relativamente
s Pessoas da Divindade, aos anjos, s naes, s famlias, aos indivduos e aos
destinos, sendo cada uma delas executada exatamente no tempo e lugar prescritos, a
evidncia incontestvel quanto ao carter divino das Escrituras.

2.2.6 Tipos com seus Anttipos

Um tipo um esboo divino que descreve um anttipo. E a ilustrao de uma verdade


divina feita pela prpria mo de Deus. O tipo e o anttipo esto relacionados entre si
pelo fato de que a verdade ou o princpio conectivo encontra-se incorporado em cada
um deles. No prerrogativa do tipo estabelecer a verdade de uma doutrina; antes, ele
reala a fora da verdade apresentada no anttipo. Por outro lado, o anttipo serve para
destacar o tipo no seu lugar comum, colocando-o naquilo que transcendental,
investindo-o com as riquezas e os tesouros at ento no revelados. O tipo do Cordeiro
Pascal transborda da graa redentora de Cristo com riqueza de significado, enquanto a
prpria redeno investe o tipo do Cordeiro Pascal de todo o seu maravilhoso
significado. A continuidade das Escrituras, a

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profecia e o seu cumprimento, e os tipos com os seus anttipos, so os trs fatores
principais que no s servem para apresentar a unidade dos dois Testamentos, como
fios entretecidos que passam de um Testamento para outro, ligando-os em um nico
material, mas tambm servem para traar o desenho que pelo seu maravilhoso carter
glorifica o Desenhista. Assim, a tipologia conforme se encontra na Bblia demonstra que
a Bblia um livro que o homem no poderia escrever se quisesse. divina em sua
origem como sobrenatural em seu carter.

2.2.7 Revelao e Razo

A Teologia Sistemtica extrai o seu material tanto da revelao quanto da razo,


embora a poro fornecida pela razo seja incerta quanto autoridade e, quando
muito, restrita a um ponto insignificante. A razo, como aqui est sendo considerada,
indica as faculdades intelectuais e morais do homem exercitadas na busca da verdade
e parte de ajuda sobrenatural. Desde que Ado andou e falou com Deus (revelao
essa que ele sem dvida comunicou sua posteridade), nenhum homem na Terra
poderia ficar totalmente alheio revelao divina. Dentro dos limites circunscritos
daquilo que humano, a razo predominante; mas, quando comparada com a
revelao divina, ela falvel e limitada.

2.2.7.1 Revelao

Entendemos que revelao a manifestao que Deus faz de Si mesmo e a


compreenso, parcial embora, da mesma manifestao por parte dos homens. Este
modo de definir a revelao acentua que o que se revela o prprio Deus, e no
apenas alguma coisa a respeito de Deus. Na revelao, Deus faz-se conhecido dos
homens na sua personalidade e nas suas relaes. Revelar informar, e isto
justamente o que Deus h feito. Fez conhecidos os seus caminhos a Moiss, e os
seus feitos aos filhos de Israel (Salmos 103.7). Deus informou ao homem acerca de
Sua Pessoa e das Suas relaes com a criao. No nos esqueamos de que o centro
de toda a revelao a pessoa de Deus. Jesus frisou bem esta verdade quando disse
que veio revelar o Pai: Quem me v a mim, v o Pai.

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A revelao no tem por fim simplesmente informar o homem acerca de Deus, mas
tambm descobrir Deus ao homem. Deus quer que o homem o conhea; da a razo de
ele se revelar. Os cus declaram a glria de Deus e o firmamento anuncia a obra das
suas mos. Um dia faz declarao a outro dia, e uma noite mostra sabedoria a outra
noite. No h linguagem nem fala onde se no ouam as suas vozes. A sua linha se
estende por toda a terra, e as suas palavras at o fim do mundo (Salmos 19.1-4).

2.2.7.2 Inspirao

Por inspirao entendemos a operao pela qual Deus garantiu o contedo da Bblia
como autntica expresso de sua revelao. Agora perguntamos: Que referncia
encontramos na prpria Bblia a essa inspirao divina? O texto mais explcito aquele
que se encontra em 2 Timteo 3.16: "Toda Escritura divinamente inspirada e
proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justia. O
termo grego usado no original theopneostos, composto de duas palavras gregas:
thes. "Deus", e pno, "soprar", "respirar". Este termo grego que foi traduzido por
inspirado por Deus. A Escritura inspirada por Deus a que Timteo havia aprendido
desde a sua meninice e que no versculo anterior se menciona como "Sagradas
Escrituras. Este termo grego no se usa em outra parte do Novo Testamento, mas
uma idia similar encontra-se em 2 Pedro 1.21: "Porque a profecia nunca foi produzida
por vontade dos homens, mas os homens da parte de Deus falaram movidos pelo
Esprito Santo". No versculo anterior, fala-se de Deus como o sujeito da inspirao; no
segundo, em 2 Pedro, fala-se mais especificamente do Esprito Santo nessa mesma
funo. E, embora aqui o termo grego seja o particpio pheromenos, de um verbo que,
entre outros significados, tem o de "ocasionar", "causar", "trabalhar", os dois versculos
tm o mesmo sentido. Vale a pena mencionar o comentrio que se encontra na obra de
Bonnet e Schroeder sobre 2 Timteo 3.16.
O apstolo Paulo se contenta em expressar claramente este grande fato que a base e
a garantia de todas as revelaes divinas. Mas no expe nem justifica nenhum
sistema humano sobre o modo, a natureza, a extenso da inspirao, tampouco sobre
a parte de Deus e do homem na composio das Escrituras. A

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exegese no pode ir mais longe; tudo mais pertence dogmtica (BONNET, 1968, p.
707).
Assim , mas, por amor verdade, devemos dizer que para o apstolo Paulo seu
Antigo Testamento era a Palavra de Deus, sem nenhuma outra considerao, e devese ter isto em mente quando se quer refletir sentenciosamente sobre a natureza,
extenso ou modo da inspirao.

2.2.7.2.1 Teoria evanglica da inspirao

Com este ttulo queremos dizer que


nos ocuparemos do conceito de
revelao tal como este em geral
entendido nos meios evanglicos, sem
que isto signifique, entretanto, um
acordo total na terminologia e na
exposio do assunto. Lacy,
por
exemplo, afirma "que a inspirao
como Escrituras
foi
sobrenatural,
dinmica e plena. Grau, por sua vez,
sustenta
que
positivamente
a
inspirao bblica orgnica, plena e
verbal. Mas, apesar das diferenas,
existe, de modo geral, acordo sobre
este tema, como destacamos a seguir.

Imagem meramente ilustrativa.

O Esprito Santo trabalhou nos escritores de acordo com a sua maneira de ser,
aproveitando a peculiaridade pessoal e cultural. Iluminou suas mentes, guiou sua
memria e controlou a influncia do pecado e do erro para que seu trabalho no
falhasse. No obstante, deixou-os expressar-se sua maneira em tudo, segundo o seu
estilo e vocabulrio e de acordo com o seu tempo. No se pode negar que haja, nos
diferentes autores, diferenas de estilo e peculiaridades que os

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caracterizam. No h erros nem defeitos, mas as caractersticas so percebidas na
expresso de cada autor.
A personalidade do escritor no foi anulada. Muitos dos livros da Bblia contm
passagens que revelam que a preparao prvia e as caractersticas pessoais do autor
foram utilizadas pelo Esprito Santo. No podemos discordar dessas afirmaes, visto
que h evidncias nas Escrituras de que isto se deu desta forma. claro, por exemplo,
que o estilo literrio de Isaas difere do de Ams; o estilo do Evangelho de Lucas difere
do de Marcos; e a epstola de Tiago difere sob este aspecto da de Joo. Alis, no
mesmo autor, em circunstncias diferentes, encontramos tambm estilos diferentes.
Para verificar isto, basta comparar Romanos com Filipenses.
Essa combinao do divino com o humano no algo que aparea apenas na
composio das Escrituras, afirmam os telogos; vemo-Ia, igualmente, na pessoa de
nosso Senhor Jesus Cristo: verdadeiramente homem e verdadeiramente Deus. Assim,
as Escrituras so obra de Deus, sem deixar de mostrar, por ele mesmo, a
particularidade do instrumento humano.
A posio adotada pelos telogos protestantes mais antigos e importantes que, seja
qual for a definio que se d inspirao, todo o cnon atual, como o temos, participa
dela. O sentido original grego da expresso "toda escritura", encontrada em 2 Timteo
3.16, refere-se a cada um dos escritos sagrados. [...] E esta Sagrada Escritura, em
cada uma de suas partes e livros, inspirada. Essa inspirao para a totalidade do
contedo da Bblia o que o autor denomina "inspirao plena". Este conceito de que a
inspirao divina protege a totalidade dos livros bblicos de erros no nos deve levar a
pensar, disse Hammond, que no haja diferena alguma nos propsitos da inspirao.
Trata-se, em verdade, de entender que, enquanto todas as Escrituras so plenamente
autorizadas por Deus, diferem no tocante aplicao e ao propsito para o qual foram
inspiradas. Diferem sobretudo quanto aplicao essencial, mais do que em relao ao
grau da inspirao. O estudioso deve manter-se prevenido contra uma observao
como esta: "O Evangelho de Joo mais inspirado do que Eclesiastes".

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2.2.8 A iluminao

aquela influncia ou ministrio do Esprito Santo que capacita todos os que esto
num relacionamento correto com Deus para entender as Escrituras. Acerca de Cristo se
escreveu que Ele "abriu" o entendimento deles em relao s Escrituras (Lc 24.32-45).
O prprio Cristo prometeu que, quando o Esprito viesse, Ele "guiaria" em toda a
verdade.
Finalmente, tanto a revelao como a inspirao pode ser diferenciada da iluminao
em que a ltima prometida a todos os crentes; que ela admite graus, uma vez que
aumenta ou diminui; que no depende de escolha soberana, antes, de ajustamento
pessoal ao Esprito de Deus; e sem ela ningum nunca seria capaz de aceitar a
salvao pessoal (1Co 2.14), ou o conhecimento da verdade revelada de Deus.

2.3 A Autoridade da Bblia

Podemos dizer que no passado Deus se revelou aos homens; inspirou os homens para
que tenhamos hoje um testemunho digno de f de sua revelao. No passado, Deus
dirigiu o processo pelo qual sua revelao chegou at ns sob a forma de uma bblia.
evidente que de tudo isto surge claramente a autoridade da Bblia como Palavra de
Deus nos assuntos de f e prtica. Ou, como diz o pacto de Lausanne: "Afirmamos a
inspirao divina, a veracidade e a autoridade de ambos os Testamentos, o Antigo e o
Novo, em sua integridade, como a nica Palavra de Deus escrita, e a nica e infalvel
regra de f e prtica".
A obra de Hammond trata este assunto recordando que h trs fontes possveis da
autoridade em assuntos de religio: a razo, a igreja e a Bblia. Estas trs fontes tm de
ser necessariamente incompatveis, mas, como exceo, s vezes se combinam. Da
razo, "em alguns casos a manipulao racionalista de certos aspectos da f tem
gravemente desviado os homens" (HAMMOND, 1978, p. 51) da igreja, afirma que "tem
um lugar de autoridade, mas s em subordinao Palavra de Deus" (HAMMOND,
1978, p. 52) da Bblia, conclui que "no h palavras suficientes para destacar a
importncia de acatar, bem longe de toda dvida, a autoridade insubstituvel das
Escrituras Sagradas em tudo o que se refere religio, quer se trate da doutrina, quer
da prtica" (HAMMOND, 1978, p. 53). Nossa ltima palavra sobre este assunto uma
citao de Donald G. Bloesch. Esse autor afirmou que a

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autoridade final no da Escritura em si, mas do Deus vivo que, por meio de Jesus
Cristo, quem nos fala; e afirma:
Devemos, sem dvida, continuar dizendo que a autoridade absoluta de f, o prprio
Cristo vivo, identificou-se de tal maneira com o testemunho histrico concernente sua
auto-revelao, mais precisamente as Escrituras Sagradas, que estas participam,
necessariamente, da autoridade de seu Senhor. A Bblia deve ser distinguida de seu
fundamento e de sua meta, mas no pode separar-se deles. E por isso que Forsyth
afirmou: A Bblia no meramente um registro da revelao; parte da revelao.
No uma pedreira de dados para o historiador; uma fonte de vida para a alma.
(BLOESCH, 1978, p. 63).

2.4 A Interpretao da Bblia

Tem-se dito que a Bblia necessita, pela dificuldade de entender o seu contedo, de
uma interpretao infalvel que evite que o estudioso no especializado incorra em erro
em sua interpretao. A posio que, desde o tempo da Reforma, os evanglicos tm
sustentado a de que o cristo um juiz idneo para julgar o contedo da revelao
bblica. Disse Hammond: "Sustentamos que as Escrituras so capazes de oferecer seu
significado correto em todas as idades e circunstncias em que se encontre o homem,
sempre que este esteja disposto a ser ensinado pelo Esprito Santo e a obedecer-Ihe"
(BLOESCH, 1978, p. 46). No podemos colocar uma instncia superior clara
mensagem da Bblia, seja esta um telogo, uma igreja ou uma denominao. Isto no
significa que no faamos uso de todas as informaes possveis nossa disposio
para no nos enganarmos ao interpretar a Palavra de Deus. Um princpio de saudvel
hermenutica, sem entrar nas complicadas consideraes que a teologia atual tem a
respeito deste tema, que um texto se esclarece por seu contexto, seja ele imediato ou
mediato. E o contexto mediato, ou distante, de um texto, , em ltima anlise, a prpria
Bblia, o contedo total da revelao. Em outras palavras, a Bblia contm em si a
informao necessria para interpretar de forma correta qualquer passagem que
oferea dificuldade. E conquanto usemos a ajuda humana para entender o contedo da
Bblia, no nos esqueamos de que, em ltima instncia, a Bblia que julga tal ajuda.

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3 - DISPENSAES, ALIANAS E COMPOSIO

3.1 Dispensaes e Alianas

O que uma Dispensao? Como medida de tempo, uma dispensao um perodo


que se identifica pelo seu relacionamento a algum propsito particular de Deus, um
propsito a ser realizado dentro desse perodo. As primeiras dispensaes, to remotas
do presente, no esto muito claramente definidas como as ltimas dispensaes. Por
causa disto, os expositores da Bblia nem sempre concordam quanto aos aspectos
preciosos dos perodos mais remotos. Portanto, uma Dispensao um perodo de
tempo no qual o homem testado na sua obedincia a alguma revelao especfica da
vontade de Deus. O propsito de cada dispensao, portanto, colocar o homem sob
uma especfica regra de conduta, mas tal mordomia no uma condio de salvao.
Em cada uma das dispensaes passadas, o homem no regenerado fracassou, e ele
tem fracassado nesta presente dispensao e fracassar no futuro. Mas a salvao tem
sido e continuar sendo dispensada pela graa de Deus mediante a f. Algumas das
divises dispensacionais sete - bvias so as seguintes:

a) Inocncia (Gn 1.28).


b) Conscincia ou Responsabilidade Moral (Gn 3.7).
c) Governo Humano (Gn 815).
d) Promessa (Gn 12.1).
e) Lei (x 19.1).
f) Igreja (Atos 2.1).
g) Reino (Ap 20.4).

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Uma aliana um pronunciamento soberano de Deus atravs do qual Ele estabelece
um relacionamento de responsabilidade:
a) Entre Ele mesmo e um indivduo (por exemplo, com Ado na Aliana
Ednica, Gn 2.16 e segs.).
b) Entre Ele mesmo e a humanidade em geral (por exemplo, na promessa da
Aliana Notica de nunca mais destruir toda a carne com um dilvio, Gn. 9.9
e segs.).
c) Entre Ele mesmo e uma nao (por exemplo, com Israel na Aliana Mosaica,
x 19.3 e segs.).
d) Entre Ele mesmo e uma famlia humana especfica (por exemplo, com a casa
de Davi na promessa de uma linhagem real perpetuada na Aliana Davdica,
2Sm 7.16 e segs.).
So oito as principais alianas de significado especial que explicam o resultado dos
propsitos de Deus para com o homem. So:
a) Ednica (Gn 2.16).
b) Admica (Gn 3.15)
c) Notica (Gn 9.16)
d) Abramica (Gn 12.2)
e) Mosaica (x 19.5)
f) Palestiniana (Dt 30.3)
g) Davdica (2Sm 7.16)
h) Nova Aliana (Hb 8.8)

3.1.1 A Primeira Dispensao: Inocncia, Gn 1.28

O homem foi criado em inocncia, colocado em um ambiente perfeito, sujeito a uma


prova simples, e advertido das conseqncias da desobedincia. Ele no foi

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compelido a pecar, mas, tentado por Satans, preferiu desobedecer a Deus. A mulher
foi enganada; o homem transgrediu deliberadamente (1Tm 2.14). A mordomia da
Inocncia terminou na sentena da expulso do den (Gn 3.24).

3.1.2 A Primeira Aliana: Ednica


Exigia as seguintes responsabilidades da parte de Ado:
a) Propagar a raa.
b) Sujeitar a terra ao homem.
c) Dominar a criao animal.
d) Cuidar do jardim e comer os seus frutos e ervas.
e) Abster-se de comer de um nico fruto, da rvore do conhecimento do bem e
do mal, com a penalidade da morte para a desobedincia.

3.1.3 A Segunda Dispensao: Conscincia (Responsabilidade Moral), Gn 3.7

O homem pecou (Gn 3.6-7), a primeira promessa de redeno estava para ser feita (Gn
3.15), e nossos primeiros pais seriam expulsos do den (Gn 3.22-24). O pecado do
homem foi uma rebeldia contra uma ordem especfica de Deus (Gn 2.16-17) e marcou
uma transio do conhecimento terico do bem e do mal para o conhecimento
experimental (Gn 3.5-7,22). O homem pecou entrando no reino da experincia moral
pela porta errada, quando poderia t-lo feito fazendo o que era certo. Assim o homem
tornou-se igual a Deus, atravs de uma experincia pessoal da diferena entre o bem e
o mal, mas tambm diferente de Deus, passando por esta experincia, no escolher o
mal e no o bem. Assim ele foi colocado por Deus sob a mordomia da responsabilidade
moral, ficando responsvel de praticar todo o bem conhecido, abster-se de todo o mal
conhecido e aproximar-se de Deus por meio do sacrifcio sangrento aqui institudo, em
perspectiva obra consumada de Cristo. O resultado apresentado na Aliana
Admica (Gn 3.14-21). O homem falhou no teste que lhe foi apresentado nesta
dispensao (Gn 6.5), como nas outras. Embora, como teste especfico, este perodo
de tempo tenha terminado com o dilvio, o

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homem continuou em sua responsabilidade moral conforme Deus acrescentou mais
revelao referente a Si mesmo e Sua vontade nos perodos subseqentes.

3.1.4 Segunda Aliana: Admica, Gn 3.15

Condiciona a vida do homem cado - condiciona o que tem de permanecer at que, na


dispensao do reino, "a prpria criao ser redimida do cativeiro da corrupo, para
a liberdade da glria dos filhos de Deus" (Rm 8.21). Os elementos da aliana so:
a) A serpente, instrumento de Satans, amaldioada (Gn 3.14; Rm 16.20; 2Co
11.3,14; Ap 12.9) e transforma-se na advertncia viva de Deus na natureza
dos efeitos do pecado - da mais linda e mais sutil das criaturas, em um rptil
repugnante.
b) A primeira promessa de um Redentor (v. 15). Aqui comea "o caminho da
Semente": Abel, Sete, No (Gn 6.8-10), Sem (Gn 9.26-27), Abrao (Gn 12.14), Isaque (Gn 17.19-21), Jac (Gn 28.10-14), Jud (Gn 49.10), Davi (2Sm
7.5-17), Cristo - Emanuel (Is 7.10-14; Mt 1.1,20-23; Jo 12.31-33; 1Jo 3.8).
c) A condio da mulher mudou (v. 16) em trs aspectos: a) concepo
multiplicada; b) sofrimento (dores) na maternidade; c) o senhorio do homem
(Gn 1.26-27). A desordem do pecado faz necessrio que haja um senhorio;
ele concedido ao homem (Ef 5.22-25; 1Co 11.7-9; 1Tm 2.11-14).
d) O trabalho leve do den (Gn 2.15) mudou para trabalho cansativo (3.18-19),
por causa da maldio lanada sobre a terra (3.17).
e) O inevitvel sofrimento da vida (v.17).
f) A brevidade da vida e a certeza trgica da morte fsica de Ado e de todos os
seus descendentes (v. 19; Rm 5.12-21).

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3.1.5 A Terceira Dispensao: Governo Humano, Gn 8.15

Esta dispensao comeou quando No e sua famlia saram da arca. Quando No


entrou numa nova situao, Deus (na Aliana Notica) sujeitou a humanidade a um
novo teste. Antes disso, nenhum homem tinha o direito de tirar a vida de outro homem
(Gn 4.10-11,14-15,23-24). A mais alta funo do governo proteger a vida humana, da
qual deriva a responsabilidade da pena capital. O homem no deve vingar o homicdio
individualmente, mas, na qualidade de grupo corporativo, ele deve salvaguardar a
santidade da vida humana como um dom de Deus, que no pode ser exterminado,
exceto quando Deus o permite. "Os poderes constitudos foram ordenados por Deus", e
resistir-lhes resistir a Deus. Enquanto, na dispensao precedente, as restries
feitas ao homem eram internas (Gn 6.3), o Esprito de Deus operando atravs da
responsabilidade moral, agora uma nova restrio externa foi acrescentada, isto , o
poder do governo civil.
O homem fracassou em governar com justia. Este fracasso foi visto de um modo geral,
na confuso de Babel (Gn 11.9). Como uma prova especfica da obedincia, a
dispensao do Governo Humano foi seguida, pela da Promessa, quando Deus
chamou Abro como Seu instrumento de bno para a humanidade. Contudo, a
responsabilidade do homem pelo governo no acabou, mas continuar at que Cristo
estabelea o Seu reino.

3.1.6 A Terceira Aliana: Notica, Gn 9.16

Reafirma as condies de vida do homem cado conforme anunciadas pela Aliana


Admica, e institui o princpio do governo humano para reprimir a expanso do pecado,
uma vez que a ameaa do juzo divino na forma de outro dilvio foi removida. Os
elemen-tos da aliana so:
a) O homem torna-se responsvel pela proteo da santidade da vida humana,
atravs de um governo ordeiro sobre o homem individual, at pena capital
(Gn 9.5-6; Rm 13.1-7).

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b) Nenhuma maldio adicional enunciada sobre a terra, nem o homem deve
temer outro dilvio universal (Gn 8.21; 9.11-16).
c) A ordem da natureza confirmada (Gn 8.22; 9.2).
d) A carne dos animais acrescentada dieta do homem (Gn 9.3-4). Presumese que o homem fosse vegetariano antes do dilvio.
e) Uma declarao proftica enunciada sobre os descendentes de Cana, um
dos filhos de Co, de que seriam servos dos seus irmos (Gn 9.25-26).
f) Faz-se uma declarao proftica de que Sem ter um relacionamento
peculiar com o SENHOR (Gn 9.26-27). Toda a revelao divina atravs dos
homens semitas, e Cristo, segundo a carne, descende de Sem.
g) Uma declarao proftica enunciada de que de Jaf viro os grandes
povos (Gn. 9: 27).

3.1.7 A Quarta Dispensao: A Promessa, Gn 12.1

Esta dispensao estendeu-se da chamada de Abro at a concesso da lei no Sinai


(x 9.3ss) Sua mordomia baseava-se sobre a aliana de Deus com Abro, citada pela
primeira vez aqui, Gn 12.1-3, e confirmada e ampliada em Gn 13.14-17; 15.1-7; 17.18,15-19; 22.16-18; 26.2-5,24; 28.13-15; 31.13; 35.9-12.

3.1.8 A Quarta Aliana: Abramica, Gn 12.2

Conforme constituda (Gn 12.1-4) e confirmada (Gn 13.14-17; 15.1-7, 18-21; 17.1-8)
tm trs aspectos:
a) A promessa de uma grande nao: "De ti farei uma grande nao", Gn 12.2.

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b) Vrias promessas pessoais foram dadas a Abrao: Gn 17.16; 13.14-15,17;
15.8; 24.34-35; 15.6; Jo 8.56.
c) Promessas aos gentios, Gn 12.3.
A Aliana Abramica revela o propsito soberano de Deus em cumprir, atravs de
Abrao, o Seu programa para Israel, providenciando em Cristo o Salvador para todos
aqueles que crem. O cumprimento final repousa sobre a promessa divina e o poder de
Deus mais do que sobre a fidelidade humana.

3.1.9 A Quinta Dispensao: A Lei, Gn 19.1

Esta dispensao comea com a concesso da lei no Sinai e terminou como perodo de
tempo com a morte sacrifical de Cristo, que cumpriu todas as suas provises e tipos.
Na dispensao anterior, Abrao, Isaque e Jac, como tambm as multides de outros
indivduos, falharam nos testes da f e obedincia que eram da responsabilidade do
homem (por exemplo, Gn 16.1-4; 26.6-10; 27.1-25). O Egito tambm falhou em atender
a advertncia de Deus (Gn 12.3) e foi julgado. No obstante Deus providenciou um
libertador (Moiss), um sacrifcio (o cordeiro pascal) e o poder milagroso para tirar os
israelitas do Egito (as pragas do Egito; livramento no Mar Vermelho). Os israelitas,
como resultado de suas transgresses (Gl 3.19), foram agora colocados sob a
disciplina precisa da lei. A lei ensina:
a)

A santidade espantosa de Deus (x 19.10-25).

b)

A horrvel hediondez do pecado (Rm 7.13; 1Tm 1.8-10).

c)

A necessidade da obedincia (Jr 7.23-24).

d)

A universalidade do fracasso humano (Rm 3.19-20).

e)

A maravilha da graa de Deus em providenciar um caminho at Eles atravs


do sacrifcio tpico antevendo um Salvador que viria a ser o Cordeiro de
Deus, que tira o pecado do mundo (Jo 1.29), conforme "o testemunho da lei"
(Rm 3. 21).

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A lei no alterou as provises nem revogou a promessa de Deus dada na Aliana
Abramica. No foi concedida como um modo de vida (isto , um meio de justificao,
Atos 15.10-11; Gl 2.16,21; 3.3-9, 14, 17, 21,24-25), mas uma regra devida para um
povo j dentro da aliana de Abrao e coberto pelo sangue do sacrifcio, isto , do
cordeiro pascal etc. Um dos seus propsitos foi o de esclarecer a pureza e santidade
que deveria caracterizar a vida de um povo, cuja lei seria ao mesmo tempo a lei de
Deus (x 19.5-6). Da, a funo da lei em relao Israel foi de restrio disciplinar e
corretiva, como aquela exercida sobre os filhos gregos e romanos pelo escravo ou tutor
de confiana da casa (Gl 3.24, traduzido para aio) para manter Israel sob controle
para o seu prprio bem (Dt 6.24):
a) At que Cristo viesse (Cristo realmente o nosso Tutor, pois a graa que
nos salva tambm nos ensina, Gl 3.24; Tt 2.11-12).
b) At que a ocasio designada pelo Pai para os herdeiros (filhos da promessa)
serem removidos da condio de menoridade legal para os privilgios de
herdeiros que atingiram a maioridade (Gl 4.1-3). Isto Deus fez enviando o
Seu Filho, e agora os crentes esto na posio de filhos na casa do Pai (Gl
3.26; 4.4-7).
Mas Israel interpretou mal o propsito da lei (1Tm 1.8-10), buscando a justia atravs
de boas obras e ordenanas cerimoniais (At 15.1; Rm 9.31 10.3), e rejeitou o seu
prprio Messias (Jo 1.10-11). A histria de Israel no deserto, na terra e dispersos entre
as naes, tem sido um registro longo de transgresso da lei.

3.1.10 A Quinta: A Aliana Mosaica (19.5)

Dada a Israel em trs divises, cada uma essencial s outras e juntas formando a
Aliana Mosaica, isto , os mandamentos, expressando a justa vontade de Deus (x
20.1-26); os juzos, regulando a vida social de Israel (x 21.1-24.11); e as ordenanas,
governando a vida religiosa de Israel (Ex 24.12-31.18). Estes trs elementos formam "a
lei", como essa expresso foi generalizadamente usada no Novo Testamento, (por
exemplo, Mt 5.17,18). Os mandamentos e as ordenanas formavam um sistema
religioso. Os mandamentos eram um "ministrio da condenao" e "da morte" (2Co 3.79); as ordenanas davam na pessoa do sumo sacerdote, um representante do povo
junto ao SENHOR; e, nos sacrifcios, uma

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cobertura para os seus pecados em antecipao cruz (Hb 5.1-3; 9.6-9; comp. Rm.
3.25-26). O cristo no est sob a condicional Aliana Mosaica das obras, a lei, mas
sob a Nova Aliana incondicional da graa (Rm 3.21-27; 6.14-15; Gl 2.16; 3.10-14,1618,24-26; 4.21-31; Hb 10.11-27). A lei no mudou a proviso da Aliana Abramica,
mas foi uma coisa acrescentada apenas por um tempo limitado at que viesse a
Semente (Gl 3.17-19).

3.1.11 A Sexta: A Aliana Palestiniana (Dt 30.3)

Apresenta as condies sob as quais Israel entrou na terra da promessa. importante


ver que a nao ainda nunca tomou a terra sob a Aliana Abramica incondicional (Gn
12: 2), nem ainda possui toda a terra (comp. Gn 15.18 com Nm 34.1-12). A Aliana
Palestiniana tem sete partes:
a) A disperso por causa da desobedincia, v.1 (Dt 28.63-68; Gn 15.18).
b) O futuro arrependimento de Israel quando estiver na disperso, v.2.
c)

A volta do SENHOR, v.3 (Am 9.9-15; At 15.14-17).

d) A restaurao da terra, v.5 (Is 11.11-12; Jr 23.3-8; Ez 37.21-25).


e) A converso nacional, v.6 (Os 2.14-16; Rm 11.26-27).
f)

O julgamento dos opressores de Israel, v. 7 (Is 14.1-2; Joel 3.1-8; Mt 25.3146).

g) A prosperidade nacional, v. 9 (Am 9.11-15).

3.1.12 A Stima: A Aliana Davdica (vs. 8-17)

Sobre a qual o futuro reino de Cristo, "o qual, segundo carne, veio da descendncia de
Davi" (Rm 1.3), devia ser fundamentado, dava a Davi:

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a) A promessa da posteridade na casa de Davi.
b) Um trono simblico de autoridade real.
c) Um reino, ou governo sobre a terra;
d) Certeza de cumprimento, pois as promessas a Davi "sero estabelecidos
(as) para sempre".
Salomo, cujo nascimento Deus predisse (2Sm 7.12), no recebeu a promessa de uma
semente perptua, mas apenas a certeza de que:
a) Construiria "uma casa ao meu nome" (v. 13).
b) O seu reino seria estabelecido (v. 12).
c) O seu trono, isto , a autoridade real, permaneceria para sempre.
d) Se Salomo pecasse, seria castigado, mas no deposto.
A continuidade do trono de Salomo, mas no da semente de Salomo, demonstra a
exatido da predio. Israel teve nove dinastias; Jud, uma. Cristo nasceu de Maria,
que no veio da linhagem de Salomo (Jr 22. 8-30); Ele era um descendente de Nat,
outro filho de Davi (comp. Lc 3.23-31; e Lc 3.23). Jos, o marido de Maria, era
descendente de Salomo e atravs dele o trono passou legalmente a Cristo (comp. Mt
1.6,16). Assim, o trono, mas no a semente, veio atravs de Salomo, que foi
precisamente o cumprimento da promessa do SENHOR a Davi.
Em contraste com a promessa irrevogvel de cumprimento perptuo feita a Davi,
Salomo uma ilustrao do carter condicional da Aliana Davdica conforme
aplicada aos reis que o seguiram. A desobedincia da parte dos descendentes de Davi
resultaria em castigo, mas no em anulamento da aliana (2Sm 7.15; SI 89.20-37; Is
54.3,8, 10). Assim o castigo caiu primeiro na diviso do reino sob Reoboo e,
finalmente, nos cativeiros (2Rs 25.1-21). Desde aquele tempo apenas um rei da famlia
davdica foi coroado em Jerusalm e esse foi coroado com espinhos. Mas a Aliana
Davdica, dada a Davi pelo juramento do SENHOR e confirmada a Maria pelo Anjo
Gabriel, imutvel (Sl 89.20-37); e o Senhor ainda dar quele que foi coroado de
espinhos o trono de Davi, seu pai (Lc 1.31-33; At 2.29-32; 15.14-17). Ambos, Davi e
Salomo, entenderam que a promessa referia-se literalmente a um reino terreno (2Sm
7.18-29; 2Cr 6.14-16).

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3.1.13 A Sexta Dispensao: a Igreja (At 2.1)

Uma nova era foi anunciada por nosso Senhor Jesus Cristo em Mt 12.47-13.52. A Igreja
foi claramente profetizada por Ele em Mt 16.18 (comp. Mt 18.15-19), comprada pelo
derramamento do Seu sangue no Calvrio (Rm 3.24-25; 1Co 6.20; 1Pe 1.18-19), e
constituda como Igreja depois de Sua ressurreio e ascenso no Pentecostes
quando, de acordo com a Sua promessa (Atos 1.5), os crentes foram pela primeira vez
batizados individualmente com o Esprito Santo. Por causa da nfase dada ao Esprito
Santo, esta dispensao tambm tem sido chamada "dispensao do Esprito".
O ponto de prova desta dispensao o Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo, a
mensagem das boas novas sobre a Sua morte e ressurreio (Jo 19.30; At 4.12; 1Co
15.3-5; 2Co 5.21; etc.). A contnua e cumulativa revelao das dispensaes anteriores
combina com esta revelao mais completa para enfatizar a total iniqidade e perdio
do homem, e a suficincia da obra historicamente completa de Cristo para salvao,
pela graa, mediante a f, a todos os que vm a Deus por Ele (Jo 14.6; At 10.43; 13.3839; Rm 3.21-26; Ef 2.8-9; 1Tm 4.10; Hb 10.12-14).
Enquanto aqueles indivduos salvos, que compem a verdadeira Igreja de Cristo
cumprem as ordens do seu Senhor, de pregar o Evangelho at os confins da terra (Mc
16.15; Lc 24.46-48; At 1.8), Deus est formando, durante esta dispensao, ''um povo
para o seu nome" (At 15.14) dentre os judeus e os gentios, chamado de "a Igreja" e,
portanto especialmente distinto dos judeus e gentios como tais (1Co 10.32; Gl 3.27-28;
Ef 2.11-18; 3.5-6).
O Senhor Jesus advertiu que durante todo o perodo, enquanto a Igreja estiver sendo
formada pelo Esprito Santo, muitos rejeitaro o Seu Evangelho e muitos outros
pretendero crer nEle e se tomaro uma fonte de corrupo espiritual e impedimento
para o Seu propsito nesta dispensao, na igreja professa. Estes produziro a
apostasia, particularmente nos ltimos dias (Mt 13.24-30,36-40,47-49; 2Ts 2.5-8; 1Tm
4.1-2; 2Tm 3.1; 4.3-4; 2Pe 2.1-2; 1Jo 2.18-20). A Dispensao da Igreja chegar ao fim
atravs de uma srie de acontecimentos profetizados, o principal dos quais ser:

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a) A trasladao da verdadeira Igreja da terra para encontrar o Senhor nos ares
em um momento conhecido por Deus, mas no revelado aos homens, e
sempre mantido diante dos crentes como uma esperana iminente e feliz,
encorajando-os no servio do amor e na santidade de vida. Este
acontecimento geralmente chamado de "arrebatamento" (1Ts 4.17).
b) Os juzos da septuagsima semana de Daniel, chamados de "a Grande
Tribulao" (Ap 7) que cairo sobre a humanidade em geral, mas incluiro a
parte no salva da igreja professa, que ter apostatado e por isso ser
deixada para trs sobre a terra, quando a verdadeira Igreja for trasladada
para o cu. Esta forma final da Igreja apstata est descrita em Ap 17 como
"a meretriz" que primeiro vai "montar" o poder poltico ("besta"), apenas para
ser derrotada e absorvida por esse poder (comp. Ap 18.2).
c) A volta do Senhor Jesus do cu terra em poder e glria, trazendo com Ele
a Sua Igreja, para estabelecer o Seu reino milenial de justia e paz (Ap 19.11
e 17).

3.1.14 A Stima Dispensao: O Reino (Ap 20.4)

Esta a ltima das dispensaes ordenadas que condicionam a vida humana na terra.
o Reino da Aliana feita a Davi (2Sm 7.8-17).
O Filho maior de Davi, o Senhor Jesus Cristo, reinar sobre a terra como Rei dos reis e
Senhor dos senhores por 1.000 anos, associando consigo mesmo naquele Reino, os
Seus santos de todas as dispensaes (Ap 3.21; 5.9-10; 11.15-18; 15.3-4; 19.16;
20.4,6).
A Dispensao do Reino une dentro de si mesmo e debaixo de Cristo as vrias
"pocas" mencionadas na Escritura:
a) O perodo de opresso e desgoverno termina quando Cristo estabelece o
Seu reino (Is 11.3-4).

