Bibliologia PDF
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DISCIPLINA
BIBLIOLOGIA
Atravs da Bblia, Deus se revela em linguagem humana, para que o homem possa
entend-lo. Por essa razo, a Bblia faz aluso a tudo que terreno e humano. Ela
menciona pases, montanhas, rios, desertos, mares, climas, solos, estradas, plantas,
produtos, minrios, comrcio, dinheiro, lnguas, raas, usos, costumes, culturas etc. Isto
, Deus, para fazer-se compreender, vestiu a Bblia da nossa linguagem, adaptando-a
ao modo humano de perceber as coisas.
Tem sido difcil determinar com exatido, onde, como e quando a escrita teve a sua
origem. A escrita se originou quando o ser humano sentiu a necessidade de guardar
seus feitos para que a posteridade os conhecesse. A escrita primitiva foi pictogrfica
onde figuras representavam objetos. Logo a seguir aparece ideogrfica, assim
chamada pelo fato das figuras representarem idias. Num terceiro estgio aparece o
fonograma figuras representando sons. Dos povos antigos, os dois que mais se
destacaram, no desenvolvimento da escrita, foram os babilnicos e os egpcios. Cada
um destes teve a sua destacada e particular escrita: os babilnicos criaram a escrita
cuneiforme, assim denominada por consistir de pequenas cunhas, feitas especialmente
em pedras; enquanto os egpcios usavam pequenas figuras para representar objetos e
idias, os famosos hierglifos. A histria nos relata que a decifrao dessas escritas
exigiu muito esforo e concentrao. A escrita cuneiforme foi decifrada pelo oficial
ingls Henrique Rawlinson, aps 18 anos de labores intensos. Quanto escrita
hieroglfica, todos sabem que foi Champollion, o notvel egiptlogo francs, o primeiro a
desvendar-lhe os mistrios.
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1.2.1 Manuscritos
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Foi esta uma das mais importantes descobertas arqueolgicas que j se fizeram.
Hamurabi, rei da cidade de Babilnia, cuja data parece ser 1792-1750 a.C.,
comumente identificado pelos assirilogos com o "Anrafel" de Gn 14, um dos reis que
Abrao perseguiu para libertar L. Foi um dos maiores e mais clebres dos primitivos
reis babilnios. Fez seus escribas coligir e codificar as leis do seu reino; e fez que estas
se gravassem em pedras para serem erigidas nas principais cidades. Uma dessas
pedras originalmente colocada na Babilnia foi achada em 1902, nas runas de Susa
(levada para l por um rei elamita, que saqueara a cidade de Babilnia no sculo 12
a.C.) por uma expedio francesa dirigida por M. J. de Morgan. Acha-se hoje no Museu
do Louvre, em Paris. Trata-se de um bloco lindamente polido de duro e negro diorito, de
2 m 60 cm de altura, 60 cm de largura, meio metro de espessura, um tanto oval na
forma, belamente talhada nas quatro faces, com gravaes cuneiformes da lngua
semito-babilnica (a mesma que Abrao falava). Consta de umas 4.000 linhas,
equivalendo, quanto matria, ao volume mdio de um livro da Bblia; a placa
cuneiforme mais extensa que j se descobriu. Representa Hamurabi recebendo as leis
das mos do rei-sol Chams: leis sobre o culto dos deuses dos templos, a
administrao da justia, impostos, salrios, juros, emprstimos de dinheiro, disputas
sobre propriedades, casamento,
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a chave da lngua egpcia antiga. A lngua da antigo Egito era hieroglfica, escrita de
figuras, um smbolo para cada palavra. Pelo ano 700 a.C. uma forma mais simples de
escrita entrou em uso, chamada 'demtica', mais aproximada do sistema alfabtico, e
que continuou como lngua do povo at aos tempos dos romanos. No 5 sculo d.C.
ambas caram em desuso e foram esquecidas. De sorte que tais inscries se tornaram
ininteligveis, at que se achou a chave de sua traduo. Essa chave foi a Pedra de
Roseta. Achou-a M. Boussard, um dos sbios franceses que acompanharam Napoleo
ao Egito (1799), numa cidade sobre a foz mais ocidental do Nilo, chamada Roseta.
Encontra-se hoje no Museu Britnico. de granito negro, cerca de 1,30 m de altura, 80
cm de largura, 30 cm de espessura, com trs inscries, uma acima da outra, em
grego, egpcio demtico, e egpcio hieroglfico, o grego era conhecido. Tratava-se de
um decreto de Ptolomeu V, Epfanes, feito em 196 a.C. nas trs lnguas usadas ento
em todo o pas, para ser colocado em vrias cidades. Um sbio francs, de nome
Champollion, depois de quatro anos (1818-22) de trabalho detalhado e paciente,
comparando os valores conhecidos das letras gregas com os caracteres egpcios
desconhecidos, conseguiu descobrir os mistrios da lngua egpcia antiga.
O livro, atravs da sua longa existncia, apresentou duas formas bem distintas: o rolo e
o cdice.
(a) Rolo. Entre o povo judeu, bem como no mundo grego-latino, os livros eram
normalmente publicados em forma de um rolo feito de papiro ou pergaminho.
Formava-se o rolo colocando vrias folhas de papiro ou couro uma ao lado da
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Este vocbulo no se acha no texto das Sagradas Escrituras. Consta apenas na capa.
De onde, pois, vem? Vem do grego, a lngua original do Novo Testamento. derivado
do nome que os gregos davam folha de papiro preparada para a escrita - "biblos". Um
rolo de papiro de tamanho pequeno era chamado "biblion" e vrios destes eram uma
"Bblia". Portanto, literalmente, a palavra Bblia quer dizer "coleo de livros
pequenos". Com a inveno do papel, desapareceram os rolos, e a palavra biblos deu
origem a "livro", como se v em biblioteca, bibliografia, biblifilo etc.
consenso geral entre os doutores no assunto que o nome Bblia foi primeiramente
aplicado s Sagradas Escrituras por Joo Crisstomo, patriarca de Constantinopla, no
Sculo IV. E porque as Escrituras formam uma unidade perfeita, a palavra Bblia, sendo
um plural, como acabamos de ver, passou a ser singular, significando o Livro, isto , o
Livro dos livros; o Livro por excelncia. Como Livro divino, a definio cannica da
Bblia "A revelao de Deus humanidade". Os nomes mais comuns que a Bblia d
a si mesma, isto , os seus nomes cannicos, so: Escrituras (Mt 21.42); Sagradas
Escrituras (Rm 1.2); Livro do Senhor (Is 34.16); Palavra de Deus (Mc 7.13; Hb 4.12);
Orculos de Deus (Rm 3.2).
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Rhema Aquilo que dito, palavra, dito, expresso (Mt 12.36; Mc 9.32). Ameaa (At
6.13). Coisa, objeto, assunto, evento (Mt 18.16; Lc 1.37; 2.15, 19, 51). Nosso Senhor
falou sobre a palavra de Deus (na parbola do semeador, Lc 8.11; Mc 7.13; Lc 11.28),
porm, nos evangelhos sinpticos Ele sempre usava o plural para indicar a Sua prpria
mensagem (minhas palavras, Mt 24.35 e paralelos; Mc 8.38; Lc 24.44). No quarto
evangelho, entretanto, pode-se encontrar o singular com freqncia. Para a Igreja
primitiva, a palavra era uma mensagem revelada da parte de Deus em Cristo, que
deveria ser pregada, ministrada e obedecida. Era a palavra da vida (Fp 2.16), da
verdade (Ef 1.13), da salvao (At 13.26), da reconciliao (2Co 5.19), e da cruz (1Co
1.18).
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A revelao que Deus fez de si mesmo centraliza-se em Jesus Cristo. Ele o Logos de
Deus. Ele o Verbo Vivo, o Verbo encarnado, que revela o Deus eterno em termos
humanos. O ttulo Logos s pode ser encontrado nos escritos joaninos, embora o
emprego do termo haja sido relevante na filosofia grega daqueles dias. Alguns tm
procurado uma ligao entre a linguagem de Joo e a dos esticos, dos primeiros
gnsticos, ou dos escritos de Filo de Alexandria. Estudos mais recentes sugerem que
Joo foi influenciado primariamente pelos seus alicerces no Antigo Testamento e na f
crist. provvel, porm, que tivesse conscincia das conotaes mais amplas do
termo, e que a tivesse empregado deliberadamente, com o propsito de transmitir um
significado adicional e especial.
O Logos identificado com a Palavra de Deus na Criao e tambm com sua Palavra
autorizada (a lei para toda a humanidade). Joo deixa nossa imaginao atnita
quando introduz o Logos eterno, o Criador de todas as coisas, o prprio Deus, como o
Verbo que se encarnou a fim de habitar entre a sua criao (Jo 1.1-3,14). "Deus nunca
foi visto por algum. O filho unignito, que est no seio do Pai, este o fez conhecer" (Jo
1.18). O Verbo Vivo tem sido visto, ouvido, tocado, e agora proclamado mediante a
Palavra escrita (1Jo 1.1-3). Quando do encerramento do cnon sagrado, o Logos vivo
de Deus, o Fiel e Verdadeiro, est em estado de prontido no Cu, prestes a voltar
Terra como Rei dos reis e Senhor dos senhores (Ap 19.11-16).
A suprema revelao de Deus acha-se no seu Filho. Durante muitos sculos, mediante
as palavras dos escritores do Antigo Testamento, Deus havia se revelado
progressivamente. Tipos, figuras, sombras e prefiguraes desdobravam
paulatinamente o plano de Deus para a redeno da humanidade (Cl 2.17). Depois, na
plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho para revelar o Pai de forma mais
perfeita e para executar aquele gracioso plano mediante a sua morte na Cruz (1Co 1.1
7-25; Gl 4.4). Toda a revelao bblica, antes e depois da Encarnao de Cristo,
centraliza-se nEle. As muitas fontes originrias e maneiras da revelao anterior
indicavam e prenunciavam a sua vinda terra como homem. Toda a revelao
subseqente engrandece e explica a sua vinda. A revelao que Deus fez de si mesmo
comeou pequena e misteriosa, progrediu no decurso do tempo, e chegou ao seu ponto
extremo na Encarnao do seu Filho. Jesus a revelao mais completa de Deus.
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Quase todos os estudantes da Bblia sabem que o Velho Testamento foi escrito em
hebraico, e o Novo, em grego, mas muitos desconhecem o fato de que h uma terceira
lngua na Bblia o aramaico.
2.1.1 Aramaico
O aramaico foi sem dvida, desde muito tempo, a lngua popular de Babilnia e da
Assria, cuja linguagem literria, culta e religiosa era o sumero-acadiano. Documentos
assrios mencionam o aramaico desde 1100 a.C. Durante o reinado de Saul e Davi, os
estados aramaicos ou srios so mencionados na Bblia (1Sm 14.47; 2Sm 8.3-9; 10.68). O aramaico foi trazido para a Palestina porque os assrios
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2.1.2 Hebraico
A lngua hebraica foi a lngua dos Hebreus ou israelitas desde a sua entrada em Cana.
A sua origem bastante misteriosa, porque alm do Velho Testamento s possumos
escassos documentos para o seu estudo. O mais provvel que o hebraico tenha vindo
do cananeu e foi falado pelos israelitas depois de sua instalao na Palestina. A atual
escrita hebraica (chamada "hebraico quadrado") cpia do aramaico e entrou em uso
pouco antes da nossa era, em substituio ao hebraico arcaico. Os Targuns o
denominam de "lngua sagrada" (Is 19.18); e no Velho Testamento chamado "a lngua
de Cana" ou a lngua dos judeus (Is 36.13, 2Rs 18.26-28). Salmo 114.1 mostra a
grande diferena entre o hebraico e o egpcio. Israel por estar cercado de povos que
falavam uma lngua cognata o aramaico foi se esquecendo do hebraico, at que
este veio a extinguir-se como lngua falada. Era ainda a lngua de Jerusalm no tempo
de Neemias (13.24), cerca de 430 a.C., mas muito antes do tempo de Cristo foi
substituda pelo aramaico.