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b) O perodo de testemunho e pacincia divina termina em julgamento (Mt
25.31-46; At 17.30-31; Ap 20.7-15).
c) O perodo de luta termina em repouso e recompensa (2Ts 1.6-7).
d) O perodo de sofrimento termina em glria (Rm 8.17-18).
e) O perodo da cegueira e castigo de Israel termina em restaurao e
converso (Ez 39.25-29; Rm 11.25-27).
f)

O tempo dos gentios termina no desmoronamento da imagem e no


estabelecimento do reino dos cus (Dn 2.34-35; Ap 19.15-21).

g) O perodo da escravido da criao termina em livramento e manifestao


dos filhos de Deus (Gn 3.17; Is 11. 6-8; Rm 8.19-21).
h) No final dos mil anos, Satans solto por um pequeno perodo e instiga uma
rebelio final que sumariamente abafada pelo Senhor. Cristo lana
Satans no lago de fogo para ser eternamente atormentado, derrota o ltimo
inimigo - a morte - e ento entrega o reino ao Pai (1Co 15.24).

3.1.15 A Oitava: A Nova Aliana (Hb 8.8)

A ltima das oito grandes alianas das Escrituras :


a) "Melhor" do que a Aliana Mosaica x 19.5), no moralmente, mas em
eficcia (Hb 7.19; comp. Rm 8.3-4).
b) Est estabelecida sobre promessas "melhores" (isto , incondicionais). Na
Aliana Mosaica, Deus disse: "Se..." (x 19.5); na Nova Aliana, Ele diz:
Eu farei... (Hb 8.10,12).
c)

Sob a Aliana Mosaica, a obedincia brotava do temor (Hb 2.2; 12.25-27);


sob a Nova, ela brota de um corao e uma mente dispostos (Hb 8.10).

d) A Nova Aliana garante a revelao pessoal do Senhor a cada crente (v.


11).

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e) Ela assegura esquecimento completo dos pecados (Hb 8.12; 10.17).
f)

Ela repousa sobre uma redeno consumada (Mt 26.27-28; 1Co 11.25; Hb
9.11-12,18-23). Tenha em mente que a mesma palavra grega (diathek) foi
traduzida para "testamento" e "aliana" no N.T.

g) Ela garante a perpetuidade, converso futura e bno de um Israel


arrependido, com os quais a Nova Aliana ainda ser ratificada (Hb 10.9;
comp. Jr 31.31-40).

3.1.16 Resumo das Oito Alianas

a) A Aliana Ednica (Gn 2.16) condiciona a vida do homem na inocncia.


b) A Aliana Admica (Gn 3.15) condiciona a vida do homem cado e d a
promessa de um Redentor.
c)

A Aliana Notica (Gn 9.16) estabelece o princpio do governo humano.

d) A Aliana Abramica (Gn 12.2) inaugura a nao de Israel e confirma, com


acrscimos especficos, a promessa admica da redeno.
e) A Aliana Mosaica (x 19.5) condena todos os homens, "pois todos
pecaram" (Rm 3.23; 5.12).
f)

A Aliana Palestiniana (Dt 30.3) garante a restaurao final e a converso de


Israel.

g) A Aliana Davdica (2Sm 7.16) estabelece a perpetuidade da famlia davdica


(cumprida em Cristo, Mt 1.1; Lc 1.31-33; Rm 1.3), e do reino davdico sobre
Israel e sobre toda a terra, a ser cumprida em e por Cristo (2Sm 7.8-17; Zc
12.8; Lc 1.31-33; At 15.14-17; 1Co 15.24).
h) E a Nova Aliana (Hb 8.8) repousa sobre o sacrifcio de Cristo e garante
bno eterna, sob a Aliana Abramica (Gl 3.13-29), de todo aquele que
cr. absolutamente incondicional e, considerando que nenhuma
responsabilidade por ela consignada ao homem, ela final e irreversvel.

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3.2 A Composio da Bblia

A mensagem da Bblia completa. Ela incorpora cada captulo e cada versculo em sua
perfeita unidade, e todas as suas partes so interdependentes. O domnio de qualquer
parte exige o domnio do todo. Se houver tolerncia de nfase desproporcional ou
indulgncia para com modismos nas doutrinas, pouco progresso se obter na sua exata
compreenso. Os sessenta e seis livros, que por disposio divina formam este todo
incomparvel, esto divididos em duas partes principais: o Antigo Testamento e o Novo
Testamento, e estes Testamentos se prestam ao esclarecimento de dois propsitos
divinos supremos: aquilo que terreno e aquilo que celestial. Os livros do Antigo
Testamento esto classificados em histricos: de Gnesis a Ester; poticos: de J aos
Cantares de Salomo; e profticos: de Isaas a Malaquias. Os livros do Novo
Testamento se classificam em histricos: de Mateus a Atos; epistolares: de Romanos a
Judas; e profticos: o Apocalipse. No que se refere Pessoa de Cristo (que o tema
central de toda a Escritura), o Antigo Testamento classificado como preparao; os
quatro Evangelhos como manifestao; os Atos como propagao; as Epstolas como
explanao; e o Apocalipse como consumao. A anlise essencial de cada livro, cada
captulo e cada versculo, pertence a outras disciplinas do treinamento do estudante e
no Teologia Sistemtica.

3.2.1 Composio do Antigo Testamento

A palavra testamento vem do termo grego "diatheke", e significa: a) Aliana ou


concerto, e b) Testamento, isto , um documento contendo a ltima vontade de algum
quanto distribuio de seus bens, aps sua morte. Esta a palavra empregada no
Novo Testamento, como por exemplo, em Lucas 22.20. No Antigo Testamento, a
palavra usada "berith" que significa apenas concerto. O duplo sentido do termo grego
nos mostra que a morte do testador (Cristo) ratificou ou selou a Nova Aliana,
garantindo-nos toda a herana com Cristo (Rm 8.17; Hb 9.15-17).

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Tem, portanto, 39 livros, e foi escrito originalmente em hebraico, com exceo de
pequenos trechos que o foram em aramaico. O aramaico foi a lngua que Israel trouxe
do seu exlio babilnico. H tambm algumas palavras persas. Seus 39 livros esto
classificados em 4 grupos, conforme os assuntos a que pertencem: Lei, Histria,
Poesia, Profecia. O grupo ou classe poesia tambm conhecido por de-vocional.
a) LEI. So 5 livros: Gnesis a Deuteronmio. So comumente chamados de
Pentateuco.
b) HISTRIA. So 12 livros: de Josu a Ester. Ocupam-se da histria de Israel
nos seus vrios perodos: a) Teocracia, sob os juzes. b) Monarquia, sob
Saul, Davi e Salomo. c) Diviso do reino e cativeiro, contendo o relato dos
reinos de Jud e Israel, este levado em cativeiro para a Assria, e aquele
para Babilnia. d) Ps-cativeiro, sob Zorobabel, Esdras e Neemias, em
conjunto com os profetas contemporneos.
c) POESIA. So 5 livros: de J a Cantares de Salomo. So chamados
poticos, no porque sejam cheios de imaginao e fantasia, mas devido ao
gnero do seu contedo. So tambm chamados devocionais.
d) PROFECIA. So 17 livros: de Isaas a Malaquias. Esto subdivididos em:
Profetas Maiores: Isaas a Daniel (5 livros) e Profetas Menores: Osias a
Malaquias (12 livros).
Os nomes maiores e menores no se referem ao mrito ou notoriedade do profeta mais
ao tamanho dos livros e extenso do respectivo ministrio proftico.
A classificao dos livros do Antigo Testamento, por assunto, vem da verso
Septuaginta, atravs da Vulgata, e no leva em conta a ordem cronolgica dos livros, o
que, para o leitor menos avisado, d lugar a no pouca confuso, quando procura
agrupar os assuntos cronologicamente. Na Bblia hebraica (que o nosso Antigo
Testamento), a diviso dos livros bem diferente.
Nas Bblias de edio catlico-romana, os livros de 1 e 2 Samuel e 1 e 2 Reis so
chamados 1, 2, 3 e 4 Reis, respectivamente. 1 e 2 Crnicas so chamados 1 e 2
Paralipmenos. Esdras e Neemias so chamados 1 e 2 Esdras. Tambm, nas edies
catlicas de Matos Soares e Figueiredo, o Salmo 9 corresponde em Almeida aos
Salmos 9 e 10. O de nmero 10 o nosso 11. Isso vai assim at os Salmos 146 a 147,
que nas nossas Bblias so o de nmero 147. Deste modo, os trs salmos

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finais so idnticos em qualquer das verses acima mencionadas. Essas diferenas de
numerao em nada afetam o texto em si, e no poderia ser doutra forma, sendo a
Bblia o Livro do Senhor!

3.3 O Texto e Estrutura da Bblia

3.3.1 Particularidades do Texto

Apesar da grande diversidade de tradues, edies e publicaes existentes hoje no


s na lngua portuguesa, mas como em muitos outros idiomas, relacionamos abaixo
algumas particularidades interessantes, a saber, para melhor interpretao e estudo da
Bblia:
a) As palavras em Itlico
No constam do original. Foram introduzidas na traduo para completar o sentido do
texto ou facilitar sua interpretao. Muitas vezes acabam permitindo duplo sentido
exegtico.
b) O uso da margem
Muitas Bblias tm na margem de determinados trechos, a traduo literal do hebraico
ou do grego. s vezes, tm uma traduo diferente quando o caso duvidoso. So
muito teis essas notas marginais.
c) O sumrio dos captulos
So preparados pelos editores, e nada tm com a inspirao e o texto original. As
excees so algumas frases introdutrias de certos Salmos, como o 4, 5, 6, 7, 8, 9,
22, 32, 45, 46, 53, 56, 69, 75 etc. Tais sumrios nem sempre correspondem aos
captulos aos quais se referem. H casos at negativos, como a parbola dos Dez
Talentos", quando no so dez; a "Parbola do Rico e Lzaro", quando no se trata de
parbola, e assim por diante.

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d) A diviso do texto bblico em captulos e versculos
No vem do original. A primeira Bblia que trouxe essa diviso foi a Vulgata, em 1555.
Em muitos casos, a diviso tanto em captulos como em versculos, quebra o sentido,
parte o texto e altera toda a linha de pensamento. Exemplo de captulos: Isaas 53, que
devia comear em Isaas 52.13, Joo 8, devia comear em Joo 7.53; 2 Reis 7 devia
comear em 2 Reis 6.24; o captulo 3 de Colossenses devia terminar em Colossenses
4.1; Atos 5 devia comear em 4.36. Com a diviso em versculos, acontece a mesma
coisa, por exemplo: Efsios 1.5 devia comear com as duas ltimas palavras de Efsios
1.4; 1 Corntios 2.9 e 2.10 deviam formar um s versculo. Na Epstola aos Romanos,
bem como em Efsios, h diversos casos desses. Tambm a diviso em versculos no
a mesma em todas as verses: Dn 3.24-30 da ARC, corresponde Dn 3.91-97 na
Matos Soares; Lc 20.30 na ARC, corresponde Lc 20.30,31 na Brasileira".
e) A diviso do texto em pargrafos muito til para a sua compreenso
O Salmo 2, por exemplo, contm 5 pargrafos, tendo cada um aplicao diferente (vv.
1-3, 4-6, 7-9, 10-12a; 12b). Uma verso em portugus que indica os pargrafos a
ARA, com um tipo negrito cada vez que isso ocorre. H verses em outras lnguas que
do tanta importncia essa diviso, que, para maior comodidade do leitor, imprimem
o prprio sinal grfico para pargrafo.

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4 - PENTATEUCO ESTRUTURA E ENSAIO

Introduo

Imagem meramente ilustrativa.

So cinco os Livros do Pentateuco: Gnesis, xodo, Levtico, Nmeros e


Deuteronmio. Esses primeiros cinco livros da Bblia so chamados "a Lei". Podemos
consider-los como um nico livro, embora incluam toda sorte de escritos: narrativas,
leis, instrues sobre o culto e as cerimnias religiosas, sermes e genealogias. Mas,
de qualquer modo, estes livros possuem tema comum. Depois das narrativas sobre os
primrdios do mundo em Gn 1-11, contam a histria do povo de Deus desde a vocao
de Abrao at a morte de Moiss, compreendendo um perodo de cerca de 600 anos,
ou seja, de aproximadamente 1800 at 1250 a.C. O Gnesis contm a histria dos
fundadores de Israel: Abrao, Isaac, Jac e Jos. Os outros livros da Lei so
dominados pela figura de Moiss, o grande lder dos israelitas. A idia de uma
comunidade que obedece vontade de Deus o centro destes livros, e por isso lhes
deu o nome hebraico de Tor, isto , "ensinamento" por excelncia. Estes cinco livros
tambm so conhecidos pelo nome grego de Pentateuco ou "cinco rolos" (literalmente
"cinco estojos" nos quais estavam os rolos).

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4.1 O Livro de Gnesis

O Gnesis, primeiro livro da Bblia, o livro dos incios, como diz o seu nome (grego)
que significa "origem". Trata da criao de uma maneira geral. Fala da origem do
homem e da mulher. Explica como as coisas comearam a ir mal e apresenta as boas
intenes de Deus em relao sua criao. O livro est dividido em duas grandes
partes. Os caps. 1 - 11 narram a histria da criao do mundo e da raa humana.
Lemos sobre Ado e Eva, Caim e Abel, No e o dilvio, e a torre de Babel. A criao de
Deus foi progressivamente deteriorada pelo egosmo, o orgulho e a maldade humana.
O livro fala das origens do pecado e do sofrimento, bem como da promessa de
esperana feita por Deus. Os caps. 12 - 50 passam da histria geral da humanidade
para a de uma pessoa, Abrao, e sua famlia. Abrao acreditou e obedeceu a Deus,
que o escolheu para fundar a nao de Israel. Seguem-se as histrias de Isaac, seu
filho, de Jac (tambm conhecido como Israel), seu neto, e dos doze filhos deste, que
so os fundadores das doze tribos de Israel. Depois da narrativa concentra-se num dos
filhos de Jac: Jos, que feito prisioneiro no Egito, para onde mais tarde emigra toda
a sua famlia. O livro termina com a promessa de Deus de cuidar do seu povo. Todos
os captulos mostram um Deus ativo, que julga e pune as pessoas que fazem o mal,
que guia e conserva o seu povo, moldando a sua histria. O Gnesis narra a histria de
alguns grandes homens de f.

4.2 O Livro de xodo

A palavra xodo vem do grego e significa "sada". O livro do xodo narra como o povo
de Israel saiu do Egito, onde era escravo, e emergiu como nao livre, com uma
esperana para o futuro. A figura central Moiss, o grande lder de Israel, chamado
por Deus para conduzir o povo para fora do Egito. O xodo divide-se em trs partes:
Caps. 1-18: o povo hebreu libertado da escravido no Egito. Moiss conduz os
israelitas atravs do deserto at o monte Sinai. Caps. 19 - 24: Deus faz um pacto com o
seu povo no Sinal. D-lhe normas segundo as quais deve viver, tan-to no deserto como
depois que tiver entrado na Terra Prometida. Estas normas esto resumidas nos dez
mandamentos, no captulo 20. As leis de Deus abrangem a

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totalidade da vida: o comportamento particular de uns para com os outros, o
comportamento na vida pblica e o comportamento para com Deus. Caps. 25 - 40:
Deus d ao povo de Israel instrues sobre a construo de uma tenda mvel (o
tabernculo) para ador-lo.

4.3 O Livro de Levtico

O Levtico substancialmente um livro de leis. So leis sobre as cerimnias religiosas,


o culto e a vida cotidiana, com o objetivo de manter o povo de Israel num
relacionamento justo com Deus. O nome deriva dos sacerdotes (membros da tribo ou
cl de Levi) aos quais cabia cuidar das leis do culto. O livro volta constantemente ao
tema da santidade de Deus e da sua extraordinria bondade, to diferente do ho-mem.
Quando Jesus resumiu a lei, citou o Levtico: "Amars o teu prximo como a ti mesmo"
(Lv 19, 18). Contm as seguintes sees: Caps. 1-7: leis sobre sacrifcios e ofertas e
seu significado. Caps. 8-10: leis referentes aos homens que podiam ser sacerdotes e
sua destinao para o exerccio de suas funes. Caps. 11-15: leis referentes vida
cotidiana, concentradas sobre as coisas "puras" e "impuras" que impediam as pessoas
de participar do culto divino por certo tempo. Caps. 16: o dia da expiao, ocasio anual
em que se faziam ofertas para "purificar" o povo do pecado. Caps. 17-27: leis sobre a
santidade de vida e o culto, com promessas para os que obedecerem e advertncias
para os que desobedecerem.

4.4 O Livro de Nmeros

O livro dos Nmeros conta a histria de Israel em sua peregrinao de quase quarenta
anos pelo deserto do Sinal. Comea no terceiro ano depois da fuga do Egito e termina
um pouco antes da entrada em Cana, a terra que Deus tinha prometido ao seu povo.
O ttulo Nmeros provm das duas "enumeraes" (recenseamento) dos israelitas no
monte Sinai e nas estepes de Moab, perto do rio Jordo e de Jeric. Entre os dois
recenseamentos os israelitas estabeleceram-se por algum tempo no osis de CadesBarnia e depois seguiram para uma regio a leste do Jordo. O livro dos Nmeros a
longa e triste histria das queixas e do

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descontentamento de Israel. Freqentemente os israelitas deixaram-se dominar pelo
medo e pelo desnimo diante das dificuldades. Rebelaram-se contra Deus e seu lder
Moiss. Apesar disso, Deus continuou a preocupar-se com o seu povo. Mas s dois
homens dos que tinham sado do Egito, Calebe e Josu, entraram na Terra Prometida.

4.5 O Livro de Deuteronmio

Consiste de uma srie de discursos de Moiss aos israelitas nas estepes de Moab,
pouco antes da entrada na Terra Prometida. O nome do livro significa "segunda outorga
da lei". Mas na verdade trata-se de nova confirmao das leis dadas por Deus no Sinai
(registradas no xodo, Levtico e Nmeros) e sua aplicao vida sedentria na terra
de Cana. No decorrer de seus discursos Moiss repete os grandes eventos dos
ltimos quarenta anos. Reitera e destaca os dez mandamentos e nomeia Josu seu
sucessor para conduzir os israelitas. O grande tema do Deuteronmio que Deus
salvou e abenoou seu povo, e este deve sempre lembrar-se disso, am-lo e obedecerlhe. As palavras que Jesus classificou de o maior mandamento: "Amars a Yahweh teu
Deus com todo o teu corao, com toda a tua alma e com toda a tua fora", so do
Deuteronmio (Dt 6.4-5; Mt 22.37).

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5 - HISTRICOS - ESTRUTURA E ENSAIO

Introduo

Imagem meramente ilustrativa.


So 12 livros os livros histricos: Josu, Juzes, Rute, 1 Samuel, 2 Samuel, 1 Reis, 2
Reis, 1 Crnicas, 2 Crnicas, Esdras, Neemias e Ester. Esta seo, que na Bblia
hebraica vai de Josu a Ester, abrange o tempo da conquista, o tempo dos reis, o exlio
e o retorno. Est dividida em duas partes. A primeira, isto , Josu, Juzes, Samuel e
Reis, tm o ttulo de "Primeiros Profetas" da Bblia hebraica. A segunda parte, ou seja,
Crnicas, Esdras e Neemias, estavam includos nos chamados Escritos". As duas
partes juntas cobrem cerca de 800 anos da histria de Israel, do sculo XIII ao sculo V
a.C. Estes livros foram escritos no simplesmente como histria da nao, mas para
mostrar como o plano e a mensagem de Deus foram cumpridos na vida de Israel.

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5.1 O Livro de Josu

O livro de Josu conta como Israel invadiu Cana sob o comando de Josu, sucessor
de Moiss. Os caps. 1-12 falam da conquista de Cana, ocorrida provavelmente aps
1240 a.C. Estas narrativas podero ter sido escritas pela primeira vez na poca de
Samuel, embora o livro como um todo seja parte da grande "histria deuteronmica",
que vai de Josu a 2 Reis. No sabemos quem escreveu o livro. A narrativa
compreende a travessia do Jordo, a queda da cidade de Jeric e a batalha de Ai. Os
caps. 13-22 contam como os israelitas dividiram entre si e ocuparam as terras
conquistadas. Os ltimos dois captulos (23-24) trazem o discurso de despedida de
Josu e a renovao da aliana com Deus e da sua promessa ao povo em Siqum.

5.2 O Livro de Juzes

O livro dos Juzes uma coletnea de narrativas referentes aos dois sculos
turbulentos, que vo desde o tempo da conquista de Cana at pouco antes da
coroao do rei Saul, isto , aproximadamente de 1200 a 1050 a.C. Os "Juzes" eram
heris locais das tribos de Israel, geralmente chefes militares, cujos feitos so narrados
no livro. Incluem figuras como Dbora, Gideo e Sanso. Neste perodo s a f comum
em Deus manteve de certo modo unidas as tribos de Israel. Quando seguiam os
deuses locais, caam em diviso, tornavam-se fracas e acabavam sendo presas dos
cananeus.

5.3 O Livro de Rute

A maravilhosa histria de Rute contrasta com os tempos violentos do livro dos Juzes
em que se situa. Rute, mulher moabita, desposara um israelita. Quando o marido
morreu, ela demonstrou inesperada lealdade para com a sogra israelita e confiou no
Deus de Israel. Por fim encontrou novo marido entre os parentes do falecido esposo e
atravs deste casamento tornou-se bisav do rei Davi e antepassada do prprio

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Jesus. Embora a religio passasse por crise generalizada naquela poca, o livro de
Rute exalta a f de pessoa comum, uma estrangeira que se convertera ao Deus de
Israel.

5.4 Primeiro e Segundo Samuel

Estes dois livros narram a histria de Israel desde Samuel at os ltimos anos de Davi.
Tomam o nome do ltimo grande Juiz, Samuel, no porque este os escreveu, mas
porque a sua figura domina os primeiros captulos. Originalmente era um nico livro na
Bblia hebraica. Samuel ungiu os dois primeiros reis de Israel - Saul e Davi - como
escolhidos de Deus. Os dois cobrem aproximadamente o perodo de 1075-975 a.C. O
autor vrias vezes se refere ao reino separado de Jud. Isso indica que a redao final
da obra deve ter ocorrido depois de 900 a.C. Mas contm muito material
contemporneo dos eventos descritos, especialmente a histria das intrigas da corte de
Davi em 2Sm 9-20, que muitos estudiosos acreditam ser obra de secretrios
profissionais da corte, que foram testemunhas do que escreveram. Os livros de Samuel
tratam principalmente da histria da ao de Deus em relao nao de Israel. 1
Samuel conta como Israel passou do governo dos juzes para o regime dos reis. Caps.
1-8: os anos de Samuel como Juiz de Israel. Caps. 915: histria de Saul, primeiro rei
de Israel. Caps. 16-30: As relaes entre Davi e Saul. O livro termina (cap.31) com a
morte de Saul e de seus filhos. Ainda que agora o povo tivesse um rei, tanto este como
o povo so vistos sob a conduo e o juzo de Deus. 2 Samuel narra a histria de Davi
rei, primeiro de Jud ao sul (caps. 1 - 4), depois de todo o pas, inclusive da parte que
posteriormente ser o reino setentrional de Israel. Lemos como o rei Davi expandiu o
seu reino e se tornou soberano poderoso. Davi era homem de profunda f em Deus e
muito popular. Mas s vezes era cruel e impiedoso para conseguir o que queria, por
exemplo, no caso da sua determinao de ter para si Bate-Seba, mulher de um dos
seus oficiais.

5.5 Primeiro e Segundo Reis

Os dois livros dos Reis abrangem cerca de 400 anos da histria de Israel, desde a
morte de Davi at a destruio de Jerusalm em 587 a.C. No sabemos quem foi o

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autor deles, mas semelhana de 2 Samuel, certo que contm informaes tiradas
de documentos da corte, contemporneos aos fatos descritos. Provavelmente
passaram por vrias edies e revises at receberem sua forma final durante o exlio
em Babilnia (587-539 a.C.). 1 Reis pode ser dividido em duas partes: Caps. 1-11:
Salomo sucede ao seu pai Davi como rei de Israel e Jud. O perodo ureo do seu
reinado viu a construo do templo de Jerusalm. Caps. 12 - 22: a nao divide-se,
dando origem ao reino de Israel (norte) e ao reino de Jud (sul). O livro narra a histria
dos reis dos dois reinos, entre os quais Jeroboo (Israel), Roboo (Jud), Acabe
(Israel), Josaf (Jud) e Acazias (Israel). Os profetas de Deus anunciam com coragem
a sua palavra numa poca em que as pessoas se voltam para outros deuses. O maior
dentre eles Elias, cuja disputa com os profetas de Baal no monte Carmelo narrada
em 1Rs 18. 2 Reis continua a histria dos dois reinos no ponto em que termina 1 Reis,
e igualmente se divide em duas partes. Caps. 1-17: a histria dos dois reinos desde a
metade do sculo IX a.C. at a derrota do reino setentrional pela Assria e a queda de
Samaria em 722 a.C.
Neste perodo destaca-se o profeta Eliseu, sucessor de Elias, como mensageiro de
Deus. Caps. 18 - 25: a histria do reino de Jud desde a queda do reino de Israel at a
destruio de Jerusalm pelo rei de Babilnia, Nabucodonosor, em 587 a.C. So
destacados os reinados de dois grandes reis: Ezequias e Josias. Nos dois livros dos
Reis, os soberanos de Israel so julgados com base na sua fidelidade a Deus. O pas
prospera quando o rei leal, e entra em decadncia quando o rei presta culto a outros
deuses. Segundo este modelo, todos os reis do reino do norte representam um
fracasso.

5.6 Primeiro e Segundo Crnicas

primeira vista os livros das Crnicas parecem uma repetio simplificada dos livros
de Samuel e dos Reis. Na verdade, o autor reescreve a histria para leitores que j
conheciam esses livros. Mas tinha dois motivos principais para dar sua prpria verso
da histria dos reis de Israel. Queria mostrar que, apesar dos desastres que atingiram
Israel, Deus mantm a sua promessa de cuidar do seu povo. Para isso, concentrou a
ateno nos reinados gloriosos de Davi e Salomo e nos bons governos dos reis
Josaf, Ezequias e Josias. Queria descrever como comeou o culto do templo em
Jerusalm, explicar os deveres dos sacerdotes e dos levitas, e mostrar que Davi foi o
verdadeiro fundador do templo (ainda que de fato tivesse sido

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Salomo quem o construiu). O autor, o Cronista, provavelmente escreveu para os
israelitas que tinham voltado do exlio a fim de reconstruir Jerusalm. Estes precisam
entender o seu passado, e o autor lhes recordou que o sucesso da nao dependia da
sua lealdade para com Deus. 1Crnicas comea com uma genealogia, que vai de Ado
ao rei Saul (caps. 1-9) e entra propriamente no tema com o reinado de Davi e os
preparativos deste para a construo do templo (caps. 10-29). 2 Crnicas comea com
o reinado de Salomo e a construo do templo (caps. 1-9). Depois de lembrar a
revolta das tribos setentrionais sob Jeroboo, continua nos caps. 11-36 com a histria
dos reis de Jud at a destruio de Jerusalm em 587 a.C.
5.7 O Livro de Esdras
O livro de Esdras continua diretamente as Crnicas e descreve a volta de parte dos
judeus exilados de Babilnia. Estes trouxeram um pouco de vida e a restaurao do
culto em Jerusalm. A narrao cobre aproximadamente os anos 583-433 a.C. Partes
da obra reproduzem talvez trechos escritos pelo prprio Esdras. A volta a Jerusalm
apresentada nas suas trs fases: Caps. 1-2: volta do primeiro grupo com Zorobabel, por
ordem do rei persa Ciro. Caps. 3-6: reconstruo do templo e retomada do culto em
Jerusalm, apesar das oposies locais. Caps. 7-10: Esdras volta a Jerusalm com
outro grupo e contribui para restaurar a religio e o modo de vida de Israel.

5.8 Livro de Neemias

Neemias, um exilado judeu, teve permisso do rei persa Artaxerxes de voltar com um
grupo de judeus a Jerusalm em 445 a.C. O livro que tem seu nome, escrito como
memria pessoal, apresenta-o como lder nato, e pessoa que confiava plenamente em
Deus e para quem orar era coisa to natural como respirar. Tambm este livro pode ser
dividido em trs partes: Caps. 1-7: Neemias retoma a Jerusalm, encoraja o povo a
reconstruir os muros da cidade para defender-se de feroz oposio e introduz reformas
religiosas que se faziam urgentes. Caps. 8-10: Esdras proclama a lei de Deus diante do
povo que, profundamente comovido, confessa sua infidelidade e volta novamente a
Deus. Caps. 11-13: atividades de Neemias como governador de Jud, nomeado pelo
rei da Prsia.

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5.9 Livro de Ester

A histria enquadra-se na poca de Esdras e Neemias, ou seja, no perodo persa. Fala


de conspirao urdida no reinado de Assuero (Xerxes) para destruir a raa judaica.
Uma herona judia de nome Ester torna-se rainha dos persas e com a sua coragem
consegue salvar o seu povo. O livro mostra como a nao judaica, mais uma vez, foi
salva da destruio e explica a origem e a significao da festa judaica do Purim (que
celebra esta salvao). Em alguns pontos, o texto grego mais longo que o hebraico.

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6 - POTICOS - ESTRUTURA E ENSAIO

Introduo

Imagem meramente ilustrativa.


So 5 livros: J, Salmos, Provrbios, Eclesiastes e Cantares de Salomo. So
chamados poticos, no porque sejam cheios de imaginao e fantasia, mas devido ao
gnero do seu contedo. Alguns tambm os chamam de Livros Devocionais. No
Antigo Testamento os livros dos Provrbios, J, Eclesiastes, Eclesistico e Sabedoria
so comumente conhecidos como livros sapienciais.
Escritos deste tipo encontram-se tambm em outras partes do Antigo Testamento, sob
formas diversas, como fbulas, ditados populares e regras gerais de vida. De maneira
geral, tratam da vida cotidiana, da boa conduta, das virtudes que se devem cultivar e
dos vcios que se deve evitar. A maior parte dos conselhos fruto do bom senso
baseado na experincia. Mas alguns tratam de temas importantes. Os livros de J e
Eclesiastes tratam de problemas muito srios (como o sofrimento) e discutem-no a
fundo. Entre os livros sapienciais incluem-se tambm os Salmos e o Cntico dos
Cnticos.

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6.1 O Livro de J

O padro claramente desenvolvido do livro de J, prlogo, discursos e eplogo, alm


dos ciclos dentro dos prprios discursos, mostra que se trata de uma interpretao
teolgica sobre certos acontecimentos da vida de J. Do incio ao fim, o autor tem a
inteno de responder a uma pergunta bsica: Qual o significado da f? J era um
chefe de cls (famlias) de notvel piedade, integridade e sabedoria, foi abenoado por
Deus com uma prosperidade terrena tal, que se tornara o maior e mais rico de todos no
Oriente. Subitamente, porm J experimentou uma reverso completa da fortuna, foi
vitimado por uma srie de grandes calamidades, tendo sido privado de todas as suas
possesses e dos seus filhos. Seu corpo foi tomado por uma enfermidade repulsiva,
trs amigos que vieram ostensivamente para consolar J, insistiam que o seu
sofrimento tinha como causa o pecado. Mas J rejeita veementemente esta afirmao,
reafirmando em todo tempo que ele era um homem justo, mas confessou que no tinha
capacidade para explicar porque estava lhe sucedendo tudo aquilo. Finalmente Deus
responde as repetidas solicitaes de J, e lhe d uma explicao direta sobre os seus
sofrimentos, no por uma justificao de suas aes, nem por qualquer soluo
intermediria, mas sim pela vontade de Deus. E isso foi o suficiente para J, ele
percebeu que Deus, sendo poderoso, misericordioso, justo e amoroso, no o deixaria
sofrer mais. Esse livro serve de um propsito muito alto para as nossas vidas: mostrar
que a certeza da f no descansam nas circunstncias exteriores, nem em explicaes
especulativas, mas na certeza da f em Deus, onisciente e onipotente.

6.2 O Livro dos Salmos

O ttulo hebraico dos Salmos Tehillim, que significa louvores; o ttulo na


Septuaginta (traduo do Antigo Testamento para o grego, feita em c. 200 a.C.)
Psalmoi, que significa cnticos para serem acompanhados por instrumentos de
cordas. O ttulo em portugus, Salmos, deriva da Septuaginta. A msica
desempenhava papel de importncia no culto do antigo Israel (confronte Sl 149; 150;
1Cr 15.16-22); os salmos eram os hinos do povo de Israel. Bem diferente de boa parte
da poesia e do cntico do mundo ocidental, compostos com rima ou metrificao, a
poesia e o cntico do Antigo Testamento tem por base o paralelismo

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de pensamento, em que a segunda linha (ou linhas sucessivas) da estrofe praticamente
faz uma reiterao (paralelismo sinnimo), ou apresenta um contraste (paralelismo
antittico), ou, de modo progressivo, completa (paralelismo sinttico) a primeira linha.
Todas as trs formas de paralelismo caracterizam o Saltrio.
O salmo mais antigo conhecido vem de Moiss, no sculo XV a.C. (Sl 90); os mais
recentes provm dos sculos VI e V a.C. (por exemplo, Sl 137). A maioria dos salmos,
no entanto, foi escrita no sculo X a.C., durante a era urea da poesia em Israel. Os
ttulos descritivos que precedem a maioria dos salmos, embora no pertenam ao texto
original, logo no inspirados, so muito antigos (anteriores Septuaginta) e
importantes.

6.3 O Livro de Provrbios

O Antigo Testamento hebraico era em regra dividido em trs partes: a Lei, os Profetas e
os Escritos (confronte Lc 24.44). Na terceira parte estavam os livros poticos e
sapienciais, a saber: J, Salmos, Provrbios, Eclesiastes etc. Semelhantemente, o
Israel antigo tinha trs categorias de ministros: os sacerdotes, os profetas e os sbios.
Estes ltimos eram especialmente dotados de sabedoria e conselho divinos a respeito
de princpios e prticas da vida.
O livro de Provrbios representa a sabedoria inspirada dos sbios. A palavra hebraica
mashal, traduzida por provrbio, tem os sentidos de orculo, parbola, ou mxima
sbia. Por isso, h declaraes longas no livro de Provrbios (por exemplo, 1.20-33;
2.1-22; 5.1-14), mas h tambm as concisas, mas ricas de sentido e sabedoria, para se
viver de modo prudente e justo. O contedo de Provrbios representa uma forma de
ensino comum no Oriente Prximo antigo, mas no caso deste livro, sua sabedoria
diferente porque veio da parte de Deus, com seus padres justos para o povo do seu
concerto.
O ensino mediante provrbios era popular naqueles antigos tempos, em virtude da sua
grande clareza e facilidade de memorizao e transmisso de gerao em gerao.
Assim como Davi o manancial da tradio sal mdica em Israel, Salomo o
manancial da tradio sapiencial em Israel (ver Pv 1.1; 10.1; 25.1). Conforme 1Rs 4.32,
Salomo produziu 3.000 provrbios e 1.005 cnticos.

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Outros autores mencionados por nome em Provrbios so Agora (Pv 30.1-33) e o rei
Limou (Pv 31.1-9), ambos desconhecidos.
Autores outros esto subentendidos em Pv 22.17 e em Pv 24.23. A maioria dos
provrbios teve origem no sculo X a.C., porm a provvel data mais antiga para a
concluso deste livro seria o perodo de reinado de Ezequias (isto c. 700 a.C.). A
participao dos homens de Ezequias na compilao dos provrbios de Salomo (25.129.27) talvez remonte a 715-686 a.C., durante o avivamento espiritual liderado por esse
rei temente a Deus. possvel que os provrbios de Agora, de Limou e os outros
sbios tambm tenham sido compilados nesse perodo.

6.4 O Livro de Eclesiastes

O livro sintetiza a sabedoria, ou seja, observaes, pensamentos e sentenas, de um


filsofo que se oculta sob o pseudnimo de Colet, presidente da assemblia
(Eclesiastes em Grego). Tal gnero de escrito era popular nos pases antigos do
Oriente Mdio. O autor examina a vida humana, julga-a breve e absurda, concluindo
que ela no tem sentido. No consegue entender para que serve. Contudo, termina
recomendando a aplicao ao trabalho e o gozo do prazer enquanto a vida dura.
Grande parte do livro parece deprimente e destrutiva, porque considera a vida debaixo
do sol exclusivamente do ponto de vista humano. A vida sem Deus no tem objetivo
nem sentido, mas a sabedoria e a justia conferem pelo menos um pouco de nobreza
existncia humana.

6.5 O Livro de Cantares de Salomo

uma coleo de poesias amorosas, que cantam o amor de um homem e de uma


mulher. s vezes chamado de cntico de Salomo, porque na Bblia hebraica
atribudo a esse rei. As poesias, cujo cenrio o campo na primavera, exaltam com
paixo e entusiasmo o amor e exprimem com franqueza o prazer da atrao fsica.

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7 - PROFTICOS - ESTRUTURA E ENSAIO

Introduo

Imagem meramente ilustrativa.