O alfabeto hebraico consta apenas de consoantes, em nmero de 22. O hebraico
escrito da direita para a esquerda como o rabe e algumas outras lnguas semticas.
Sua estrutura fundamental , como em todas as lnguas semticas, a palavra raiz,
composta de trs consoantes. uma lngua bastante simples, seus melhores
conhecedores sublinham sem hesitao a sua pobreza, quando comparado com o
grego ou com lnguas modernas, como o ingls e o portugus. De acordo com a
Pequena Enciclopdia Bblica o vocabulrio hebraico na Bblia conta com apenas 7.704
vocbulos diferentes. A Academia do Idioma Hebraico tem registrado o uso de cerca de
30.000 palavras. Quase no possui adjetivos nem pronomes possessivos, porm, rica
em advrbios. uma lngua quase indigente em termos abstratos.
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Como do conhecimento geral, o Novo Testamento foi escrito na Koin, lngua na qual
tambm foi traduzido o Velho Testamento hebraico pelos Setenta. O termo Koin
significa a lngua comum do povo entre os anos 330 a.C. e 330 a.D. Com exceo da
Epstola aos Hebreus e da linguagem de Lucas (Evangelho e Atos) que se encontram
num Koin mais literrio, os outros escritos pertencem lngua mais comum ou Koin
vulgar. O insigne erudito Gustav Adolf Deissmann foi quem primeiro mostrou a
identidade do grego do Novo Testamento, salientando que o
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Se fosse possvel caracterizar o Koin, lngua em que foi escrito o Novo Testamento,
sintetizando-a em uma palavra, a melhor seria "simplificao". Esta concluso
facilmente deduzida estudando-lhe as caractersticas: Substituio dos casos pelas
preposies; tendncia para simplificar a morfologia e a sintaxe; uso escasso de
oraes subordinadas, tendo preferncia pelas coordenadas ligadas pela conjuno
"e"; eliminao do dual e uso equilibrado do modo optativo, aparecendo apenas 67
vezes no Novo Testamento; uso mais freqente do artigo; simplificao das riqussimas
formas verbais do grego clssico; mudana de sentido de muitas palavras do grego
clssico, por influncia religiosa, tais como: batizar, justia, graa, amor, glria, carne,
cruz, mundo, crer, esprito, clice, dia, etc.; as formas diminutivas se tornam mais
comuns; emprego mais generalizado de construes perifrsticas nos verbos; os
adjetivos so mais usados no grau superlativo do que no comparativo; preferncia pela
ordem mais direta, pois no grego clssico predomina a ordem inversa; emprego
freqente dos pronomes sujeitos, em casos dispensveis, por estarem eles
subentendidos nas desinncias verbais; idntico valor fontico para as vogais gregas;
emprego de vrios latinismos, tais como: legio, centurio, denrio, colnia e flagelo;
uso freqente do presente histrico nas narrativas; aparecimento generalizado da
parataxe, com prejuzo da hipotaxe.
Parataxe uma construo mais simples da frase, como as oraes coordenadas,
enquanto a hipotaxe mais complexa, isto , formada de oraes subordinadas; uso de
palavras que so emprstimos diretos do aramaico, a exemplo de: geena, Eli Eli,
Hosana, litstrotos (gabat), Sat, Talita cumi, Rabi, Maranata; freqncia de
hebrasmos, sobretudo na sintaxe, fastidioso emprego da conjuno "e", pois esta
partcula aparece muito no Novo Testamento, em expresses como estas: "e ele falou
dizendo", "e disse", "e aconteceu que". As frases: "Filhos da luz'; "filhos da perdio"
so eminentemente semticas.
Quanto linguagem dos escritores do Novo Testamento haveria muito que dizer, mas
fiquemos somente com as seguintes observaes: Apenas Hebreus Lucas e alguns
trechos de Paulo so escritos num estilo mais literrio.
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Com este ttulo queremos chamar a ateno para a reivindicao que a Bblia
apresenta de que a mensagem de Deus ao homem e no uma mensagem do homem
aos outros homens, muito menos uma mensagem do homem a Deus. Neste
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O fato de que Deus supremo implica em que no h nenhum outro que se lhe
compare; mas quase universalmente a humanidade tem praticado, com uma insistncia
que est longe de ser acidental, as abominaes da idolatria. O povo judeu, de quem,
considerando o lado humano, vieram as Escrituras, no ficaram imunes a esta
tendncia. Desde os dias do bezerro de ouro, atravs dos sculos seguintes, os
israelitas estiveram sempre revertendo idolatria e isto apesar da abundncia de
revelao e castigo. A histria da igreja est manchada pelo culto de imagens
esculpidas assimiladas do paganismo. Com que insistncia o Novo Testamento adverte
os crentes a fugir da idolatria e da adorao dos anjos! luz
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2.2.7.1 Revelao
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2.2.7.2 Inspirao
Por inspirao entendemos a operao pela qual Deus garantiu o contedo da Bblia
como autntica expresso de sua revelao. Agora perguntamos: Que referncia
encontramos na prpria Bblia a essa inspirao divina? O texto mais explcito aquele
que se encontra em 2 Timteo 3.16: "Toda Escritura divinamente inspirada e
proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justia. O
termo grego usado no original theopneostos, composto de duas palavras gregas:
thes. "Deus", e pno, "soprar", "respirar". Este termo grego que foi traduzido por
inspirado por Deus. A Escritura inspirada por Deus a que Timteo havia aprendido
desde a sua meninice e que no versculo anterior se menciona como "Sagradas
Escrituras. Este termo grego no se usa em outra parte do Novo Testamento, mas
uma idia similar encontra-se em 2 Pedro 1.21: "Porque a profecia nunca foi produzida
por vontade dos homens, mas os homens da parte de Deus falaram movidos pelo
Esprito Santo". No versculo anterior, fala-se de Deus como o sujeito da inspirao; no
segundo, em 2 Pedro, fala-se mais especificamente do Esprito Santo nessa mesma
funo. E, embora aqui o termo grego seja o particpio pheromenos, de um verbo que,
entre outros significados, tem o de "ocasionar", "causar", "trabalhar", os dois versculos
tm o mesmo sentido. Vale a pena mencionar o comentrio que se encontra na obra de
Bonnet e Schroeder sobre 2 Timteo 3.16.
O apstolo Paulo se contenta em expressar claramente este grande fato que a base e
a garantia de todas as revelaes divinas. Mas no expe nem justifica nenhum
sistema humano sobre o modo, a natureza, a extenso da inspirao, tampouco sobre
a parte de Deus e do homem na composio das Escrituras. A
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O Esprito Santo trabalhou nos escritores de acordo com a sua maneira de ser,
aproveitando a peculiaridade pessoal e cultural. Iluminou suas mentes, guiou sua
memria e controlou a influncia do pecado e do erro para que seu trabalho no
falhasse. No obstante, deixou-os expressar-se sua maneira em tudo, segundo o seu
estilo e vocabulrio e de acordo com o seu tempo. No se pode negar que haja, nos
diferentes autores, diferenas de estilo e peculiaridades que os
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aquela influncia ou ministrio do Esprito Santo que capacita todos os que esto
num relacionamento correto com Deus para entender as Escrituras. Acerca de Cristo se
escreveu que Ele "abriu" o entendimento deles em relao s Escrituras (Lc 24.32-45).
O prprio Cristo prometeu que, quando o Esprito viesse, Ele "guiaria" em toda a
verdade.
Finalmente, tanto a revelao como a inspirao pode ser diferenciada da iluminao
em que a ltima prometida a todos os crentes; que ela admite graus, uma vez que
aumenta ou diminui; que no depende de escolha soberana, antes, de ajustamento
pessoal ao Esprito de Deus; e sem ela ningum nunca seria capaz de aceitar a
salvao pessoal (1Co 2.14), ou o conhecimento da verdade revelada de Deus.
Podemos dizer que no passado Deus se revelou aos homens; inspirou os homens para
que tenhamos hoje um testemunho digno de f de sua revelao. No passado, Deus
dirigiu o processo pelo qual sua revelao chegou at ns sob a forma de uma bblia.
evidente que de tudo isto surge claramente a autoridade da Bblia como Palavra de
Deus nos assuntos de f e prtica. Ou, como diz o pacto de Lausanne: "Afirmamos a
inspirao divina, a veracidade e a autoridade de ambos os Testamentos, o Antigo e o
Novo, em sua integridade, como a nica Palavra de Deus escrita, e a nica e infalvel
regra de f e prtica".
A obra de Hammond trata este assunto recordando que h trs fontes possveis da
autoridade em assuntos de religio: a razo, a igreja e a Bblia. Estas trs fontes tm de
ser necessariamente incompatveis, mas, como exceo, s vezes se combinam. Da
razo, "em alguns casos a manipulao racionalista de certos aspectos da f tem
gravemente desviado os homens" (HAMMOND, 1978, p. 51) da igreja, afirma que "tem
um lugar de autoridade, mas s em subordinao Palavra de Deus" (HAMMOND,
1978, p. 52) da Bblia, conclui que "no h palavras suficientes para destacar a
importncia de acatar, bem longe de toda dvida, a autoridade insubstituvel das
Escrituras Sagradas em tudo o que se refere religio, quer se trate da doutrina, quer
da prtica" (HAMMOND, 1978, p. 53). Nossa ltima palavra sobre este assunto uma
citao de Donald G. Bloesch. Esse autor afirmou que a
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Tem-se dito que a Bblia necessita, pela dificuldade de entender o seu contedo, de
uma interpretao infalvel que evite que o estudioso no especializado incorra em erro
em sua interpretao. A posio que, desde o tempo da Reforma, os evanglicos tm
sustentado a de que o cristo um juiz idneo para julgar o contedo da revelao
bblica. Disse Hammond: "Sustentamos que as Escrituras so capazes de oferecer seu
significado correto em todas as idades e circunstncias em que se encontre o homem,
sempre que este esteja disposto a ser ensinado pelo Esprito Santo e a obedecer-Ihe"
(BLOESCH, 1978, p. 46). No podemos colocar uma instncia superior clara
mensagem da Bblia, seja esta um telogo, uma igreja ou uma denominao. Isto no
significa que no faamos uso de todas as informaes possveis nossa disposio
para no nos enganarmos ao interpretar a Palavra de Deus. Um princpio de saudvel
hermenutica, sem entrar nas complicadas consideraes que a teologia atual tem a
respeito deste tema, que um texto se esclarece por seu contexto, seja ele imediato ou
mediato. E o contexto mediato, ou distante, de um texto, , em ltima anlise, a prpria
Bblia, o contedo total da revelao. Em outras palavras, a Bblia contm em si a
informao necessria para interpretar de forma correta qualquer passagem que
oferea dificuldade. E conquanto usemos a ajuda humana para entender o contedo da
Bblia, no nos esqueamos de que, em ltima instncia, a Bblia que julga tal ajuda.
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O homem pecou (Gn 3.6-7), a primeira promessa de redeno estava para ser feita (Gn
3.15), e nossos primeiros pais seriam expulsos do den (Gn 3.22-24). O pecado do
homem foi uma rebeldia contra uma ordem especfica de Deus (Gn 2.16-17) e marcou
uma transio do conhecimento terico do bem e do mal para o conhecimento
experimental (Gn 3.5-7,22). O homem pecou entrando no reino da experincia moral
pela porta errada, quando poderia t-lo feito fazendo o que era certo. Assim o homem
tornou-se igual a Deus, atravs de uma experincia pessoal da diferena entre o bem e
o mal, mas tambm diferente de Deus, passando por esta experincia, no escolher o
mal e no o bem. Assim ele foi colocado por Deus sob a mordomia da responsabilidade
moral, ficando responsvel de praticar todo o bem conhecido, abster-se de todo o mal
conhecido e aproximar-se de Deus por meio do sacrifcio sangrento aqui institudo, em
perspectiva obra consumada de Cristo. O resultado apresentado na Aliana
Admica (Gn 3.14-21). O homem falhou no teste que lhe foi apresentado nesta
dispensao (Gn 6.5), como nas outras. Embora, como teste especfico, este perodo
de tempo tenha terminado com o dilvio, o
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Conforme constituda (Gn 12.1-4) e confirmada (Gn 13.14-17; 15.1-7, 18-21; 17.1-8)
tm trs aspectos:
a) A promessa de uma grande nao: "De ti farei uma grande nao", Gn 12.2.
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Esta dispensao comea com a concesso da lei no Sinai e terminou como perodo de
tempo com a morte sacrifical de Cristo, que cumpriu todas as suas provises e tipos.
Na dispensao anterior, Abrao, Isaque e Jac, como tambm as multides de outros
indivduos, falharam nos testes da f e obedincia que eram da responsabilidade do
homem (por exemplo, Gn 16.1-4; 26.6-10; 27.1-25). O Egito tambm falhou em atender
a advertncia de Deus (Gn 12.3) e foi julgado. No obstante Deus providenciou um
libertador (Moiss), um sacrifcio (o cordeiro pascal) e o poder milagroso para tirar os
israelitas do Egito (as pragas do Egito; livramento no Mar Vermelho). Os israelitas,
como resultado de suas transgresses (Gl 3.19), foram agora colocados sob a
disciplina precisa da lei. A lei ensina:
a)
b)
c)
d)
e)
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Dada a Israel em trs divises, cada uma essencial s outras e juntas formando a
Aliana Mosaica, isto , os mandamentos, expressando a justa vontade de Deus (x
20.1-26); os juzos, regulando a vida social de Israel (x 21.1-24.11); e as ordenanas,
governando a vida religiosa de Israel (Ex 24.12-31.18). Estes trs elementos formam "a
lei", como essa expresso foi generalizadamente usada no Novo Testamento, (por
exemplo, Mt 5.17,18). Os mandamentos e as ordenanas formavam um sistema
religioso. Os mandamentos eram um "ministrio da condenao" e "da morte" (2Co 3.79); as ordenanas davam na pessoa do sumo sacerdote, um representante do povo
junto ao SENHOR; e, nos sacrifcios, uma
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Sobre a qual o futuro reino de Cristo, "o qual, segundo carne, veio da descendncia de
Davi" (Rm 1.3), devia ser fundamentado, dava a Davi:
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Uma nova era foi anunciada por nosso Senhor Jesus Cristo em Mt 12.47-13.52. A Igreja
foi claramente profetizada por Ele em Mt 16.18 (comp. Mt 18.15-19), comprada pelo
derramamento do Seu sangue no Calvrio (Rm 3.24-25; 1Co 6.20; 1Pe 1.18-19), e
constituda como Igreja depois de Sua ressurreio e ascenso no Pentecostes
quando, de acordo com a Sua promessa (Atos 1.5), os crentes foram pela primeira vez
batizados individualmente com o Esprito Santo. Por causa da nfase dada ao Esprito
Santo, esta dispensao tambm tem sido chamada "dispensao do Esprito".
O ponto de prova desta dispensao o Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo, a
mensagem das boas novas sobre a Sua morte e ressurreio (Jo 19.30; At 4.12; 1Co
15.3-5; 2Co 5.21; etc.). A contnua e cumulativa revelao das dispensaes anteriores
combina com esta revelao mais completa para enfatizar a total iniqidade e perdio
do homem, e a suficincia da obra historicamente completa de Cristo para salvao,
pela graa, mediante a f, a todos os que vm a Deus por Ele (Jo 14.6; At 10.43; 13.3839; Rm 3.21-26; Ef 2.8-9; 1Tm 4.10; Hb 10.12-14).
Enquanto aqueles indivduos salvos, que compem a verdadeira Igreja de Cristo
cumprem as ordens do seu Senhor, de pregar o Evangelho at os confins da terra (Mc
16.15; Lc 24.46-48; At 1.8), Deus est formando, durante esta dispensao, ''um povo
para o seu nome" (At 15.14) dentre os judeus e os gentios, chamado de "a Igreja" e,
portanto especialmente distinto dos judeus e gentios como tais (1Co 10.32; Gl 3.27-28;
Ef 2.11-18; 3.5-6).
O Senhor Jesus advertiu que durante todo o perodo, enquanto a Igreja estiver sendo
formada pelo Esprito Santo, muitos rejeitaro o Seu Evangelho e muitos outros
pretendero crer nEle e se tomaro uma fonte de corrupo espiritual e impedimento
para o Seu propsito nesta dispensao, na igreja professa. Estes produziro a
apostasia, particularmente nos ltimos dias (Mt 13.24-30,36-40,47-49; 2Ts 2.5-8; 1Tm
4.1-2; 2Tm 3.1; 4.3-4; 2Pe 2.1-2; 1Jo 2.18-20). A Dispensao da Igreja chegar ao fim
atravs de uma srie de acontecimentos profetizados, o principal dos quais ser:
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Esta a ltima das dispensaes ordenadas que condicionam a vida humana na terra.
o Reino da Aliana feita a Davi (2Sm 7.8-17).
O Filho maior de Davi, o Senhor Jesus Cristo, reinar sobre a terra como Rei dos reis e
Senhor dos senhores por 1.000 anos, associando consigo mesmo naquele Reino, os
Seus santos de todas as dispensaes (Ap 3.21; 5.9-10; 11.15-18; 15.3-4; 19.16;
20.4,6).
A Dispensao do Reino une dentro de si mesmo e debaixo de Cristo as vrias
"pocas" mencionadas na Escritura:
a) O perodo de opresso e desgoverno termina quando Cristo estabelece o
Seu reino (Is 11.3-4).
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Ela repousa sobre uma redeno consumada (Mt 26.27-28; 1Co 11.25; Hb
9.11-12,18-23). Tenha em mente que a mesma palavra grega (diathek) foi
traduzida para "testamento" e "aliana" no N.T.
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A mensagem da Bblia completa. Ela incorpora cada captulo e cada versculo em sua
perfeita unidade, e todas as suas partes so interdependentes. O domnio de qualquer
parte exige o domnio do todo. Se houver tolerncia de nfase desproporcional ou
indulgncia para com modismos nas doutrinas, pouco progresso se obter na sua exata
compreenso. Os sessenta e seis livros, que por disposio divina formam este todo
incomparvel, esto divididos em duas partes principais: o Antigo Testamento e o Novo
Testamento, e estes Testamentos se prestam ao esclarecimento de dois propsitos
divinos supremos: aquilo que terreno e aquilo que celestial. Os livros do Antigo
Testamento esto classificados em histricos: de Gnesis a Ester; poticos: de J aos
Cantares de Salomo; e profticos: de Isaas a Malaquias. Os livros do Novo
Testamento se classificam em histricos: de Mateus a Atos; epistolares: de Romanos a
Judas; e profticos: o Apocalipse. No que se refere Pessoa de Cristo (que o tema
central de toda a Escritura), o Antigo Testamento classificado como preparao; os
quatro Evangelhos como manifestao; os Atos como propagao; as Epstolas como
explanao; e o Apocalipse como consumao. A anlise essencial de cada livro, cada
captulo e cada versculo, pertence a outras disciplinas do treinamento do estudante e
no Teologia Sistemtica.
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O Gnesis, primeiro livro da Bblia, o livro dos incios, como diz o seu nome (grego)
que significa "origem". Trata da criao de uma maneira geral. Fala da origem do
homem e da mulher. Explica como as coisas comearam a ir mal e apresenta as boas
intenes de Deus em relao sua criao. O livro est dividido em duas grandes
partes. Os caps. 1 - 11 narram a histria da criao do mundo e da raa humana.
Lemos sobre Ado e Eva, Caim e Abel, No e o dilvio, e a torre de Babel. A criao de
Deus foi progressivamente deteriorada pelo egosmo, o orgulho e a maldade humana.
O livro fala das origens do pecado e do sofrimento, bem como da promessa de
esperana feita por Deus. Os caps. 12 - 50 passam da histria geral da humanidade
para a de uma pessoa, Abrao, e sua famlia. Abrao acreditou e obedeceu a Deus,
que o escolheu para fundar a nao de Israel. Seguem-se as histrias de Isaac, seu
filho, de Jac (tambm conhecido como Israel), seu neto, e dos doze filhos deste, que
so os fundadores das doze tribos de Israel. Depois da narrativa concentra-se num dos
filhos de Jac: Jos, que feito prisioneiro no Egito, para onde mais tarde emigra toda
a sua famlia. O livro termina com a promessa de Deus de cuidar do seu povo. Todos
os captulos mostram um Deus ativo, que julga e pune as pessoas que fazem o mal,
que guia e conserva o seu povo, moldando a sua histria. O Gnesis narra a histria de
alguns grandes homens de f.
A palavra xodo vem do grego e significa "sada". O livro do xodo narra como o povo
de Israel saiu do Egito, onde era escravo, e emergiu como nao livre, com uma
esperana para o futuro. A figura central Moiss, o grande lder de Israel, chamado
por Deus para conduzir o povo para fora do Egito. O xodo divide-se em trs partes:
Caps. 1-18: o povo hebreu libertado da escravido no Egito. Moiss conduz os
israelitas atravs do deserto at o monte Sinai. Caps. 19 - 24: Deus faz um pacto com o
seu povo no Sinal. D-lhe normas segundo as quais deve viver, tan-to no deserto como
depois que tiver entrado na Terra Prometida. Estas normas esto resumidas nos dez
mandamentos, no captulo 20. As leis de Deus abrangem a
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O livro dos Nmeros conta a histria de Israel em sua peregrinao de quase quarenta
anos pelo deserto do Sinal. Comea no terceiro ano depois da fuga do Egito e termina
um pouco antes da entrada em Cana, a terra que Deus tinha prometido ao seu povo.
O ttulo Nmeros provm das duas "enumeraes" (recenseamento) dos israelitas no
monte Sinai e nas estepes de Moab, perto do rio Jordo e de Jeric. Entre os dois
recenseamentos os israelitas estabeleceram-se por algum tempo no osis de CadesBarnia e depois seguiram para uma regio a leste do Jordo. O livro dos Nmeros a
longa e triste histria das queixas e do
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Consiste de uma srie de discursos de Moiss aos israelitas nas estepes de Moab,
pouco antes da entrada na Terra Prometida. O nome do livro significa "segunda outorga
da lei". Mas na verdade trata-se de nova confirmao das leis dadas por Deus no Sinai
(registradas no xodo, Levtico e Nmeros) e sua aplicao vida sedentria na terra
de Cana. No decorrer de seus discursos Moiss repete os grandes eventos dos
ltimos quarenta anos. Reitera e destaca os dez mandamentos e nomeia Josu seu
sucessor para conduzir os israelitas. O grande tema do Deuteronmio que Deus
salvou e abenoou seu povo, e este deve sempre lembrar-se disso, am-lo e obedecerlhe. As palavras que Jesus classificou de o maior mandamento: "Amars a Yahweh teu
Deus com todo o teu corao, com toda a tua alma e com toda a tua fora", so do
Deuteronmio (Dt 6.4-5; Mt 22.37).
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Introduo
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O livro de Josu conta como Israel invadiu Cana sob o comando de Josu, sucessor
de Moiss. Os caps. 1-12 falam da conquista de Cana, ocorrida provavelmente aps
1240 a.C. Estas narrativas podero ter sido escritas pela primeira vez na poca de
Samuel, embora o livro como um todo seja parte da grande "histria deuteronmica",
que vai de Josu a 2 Reis. No sabemos quem escreveu o livro. A narrativa
compreende a travessia do Jordo, a queda da cidade de Jeric e a batalha de Ai. Os
caps. 13-22 contam como os israelitas dividiram entre si e ocuparam as terras
conquistadas. Os ltimos dois captulos (23-24) trazem o discurso de despedida de
Josu e a renovao da aliana com Deus e da sua promessa ao povo em Siqum.
O livro dos Juzes uma coletnea de narrativas referentes aos dois sculos
turbulentos, que vo desde o tempo da conquista de Cana at pouco antes da
coroao do rei Saul, isto , aproximadamente de 1200 a 1050 a.C. Os "Juzes" eram
heris locais das tribos de Israel, geralmente chefes militares, cujos feitos so narrados
no livro. Incluem figuras como Dbora, Gideo e Sanso. Neste perodo s a f comum
em Deus manteve de certo modo unidas as tribos de Israel. Quando seguiam os
deuses locais, caam em diviso, tornavam-se fracas e acabavam sendo presas dos
cananeus.