So 17 livros chamados profticos, que vo de Isaas a Malaquias. Esto subdivididos
em Profetas Maiores e Profetas Menores, sua composio : Profetas Maiores: Isaas,
Jeremias, Lamentaes de Jeremias, Ezequiel e Daniel; Profetas Menores: Osias,
Joel, Ams, Obadias, Jonas, Miquias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e
Malaquias.
Os livros trazem o nome de 16 profetas hebreus, aos quais se acrescentam as
Lamentaes. Os quatro profetas maiores, Isaas, Jeremias, Ezequiel e Daniel so
seguidos pelos chamados doze profetas menores, autores de livros breves. Os livros
dos profetas vo desde a poca urea do povo israelita at o exlio e o retorno ptria.
Entre os primeiros contam-se Ams e Osias, que dirigiram suas mensagens ao reino
do norte, no sculo VIII a.C. Mas a maioria dos profetas atuou no reino de Jud. A
desenvolveram suas atividades Isaas, Miquias e talvez tambm Joel em torno de 700
a.C., mais de cem anos antes da queda de Jerusalm em 587 a.C. Jeremias,
Habacuque e Sofonias proclamaram suas palavras nos anos que antecederam a queda
da cidade e durante o exlio. Ageu, Zacarias e Malaquias profetizaram durante e aps o
retorno, a partir de 538 a.C. Alguns profetas tiveram

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outros destinatrios. Jonas e Naum dirigiram mensagens especiais a Nnive, a capital
da Assria destruda em 612 a.C. Daniel descrito como profeta em Babilnia. Obadias
sentenciou contra Edom, antigo inimigo de Israel.

7.1 Os Livros dos Profetas Maiores

7.1.1 O Livro de Isaas


Isaas viveu no sculo VIII a.C. O livro que trs o seu nome dos mais impressionantes
do Antigo Testamento. Pinta com cores fortes o poder de Deus e contm mensagem de
esperana para o seu povo. O chamado de Isaas para a funo de profeta descrito
no cap. 6. Ele profetizou durante mais de quarenta anos. Os caps. 1 - 39 pertencem ao
perodo em que o reino de Jud foi ameaado pela Assria, o grande imprio do mundo
bblico de ento. Mas Isaas proclamou que o perigo real para a nao estava nos seus
pecados e na sua desobedincia a Deus. O povo no confiava em Deus e o profeta
convidou-o a voltar a ele, a restabelecer a justia e a agir corretamente. Se no
prestasse ouvidos, Jud seria destrudo. Isaas tambm voltou os olhos para o futuro,
poca em que em todo o mundo reinaria a paz. Um descendente do rei Davi tornar-seia o rei ideal que cumpriria a vontade de Deus. Os caps. 40 - 55 tratam da volta do
exlio de Babilnia. O povo tinha perdido toda esperana, mas o profeta lhe fala de um
tempo em que Deus o libertaria e reconduziria a Jerusalm. Enfatiza o fato de que Deus
controla a histria e acena ao plano divino de utilizar a nao de Israel para levar a
esperana a todos os povos. Esta parte do livro inclui certo nmero de passagens em
que o profeta, olhando para o futuro, fala da vinda do Servo de Iahweh, portador de
esperana para a nao. Os caps. 56 - 66 formam seo separada, dirigida
principalmente aos judeus que voltaram a Jerusalm.

7.1.2 O Livro de Jeremias

Jeremias viveu cerca de cem anos depois de Isaas, tendo sido chamado por Deus
vocao de profeta em 627 a.C. e morrido pouco depois de 587 a.C. Na sua poca, a
Assria, a superpotncia do norte, entrava em decadncia. A nova ameaa do

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reino de Jud era Babilnia. Por quarenta anos advertiu o povo sobre o futuro juzo de
Deus, que o castigaria, por causa da sua idolatria e do seu pecado. Por fim suas
palavras cumpriram-se. Em 587 a.C. o exrcito babilnico, conduzido por
Nabucodonosor, destruiu Jerusalm e o templo, levando muitos judeus para o exlio.
Jeremias recusou a oferta para ir viver comodamente na corte babilnica e
provavelmente morreu no Egito. Os caps. no seguem a ordem cronolgica dos fatos.
O livro comea com a descrio da vocao de Jeremias. Os primeiros 25 caps.
contm mensagens de Deus dirigidas a Jud durante os reinados dos ltimos reis:
Josias, Joacaz, Jeoaquim, Joaquim (filho deste) e Zedequias. Os caps. 26 - 45 narram
acontecimentos da vida de Jeremias e incluem algumas outras profecias. Os caps. 46 51 trazem as mensagens enviadas por Deus a diversas naes estrangeiras. Os
captulos finais descrevem a queda de Jerusalm e o exlio em Babilnia. Jeremias
tornou-se muito impopular e foi acusado de traio, porque exortava o povo a render-se
aos babilnios. Mas ele amava o seu povo e sofria por ser obrigado, pela sua dramtica
misso, a anunciar o juzo de Deus. Era muito inseguro de si, mas jamais traiu a
mensagem que Deus lhe confiara. Embora seja lembrado pelo seu pessimismo,
tambm teve palavras de esperana e prometeu que, depois do obscuro perodo do
exlio, Deus reconduziria o seu povo de volta ptria.

7.1.3 O Livro de Lamentaes

O livro das Lamentaes uma coletnea de cinco poemas, que choram a queda de
Jerusalm em 587 a.C. e o exlio. O templo tinha sido destrudo e a nao via nisso um
sinal de que Deus a tinha entregado aos inimigos. O profeta chora o pecado do seu
povo. O livro principalmente um lamento. Mas tambm contm promessa de
esperana. A obra ainda continua sendo lida em voz alta nas sinagogas em julho de
cada ano, quando os judeus recordam a destruio do templo em 587 a.C. e em 70
d.C.

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7.1.4 O Livro de Ezequiel

O profeta Ezequiel foi levado para o exlio em Babilnia no ano de 597 a.C. e ali viveu
antes e depois da queda de Jerusalm em 587 a.C. Foi chamado para a misso de
profetizar aos trinta anos de idade e dirigiu sua mensagem tanto aos exilados em
Babilnia, quanto ao povo que ainda vivia na longnqua Jerusalm. Quando recebeu o
chamado proftico tambm teve uma vvida viso da santidade de Deus (caps. 1-3),
que influenciou toda a sua vida. Os caps. 4-24 prevem o juzo divino sobre Israel:
Jerusalm ser destruda. Ezequiel tambm anunciou o juzo de Deus contra as naes
que ameaavam o seu povo (caps. 25-32). Depois da queda de Jerusalm em 587 a.C.
mudou o tom de sua mensagem (caps. 33-39), levou conforto ao povo e fez brilhar a
promessa e a esperana para o futuro: Deus haveria de libertar Israel. Finalmente
descreveu as vises que teve sobre o futuro, em que o povo ofereceria a Deus culto
perfeito em templo novo (caps. 40-48). Ezequiel sublinhou a responsabilidade individual
diante de Deus e a renovao do povo partindo do corao.

7.1.5 O Livro de Daniel

Daniel apresentado como exilado de Jud que viveu na corte babilnica no tempo de
Nabucodonosor e seus sucessores. Na verdade, parece mais homem de Estado que
profeta. O livro que leva seu nome foi escrito no momento em que o povo judeu estava
oprimido, talvez durante a perseguio Babilnica sob o domnio de Nabucodonosor.
Os caps. 1-6 narram episdios da vida de Daniel e alguns amigos seus, exilados na
poca do imprio babilnico e persa. Porque confiaram em Deus e a ele obedeceram a
qualquer preo, triunfaram dos seus inimigos. O restante do livro contm uma srie de
vises do profeta (caps. 7-12), que descrevem em termos figurativos o nascimento e a
queda dos imprios. Os perseguidores pagos cairo e o povo de Deus sair vitorioso.
A verso grega da Setenta e, conseqentemente, a Bblia catlica, tem mais dois caps.,
13-14, que, entre outras coisas, contam a histria da casta Susana injustamente
acusada, mas salva por Daniel.

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7.2 Os Livros dos Profetas Menores

7.2.1 O Livro de Osias

Osias viveu mais ou menos na poca de Isaas, no sculo VIII a.C., no reino de Israel.
Profetizou durante os tormentosos 40 anos que antecederam a queda de Samaria em
722 a.C.. Israel teve seis reis no espao de vinte anos e freqentemente contemporizou
com as religies pags. O profeta preocupou-se muito com a idolatria e pintou a
infidelidade de Israel com imagens tiradas do seu prprio casamento com mulher infiel
(caps. 1 - 3). O juzo de Deus vir, mas no fim o seu amor saber reconquistar o povo.
Os caps. 4 - 13 contm as mensagens que dirigiu a Israel. Mostram como Deus estava
irado, mas ao mesmo tempo no conseguia esquecer o seu amor ao povo. O captulo
final implora a Israel que volte a Deus.

7.2.2 O Livro de Joel


No conhecemos nada sobre este profeta, nem sabemos em que tempo viveu. Talvez
tenha vivido depois do exlio. Seu livro fala de exrcito de gafanhotos que devoram as
colheitas e de seca desastrosa. Trata-se de imagens do iminente juzo de Deus sobre
aqueles que lhe desobedecem, imagens do dia do Senhor. Joel convida o povo a
voltar-se a Deus, que renovar todas as coisas e enviar o seu Esprito sobre todo o
povo.

7.2.3 O Livro de Ams

Ams era originrio de uma cidade de Jud, mas dirigiu sua mensagem ao reino do
norte de Israel. Viveu no sculo VIII a.C., durante o reinado de Jeroboo II de Israel. Foi
pastor e cultivador de uma espcie de figueiras. Naquela poca Israel vivia em grande
prosperidade e riqueza, o reino tambm parecia religioso. Mas Ams condenou a sua
hipocrisia. Os pobres eram oprimidos e a religio era apenas fachada. Era necessrio
um homem corajoso pala denunciar a nao em nome de

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Deus, e Ams desejou que a justia corresse como rio. Em 722 a.C. os assrios
destruram Samaria e levaram o povo ao exlio. Os primeiros 6 caps. do livro de Ams
contm os juzos pronunciados por Deus sobre Israel e seus vizinhos. OS caps. 7-9
apresentam a descrio de cinco vises. O profeta Ams era pastor.

7.2.4 O Livro de Obadias

O livro de Obadias o mais curto do Antigo Testamento e foi escrito depois da queda
de Jerusalm em 587 a.C. Os edomitas, antigos inimigos de Jud que habitavam as
montanhas a sudeste do mar Morto, aproveitaram a ocasio para invadir o pas.
Obadias condenou o orgulho de Edom e profetizou a sua derrota. No sculo V a.C. os
rabes derrotaram os edomitas; no sculo III a.C. foi a vez de os nabateus os
subjugarem; finalmente desapareceram da histria. Por outro lado, Obadias profetiza o
retorno de Israel sua ptria.

7.2.5 O Livro de Jonas

Diversamente dos outros livros profticos, o de Jonas tem a forma de uma histria.
Descreve as aventuras um tanto fabulosas, mas de cunho moral, de um profeta que
tentou desobedecer s ordens de Deus. Jonas recebera de Deus a incumbncia de ir a
Nnive, capital da Assria, e de converter o seu povo. Finalmente Jonas anunciou a
mensagem e ficou desgostoso quando Deus perdoou a cidade, grande inimiga de
Israel. O livro mostra o amor e a bondade de Deus, que prefere esquecer e salvar a
punir e destruir.

7.2.6 O Livro de Miquias


O profeta Miquias foi mais ou menos contemporneo de Isaas, Ams e Osias no
sculo VIII a.C., e dirigiu sua mensagem tanto a Jud como a Israel. semelhana de
Ams, Miquias denunciou os governantes, os sacerdotes e os profetas porque
exploravam os pobres e indefesos, defraudavam e desonravam a religio. O juzo de

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Deus viria sobre Samaria e Jerusalm. Mas tambm teve palavras de esperana,
prometendo que Deus estabeleceria a paz universal e que da famlia de Davi surgiria
um grande rei, portador da paz. Um dos versculos do seu livro resume grande parte da
mensagem dos profetas: O que Yahweh exige de ti: nada mais do que praticar o
direito, gostar do amor e caminhar humildemente com o teu Deus! (Mq 6.8).

7.2.7 O Livro de Naum

O livro de Naum consiste num poema. O profeta prediz que Nnive cair e regozija-se
pelo juzo de Deus contra uma nao cruel e arrogante. De fato, Nnive caiu nas mos
dos babilnios e dos medos em 612 a.C. Provavelmente o livro foi escrito nessa poca.

7.2.8 O Livro de Habacuque

Este livro do fim do sculo VII a.C., quando Jeremias profetizava em Jerusalm.
Era a poca dos cruis babilnios. O profeta pergunta a Deus: Por que contemplas os
traidores, silencias quando um mpio devora algum mais justo do que ele? (Hb
1.13). Deus responde que intervir no momento oportuno e punir os malfeitores. O
livro termina com a advertncia e a orao do profeta justo, que se alegra sabendo que
Deus tem o controle de tudo.

7.2.9 O Livro de Sofonias

Sofonias proclamou a mensagem de Deus a Jud durante o reinado de Josias (640-609


a.C.), no incio da atividade de Jeremias. Manasss e Amon, os dois reis anteriores,
tinham levado a religio e a moral da nao ao nvel mais baixo j alcanado. Sofonias
lembra a Jud o juzo que se aproxima por ter abandonado o Deus vivo, e prediz aos
vizinhos de Israel a destruio que os espera. Mas ainda que Jerusalm caia, ser
reconstruda.

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7.2.10 O Livro de Ageu

Ageu, Zacarias e Malaquias, os trs ltimos livros do Antigo Testamento, so da poca


em que os judeus haviam voltado do exlio, sob a liderana de Esdras e Neemias. Aps
os primeiros esforos para reconstruir o templo destrudo pelos babilnios em 587 a.C.,
haviam interrompido a obra. O livro de Ageu coleo de breves mensagens do
Senhor comunicadas por meio do profeta em 520 a.C. O profeta convida seus
conterrneos a estabelecerem as prioridades justas. necessrio concluir a
reconstruo do templo. Deus conceder paz e prosperidade se o povo esquecer suas
preocupaes egosticas e puser em primeiro lugar aquilo que deve ter primazia.

7.2.11 O Livro de Zacarias

O profeta Zacarias era de famlia sacerdotal e, como Ageu, esteve envolvido na


reconstruo do templo, concludo em 516 a.C. Os caps. 1. - 8 do livro so profecias
pronunciadas entre 520 e 518 a.C., apresentadas sob forma de vises referentes
restaurao de Jerusalm, reconstruo do templo, purificao do povo de Deus e
promessa do futuro Messias. Os caps. 9 - 14 so uma coleo diferente de orculos,
talvez pronunciados por outro autor. Tratam da espera do Messias e do juzo final.

7.2.12 O Livro de Malaquias

Na poca de Malaquias o templo tinha sido reconstrudo, mas o povo continuava


desiludido. O exlio havia acabado, mas os tempos continuavam duros, muita gente
passava mal e se sentia abandonada por Deus. O profeta lembra-lhes o amor de Deus
e convida os sacerdotes e o povo a respeit-lo e a obedecer-lhe. O povo no dava a
Deus o que lhe era devido no sacrifcio, no culto e no comportamento.

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8 - EVANGELHOS E ATOS - ESTRUTURA E ENSAIO

8.1 Introduo ao Novo Testamento

O Novo Testamento tm 27 livros. Foi escrito em grego, no no grego clssico dos


eruditos, mas no do povo comum, chamado Koin. Seus 27 livros tambm esto
classificados em 4 grupos, conforme o assunto a que pertencem: BIOGRAFIA. So os 4
Evangelhos; HISTORIA. o livro de Atos dos Apstolos. EPSTOLAS. So 21 as
epstolas ou cartas. Vo de Romanos a Judas. 9 so dirigidas a igrejas (Romanos a 2
Tessalonicenses); 4 so dirigidas a indivduos (1 Timteo a Filemom); 1 dirigida aos
hebreus cristos; 7 so dirigidas a todos os cristos, indistintamente (Tiago a Judas);
PROFECIA. o livro de Apocalipse ou Revelao. Trata da volta pessoal do Senhor
Jesus a Terra e das coisas que precedero esse glorioso evento.

8.2 Os Evangelhos (Biografia)

Os quatro Evangelhos compreendem cerca de 46 por cento no Novo Testamento. A


igreja primitiva colocou os Evangelhos no incio do Cnon do Novo Testamento, no
por serem eles os primeiros livros escritos, mas por serem o fundamento sobre o qual
Atos e as Epstolas so edificados. Os Evangelhos ao mesmo tempo se originam do
Antigo Testamento e o cumprem, bem como fornecem um cenrio histrico e teolgico
para o restante do Novo Testamento.
A palavra grega euaggelion se refere s boas novas ou alegres novas acerca de
Jesus Cristo, que foi oralmente proclamado. Mais tarde veio a ser tambm sido escritos
depois, a igreja primitiva considerou somente os quatro Evangelhos, da forma que os
conhecemos, como dotados de autoridade e divinamente inspirados.
Foram distinguidos uns dos outros pela preposio grega kata (segundo),
acompanhada pelo nome do escritor. A presente ordem dos quatro Evangelhos
remonta pelo menos ao final do segundo sculo, e cria-se ser esta a ordem em que
eles foram escritos. Embora haja quem teorize que os Evangelhos foram

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originalmente escritos em Aramaico, no h evidncia real para tal posio. Os
habitantes da Palestina eram primariamente bilnges (aramaico e grego), e muitos
eram trilnges (hebraico ou latim). O grego, porm, era o idioma comum de todo o
imprio, e por isso o mais adequado veculo para as narrativas evanglicas.
Os quatro relatos complementares fornecem um retrato composto da pessoa do
Salvador, operando juntos para fornecer profundidade clareza nossa compreenso da
mais singular figura da histria humana. Neles Jesus visto como divino e humano, o
Servo soberano, O Deus-homem.

8.2.1 O Livro do Evangelho de Mateus

O Evangelho de Mateus foi redigido principalmente para os judeus e anuncia a boa


nova de que Jesus o salvador prometido, o Messias ou Cristo to longamente
esperado pelos judeus. Com Jesus cumpriram-se todas as promessas feitas por Deus
ao seu povo no Antigo Testamento. O evangelho no traz o nome do autor, mas desde
os primeiros tempos se considerou que foi escrito por Mateus, o cobrador de impostos
que se tornou um dos doze amigos ntimos de Jesus. Se no escreveu todo o
evangelho, pelo menos quase certamente o autor da coleo de discursos de Jesus
includa na obra. O evangelho de Mateus foi escrito entre 50 e 100 d.C. Grande parte
do seu contedo muito semelhante ao evangelho de Marcos. Mas apresenta com
exclusividade dez parbolas, e certo nmero de episdios, bem como cinco grandes
discursos. Comea com a genealogia e o nascimento de Jesus (caps. 1-2). A seguir
descreve a obra de Joo Batista, o batismo de Jesus e o tempo de tentao passado
por Jesus no deserto (caps. 3-4). Grande parte do evangelho dedicada pregao,
aos ensinamentos e s curas operadas por Jesus na Galilia. Mateus o apresenta
como grande mestre, que tem muitas coisas a dizer sobre o reino de Deus, sobre seu
reino no mundo (caps. 4; 1418). O ensinamento de Jesus divide-se em cinco grandes
sees: Caps. 5-7: o sermo da montanha, que responde a muitas perguntas sobre o
reino e constitui a base do ensinamento moral de Jesus. Cap. 10: instrues dadas por
Jesus aos doze antes de envi-los em misso. Cap. 13: parbolas sobre o reino. Cap.
18: Jesus explica o que significa segui-lo. Caps. 24-25: palavras de Jesus sobre a
queda de Jerusalm, o fim desta era e o advento de nova era. Depois Mateus descreve
a viagem de Jesus da Galilia a Jerusalm (caps. 19-20), e os acontecimentos da
ltima semana naquela cidade.

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(caps. 21-27). A narrativa da morte de Jesus na cruz seguida pela da ressurreio, ou
seja, como ele voltou vida (cap. 28).

8.2.2 O Livro do Evangelho de Marcos


O Evangelho de Marcos, o segundo dos quatro evangelhos que contam a vida de
Jesus, mas provavelmente o primeiro em ordem cronolgica, evangelho de ao,
cheio de vida, que se concentra sobre o que Jesus fez e os lugares onde andou, e no
tanto sobre o que ele disse e pensou. o evangelho mais breve, composto de apenas
dezesseis captulos, e talvez tambm o mais antigo, provavelmente escrito entre 65-70
d.C. Os escritores dos primeiros sculos do cristianismo afirmam que obra de Joo
Marcos, com base no que ele ouvira do apstolo Pedro. O nome de Joo Marcos
ocorre freqentemente nos Atos e nas cartas do Novo Testamento. Tomou parte da
primeira viagem missionria de Paulo e mais tarde esteve com Pedro. Aps curta
introduo dedicada a Joo Batista, ao batismo e s tentaes de Jesus, os primeiros
nove caps. ocupam-se das curas e do ensinamento de Jesus na Galilia. Marcos
mostra como os discpulos comearam gradativamente a compreender melhor o
Mestre, enquanto os seus inimigos se tornavam cada vez mais hostis. Os caps. 11-15
descrevem a ltima semana de Jesus em Jerusalm e so seguidos pela narrativa da
sua ressurreio (cap. 16).

8.2.3 O Livro do Evangelho de Lucas

O evangelho de Lucas, a terceira das quatro narrativas da vida de Jesus, o mais


minucioso de todos. A histria do crescimento e da difuso do cristianismo aps o
retorno de Jesus ao cu o mesmo autor a continua no livro dos Atos. Os dois livros
foram dedicados a um funcionrio romano de nome Tefilo. O autor do evangelho
procurou informar-se bem sobre a histria e os fatos, e expe o que aconteceu na
Palestina durante a vida de Jesus. A tradio afirma que toda a obra foi escrita por
Lucas, o mdico que acompanhou Paulo em algumas de suas viagens. Comea com a
histria do nascimento e da infncia de Joo Batista e de Jesus (caps. 1-2), dando
muitas informaes que se encontram s neste evangelho. Os caps. 3 - 9 referem-se
ao batismo e s tentaes de Jesus, bem como sua pregao e seus ensinamentos
na Galilia. A viagem de Jesus da Galilia a Jerusalm ocupa 9.51

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19.46. Algumas parbolas de Jesus includas nesta parte so exclusivas de Lucas,
como a do bom samaritano, a do filho prdigo e a do rico insensato. A ltima semana
de Jesus em Jerusalm narrada de 19.47 a 23.56. Finalmente, o cap. 24 conta como
Jesus ressuscitou e voltou ao cu.

8.2.4 O Livro do Evangelho de Joo

O evangelho de Joo, a quarta histria neotestamentria da vida de Jesus, difere


bastante dos trs anteriores. Provavelmente foi escrito por ltimo, talvez em torno de 90
d.C. Preocupa-se mais com o sentido dos fatos que com os fatos em si, os quais
presumivelmente j eram bem conhecidos na poca. Comea apresentando Jesus
como a Palavra de Deus, existente antes do tempo e, contudo nascida no tempo sob
forma humana. O evangelho foi escrito para crerdes que Jesus o Cristo, o Filho de
Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome (Jo 20.31). O evangelho
provavelmente contm as recordaes de Joo, o irmo de Tiago e um dos doze
amigos mais ntimos de Jesus. No texto Joo no mencionado pelo nome e aparece
s como o discpulo que Jesus amava. No est excludo que tenha sido redigido por
um secretrio. Depois da introduo, que apresenta Jesus como a Palavra de Deus
(Jo 1.1-18), o evangelho prossegue descrevendo certo nmero de milagres chamados
sinais ou obras de Jesus, que mostram que ele realmente o Salvador prometido
(caps. 2-12). A histria da sua pregao e dos seus ensinamentos redigida de tal
modo que cada milagre seguido de explicao e discusso. Joo tambm descreve
como alguns creram em Jesus e outros o rejeitaram. No menciona nenhuma de suas
parbolas. Os caps. 13-19 tratam dos ltimos dias de Jesus com os discpulos em
Jerusalm, transmitindo-nos as suas palavras de encorajamento e os seus
ensinamentos dados s vsperas de sua morte na cruz. Os caps. 20-21 narram
algumas aparies de Jesus aos discpulos depois da ressurreio. Joo v nos
milagres sinais que mostram quem era Jesus.
Alm disso, utiliza uma srie de realidades comuns para indicar verdades ocultas sobre
Jesus: gua, po, luz, pastor e videira. Neste evangelho aparecem as famosas
afirmaes Eu sou..., recordando a definio de Deus dada no livro do xodo (cap. 3):
Eu sou aquele que . Joo apresenta Jesus como o caminho, a verdade e a vida.

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8.2.5 O Livro dos Atos dos Apstolos (Histrico)

O livro dos Atos continua a histria iniciada no evangelho de Lucas, sendo obra do
mesmo autor. Fala principalmente dos atos dos apstolos Pedro e Paulo. Por causa
da nfase dada ao poder de Deus, s vezes com razo chamado de Atos do Esprito
Santo. Conta como os discpulos de Jesus difundiram a boa nova primeiramente em
Jerusalm e depois nas regies circunjacentes da Judia e de
Samaria, at aos confins do mundo. Cobre um perodo de cerca de trinta anos, desde
o incio da Igreja, no dia de Pentecostes, at a priso de Paulo em Roma. Os Atos
foram escritos entre 60 e 85 d.C. Os primeiros sete captulos descrevem como o
movimento cristo teve inicio na prpria Jerusalm com a vinda, em poder, do Esprito
Santo no dia de Pentecostes. O grupo cristo comeou a cumprir a ordem de Jesus de
ensinar e pregar. A Igreja crescia e se difundia. Esta parte tambm descreve como
Estvo, um dos primeiros cristos, morreu pela sua f. Os caps. 8-12 narram como o
cristianismo, inicialmente devido perseguio, propagou-se na Judia (regio em
torno de Jerusalm) e na Samaria (onde pessoas pertencentes a uma nao inimiga e
desprezada pelos judeus foram acolhidas com alegria na Igreja). A dramtica
converso de Saulo (ou Paulo) na estrada de Damasco ' seguida da narrativa de como
Pedro entendeu que a mensagem crist era destinada a todas as naes e no s aos
judeus. A parte restante do livro trata das atividades missionrias de Paulo e das suas
viagens pelo mundo mediterrneo, dos seus processos e da sua priso em Roma
(caps. 13-28).

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9 - EPSTOLAS PAULINAS

Introduo

As Epstolas Paulinas foram os primeiros escritos do Novo Testamento. So 13


Epstolas na sua totalidade, de Romanos a Filemom. As mesmas foram escritas entre
52 e 67 d.C. Pela ordem cronolgica, consenso entre telogos, que o primeiro livro do
Novo Testamento o de 1 Tessalonicenses, escrito por volta de 52 d.C.; 2 Timteo foi
escrita em torno de 67 d.C., pouco antes do martrio do apstolo Paulo em Roma.
Essas Epstolas foram tambm as primeiras aceitas como cannicas. Pedro chama os
escritos de Paulo de "Escrituras" - ttulo aplicado somente Palavra inspirada de Deus!
(2Pe 3.15,16). Paulo um personagem to importante no Novo Testamento e na
histria da igreja que tem sido chamado de o segundo fundador do cristianismo. claro
que isso no a verdade, pois desconsidera a continuidade entre Jesus e Paulo e
menospreza injustamente as contribuies de homens tais como Pedro, Joo e Lucas.
Mas no h dvida de que Paulo desempenhou um papel vital no crescimento e
estabelecimento da igreja e na interpretao e aplicao da graa de Deus em Cristo.
Essas Epstolas constituem quase um quarto do Novo Testamento, colocando Paulo
logo atrs de Lucas em porcentagem do Novo Testamento escrito por um nico
indivduo. E, caso se acrescentem os 16 captulos de Atos (13-28) que so quase
inteiramente dedicados a Paulo, este aparece em quase um tero do Novo Testamento.

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Quem foi esse homem chamado Paulo? O prprio Paulo apresenta um esboo
rudimentar de sua origem e formao, mas em suas Epstolas, esses dados acham-se
dispersos. Os detalhes histricos bsicos esto convenientemente agrupados nos
discursos que Paulo proferiu (relatados por Lucas) diante de uma multido hostil de
judeus nos degraus do templo (At 22.1-21), do rei Agripa II e do procurador Romano
Festo (At 26.2-23).

9.1 A Epstola aos Romanos

Paulo escreveu esta carta aos cristos de Roma em torno do ano 57 d.C., depois das
chamadas trs viagens missionrias principais. Ainda no tinha viajado a Roma, mas
pretendia faz-lo. Enviou assim a famosa epstola a fim de preparar a comunidade
crist da capital do mundo, comunidade da qual conhecia alguns membros (cf. cap. 16),
para a sua visita. A carta expe amplamente a concepo paulina da mensagem crist,
e foi redigida depois das cartas aos Tessalonicenses, aos Glatas e aos Corntios.
Poderamos defini-la como o manifesto de Paulo, pois nos d a conhecer de maneira
mais completa, clara e raciocinada, o seu modo de entender as verdades crists
fundamentais. Comea saudando os cristos de Roma e lhes anuncia aquilo que ser a
base da sua carta: ... porque nele a justia de
Deus se revela da f para a f, conforme est escrito: 'O justo viver da f' (Rm 1.17).
A seguir demonstra que todos, judeus e no-judeus, precisam de Deus por causa de
seus pecados. Podemos ser justificados perante Deus pela f em Jesus Cristo (caps. 34). O perdo gratuito e a nova vida dada por Deus mediante Cristo, a importncia das
leis divinas e da ao do Esprito divino na vida de todo cristo constituem o objeto dos
caps. 5-8, enquanto os caps. 9-11 tratam da posio atual de Israel no plano de Deus.
Paulo acha que os judeus no rejeitaro Jesus para sempre. Depois continua (caps. 1215) com algumas francas exortaes a propsito do comportamento dos cristos:
relaes com as autoridades, deveres recprocos e modo de viver num mundo nocristo. Por fim esclarece algumas complicadas questes de conscincia. A carta
termina de maneira caracterstica, com saudaes pessoais a amigos e palavras de
louvor a Deus (cap. 16).

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9.2 A Primeira Epstola aos Corntios

Foi escrita por Paulo aos cristos de Corinto, cidade grega fervilhante de gente das
mais variadas nacionalidades e notria pelo seu comrcio, sua cultura, suas muitas
religies e pela sua imoralidade. A Igreja de Corinto fora fundada pelo Apstolo durante
a sua permanncia de dezoito meses na cidade, no decurso da segunda viagem
missionria. Agora Paulo recebia ms notcias e, quando alguns membros chegaram de
Corinto para pedir-lhe conselhos, entregou-lhes esta carta importante, que trata das
principais questes daquela comunidade eclesial: divises (caps. 1-4), problemas
morais e de vida familiar (caps. 5-7), inclusive um caso de incesto e de cristos que
intimavam a juzo outros cristos perante tribunais pagos. Paulo tambm resolveu um
problema de conscincia que preocupava os cristos a respeito do alimento (caps. 810). A maior parte da carne vendida no comrcio tinha sido oferecida antes aos dolos.
Era permitido com-la? Os caps. 11-14 propem princpios para culto ordenado na
igreja, especialmente durante a ceia do Senhor. Tratam tambm dos dons especiais
concedidos por Deus ao seu povo. A carta delineia um quadro claro, nem sempre
edificante, do modo como os primeiros cristos se reuniam e se comportavam. Explica
tambm o sentido da ressurreio de Jesus e de todos aqueles que morrem confiando
nele (cap. 15). No ltimo captulo o Apstolo fala igreja de Corinto sobre uma coleta
que faz para os cristos pobres da Judia e termina com saudaes pessoais. O
captulo 13 em louvor da caridade, o dom mais precioso concedido por Deus ao seu
povo, um dos textos paulinos mais famosos.

9.3 A Segunda Epstola aos Corntios

Paulo ditou-a cerca de um ano depois da primeira (em torno de 56 d.C.), num momento
em que as relaes entre ele e a Igreja de Corinto tinham chegado a ponto crtico.
Durante aquele ano alguns cristos daquela comunidade tinham-no atacado duramente
e, ao que parece, Paulo lhes fizera curta visita. A carta mostra o seu grande desejo de
estar bem com esta igreja. Nos caps. 1-7 recorda a histria das suas relaes com a
comunidade de Corinto, explica o sentido das palavras severas usadas anteriormente,
manifesta sua gratido pelas mudanas verificadas e se prope fazer a terceira visita,
mais tranqila. A seguir pede aos destinatrios que

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demonstrem generosidade para com as necessidades dos cristos da Judia (caps. 89). Nos caps. finais (10-13) Paulo defende com ardor seu ttulo de apstolo. Numerosos
cristos da cidade tinham questionado o seu direito a este ttulo. Esta carta, com suas
palavras, s vezes tempestuosas, outras vezes suaves, das mais pessoais de Paulo.
Nela deixa transparecer todo seu amor e preocupao pela Igreja e revela seus
sofrimentos e sua f inabalvel.

9.4 A Epstola aos Glatas

Esta carta representa um dos primeiros esboos do pensamento paulino, mais tarde
desenvolvido na carta aos Romanos. Talvez seja de aproximadamente 57 d.C. (outros
pensam que foi escrita cerca de dez anos antes). Foi enviada a um grupo de igrejas da
provncia romana da Galcia (atual Turquia central), algumas das quais foram visitadas
por Paulo. Ele havia-lhes ensinado que o dom divino da nova vida era destinado a
todos que cressem e muitos ouvintes haviam correspondido. Mas depois vieram
doutores judeus afirmando que os cristos deviam observar as leis do Antigo
Testamento. Por isto a carta responde a uma pergunta de vital importncia: Os nojudeus devem obedecer lei judaica de Moiss para serem verdadeiros cristos? Paulo
comea defendendo o seu direito de apstolo, que fala com autoridade divina, investido
de misso especial junto aos no-judeus (caps. 1-2). A seguir argumenta (caps. 3-4):
Somos justificados unicamente pela f em Cristo. A vida nova dom de Deus para
todos aqueles que crem. Nada podemos fazer para ganh-la por ns mesmos. Conclui
mostrando que a conduta dos cristos deriva do amor, que fruto da f em Cristo
(caps. 5-6). A carta aos Glatas uma perorao sobre a liberdade crist: para a
liberdade que Cristo nos libertou. Permanecei firmes, portanto, e no vos deixeis
prender de novo ao jugo da escravido (Gl 5.1).

9.5 A Epstola aos Efsios

Trata-se provavelmente de carta circular dirigida a um grupo de igrejas da regio da


atual Turquia ocidental. A igreja de feso era a mais importante do grupo.
semelhana das cartas aos Filipenses, aos Colossenses e a Filemom, Paulo

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escreveu-a da priso, provavelmente em Roma, no incio da dcada de 60 d.C. O
grande tema o plano de Deus de reconciliar em Cristo todas as coisas, as que esto
nos cus e as que esto na terra (Ef 1.10). Comea com esta idia da unidade (caps.
1-3). Deus Pai escolheu o seu povo. Jesus, o Filho, libertou-o dos pecados e destruiu
as barreiras raciais, religiosas e culturais. O Esprito de Deus age na vida de todo
cristo para lev-lo de vitria em vitria. A segunda parte da carta convida os fiis a
viver de modo tal que sua unio em Cristo possa transparecer do seu amor recproco.
Devemos sair das trevas e caminhar na luz! Paulo usa uma srie de imagens para
ilustrar esta unio em Cristo: o corpo, o edifcio, as relaes entre marido e mulher.
Toda a vida e experincia humana so vistas na luz de Cristo, do seu amor, da sua
morte na cruz, do seu perdo e da sua pureza. Paulo termina convidando os cristos a
vestirem a armadura de Deus para que possam resistir no dia mau e sair firmes de
todo o combate.

9.6 A Epstola aos Filipenses

Paulo fundou a igreja grega de Filipos, a primeira igreja da Europa, em torno do ano 50
d.C. Escreveu esta carta da priso, segundo alguns, de Roma, em torno de 61-63 d.C.,
segundo outros, de feso, cerca de 54 d.C. Explica a sua situao aos filipenses e
agradece-lhes pelos presentes enviados. Exorta-os a perseverarem na f, a no serem
orgulhosos e a seguirem o exemplo de Jesus, que foi humilde e percorreu o caminho
da obedincia. Descreve a alegria e a paz daqueles que confiam em Cristo. Embora
estivesse preocupado com os falsos doutores que agiam na igreja de Filipos,
transparece claramente o seu afeto por aqueles cristos. No obstante o fundo escuro
da priso, a carta est cheia de alegria, de confiana e de esperana crist.