A maravilhosa histria de Rute contrasta com os tempos violentos do livro dos Juzes
em que se situa. Rute, mulher moabita, desposara um israelita. Quando o marido
morreu, ela demonstrou inesperada lealdade para com a sogra israelita e confiou no
Deus de Israel. Por fim encontrou novo marido entre os parentes do falecido esposo e
atravs deste casamento tornou-se bisav do rei Davi e antepassada do prprio
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Estes dois livros narram a histria de Israel desde Samuel at os ltimos anos de Davi.
Tomam o nome do ltimo grande Juiz, Samuel, no porque este os escreveu, mas
porque a sua figura domina os primeiros captulos. Originalmente era um nico livro na
Bblia hebraica. Samuel ungiu os dois primeiros reis de Israel - Saul e Davi - como
escolhidos de Deus. Os dois cobrem aproximadamente o perodo de 1075-975 a.C. O
autor vrias vezes se refere ao reino separado de Jud. Isso indica que a redao final
da obra deve ter ocorrido depois de 900 a.C. Mas contm muito material
contemporneo dos eventos descritos, especialmente a histria das intrigas da corte de
Davi em 2Sm 9-20, que muitos estudiosos acreditam ser obra de secretrios
profissionais da corte, que foram testemunhas do que escreveram. Os livros de Samuel
tratam principalmente da histria da ao de Deus em relao nao de Israel. 1
Samuel conta como Israel passou do governo dos juzes para o regime dos reis. Caps.
1-8: os anos de Samuel como Juiz de Israel. Caps. 915: histria de Saul, primeiro rei
de Israel. Caps. 16-30: As relaes entre Davi e Saul. O livro termina (cap.31) com a
morte de Saul e de seus filhos. Ainda que agora o povo tivesse um rei, tanto este como
o povo so vistos sob a conduo e o juzo de Deus. 2 Samuel narra a histria de Davi
rei, primeiro de Jud ao sul (caps. 1 - 4), depois de todo o pas, inclusive da parte que
posteriormente ser o reino setentrional de Israel. Lemos como o rei Davi expandiu o
seu reino e se tornou soberano poderoso. Davi era homem de profunda f em Deus e
muito popular. Mas s vezes era cruel e impiedoso para conseguir o que queria, por
exemplo, no caso da sua determinao de ter para si Bate-Seba, mulher de um dos
seus oficiais.
Os dois livros dos Reis abrangem cerca de 400 anos da histria de Israel, desde a
morte de Davi at a destruio de Jerusalm em 587 a.C. No sabemos quem foi o
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primeira vista os livros das Crnicas parecem uma repetio simplificada dos livros
de Samuel e dos Reis. Na verdade, o autor reescreve a histria para leitores que j
conheciam esses livros. Mas tinha dois motivos principais para dar sua prpria verso
da histria dos reis de Israel. Queria mostrar que, apesar dos desastres que atingiram
Israel, Deus mantm a sua promessa de cuidar do seu povo. Para isso, concentrou a
ateno nos reinados gloriosos de Davi e Salomo e nos bons governos dos reis
Josaf, Ezequias e Josias. Queria descrever como comeou o culto do templo em
Jerusalm, explicar os deveres dos sacerdotes e dos levitas, e mostrar que Davi foi o
verdadeiro fundador do templo (ainda que de fato tivesse sido
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Neemias, um exilado judeu, teve permisso do rei persa Artaxerxes de voltar com um
grupo de judeus a Jerusalm em 445 a.C. O livro que tem seu nome, escrito como
memria pessoal, apresenta-o como lder nato, e pessoa que confiava plenamente em
Deus e para quem orar era coisa to natural como respirar. Tambm este livro pode ser
dividido em trs partes: Caps. 1-7: Neemias retoma a Jerusalm, encoraja o povo a
reconstruir os muros da cidade para defender-se de feroz oposio e introduz reformas
religiosas que se faziam urgentes. Caps. 8-10: Esdras proclama a lei de Deus diante do
povo que, profundamente comovido, confessa sua infidelidade e volta novamente a
Deus. Caps. 11-13: atividades de Neemias como governador de Jud, nomeado pelo
rei da Prsia.
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O Antigo Testamento hebraico era em regra dividido em trs partes: a Lei, os Profetas e
os Escritos (confronte Lc 24.44). Na terceira parte estavam os livros poticos e
sapienciais, a saber: J, Salmos, Provrbios, Eclesiastes etc. Semelhantemente, o
Israel antigo tinha trs categorias de ministros: os sacerdotes, os profetas e os sbios.
Estes ltimos eram especialmente dotados de sabedoria e conselho divinos a respeito
de princpios e prticas da vida.
O livro de Provrbios representa a sabedoria inspirada dos sbios. A palavra hebraica
mashal, traduzida por provrbio, tem os sentidos de orculo, parbola, ou mxima
sbia. Por isso, h declaraes longas no livro de Provrbios (por exemplo, 1.20-33;
2.1-22; 5.1-14), mas h tambm as concisas, mas ricas de sentido e sabedoria, para se
viver de modo prudente e justo. O contedo de Provrbios representa uma forma de
ensino comum no Oriente Prximo antigo, mas no caso deste livro, sua sabedoria
diferente porque veio da parte de Deus, com seus padres justos para o povo do seu
concerto.
O ensino mediante provrbios era popular naqueles antigos tempos, em virtude da sua
grande clareza e facilidade de memorizao e transmisso de gerao em gerao.
Assim como Davi o manancial da tradio sal mdica em Israel, Salomo o
manancial da tradio sapiencial em Israel (ver Pv 1.1; 10.1; 25.1). Conforme 1Rs 4.32,
Salomo produziu 3.000 provrbios e 1.005 cnticos.
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Jeremias viveu cerca de cem anos depois de Isaas, tendo sido chamado por Deus
vocao de profeta em 627 a.C. e morrido pouco depois de 587 a.C. Na sua poca, a
Assria, a superpotncia do norte, entrava em decadncia. A nova ameaa do
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O livro das Lamentaes uma coletnea de cinco poemas, que choram a queda de
Jerusalm em 587 a.C. e o exlio. O templo tinha sido destrudo e a nao via nisso um
sinal de que Deus a tinha entregado aos inimigos. O profeta chora o pecado do seu
povo. O livro principalmente um lamento. Mas tambm contm promessa de
esperana. A obra ainda continua sendo lida em voz alta nas sinagogas em julho de
cada ano, quando os judeus recordam a destruio do templo em 587 a.C. e em 70
d.C.
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O profeta Ezequiel foi levado para o exlio em Babilnia no ano de 597 a.C. e ali viveu
antes e depois da queda de Jerusalm em 587 a.C. Foi chamado para a misso de
profetizar aos trinta anos de idade e dirigiu sua mensagem tanto aos exilados em
Babilnia, quanto ao povo que ainda vivia na longnqua Jerusalm. Quando recebeu o
chamado proftico tambm teve uma vvida viso da santidade de Deus (caps. 1-3),
que influenciou toda a sua vida. Os caps. 4-24 prevem o juzo divino sobre Israel:
Jerusalm ser destruda. Ezequiel tambm anunciou o juzo de Deus contra as naes
que ameaavam o seu povo (caps. 25-32). Depois da queda de Jerusalm em 587 a.C.
mudou o tom de sua mensagem (caps. 33-39), levou conforto ao povo e fez brilhar a
promessa e a esperana para o futuro: Deus haveria de libertar Israel. Finalmente
descreveu as vises que teve sobre o futuro, em que o povo ofereceria a Deus culto
perfeito em templo novo (caps. 40-48). Ezequiel sublinhou a responsabilidade individual
diante de Deus e a renovao do povo partindo do corao.
Daniel apresentado como exilado de Jud que viveu na corte babilnica no tempo de
Nabucodonosor e seus sucessores. Na verdade, parece mais homem de Estado que
profeta. O livro que leva seu nome foi escrito no momento em que o povo judeu estava
oprimido, talvez durante a perseguio Babilnica sob o domnio de Nabucodonosor.
Os caps. 1-6 narram episdios da vida de Daniel e alguns amigos seus, exilados na
poca do imprio babilnico e persa. Porque confiaram em Deus e a ele obedeceram a
qualquer preo, triunfaram dos seus inimigos. O restante do livro contm uma srie de
vises do profeta (caps. 7-12), que descrevem em termos figurativos o nascimento e a
queda dos imprios. Os perseguidores pagos cairo e o povo de Deus sair vitorioso.
A verso grega da Setenta e, conseqentemente, a Bblia catlica, tem mais dois caps.,
13-14, que, entre outras coisas, contam a histria da casta Susana injustamente
acusada, mas salva por Daniel.
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Osias viveu mais ou menos na poca de Isaas, no sculo VIII a.C., no reino de Israel.
Profetizou durante os tormentosos 40 anos que antecederam a queda de Samaria em
722 a.C.. Israel teve seis reis no espao de vinte anos e freqentemente contemporizou
com as religies pags. O profeta preocupou-se muito com a idolatria e pintou a
infidelidade de Israel com imagens tiradas do seu prprio casamento com mulher infiel
(caps. 1 - 3). O juzo de Deus vir, mas no fim o seu amor saber reconquistar o povo.
Os caps. 4 - 13 contm as mensagens que dirigiu a Israel. Mostram como Deus estava
irado, mas ao mesmo tempo no conseguia esquecer o seu amor ao povo. O captulo
final implora a Israel que volte a Deus.
Ams era originrio de uma cidade de Jud, mas dirigiu sua mensagem ao reino do
norte de Israel. Viveu no sculo VIII a.C., durante o reinado de Jeroboo II de Israel. Foi
pastor e cultivador de uma espcie de figueiras. Naquela poca Israel vivia em grande
prosperidade e riqueza, o reino tambm parecia religioso. Mas Ams condenou a sua
hipocrisia. Os pobres eram oprimidos e a religio era apenas fachada. Era necessrio
um homem corajoso pala denunciar a nao em nome de
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O livro de Obadias o mais curto do Antigo Testamento e foi escrito depois da queda
de Jerusalm em 587 a.C. Os edomitas, antigos inimigos de Jud que habitavam as
montanhas a sudeste do mar Morto, aproveitaram a ocasio para invadir o pas.
Obadias condenou o orgulho de Edom e profetizou a sua derrota. No sculo V a.C. os
rabes derrotaram os edomitas; no sculo III a.C. foi a vez de os nabateus os
subjugarem; finalmente desapareceram da histria. Por outro lado, Obadias profetiza o
retorno de Israel sua ptria.
Diversamente dos outros livros profticos, o de Jonas tem a forma de uma histria.
Descreve as aventuras um tanto fabulosas, mas de cunho moral, de um profeta que
tentou desobedecer s ordens de Deus. Jonas recebera de Deus a incumbncia de ir a
Nnive, capital da Assria, e de converter o seu povo. Finalmente Jonas anunciou a
mensagem e ficou desgostoso quando Deus perdoou a cidade, grande inimiga de
Israel. O livro mostra o amor e a bondade de Deus, que prefere esquecer e salvar a
punir e destruir.
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O livro de Naum consiste num poema. O profeta prediz que Nnive cair e regozija-se
pelo juzo de Deus contra uma nao cruel e arrogante. De fato, Nnive caiu nas mos
dos babilnios e dos medos em 612 a.C. Provavelmente o livro foi escrito nessa poca.
Este livro do fim do sculo VII a.C., quando Jeremias profetizava em Jerusalm.
Era a poca dos cruis babilnios. O profeta pergunta a Deus: Por que contemplas os
traidores, silencias quando um mpio devora algum mais justo do que ele? (Hb
1.13). Deus responde que intervir no momento oportuno e punir os malfeitores. O
livro termina com a advertncia e a orao do profeta justo, que se alegra sabendo que
Deus tem o controle de tudo.
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O livro dos Atos continua a histria iniciada no evangelho de Lucas, sendo obra do
mesmo autor. Fala principalmente dos atos dos apstolos Pedro e Paulo. Por causa
da nfase dada ao poder de Deus, s vezes com razo chamado de Atos do Esprito
Santo. Conta como os discpulos de Jesus difundiram a boa nova primeiramente em
Jerusalm e depois nas regies circunjacentes da Judia e de
Samaria, at aos confins do mundo. Cobre um perodo de cerca de trinta anos, desde
o incio da Igreja, no dia de Pentecostes, at a priso de Paulo em Roma. Os Atos
foram escritos entre 60 e 85 d.C. Os primeiros sete captulos descrevem como o
movimento cristo teve inicio na prpria Jerusalm com a vinda, em poder, do Esprito
Santo no dia de Pentecostes. O grupo cristo comeou a cumprir a ordem de Jesus de
ensinar e pregar. A Igreja crescia e se difundia. Esta parte tambm descreve como
Estvo, um dos primeiros cristos, morreu pela sua f. Os caps. 8-12 narram como o
cristianismo, inicialmente devido perseguio, propagou-se na Judia (regio em
torno de Jerusalm) e na Samaria (onde pessoas pertencentes a uma nao inimiga e
desprezada pelos judeus foram acolhidas com alegria na Igreja). A dramtica
converso de Saulo (ou Paulo) na estrada de Damasco ' seguida da narrativa de como
Pedro entendeu que a mensagem crist era destinada a todas as naes e no s aos
judeus. A parte restante do livro trata das atividades missionrias de Paulo e das suas
viagens pelo mundo mediterrneo, dos seus processos e da sua priso em Roma
(caps. 13-28).
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Introduo
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Paulo escreveu esta carta aos cristos de Roma em torno do ano 57 d.C., depois das
chamadas trs viagens missionrias principais. Ainda no tinha viajado a Roma, mas
pretendia faz-lo. Enviou assim a famosa epstola a fim de preparar a comunidade
crist da capital do mundo, comunidade da qual conhecia alguns membros (cf. cap. 16),
para a sua visita. A carta expe amplamente a concepo paulina da mensagem crist,
e foi redigida depois das cartas aos Tessalonicenses, aos Glatas e aos Corntios.
Poderamos defini-la como o manifesto de Paulo, pois nos d a conhecer de maneira
mais completa, clara e raciocinada, o seu modo de entender as verdades crists
fundamentais. Comea saudando os cristos de Roma e lhes anuncia aquilo que ser a
base da sua carta: ... porque nele a justia de
Deus se revela da f para a f, conforme est escrito: 'O justo viver da f' (Rm 1.17).
A seguir demonstra que todos, judeus e no-judeus, precisam de Deus por causa de
seus pecados. Podemos ser justificados perante Deus pela f em Jesus Cristo (caps. 34). O perdo gratuito e a nova vida dada por Deus mediante Cristo, a importncia das
leis divinas e da ao do Esprito divino na vida de todo cristo constituem o objeto dos
caps. 5-8, enquanto os caps. 9-11 tratam da posio atual de Israel no plano de Deus.
Paulo acha que os judeus no rejeitaro Jesus para sempre. Depois continua (caps. 1215) com algumas francas exortaes a propsito do comportamento dos cristos:
relaes com as autoridades, deveres recprocos e modo de viver num mundo nocristo. Por fim esclarece algumas complicadas questes de conscincia. A carta
termina de maneira caracterstica, com saudaes pessoais a amigos e palavras de
louvor a Deus (cap. 16).
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Foi escrita por Paulo aos cristos de Corinto, cidade grega fervilhante de gente das
mais variadas nacionalidades e notria pelo seu comrcio, sua cultura, suas muitas
religies e pela sua imoralidade. A Igreja de Corinto fora fundada pelo Apstolo durante
a sua permanncia de dezoito meses na cidade, no decurso da segunda viagem
missionria. Agora Paulo recebia ms notcias e, quando alguns membros chegaram de
Corinto para pedir-lhe conselhos, entregou-lhes esta carta importante, que trata das
principais questes daquela comunidade eclesial: divises (caps. 1-4), problemas
morais e de vida familiar (caps. 5-7), inclusive um caso de incesto e de cristos que
intimavam a juzo outros cristos perante tribunais pagos. Paulo tambm resolveu um
problema de conscincia que preocupava os cristos a respeito do alimento (caps. 810). A maior parte da carne vendida no comrcio tinha sido oferecida antes aos dolos.
Era permitido com-la? Os caps. 11-14 propem princpios para culto ordenado na
igreja, especialmente durante a ceia do Senhor. Tratam tambm dos dons especiais
concedidos por Deus ao seu povo. A carta delineia um quadro claro, nem sempre
edificante, do modo como os primeiros cristos se reuniam e se comportavam. Explica
tambm o sentido da ressurreio de Jesus e de todos aqueles que morrem confiando
nele (cap. 15). No ltimo captulo o Apstolo fala igreja de Corinto sobre uma coleta
que faz para os cristos pobres da Judia e termina com saudaes pessoais. O
captulo 13 em louvor da caridade, o dom mais precioso concedido por Deus ao seu
povo, um dos textos paulinos mais famosos.
Paulo ditou-a cerca de um ano depois da primeira (em torno de 56 d.C.), num momento
em que as relaes entre ele e a Igreja de Corinto tinham chegado a ponto crtico.
Durante aquele ano alguns cristos daquela comunidade tinham-no atacado duramente
e, ao que parece, Paulo lhes fizera curta visita. A carta mostra o seu grande desejo de
estar bem com esta igreja. Nos caps. 1-7 recorda a histria das suas relaes com a
comunidade de Corinto, explica o sentido das palavras severas usadas anteriormente,
manifesta sua gratido pelas mudanas verificadas e se prope fazer a terceira visita,
mais tranqila. A seguir pede aos destinatrios que
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Esta carta representa um dos primeiros esboos do pensamento paulino, mais tarde
desenvolvido na carta aos Romanos. Talvez seja de aproximadamente 57 d.C. (outros
pensam que foi escrita cerca de dez anos antes). Foi enviada a um grupo de igrejas da
provncia romana da Galcia (atual Turquia central), algumas das quais foram visitadas
por Paulo. Ele havia-lhes ensinado que o dom divino da nova vida era destinado a
todos que cressem e muitos ouvintes haviam correspondido. Mas depois vieram
doutores judeus afirmando que os cristos deviam observar as leis do Antigo
Testamento. Por isto a carta responde a uma pergunta de vital importncia: Os nojudeus devem obedecer lei judaica de Moiss para serem verdadeiros cristos? Paulo
comea defendendo o seu direito de apstolo, que fala com autoridade divina, investido
de misso especial junto aos no-judeus (caps. 1-2). A seguir argumenta (caps. 3-4):
Somos justificados unicamente pela f em Cristo. A vida nova dom de Deus para
todos aqueles que crem. Nada podemos fazer para ganh-la por ns mesmos. Conclui
mostrando que a conduta dos cristos deriva do amor, que fruto da f em Cristo
(caps. 5-6). A carta aos Glatas uma perorao sobre a liberdade crist: para a
liberdade que Cristo nos libertou. Permanecei firmes, portanto, e no vos deixeis
prender de novo ao jugo da escravido (Gl 5.1).
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Paulo fundou a igreja grega de Filipos, a primeira igreja da Europa, em torno do ano 50
d.C. Escreveu esta carta da priso, segundo alguns, de Roma, em torno de 61-63 d.C.,
segundo outros, de feso, cerca de 54 d.C. Explica a sua situao aos filipenses e
agradece-lhes pelos presentes enviados. Exorta-os a perseverarem na f, a no serem
orgulhosos e a seguirem o exemplo de Jesus, que foi humilde e percorreu o caminho
da obedincia. Descreve a alegria e a paz daqueles que confiam em Cristo. Embora
estivesse preocupado com os falsos doutores que agiam na igreja de Filipos,
transparece claramente o seu afeto por aqueles cristos. No obstante o fundo escuro
da priso, a carta est cheia de alegria, de confiana e de esperana crist.
Paulo ditou na priso esta carta aos cristos de Colossos, provavelmente em Roma,
em torno do ano 61 d.C. ainda que no tivesse fundado esta igreja (regio ocidental da
Turquia), preocupava-se com ela, porque quem a iniciou foi um dos seus
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Tessalnica era a capital da provncia romana da Macednia. Paulo fundara uma igreja
a durante a sua segunda viagem missionria. Depois de ter chegado a Corinto, soube
atravs de Timteo que os judeus continuavam a criar problemas por causa do grande
interesse dos no-judeus pela mensagem de Paulo. Em resposta, Paulo escreveu esta
carta. uma das suas primeiras cartas que nos foi conservada, tendo sido escrita em
torno do ano 50 d.C., apenas vinte anos depois da morte de Jesus. Paulo procura
encorajar e tranqilizar os cristos de Tessalnica. Agradece a Deus pelas boas
notcias recebidas a respeito deles e lembra a sua visita (caps. 1-3). Exorta-os a viver
de modo a agradecer a Deus (1Ts 4.1-12) e trata de alguns problemas sobre a
esperada volta de Jesus (1Ts 4.135.11). Quando retomar? O que acontecer aos
cristos antes da sua volta? Termina a carta com algumas instrues prticas, orao e
saudaes (1Ts 5.12-28).
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Timteo era um jovem cristo, filho de pai grego e me judia, originrio de Listra, cidade
da provncia da Galcia (regio central da Turquia). Viajou com Paulo e ajudou nas
suas viagens missionrias posteriores. Era tmido e no gozava de boa sade,
necessitando de ser encorajado e apoiado. Quando Paulo lhe escreveu, Timteo
cuidava da igreja de feso. A carta d muitos conselhos e orientaes para a vida
eclesial. Adverte contra falsas doutrinas, em particular contra uma mistura de idias
judaicas e gnsticas sobre a salvao e sobre a natureza do mundo fsico. O
destinatrio recebe instrues sobre a organizao e o governo da igreja (caps. 1-3) e a
carta termina com recomendaes mais pessoais a Timteo sobre seu servio na igreja
(caps. 4-6).
Grande parte desta carta contm conselhos pessoais de Paulo a Timteo. Exorta
Timteo a permanecer fiel boa nova de Jesus Cristo e a perseverar na atividade de
mestre e evangelizador, apesar da oposio e da perseguio. Acautela-o contra
discusses inteis e encoraja-o com o exemplo de sua prpria f, que continua firme
depois de uma vida cheia de sofrimentos: Terminei minha carreira, guardei a f. Desde
j me est reservada a coroa da justia (2Tm 4.7-8).
Tito era cristo grego, que ajudou Paulo no seu trabalho missionrio. Paulo escreveu
esta carta a Tito em Creta, onde este ajudava na superviso da igreja. Esta
comunidade tinha problemas semelhantes aos enfrentados por Timteo em feso:
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carta particular de Paulo ao seu amigo Filemom, cristo convertido de Colossos (na
Turquia ocidental). Filemom possua um escravo de nome Onsimo que fugira.
Onsimo encontrara Paulo na priso e tornara-se cristo. Paulo escreve ao amigo para
exort-lo a perdoar ao fugitivo e acolh-lo como irmo cristo. A carta provavelmente foi
levada a Colossos pelo prprio Onsimo, juntamente com a carta dirigida igreja local.
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96
A Epstola de Tiago est em primeiro lugar no grupo de sete livros do Novo Testamento
denominado as Epstolas Gerais ou Catlicas. As igrejas evanglicas estiveram
hesitantes, por razes bvias, em usar o termo catlicas na descrio destas sete
cartas. O termo em si uma transliterao do adjetivo grego katoliks, que significa
geral' ou universal. Dois adjetivos latinos (generalis, universalis) traduzem a palavra
grega perfeitamente, mas a Vulgata transliterou o grego como catholicas. da Vulgata
que o ttulo Epstolas Catlicas tornou-se uso comum entre os tradutores e estudiosos.