9.7 A Epstola aos Colossenses

Paulo ditou na priso esta carta aos cristos de Colossos, provavelmente em Roma,
em torno do ano 61 d.C. ainda que no tivesse fundado esta igreja (regio ocidental da
Turquia), preocupava-se com ela, porque quem a iniciou foi um dos seus

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convertidos, Epafras, e ainda porque em Roma encontrara um escravo fugitivo dessa
cidade. Fora informado de que em Colossos agiam falsos doutores, os quais afirmavam
que para conhecer a Deus era necessrio adorar estranhos poderes espirituais e
praticar determinados ritos. Esses homens introduziam idias derivadas de outras
filosofias e religies. Por isso Paulo expe a verdadeira mensagem crist (Cl 12.19).
Jesus, e s ele, pode salvar o homem e dar-lhe a verdadeira vida. Por meio de Jesus
Cristo Deus criou o mundo. Prossegue explicando o que significa esta vida nova na
prtica (Cl 2.204.6). Ela influi sobre tudo o que fazemos e dizemos, sobre os
sentimentos e sobre as relaes domsticas, profissionais e eclesiais. A carta termina
com notcias pessoais (Cl 4.7-18).

9.8 A Primeira Epstola aos Tessalonicenses

Tessalnica era a capital da provncia romana da Macednia. Paulo fundara uma igreja
a durante a sua segunda viagem missionria. Depois de ter chegado a Corinto, soube
atravs de Timteo que os judeus continuavam a criar problemas por causa do grande
interesse dos no-judeus pela mensagem de Paulo. Em resposta, Paulo escreveu esta
carta. uma das suas primeiras cartas que nos foi conservada, tendo sido escrita em
torno do ano 50 d.C., apenas vinte anos depois da morte de Jesus. Paulo procura
encorajar e tranqilizar os cristos de Tessalnica. Agradece a Deus pelas boas
notcias recebidas a respeito deles e lembra a sua visita (caps. 1-3). Exorta-os a viver
de modo a agradecer a Deus (1Ts 4.1-12) e trata de alguns problemas sobre a
esperada volta de Jesus (1Ts 4.135.11). Quando retomar? O que acontecer aos
cristos antes da sua volta? Termina a carta com algumas instrues prticas, orao e
saudaes (1Ts 5.12-28).

9.9 A Segunda Epstola aos Tessalonicenses

Apesar da primeira carta de Paulo (1 Carta aos Tessalonicenses, acima), os cristos


de Tessalnica continuavam confusos quanto volta de Jesus. Alguns pensavam que o
dia do seu retorno j tinha chegado. Nesta segunda carta, escrita poucos meses depois
da primeira, Paulo lembra que a volta de Jesus ser precedida

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por um tempo de grande maldade (cap. 2). Termina exortando os cristos a guardar a
f e a trabalhar (cap. 3).

9.10 A Primeira Epstola a Timteo

Timteo era um jovem cristo, filho de pai grego e me judia, originrio de Listra, cidade
da provncia da Galcia (regio central da Turquia). Viajou com Paulo e ajudou nas
suas viagens missionrias posteriores. Era tmido e no gozava de boa sade,
necessitando de ser encorajado e apoiado. Quando Paulo lhe escreveu, Timteo
cuidava da igreja de feso. A carta d muitos conselhos e orientaes para a vida
eclesial. Adverte contra falsas doutrinas, em particular contra uma mistura de idias
judaicas e gnsticas sobre a salvao e sobre a natureza do mundo fsico. O
destinatrio recebe instrues sobre a organizao e o governo da igreja (caps. 1-3) e a
carta termina com recomendaes mais pessoais a Timteo sobre seu servio na igreja
(caps. 4-6).

9.11 A Segunda Epstola a Timteo

Grande parte desta carta contm conselhos pessoais de Paulo a Timteo. Exorta
Timteo a permanecer fiel boa nova de Jesus Cristo e a perseverar na atividade de
mestre e evangelizador, apesar da oposio e da perseguio. Acautela-o contra
discusses inteis e encoraja-o com o exemplo de sua prpria f, que continua firme
depois de uma vida cheia de sofrimentos: Terminei minha carreira, guardei a f. Desde
j me est reservada a coroa da justia (2Tm 4.7-8).

9.12 A Epstola a Tito

Tito era cristo grego, que ajudou Paulo no seu trabalho missionrio. Paulo escreveu
esta carta a Tito em Creta, onde este ajudava na superviso da igreja. Esta
comunidade tinha problemas semelhantes aos enfrentados por Timteo em feso:

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doutrinas falsas e discusses inteis. Paulo lembra ao discpulo que os chefes cristos
devem ter bom carter (cap. 1). Explica os deveres que tem para com os diferentes
grupos de cristos (cap. 2) e termina com exortaes e conselhos gerais sobre o
comportamento dos cristos.

9.13 A Epstola a Filemom

carta particular de Paulo ao seu amigo Filemom, cristo convertido de Colossos (na
Turquia ocidental). Filemom possua um escravo de nome Onsimo que fugira.
Onsimo encontrara Paulo na priso e tornara-se cristo. Paulo escreve ao amigo para
exort-lo a perdoar ao fugitivo e acolh-lo como irmo cristo. A carta provavelmente foi
levada a Colossos pelo prprio Onsimo, juntamente com a carta dirigida igreja local.

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10 - HEBREUS, EPSTOLAS GERAIS E APOCALIPSE

10.1 Epstola aos Hebreus

Na verso do Pe. Figueiredo intitulada Epstola de S. Paulo. Na verso de Almeida,


annima, porque nos manuscritos mais antigos seu autor no mencionado.
Figueiredo baseou-se no ttulo da Epstola como se encontra na
Vulgata, Epstola Pauli ad Hebraeos. A Igreja Oriental aceitou, desde o princpio, a
autoria paulina para esta Epstola. S no 4 Sculo a Igreja Ocidental aceitou-a como
obra de Paulo. Eusbio considerava Paulo seu autor. Tertuliano chamou-a Epstola de
Barnab. Clemente de Alexandria pensava que Paulo a escreveu em hebraico, e Lucas
a traduziu para o grego ( escrita em excelente grego). Orgenes disse que os
pensamentos dela eram os de Paulo, e considerava este seu provvel autor, mas
acrescentou, Quem a escreveu, s Deus sabe com certeza. Lutero supunha fosse
Apolo, no havendo para esta opinio nenhuma evidncia antiga. Ramsay sugere o
nome de Filipe. Harnack e Rendel Harris sugerem Prisca. Alguns a atribuem a Lucas,
ou Silas, ou Clemente de Roma. Ferrar Fenton pensa que somente Paulo podia
escrev-la, e que o fez, originalmente, em hebraico, mandando algum dos seus
auxiliares traduzi-la para o grego. Em geral, a opinio tradicional e multissecular, ainda
hoje largamente admitida, a favor de Paulo.
Evidentemente, foi escrita antes da destruio de Jerusalm, ocorrida em 70 d.C. Se
Paulo a escreveu, parece provvel que o fez de Roma, 62-64 d.C. O sentido natural,
ainda que no necessrio, da frase os da Itlia vos sadam, 13.24, que a carta foi
escrita da Itlia. Timteo estava com o autor, 13.23. Fora com Paulo a Jerusalm, At
20.4, de onde o acompanhou a Roma, Cl 1.1. Acabara de ser solto, e Paulo planejava
envi-lo de volta ao oriente, Fp 2.19, 24, esperando que em breve ele tambm iria. E
parece que ele e Timteo tinham o plano de voltar a Jerusalm, 13.23, uma vez que os
lderes, a quem a carta se dirige, eram amigos de Paulo, o que se poderia inferir de
13.19. Esta Carta pode ter sido escrita, mais ou menos, ao tempo da Epstola aos
Filipenses.

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10.1.1 Epstolas Gerais

A Epstola de Tiago est em primeiro lugar no grupo de sete livros do Novo Testamento
denominado as Epstolas Gerais ou Catlicas. As igrejas evanglicas estiveram
hesitantes, por razes bvias, em usar o termo catlicas na descrio destas sete
cartas. O termo em si uma transliterao do adjetivo grego katoliks, que significa
geral' ou universal. Dois adjetivos latinos (generalis, universalis) traduzem a palavra
grega perfeitamente, mas a Vulgata transliterou o grego como catholicas. da Vulgata
que o ttulo Epstolas Catlicas tornou-se uso comum entre os tradutores e estudiosos.
O termo catlicas foi pela primeira vez aplicado s sete cartas como um grupo por
Eusbio (265-340 d.C.), embora escritores mais antigos tenham chamado as cartas
individuais deste grupo de gerais. Um comentrio annimo do stimo sculo sobre a
Epstola de Tiago afirma que o termo foi usado porque estas cartas so encclicas; ou
seja, no so endereadas a igrejas ou pessoas individuais, mas escritas coletivamente
a todas as igrejas. Esta descrio geral vale para Tiago, 1 e 2 Pedro, 1 Joo e Judas. 2
e 3 Joo, contudo, so endereadas a um grupo, ou pessoa, particular e, assim, no
caem dentro da definio. Mas estas duas cartas foram consideradas como anexas a 1
Joo e foram agrupadas juntamente com ela.
A posio destas sete cartas, nas edies modernas do Novo Testamento, segue a
ordem da Vulgata. Esta a ordem geralmente adotada pela igreja ocidental
(Evangelhos, Atos, Epstolas Paulinas, Epstolas Gerais, Apocalipse), que parece
representar a primazia que a igreja ocidental deu a Paulo. Na igreja oriental, estas sete
cartas seguiam-se a Atos. Como um grupo de oito (chamado praksapstoloi), elas
normalmente eram colocadas entre os Evangelhos e as cartas paulinas, mas s vezes
depois de Paulo. Os dois grandes manuscritos unciais gregos do quarto sculo diferem
neste ponto. O Vaticanus tem os Evangelhos, Atos, Epstolas Gerais e Epstolas
Paulinas (faltam, neste manuscrito, Hebreus 9.14-13.25, as Pastorais, Filemom e
Apocalipse). O Sinaiticus tem os Evangelhos, Epstolas Paulinas, Atos, Epstolas
Gerais e Apocalipse.

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10.2 Epstola de Tiago

Tiago dirigida s doze tribos que se encontram na Disperso (Tg 1.1) e claro nos
vs. 1.19 e 2.1,7 que esta saudao se refere aos cristos hebreus que estavam fora da
Palestina. Seu lugar de reunio chamado de sinagoga no texto grego de
Tg 2.2, e toda a epstola reflete o pensamento e expresses judaicas (Tg 2.19, 21; 4.1112; 5.4, 12). No h referncias escravido ou idolatria, e isso tambm se adapta a
uma leitura originalmente judaica. possvel que os destinatrios fossem os primeiros
convertidos em Jerusalm, que, aps a morte de Estvo, foram dispersos pela
perseguio (At 8.1) at a Fencia, Chipre, Antioquia da Sria e alm (At 11.19). Isso
explicaria a nfase inicial da carta quanto ao sofrer com alegria as provaes que
testam a f e que demandam perseverana (Tg 1.2-12), o conhecimento pessoal que
Tiago demonstra ter pelos crentes dispersos, e o tom de autoridade da carta. Como
pastor da igreja de Jerusalm, Tiago escreve s suas ovelhas dispersas.
Segundo o historiador Flvio Josefo, Tiago foi martirizado em 62 d.C. (Hegesipo, citado
em Eusbio, fixou a data da morte de Tiago em 66 d.C.). Aqueles que o aceitam como
autor da epstola tm sugerido uma data para sua redao entre 45 d.C. e o final de
sua vida. Entretanto, vrios fatores indicam que essa epstola pode ter sido escrita
(cerca de 46-49 d.C.).

10.3 Primeira Epstola de Pedro

A Igreja primitiva reconhecia universalmente a autenticidade e a autoria de 1 Pedro. As


evidncias internas apiam esse consistente testemunho externo de vrias maneiras. O
nome do apstolo Pedro dado em 1Pe 1.1, e h semelhanas definitivas entre certas
expresses nesta epstola e os sermes de Pedro, conforme registrados no Livro de
Atos (1Pe 1.20 e At 2.23; 1Pe 4.5 e At 10.42). Duas vezes em Atos Pedro usou a
palavra grega xy/on, madeiro, rvore, para falar sobre a cruz, e esse uso distinto
encontrado em 1 Pedro (cf. At 5.30; 10.39; 1Pe 2.24). A epstola contm um nmero de
aluses aos acontecimentos da vida de Cristo que tiveram especial importncia para
Pedro (1Pe 2.23; 3.18; 4.1; 5.1; cf. 5.5 e Jo 13.4).

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Entretanto, os crticos desde o sculo dezenove vm desafiando a autenticidade de 1
Pedro por vrias razes. Uns dizem que 1Pe 1.1-2 e 4.12-5.14 foram acrscimos feitos
mais tarde que tomaram um pronunciamento annimo ou um sermo batismal em uma
epstola de Pedro. Outros argumentam que os sofrimentos experimentados pelos
leitores desta epstola devem se referir perseguio dos cristos que ocorreu depois
da poca de Pedro, nos reinados dos imperadores Domiciano (81-96 d.C.) e Trajano
(98-117 d.C.). No h base para o primeiro argumento e o segundo argumento deduz
falsamente que os cristos no estavam sendo insultados por causa da sua f durante
a vida de Pedro. Um outro desafio afirma que a qualidade do grego desta epstola
muito elevada para um Galileu como Pedro. Mas os galileus eram bilnges (aramaico e
grego), e escritores como Mateus e Tiago eram muito capacitados no uso do grego.
tambm provvel que Pedro tenha usado Silvano como escriba (1Pe 5.12; Paulo o
chama de Silvano em 2Co 1.19; 1Ts 1.1; 2Ts 1.1; Lucas o chama de Silas em At 15.4018.5), e Silvano pode ter atenuado o discurso de Pedro nesse processo.
Esta epstola foi dirigida aos cristos da sia Menor, indicando que o evangelho se
espalhou por regies no-evangelizadas quando Atos foi escrito (Ponto, Capadcia,
Bitnia; 1Pe 1.1). possvel que Pedro tenha visitado e ministrado em algumas dessas
reas, mas no h evidncia. Ele escreveu esta epstola em resposta s notcias da
crescente oposio aos crentes na sia Menor (1Pe 1.6; 3.13-17; 4.12-19; 5.9-10). A
hostilidade e a suspeita aumentavam contra os cristos no Imprio, e eles estavam
sendo insultados e maltratados por causa de seu estilo de vida e conversa subversiva
sobre outro Reino. O Cristianismo ainda no tinha recebido a interdio oficial romana,
mas o palco estava sendo montado para a perseguio e martrio no futuro prximo.
A vida de Pedro foi mudada drasticamente aps a ressurreio, e ele ocupava um
papel central na Igreja primitiva e no anncio do evangelho para os samaritanos e
gentios (At 2-10). Aps o Conclio de Jerusalm, registrado em At 15, bem pouco se diz
em relao s atividades de Pedro. Ele, evidentemente, viajou extensivamente com sua
esposa (1Co 9.5) e ministrou em vrias provncias romanas. Segundo a tradio, Pedro
foi crucificado de cabea para baixo em Roma antes da morte de Nero, em 68 d.C. Esta
epstola foi escrita em Babilnia (1Pe 5.13), mas os estudiosos esto divididos a
respeito dessa parte se referir literalmente Babilnia na Mesopotmia ou
simbolicamente a Roma. No h tradio de que Pedro foi para

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a Babilnia, e, na sua poca, ela possua poucos habitantes. Por outro lado, a tradio,
consistentemente, indica que Pedro passou seus ltimos anos de vida em
Roma. Como um centro de idolatria, o termo Babilnia era uma designao figurada
apropriada para Roma (o uso de Babilnia em Ap 17; 18).

10.4 Segunda Epstola de Pedro

Nenhum outro livro no Novo Testamento cria mais problemas de autenticidade do que 2
Pedro. Diferentemente de 1 Pedro, essa epstola possui um testemunho externo muito
fraco, e a genuinidade maculada por dificuldades internas tambm. Por causa desses
obstculos, muitos estudiosos rejeitam a autoria de Pedro para essa epstola, mas isso
no significa que no haja evidncia para a posio oposta.
O testemunho externo para a autoria de 2 Pedro mais fraco do que qualquer outro
livro do Novo Testamento, mas at o quarto sculo ela se tornou reconhecida como
uma obra autntica do apstolo Pedro. No h qualquer citao do segundo sculo, de
2 Pedro que seja incontestvel, mas no terceiro sculo ela citada em escritos de
vrios pais da Igreja, principalmente Orgenes e Clemente de Alexandria. Os escritores
do terceiro sculo estavam freqentemente conscientes a respeito de 2 Pedro e
respeitavam seu contedo, mas ainda era catalogada como um livro contestvel. O
quarto sculo via o reconhecimento oficial da autoridade de 2 Pedro apesar de algumas
dvidas. Por vrias razes, 2 Pedro no foi rapidamente aceita como um livro cannico.
(1) A sua lenta circulao evitou que ela fosse mais conhecida. (2) Sua brevidade e
contedo limitam grandemente o seu nmero de citaes nos escritos dos lderes da
Igreja primitiva. (3) O atraso no reconhecimento significou que 2 Pedro tinha de
competir com outras obras escritas mais tarde que reivindicavam a autoria de Pedro (p.
ex., o Apocalipse de Pedro). (4) Diferenas de estilo entre 1 e 2 Pedro tambm
levantaram dvidas.
Por outro lado, 2 Pedro traz testemunho abundante de sua origem apostlica. Ela
reivindica ser Simo Pedro (1.1), e 3.1 diz. Amados, esta , agora, a segunda
epstola que vos escrevo. O autor se refere profecia do Senhor sobre a morte do
apstolo em 1.14 (Jo 21.18-19) e diz que ele foi uma testemunha ocular da
Transfigurao (1.16-18). Como um apstolo (1.1), ele se coloca num nvel de
igualdade com Paulo (3.15). H tambm palavras distintas que so encontradas em

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2 Pedro e nos sermes de Pedro em Atos, assim como palavras incomuns, e
expresses compartilhadas entre 1 a 2 Pedro.
No lado negativo, numerosas reas problemticas desafiam a posio tradicional. (1)
H diferenas entre o estilo e vocabulrio de 1 e 2 Pedro. O grego de 2 Pedro rude e
deselegante, comparado com o de 1 Pedro, e h tambm diferenas na informalidade e
no uso do Antigo Testamento. Mas essas diferenas so geralmente exageradas e
podem ser explicadas. Pelo fato de Pedro ter usado Silvano como seu secretrio para a
1 Pedro e suas prprias mos na 2 Pedro. (2) Argumenta-se que a 2 Pedro usou uma
passagem de Judas para descrever falsos mestres e que a Epstola de Judas foi escrita
aps a morte de Pedro. Entretanto, esta uma questo discutvel, e possvel que
Judas tenha citado Pedro ou que ambos usaram uma fonte em comum. (3) A referncia
a uma coleo de epstolas de Paulo (3.15-16) implica numa data tardia para essa
epstola. Mas no necessrio concluir que todas as epstolas de Paulo estivessem
sendo consideradas aqui. O contato de Pedro com Paulo e seus associados,
indubitavelmente, o fizeram conhecer vrias epstolas paulinas. (4) Alguns estudiosos
dizem que os falsos ensinamentos mencionados na 2 Pedro eram uma forma de
gnosticismo que emergiu aps a poca de Pedro, mas h evidncia insuficiente para
apoiar essa posio. Uma alternativa para a autoria de Pedro uma falsificao feita
mais tarde em seu nome. Mesmo a sugesto de que a 2 Pedro tenha sido escrita por
um dos discpulos de Pedro no pode superar o problema de deturpao. Alm do
mais, a 2 Pedro claramente superior a qualquer escrito pseudnimo.
Apesar dos problemas internos e externos, a posio tradicional da autoria de Pedro
supera mais dificuldades do que qualquer outra opo. Essa epstola foi escrita pouco
antes da morte do apstolo (1.14), provavelmente em Roma. Seu martrio aconteceu
entre 64 e 66 d.C. (se Pedro estava vivo em 67 quando Paulo escreveu a Segunda
Timteo durante seu segundo crcere romano, improvvel que Paulo o tivesse
mencionado).

10.5 As Epstolas Joaninas

Cinco livros do Novo Testamento so atribudos ao apstolo Joo. O Evangelho de


Joo, o Apocalipse e as trs chamadas Epstolas de Joo. Estes cinco livros,
conhecidos como a literatura joanina, contm os trs tipos de literatura encontrada

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no Novo Testamento: histrica, epistolar e apocalptica. As trs Epstolas esto
includas no grupo de escritos neotestamentrios denominados Epstolas Gerais. Esta
classificao pode ter sido til para separar e identificar os vrios livros do cnon, mas
as trs Epstolas, na realidade, no incidem na categoria de gerais ou universais
(catlicas). A primeira no tem a caracterstica costumeira de uma carta (identificao
introdutria do autor e receptores, encerramento com despedida) e a segunda e a
terceira so breves, pessoais e dirigidas a leitores especficos. As trs Epstolas so
fortemente reminiscentes do Evangelho de Joo e, como este, nunca cessaram de
fazer arder os coraes dos cristos com o tema central do amor. Como o quarto
Evangelho, elas so de estrutura simples, mas de pensamento profundo. A teologia e o
pensamento destas Epstolas tornam-nas importantes no estudo do Novo Testamento e
mostram as ameaas de heresia e do abuso de autoridade, como o fazem poucos
outros livros do Novo Testamento.
Que as trs Epstolas provm do mesmo autor evidente, mediante uma leitura
cuidadosa. As irms gmeas, 2 e 3 Joo, com certeza tm o mesmo autor, que se
denomina o ancio (2 Joo 1; 3 Joo 1). As comparaes destas duas Epstolas
mostram, to conclusivamente quanto possvel, com material to sucinto, o mesmo
autor (2 Joo 1; 2 Joo 1; 2 Joo 4; 3 Joo 3; 2 Joo 10,11; 3 Joo 5,6; 2 Joo 12; 3
Joo 13,14). A Terceira Epstola foi endereada a um indivduo, e isto pode explicar
suas diferenas com a Segunda Epstola, que foi escrita a uma Senhora Eleita. As
semelhanas entre as duas s podem ser explicadas como ambas sendo provenientes
da mesma mo, precisamente porque o assunto e o nmero de leitores so to
diferentes. Quando estas duas cartas (e mais particularmente 2 Joo) so colocadas
num estudo comparativo com a Primeira Carta, que mais extensa, dificilmente se
pode duvidar de que todas provieram do mesmo autor (1 Joo 1.4; 2 Joo 12; 1 Joo
1.6,7; 2.6,11; 2 Joo 4; 1 Joo 2.7; 2 Joo 5,6; 1 Joo 2.14, 24; 2 Joo 2; 1 Joo 2.18;
4.1-5; 2 Joo 7; 1 Joo 2.23; 2 Joo 9; 1 Joo 3.6,9; 2 Joo 11). Dos treze versculos
de 2 Joo, pelo menos oito podem ser combinados com versculos de 1 Joo.
inescapvel o fato de que todas as trs Epstolas vieram da mesma mo.

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10.5.1 O tempo de 1 Joo

Em At 8.14, Joo associado com os apstolos, que estavam em Jerusalm, e Paulo


o chama de coluna da Igreja de Jerusalm em GI 2.9. Com exceo de Ap 1, o Novo
Testamento silencia a respeito desses ltimos anos, mas a tradio crist primitiva,
uniformemente, nos diz que ele saiu de Jerusalm (provavelmente no muito antes de
sua destruio, em 70 d.C.) e que ministrou em feso e, nas suas vizinhanas. As sete
igrejas da provncia romana da sia, mencionadas em Ap 2-3, eram evidentemente
uma parte desse ministrio. Embora no haja um destinatrio em 1 Joo, provvel
que o apstolo tenha dirigido sua epstola s igrejas asiticas que estavam no mbito
de sua superviso.

10.5.2 O tempo de 2 Joo

Julgando pelo contedo e circunstncias de 2 Joo, ela era evidentemente


contempornea de 1 Joo ou foi escrita no muito tempo depois. Foi, provavelmente,
escrita por volta do ano 90 d.C.

10.5.3 O tempo de 3 Joo

Os paralelos entre Joo 2 e 3 sugerem que essas epstolas foram escritas na mesma
poca (90 d.C.). Escritores cristos primitivos so unnimes em seu testemunho de que
o quartel general de Joo ao fim de seu ministrio era em feso, a principal cidade da
provncia romana da sia. Evidentemente, Joo enviava um nmero de mestres
viajantes para espalharem o evangelho e para solidificarem as igrejas asiticas, e esses
mestres eram apoiados por cristos que os recebiam em seus lares.

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10.6 O Livro de Judas

Apesar do assunto e tamanho limitados, Judas foi aceita como autntica e citada pelos
pais da Igreja primitiva. Pode haver aluses mais antigas, mas referncias evidentes a
essa epstola aparecem no final do segundo sculo. Ela foi includa no Cnon
Muratoriano (cerca de 170 d.C.) e aceita como parte das Escrituras pelos antigos
lderes, tais como Tertuliano e Orgenes. Entretanto, dvidas surgiram em relao ao
lugar de Judas no Cnon, por causa de seu uso dos Apcrifos. Ela foi um livro
contestado em algumas partes da Igreja, mas, finalmente, ganhou o reconhecimento
universal.

10.6.1 O tempo de Judas

Por causa do silncio do Novo Testamento e da tradio a respeito dos ltimos dias de
Judas, no podemos saber onde a epstola foi escrita. Nem h qualquer forma de saber
a data exata: Partindo do princpio de que 2 Pedro veio primeiro. (64-66 d.C.), a poca
provvel 66-80 d.C. (O silncio de Judas em relao Jerusalm no prova que ele
escreveu essa epstola antes de 70 d.C.).

10.7 O Livro do Apocalipse (Profecia)

O Apocalipse o ltimo livro do Novo Testamento e singular entre os demais. Ele , ao


mesmo tempo, uma revelao do futuro (1.1,19), uma profecia (1.3; 22.7, 10, 18, 19) e
um conjunto de sete cartas (1.4,11; 2.1-3.22). (Apocalipse deriva da palavra grega
apokalupsis, traduzida por revelao em 1.1). O livro uma revelao divina quanto
natureza do seu contedo, uma profecia quanto sua mensagem e uma epstola
quanto aos seus destinatrios.
Cinco fatos importantes no tocante ao contexto deste livro so revelados no captulo 1.

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1) a revelao de Jesus Cristo (1.1).
2) Essa revelao foi comunicada ao autor, de modo sobrenatural, por Cristo
glorificado, por anjos e vises que ele teve (1.1, 10-18).
3) A comunicao foi concedida ao servo de Deus, Joo (1.1, 4, 9; cf. 22.8).
4) Joo teve as vises e recebeu a mensagem apocalptica quando exilado
na ilha de Pat mos (80 quilmetros a sudoeste de feso), por causa da
Palavra de Deus e do testemunho do prprio Joo (1.9).
5) Os destinatrios iniciais foram sete igrejas da provncia da sia (1.4, 11).
As evidncias histricas e internas do livro indicam o apstolo Joo como o seu autor.
Irineu verifica que Policarpo (Irineu conheceu a Policarpo, e este conheceu o apstolo
Joo) referiu-se a Joo, escrevendo o Apocalipse perto do fim do reinado de
Domiciano, imperador romano (81-96 d.C.).
O livro retrata as circunstncias histricas do reinado de Domiciano, o qual exigiu que
todos os seus sditos lhe chamassem de Senhor e Deus. Sem dvida, o decreto do
imperador originou um confronto entre os que se dispunham a ador-lo e os crentes
fiis que confessavam que somente Jesus era Senhor e Deus. Destarte, o livro foi
escrito num perodo em que os crentes enfrentavam intensa perseguio por causa de
seu testemunho. A tribulao aparece atravs do contexto do livro de Apocalipse (1.19;
2.10, 13; 7.14-17; 11.7; 12.11, 17; 17.6; 18.24; 19.2; 20.4).

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11 - O CNON BBLICO

11.1 O Cnon Bblico do Antigo Testamento

A palavra "cnon" de origem crist e derivada do vocbulo grego "kanon" que por sua
vez provavelmente veio emprestado do hebraico "kaneh", que significa junco ou vara
de medir; (Ez 40.5) da tomou o sentido de norma ou regra. Mais tarde veio a significar
regra de f e, finalmente, catlogo ou lista (Gl 6.16)
A palavra cnon, usada para designar a coleo dos livros que integram as Sagradas
Escrituras, no aparece at o sculo IV, com Atansio. Do-se palavra dois usos
distintos, mas de certo modo relacionados: Em primeiro lugar, ela usada para indicar
uma coleo daqueles livros aos quais se tenha aplicado determinada prova e que
foram reconhecidos como autnticos e 'cannicos'. Logo, aplica-se o termo a toda a
coleo de escritos, posto que ela constitui o cnon ou 'regra de f' mediante a qual
toda doutrina deve ser provada" (HAMMOND, 1978, p. 36).
O cnon do Antigo Testamento ainda no havia sido fixado no tempo do Novo
Testamento, mas quando os judeus da Palestina, em fins do sculo I, fixaram o cnon
de suas Escrituras, este inclua todos os livros que atualmente temos em nossas
verses. O uso que se fez desses livros nos tempos do Novo Testamento permaneceu
testemunhado em cada pgina deste ltimo livro; e uma rpida olhada nas referncias
de nossas Bblias nos dar uma idia de quo profundo e sistemtico foi esse uso. Mas
essas Escrituras no eram suficientes "para o bem-estar da Igreja, para a pureza do
evangelho e para a direo do crente; por isso, aprouve a Deus chamar existncia
uma graph crist, o cnon do Novo Testamento que a Igreja acrescentou graph do
Antigo Testamento" (RAMM, 1967, p. 177).

11.2 Divises do Antigo Testamento

O prprio Senhor Jesus Cristo deu seu apoio de legitimidade a todo o Antigo
Testamento; fez citaes de cada uma de suas divises; porm, nunca citou

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qualquer outro livro, nem deu a entender que existam outros livros inspirados. Sabemos
que existiam muitos outros livros escritos na lngua hebraica, dos quais cerca de 15 ou
mais so mencionados no Antigo Testamento mesmo (o livro dos Justos, em Js 10.13;
2Sm 1.18; o livro das Guerras do Senhor, em Nm 21.14).
Como foram escolhidos os 39 livros do meio de tantos outros? A verdadeira prova sua
inspirao. Se Deus falou pelo Esprito por intermdio de algum escritor humano, ento
o tal livro inspirado e til para os propsitos de Deus. Os livros que tm esse selo
divino foram reconhecidos como divinos tanto pelo povo comum como pelos lderes e
sacerdotes, e o tempo mostrou gradualmente que a seleo fora bem feita.
Tais livros foram escritos entre 2000 e 400 a.C. O livro de J, com muita probabilidade,
data do tempo dos prprios patriarcas, e o livro de Malaquias foi escrito entre 425 a 400
a.C. Muitos outros escreveram depois de Malaquias, mas os judeus consideravam
esses escritos to somente como histrias humanas.
Entre os judeus, o Antigo Testamento tem trs divises, as quais Jesus citou em Lc
24.44 Leis, Profetas, Escritos -, algumas tradues trazem Salmos por ser o primeiro
livro dos Escritos. O cnon hebraico apresenta unificao de alguns livros: 1,2 Samuel;
os dois dos Reis; os dois Crnicas; Esdras e Neemias; os doze profetas menores so
um livro cada.
A ordem dos livros no cnon hebraico tambm diferente da nossa. H uma trplice
diviso como j mencionamos (Lei, Profetas e Escritos). Lei: Gnesis, xodo, Levtico,
Nmeros e Deuteronmio. Profetas: Primeiros Profetas - Josu, Juzes, Samuel e Reis;
ltimos Profetas - Isaas, Jeremias, os Doze. Escritos: Divididos em Livros Poticos Salmos, Provrbios e J; os Cinco Rolos - Cantares, Rute, Lamentaes, Eclesiastes,
Ester. Livros Histricos: Daniel, Esdras, Neemias e Crnicas.
Os Cinco Rolos eram assim chamados porque eram rolos separados, lidos anualmente
em festas distintas: Cantares, na Pscoa, em aluso ao xodo. Rute, no Pentecoste, na
celebrao da colheita, em seu incio (Primcias). Ester, na festa do Purim,
comemorando o livramento de Israel da mo do mau Ham. Eclesiastes, na Festa dos
Tabernculos festa de gratido pela colheita. Lamentaes, no ms de Abibe,
relembrando a destruio de Jerusalm pelos babilnicos.

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No cnon hebraico os livros no esto em ordem cronolgica. Os judeus no se
preocupavam com um sistema cronolgico.
J a nossa diviso do Antigo Testamento em 39 livros vem da Septuaginta oriunda da
Vulgata Latina. A Septuaginta foi primeira traduo das Escrituras, feita do hebraico
para o grego, cerca de 290 a.C. Nela a ordem dos livros est por assunto: Pentateuco,
Histricos, Poticos e Profticos.

11.3 A Formao e Desenvolvimento do Cnon do Antigo Testamento

O Cnon do Antigo Testamento foi formado num espao de um pouco mais de mil anos
e corresponde o perodo de Moiss a Esdras. Moiss escreveu as primeiras palavras
do Pentateuco por volta de 1491 a.C. Esdras entrou em cena em 445 a.C. Esdras no
foi o ltimo escritor na formao do cnon do Antigo Testamento. Os ltimos escritores
foram Neemias e Malaquias, no entanto, de acordo com os escritos histricos, foi
Esdras que, na qualidade de escriba e sacerdote, reuniu os rolos cannicos, ficando
tambm o cnon encerrado em seu tempo (GILBERTO, 1986, p. 52).
A doutrina da inspirao da Bblia foi completamente desenvolvida apenas nas pginas
do Novo Testamento. Mas, muito antes disso, j encontramos na histria de Israel
certos escritos reconhecidos como autoridade divina e como regra escrita de f e
conduta para o povo de Deus. Identificamos isso na resposta do povo, quando Moiss
leu para eles o livro do concerto (x 24.7), ou quando o Livro da Lei, achado por
Hilquias, foi lido primeiro para o rei e depois para a congregao (2Rs 22-23; 2Cr 34),
ou ainda quando Esdras leu o Livro da Lei para o povo (Ne 8.9, 14-17; 10.28-39; 13.13). O Pentateuco tratado com a mesma reverncia em Josu 1.7, 8, 8.31 e 23.6-8; 1
Reis 2.3, 2 Reis 14.6 e 17.37, Osias 8.12, Daniel 9.11,13, Esdras 3.2, 4, 1 Crnicas
16.40, 2 Crnicas 17.9, 23.18, 30.5,18, 31.3 e 35.26. Apresenta-se basicamente como
obra de Moiss, um dos primeiros e certamente o maior profeta do Antigo Testamento
(Nm 12.6-8; Dt 34.10-12). Deus comumente falava por Moiss de viva voz, como
tambm fez mais tarde com os profetas, mas a atividade de Moiss como escritor
tambm mencionada muitas vezes (x 17.14; 24.4, 7; 34.27; Nm 33.2; Dt 28.58, 61;
29.20-27; 30.10; 31.9-13, 19, 22, 24-26).

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A razo de Moiss e os profetas registrarem por escrito a mensagem de Deus, no se
contentando apenas em entreg-Ia oralmente, era que s vezes a enviavam a ou-tros
lugares (Jr 29.1; 36.1-8; 51.60, 61; 2Cr 21.12). Mas, na maioria das vezes, era para
preserv-Ia para o futuro, como um memorial (x 17.14) ou uma testemunha (Dt 31.2426), a fim de que ficasse escrita para o tempo vindouro (Is 30.8). Portanto a forma
permanente e durvel da mensagem de Deus no era sua forma falada, mas sua forma
escrita, e isso explica o surgimento do cnon do Antigo Testamento.
Vemos conforme o caso do livro do concerto, cuja aluso reporta-se a xodo 24.7, que
foi possvel um documento pequeno, como xodo 20-23, tornar-se cannico antes que
toda a obra estivesse concluda. Deuteronmio tambm j era con-siderado cannico
mesmo no tempo em que Moiss vivia (Dt 31.24-26), pois foi colocado ao lado da arca
do concerto. Contudo, a parte final de Deuteronmio foi escrita depois da morte de
Moiss. Notamos tambm numerosas referncias ao Pentateuco (no todo ou em parte)
como cannico, em outros livros do Antigo Testamento, que continuaram a ocorrer na
literatura existente entre os dois Testamentos. Sem dvida, a causa disto, deve-se
sua importncia fundamental. Entretanto, outra possvel razo para tantas referncias
ao Pentateuco, o fato de ter sido a primeira seo do Antigo Testamento a ser escrita
e reconhecida como cannica.
Ningum duvida que, pela poca de Esdras e Neemias (sculo V a.C.), o Pentateuco j
estava completo, como tambm j era cannico, sendo h muito considerado como tal.
Foi traduzido para o grego no sculo III a.C., tornando-se desse modo na primeira
poro da Septuaginta. Desde meados do sculo II a.C., temos evidncias que
comprovam que todos os cinco livros, j eram atribudos a Moiss.