O termo catlicas foi pela primeira vez aplicado s sete cartas como um grupo por
Eusbio (265-340 d.C.), embora escritores mais antigos tenham chamado as cartas
individuais deste grupo de gerais. Um comentrio annimo do stimo sculo sobre a
Epstola de Tiago afirma que o termo foi usado porque estas cartas so encclicas; ou
seja, no so endereadas a igrejas ou pessoas individuais, mas escritas coletivamente
a todas as igrejas. Esta descrio geral vale para Tiago, 1 e 2 Pedro, 1 Joo e Judas. 2
e 3 Joo, contudo, so endereadas a um grupo, ou pessoa, particular e, assim, no
caem dentro da definio. Mas estas duas cartas foram consideradas como anexas a 1
Joo e foram agrupadas juntamente com ela.
A posio destas sete cartas, nas edies modernas do Novo Testamento, segue a
ordem da Vulgata. Esta a ordem geralmente adotada pela igreja ocidental
(Evangelhos, Atos, Epstolas Paulinas, Epstolas Gerais, Apocalipse), que parece
representar a primazia que a igreja ocidental deu a Paulo. Na igreja oriental, estas sete
cartas seguiam-se a Atos. Como um grupo de oito (chamado praksapstoloi), elas
normalmente eram colocadas entre os Evangelhos e as cartas paulinas, mas s vezes
depois de Paulo. Os dois grandes manuscritos unciais gregos do quarto sculo diferem
neste ponto. O Vaticanus tem os Evangelhos, Atos, Epstolas Gerais e Epstolas
Paulinas (faltam, neste manuscrito, Hebreus 9.14-13.25, as Pastorais, Filemom e
Apocalipse). O Sinaiticus tem os Evangelhos, Epstolas Paulinas, Atos, Epstolas
Gerais e Apocalipse.
97
Tiago dirigida s doze tribos que se encontram na Disperso (Tg 1.1) e claro nos
vs. 1.19 e 2.1,7 que esta saudao se refere aos cristos hebreus que estavam fora da
Palestina. Seu lugar de reunio chamado de sinagoga no texto grego de
Tg 2.2, e toda a epstola reflete o pensamento e expresses judaicas (Tg 2.19, 21; 4.1112; 5.4, 12). No h referncias escravido ou idolatria, e isso tambm se adapta a
uma leitura originalmente judaica. possvel que os destinatrios fossem os primeiros
convertidos em Jerusalm, que, aps a morte de Estvo, foram dispersos pela
perseguio (At 8.1) at a Fencia, Chipre, Antioquia da Sria e alm (At 11.19). Isso
explicaria a nfase inicial da carta quanto ao sofrer com alegria as provaes que
testam a f e que demandam perseverana (Tg 1.2-12), o conhecimento pessoal que
Tiago demonstra ter pelos crentes dispersos, e o tom de autoridade da carta. Como
pastor da igreja de Jerusalm, Tiago escreve s suas ovelhas dispersas.
Segundo o historiador Flvio Josefo, Tiago foi martirizado em 62 d.C. (Hegesipo, citado
em Eusbio, fixou a data da morte de Tiago em 66 d.C.). Aqueles que o aceitam como
autor da epstola tm sugerido uma data para sua redao entre 45 d.C. e o final de
sua vida. Entretanto, vrios fatores indicam que essa epstola pode ter sido escrita
(cerca de 46-49 d.C.).
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99
Nenhum outro livro no Novo Testamento cria mais problemas de autenticidade do que 2
Pedro. Diferentemente de 1 Pedro, essa epstola possui um testemunho externo muito
fraco, e a genuinidade maculada por dificuldades internas tambm. Por causa desses
obstculos, muitos estudiosos rejeitam a autoria de Pedro para essa epstola, mas isso
no significa que no haja evidncia para a posio oposta.
O testemunho externo para a autoria de 2 Pedro mais fraco do que qualquer outro
livro do Novo Testamento, mas at o quarto sculo ela se tornou reconhecida como
uma obra autntica do apstolo Pedro. No h qualquer citao do segundo sculo, de
2 Pedro que seja incontestvel, mas no terceiro sculo ela citada em escritos de
vrios pais da Igreja, principalmente Orgenes e Clemente de Alexandria. Os escritores
do terceiro sculo estavam freqentemente conscientes a respeito de 2 Pedro e
respeitavam seu contedo, mas ainda era catalogada como um livro contestvel. O
quarto sculo via o reconhecimento oficial da autoridade de 2 Pedro apesar de algumas
dvidas. Por vrias razes, 2 Pedro no foi rapidamente aceita como um livro cannico.
(1) A sua lenta circulao evitou que ela fosse mais conhecida. (2) Sua brevidade e
contedo limitam grandemente o seu nmero de citaes nos escritos dos lderes da
Igreja primitiva. (3) O atraso no reconhecimento significou que 2 Pedro tinha de
competir com outras obras escritas mais tarde que reivindicavam a autoria de Pedro (p.
ex., o Apocalipse de Pedro). (4) Diferenas de estilo entre 1 e 2 Pedro tambm
levantaram dvidas.
Por outro lado, 2 Pedro traz testemunho abundante de sua origem apostlica. Ela
reivindica ser Simo Pedro (1.1), e 3.1 diz. Amados, esta , agora, a segunda
epstola que vos escrevo. O autor se refere profecia do Senhor sobre a morte do
apstolo em 1.14 (Jo 21.18-19) e diz que ele foi uma testemunha ocular da
Transfigurao (1.16-18). Como um apstolo (1.1), ele se coloca num nvel de
igualdade com Paulo (3.15). H tambm palavras distintas que so encontradas em
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Os paralelos entre Joo 2 e 3 sugerem que essas epstolas foram escritas na mesma
poca (90 d.C.). Escritores cristos primitivos so unnimes em seu testemunho de que
o quartel general de Joo ao fim de seu ministrio era em feso, a principal cidade da
provncia romana da sia. Evidentemente, Joo enviava um nmero de mestres
viajantes para espalharem o evangelho e para solidificarem as igrejas asiticas, e esses
mestres eram apoiados por cristos que os recebiam em seus lares.
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Apesar do assunto e tamanho limitados, Judas foi aceita como autntica e citada pelos
pais da Igreja primitiva. Pode haver aluses mais antigas, mas referncias evidentes a
essa epstola aparecem no final do segundo sculo. Ela foi includa no Cnon
Muratoriano (cerca de 170 d.C.) e aceita como parte das Escrituras pelos antigos
lderes, tais como Tertuliano e Orgenes. Entretanto, dvidas surgiram em relao ao
lugar de Judas no Cnon, por causa de seu uso dos Apcrifos. Ela foi um livro
contestado em algumas partes da Igreja, mas, finalmente, ganhou o reconhecimento
universal.
Por causa do silncio do Novo Testamento e da tradio a respeito dos ltimos dias de
Judas, no podemos saber onde a epstola foi escrita. Nem h qualquer forma de saber
a data exata: Partindo do princpio de que 2 Pedro veio primeiro. (64-66 d.C.), a poca
provvel 66-80 d.C. (O silncio de Judas em relao Jerusalm no prova que ele
escreveu essa epstola antes de 70 d.C.).
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A palavra "cnon" de origem crist e derivada do vocbulo grego "kanon" que por sua
vez provavelmente veio emprestado do hebraico "kaneh", que significa junco ou vara
de medir; (Ez 40.5) da tomou o sentido de norma ou regra. Mais tarde veio a significar
regra de f e, finalmente, catlogo ou lista (Gl 6.16)
A palavra cnon, usada para designar a coleo dos livros que integram as Sagradas
Escrituras, no aparece at o sculo IV, com Atansio. Do-se palavra dois usos
distintos, mas de certo modo relacionados: Em primeiro lugar, ela usada para indicar
uma coleo daqueles livros aos quais se tenha aplicado determinada prova e que
foram reconhecidos como autnticos e 'cannicos'. Logo, aplica-se o termo a toda a
coleo de escritos, posto que ela constitui o cnon ou 'regra de f' mediante a qual
toda doutrina deve ser provada" (HAMMOND, 1978, p. 36).
O cnon do Antigo Testamento ainda no havia sido fixado no tempo do Novo
Testamento, mas quando os judeus da Palestina, em fins do sculo I, fixaram o cnon
de suas Escrituras, este inclua todos os livros que atualmente temos em nossas
verses. O uso que se fez desses livros nos tempos do Novo Testamento permaneceu
testemunhado em cada pgina deste ltimo livro; e uma rpida olhada nas referncias
de nossas Bblias nos dar uma idia de quo profundo e sistemtico foi esse uso. Mas
essas Escrituras no eram suficientes "para o bem-estar da Igreja, para a pureza do
evangelho e para a direo do crente; por isso, aprouve a Deus chamar existncia
uma graph crist, o cnon do Novo Testamento que a Igreja acrescentou graph do
Antigo Testamento" (RAMM, 1967, p. 177).
O prprio Senhor Jesus Cristo deu seu apoio de legitimidade a todo o Antigo
Testamento; fez citaes de cada uma de suas divises; porm, nunca citou
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O Cnon do Antigo Testamento foi formado num espao de um pouco mais de mil anos
e corresponde o perodo de Moiss a Esdras. Moiss escreveu as primeiras palavras
do Pentateuco por volta de 1491 a.C. Esdras entrou em cena em 445 a.C. Esdras no
foi o ltimo escritor na formao do cnon do Antigo Testamento. Os ltimos escritores
foram Neemias e Malaquias, no entanto, de acordo com os escritos histricos, foi
Esdras que, na qualidade de escriba e sacerdote, reuniu os rolos cannicos, ficando
tambm o cnon encerrado em seu tempo (GILBERTO, 1986, p. 52).
A doutrina da inspirao da Bblia foi completamente desenvolvida apenas nas pginas
do Novo Testamento. Mas, muito antes disso, j encontramos na histria de Israel
certos escritos reconhecidos como autoridade divina e como regra escrita de f e
conduta para o povo de Deus. Identificamos isso na resposta do povo, quando Moiss
leu para eles o livro do concerto (x 24.7), ou quando o Livro da Lei, achado por
Hilquias, foi lido primeiro para o rei e depois para a congregao (2Rs 22-23; 2Cr 34),
ou ainda quando Esdras leu o Livro da Lei para o povo (Ne 8.9, 14-17; 10.28-39; 13.13). O Pentateuco tratado com a mesma reverncia em Josu 1.7, 8, 8.31 e 23.6-8; 1
Reis 2.3, 2 Reis 14.6 e 17.37, Osias 8.12, Daniel 9.11,13, Esdras 3.2, 4, 1 Crnicas
16.40, 2 Crnicas 17.9, 23.18, 30.5,18, 31.3 e 35.26. Apresenta-se basicamente como
obra de Moiss, um dos primeiros e certamente o maior profeta do Antigo Testamento
(Nm 12.6-8; Dt 34.10-12). Deus comumente falava por Moiss de viva voz, como
tambm fez mais tarde com os profetas, mas a atividade de Moiss como escritor
tambm mencionada muitas vezes (x 17.14; 24.4, 7; 34.27; Nm 33.2; Dt 28.58, 61;
29.20-27; 30.10; 31.9-13, 19, 22, 24-26).
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Em 90 d.C. Em Jmnia, perto da moderna Jope, em Israel, os rabinos, num conclio sob
a presidncia de Johanan Ben Zakai, reconheceram e fixaram o cnon do Antigo
Testamento. Houve muitos debates acerca da aprovao de certos livros,
especialmente dos "Escritos". Note-se, porm que o trabalho desse conclio foi apenas
ratificar aquilo que j era aceito por todos os judeus atravs de sculos.
H consenso entre telogos que o Novo Testamento foi escrito dentro de um perodo
de cinqenta anos, vrios sculos depois que o Antigo Testamento foi completado. Em
relao ao tempo, o Antigo Testamento est to distante de ns que sua formao
como corpo escriturstico poderia ser considerado longnquo demais para a atestao
de seu contedo. Tal no o caso. Em certo sentido, temos atestaes muito maiores
para o cnon do Antigo Testamento do que para o cnon do Novo Testamento.
Referimo-nos ao fato do prprio imprimtur (do lat. imprimatur, 'imprima-se') de nosso
Senhor Jesus Cristo, pela maneira como fez uso das Escrituras hebraicas como a
Palavra autoritria de Deus.