11.3.1 O Desenvolvimento da Segunda e Terceira Sees do Cnon - Profetas e


Escritos

O restante da Bblia hebraica tem uma estrutura diferente em relao Bblia em


portugus. Est dividida em duas sees: os Profetas e os Hagigrafos (gr. escritos
sagrados). Os Profetas abrangem oito livros: os livros histricos de Josu, Juzes,
Samuel e Reis (encontram-se nesta diviso porque segundo uma antiga tradio foram
escritos por alguns profetas), os livros profticos de Jeremias, Ezequiel, Isaas e os
Doze (os Profetas Menores). Os Hagigrafos compreendem 11 livros: os livros

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lricos e sapienciais de Salmos, J, Provrbios, Eclesiastes, Cantares de Salomo e
Lamentaes de Jeremias, e os livros histricos de Daniel, Ester, Esdras-Neemias e
Crnicas. Esta a ordem tradicional, segundo a qual o remanescente livro hagigrafo,
Rute, vem antes de Salmos, visto que termina com a genealogia do salmista Davi. Na
Idade Mdia, esse livro foi colocado em uma posio mais adiante, ao lado de outros
quatro livros de brevidade similar (Cantares de Salomo, Eclesiastes, Lamentaes de
Jeremias e Ester). digno de nota que na tradio judaica Samuel, Reis, os Profetas
Menores, Esdras-Neemias e Crnicas sejam computados cada um como um nico livro.
Isso pode ser uma indicao da capacidade mdia de um rolo de pergaminho hebraico
no perodo em que os livros cannicos foram pela primeira vez alistados e contados.
O agrupamento dos livros no arbitrrio, mas segue o padro das caractersticas
literrias. Metade do livro de Daniel compe-se de narrativa, e nos Hagigrafos
(segundo a ordem tradicional) colocado junto com as histrias. Visto que h histrias
na Lei (cobrindo o perodo da criao at Moiss) e nos Profetas (abrangendo o
perodo de Josu at o fim da monarquia), ento por que tambm no poderia haver
histrias nos Hagigrafos, que tratam do terceiro perodo, da ida e volta do exlio
babilnico? Crnicas posto por ltimo entre as histrias, como um sumrio de toda a
narrativa bblica, de Ado at a volta do exlio. evidente que quando Crnicas foi
escrito, o cnon dos Profetas no estava completamente concludo, pois as fontes
citadas ali no so de Samuel e Reis, mas provm de histrias profticas mais
completas, as quais tambm parecem ter servido de fontes para Samuel e Reis. Os
elementos mais antigos nos Profetas, includos em livros como Josu e Samuel, so
certamente antiqssimos, como tambm so os elementos mais antigos nos
Hagigrafos, inseridos em livros como Salmos, Provrbios e Crnicas. Tais elementos
podem ter sido reconhecidos como cannicos antes mesmo do complemento da
primeira seo do cnon. Os ltimos elementos dos Hagigrafos, como Daniel, Ester e
Esdras-Neemias, pertencem ao final da histria do Antigo Testamento.

11.3.2 A Concluso da Segunda e Terceira Sees do Cnon

A data em que os Profetas e os Hagigrafos foram organizados em sees distintas foi


provavelmente 165 a.C. A tradio de 2 Macabeus, fala sobre uma grande crise

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na histria do cnon: Da mesma forma, tambm Judas [Macabeu] recolheu todos os
livros que tinham sido dispersos por causa da guerra que nos foi feita, e eles esto em
nossas mos (2 Macabeus 2.14). A "guerra" mencionada aqui a dos macabeus pela
libertao do perseguidor srio Antoco Epifnio. A hostilidade de Antoco contra as
Escrituras est registrada em 1 Macabeus 1.56, 57, e bem provvel que, finda a
perseguio, Judas tenha precisado reunir cpias delas. Judas sabia que fazia longo
tempo que o dom proftico havia cessado (1 Macabeus 9.27), assim aceitvel supor
que, ao reunir as Escrituras que haviam sido dispersas, ele organizou e relacionou a
coleo completa na ordem tradicional. Visto que os livros ainda se apresentavam em
rolos separados, os quais tinham de ser "recolhidos", o que Judas produziu no foi um
volume, mas uma coleo e uma lista de livros na coleo, dividida em trs.
Ao preparar a lista, Judas provavelmente definiu no apenas a diviso estvel entre
Profetas e Escritos, mas tambm a ordem tradicional dos livros e o nmero tradicional
de livros dentro de cada diviso. Uma lista de livros precisa ter uma ordem e um
nmero. A ordem tradicional dos livros traz Crnicas como o ltimo dos Hagigrafos.
Essa posio para Crnicas pode ser remontada ao sculo I d.C., visto estar refletida
nos ditos de Jesus em Mateus 23.35 e Lucas 11.51, onde a frase "desde o sangue de
Abel at ao sangue de Zacarias" provavelmente significa todos os profetas martirizados
do incio ao fim do cnon, de Gnesis 4.3-15 a 2 Crnicas 24.19-22.

11.3.3 Do Cnon Judaico ao Cristo


No Novo Testamento, encontramos Jesus reconhecendo as Escrituras judaicas pelos
seus diversos ttulos conhecidos e aceitando as trs sees do cnon judaico e a
ordem tradicional de seus livros. Descobrimos tambm que para a maioria dos livros
individualmente imputada autoridade divina - mas no para qualquer um dos livros
apcrifos. A nica exceo evidente encontra-se em Judas 9 (que cita a obra apcrifa a
Assuno de Moiss) e 14 (que cita o Livro de Enoque). As citaes que Judas faz
dessas obras no significa que cria serem elas divinamente inspiradas, assim como a
citao de Paulo de diversos poetas gregos (vide At 17.28; 1Co 15.33; Tt 1.12) no
atribui inspirao divina poesia deles. O que evidentemente aconteceu nos primeiros
sculos do Cristianismo foi isto: Jesus passou para seus seguidores, como Escrituras
Sagradas, a Bblia que Ele havia recebido, contendo os mesmos livros da Bblia
hebraica dos dias atuais. Os primeiros cristos

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compartilharam com seus contemporneos judeus um conhecimento completo da
identidade dos livros cannicos. Entretanto, a Bblia ainda no estava entre duas capas:
era uma lista memorizada de rolos. A ruptura com a tradio oral judaica (em alguns
casos, uma ruptura muito necessria), a alienao entre judeus e cristos e a
ignorncia geral das lnguas semticas nas igrejas fora da Palestina e da Sria fizeram
com que surgisse dvida no que dizia respeito ao cnon entre os cristos, o que foi
acentuado pelo preparo de novas listas de livros bblicos, organizadas de acordo com
outros princpios, e pela introduo de novos lecionrios. Essa dvida acerca do cnon
somente pode ser resolvida como na reforma por um retorno aos ensinamentos do
Novo Testamento e ao pano de fundo judaico, sobre o qual tais ensinamentos devem
ser compreendidos.

11.3.4 Data do Reconhecimento e Fixao do Cnon do Antigo Testamento

Em 90 d.C. Em Jmnia, perto da moderna Jope, em Israel, os rabinos, num conclio sob
a presidncia de Johanan Ben Zakai, reconheceram e fixaram o cnon do Antigo
Testamento. Houve muitos debates acerca da aprovao de certos livros,
especialmente dos "Escritos". Note-se, porm que o trabalho desse conclio foi apenas
ratificar aquilo que j era aceito por todos os judeus atravs de sculos.

11.4 O Cnon do Novo Testamento

H consenso entre telogos que o Novo Testamento foi escrito dentro de um perodo
de cinqenta anos, vrios sculos depois que o Antigo Testamento foi completado. Em
relao ao tempo, o Antigo Testamento est to distante de ns que sua formao
como corpo escriturstico poderia ser considerado longnquo demais para a atestao
de seu contedo. Tal no o caso. Em certo sentido, temos atestaes muito maiores
para o cnon do Antigo Testamento do que para o cnon do Novo Testamento.
Referimo-nos ao fato do prprio imprimtur (do lat. imprimatur, 'imprima-se') de nosso
Senhor Jesus Cristo, pela maneira como fez uso das Escrituras hebraicas como a
Palavra autoritria de Deus.

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No obstante, h um sentido no qual Jesus Cristo realmente oficializou o contedo ou
cnon do Novo Testamento: pela via da antecipao. Foi Ele quem nos fez essas
promessas: o Consolador, o Esprito Santo, que o Pai enviar em meu nome, vos
ensinar todas as coisas e vos far lembrar de tudo quanto vos tenho dito e ele vos
guiar em toda a verdade (Jo 14.26; 16.13).
A partir disto podemos inferir, ao mesmo tempo, o princpio bsico da canonicidade
para o Novo Testamento. idntico ao do Antigo Testamento, visto que se restringe
questo da inspirao divina. Quer pensemos nos profetas dos tempos do Antigo
Testamento ou nos apstolos e seus companheiros dados por Deus nos dias do Novo
Testamento, o reconhecimento na prpria poca de seus escritos de que eram
autnticos porta-vozes de Deus o que determina a canonicidade intrnseca de seus
registros. Podemos estar certos de que os livros em questo foram recebidos pela
Igreja dos tempos apostlicos, precisamente no momento em que foram atestados por
um apstolo como sendo dessa maneira inspirados. A variao evidente relativa rea
geogrfica, no reconhecimento de algumas das epstolas do Novo Testamento, pode
muito bem ser o reflexo do simples fato de que, em princpio, essa atestao era por
sua prpria natureza localizada. De maneira inversa, o fato de cada um dos 27 livros do
Novo Testamento hoje universalmente aceitos ter recebido aprovao definitiva prova
de que a atestao apropriada era dada somente depois de rigorosa investigao.
Tertuliano, notvel escritor cristo das primeiras duas dcadas do sculo lll, foi um dos
primeiros a chamar as Escrituras crists de "Novo Testamento". Esse ttulo havia
aparecido antes (c. 190) em uma composio feita contra o montanismo, de autor
desconhecido. Esse fato significativo. Seu uso colocou as Escrituras do Novo
Testamento em um nvel de inspirao e autoridade igual ao do Antigo Testamento.
O processo gradual que conduziu ao completo e formal reconhecimento pblico de um
cnon estabelecido em 27 livros, formando o Novo Testamento, leva-nos ao sculo IV
de nossa era. Isso no significa necessariamente que antes desse perodo estivesse
faltando reconhecimento para a integridade destas Escrituras, mas que a necessidade
de uma definio oficial do cnon no foi premente at ento.
Em relao ao Antigo Testamento um perodo de tempo muito mais curto esteja
envolvido nos escritos do Novo Testamento, o alcance geogrfico de sua origem
muito mais amplo. Essa circunstncia j suficiente para justificar a falta de
reconhecimento espontneo ou simultneo da extenso precisa do cnon do Novo
Testamento. Por causa do isolamento geogrfico dos vrios destinatrios das

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pores do Novo Testamento, houve espao para algum atraso e incerteza de uma
regio para outra no reconhecimento de alguns dos livros.
O princpio que determina o reconhecimento da autoridade dos escritos cannicos do
Novo Testamento foi estabelecido dentro do prprio contedo desses escritos. H
repetidas exortaes para a leitura pblica das mensagens apostlicas. No fim da
Primeira Epstola aos Tessalonicenses, possivelmente o primeiro livro do Novo
Testamento a ser escrito, Paulo diz: "Pelo Senhor vos conjuro que esta epstola seja
lida a todos os santos irmos" (1Ts 5.27). Trs captulos antes, na mesma epstola,
Paulo os recomenda a aceitarem suas palavras faladas como "palavra de Deus" (1Ts
2.13) e, em 1 Corntios 14.37, o apstolo fala de modo semelhante acerca de seus
"escritos" (COMFORT, 1998, p. 97).

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12 - APCRIFOS, PSEUDOPGRAFOS E PERGAMINHOS

Imagens meramente ilustrativas.

12.1 Escritos Apcrifos

Nas Bblias de edio da Igreja Catlica Romana, o total de livros de 73, porque essa
igreja, desde o Conclio de Trento, em 1546, incluiu no cnon do Antigo Testamento 7
livros apcrifos, alm de 4 acrscimos ou apndices a livros can-nicos, acrescentando,
assim, ao todo, 11 escritos apcrifos.
A palavra apcrifo significa literalmente, escondido, oculto, isto em referncia a livros
que tratavam de coisas secretas, misteriosas, ocultas. No sentido religioso, o termo
significa "no genuno", "esprio", desde sua aplicao por Jernimo. Os apcrifos
foram escritos entre Malaquias e Mateus, ou seja, entre o Antigo e o Novo Testa-mento,
numa poca em que cessara por completo a revelao divina; isto basta para tirar-Ihes
qualquer pretenso de canonicidade. O Historiador Flvio Josefo rejeitou-os totalmente.
Nunca foram reconhecidos pelos judeus como parte do cnon hebraico. Jamais foram
citados por Jesus nem foram reconhecidos pela igreja primitiva.

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Jernimo, Agostinho, Atansio, Jlio Africano e outros homens de valor dos primitivos
cristos, opuseram-se a eles na qualidade de livros inspirados. Apareceram pela
primeira vez na Septuaginta - traduo do Antigo Testamento feita do hebraico para o
grego. Quando a Bblia foi traduzida para o latim, em 170 d.C., seu Antigo Testamento
foi traduzido do grego da Septuaginta e no do hebraico.
Quando Jernimo traduziu a Vulgata, no incio do Sculo V (405 d.C.), incluiu os
apcrifos oriundos da Septuaginta, atravs da Antiga Verso Latina, de 170 d.C.,
porque isso lhe foi ordenado, mas recomendou que esses livros no poderiam servir
como base doutrinria.

12.1.1 Livros Apcrifos do Antigo Testamento

Os 7 livros apcrifos constantes das Bblias de edio catlico-romana so: TOBIAS


(Aps o livro cannico de Esdras), JUDITE (aps o livro de Tobias) SABEDORIA DE
SALOMO (aps o livro cannico de Cantares), ECLESISTICO (aps o livro de
Sabedoria), BARUQUE (aps o livro cannico de Jeremias), 1 MACABEUS, 2
MACABEUS (ambos, aps o livro cannico de Malaquias). Os 4 acrscimos ou
apndices so: ESTER (a Ester, 10.4 -16.24), CNTICO DOS TRS SANTOS FILHOS
(a Daniel, 3.24-90), HISTRIA DE SUZANA (Daniel, cap.13), BEL E O DRAGO (a
Daniel, capo 14). Os livros rejeitados so: 3 ESDRAS, 4 ESDRAS, A ORAO DE
MANASSS. A Igreja Catlica Romana aprovou os apcrifos em 18 de abril de 1546,
para combater o movimento da Reforma Protestante, ento recente. Nessa poca, os
protestantes combatiam violentamente as novas doutrinas romanistas: a doutrina do
Purgatrio, a doutrina da orao pelos mortos, a doutrina da salvao mediante obras
etc. A Igreja Catlica Romana via nos apcrifos base para essas doutrinas, e, apelou
para eles, aprovando-os como cannicos.

12.1.2 Razes da Rejeio dos Livros Apcrifos

A razo porque 66 livros da Bblia se harmonizam entre si que a mesma mente divina
inspirou a cada escritor. Se, por exemplo, Joo tivesse escrito algo que no
concordasse com as obras de Moiss, seramos obrigados a rejeitar seu Evangelho,

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as Epstolas e o livro do Apocalipse. Os primeiros livros constituem o critrio para todos
os outros chamados inspirados. Se as doutrinas dos livros apcrifos no concordam em
cada ocasio com aquilo que Moiss escreveu, no devem achar-se no Cnon da
Palavra Inspirada. Os livros apcrifos ensinam doutrinas que so contrrias ao que
Moiss e outros profetas escreveram. Por essa razo no foram colocados entre os
outros livros do Velho Testamento, nos dias de Esdras. Nem Cristo nem os apstolos
citaram os livros apcrifos. S. Jernimo os rejeitou da Bblia Latina, por no estarem
escritos em hebraico.

12.1.2.1 Ensino da Arte Mgica

Tobias 6.5-8. "Ento, o anjo lhe disse: toma as entranhas deste peixe e guarde para ti
seu corao, o fel e seu fgado. Pois so necessrios para medicinas teis [...] Logo,
Tobias perguntou ao anjo e lhe disse: Eu te rogo, irmo Azarias, para quais remdios
so boas essas coisas, que tu pediste separar do peixe. E o anjo, respondendo, lhe
disse: Se puseres um pedacinho do seu corao sobre as brasas, seu fumo h de
espantar toda a espcie de demnios, seja de um homem ou de uma mulher, de modo
que no possam mais voltar a eles."

12.1.2.2 Dar Esmolas Purifica do Pecado

Tobias 12.8,9. "A orao boa como o jejum e esmolas; melhor do que guardar
tesouros de ouro, pois, esmolas livram da morte, e o mesmo que espia os pecados e
conduz misericrdia e vida eterna". Se ofertas caridosas pudessem expiar os nossos
pecados, no teramos necessidade do sangue de Jesus Cristo.

12.11.2.3 Pecados Perdoados pela Orao

Eclesistico 3.4. "Quem amar a Deus, receber perdo de Seus pecados pela orao".
Os pecados no se perdoam pela orao. Se fosse assim, no teramos

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necessidade de Jesus. Todos os povos pagos fazem oraes, mas os pecados no se
perdoam somente pela orao. Pv 28.1; 1Jo 1.9. S Cristo, nosso Advogado, pode
perdoar o pecado.

12.1.2.4 Oraes pelos Mortos

2 Macabeus 12.42-46, "E, fazendo uma arrecadao, mandou doze mil dracmas de
prata a Jerusalm para ser oferecido um sacrifcio pelos pecados dos mortos, e fez bem
em pensar religiosamente na ressurreio, (pois, se no tivesse esperana que os que
haviam sido mortos ressuscitassem novamente, haveria de ser suprfluo e em vo orar
pelos mortos). E considerava que, os que haviam adormecido no temor de Deus,
alcanaram para si muita graa." A Igreja Catlica afirma que estes versculos lhe
autorizam a doutrina do purgatrio. Oraes e missas pelos mortos so aceitas e o
devoto catlico cr nelas. Excede a imaginao a quantidade de dinheiro que aflui
todos os anos aos cofres da igreja pelas missas em favor dos mortos.

12.1.2.5 O Ensino do Purgatrio

Sabedoria 3.1-4. "Mas, as almas dos justos esto na mo de Deus; e o tormento da


morte no as tocar. Aos olhos dos ignorantes pareciam eles morrer e sua partida foi
considerada desgraa. E, sua separao de ns, por uma extrema perda. Mas, eles
esto em paz. E, embora aos olhos dos homens sofram tormentos, sua esperana est
plenamente na imortalidade." A Igreja Catlica baseia a sua crena da doutrina do
purgatrio nestes versculos citados: "Embora aos olhos dos homens sofram tormentos,
sua esperana est plenamente na imortalidade". "Os tormentos" nos quais se acham
os "justos", diz a Igreja, referem-se ao fogo do purgatrio, onde os pecados esto
sendo expiados. "Sua esperana est plenamente na imortalidade", pois a igreja
interpreta isso, declarando que aps suficiente tempo de sofrimento no meio do fogo,
podero passar para o cu. 1Jo 1.7. Esse ensino aniquila completamente a expiao de
Cristo. Se o pecado pudesse ser extinto pelo fogo, no teramos necessidade do nosso
Salvador.

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12.1.2.6 O Anjo Relata uma Falsidade

Tobias 5.15-19. "O anjo disse-lhe (a Tobias): Gui-lo-ei para l (o filho de Tobias) e o
farei voltar a ti. E Tobias lhe disse (ao anjo): Eu te rogo, dize-me, de que famlia ou de
que tribo s tu? E Rafael, o anjo, respondeu: [...] Eu sou Azarias, o filho do grande
Ananias. Respondeu-lhe Tobias: Tu s de uma grande famlia". Se um anjo de Deus
mentisse acerca de sua identidade, tornar-se-ia culpado de violao do nono
mandamento. Lc 1.19. Confrontando esta declarao com o que est registrado no livro
de Tobias, compreenderemos logo porque Cristo nunca Se referiu aos livros apcrifos.

12.1.2.7 Uma Mulher Jejuando Toda Sua Vida

Judith 8.5,6. "E ela fez para si um aposento separado no andar superior de sua casa no
qual vivia com suas servas. Seu vestido era de cabelo de crina e ela jejuava todos os
dias de sua vida, com exceo dos sbados, das luas novas e demais festas da casa
de Israel." Esta passagem parecida a outras lendas catlicas romanas, com respeito
a seus santos canonizados. Uma mulher dificilmente jejuaria toda sua vida, com
exceo de um dia da semana e algumas outras ocasies durante o ano. Cristo jejuou
quarenta dias, porm no toda a Sua vida.
A igreja catlica apega-se a estes livros no inspirados porque eles sancionam alguns
de seus falsos ensinos, como: orao pelos mortos, salvao pelas obras, a doutrina do
purgatrio, dar esmolas para libertar as pessoas do pecado e da morte.

12.1.3 Apcrifos do Novo Testamento

Trata-se de Evangelhos, Atos de Apstolos e Epstolas, todos lendrios e esprios, que


comearam a aparecer no sculo II. Foram forjados, na maior parte, e assim

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reconhecidos desde o princpio. So to cheios de histrias ridculas e indignas a
respeito de Cristo e dos apstolos, que nunca foram reconhecidos como divinos, nem
incorporados Bblia. So tentativas deliberadas de preencher lacunas na histria de
Jesus, como apresentada no Novo Testamento, com o fim de estimular idias
hericas atravs de falsas afirmaes. Sabe-se que houve uns 50 "Evangelhos"
esprios, alm de muitos "Atos" e "Epstolas". A grande quantidade desses escritos
forjados fez a Igreja Primitiva ver quanto era importante distinguir entre os falsos e os
verdadeiros. Dizem que Maom tirou largamente desses livros as idias que tinha
acerca do cristianismo. Neles est a origem de alguns dogmas da Igreja Romana. No
devem ser confundidos com os escritos dos Pais
Apostlicos". Vai, aqui, uma lista de alguns dos livros apcrifos mais conhecidos:
Evangelho de Nicodemos. Inclui os "Atos de Pilatos", pretenso relatrio oficial do
julgamento de Jesus ao imperador Tibrio. Foi produzido entre os sculos II e V.
Puramente imaginrio.
Proto Evangelho de Tiago. Narrativa que vai do nascimento de Maria ao massacre dos
inocentes. Contos que comearam a circular no sculo II. Foi completado sculo
O Passamento de Maria. Repleto de milagres ridculos culmina com a remoo do "seu
corpo imaculado e precioso" ao Paraso. Escrito no sculo IV, com o aparecimento do
culto Virgem.
Evangelho Segundo os Hebreus. Adies aos Evangelhos cannicos, com algumas
frases atribudas a Jesus. Meados de 100 d.C.
Evangelho dos Ebionitas. Compilado dos Ev. Sinpticos, no interesse da doutrina
ebionita.
Evangelho dos Egpcios. Conversas imaginrias entre Jesus e Salom. Entre 130 e 150
d.C. Usados pelos sabelianos.
Evangelho de Pedro. Meados do Sculo II. Buscado em Evangelhos cannicos. Escrito
no interesse de doutrinas docetistas e anti-judaicas.
Evangelho de um Pseudo-Mateus. Sculo V. Falsa traduo de Mateus, repleta de
milagres da infncia de Jesus.
Evangelho de Tom. Sculo II. Vida de Jesus, dos 1 aos 12 anos. Apresenta-o
operando milagres para satisfao de seus caprichos infantis.

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Natividade de Maria. Obra de fico Sculo VI, premeditada, para fomentar o culto
Virgem. Histrias de visitas dirias de anjos a Maria. Com o surto do papado, tornou-se
imensamente popular.
Evangelho Arbico da Infncia. Sculo VII. Histria de Milagres operados durante a
estada no Egito.
Evangelho do Carpinteiro Jos. Sculo IV. Originou-se no Egito. Dedicado
glorificao de Jos.
Apocalipse de Pedro. Pretensas vises do cu e do inferno concedidas a Pedro.
Eusbio chamou-o "esprio".
Atos de Paulo. Meados do Sculo II. Romance que aconselha a continncia. Contm a
suposta Epstola aos Corntios que se perdeu.
Atos de Pedro. Fim do sculo II. Um caso de amor com a filha de Pedro. Conflito com
Simo, o Mago. Contm a histria do "Quo Vadis".
Atos de Joo. Fim do sculo II. Histria de uma visita Roma. Puramente imaginria.
Contm um quadro revoltante de sensualismo.
Atos de Andr. Histria de Andr, que persuade Maximila a evitar relaes com o
marido, o que resultou no martrio dele.
Atos de Tom. Fim do sculo II. Como os Atos de Andr, foi criado com interesse da
abstinncia de relaes sexuais.
Carta de Pedro a Tiago. Fim do sculo II. Ataca violentamente Paulo. Pura inveno no
interesse dos ebionitas.
Epstola de Laodicia. Diz ser a que referida em Colossenses 4.16. Um aglomerado
de frases de Paulo.
Cartas de Paulo Sneca. E outras deste quele. Inveno sculo IV. Objetivo: ou
recomendar o cristianismo aos seguidores de Sneca, ou recomendar este aos
cristos. A principal caracterstica destes escritos o fato de serem obras de fico,
que se apresentam como histria, mas em sua maior parte so absurdos por tal forma
que a falsidade deles evidencia-se por si mesma.

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Cartas de Abgar. Estas podem ter alguma base, Eusbio assim pensava. Conta que
Abgar, rei de Edessa, estando enfermo, ouviu falar do poder de Jesus. Escreveu-lhe
uma carta pedindo que fosse cur-lo, ao que Jesus respondeu por escrito: ...
necessrio completar aquilo para o que fui enviado; depois disso serei recebido em
cima, por aquele que Me enviou. Quando, pois, Eu for recebido no cu, enviarei um dos
Meus discpulos que te curar". Contam que foi Tadeu o enviado, a quem mostraram as
Cartas a que ficaram arquivadas em Edessa. Possivelmente, Jesus mandou um recado
verbal, que eles registraram.

12.2 Os Pseudopgrafos

So os livros escritos sob um nome fictcio. Para outros so os escritos judaicos, extra
bblicos, no inspirados do Antigo Testamento. So considerados de valor no estudo do
cnon, e alguns estudiosos os incluem no mesmo grupo dos apcrifos. Dentre os
pseudopgrafos destacam-se:
O Livro de Enoque. A crtica textual no tem condies de localiz-lo exatamente em
determinada poca, mas deve pertencer ao perodo de 200 a.C. e as primeiras dcadas
do primeiro sculo da nossa era.
A Assuno de Moiss. Deve ter sido publicado no tempo de Cristo e procura narrar a
histria do mundo, em forma de profecia, desde Moiss at ao tempo do autor.
Os Orculos Sibilinos. So obras judaicas que, imitao das profecias pags de
Sibila, pretendem divulgar o pensamento hebraico entre os gentios.
O Livro dos Jubileus. um comentrio sobre Gnesis, frisando que a Lei foi observada
desde os mais remotos tempos. Recebe este nome pelo fato de dividir a histria em
perodos jubileus, isto , quarenta e nove anos (sete semanas de anos).
O livro dos Segredos de Enoque (2 Enoque). Descreve pormenorizadamente os sete
cus e antecipa em mil anos o reinado de Deus na terra.

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O Apocalipse de Baruque. Alguns o atribuem ao escriba de Jeremias. Foi escrito,
segundo os crticos, nas ltimas dcadas do primeiro sculo da nossa era.
O Apocalipse de Abrao. uma obra judaica com passos de literatura do cristianismo.
Pertence ao sculo I da nossa era.
Os Salmos de Salomo. Coletnea de dezoito salmos, escrita por um fariseu, que viveu
na segunda metade do primeiro sculo da era crist. O estilo bastante semelhante ao
dos Salmos que temos na Bblia.
A Carta de Aristias. interessante por informar-nos das supostas circunstncias em
que foi feita a traduo do Velho Testamento hebraico para o grego.
Macabeus, 3 e 4. No III encontramos uma tentativa de massacre dos judeus no reinado
de Ptolomeu Filopator. O 4 um tratado filosfico ilustrando a tese do autor no caso
dos mrtires macabeus. Embora haja referncias a estes livros na Bblia (2Tm 3.8; Jd 9
e 14) no necessitamos aceit-los como cannicos.
A literatura pseudopgrafa foi produzida entre 200 a.C., e 200 a.D. com o objetivo de
encorajar e consolar a nao judaica durante as invases dos srios e romanos.

12.3 Os Rolos do Mar Morto

Imagem ilustrativa.
No vero de 1947, tiveram incio na Palestina, por obra de casual descoberta de um
jovem beduno, chamado Momede ad-Dib, encontros arqueolgicos de excepcional

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importncia: os chamados manuscritos do Deserto da Judia, do Mar Morto ou ainda
Manuscritos de Qunran. Ele tinha perdido uma cabra, por isso subiu penosamente a
encosta, chamando pelo animal que continuava a elevar-se, a procura de alimento.
Nesta sua busca ele deparou com uma cavidade, atirou para dentro dela uma pedra,
apurando o ouvido para escutar a queda, a fim de determinar a sua profundidade. Qual
no foi a sua surpresa, quando em vez do esperado rudo, seu ouvido percebeu um
tpico som de loua. Com esforo conseguiu olhar para dentro, notando com surpresa a
existncia de vrios objetos cilndricos, de grande tamanho. Amedrontado pela
superstio, o moo fugiu rapidamente daquele stio, e, noite, comentou com um
amigo a inusitada descoberta da caverna. No dia seguinte os dois se dirigem gruta, e
ao entrarem nela, encontram sete rolos. Levaram alguns para a tenda e ao
desenrolarem ficaram surpresos com a sua extenso e por no entenderem nada do
que neles estava escrito.
Os bedunos, indo regularmente a Belm para vender leite e queijo, certo dia, levaram
tambm os pergaminhos, vendendo-os a um cristo srio, dono de um armazm,
conhecida pelo nome de Kando, que tambm por ignorar totalmente o valor deste
achado, abandonou-os no cho da loja por vrios dias, sendo estes pisados pelos que
nela entravam. Certo dia, atentando melhor para aqueles pergaminhos, ocorreu-lhe a
idia de lev-los a Jerusalm para os vender no Convento Srio de So Marcos. O
superior do convento procura pessoas entendidas que estudassem os manuscritos, a
fim de que ele pudesse ter uma idia de seu real valor, assim sendo, um dos
pergaminhos foi enviado ao Professor E. L. Sukenik, da Universidade Hebraica.
Sukenik analisando-o, em profundidade, concluiu que o documento apresentava grande
valor pelo seu contedo e considervel antigidade.
A caverna na qual foram encontrados os manuscritos fica na regio desolada e quente
do Deserto de Jud dos dias bblicos, cerca de doze quilmetros ao sul de Jeric, na
altura do Uadi Qunran.
Os sete rolos retirados desta gruta eram bem diferentes, pois dois eram manuscritos do
livro de Isaas, um completo e outro incompleto, um manual de Disciplina da Seita, uma
coleo de Salmos e Aes de Graa, uma ordem de batalha para uma guerra
apocalptica entre os Filhos da Luz e os Filhos das Trevas, um Comentrio ao livro de
Habacuque. Todo este material foi publicado por Sukenik e pelos americanos. Alm dos
manuscritos j citados ainda foram encontrados documentos os mais diversos conto
contratos de casamento, cartas do lder judeu Bar Cocheba,

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um hinrio de mais ou menos quarenta salmos, cpias dos apcrifos de Eclesistico e
Tobias, alm de trechos de pseudepgrafos como o de Enoque.
A gruta em que aqueles pastores entraram, e que marcou o incio de uma fase histrica
da arqueologia, recebeu o n. 1. No longe dela, encontrou-se, em fins de 1951, a gruta
a que se deu o n. 2. Continha fragmentos dos Salmos, os livros de Isaas, do xodo,
de Rute, um documento litrgico e o livro apcrifo dos Jubileus, que uma parfrase do
Gnesis, selecionados pelos fariseus. Descobriu-se, depois, a gruta n. 3, onde se
encontraram 2 rolos de chapas de cobre, com textos gravados.

A gruta que deu colheita mais rica foi a de n. 4. Continha 380 manuscritos, dos quais
mais ou menos uma centena so de ordem bblica. Seguiram-se as de n. 5 e 6, que
deram manuscritos de pouca importncia bblica e histrica. Em fins de 1955,
revistaram-se as grutas que receberam os nos 7, 8, 9 e 10, todas contendo ora
pergaminhos, ora papiros, tudo de pouca importncia. Logo aps, nos ltimos dias de
1955, encontram-se outras duas sries de grutas, uma margem do Uadi Murabaat, e
outra margem do Uadi Mird, sempre nos arredores do Mar Morto.
Os dois rolos de chapa de cobre mediam mais ou menos 2 metros de comprimento e
uns 30 centmetros de largura. Durante 3 anos estudos foram feitos para que os rolos
fossem abertos sem se estragar a escrita. Foi preparada uma mquina especial pelo
Departamento de Tecnologia de Manchester, Inglaterra, para cortar o rolo, trabalho este
levado a efeito no dia 16 de janeiro de 1956. Estes rolos podem ser vistos no Museu de
Am. Na escrita de um deles estava a relao de uns 60 esconderijos, nos quais, se
encontrariam depsitos de ouro, prata ou caixas de incenso.
Trs sociedades cientficas: Departamento Arqueolgico da Jordnia, Escola Bblica e
Arqueolgica Francesa de Jerusalm (Santo Estvo) e o Museu Arqueolgico
Palestinense tm inventariado as riquezas destas grutas. Os fragmentos de
manuscritos descobertos nas onze cavernas de Qunran so cerca de 600 e um quarto
destes fragmentos contm textos bblicos; com exceo do livro de Ester, todos os
livros do Velho Testamento se acham ali representados. Os mais numerosos so dos
livros de Isaas, de Deuteronmio e dos Salmos.

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12.3.1 Quem Guardou Estes Manuscritos

Uma pergunta que vem mente de todos esta: quem foram as pessoas que moravam
nesta regio e copiaram os manuscritos encontrados nas grutas? Segundo a opinio
dos eruditos seus habitantes pertenciam seita judaica dos essnios, os quais
ocuparam esta regio entre 185 a.C. e 68 a.D.
Havia entre os judeus no tempo de Cristo as seguintes seitas: Os fariseus legalistas e
separados, observadores de tradies antigas, eram muito religiosos; os saduceus
conhecidos por sua oposio aos fariseus e por negarem a ressurreio. Eram
incrdulos e livres pensadores; os essnios muitas etimologias tm sido apresentadas
para explicar a origem deste nome. The Interpreter's Dictionary of the Bible, cita pelo
menos dez entre palavras gregas e hebraicas, salientando que os eruditos no tm
nenhuma uniformidade em seus pontos de vista. Os essnios eram pessoas que
estavam decepcionadas com a corrupo reinante em seus dias, por isso abandonaram
a sociedade e se refugiaram em mosteiros para se dedicarem a uma vida de orao e
ao estudo da palavra de Deus.

12.3.2 Origem da Comunidade Essnica de Khirbet Qumran

Para o mosteiro de Khirbet Qumran podemos indicar diversos perodos de construo,


como atestam as escavaes realizadas entre 1951 e 1956. A primeira construo
monstica, edificada em pedra, data do tempo do sumo sacerdote Joo Hircano (134104 a.C.), da dinastia macabeu - asmonia. Antes dessa poca, os hassideus
(essnios) tiveram que contentar-se com abrigos encontrados ao acaso. Uma figura
caracterstica que se encontra sempre de novo nos textos de Qumran o annimo
'mestre de nossa justia', a quem a comunidade de Qumran deve a sua clara
diferenciao dos outros grupos religiosos, antes de mais nada do culto e da hierarquia
de Jerusalm, e que de vrias maneiras, deu tambm impulso s normas de vida de
Qumran.
Antes da primeira revolta judaica, por causa do avano da dcima legio sob o
comando de Vespasiano, os manuscritos da biblioteca do mosteiro foram colocados a
salvo (por volta do ano 68 d.C.). O prprio mosteiro foi destrudo pelos romanos.

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Durante a segunda revolta judaica (132-135), o lugar das runas e arredores
constituram um ponto de apoio para os combatentes da resistncia judaica que se
encontraram em torno de Bar Kokba, Com efeito, numa gruta ao sul de Qumran, foram
encontrados, alm de apetrechos sacrificais, vestes e moedas, tambm manuscritos da
poca entre 88 e 135 d.C., entre os quais uma carta de Bar Kokba."

12.3.3 Valor dos Rolos do Mar Morto

Embora o valor desta descoberta ainda no possa ser avaliado em toda a sua
plenitude, h certos fatos j conhecidos que so os seguintes: Estes manuscritos so
pelo menos 1000 anos mais velhos do que o mais antigo manuscrito hebraico que
possumos O Cdice Petropolitano escrito em 912 a.D; os manuscritos de Qumran
so mais antigos do que os mais velhos fragmentos da Septuaginta existentes, quanto
histria da evoluo da escrita, fornecendo, portanto precioso material Paleografia.
Estes manuscritos foram copiados entre os sculos III a.C. e o primeiro sculo a.D.;
antes desta descoberta pouco se sabia a respeito do judasmo pr-cristo. Atravs do
Manual de Disciplina conhecemos hoje muito dos seus costumes e maneira de viver;
estes manuscritos vieram desfazer afirmaes infundadas, concernentes ao trabalho
dos copistas pr-massorticos e ainda de que a Bblia Hebraica de hoje fora organizada
e emendada pelos massoretas.
Os estudantes da Bblia no puseram tanto em dvida as mudanas no texto quando
foram acrescentadas as vogais e a pontuao para formar o texto Massortico, sculos
depois de Cristo, pois sabiam que os copistas depois daquele tempo, preservaram com
cuidado extremo cada jota e til do texto. Alguns crticos opinavam que os mais antigos
copistas por no serem to escrupulosos trataram o texto com mais liberdade, portanto
havia diferenas considerveis em nossa Bblia.
Quando o texto hebraico de hoje foi comparado com os manuscritos de Qumran
verificou-se surpreendente identidade de contedo. Os rolos do Mar Morto comprovam
a validade do texto hebraico, to cuidadosamente transmitido atravs dos sculos. O
descobrimento destes rolos e de outros manuscritos mostrou a fragilidade dos
argumentos da Alta Crtica, comprovando que o trabalho dos copistas e tradutores por
dois mil anos no mudou a Palavra de Deus. Eles comprovaram que a maioria das
variaes de um manuscrito para outro so simplesmente questes de

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letras, palavras ou frases que no modificam suficientemente o sentido para influenciar
alguma doutrina importante.