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Nas Bblias de edio da Igreja Catlica Romana, o total de livros de 73, porque essa
igreja, desde o Conclio de Trento, em 1546, incluiu no cnon do Antigo Testamento 7
livros apcrifos, alm de 4 acrscimos ou apndices a livros can-nicos, acrescentando,
assim, ao todo, 11 escritos apcrifos.
A palavra apcrifo significa literalmente, escondido, oculto, isto em referncia a livros
que tratavam de coisas secretas, misteriosas, ocultas. No sentido religioso, o termo
significa "no genuno", "esprio", desde sua aplicao por Jernimo. Os apcrifos
foram escritos entre Malaquias e Mateus, ou seja, entre o Antigo e o Novo Testa-mento,
numa poca em que cessara por completo a revelao divina; isto basta para tirar-Ihes
qualquer pretenso de canonicidade. O Historiador Flvio Josefo rejeitou-os totalmente.
Nunca foram reconhecidos pelos judeus como parte do cnon hebraico. Jamais foram
citados por Jesus nem foram reconhecidos pela igreja primitiva.
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A razo porque 66 livros da Bblia se harmonizam entre si que a mesma mente divina
inspirou a cada escritor. Se, por exemplo, Joo tivesse escrito algo que no
concordasse com as obras de Moiss, seramos obrigados a rejeitar seu Evangelho,
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Tobias 6.5-8. "Ento, o anjo lhe disse: toma as entranhas deste peixe e guarde para ti
seu corao, o fel e seu fgado. Pois so necessrios para medicinas teis [...] Logo,
Tobias perguntou ao anjo e lhe disse: Eu te rogo, irmo Azarias, para quais remdios
so boas essas coisas, que tu pediste separar do peixe. E o anjo, respondendo, lhe
disse: Se puseres um pedacinho do seu corao sobre as brasas, seu fumo h de
espantar toda a espcie de demnios, seja de um homem ou de uma mulher, de modo
que no possam mais voltar a eles."
Tobias 12.8,9. "A orao boa como o jejum e esmolas; melhor do que guardar
tesouros de ouro, pois, esmolas livram da morte, e o mesmo que espia os pecados e
conduz misericrdia e vida eterna". Se ofertas caridosas pudessem expiar os nossos
pecados, no teramos necessidade do sangue de Jesus Cristo.
Eclesistico 3.4. "Quem amar a Deus, receber perdo de Seus pecados pela orao".
Os pecados no se perdoam pela orao. Se fosse assim, no teramos
117
2 Macabeus 12.42-46, "E, fazendo uma arrecadao, mandou doze mil dracmas de
prata a Jerusalm para ser oferecido um sacrifcio pelos pecados dos mortos, e fez bem
em pensar religiosamente na ressurreio, (pois, se no tivesse esperana que os que
haviam sido mortos ressuscitassem novamente, haveria de ser suprfluo e em vo orar
pelos mortos). E considerava que, os que haviam adormecido no temor de Deus,
alcanaram para si muita graa." A Igreja Catlica afirma que estes versculos lhe
autorizam a doutrina do purgatrio. Oraes e missas pelos mortos so aceitas e o
devoto catlico cr nelas. Excede a imaginao a quantidade de dinheiro que aflui
todos os anos aos cofres da igreja pelas missas em favor dos mortos.
118
Tobias 5.15-19. "O anjo disse-lhe (a Tobias): Gui-lo-ei para l (o filho de Tobias) e o
farei voltar a ti. E Tobias lhe disse (ao anjo): Eu te rogo, dize-me, de que famlia ou de
que tribo s tu? E Rafael, o anjo, respondeu: [...] Eu sou Azarias, o filho do grande
Ananias. Respondeu-lhe Tobias: Tu s de uma grande famlia". Se um anjo de Deus
mentisse acerca de sua identidade, tornar-se-ia culpado de violao do nono
mandamento. Lc 1.19. Confrontando esta declarao com o que est registrado no livro
de Tobias, compreenderemos logo porque Cristo nunca Se referiu aos livros apcrifos.
Judith 8.5,6. "E ela fez para si um aposento separado no andar superior de sua casa no
qual vivia com suas servas. Seu vestido era de cabelo de crina e ela jejuava todos os
dias de sua vida, com exceo dos sbados, das luas novas e demais festas da casa
de Israel." Esta passagem parecida a outras lendas catlicas romanas, com respeito
a seus santos canonizados. Uma mulher dificilmente jejuaria toda sua vida, com
exceo de um dia da semana e algumas outras ocasies durante o ano. Cristo jejuou
quarenta dias, porm no toda a Sua vida.
A igreja catlica apega-se a estes livros no inspirados porque eles sancionam alguns
de seus falsos ensinos, como: orao pelos mortos, salvao pelas obras, a doutrina do
purgatrio, dar esmolas para libertar as pessoas do pecado e da morte.
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12.2 Os Pseudopgrafos
So os livros escritos sob um nome fictcio. Para outros so os escritos judaicos, extra
bblicos, no inspirados do Antigo Testamento. So considerados de valor no estudo do
cnon, e alguns estudiosos os incluem no mesmo grupo dos apcrifos. Dentre os
pseudopgrafos destacam-se:
O Livro de Enoque. A crtica textual no tem condies de localiz-lo exatamente em
determinada poca, mas deve pertencer ao perodo de 200 a.C. e as primeiras dcadas
do primeiro sculo da nossa era.
A Assuno de Moiss. Deve ter sido publicado no tempo de Cristo e procura narrar a
histria do mundo, em forma de profecia, desde Moiss at ao tempo do autor.
Os Orculos Sibilinos. So obras judaicas que, imitao das profecias pags de
Sibila, pretendem divulgar o pensamento hebraico entre os gentios.
O Livro dos Jubileus. um comentrio sobre Gnesis, frisando que a Lei foi observada
desde os mais remotos tempos. Recebe este nome pelo fato de dividir a histria em
perodos jubileus, isto , quarenta e nove anos (sete semanas de anos).
O livro dos Segredos de Enoque (2 Enoque). Descreve pormenorizadamente os sete
cus e antecipa em mil anos o reinado de Deus na terra.
122
Imagem ilustrativa.
No vero de 1947, tiveram incio na Palestina, por obra de casual descoberta de um
jovem beduno, chamado Momede ad-Dib, encontros arqueolgicos de excepcional
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124
A gruta que deu colheita mais rica foi a de n. 4. Continha 380 manuscritos, dos quais
mais ou menos uma centena so de ordem bblica. Seguiram-se as de n. 5 e 6, que
deram manuscritos de pouca importncia bblica e histrica. Em fins de 1955,
revistaram-se as grutas que receberam os nos 7, 8, 9 e 10, todas contendo ora
pergaminhos, ora papiros, tudo de pouca importncia. Logo aps, nos ltimos dias de
1955, encontram-se outras duas sries de grutas, uma margem do Uadi Murabaat, e
outra margem do Uadi Mird, sempre nos arredores do Mar Morto.
Os dois rolos de chapa de cobre mediam mais ou menos 2 metros de comprimento e
uns 30 centmetros de largura. Durante 3 anos estudos foram feitos para que os rolos
fossem abertos sem se estragar a escrita. Foi preparada uma mquina especial pelo
Departamento de Tecnologia de Manchester, Inglaterra, para cortar o rolo, trabalho este
levado a efeito no dia 16 de janeiro de 1956. Estes rolos podem ser vistos no Museu de
Am. Na escrita de um deles estava a relao de uns 60 esconderijos, nos quais, se
encontrariam depsitos de ouro, prata ou caixas de incenso.
Trs sociedades cientficas: Departamento Arqueolgico da Jordnia, Escola Bblica e
Arqueolgica Francesa de Jerusalm (Santo Estvo) e o Museu Arqueolgico
Palestinense tm inventariado as riquezas destas grutas. Os fragmentos de
manuscritos descobertos nas onze cavernas de Qunran so cerca de 600 e um quarto
destes fragmentos contm textos bblicos; com exceo do livro de Ester, todos os
livros do Velho Testamento se acham ali representados. Os mais numerosos so dos
livros de Isaas, de Deuteronmio e dos Salmos.
125
Uma pergunta que vem mente de todos esta: quem foram as pessoas que moravam
nesta regio e copiaram os manuscritos encontrados nas grutas? Segundo a opinio
dos eruditos seus habitantes pertenciam seita judaica dos essnios, os quais
ocuparam esta regio entre 185 a.C. e 68 a.D.
Havia entre os judeus no tempo de Cristo as seguintes seitas: Os fariseus legalistas e
separados, observadores de tradies antigas, eram muito religiosos; os saduceus
conhecidos por sua oposio aos fariseus e por negarem a ressurreio. Eram
incrdulos e livres pensadores; os essnios muitas etimologias tm sido apresentadas
para explicar a origem deste nome. The Interpreter's Dictionary of the Bible, cita pelo
menos dez entre palavras gregas e hebraicas, salientando que os eruditos no tm
nenhuma uniformidade em seus pontos de vista. Os essnios eram pessoas que
estavam decepcionadas com a corrupo reinante em seus dias, por isso abandonaram
a sociedade e se refugiaram em mosteiros para se dedicarem a uma vida de orao e
ao estudo da palavra de Deus.
126
Embora o valor desta descoberta ainda no possa ser avaliado em toda a sua
plenitude, h certos fatos j conhecidos que so os seguintes: Estes manuscritos so
pelo menos 1000 anos mais velhos do que o mais antigo manuscrito hebraico que
possumos O Cdice Petropolitano escrito em 912 a.D; os manuscritos de Qumran
so mais antigos do que os mais velhos fragmentos da Septuaginta existentes, quanto
histria da evoluo da escrita, fornecendo, portanto precioso material Paleografia.
Estes manuscritos foram copiados entre os sculos III a.C. e o primeiro sculo a.D.;
antes desta descoberta pouco se sabia a respeito do judasmo pr-cristo. Atravs do
Manual de Disciplina conhecemos hoje muito dos seus costumes e maneira de viver;
estes manuscritos vieram desfazer afirmaes infundadas, concernentes ao trabalho
dos copistas pr-massorticos e ainda de que a Bblia Hebraica de hoje fora organizada
e emendada pelos massoretas.
Os estudantes da Bblia no puseram tanto em dvida as mudanas no texto quando
foram acrescentadas as vogais e a pontuao para formar o texto Massortico, sculos
depois de Cristo, pois sabiam que os copistas depois daquele tempo, preservaram com
cuidado extremo cada jota e til do texto. Alguns crticos opinavam que os mais antigos
copistas por no serem to escrupulosos trataram o texto com mais liberdade, portanto
havia diferenas considerveis em nossa Bblia.
Quando o texto hebraico de hoje foi comparado com os manuscritos de Qumran
verificou-se surpreendente identidade de contedo. Os rolos do Mar Morto comprovam
a validade do texto hebraico, to cuidadosamente transmitido atravs dos sculos. O
descobrimento destes rolos e de outros manuscritos mostrou a fragilidade dos
argumentos da Alta Crtica, comprovando que o trabalho dos copistas e tradutores por
dois mil anos no mudou a Palavra de Deus. Eles comprovaram que a maioria das
variaes de um manuscrito para outro so simplesmente questes de
127
12.3.5 Concluses
Todo o cuidado e todos os avanos feitos pela cincia tm sido utilizados, quer na
determinao das datas deste valioso material, quer na sua leitura e conservao.
Assim foi descoberto um mtodo com base na cincia atmica, para determinar a idade
do material orgnico. Foi usando esse mtodo, com o istopo, "Carbono 14", que o
Instituto Nuclear da Universidade de Chicago pode confirmar com preciso a opinio
dos arquelogos, segundo a qual o pano que envolvia os rolos, descobertos em 1947,
datava do I sculo da era crist. No Museu de Jerusalm, onde se encontra boa parte
do material descoberto, documentos, primeira vista ilegveis, so decifrados graas
fotografia infravermelha que traz luz, letras que normalmente no podem ser
distinguidas pelos olhos humanos. Inegavelmente, esta foi a descoberta arqueolgica
mais sensacional dos ltimos tempos, porque veio provar a autenticidade da Bblia e a
sua maravilhosa conservao atravs dos sculos.