12.3.4 Fragmentos de Papiros em Qumran

Numa das cavernas de Qumran foram encontrados muitos fragmentos de papiros e


entre estes, o papirlogo espanhol, Jos O'Callaghn descobriu um trecho do Evangelho
de So Marcos correspondente aos versculos 52 e 53, do captulo 6. Aps este
encontro, em maro de 1972, o erudito espanhol, recorrendo a mtodos tcnicos,
conclui que se trata de um manuscrito do ano 50 a.D. A histria nos confirma que o
General Vespasiano, no ano 68 a.D, tomou posse do mosteiro essnio de Qumran,
ocasio em que seus habitantes esconderam os rolos nas cavernas, pensando em
regressar mais tarde para recuper-los.

12.3.5 Concluses

Todo o cuidado e todos os avanos feitos pela cincia tm sido utilizados, quer na
determinao das datas deste valioso material, quer na sua leitura e conservao.
Assim foi descoberto um mtodo com base na cincia atmica, para determinar a idade
do material orgnico. Foi usando esse mtodo, com o istopo, "Carbono 14", que o
Instituto Nuclear da Universidade de Chicago pode confirmar com preciso a opinio
dos arquelogos, segundo a qual o pano que envolvia os rolos, descobertos em 1947,
datava do I sculo da era crist. No Museu de Jerusalm, onde se encontra boa parte
do material descoberto, documentos, primeira vista ilegveis, so decifrados graas
fotografia infravermelha que traz luz, letras que normalmente no podem ser
distinguidas pelos olhos humanos. Inegavelmente, esta foi a descoberta arqueolgica
mais sensacional dos ltimos tempos, porque veio provar a autenticidade da Bblia e a
sua maravilhosa conservao atravs dos sculos.

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13 - VERSES, TRADUES E REVISES

13.1 Conceituao

Traduo simplesmente a transposio de uma composio literria de uma lngua


para outra. Por exemplo, se a Bblia fosse transcrita dos originais hebraico e grego para
o latim, ou do latim para o portugus, chamaramos esse trabalho traduo. Se esses
textos traduzidos fossem vertidos de volta para as lnguas originais, tambm
chamaramos isso traduo.
A traduo literal uma tentativa de expressar, com toda a fidelidade possvel e o
mximo de exatido, o sentido das palavras originais do texto que est sendo traduzido.
Trata-se de uma transcrio textual, palavra por palavra. O resultado um texto um
tanto rgido.
A transliterao a verso das letras de um texto em certa lngua para as letras
correspondentes de outra lngua. claro que uma traduo literal da Bblia fica sem
sentido para uma pessoa de pouca cultura.
Verso, tecnicamente falando uma traduo da lngua original (ou com consulta direta
a ela) para outra lngua, ainda que comumente se negligencie essa distino. O
segredo para a compreenso que a verso envolve a lngua original de determinado
manuscrito.
Reviso, ou verso revista, termo usado para descrever certas tradues, em geral
feitas a partir das lnguas originais, que foram cuidadosa e sistematicamente revistas,
cujo texto foi examinado de forma crtica, com vistas em corrigir erros ou introduzir
emendas ou substituies.
Parfrase uma traduo "livre" ou "solta". O objetivo que se traduza a idia, e no
as palavras. Da que a parfrase mais uma interpretao que uma traduo literal do
texto. O comentrio simplesmente uma explicao das Escrituras. O exemplo mais
antigo desse tipo de trabalho o Midrash, ou comentrio judaico do
Antigo Testamento.

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13.2 Verses e Tradues mais Antigas

As tradues mais antigas apareceram antes do perodo dos Conclios da Igreja (350
d.C.), abarcando obras como Pentateuco Samaritano, os Targuns Aramaicos, o
Talmude, o Midrash e a Septuaginta (LXX).

13.2.1 O Pentateuco Samaritano

Segundo Norman Geisler e William Nix (1997, p. 187), o Pentateuco samaritano pode
ter-se originado no perodo de Neemias, em que se reedificou Jerusalm. No sendo na
verdade uma traduo, nem verso, mostra a necessidade do estudo cuidadoso para
que se chegue ao verdadeiro texto das Escrituras. Essa obra foi, de fato, uma poro
manuscrita do texto do prprio Pentateuco. Contm os cinco livros de Moiss, tendo
sido escrito num tipo paleo-hebraico, muito semelhante ao que se encontrou na pedra
moabita, na inscrio de Silo, nas Cartas de Laquis e em alguns manuscritos bblicos
mais antigos de Qumran. A tradio textual do
Pentateuco samaritano independente do Texto massortico. No foi descoberto pelos
estudiosos cristos seno em 1616, embora fosse conhecido dos pais da igreja, como
Eusbio de Cesaria e Jernimo, tendo sido publicado pela primeira vez na obra
Poliglota de Paris (1645) e, depois, na Poliglota de Londres (1657).
O manuscrito mais antigo do Pentateuco samaritano data de meados do sculo XIV e
trata-se de um fragmento de um pergaminho o rolo chamado Abisa. O cdice do
Pentateuco samaritano mais antigo traz uma nota sobre ter sido vendido em 1149-1150
d.C, embora fosse muito mais velho. A Biblioteca Pblica de Nova Iorque abriga outro
exemplar que data de cerca de 1232. Imediatamente aps a descoberta desse
exemplar, em 1616, o Pentateuco samaritano foi aclamado como superior ao Texto
massortico. No entanto, depois de cuidadoso estudo, foi relegado a posio inferior.
S recentemente esse documento reobteve um pouco de sua antiga importncia, ainda
que seja considerado at hoje de menor importncia do que o texto massortico da lei.
Os mritos do texto do Pentateuco samaritano podem ser avaliados pelo fato de
apresentar apenas 6 000 variantes em relao ao Texto

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massortico, e em sua maior parte constituem diferenas ortogrficas que se
considerariam insignificantes. H ali a afirmativa de que o monte Gerizim o centro de
adorao, e no a cidade de Jerusalm, com acrscimos aos relatos de xodo 20.2-17
e Deuteronmio 5.6-21. (GEISLER; NIX, 1997, p. 188).

13.2.2 Os Targuns

Segundo Norman Geisler e William Nix (1997, p. 188), h evidncias de que os


escribas, j nos tempos de Esdras (Ne 8.1-8), estavam escrevendo parfrases das
Escrituras hebraicas em aramaico. No estavam produzindo tradues, mas textos
explicativos da linguagem arcaica da Tora. Antes do nascimento de Cristo, quase
todos os livros do Antigo Testamento tinham suas parfrases ou interpretaes
(targuns). Ao longo dos sculos seguintes o targum foi sendo redigido at surgir um
texto oficial.
Os mais antigos targuns aramaicos provavelmente foram escritos na Palestina, durante
o sculo II d.C, embora haja evidncias de alguns textos amaraicos de um perodo prcristo. Esses textos primitivos, oficiais, do targum, continham a lei e os profetas,
embora targuns de pocas posteriores tambm inclussem outros escritos do Antigo
Testamento.
Durante o sculo III d.C., surgiu na Babilnia um targum aramaico sobre a Tora.
Possivelmente se tratasse de uma verso corrigida de texto palestino antigo; mas
tambm poderia ter-se originado na Babilnia, tendo sido tradicionalmente atribudo a
Onquelos (Ongelos), ainda que tal nome provavelmente resultasse de confuso com
qila.
O Targum de Jnatas ben Uzziel outro targum babilnico em aramaico, que
acompanhava os profetas (os primeiros e os ltimos). Data do sculo IV, sendo uma
traduo mais livre do texto que a traduo de Onquelos. Esses targuns eram lidos nas
sinagogas: o texto de Onquelos ao lado da Tora, que se liam em sua inteireza; Jnatas
era lido ao lado de selees dos profetas (haphtaroth, pl.). Visto que as demais partes
do Antigo Testamento (escritos) no eram lidas nas sinagogas, no se produziu
nenhum targum oficial, mas havia cpias no-oficiais usadas pelas pes-soas de modo
particular.

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Pelos meados do sculo VII surgiu o Targum do pseudo-Jnatas, sobre o Pentateuco.
Trata-se de uma mistura do Targum de Onquelos e alguns textos do Midrash. Outro
targum apareceu ao redor do ano 700, o Targum de Jerusalm, do qual sobreviveu
apenas um fragmento.

13.2.3 O Talmude

O Talmude basicamente representa as opinies e as decises de professores judeus


de cerca de 300 a 500 d.C., consistindo em duas principais divises: o Midrash e a
Gemara. A Mishna (repetio, explicao) completou-se perto de 200 d.C., como se
fora um digesto publicao composta de artigos, livros condensados - hebraico de
todas as leis orais, desde o tempo de Moiss. Era altamente considerada como a
segunda lei, sendo a Tora a primeira. A Gemara (trmino, finalizao) era um
comentrio ampliado, em aramaico, da Mishna. Foi transmitida em duas tradies: a
Gemara palestina (c. 200) e a Gemara babilnica, maior, dotada de mais autoridade (c.
500).

13.2.4 O Midrash

O Midrash (lit., estudo textual) na verdade era uma exposio formal, doutrinria e
homiltica das Sagradas Escrituras, redigida em hebraico ou em aramaico. De mais ou
menos 100 at 300 d.C., esses escritos foram reunidos num corpo textual a que se deu
o nome de Halaka (procedimento), que era uma expanso adicional da Tora, e Hagada
(declarao, explicao), ou comentrios de todo o Antigo Testamento. O Midrash de
fato diferia do Targum neste ponto: o Midrash eram comentrios, em vez de parfrases.
O Midrash contm algumas das mais antigas hornilias do Antigo Testamento, bem
corno alguns provrbios e parbolas, textos usados nas sinagogas.

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13.2.5 Septuaginta (LXX)

Bastante conhecida atravs da sigla LXX, a mais importante traduo grega do Velho
Testamento. Seria interessante pensar por alguns instantes qual a razo de um livro
hebraico ser traduzido para o grego numa cidade do Egito? A Histria nos confirma que
Alexandre Magno, com suas extraordinrias conquistas levou o grego a quase todas as
partes do mundo conhecido. Sua morte prematura em 323 a.C. fez com que seu
imprio fosse dividido. Cabendo a Ptolomeu I (323-285) governar o Egito, iniciando
assim a dinastia dos reis gregos no Egito. Calcula-se que no tempo de Ptolomeu II, a
cidade de Alexandria era composta por um tero de judeus. Como era de se esperar
esses imigrantes judeus facilmente adotaram a lngua dos gregos.
Dias Gomes citando Flvio Josefo, fornece-nos pormenores teis sobre a origem desta
antiga traduo. Eis uma sntese de suas palavras:
Demtrio Palrio, bibliotecrio de Ptolomeu Filadelfo, trabalhava com extremo cuidado
e grande curiosidade para reunir de todas as partes do mundo os livros de mrito e que
julgava serem agradveis ao prncipe. Certo dia o prncipe perguntou-lhe quantos livros
j havia na Biblioteca e soube que mais ou menos 200.000. Notificou tambm ao rei a
existncia entre os judeus de livros dignos de figurarem na soberba biblioteca, mas
dariam muito trabalho traduzi-los para o grego. Acrescentou que este trabalho poderia
ser feito porque sua majestade no olhava a gastos. O rei, persuadido pelo ilustre
bibliotecrio, fez um apelo ao sumo-sacerdote de Jerusalm para que lhe enviasse os
livros e pessoas capacitadas para traduzi-los. O pedido foi imediatamente atendido,
talvez, porque acompanhando-o havia grande soma de dinheiro e pedras preciosas.
Ptolomeu recebeu atravs de uma carta a seguinte notificao: "Escolhemos, Senhor,
seis homens de cada tribo para vos levar as santas leis e esperamos da vossa
bondade, quando no tenhais mais necessidade deles, que vos dignareis remet-los
com os que vo em sua companhia." Eleazar. Quando a obra foi acabada (segundo
alguns em 72 dias), Demtrio reuniu todos os judeus para que ouvissem a leitura da
traduo, na presena dos 72 tradutores. A traduo foi aprovada e Demtrio elogiado
por ter concebido um desgnio que lhes era to vantajoso. (JOSEFO, Flvio. Apud.
GOMES, Dias. Bblia Poliglota Portuguesa, p. 26-28).

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Para alguns esta histria lendria, sendo a verdadeira razo para a origem da
Septuaginta a seguinte: Havendo em Alexandria muitos judeus que no podiam ler o
Velho Testamento no original hebraico, uma traduo em grego lhes foi preparada. Por
causa do nmero de tradutores essa extraordinria traduo se tornou conhecida (um
tanto inexatamente) como Septuaginta.
A Septuaginta comumente designada por LXX. O nome vem do latim Septuaginta,
que quer dizer 70. Aristeas, escritor da corte de Ptolomeu Filadelfo, que reinou de 285246 a.C., escrevendo a seu irmo Filcrates, conta que o referido monarca, por
proposta de seu bibliotecrio, Demtrio de Falero, solicitou ao sumo sacerdote judaico,
Eleazar, que lhe enviasse doutores versados nas Sagradas Escrituras para preparar-lhe
uma verso delas, em grego. Ele muito ouvia falar das Escrituras e queria uma verso
delas, para enriquecer sua vasta biblioteca, em Alexandria. O sumo sacerdote escolheu
72 eruditos (6 de cada tribo) e enviou-os a Alexandria, os quais completaram a verso
em 72 dias. De 72 derivou-se o nome Septuaginta. (Gilberto, Antonio, 1986, p. 84)
A traduo foi feita na ilha de Faros, situada no porto da cidade. Essa Bblia teve a mais
ampla difuso entre as naes, especialmente naquelas onde estavam os judeus da
disperso oriunda do cativeiro. Foi a Septuaginta a primeira traduo completa do
Antigo Testamento, do original hebraico. Foi tambm ela que situou e dividiu os livros
por assuntos como os temos hoje: Lei, Histria, Poesia, Profecia. No h um s
exemplar original da Verso dos Setenta; somente cpias, a mais antiga das quais data
de 325 d.C. ela a mais antiga traduo da Bblia hebraica. A Septuaginta usada
ainda hoje na Igreja Grega. Sua primeira apario impressa a constante da
Complutensiana Poliglota publicada em Alcal, provncia de Madri, em 1514-1517, e
distribuda em 1522 pelo Cardeal Ximenes.

13.2.6 A verso de qila

A verso de qila, natural de Snope, cidade do Ponto. uma traduo puramente


literal. Contm s o Antigo Testamento. Foi feita em 138 d.C., no reinado de Adriano.
Existe em fragmentos.

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13.2.7 A verso de Teodocio

A verso de Teodocio, natural de feso, coevo de Justino Mrtir, que o menciona em


seus escritos. Foi feita em 160 d.C., no tempo do Imperador Cmodo. No mais que
uma reviso dos LXX. Contm s o Antigo Testamento. Teodocio era ebionita.

13.2.8 A verso de Smaco

A verso de Smaco, feita em 218. S do Antigo Testamento. Smaco era tambm


ebionita. Existe em fragmentos.

13.2.9 A Hxapla, de Orgenes

A Hxapla, de Orgenes. No propriamente uma verso; obra compendiada. Devido


a falhas na traduo da Septuaginta, Orgenes, grande erudito da igreja primitiva,
comps, em Cesaria, a Hxapla, ou verso de 6 colunas, em 228 d.C.
As seis colunas esto dispostas da direita para a esquerda, assim: 1 O texto hebraico;
2 O texto grego traduzido do hebraico; 3 A verso de quila; 4 A verso de Smaco;
5 A Septuaginta; 6 A verso de Teodocio.

13.2.10 Revises Depois da Hexapla

Fizeram ainda revises na Septuaginta Luciano fez seu trabalho mais ou menos pelo
ano 300, pois foi martirizado em 311. Para esta reviso usou manuscritos hebraicos
superiores aos usados por Orgenes e Hesquio sua reviso se processou na cidade
de Alexandria e foi somente aceita no Egito.

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13.2.11 Verses Siracas

provvel que a primeira verso do Novo Testamento tenha sido feita na lngua
siraca. Dentre as verses siracas so dignas de nota as seguintes:
Siraca Antiga. uma verso dos quatro Evangelhos, conservada hoje com grandes
lacunas nestes dois manuscritos. Embora estes manuscritos fossem copiados no 5 e
4 sculos respectivamente, a forma de texto que eles preservam data do fim do
segundo sculo ou incio do terceiro. O texto dos Evangelhos sofreu influncias do
Diatessaron de Taciano. Seu tipo de texto pertence ao grupo Ocidental.
Verso Peshita. Em siraco a palavra peshita significa simples, comum, vulgar. Crem
alguns que a traduo foi feita por Rabbula, bispo de Edessa (411-432), cognominado o
So Jernimo da Igreja Sria. Outros afirmam que o autor desconhecido, mas que a
traduo foi feita para que o cristianismo pudesse propagar-se entre aquele povo. Por
ser um trabalho muito bem feito, foi chamada "a rainha das verses". Contm todo o
Velho Testamento sem os livros apcrifos. Do Novo Testamento no foram traduzidos II
e III Joo, II Pedro, Judas e Apocalipse. Mais de 350 manuscritos da Peshita so
conhecidos hoje, diversos dos quais datam do 5 e 6 sculos.
Verso Filoxnia. Esta outra traduo bastante difcil de ser explicada pela Crtica
Textual. Cr-se que Filxeno, bispo de Mabugue, comissionou a traduo da Bblia
inteira baseada no grego, em 508 a.D.
Verso Siraca da Palestina. conhecida principalmente por um dicionrio dos
Evangelhos. Crem os entendidos que seja uma traduo do quinto sculo.

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14 - VERSES LATINAS E INGLESAS

14.1 Verses Latinas

O latim era um idioma dominante nas regies ocidentais do Imprio Romano desde
muito antes dos dias de Jesus. Foram nas regies ocidentais ao sul da Glia e na
frica do Norte que apareceram as primeiras tradues da Bblia em latim. Segundo
Philip W. Confort (1998, p. 235) em cerca de 160 d.C., Tertuliano notoriamente usou
uma verso das Escrituras em latim. No muito tempo depois, o texto em latim antigo
parece ter estado em circulao, o que nos evidenciado pelo uso de Cipriano antes
de sua morte, em 258 d.C.. A verso em latim antigo era uma traduo da
Septuaginta. Manuscritos completos do texto em latim antigo no subsistiram. Depois
que a verso latina, a Vulgata, foi completada por Jernimo, o texto mais primitivo caiu
em desuso.

14.1.1 A Vulgata latina

Segundo Philip W. Confort (1998, p. 236) por volta do sculo III d.C., o latim comeou
a substituir o grego como lngua de ensino no vasto mundo romano. Um texto uniforme
e confivel era extremamente necessrio para uso teolgico e litrgico. Para preencher
essa necessidade, o papa Dmaso I (336-384 d.C.) encarregou Jernimo, eminente
erudito no latim, grego e hebraico, de fazer a traduo. Jernimo comeou o seu
trabalho com uma traduo da Septuaginta em grego, considerada inspirada por muitas
autoridades da Igreja, inclusive Agostinho. Contudo, mais tarde, e sob risco de grande
crtica, voltou-se para o texto hebraico que ento estava em uso na Palestina, como
texto base para sua traduo. Durante o perodo de 390 a 405, Jernimo fez sua
traduo latina do Antigo Testamento hebraico. No entanto, a despeito de ter se voltado
para o original hebraico, Jernimo dependia grandemente das diversas verses gregas
como auxlio traduo. Por conseguinte, a Vulgata espelha as outras tradues
gregas e latinas tanto quanto o texto hebraico fundamental.

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14.1.1.1 Autor da Vulgata

Sofrnio Eusbio Jernimo (c. 340-420) nascera de pais cristos, em Estrido, na


Dalmcia. Havia sido educado na escola local at sua ida a Roma, com a idade de
doze anos. Durante os oito anos seguintes, Jernimo estudou latim, grego e autores
pagos, antes de tornar-se cristo, com a idade de dezenove anos. Logo aps sua
converso e batismo, Jernimo devotou-se a uma vida de rgida abstinncia e de
servio ao Senhor. Passou muitos anos perseguindo uma vida semi-asctica de
eremita. De 374 a 379, empregara um rabino judeu para que lhe ensinasse o hebraico,
enquanto estivesse residindo no Oriente, perto de Antioquia. Foi ordenado presbtero
em Antioquia antes de partir para Constantinopla, onde passou a estudar sob a
orientao de Gregrio de Nazianzo. Em 382, foi convocado por Roma para ser
secretrio de Dmaso, bispo de Roma, e nomeado membro de uma comisso para
revisar a Bblia latina.

14.1.1.2 A Data e o Lugar da Traduo da Vulgata Latina

Jernimo recebeu a incumbncia em 382 e iniciou seu trabalho quase imediatamente. A


pedido de Dmaso introduziu uma ligeira reviso nos evangelhos, completada em 383.
Logo aps ter terminado a reviso dos evangelhos, morre-lhe o mecenas (384), tendo
sido eleito novo bispo de Roma. Jernimo, que aspirava a esse cargo, j havia
terminado uma reviso rpida do chamado Saltrio romano quando regressou ao
Oriente e se estabeleceu em Belm. De volta a Belm, Jernimo voltou sua ateno a
uma reviso mais cuidadosa do Saltro romano, que completou em 387. Essa reviso
conhecida como Saltrio galileu, empregado atualmente no Antigo Testamento da
Vulgata. Baseou-se de fato nos Hxapla de Orgenes, a quinta coluna, sendo mera
traduo dos Salmos. To logo havia terminado sua reviso dos Salmos, Jernimo
iniciou a reviso da LXX, embora esse trabalho no fizesse parte de seus objetivos
iniciais. Estando em Belm, Jernimo havia iniciado seu trabalho de aperfeioar seus
conhecimentos do hebraico, de modo que pudesse executar uma nova traduo do
Antigo Testamento diretamente das lnguas originais. Os amigos ao redor aplaudiram
seus esforos, mas outros,

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muito longe, comearam a suspeitar que Jernimo estaria judaizando; alguns se
enfureceram quando Jernimo lanou dvidas sobre a inspirao da Septuaginta.
Traduziu o Saltrio hebraico com base no texto hebraico usado na poca, na Palestina.
Finalmente, em 405, completou sua traduo latina do Antigo Testamento hebraico.
Nos ltimos quinze anos de vida, Jernimo continuou escrevendo, traduzindo e
revisando sua traduo do Antigo Testamento.
Jernimo pouca ateno deu aos apcrifos; s com grande relutncia produziu uma
traduo apressada de algumas passagens de Judite, de Tobias e do resto de Ester,
mais as adies de Daniel - antes de morrer. O resultado foi que a verso dos livros
apcrifos, pertencente Antiga latina, foi adicionada Bblia chamada Vulgata latina na
Idade Mdia, sobre o cadver de Jernimo.

14.1.2 Verses, Tradues e Parfrase em Ingls

Segundo Philip W. Confort (1998, p. 361), no sculo VI, o Evangelho foi levado para a
Inglaterra pelos missionrios de Roma. A Bblia que levaram foi a Vulgata Latina. Nessa
poca, os cristos que viviam na Inglaterra dependiam dos monges para qualquer tipo
de instruo relacionada Bblia. Os monges liam e ensinavam a
Bblia latina. Depois de alguns sculos, quando mais mosteiros foram fundados, surgiu
a necessidade de tradues da Bblia em ingls. A mais antiga traduo em ingls, at
onde sabemos, a que foi feita por um monge do sculo VII, chamado Cedmon, que
fez uma verso mtrica de partes do Antigo e do Novo Testamento. Acredita-se que
outro clrigo ingls, chamado Bede, traduziu os evangelhos para o ingls. Diz a
tradio que, em 735, esse clrigo estava traduzindo o Evangelho de Joo em seus
ltimos momentos de vida. Outro tradutor foi Alfredo, o Grande (que reinou de 871 a
899), considerado por todos como um rei muito letrado. Incluiu em suas leis trechos dos
Dez Mandamentos traduzidos para o ingls e tambm traduziu os Salmos.

14.1.2.1 Desenvolvimento da Lngua Inglesa


Segundo Norman Geisler (1997, p. 219), no se sabe com certeza como a lngua
inglesa se desenvolveu, mas a maioria dos estudiosos segue a orientao de Beda,

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o Venervel (c. 673-735), que data seu incio em cerca de 450 da era crist. O perodo
de 450 a 1100 denominado anglo-saxnico, ou do antigo ingls, por ter sido
dominado pela influncia dos anglos, dos saxes e dos jutos em seus vrios dialetos.
Aps a invaso normanda de 1066, a lngua sofreu a influncia de dialetos
escandinavos, e o perodo do mdio ingls apareceu de 1100 a 1500. Esse foi o
perodo de Geoffrey Chaucer (1340-1400) e de John Wycliffe. Aps a inveno da
prensa mvel por Johann Gutenberg (c. 1454), o ingls entrou em seu terceiro perodo
de desenvolvimento: o do ingls moderno (1500 at o presente). Esse perodo de
desenvolvimento foi precipitado pela grande mudana voclica no sculo que se seguiu
morte de Chaucer e precedeu ao nascimento de William Shakespeare.

14.1.2.2 As Tradues Parciais para o Antigo Ingls (450-1100)

Segundo Norman Geisler (1997, p. 220), as primeiras tradues de partes das


Escrituras basearam-se nas tradues da Antiga latina e da Vulgata, e no nas lnguas
originais, o hebraico e o grego, e nenhuma delas continha o texto da Bblia toda. No
obstante, elas ilustram a maneira pela qual a Bblia entrou para a lngua inglesa.
Aldhelm (640-709). Aldhelm foi o primeiro bispo de Sherborne em Dorset. Logo depois
do ano 700, ele traduziu o Saltrio para o antigo ingls. Foi a primeira traduo direta
de qualquer parte da Bblia para a lngua inglesa.
Egberto (700). Egberto da Nortmbria tomou-se arcebispo de Iorque pouco depois da
morte de Beda. Ele foi tambm o mestre de Alcuno de Iorque, que foi mais tarde
chamado por Carlos Magno para estabelecer uma escola na corte de Aix-Ia-Chapelle
(Aachen). Por volta de 705, Egberto traduziu os evangelhos para o antigo ingls pela
primeira vez.
Beda, o Venervel (674-735). Maior estudioso da Inglaterra e um dos maiores de toda a
Europa dos seus dias, Beda residiu em Jarrow-on-the-Tyne, na Nortmbria. De l, ele
escreveu sua famosa Histria eclesistica e outras obras. Entre essas obras
encontrava-se uma traduo do evangelho de Joo, cujo propsito foi provavelmente o
de suplementar os trs outros traduzidos por Egberto. Segundo relatos tradicionais,
Beda terminou a traduo na hora da morte.

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Alfredo, o Grande (849-901). Alfredo foi um estudioso de primeira, alm de ter sido rei
da Inglaterra (870-901). Durante seu reinado, a Lei Danesa foi estabelecida sob o
Tratado de Wedmore (878). O tratado continha somente duas estipulaes para os
novos sditos: batismo cristo e fidelidade ao rei. Juntamente com sua traduo da
Histria eclesistica de Beda do latim para o anglo-saxo, ele tambm traduziu os Dez
mandamentos, excertos do xodo, 21-23, de Atos, 15.23-29, e uma forma negativa da
Regra urea. Foi durante o seu reinado que a Inglaterra experimentou um reavivamento
do cristianismo.
Aldred (950). Outro elemento foi introduzido na histria da Bblia inglesa quando Aldred
escreveu um comentrio nortumbriano entre as linhas de uma cpia dos evangelhos
escrita no latim do final do sculo VII. da cpia latina de Eadfrid, bispo de Lindisfarne
(698-721), que a obra de Aldred recebe seu nome, os Evangelhos de Lindisfarne.
Aelfric (1000). Aelfric foi bispo de Eynsham, em Oxfordshire, Wessex, quando traduziu
partes dos sete primeiros livros do Antigo Testamento. Essa traduo e outras partes
do Antigo Testamento que ele traduziu e citou em suas homilias basearam-se no texto
latino. Mesmo antes da poca de Aelfric, os Evangelhos de Wessex foram traduzidos
para o mesmo dialeto. Esses elementos constituem a primeira traduo existente dos
evangelhos para o antigo ingls.

14.1.2.3. As redues parciais para o mdio ingls (1100-1400)

Segundo Norman Geisler (1997, p. 221), a conquista normanda (1066) deu-se graas
disputa em torno do trono de Eduardo, o Confessor. Com ela, o perodo do domnio
saxnico na Inglaterra chegou ao fim, e um perodo de influncia normando-francesa se
fez sentir sobre a lngua dos povos conquistados. Durante esse perodo de domnio
normando foram feitas outras tentativas de traduzir a Bblia para o ingls.
Orm ou Ormin (1200). Orm foi um monge agostiniano que escreveu uma parfrase
potica dos evangelhos e de Atos acompanhada de comentrio. Essa obra, o Ormulum,
preservada em um nico manuscrito de 20.000 palavras. Embora o

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vocabulrio seja puramente teutnico, a cadncia e a sintaxe mostram a influncia
normanda.
Guilherme de Shoreham (1320). Shoreham freqentemente recebe o crdito de ter
produzido a primeira traduo em prosa de uma parte da Bblia para um dialeto sulista
do ingls, embora exista alguma dvida quanto a ele ter sido realmente o tradutor
dessa obra de 1320.
Ricardo Rolle (1320-1340). Rolle conhecido como o "Eremita de Hampole". Foi
responsvel pela segunda traduo literal das Escrituras para o ingls. Vivendo perto
de Doncaster, em Yorkshire, fez sua traduo da Vulgata latina para o dialeto ingls do
norte. Sua traduo do Saltrio foi amplamente divulgada e reflete o desenvolvimento
da traduo da Bblia inglesa at a poca de John Wycliffe.

14.1.2.4 As Tradues Completas para o Mdio Ingls e para o Ingls Moderno em


Fase Inicial

Embora no houvesse nenhuma Bblia completa em ingls antes do sculo XIV,


diversos indcios apontavam para o aparecimento iminente de uma. A ampla circulao
do Saltrio literal de Rolle na exata poca em que a corte papal passava por lutas se
associou ao chamado cativeiro babilnico (1309-1377). Esse acontecimento e suas
conseqncias formaram o pano de fundo para a obra de outros tradutores bblicos.
A Bblia de Wycliffe. Joo Wycliffe (c. 1329-1384) - O mais eminente telogo oxfordiano
de seus dias - e seus associados foram os primeiros a traduzir a Bblia inteira do latim
para o ingls. Segundo Philip W. Confort (1998, p. 363), Wycliffe foi chamado de a
Estrela da Manh da Reforma", porque audaciosamente questionou a autoridade papal,
criticou a venda de indulgncias, negou a realidade da transubstanciao (doutrina que
diz que a substncia do po e do vinho mudada em corpo e sangue de Jesus Cristo
durante a missa) e falou abertamente contra as hierarquias eclesisticas. O papa
condenou Wycliffe por seus ensinamentos "herticos" e pediu que a Universidade de
Oxford o demitisse. Mas Oxford e muitos lderes governistas permaneceram ao lado de
Wycliffe, de modo que conseguiu sobreviver aos ataques do papa.

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Wycliffe acreditava que o caminho para prevalecer em sua luta contra a autoridade
abusiva da Igreja Catlica era tornar a Bblia acessvel s pessoas em sua prpria
lngua. Desse modo, poderiam ler por si mesmas acerca da forma como cada uma
poderia ter um relacionamento pessoal com Deus atravs de Jesus Cristo independente de qualquer autoridade eclesistica. Wycliffe, com seus associados,
completaram o Novo Testamento por volta de 1380 e o Antigo Testamento em 1382.
Enquanto Wycliffe concentrava seus esforos no Novo Testamento, um de seus
associados, Nicolau de Hereford, fazia uma parte importante do Antigo Testamento.
Wycliffe e seus companheiros, desconhecedores do hebraico e do grego originais,
traduziram o texto do latim para o ingls. Depois de Wycliffe ter terminado seu trabalho
de traduo, organizou um grupo de paroquianos pobres, conhecido como lolardos,
para irem por toda a Inglaterra pregando as verdades crists e lendo as Escrituras na
lngua materna a todos os que ouvissem a Palavra de Deus. O resultado desse
empreendimento foi que a Palavra de Deus, atravs da traduo de Wycliffe, tornou-se
acessvel a muitos ingleses.
Um dos associados mais chegados de Wycliffe, Joo Purvey (c. 1353-1428), continuou
a obra de Wycliffe, lanando, em 1388, uma reviso de sua traduo. Purvey era um
excelente erudito. Seu trabalho foi muito bem recebido por sua gerao e pelas que se
seguiram. Menos de um sculo depois, a edio revista de Purvey havia substitudo a
Bblia inicial de Wycliffe.
William Tyndale (1492-1536). Aps tentativas deplorveis de fazer sua traduo na
Inglaterra, William Tyndale embarcou para o Continente em 1524. Aps outras
dificuldades, finalmente imprimiu o Novo Testamento em Colnia, no fim de fevereiro de
1526. Seguiu-se uma traduo do Pentateuco, em Marburgo (1530), e de Jonas, na
Anturpia (1531). Conforme Norman Geisler (1997, p. 224) as influncias de
Wycliffe e de Lutero eram evidentes no trabalho de Tyndale e o mantiveram sob
constantes ameaas. Alm disso, essas ameaas eram tantas, que as tradues de
Tyndale tiveram de ser contrabandeadas para a Inglaterra. Tendo chegado l,
exemplares foram comprados por Cuthbert Tunstall, bispo de Londres, que as fez
queimar publicamente em St. Paul's Cross. Conforme Norman Geisler (1997, p. 224)
em 1534, Tyndale publicou sua reviso do Gnesis e comeou a trabalhar numa
reviso do Novo Testamento. Pouco depois de completar essa reviso, foi seqestrado
na Anturpia e levado fortaleza de Vilvorde, em Flandres. Ali continuou a traduzir o
Antigo Testamento.

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A Bblia de Coverdale. Miles Coverdale era graduado de Cambridge e, como Tyndale,
havia sido forado a fugir da Inglaterra, porque fora grandemente influenciado por
Lutero, medida que audaciosamente pregava contra a doutrina catlica. Enquanto
estava no exterior, Coverdale encontrou-se com Tyndale e ento passou a servi-lo de
assistente - sobretudo ajudando-o na traduo do Pentateuco. Pela poca em que
Coverdale publicava uma traduo completa (1537), o rei da Inglaterra, Henrique VIII,
rompia todas as relaes com o papa e estava pronto para aceitar a publicao de uma
Bblia em Ingls.
A Bblia de Rogers e a Bblia Grande (1537). No mesmo ano em que a Bblia de
Coverdale foi endossada pelo rei (1537), outra Bblia foi publicada na Inglaterra. Tratava-se do trabalho de algum chamado Thomas Matthew, pseudnimo de Joo
Rogers (c. 1500-1555), amigo de Tyndale. Obviamente, Rogers usou a traduo indita
dos livros histricos do Antigo Testamento feita por Tyndale, outras pores traduzidas
por Tyndale e ainda outras pores da traduo de Coverdale para formar uma Bblia
inteira. Esta Bblia tambm recebeu a aprovao do rei. A Bblia de Rogers foi revisada
em 1538 e impressa para distribuio nas igrejas de toda a Inglaterra. Conhecida como
a Bblia Grande por causa do seu tamanho e preo elevado, tomou-se a primeira Bblia
em ingls autorizada para uso pblico.
A Bblia de Genebra (1524-1579). Os ingleses exilados em Genebra, Sua, escolheram
William Whittingham (1524-1579) para lhes fazer uma traduo em ingls do Novo
Testamento. Whittingham usou a traduo latina de Teodoro Beza e consultou o texto
grego. Essa Bblia tornou-se muito popular, porque era pequena e de preo moderado.
O prefcio e suas muitas anotaes estavam impregnadas por forte influncia
evanglica, bem como pelos ensinamentos de Joo Calvino. Calvino foi um dos
maiores pensadores da Reforma, renomado comentarista bblico e o principal lder em
Genebra durante essa poca.
A Bblia do rei Tiago A King James Version (1611). Em janeiro de 1604, Tiago I foi
convocado a comparecer Conferncia de Hampton Court. Na ocasio John Reynolds,
presidente puritano da Faculdade Corpus Christi, em Oxford, levantou a questo de ser
feita uma verso autorizada da Bblia para todos os partidos dentro da igreja. Foi
nomeada uma junta. Seis grupos de tradutores foram escolhidos: dois em Cambridge
para revisar de 1Crnicas a Eclesiastes e os livros apcrifos; dois em Oxford para
revisar de Isaas a Malaquias, os evangelhos, Atos e o Apocalipse; dois

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em Westminster para revisar de Gnesis a 2Reis e de Romanos a Judas. Apenas 47
dos 54 homens escolhidos trabalharam de fato nessa reviso da Bblia dos bispos.
As notas marginais acompanharam a nova reviso, e a chamada Verso autorizada
nunca chegou a ser de fato autorizada, nem ser de fato uma verso. Ela substituiu a
Bblia dos bispos nas igrejas porque nenhuma edio dessa Bblia foi publicada depois
de 1606.
Trs edies da nova traduo apareceram em 1611. Outras edies foram publicadas
em 1612. Durante o reinado de Carlos I (1625-1649), o Parlamento Lon-go estabeleceu
uma comisso para deliberar sobre a reviso da chamada Verso autorizada ou
produzir uma traduo totalmente nova. Somente revises insignificantes resultaram
em 1629, 1638, 1653, 1701, 1762, 1769 e duas edies posteriores. Essas trs ltimas
revises foram feitas pelo Dr. Blayney de Oxford. Elas variaram em cerca de 75 mil
pormenores do texto da edio de 1611. Pequenas mudanas continuaram a surgir no
texto at datas recentes como 1967 no texto da Verso autorizada que acompanha a
New Scofield reference edition [Nova edio de referncia de Scofield]. Entrementes,
foram feitas tentativas de trazer amplas alteraes e correes s tradues inglesas
da Bblia em virtude de novas descobertas textuais e por conta da natureza mutvel da
prpria lngua (GEISLER, 1997, p. 231).

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15 - TRADUES E VERSES CASTELHANAS E PORTUGUESAS

15.1 Tradues Castelhanas

A primeira traduo que se fez em castelhano foi o Novo Testamento surgido em 1543.
Foi obra do jovem reformador Francisco de Enzinas. Filho de pais nobres e ricos foi
enviado a estudar nos Pases Baixos, onde recebeu decisiva influncia dos
reformadores. Dirigiu-se posteriormente Alemanha para conhecer Melanchton, em
cuja casa se hospedou. Estudando na Universidade de Wittenberg e encorajado por
Melanchton dedicou-se sublime tarefa de traduzir o Novo Testamento do original
grego para a sua lngua nativa.
A segunda traduo para o espanhol a conhecida "Bblia de Ferrara" que em
realidade no contm seno o Antigo Testamento. Esta verso foi obra de certos
eruditos judeus, que por questes religiosas foram banidas da Pennsula Ibrica.
Radicaram-se na Itlia, onde havia maior liberdade em questes religiosas. Reunidos
em Ferrara quatro bons conhecedores do hebraico e do espanhol, com manuscritos
originais a sua disposio no lhes foi muito difcil concluir a tarefa a que se
propuseram.
A primeira traduo completa da Bblia para a lngua castelhana foi obra de Casiodoro
de Reina, que nascera ao sul da Espanha em 1520.
Aps ter estudado para sacerdote, tornou-se pregador evanglico, razo porque teve
de fugir da Espanha. Trabalhou 12 anos nesta traduo, que foi publicada em Basilia
no ano de 1569. Baseou seu trabalho em manuscritos originais, mas teve auxlio de
tradues anteriores, como a grande verso de Ferrara (1533).

15.2 Tradues Portuguesas

Neste captulo apresentaremos um breve histrico da traduo da Bblia em portugus,


tanto em Portugal quanto no Brasil.

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15.2.1 Perodo das Tradues Parciais

D. Diniz (1279-1325) foi a primeira pessoa a traduzir para a lngua portuguesa o texto
bblico. Grande conhecedor do latim clssico, e leitor da Vulgata, D. Diniz resolveu
enriquecer o portugus traduzindo as Sagradas Escrituras para o nosso idioma,
tomando como base a Vulgata Latina. Embora lhe faltasse perseverana e s
conseguisse traduzir os vinte primeiros captulos do livro de Gnesis, esse seu esforo
o colocou em uma posio historicamente anterior a alguns dos primeiros tradutores da
Bblia para outros idiomas, como Joo Wycliff, por exemplo, que s em 1380 traduziu
as Escrituras para o ingls.
Ferno Lopes disse em seu curioso estilo de cronista do sculo XV, que D. Joo I
(1385-1433), um dos sucessores de D. Diniz no trono portugus, fez grandes letrados
tirar em linguagem os Evangelhos, os Atos dos Apstolos e as epstolas de So Paulo,
para que aqueles que os ouvissem fossem mais devotos acerca da lei de
Deus. (Crnica de D. Joo I, 2. Parte). Esses grandes letrados eram vrios padres
que tambm se utilizaram da Vulgata Latina em seu trabalho de traduo.
Enquanto esses padres trabalhavam, D. Joo I, tambm conhecedor do latim, traduziu
o livro de Salmos, que foi reunido aos livros do Novo Testamento traduzidos pelos
padres. Seu sucessor, D. Joo lI, outro grande apoiador das tradues do texto bblico,
mandou gravar no seu cetro a parte final do versculo 31 de Romanos
8: Se Deus por ns, quem ser contra ns?.
Como nessa poca a imprensa ainda no havia sido inventada, os livros eram
produzidos em forma manuscrita, fazendo-se uso de folhas de pergaminho. Isso
tornava sua circulao extremamente reduzida. Por ser um trabalho lento e caro, era
necessrio que ou a Igreja Romana ou algum muito rico assumisse os custos do
projeto. Ningum mais indicado para isto do que os nobres e os reis.
Outras figuras da monarquia de Portugal tambm realizaram tradues parciais da
Bblia. A neta do rei D. Joo I e filha do Infante D. Pedro, a Infanta D. Filipa, traduziu do
francs os Evangelhos. No sculo XV surgiram publicados em Lisboa o Evangelho de
Mateus e pores dos demais Evangelhos, um trabalho realizado pelo frei Bernardo de
Alcobaa, que pertenceu grande escola de tradutores

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portugueses da Real Abadia de Alcobaa. Ele baseou suas tradues na Vulgata
Latina.
A primeira harmonia dos Evangelhos em lngua portuguesa, preparada em 1495 pelo
cronista Valentim Fernandes, e intitulada De Vita Christi, teve os seus custos de
publicao pagos pela rainha Dona Leonora, esposa de D. Joo II. Cinco anos aps o
descobrimento do Brasil, D. Lenora mandou tambm imprimir o livro de Atos dos
Apstolos e as epstolas universais de Tiago, Pedro, Joo e Judas, que haviam sido
traduzidos do latim vrios anos antes por frei Bernardo de Brinega.
Em 1566 foi publicada em Lisboa uma gramtica hebraica para estudantes
portugueses. Ela trazia em portugus, como texto bsico, o livro de Obadias.

15.2.1.1 Outras Tradues

Outras tradues em lngua portuguesa, realizadas em Portugal, so dignas de


meno: Os quatro Evangelhos, traduzidos em elegante portugus pelo padre jesuta
Luiz Brando. No incio do sculo XIX, o padre Antnio Ribeiro dos Santos traduziu os
Evangelhos de Mateus e Marcos, ainda hoje inditos.
fundamental salientar que todas essas obras sofreram, ao longo dos sculos,
implacvel perseguio da Igreja Romana, e de muitas delas s escaparam um ou dois
exemplares, hoje rarssimos. A Igreja Romana tambm amaldioou a todos os que
conservassem consigo essas tradues da Bblia em idioma vulgar (BBLIA
THOMPSON, 1992, p. 1379).

15.2.2 Traduo de Joo Ferreira de Almeida


A Edio Comemorativa do Terceiro Centenrio da Traduo da Bblia em lngua
portuguesa apresentou para Joo Ferreira de Almeida as seguintes informaes:
"Nascido em Torres de Tavares, Conselho de Mangualde, Portugal, em 1628, faleceu,
Joo Ferreira de Almeida, em 1691. Temos aqui 63 anos que se dignificaram na vida
do consagrado servo de Deus. consagrado no campo da cultura secular, versado na
lingstica, incansvel na comparao das lnguas que aprendeu e usou, valeu-se de
sua lngua nativa, a portuguesa, para a expresso

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geral e ampla de suas obras principais, destacando-se, dentre elas, a traduo que fez
da Bblia, dos originais hebraico e grego para a lngua portuguesa.
Joo Ferreira de Almeida foi quem primeiro traduziu a Bblia para o nosso vernculo.
Portugus ele, de trs sculos idos, certo que ainda falando e escrevendo
corretamente, com segura inteligncia das proposies, das frases e das palavras teve
linguagem que hoje seria distante e at, no raro, diferente para as sucessivas edies
da Bblia, segundo ele a traduziu, porque a evoluo semntica da linguagem, por
vezes, impe mudanas de palavras para que se no mude o sentido das mensagens.
H 300 anos (1681) Joo Ferreira de Almeida traduziu o Novo Testamento, em
Amsterd; e da avante, sua publicao (Batvia, 1693), novamente em Amsterd
(1712); em Trangambar, 1760; e outra vez em Batvia, 1773.
Incansvel no trabalho traduziu tambm o Antigo Testamento, mas at o versculo 12
do captulo 48 de Ezequiel.
Em 1656, Almeida foi ordenado pastor da Igreja Reformada, mas sempre desejoso de
promover a Reforma em Portugal. De 1656 at 1658 foi missionrio no Ceilo, depois
na ndia, e foi o primeiro ordenado a pregar em portugus. De volta a Batvia,
pastoreou a comunidade portuguesa ali existente.
Faleceu, dissemos, em 1691, todavia Joo Ferreira de Almeida at hoje influi com as
tradues que deixou da Bblia. A mais antiga verso usual no Brasil, entre os
evanglicos, mereceu da Sociedade Bblica do Brasil certa atualizao na linguagem,
pois distam trs sculos a traduo do Almeida.
Na seo de Livros Raros da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, h um exemplar do
Novo Testamento impresso em Amsterd (1712).

15.2.2.1 A Traduo de Almeida Revisada

Duas entidades Comisso Revisora e Comisso Consultiva foram organizadas


entre ns, sob os auspcios das Sociedades Bblicas Unidas para se desincumbirem da
sagrada responsabilidade de rever a Traduo de Almeida e atualizar a sua linguagem.
Estas duas comisses em sua reunio inaugural, no dia 14 de abril de

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1943, sob a presidncia do destacado Pastor Csar Dacorso Filho, tratavam das
"Razes por que necessitamos de uma reviso das atuais verses da Bblia em
Portugus". Os brasileiros contaram com o apoio irrestrito e a sbia experincia dos
Secretrios Executivos das Sociedades Bblicas Unidas nesta primeira reunio, mas
posteriormente o Secretrio de Traduo da Sociedade Bblica Americana, Dr. Eugene
A. Nida visitou o nosso pas com a principal finalidade de orientar os trabalhos de
traduo e reviso.
Depois de ponderados e minuciosos estudos das trs tradues mais divulgadas no
Brasil, ou sejam: Almeida, Figueiredo e da Traduo Brasileira de 1917, a comisso
decidiu pela reviso da traduo Almeida, observando os seguintes tpicos: fidelidade
ao texto original; traduo e no interpretao; clareza, correo e elegncia de
linguagem; cunho espiritual da linguagem; aproveitamento de outras verses e acesso
s lnguas originais.
De acordo com a Sociedade Bblica do Brasil, o trabalho feito no foi uma nova
traduo, mas uma reviso da traduo de Joo Ferreira de Almeida. Os textos
originais foram Nestle, para o Novo Testamento e Letteris para o Velho Testamento.
As modificaes feitas em Almeida se basearam, especialmente, nestes aspectos:
infidelidade ao original, ou em desacordo com o melhor texto; palavra ou frase
antiquada demais; palavra ou frase que apresentasse alguma impropriedade;
construo gramatical inferior.
Nesta reviso, talvez tenha permanecido, no mximo, 30% da linguagem de Almeida,
no sendo de admirar este corte se levarmos em considerao que a linguagem de
Almeida, que estava sendo atualizada, tinha quase 200 anos.
O renomado vernaculista, Antnio de Campos Gonalves, secretrio e relator da
Comisso nos cientfica de que a Sociedade Bblica do Brasil desejou conservar o mais
possvel a linguagem de Almeida, mas este objetivo era difcil de ser alcanado, por ser
muito antiga a sua linguagem e por serem diferentes os originais seguidos por Almeida
(Textus Receptus) e pela Comisso Revisora (Letteris e Nestle).
Outros aspectos contestados por entendidos na arte de traduzir sobre a Almeida
Atualizada so os termos eruditos e rebuscados, desconhecidos at por pessoas cultas.
Preciosismos literrios idnticos aos seguintes deveriam ser evitados: coudelaria (Et
8.10), excogitar (Sl 64.6), acrisolar (Sl 66.10), espelta (Is 28.25), sachar (Is 5.2),
prevaricaes (Ez 33.0), gazofilceo (Mc 12.41), recalcitrar (At 2614),

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inculcando-se (Rm 1.22), adgio (2Pe 2.22). No nos esqueamos de que a linguagem
correta e o estilo agradvel de se ler.
Como bem destacou o Dr. Bittencourt, no livro O Novo Testamento, pginas 244 e 245:
"Nenhuma traduo perfeita, nem quanto ao presente, nem futuro. E a ltima reviso
de Almeida no poderia escapar a este destino.
A crtica aponta-lhe srios erros de traduo, que seria cansativo enumerar. E, ao
comentar o fato sobre o Antigo Testamento o ilustre professor de lnguas da
Universidade de So Paulo, disse que os Salmos, especialmente, poderiam ser bem
melhorados, quer quanto traduo propriamente dita, quer quanto mtrica.
Embora a espaos largos no correr do tempo, a semntica de alguns vocbulos varia.
Novos vocbulos vo sendo criados e outros abandonados, tornando-se arcaicos.
E para que determinada traduo no envelhea, ela deve ser revista, no s quanto
lngua, mas quanto traduo propriamente dita, levando-se em conta as descobertas
no campo da crtica textual que sempre trazem novo material para o aperfeioamento
do texto sagrado nas lnguas originais. E esta reviso, to recente, j pede outros
trabalhos que a tornem bem melhor.

15.2.3 Traduo de Figueiredo

Por um decreto de 1757, no tempo do Papa Bento XIV, a Bblia era reconhecida como
til para fortalecer a f. Esta nova atitude da Igreja Catlica Romana deu impulso
traduo da Bblia com a Vulgata como base. Entre estes se encontrava o Padre
Antnio Pereira de Figueiredo, nascido perto de Lisboa em 1725. Por ser exmio
latinista, e como ele mesmo confessa: "No sendo eu nem ainda medianamente
instrudo nas lnguas originais, hebraica e grega, em que foram escritos,
respectivamente, o Velho Testamento e os Evangelhos, mal poderia sair exata e
perfeita esta minha traduo."
A sua traduo se baseou na Vulgata. Por 18 anos ocupou-se deste trabalho, que foi
submetido a duas revises cuidadosas antes de ser publicado. A primeira edio do
Novo Testamento saiu em 1778 em seis volumes e o Velho Testamento foi publicado
em 17 volumes, seguidamente, desde 1783 a 1790.

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A edio de sete volumes completada em 1819 considerada o padro das verses de
Figueiredo. A traduo de Figueiredo em um s volume foi publicada pela primeira vez
em 1821.
A principal objeo que se faz Bblia de Figueiredo esta: apresenta deficincias que
se verificam numa traduo de traduo.
Dr. Benedito P. Bittencourt apresentou ainda as seguintes falhas nesta traduo:
O uso de algumas palavras em Portugus demonstra como foi tendenciosa a traduo
de Figueiredo. Em 1 Pedro 5.5 ele traduz: 'apoiando a honra dos padres'. Nas revises
feitas pelas sociedades Bblicas esta traduo foi mudada para 'obedecei aos mais
velhos' em harmonia com o original. Em Joo 11.57 ele traduz 'pontfice' em lugar de
'sumo-sacerdote', bem como na maioria dos lugares em que o termo aparece na carta
aos Hebreus. A palavra padre, no sentido usado pela Igreja Romana, usada, como no
exemplo dado, para traduzir a palavra grega presbteros em muitos lugares, o que no
representa o sentido original. Figueiredo foi acusado de traduo perifrstica e livre. Em
2Co 4.8b ele traduz: 'Somos cercados de dificuldades insuperveis e a nenhuma
sucumbimos', que Almeida revista traduz: 'perplexos, porm no desanimados'. No
somente traduo perifrstica, mas a segunda parte no guarda o significado original.
Ele faz duas pequenas sentenas coordenadas em vez de adversativas. No foi
influncia da Vulgata que ele tinha diante de si, pois esta traz: aporiamur, sed non
destituimur, mas seu prprio modo de traduzir [...] Dezenas de exemplos se poderiam
citar, mas estes poucos do idia de como Figueiredo fez sua traduo: melhor
linguagem que a de Almeida, mas pior traduo." (O Novo Testamento. Cnon Lngua
Texto, p. 220).
A traduo de Figueiredo foi a primeira a verter a expresso "kuriak hemera" de Ap
1.10 para domingo.

15.2.4 Edio Trinitria de 1883

To logo se fundou a Trinitarian Bible Society, em Londres, cuidou de verter o Livro


Santo em vrios idiomas, inclusive em portugus, que saiu a lume em 1883. Esta
primeira edio da Trinitria muito disputada pelos adventistas da fala portuguesa,

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ao ponto de se pagarem somas fabulosas por um exemplar, hoje rarssimo. E por qu?
Porque ela registra assim Lc 23.43: 'E Jesus lhe disse: Na verdade te digo hoje, que
estars comigo no Paraso'. E Ap 22.14: 'Bem-aventurados aqueles que guardam os
seus Mandamentos, para que tenham acesso rvore da vida, e para que entrem na
cidade pelas portas'. E assim Jo 3.4: '... pecado quebrantamento da Lei'. Estes trs
textos, assim traduzidos, casam-se maravilhosamente com certos aspectos da doutrina
adventista. Tambm Is 42.21: '... engrandecer Ele a Lei, e a far ilustre'.
Entretanto, tirando esta aparente vantagem para os adventistas, a traduo, nos
demais, do ponto de vista tcnico e diante de novas descobertas da Crtica Textual,
deixa muito a desejar, no recomendvel como um todo. A crtica especialmente
aponta-lhe srios deslizes tradutrios no Velho Testamento, principalmente em alguns
Salmos. A parte do Novo Testamento baseou-se no texto Receptus de 1624, que no
bom, e foi superado pelo trabalho de Tischendorf e posteriormente por Westcott and
Hort, pelos papiros de Beatty, e mais recentemente pelo famoso e atualssimo texto de
Ebberard Nestle. Ora, os textos gregos modernos esto livres de interrupes e
imperfeies dos textos antigos, pois o trabalho da Crtica Textual consiste em
restaurar, tanto quanto possvel o texto original.
O portugus desta primeira edio da Trinitria simplesmente horroroso, arcaicssimo
e deselegante. freqente o emprego de termos obsoletos e desusados, como,
'capros' (Lv 16.8), 'hum', 'humo' (em vrios passos), 'olbano' (Is 66.3), 'graa' (Sl 1.4)...
e, sobretudo a inadmissvel grafia dos verbos no futuro ('viro', por exemplo).
Cacfatos dos piores encontram-se, por exemplo, em 2Sm 1.3; Gn 25.30; Ez 45.24;
46.11; Sl 102.6; Is 62.8; 2Co 11.33; Hb 11.27. E um verbo de sentido chulo em Lc 2.6 e
7. A Verso Trinitria em 1883 jamais referida pelos eruditos, que a consideram
destituda de valor crtico.

15.2.5 Trinitria Revisada

Circula em Portugal, h algum tempo, uma edio revista da Trinitria, com a


linguagem melhorada e atualizada, de acordo com a reforma ortogrfica oficializada
pela Academia de Cincias de Lisboa. Mas no melhorou o contedo, e foram

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alteradas certas redaes, inclusive de Lc 23.43, que agora est como as demais
verses: "na verdade te digo: hoje estars comigo no Paraso". E ainda conserva boa
parte dos cacfatos, e incorrees tradutrias. Os prprios evanglicos brasileiros no
a apreciam.

15.2.6 Tradues parciais da Bblia no Brasil

Nazar. Em 1847 publicou-se, em So Lus do Maranho, O Novo Testamento


traduzido por frei Joaquim de Nossa Senhora de Nazar, que se baseou na Vulgata.
Este foi, portanto, o primeiro texto bblico traduzido no Brasil. Essa traduo tornou-se
famosa por trazer em seu prefcio pesadas acusaes contra as Bblias protestantes,
que, segundo os acusadores, estariam falsificadas e falavam contra Jesus Cristo e
contra tudo quanto h de bom. Em 1879, a Sociedade de Literatura
Religiosa e Moral do Rio de Janeiro publicou a que ficou conhecida como A Primeira
Edio Brasileira do Novo Testamento de Almeida. Essa verso foi revista por Jos
Manoel Garcia, lente (professor de escola superior ou secundria) do Colgio D. Pedro
II; pelo pastor M. P. B. de Carvalhosa, de Campos, RJ, e pelo primeiro agente da
Sociedade Bblica Americana no Brasil, pastor Alexandre Blackford, ministro do
Evangelho no Rio de Janeiro.
Harpa de Israel foi o ttulo que o notvel hebrasta F. R. dos Santos Saraiva deu
sua traduo do Livro dos Salmos, publicada em 1898.
Em 1909, o padre Santana publicou sua traduo do Evangelho de Mateus, vertida
diretamente do grego. Trs anos depois Baslio Teles publicou a traduo do Livro de
J, com sangrias poticas. Em 1917 foi a vez de J. L. Assuno publicar O Novo
Testamento, traduo baseada na Vulgata Latina.
Traduzido do velho idioma etope por Esteves Pereira, O Livro de Ams surgiu
isoladamente no Brasil em 1917. Seis anos depois, J. Baslio Pereira publicou a
traduo do Novo Testamento e do Livro dos Salmos, ambos baseados na Vulgata. Por
essa poca surgiu no Brasil (infelizmente, sem indicao de data) a Lei de Moiss (O
Pentateuco), edio bilnge hebraico-portugus, preparada pelo rabino Meir Masiah
Melamed.

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O padre Huberto Rohden foi o primeiro catlico a traduzir no Brasil o Novo Testamento
diretamente do grego. Publicada pela instituio catlico-romana Cruzada Boa
Esperana, em 1930, essa traduo, por estar baseada em textos considerados
inferiores, sofreu severas crticas.

15.2.6.1 Tradues completas

Em 1902, as sociedades bblicas empenhadas na disseminao da Bblia no Brasil


patrocinaram nova traduo da Bblia para o portugus, baseada em manuscritos
melhores que os utilizados por Almeida. A comisso constituda para tal fim, composta
de eruditos nas lnguas originais e no vernculo, entre eles o gramtico Eduardo Carlos
Pereira, fez uso de ortografia correta e vocabulrio erudito. Publicado em 1917, esse
trabalho ficou conhecido como Traduo Brasileira. Apesar de ainda hoje
apreciadssima por grande nmero de leitores, essa Bblia no conseguiu se firmar-se
no gosto do grande pblico.
Coube ao padre Matos Soares realizar a traduo mais popular da Bblia entre os
catlicos na atualidade. Publicada em 1930 e baseada na Vulgata, essa traduo
possui notas entre parntesis defendendo os dogmas da Igreja Romana. Por esse
motivo recebeu apoio papal em 1932.
Em 1943, as Sociedades Bblicas Unidas encomendaram a um grupo de hebrastas,
helenistas e vernaculistas competentes uma reviso da traduo de Almeida. A
comisso melhorou a linguagem, a grafia de nomes prprios e o estilo da Bblia de
Almeida.
Em 1948 organizou-se a Sociedade Bblica do Brasil, destinada a Dar a Bblia
Ptria. Esta entidade fez duas revises no texto de Almeida, uma mais aprofundada,
que deu origem Edio Revista e Atualizada no Brasil, e uma menos profunda, que
conservou o antigo nome Corrigida.
Em 1967, a Imprensa Bblica Brasileira, criada em 1940, publicou a sua Edio
Revisada de Almeida, separada com os textos em hebraico e grego. Essa edio foi
posteriormente reeditada com ligeiras modificaes.

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Mais recentemente, a Sociedade Bblica do Brasil traduziu e publicou a Bblia na
Linguagem de Hoje (1988). O propsito bsico desta traduo tem sido o de apresentar
o texto bblico numa linguagem comum e corrente.
Em 1990, a Editora Vida publicou a sua Edio Contempornea da Bblia traduzida por
Almeida. Essa edio eliminou arcasmos e ambigidades do texto quase tricentenrio
de Almeida, e preservou, sempre que possvel, as excelncias do texto que lhe serviu
de base.
Enquanto a edio da Bblia Thompson estava sendo preparada, uma comisso
constituda de eruditos em grego, hebraico, aramaico e portugus, coordenada pelo
So. Luiz Sayo trabalhava em uma nova traduo das Escrituras para a lngua
portuguesa, sob o patrocnio da Sociedade Bblica Internacional.
So, tambm, dignas de referncia: A Bblia traduzida pelos monges de Meredsous
(1959); A Bblia de Jerusalm, traduzida pela Escola Bblica de Jerusalm (padres
dominicanos), e editada no Brasil por Edies Paulinas em 1981, com notas, e a Edio
Integral da Bblia, trabalho de diversos tradutores sob a coordenao de Ludovico
Garmus, editado por Editora Vozes e pelo Crculo do Livro, tambm com notas.

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16 - ERROS NO TEXTO, CRTICA TEXTUAL E TEXTO RECEPTUS

16.1 Causas dos Erros na Transmisso do Texto Bblico

Antes da inveno da imprensa, no sculo XV, a transmisso de qualquer escrito,


apenas poderia ser feita copiando, pacientemente, mo, palavra por palavra.
Podemos imaginar quantas probabilidades de erro tal mtodo comporta. Experimentese pedir a 20 pessoas que copiem determinado trecho, copiando sucessivamente, cada
uma da outra cpia, no final ficaremos admirados diante do resultado obtido. Nos
manuscritos tiravam-se cpias e apesar do estrito cuidado, as variantes logo
apareciam.

16.1.1 Erros Involuntrios

16.1.1.1 Erros provenientes de uma viso deficiente

O escriba atingido por astigmatismo achava difcil distinguir as letras gregas que se
pareciam, especialmente se o copista anterior no escreveu com cuidado. Assim num
manuscrito uncial, onde o sigma era feito como sigma lunar, era fcil confundi-lo com o
psilon, o teta e o micron C E Y O. Se dois lmbdas fossem escritos muito juntos
poderiam ser tomados pela letra Mi, como aconteceu em Romanos 6.5, em muitos
manuscritos est A L L A (mas), noutros est AMA (juntos). H divergncia em alguns
manuscritos com a parte final de 1Co 12.13. A maioria traz: "E a todos ns foi dado
beber de um s Esprito"; contudo em alguns aparece: "E a todos ns foi dado beber de
uma bebida". Esta variante surgiu quando alguns copistas leram erradamente IMA (a
contrao comum da palavra INEYMA esprito, como IIOMA (bebida).

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16.1.1.2 Erros provenientes de igual terminao

Tecnicamente, este erro chama-se homoioteleuton = final igual de duas linhas. Pelo fato
de duas linhas seguidas terminarem com a mesma palavra ou slabas, os olhos do
copista podiam pular da primeira para a segunda, omitindo acidentalmente vrias
palavras. Assim explicada a curiosa traduo de Joo 17.15 no Cdice Vaticano,
onde no aparecem as palavras aqui colocadas entre parnteses: "No peo que os
tires do (mundo, mas que os livres do) mal". Algumas vezes, os olhos do escriba,
apanhavam a mesma palavra ou grupo de palavras uma segunda vez e como resultado
copiava duas vezes, o que deveria ter feito apenas uma. Em Atos 19.34 a expresso:
Grande a Diana dos efsios, aparece duas vezes do Cdice Vaticano. Chama-se
ditografia a repetio daquilo que ocorre apenas uma vez e haplografia a falta da
repetio de uma letra ou palavra.

16.1.1.3 Erros provenientes de audio deficiente

Era comum ditarem ao copista e ele escrever uma outra palavra parecida, como as
nossas imerso e emerso, despercebido e desapercebido, comprimento e
cumprimento. Outro problema com o ditado encontrava-se nas homnimas no
homgrafas, como ilustram as palavras portuguesas: sinto e cinto, incipiente e
insipiente, cocho e coxo. A confuso entre psilon e eta, mega e micron era muito
comum em ditados. Um problema desta natureza est em Romanos 5.1, onde a
variante tenhamos se alterna com temos, em grego ecwnen e econen. Dr. Benedito de
Paula Bittencourt, em seu trabalho pioneiro de Crtica Textual em Lngua Portuguesa
fez a anlise crtica deste versculo e a quem pedimos vnia para citar algumas de suas
concluses.
Crtica externa Quantitativamente e qualitativamente as evidncias externas parecem
favorecer o subjuntivo. No entanto, descoberta recente, a do fragmento do MS 0220,
vem suprir o que falta a P. 46, que comea em 5.17. Este manuscrito, cuja leitura
dificultada pelo estado em que se encontra, parece indicar que o verbo est escrito com
micron e no com mega, sendo, no caso, um indicativo e no subjuntivo, como
indicam os escribas primrios do Sinatico e Vaticano. Crtica interna Se a Teologia
de Romanos e dos escritos paulinos como um todo for

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examinada, poder o crtico chegar a uma concluso final, na qual os elementos j
compulsados das evidncias externas daro sua colaborao conclusiva. O indicativo
d idia de algo ativo no presente, enquanto o subjuntivo modo exortativo e que traz
em si a idia de ao almejada no tempo futuro. H no subjuntivo tambm a idia de
ordem, imperativa. O subjuntivo coloca o Apstolo exortando o homem justificado pela
f em Cristo a alcanar por seus esforos sua paz com Deus. Mas, isto contra o
pensamento paulino. Para Paulo no h necessidade de esforos humanos para
alcanar paz com Deus, pois o homem incapaz de realizar sua prpria salvao e
mesmo manter sua paz. Cristo, e somente Cristo, seu Salvador e s Ele capaz de
reconciliar o homem com seu Deus e lhe dar paz. Esta a idia do indicativo (O Novo
Testamento, p. 199-200).
No grego Coin os ditongos oi, ui, e as simples vogais h, i, u no apresentavam
diferena de pronncia soando todos como o nosso "i" resultando da trocas entre
hmeiv = ns e umeiv = vs; eieroiv = outros e eiairoiv = companheiros (Mt 11.16). Em
Hebreus 4.11 o escriba do Cdice Claromontano escreveu aletheias = verdade, por
apeitheias (desobedincia) com resultados desastrosos para o sentido. A declarao de
Paulo de 1Co 15.54: "tragada foi a morte na vitria (nics em Grego)" est no papiro 46
e Cdice B: "tragada foi a morte no conflito (neics)".

16.1.1.4 Erros de Memria

Estes erros surgiram porque a memria falhava enquanto o copista olhava para o
manuscrito e procurava escrever o que l se encontrava. Este tipo de erro explica a
origem de um grande nmero de mudanas, especialmente nos evangelhos sinticos,
envolvendo a substituio de sinnimos, variao na ordem das palavras, troca de
palavras por influncia de outra passagem paralela, talvez conhecida do escriba. A
substituio de sinnimos aparece em exemplos como: eipen por efe, ec por ap, etc.
Um exemplo de troca de palavras temos em Mt 19.16-17, onde alguns copistas
alteraram o relato para que este concordasse com Mc 10.17 e Lc 18.18. declarao
de Cl 1.14 copistas acrescentaram em alguns manuscritos, "atravs do seu sangue",
por influncia da passagem paralela de Ef 1.7.

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16.1.1.5 Erros de Julgamento

Encontramos alguns erros que apenas podem ser explicados por culpa de copistas
pouco inteligentes ou descuidados. Palavras ou notas explicativas, encontradas na
margem, eram muitas vezes, incorporadas ao texto do Novo Testamento. Ao copista
encontrar na margem, notas explicativas como sinnimos de palavras difceis,
correes, comentrios pessoais, ficava perplexo sem saber o que fazer com elas.
Alguns resolveram o problema da seguinte maneira colocaram a nota no texto que
estavam copiando. H manuscritos que trazem acrescentadas a Rm 8.1 as seguintes
palavras: "que no andam segundo a carne, mas segundo o esprito". Esta era uma
nota explicativa na margem do primeiro versculo, talvez tirada do verso quatro.
Somente descuido em alto grau pode justificar alguns absurdos perpetrados por
escribas pouco perspicazes. Talvez um dos piores desatinos cometidos por um escriba
se encontra no manuscrito 109 do sculo XIV. Este manuscrito, dos quatro evangelhos,
agora no Museu Britnico, foi transcrito de uma cpia que deve ter tido a genealogia de
Jesus era duas colunas de 28 linhas cada uma. Em vez de transcrever o texto seguindo
as colunas em sucesso, o escriba do 109 copiou a genealogia seguindo as linhas
atravs das duas colunas, surgindo como era de se esperar um resultado desastroso.
Quase todos os filhos esto com os pais trocados; Deus dado como filho de Ado e
Fares a fonte de toda a raa e no Deus.

16.1.2 Erros Intencionais

Por estranho que parea, os escribas que pensavam, eram mais perigosos do que
aqueles que se limitavam a copiar o que tinham diante de si. Muitas das alteraes, que
podem ser classificadas como intencionais foram, sem dvida, introduzidas de boa f
por copistas que criam estar corrigindo erros ou infelicidades de linguagem, que se
haviam introduzido no texto sagrado e precisavam ser retificados. A despeito da
vigilncia de eclesisticos zelosos, alguns escribas, chocados com erros reais ou
imaginrios, de ortografia, gramtica e fatos histricos, deliberadamente, introduziram
mudanas no que estavam copiando.

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16.1.2.1 Correes na Ortografia, Gramtica e Estilo

O livro de Apocalipse, com seus freqentes semitismos e solecismos, apresentava


muitas tentaes aos escribas zelosos da correo gramatical.
Para melhorar a sintaxe do nominativo depois da proposio ap (Ap 1.4), eles
inseriram tou, Qeou ou Kurivon. O escriba culto era tentado a melhorar a linguagem.

16.1.2.2 Correes Harmonizadoras

Intencionalmente ou no, procurando harmonizar passagens paralelas ou relatos


idnticos, os copistas alteravam algumas passagens bblicas.
Os exemplos so muitos, mas aqui sero apresentados somente dois: Em Joo 19.20
encontra-se a expresso Jesus Nazareno, o Rei dos Judeus, estava escrito em
hebraico, latim e grego. Em muitos manuscritos, os copistas acrescentaram no texto de
Lucas 23.38, isto foi escrito em hebraico, latim e grego; a forma mais curta da Orao
do Senhor em Lc 11.2-4 foi alterada, em muitas cpias, para concordar com a forma
mais familiar e mais longa encontrada em Mateus 6.9-13.

16.1.2.3 Acrscimo de Complementos Naturais e Semelhantes

A obra dos copistas na amplificao e arremate das frases evidente em muitas


passagens.
Vrios escribas, supondo que algo estava faltando na declarao de Mt 9:13 "Pois no
vim chamar os justos, mas os pecadores" acrescentavam "ao arrependimento". Outros
copistas achavam difcil deixar a palavra escriba, sem acrescentar fariseu, como
aconteceu em Mt 27.41. Em Cl 1.23 h um interessante exemplo ilustrando como os
copistas no resistiram tentao de realar a dignidade do Apstolo

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Paulo. Neste verso Paulo diz que ele se tornou ministro do Evangelho, em grego est
"dicono". Sendo que a palavra grega "dicono" significa, literalmente, aquele que
serve ministro, passou a designar uma ordem inferior do ministrio, isto , aqueles que
executam trabalhos mais simples na Igreja; os copistas dos manuscritos alefe a e P
mudaram diconos para querix e apstolos, por acharem que estes ttulos eram mais
apropriados ao grande Apstolo dos Gentios. O manuscrito A traz os trs ttulos para
Paulo arauto, apstolo e ministro.

16.1.2.4 Esclarecimento de Dificuldades Histricas e Geogrficas

A citao de Mc 1.2 introduzida pela frmula "Como est escrito no profeta Isaas".
Acontece que a citao proveniente dos profetas Isaas e Malaquias: Isaas 40.3 e
Malaquias 3.1. Alguns escribas sentindo esta dificuldade substituram a expresso "no
profeta Isaas" por "nos profetas". Sendo que Mateus 27.9 atribui ao profeta Jeremias o
que na realidade veio de Zacarias 11.12; no de admirar que alguns copistas
procurassem corrigir o erro, substituindo o nome, ou omitindo-o. Alguns copistas
tentaram harmonizar o relato da cronologia da paixo com a de Marcos, pela mudana
da "hora sexta" de Joo 19.14 para "terceira hora", que aparece em Marcos 15.25.
Porque a declarao de Marcos 8.31 - "depois de trs dias ressuscitar", parece
envolver um problema cronolgico, alguns copistas a alteraram para "ao terceiro dia".

16.1.2.5 Duplicidade de Textos

O que faria um escriba cuidadoso quando descobria que a mesma passagem fora dada
diferentemente em dois ou mais manuscritos que tinha diante de si? Em vez de fazer
uma escolha entre as duas variantes (com a probabilidade de omitir a genuna) muitos
incorporaram as duas na mesma cpia que estavam transcrevendo. Isto produziu a
chamada duplicidade de textos ou de leituras, caracterstica predominante da famlia
bizantina. Os dois exemplos seguintes confirmam este fato: A declarao de Lucas de
que os discpulos estavam continuamente no templo bendizendo a Deus, aparece em
alguns manuscritos, "estavam continuamente no

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templo orando a Deus". No poucos copistas concluram que era mais seguro
transcrever as duas declaraes, aparecendo assim: "estavam continuamente no
templo orando e bendizendo a Deus". Atos 20.28 aparece em alguns manuscritos
como: "Igreja de Deus", e em outros: "Igreja do Senhor". Vrios manuscritos posteriores
trazem "Igreja do Senhor e Deus".

16.1.2.6 Alteraes Feitas por Questes Doutrinrias

Estas alteraes so difceis de serem avaliadas.


Irineu, Clemente de Alexandria, Tertuliano, Eusbio e muitos outros Pais da Igreja
acusaram os herticos de corromperem as Escrituras para apoiarem suas opinies
pessoais. Por exemplo, Mrcion tirou do Evangelho de Lucas todas as referncias
judaicas relacionadas com Jesus. A Harmonia dos Evangelhos de Taciano traz vrias
alteraes textuais para apoiar suas opinies ascticas. Os manuscritos do Novo
Testamento preservam traos de duas espcies de alteraes dogmticas: as que
envolvem eliminao ou alterao do que era considerado doutrinariamente inaceitvel
ou inconveniente e as que introduziram dentro das Escrituras "provas" para uma prtica
ou um dogma teolgico. Os exemplos so muitos, como podem ser vistos em The Text
of the New Testament, pgina 202 e 203, mas destes apenas um ser transcrito:
Escribas que no podiam harmonizar a declarao de Jesus de Mt 24.36 e Mc 13.32
"que Ele no sabia o dia da sua vinda", com a sua divindade, omitiam a expresso:
"nem o Filho".

16.1.2.7 Acrscimo de Pormenores:

Acrscimos feitos na margem ou em notas no rodap, uma vez ou outra eram


introduzidos para o texto. Sempre houve e ainda h grande curiosidade em saber o
nome de alguns personagens que aparecem anonimamente no texto bblico. Como a
tradio dava nomes a estas pessoas, copistas eram tentados a coloc-los no texto que
estavam copiando. Velhos Manuscritos latinos apresentam os seguintes nomes para os
dois ladres crucificados com Cristo: Zoatan, Camma, Magatras. Entre ns comum
ouvirmos que o nome do bom ladro era Dimas. O nome do

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homem rico de Lucas 16.19 aparece na verso sadica como Nneve ou Ninivita, nome
comum para ricos dissolutos naquele tempo. Uma adio apcrifa num antigo
manuscrito latino declara que quando Jesus foi batizado uma tremenda luz brilhou da
gua atemorizando a todos os que estavam presentes. Os ttulos dos livros apresentam
curiosidades dos amanuenses. O mais original neste aspecto o ttulo que o copista do
manuscrito 1775 deu ao Apocalipse: "Apocalipse do todo glorioso evangelista, amigo do
peito de (Jesus), virgem, amado de Cristo, Joo o telogo, filho de Salom e
Zebedeu, mas filho adotivo de Maria, a me de Deus, e filho do trovo".

Concluses

Todos os estudiosos dos problemas dos copistas esto bem cientes de que o estudo
comparativo de vrios textos de grande ajuda para a eliminao destes erros. Estes
erros tm sido denominados de perifricos, porque no abrangem a essncia dos
ensinamentos divinos. Quem sabe pessoas iniciantes ou despreparadas em "Crtica
Textual" pensem da seguinte maneira: este estudo no deveria ser apresentado,
porque pode levar pessoas a descrerem da Palavra de Deus e a conclurem que os
escribas eram descuidados, caprichosos e tendenciosos. Verdades e realidades no
podem e no devem ser escondidas.
Todos devem ter em mente esta verdade fundamental: o que foi apresentado neste
captulo aconteceu com alguns manuscritos e com poucos copistas, o que vem mostrar
a fragilidade da natureza humana. Existem muitas evidncias mostrando o trabalho
dedicado, cuidadoso, honesto e fidelssimo da maioria dos copistas, bem como
abundante conquista de manuscritos no alterados, que nos levam a crer firmemente
na fidelidade da transmisso das Santas Escrituras. A Crtica Textual no abate os
fundamentos da nossa crena, antes os solidifica.

16.2 A Crtica Textual e a Bblia

A palavra crtica origina-se do verbo grego "krino" que significa julgar. A crtica textual
tem como primeiro objetivo conhecer a exatido de um texto. Muitos dignos

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cristos, bem intencionados, mas mal esclarecidos tm protestado energicamente
contra qualquer aplicao da crtica textual Bblia. Para eles simplesmente absurda
a idia de aplicar a crtica em relao Bblia. Perguntam eles: Como submeter a
Palavra de Deus, obra do Esprito Santo, aos critrios humanos? Esta simples frase
resolveria todos os problemas: O texto original (ou melhor, o autgrafo) da Bblia
totalmente isento de erros, mas no as cpias feitas por copistas passveis s falhas
humanas. At inveno da imprensa, no sculo XV, os manuscritos eram produzidos
por copistas, que freqentemente cometiam erros de transcrio. Quando sabemos que
os manuscritos eram recopiados uns dos outros, sem ser possvel a conferncia com o
texto original fcil concluir, que os erros tendiam a multiplicar-se nas cpias
posteriores.
A finalidade essencial da crtica textual restabelecer em toda a sua pureza o texto
como saiu das mos do autor, isentando de erros dos copistas, tais como adies
indevidas, notas marginais que foram inseridas no texto ou correes tendenciosas
visando atenuar, ou torcer o sentido de uma frase, modificar o estilo, transformar o
pensamento de um escritor. Os que atacam a crtica textual demonstram o seu
despreparo nesta cincia. Para que o trabalho da crtica textual seja efetivo
necessrio em primeiro lugar possuir razovel conhecimento das lnguas bblicas;
seguindo-se um inventrio to completo quanto possvel dos manuscritos, como a sua
classificao em famlias; a coerente aplicao dos mtodos da crtica textual, at
chegar s causas primordiais dos erros na transmisso do texto bblico.
Entende-se por crtica textual toda pesquisa cientfica em busca da verdadeira forma de
um documento escrito no original, ou, pelo menos, no texto mais prximo do original.
No que diz respeito aos autores dos ltimos quatro sculos, depois da genial inveno
de Gutenberg, podemos estar certos de possuirmos suas obras exatamente como
foram escritas, salvo raras excees, particularmente quanto a erros tipogrficos de
menor importncia. J no se pode dizer o mesmo a respeito das obras que circularam
em manuscrito, antes da inveno da imprensa. No de admirar que os escritos
copiados mltiplas vezes, umas cuidadosamente, mas outras sem maiores cuidados, e
isto durante sculos, sofressem mltiplas e variadas alteraes. Isto constitui, nos
diferentes documentos conhecidos da mesma obra, o que se chama de variantes ou
textos divergentes. E a crtica textual, particularmente a do Novo Testamento, tem por
objetivo a escolha do texto, entre todos os encontrados nos vrios manuscritos, que
possua a maior soma de probabilidades de ser o original ou a forma primitiva do
autgrafo, j que no possumos nenhum dos

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autgrafos do Novo Testamento, mas apenas cpias e algumas delas distantes mais de
dois sculos do original. Esta busca cientfica dos originais ou dos textos que lhes
sejam mais prximos de extrema dificuldade, cheia de problemas de vasta
complexidade. A regra geral nos leva a concluir que, quanto mais distante dos
autgrafos, tanto quanto ao tempo como quanto ao nmero de cpias, maior a
corrupo do texto, maior a soma de erros. No entanto, esta regra no absoluta. H
obras, e o Novo Testamento deste tipo, onde a matria em si leva o copista a
correes intencionais, e a corrupo, neste caso, no estaria em funo da distncia
que separa a cpia de seu original, nem quanto ao nmero de cpias, nem mesmo
quanto ao tempo, mas em funo direta e inequvoca a matria a ser copiada.
Entretanto, o maior nmero de cpias torna os servios do crtico mais suaves, pois o
pequeno nmero de manuscritos conduz probabilidade de perda, alguns lugares, da
verdade original, que s pode ser alcanada mediante conjetura, processo deveras
precrio. Dr. Benedito P. Bittencourt, j vrias vezes citado, inquestionavelmente, uma
das maiores autoridades em crtica textual no Brasil, assim escreveu no captulo A
Tarefa da Crtica Textual.
O Novo Testamento leva, quanto ao tempo que separa os mais antigos manuscritos de
seus originais, grande vantagem sobre os clssicos. Possui o Novo Testamento cpias
completas dentro do quarto sculo. H partes, como as do Papiro Chester Beatty, por
exemplo, que se situam na primeira metade do sculo terceiro e at mesmo no ltimo
quartel do segundo, como o caso do Papiro de Bodmer. H mesmo um fragmento bem
perto de seu autgrafo: o fragmento de papiro P52, situado na primeira metade do
sculo segundo, e mesmo no seu primeiro quartel por alguns palegrafos, distando,
assim, menos de cinqenta anos de seu original, se colocarmos o Evangelho de Joo,
que P52 representa, na ltima dcada do primeiro sculo. A tarefa do crtico reagir
contra os erros dos copistas. Ningum deve recear a tarefa, nem mesmo menosprezla, quando se pode afirmar, com os entendidos do assunto, que no s os grandes
manuscritos, mas tambm os mais antigos papiros atestam a integridade geral do texto
sagrado. E, todavia, a incontestvel autoridade da Lagrange diz que entre esta pureza
substancial e um texto absolutamente igual aos originais h distncia aprecivel. Se
nos lembrarmos de que os manuscritos e citaes diferem entre si entre 150.000 e
250.000 vezes e que um estudo s do Evangelho de Lucas revelou mais de 30.000
passagens diferentes e que, como afirma a autoridade de M. M. Parvis, "no h uma s
sentena do Novo Testamento na qual a tradio seja uniforme", sentiremos a
grandeza e a responsabilidade da tarefa. H uma afirmao do mesmo prof. Parvis, da
Universidade de Chicago, que surge aos olhos do leigo como um choque'

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tremendo e que s pode ser avaliada pelos estudiosos da matria, que o presente Autor
no pode deixar de transcrever: "At que esta tarefa esteja completa, a incerteza a
respeito do texto do Novo Testamento permanece". Note-se, todavia, que a elevada
cifra de variantes, em sua maioria esmagadora, diz respeito a questes que no afetam
o sentido profundo do texto e que o nmero de variantes que se revestem de
importncia, especialmente no que diz respeito doutrina, assaz reduzido. A tarefa
da crtica textual do Novo Testamento , diz Kenyon, "o mais importante ramo da
cincia". Ela trata com um livro cuja importncia imensurvel e vital, mais importante
que qualquer outro livro do mundo, pois o Novo Testamento nico, nem mesmo
comparao pode sofrer. tarefa bsica, pois dela dependem as outras cincias
bblicas. A crtica textual lana os fundamentos sobre o qual a estrutura da investigao
espiritual deve ser construda. Sem um bom texto grego, to mais prximo dos
autgrafos quanto lhe permitam os labores da crtica textual, no possvel fazer
segura exegese, hermenutica, crtica histrica ou literria, nem mesmo teologia, para
no falarmos em traduo. Embora seja chamada de baixa critica e bem modestos os
seus esforos, fundamental e indispensvel ao estudante do Novo Testamento, desde
o tradutor at o telogo. O crtico textual tem por funo, primeiro, a coleta do material
documentrio, que encontra no exame de vrios manuscritos, verses e noutro
elemento muito precioso, ainda no mencionado, as citaes dos chamados Padres
Apostlicos. Depois se entregar ao exame crtico desse material, pela estima de sua
chacota. Para que ele possa realizar bem sua primeira funo necessrio que esteja
familiarizado com o material, terreno onde realiza suas investigaes. Deve conhecer
no s os vrios manuscritos, verses e citaes dos antigos escritores da Igreja Crist,
como tambm o modo pelo qual foram produzidos, os usos da escrita literria e no
literria do tempo, o material usado, o destino e o objetivo final dessa mesma produo
[...] Para que possa realizar a segunda parte, mais profunda, mais difcil e que requer
mente bem educada e de grande relevncia intelectual, deve conhecer a prpria
histria do texto, os mtodos da crtica textual, teologia do autor cujo livro se examina, a
histria das doutrinas, a lngua original, particularmente sua gramtica, e um
conhecimento cultural da poca do autor e dos escritos cujas cpias considera. Por
estas ligeiras indicaes o leitor pode ver, no s a extenso, mas as implicaes desta
cincia. Isto para no falarmos em paleografia, arqueologia, conhecimento dos
clssicos, como quer a escola alem, pois se pressupe este trabalho j realizado pelos
respectivos especialistas e colocado ao alcance do crtico textual atravs da
caracterizao dos vrios documentos (O Novo Testamento, Cnon Lngua Texto,
pp. 71-75).

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16.3 O Textus Receptus - Seus Defensores e Opositores

Recebe o nome de "Textus Receptus" o texto grego que dominou, no campo do estudo
do Novo Testamento por mais de 300 anos. Este texto tambm conhecido pelos
nomes de Texto Recebido ou Texto Grego Vulgarizado.
No incio do sculo XVI dois grandes eruditos o Cardeal Ximenes e Erasmo
lanaram-se enorme tarefa de publicar o Novo Testamento em grego, procurando
unificar os vrios textos gregos existentes.
Para a boa compreenso da histria do "Textus Receptus" preciso partir do famoso
editor francs Roberto Estfano (1503-1559), que publicou quatro edies do texto
grego. Sua terceira edio (1549) o primeiro texto onde aparece um aparato crtico.
Foi esta edio que se tornou o modelo para a King James Version de 1611 e at o
sculo XIX foi o paradigma de todos os textos gregos publicados. A sua quarta edio
(1551) no pode ser esquecida na histria do texto bblico, porque pela primeira vez
aparece a diviso em versos numerados. Embora a expresso "Textus Receptus" se
refira terceira edio de Estfano, esta no foi usada por ele.
Outro nome intimamente ligado com o "Textus Receptus" o de Teodoro Beza (15191605), que entre 1565 e 1604 publicou nove textos bblicos. O texto de Beza pouco
difere da quarta edio de Estfano. A importncia do seu trabalho consiste no
seguinte: suas edies visavam popularizar o "Textus Receptus". Os tradutores de King
James fizeram largo uso das edies de Beza. Em 1624, os irmos Elzevirs,
impressores alemes, lanaram uma edio do Novo Testamento Grego, em cujo texto
predominava o de Estfano, mas havia tambm um pouco do texto de Beza. No
prefcio da segunda edio se encontravam as seguintes palavras: "No texto que
agora recebido por todos, no apresentamos nada mudado ou alterado." A expresso
"Textus Receptus" nasceu desta mesma frase em latim: "Textum ergo habes, nunc ab
omnibus receptum: in quo nihil immutatum aut corruptum damus." Os autores desta
simples frase jamais sonhariam que ela fosse o incio de uma grande contenda na
histria do texto bblico.

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16.3.1 Edies Posteriores ao "Textus Receptus" Edies Crticas

O prximo estgio na histria da Crtica Textual do Novo Testamento caracterizado


por constantes esforos para reunir manuscritos gregos, verses e citaes patrsticas,
que diferissem do "Textus Receptus". Por quase dois sculos, eruditos atacaram as
bibliotecas e museus da Europa e Oriente Mdio, procurando provas para o texto do
Novo Testamento. Durante este perodo, estudiosos publicaram Novos Testamentos
baseados em melhores manuscritos, Brian Walton, que publicou a grande Bblia
Poliglota (1657) baseada no exame de 16 manuscritos. John Mill, tambm de Oxford,
trabalhou 30 anos no preparo de sua edio de 1707, baseando-se em manuscritos,
verses e Pais da Igreja. Bentley, empregando em vrios lugares pessoas capazes
para confrontarem manuscritos e verses, reuniu material para uma definitiva edio
que suplantasse o "Textus Receptus", mas, infelizmente, por questes alheias sua
vontade, no chegou a completar sua edio do Novo Testamento.
Entre os colaboradores de Bentley estava J. J. Wettstein de Basilia, que aps
quarenta anos de pesquisas publicou em Amsterdam (1751) uma edio do Novo
Testamento. Sua obra tem grande valor at hoje, no apenas pelas notas marginais e
os seus prolegmenos (prefcio longo a uma obra cientfica), mas tambm pelo aparato
crtico, onde pela primeira vez os manuscritos unciais so indicados pelas letras
maisculas e os manuscritos minsculos pelos nmeros arbicos. Pertencem ainda a
esta fase Semler (1725-1791) e Bengel (1687-1752), que individualmente publicaram
uma edio do Novo Testamento Grego. Estes Novos Testamentos estavam baseados
em manuscritos diferentes daqueles que foram usados para o "Textus Receptus".
Contudo eles divergiram daquele texto e os apresentados por eles poucas variantes
apresentavam relacionadas com o texto consagrado.

16.3.2 Declnio do "Textus Receptus"

O primeiro erudito a se opor frontalmente ao "Textus Receptus" foi o alemo Karl


Lachmann (1793-1851). Seu objetivo ao editar o Novo Testamento no era reproduzir o
texto original, pois ele cria ser isso uma tarefa impossvel, mas procurar reconstruir o
texto corrente no fim do IV sculo. Para isso usou manuscritos unciais

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primitivos, verses latinas, a Vulgata de So Jernimo e o testemunho de alguns Pais
da Igreja. Aps cinco anos de trabalho, publicou em Berlim (1831) uma edio do texto
grego, com uma lista de passagens nas quais diferia do texto dos irmos Elzevirs. Por
esta divergncia foi duramente atacado. No prefcio de sua segunda edio Lachmann
atacou seus crticos por preferirem, cegamente, um texto familiar, mas inferior, a um
primitivo muito mais exato. Seu valor est em chamar a ateno dos estudiosos para a
convenincia de aceitarem um texto superior e no se contentarem com aquele,
tradicionalmente conhecido e aceito por todos.

16.3.3 Constantino Tischendorf

Ningum conseguiu fazer mais pelo texto bblico do que este autor. Quando estudava
teologia, seu professor de grego, Winer (autor de uma famosa gramtica) despertou
nele um desejo profundo para pesquisar manuscritos antigos, a fim de reconstruir a
mais perfeita forma do Novo Testamento Grego. Com este objetivo em mente, dedicouse de corpo e alma a esta sublime tarefa, pois escrevendo sua noiva ele declarou:
"Resolvi dedicar-me a uma tarefa sagrada a luta para conseguir a forma original do
Novo Testamento. Sem receio de contestao pode-se afirmar que ningum fez mais
do que Tischendorf para restaurar o texto original grego. Basta ter em mente que foi a
pessoa que publicou mais manuscritos e produziu mais edies crticas da Bblia
Grega.
Entre 1941 e 1842 ele preparou oito edies do Novo Testamento Grego. A edio
mais importante a oitava, publicada em dois volumes, acompanhada por um rico
Aparato Crtico, no qual Tischendorf reunia tudo sobre variantes textuais que ele ou
seus predecessores tinham achado em manuscritos, verses e Pais da Igreja. Em
virtude do grande esforo despendido, seu estado de sade no lhe permitiu continuar
o trabalho, por isso sua obra foi completada por seu discpulo Gaspar Ren Gregory.
O texto de sua oitava edio, de acordo com Nestle difere da stima em 3.572 lugares.
Foi acusado de dar excessivo valor evidncia do Cdice Sinatico, que ele tinha
descoberto entre o lanamento da stima e da oitava edio. Tischendorf deixou de
lado o "Textus Receptus", no levando tambm em conta a classificao dos
manuscritos em famlias.

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16.3.4 Samuel Tregelles

Na Inglaterra, o intelectual mais bem sucedido em afastar-se do "Textus Receptus" foi


Samuel Tregelles. Desde menino, demonstrando grande talento e curiosidade
intelectual, j fazia planos para uma nova edio crtica do Novo Testamento. No
intervalo de 1857 e 1872 publicou um texto grego equipado com o mais completo
aparato de variantes das verses que j aparecera. Dotado de extraordinria fora de
vontade, Tregelles conseguiu vencer a pobreza, a oposio e a sade precria,
apresentando notvel trabalho no terreno da Crtica Textual. Sua dedicao ao trabalho
era um ato de adorao, pois no prefcio de sua obra declarou "na crena total de que
esta deve ser para o servio de Deus e para ser til Sua Igreja.

16.3.5 Westcott e Hort

Estes dois intelectuais ingleses, aps um dedicado trabalho de 28 anos publicaram dois
volumes: O Novo Testamento no Original Grego com Introduo e Apndice, onde os
princpios crticos seguidos por ele so minuciosamente expostos. Depois de
exaustivas pesquisas na procura de manuscritos antigos, os estudiosos desejaram
classific-los em grupos, assim vrias tentativas foram feitas, mas quase todas
infrutferas quanto aos seus resultados. Coube a B. F. Westcott e F. J. A. Hort, dois
renomados professores da Universidade de Cambridge, a classificao dos
manuscritos do Novo Testamento em quatro famlias, por eles denominadas: Siraca,
Ocidental, Alexandrina e Neutra.
Para eles a mais importante destas famlias era a neutra, por estar mais prxima dos
autgrafos e por contar com os dois mais famosos cdices unciais Sinatico e
Vaticano. A preferncia de Westcott e Hort por esta famlia partilhada por insignes
vultos da Crtica Textual, mas, estudos posteriores tm indicado que eles foram
otimistas demais quanto pureza do texto neutro. Pode-se notar ainda que o texto
Alexandrino no distinto do texto neutro, por isso, hoje, aparece como Alexandrino.

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16.3.6 A Defesa do "Textus Receptus"

Os defensores deste discutido texto tornaram-se to fanticos, que no admitiam que


ele fosse alterado ou melhorado. Aqueles que ousaram divergir foram tachados de
irreverentes e sacrlegos. Sendo que Westcott e Hort rejeitaram totalmente o texto
tradicional, suas idias no foram bem aceitas pelos conservadores. Em breve,
intelectuais se levantaram como denodados paladinos do texto aceito por todos durante
300 anos. Dentre esses defensores destacam-se Scrivener, Edward Miller e John
Burgon. O argumento principal destes estudiosos em defesa do "Textus Receptus" era
este: "Se as palavras da Escritura tinham sido ditadas pela inspirao do Esprito
Santo, Deus no teria permitido que elas fossem corrompidas no decurso de sua
transmisso." Os argumentos apresentados em defesa do "texto recebido" no tiveram
a ressonncia que eles esperavam e aps a morte deles esta polmica foi para sempre
encerrada.

16.4 Edies Gregas aps Westcott e Hort

16.4.1 Herman Von Soden: (1852-1913)


Graas ao apoio financeiro da Sra. Elise Koenigs, Von Soden, professor em Berlim,
pde enviar muitos estudantes que tinham sido treinados por ele para examinarem
manuscritos nas bibliotecas e museus da Europa e do Oriente Mdio. Ele identificou
trs grupos de manuscritos, designando-os pelas letras gregas K, H, I. Estas letras so
inicias das seguintes palavras: K de koin comum H de Hesquio e I de Siraco de W.
H.; O H incluiria o Neutro e o Alexandrino de W. H., enquanto o I equivaleria ao
Ocidental dos dois professores da Universidade da Universidade de Cambridge.
Discordando da classificao dos manuscritos em unciais e minsculos e do
agrupamento em famlias de W. H. idealizou nova classificao que indicasse a idade,
contedo e tipo de cada manuscrito. Por ser um trabalho complexo, difcil de ser aceito
na prtica, redundou num grande desapontamento para a Crtica Textual, por isso foi
totalmente posto de lado. Como resultado de suas pesquisas e de seus muitos
auxiliares, Von Soden publicou a Histria do Texto Bblico em 2.203 pginas de seus
prolegmenos. Este trabalho, resultado de prolongada investigao e intensivo estudo,
tem sido descrito como um magnfico fracasso.

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16.4.2 Bernard Weiss (1827-1918)

Enquanto professor de Exegese Grega, em Berlim, editou o Novo Testamento em trs


volumes. Sendo um profundo exegeta tratou com eficincia de problemas teolgicos e
literrios do texto do Novo Testamento. Seu trabalho se caracteriza pela valorizao
das evidncias internas, discordando assim de Westcott e Hort, que se apoiavam em
evidncias externas, concordando, porm, com eles em classificar o manuscrito
Vaticano como o melhor. Weiss discorda tambm dos defensores da teoria genealgica
na classificao dos manuscritos bblicos.

16.4.3 Eberhard Nestle (1851-1913)

A edio do Novo Testamento Grego mais amplamente usada foi preparada por Nestle,
atravs da Sociedade Bblica de Stutgart (1898). Seu texto baseado em uma
comparao dos textos editados por Tischendorf, Westcott e Hort e Weiss. A obra de
Nestle representa o aperfeioamento do texto do fim do sculo XIX. Sendo notvel pela
sntese maravilhosa do Aparato Crtico e pela preciso da grande soma de informaes
textuais, sua edio tem sido muito apreciada. Uma nova edio do Novo Testamento
Grego de Nestle foi planejada, quando a Sociedade Bblica Britnica comemorou seu
sesquicentenrio (1954). O texto foi preparado por Kilpatrick, com a ajuda de Erwin
Nestle e Kurt Aland (Londres 1958). Houve mudanas numas 20 passagens e
diversas alteraes na ortografia, acentuao e no uso de parnteses.

16.5 Nova Edio para os Tradutores da Bblia

Em 1966, aps uma dcada de trabalho por uma Comisso Internacional, cinco
Sociedades Bblicas publicaram uma edio do Novo Testamento Grego com a
finalidade de ser usada pelos tradutores da Bblia.

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As edies do Novo Testamento Grego, aqui apresentadas, so as mais importantes,
mas o seu nmero exato desde 1514 at nossos dias difcil de ser avaliado. Bruce,
cuja autoridade em problemas de crtica textual ningum discute, calcula que mais de
mil edies j apareceram.

Apndice
O Valor religioso da Bblia. Bblia , sem dvida, um dos mais apreciados legados
literrios da humanidade. Contudo o seu valor no se firma de maneira substancial no
fato literrio. A riqueza da Bblia consiste no carter essencialmente religioso da sua
mensagem, que a transforma no livro sagrado por excelncia, tanto para o povo de
Israel quanto para a Igreja crist. Nessa coleo de livros, a Lei se apresenta como
uma ordenao divina (x 20; Sl 119), os Profetas tm a conscincia de serem
portadores de mensagens da parte de Deus (Is 6; Jr 1.2; Ez 2-3) o os Escritos ensinam
que a verdadeira sabedoria encontra em Deus a sua origem (Pv 8.22-31).
Esses valores religiosos aparecem no s no ttulo de Sagradas Escrituras, mas
tambm na forma que Jesus e, em geral, os autores do Novo Testamento se referem
ao Antigo, isto , aos textos bblicos escritos em pocas precedentes. Isso ocorre, por
exemplo, quando lemos que Deus fala por meio dos profetas ou por meio de algum dos
outros livros (Mt 1.22; 2.15; Rm 1.2; 1Co 9.9) ou quando os profetas aparecem como
aquelas pessoas mediante as quais se diz algo ou se anuncia algum acontecimento,
forma hebraica de expressar que o prprio Deus quem diz ou anuncia (Mt 2.17; 3.3;
4.14); tambm quando se afirma a permanente autoridade das Escrituras (Mt 5.17-18;
Jo 10.35; At 23.5), ou quando as relaciona especialmente com a ao do Esprito Santo
(At 1.16; 28.25). Formas magistrais de expressar a convico comum a todos os
cristos em relao ao valor das Escrituras so encontradas em passagens como 2Tm
3.15-17 e 2Pe 1.19-21.
A Igreja crist, desde as suas origens, tem descoberto na mensagem do evangelho o
mesmo valor da palavra de Deus e a mesma autoridade do Antigo Testamento (Mc
16.15-16; Lc 1.1-4; Jo 20.31; 1Ts 2.13), Por isso, em 2 Pe 3.16, se equiparam as
epstolas de nosso amado irmo Paulo (v.15) s demais Escrituras.
Gradativamente, a partir do sculo II d.C., foram sendo reconhecidos os 27 livros que
formam o Novo Testamento a sua categoria de livros sagrados e, em conseqncia, a
plenitude da sua autoridade definitiva e o seu valor religioso.

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Tal reconhecimento, que implica o prprio tempo da presena, direo e inspirao do
Esprito Santo na formao das Escrituras, no descarta, em absoluto, a atividade fsica
e criativa das pessoas que redigiram os textos. Elas mesmas se referem a essa
atividade em diversas ocasies (Ec 1.13; Lc 1.1-4; 1Co 15.1-3,11; Gl 6.11). A presena
de numerosos autores materiais , precisamente, a causa da extraordinria riqueza de
lnguas, estilos, gneros literrios, conceitos culturais o reflexes teolgicas que
caracterizam a Bblia.
A natureza da Palavra de Deus. A expresso a palavra de Deus (tambm a palavra
do Senhor, ou simplesmente a palavra) possui vrias aplicaes na Bblia.
Obviamente, refere-se, em primeiro lugar, a tudo quanto Deus tem falado diretamente.
Quando Deus falou a Ado e Eva (Gn 2.16,17; Gn 3.9-19), o que Ele lhes disse era, de
fato, a palavra de Deus. De modo semelhante, Ele se dirigiu a Abrao (Gn 12.1-3), a
Isaque (Gn 26.1-5), a Jac (Gn 28.13-15) e a Moiss (x 3 4). Deus tambm falou
totalidade da nao de Israel, no monte Sinai, ao proclamar-lhe os dez mandamentos
(x 20.1-19). As palavras que os israelitas ouviram eram palavras de Deus.
Alm da fala direta, Deus ainda falou atravs dos profetas. Quando eles se dirigiam ao
povo de Deus, assim introduziam as suas declaraes: Assim diz o Senhor, ou Veio
a mim a palavra do Senhor. Quando, portanto, os israelitas ouviam as palavras do
profeta, ouviam, na verdade, a palavra de Deus.
A mesma coisa pode ser dita a respeito do que os apstolos falaram no Novo
Testamento. Embora no introduzissem suas palavras com a expresso assim diz o
Senhor, o que falavam e proclamavam era, verdadeiramente, a palavra de Deus. O
sermo de Paulo ao povo de Antioquia da Pisdia (At 13.14-41), por exemplo, criou
tamanha comoo que, no sbado seguinte, ajuntou-se quase toda a cidade a ouvir a
palavra de Deus (At 13.44). O prprio Paulo assegurou aos Tessalonicenses que,
havendo recebido de ns a palavra da pregao de Deus, a recebestes, no como
palavra de homens, mas (segundo , na verdade) como palavra de Deus (1Ts 2.13;
At 8.25).
Alm disso, tudo quanto Jesus falava era palavra de Deus, pois Ele, antes de tudo,
Deus (Jo 1.1,18; 10.30; 1Jo 5.20). Lucas, escritor do terceiro evangelho, declara
explicitamente que, quando as pessoas ouviam a Jesus, ouviam na verdade a palavra
de Deus (Lc 5.1). Note como, em contraste com os profetas do AT, Jesus

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introduzia seus ditos: Eu vos digo... (Mt 5.18,20, 22, 23, 32,39; 11.22,24; Mc 9.1;
10.15; Lc 10.12; 12.4; Jo 5.19; 6.26; 8.34). Noutras palavras, Ele tinha dentro de si
mesmo a autoridade divina para falar a palavra de Deus. to importante ouvir as
palavras de Jesus, pois quem ouve a minha palavra e cr naquele que me enviou tem
a vida eterna e no entrar em condenao (Jo 5.24). Jesus, na realidade, est to
estreitamente identificado com a palavra de Deus que chamado o Verbo [a
Palavra] (Jo 1.1,14; 1Jo 1.1; Ap 19.13-16; Jo 1.1). A palavra de Deus o registro do
que os profetas, apstolos e Jesus falaram, isto , a prpria Bblia. No Novo
Testamento, quer um escritor usasse a expresso Moiss disse, Davi disse, o
Esprito Santo diz, ou Deus diz, nenhuma diferena fazia (At 3.22; Rm 10.5,19; Hb
3.7; 4.7); pois o que estava escrito na Bblia era, sem dvida alguma, a palavra de
Deus. Mesmo no estando no mesmo nvel das Escrituras, a proclamao feita pelos
autnticos pregadores ou profetas, na igreja de hoje, pode ser chamada a palavra de
Deus. Pedro indicou que, a palavra que seus leitores recebiam mediante a pregao,
era palavra de Deus (1Pe 1.25), e Paulo mandou Timteo pregar a Palavra (2Tm 4.2).
A pregao, porm, no pode existir independentemente da Palavra de Deus. Na
realidade, o teste para se determinar se a palavra de Deus est sendo proclamada num
sermo, ou mensagem, se ela corresponde exatamente Palavra de Deus escrita.
O que se diz de uma pessoa que recebe uma profecia, ou revelao, no mbito do culto
de adorao (1Co 14.26-32)? Ela est recebendo, ou no, a palavra de Deus?
A resposta um sim. Paulo assevera que semelhantes mensagens esto sujeitas
avaliao por outros profetas. Todavia, h a possibilidade de tais profecias no serem
palavra de Deus (1Co 14.29 E falem dois ou trs profetas, e os outros julguem).
somente em sentido secundrio que os profetas, hoje, falam sob a inspirao do
Esprito Santo; sua revelao jamais deve ser elevada categoria da inerrncia (1Co
14.3).
O Poder da Palavra de Deus. A palavra de Deus permanece firme nos cus (Sl 119.89;
Is 40.8; 1Pe 1.24,25). No , porm, esttica; A mesma coisa pode ser dita a respeito
do que os apstolos falaram no Novo Testamento. Embora no introduzissem suas
palavras com a expresso assim diz o Senhor, o que falavam e proclamavam era,
verdadeiramente, a palavra de Deus. O sermo de Paulo ao povo de Antioquia da
Pisdia (At 13.14-41), por exemplo, criou tamanha comoo que, no sbado seguinte,
ajuntou-se quase toda a cidade a ouvir a palavra de Deus (At

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13.44). O prprio Paulo assegurou aos Tessalonicenses que, havendo recebido de ns
a palavra da pregao de Deus, a recebestes, no como palavra de homens, mas
(segundo , na verdade) como palavra de Deus (1Ts 2.13; At 8.25).
Alm disso, tudo quanto Jesus falava era palavra de Deus, pois Ele, antes de tudo,
Deus (Jo 1.1,18; 10.30; 1Jo 5.20). Lucas, escritor do terceiro evangelho, declara
explicitamente que, quando as pessoas ouviam a Jesus, ouviam na verdade a palavra
de Deus (Lc 5.1). Note como, em contraste com os profetas do Antigo
Testamento, Jesus introduzia seus ditos: Eu vos digo... (Mt 5.18,20, 22, 23, 32,39;
11.22,24; Mc 9.1; 10.15; Lc 10.12; 12.4; Jo 5.19; 6.26; 8.34). Noutras palavras, Ele tinha
dentro de si mesmo a autoridade divina para falar a palavra de Deus. to importante
ouvir as palavras de Jesus, pois quem ouve a minha palavra e cr naquele que me
enviou tem a vida eterna e no entrar em condenao (Jo 5.24).
Jesus, na realidade, est to estreitamente identificado com a palavra de Deus que
chamado o Verbo [a Palavra] (Jo 1.1,14; 1Jo 1.1; Ap 19.13-16; Jo 1.1). A palavra
de Deus o registro do que os profetas, apstolos e Jesus falaram, isto , a prpria
Bblia. No Novo Testamento, quer um escritor usasse a expresso Moiss disse, Davi
disse, o Esprito Santo diz, ou Deus diz, nenhuma diferena fazia da palavra de
Deus.
A palavra de Deus a arma que o Senhor nos proveu para lutarmos contra Satans (Ef
6.17; Ap 19.13-15). Jesus derrotou Satans, pois fazia uso da Palavra de Deus:
Est escrito (consta como a Palavra infalvel de Deus; Lc 4.1-11; Mt 4.1-11).
Finalmente, a palavra de Deus tem o poder de nos julgar. Os profetas do Antigo
Testamento e os apstolos do Novo Testamento freqentemente pronunciavam
palavras de juzo recebidas do Senhor. O prprio Jesus assegurou que a sua palavra
condenar os que o rejeitarem (Jo 12.48). E o autor aos Hebreus escreve que a
poderosa palavra de Deus julga os pensamentos e intenes do corao (Hb
4.12). Noutras palavras: os que optam por desconsiderar a palavra de Deus acabaro
por experiment-la como palavra de condenao.

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