128
13.1 Conceituao
129
As tradues mais antigas apareceram antes do perodo dos Conclios da Igreja (350
d.C.), abarcando obras como Pentateuco Samaritano, os Targuns Aramaicos, o
Talmude, o Midrash e a Septuaginta (LXX).
Segundo Norman Geisler e William Nix (1997, p. 187), o Pentateuco samaritano pode
ter-se originado no perodo de Neemias, em que se reedificou Jerusalm. No sendo na
verdade uma traduo, nem verso, mostra a necessidade do estudo cuidadoso para
que se chegue ao verdadeiro texto das Escrituras. Essa obra foi, de fato, uma poro
manuscrita do texto do prprio Pentateuco. Contm os cinco livros de Moiss, tendo
sido escrito num tipo paleo-hebraico, muito semelhante ao que se encontrou na pedra
moabita, na inscrio de Silo, nas Cartas de Laquis e em alguns manuscritos bblicos
mais antigos de Qumran. A tradio textual do
Pentateuco samaritano independente do Texto massortico. No foi descoberto pelos
estudiosos cristos seno em 1616, embora fosse conhecido dos pais da igreja, como
Eusbio de Cesaria e Jernimo, tendo sido publicado pela primeira vez na obra
Poliglota de Paris (1645) e, depois, na Poliglota de Londres (1657).
O manuscrito mais antigo do Pentateuco samaritano data de meados do sculo XIV e
trata-se de um fragmento de um pergaminho o rolo chamado Abisa. O cdice do
Pentateuco samaritano mais antigo traz uma nota sobre ter sido vendido em 1149-1150
d.C, embora fosse muito mais velho. A Biblioteca Pblica de Nova Iorque abriga outro
exemplar que data de cerca de 1232. Imediatamente aps a descoberta desse
exemplar, em 1616, o Pentateuco samaritano foi aclamado como superior ao Texto
massortico. No entanto, depois de cuidadoso estudo, foi relegado a posio inferior.
S recentemente esse documento reobteve um pouco de sua antiga importncia, ainda
que seja considerado at hoje de menor importncia do que o texto massortico da lei.
Os mritos do texto do Pentateuco samaritano podem ser avaliados pelo fato de
apresentar apenas 6 000 variantes em relao ao Texto
130
13.2.2 Os Targuns
131
13.2.3 O Talmude
13.2.4 O Midrash
O Midrash (lit., estudo textual) na verdade era uma exposio formal, doutrinria e
homiltica das Sagradas Escrituras, redigida em hebraico ou em aramaico. De mais ou
menos 100 at 300 d.C., esses escritos foram reunidos num corpo textual a que se deu
o nome de Halaka (procedimento), que era uma expanso adicional da Tora, e Hagada
(declarao, explicao), ou comentrios de todo o Antigo Testamento. O Midrash de
fato diferia do Targum neste ponto: o Midrash eram comentrios, em vez de parfrases.
O Midrash contm algumas das mais antigas hornilias do Antigo Testamento, bem
corno alguns provrbios e parbolas, textos usados nas sinagogas.
132
Bastante conhecida atravs da sigla LXX, a mais importante traduo grega do Velho
Testamento. Seria interessante pensar por alguns instantes qual a razo de um livro
hebraico ser traduzido para o grego numa cidade do Egito? A Histria nos confirma que
Alexandre Magno, com suas extraordinrias conquistas levou o grego a quase todas as
partes do mundo conhecido. Sua morte prematura em 323 a.C. fez com que seu
imprio fosse dividido. Cabendo a Ptolomeu I (323-285) governar o Egito, iniciando
assim a dinastia dos reis gregos no Egito. Calcula-se que no tempo de Ptolomeu II, a
cidade de Alexandria era composta por um tero de judeus. Como era de se esperar
esses imigrantes judeus facilmente adotaram a lngua dos gregos.
Dias Gomes citando Flvio Josefo, fornece-nos pormenores teis sobre a origem desta
antiga traduo. Eis uma sntese de suas palavras:
Demtrio Palrio, bibliotecrio de Ptolomeu Filadelfo, trabalhava com extremo cuidado
e grande curiosidade para reunir de todas as partes do mundo os livros de mrito e que
julgava serem agradveis ao prncipe. Certo dia o prncipe perguntou-lhe quantos livros
j havia na Biblioteca e soube que mais ou menos 200.000. Notificou tambm ao rei a
existncia entre os judeus de livros dignos de figurarem na soberba biblioteca, mas
dariam muito trabalho traduzi-los para o grego. Acrescentou que este trabalho poderia
ser feito porque sua majestade no olhava a gastos. O rei, persuadido pelo ilustre
bibliotecrio, fez um apelo ao sumo-sacerdote de Jerusalm para que lhe enviasse os
livros e pessoas capacitadas para traduzi-los. O pedido foi imediatamente atendido,
talvez, porque acompanhando-o havia grande soma de dinheiro e pedras preciosas.
Ptolomeu recebeu atravs de uma carta a seguinte notificao: "Escolhemos, Senhor,
seis homens de cada tribo para vos levar as santas leis e esperamos da vossa
bondade, quando no tenhais mais necessidade deles, que vos dignareis remet-los
com os que vo em sua companhia." Eleazar. Quando a obra foi acabada (segundo
alguns em 72 dias), Demtrio reuniu todos os judeus para que ouvissem a leitura da
traduo, na presena dos 72 tradutores. A traduo foi aprovada e Demtrio elogiado
por ter concebido um desgnio que lhes era to vantajoso. (JOSEFO, Flvio. Apud.
GOMES, Dias. Bblia Poliglota Portuguesa, p. 26-28).
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Fizeram ainda revises na Septuaginta Luciano fez seu trabalho mais ou menos pelo
ano 300, pois foi martirizado em 311. Para esta reviso usou manuscritos hebraicos
superiores aos usados por Orgenes e Hesquio sua reviso se processou na cidade
de Alexandria e foi somente aceita no Egito.
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provvel que a primeira verso do Novo Testamento tenha sido feita na lngua
siraca. Dentre as verses siracas so dignas de nota as seguintes:
Siraca Antiga. uma verso dos quatro Evangelhos, conservada hoje com grandes
lacunas nestes dois manuscritos. Embora estes manuscritos fossem copiados no 5 e
4 sculos respectivamente, a forma de texto que eles preservam data do fim do
segundo sculo ou incio do terceiro. O texto dos Evangelhos sofreu influncias do
Diatessaron de Taciano. Seu tipo de texto pertence ao grupo Ocidental.
Verso Peshita. Em siraco a palavra peshita significa simples, comum, vulgar. Crem
alguns que a traduo foi feita por Rabbula, bispo de Edessa (411-432), cognominado o
So Jernimo da Igreja Sria. Outros afirmam que o autor desconhecido, mas que a
traduo foi feita para que o cristianismo pudesse propagar-se entre aquele povo. Por
ser um trabalho muito bem feito, foi chamada "a rainha das verses". Contm todo o
Velho Testamento sem os livros apcrifos. Do Novo Testamento no foram traduzidos II
e III Joo, II Pedro, Judas e Apocalipse. Mais de 350 manuscritos da Peshita so
conhecidos hoje, diversos dos quais datam do 5 e 6 sculos.
Verso Filoxnia. Esta outra traduo bastante difcil de ser explicada pela Crtica
Textual. Cr-se que Filxeno, bispo de Mabugue, comissionou a traduo da Bblia
inteira baseada no grego, em 508 a.D.
Verso Siraca da Palestina. conhecida principalmente por um dicionrio dos
Evangelhos. Crem os entendidos que seja uma traduo do quinto sculo.
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O latim era um idioma dominante nas regies ocidentais do Imprio Romano desde
muito antes dos dias de Jesus. Foram nas regies ocidentais ao sul da Glia e na
frica do Norte que apareceram as primeiras tradues da Bblia em latim. Segundo
Philip W. Confort (1998, p. 235) em cerca de 160 d.C., Tertuliano notoriamente usou
uma verso das Escrituras em latim. No muito tempo depois, o texto em latim antigo
parece ter estado em circulao, o que nos evidenciado pelo uso de Cipriano antes
de sua morte, em 258 d.C.. A verso em latim antigo era uma traduo da
Septuaginta. Manuscritos completos do texto em latim antigo no subsistiram. Depois
que a verso latina, a Vulgata, foi completada por Jernimo, o texto mais primitivo caiu
em desuso.
Segundo Philip W. Confort (1998, p. 236) por volta do sculo III d.C., o latim comeou
a substituir o grego como lngua de ensino no vasto mundo romano. Um texto uniforme
e confivel era extremamente necessrio para uso teolgico e litrgico. Para preencher
essa necessidade, o papa Dmaso I (336-384 d.C.) encarregou Jernimo, eminente
erudito no latim, grego e hebraico, de fazer a traduo. Jernimo comeou o seu
trabalho com uma traduo da Septuaginta em grego, considerada inspirada por muitas
autoridades da Igreja, inclusive Agostinho. Contudo, mais tarde, e sob risco de grande
crtica, voltou-se para o texto hebraico que ento estava em uso na Palestina, como
texto base para sua traduo. Durante o perodo de 390 a 405, Jernimo fez sua
traduo latina do Antigo Testamento hebraico. No entanto, a despeito de ter se voltado
para o original hebraico, Jernimo dependia grandemente das diversas verses gregas
como auxlio traduo. Por conseguinte, a Vulgata espelha as outras tradues
gregas e latinas tanto quanto o texto hebraico fundamental.
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Segundo Philip W. Confort (1998, p. 361), no sculo VI, o Evangelho foi levado para a
Inglaterra pelos missionrios de Roma. A Bblia que levaram foi a Vulgata Latina. Nessa
poca, os cristos que viviam na Inglaterra dependiam dos monges para qualquer tipo
de instruo relacionada Bblia. Os monges liam e ensinavam a
Bblia latina. Depois de alguns sculos, quando mais mosteiros foram fundados, surgiu
a necessidade de tradues da Bblia em ingls. A mais antiga traduo em ingls, at
onde sabemos, a que foi feita por um monge do sculo VII, chamado Cedmon, que
fez uma verso mtrica de partes do Antigo e do Novo Testamento. Acredita-se que
outro clrigo ingls, chamado Bede, traduziu os evangelhos para o ingls. Diz a
tradio que, em 735, esse clrigo estava traduzindo o Evangelho de Joo em seus
ltimos momentos de vida. Outro tradutor foi Alfredo, o Grande (que reinou de 871 a
899), considerado por todos como um rei muito letrado. Incluiu em suas leis trechos dos
Dez Mandamentos traduzidos para o ingls e tambm traduziu os Salmos.
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Segundo Norman Geisler (1997, p. 221), a conquista normanda (1066) deu-se graas
disputa em torno do trono de Eduardo, o Confessor. Com ela, o perodo do domnio
saxnico na Inglaterra chegou ao fim, e um perodo de influncia normando-francesa se
fez sentir sobre a lngua dos povos conquistados. Durante esse perodo de domnio
normando foram feitas outras tentativas de traduzir a Bblia para o ingls.
Orm ou Ormin (1200). Orm foi um monge agostiniano que escreveu uma parfrase
potica dos evangelhos e de Atos acompanhada de comentrio. Essa obra, o Ormulum,
preservada em um nico manuscrito de 20.000 palavras. Embora o
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A primeira traduo que se fez em castelhano foi o Novo Testamento surgido em 1543.
Foi obra do jovem reformador Francisco de Enzinas. Filho de pais nobres e ricos foi
enviado a estudar nos Pases Baixos, onde recebeu decisiva influncia dos
reformadores. Dirigiu-se posteriormente Alemanha para conhecer Melanchton, em
cuja casa se hospedou. Estudando na Universidade de Wittenberg e encorajado por
Melanchton dedicou-se sublime tarefa de traduzir o Novo Testamento do original
grego para a sua lngua nativa.
A segunda traduo para o espanhol a conhecida "Bblia de Ferrara" que em
realidade no contm seno o Antigo Testamento. Esta verso foi obra de certos
eruditos judeus, que por questes religiosas foram banidas da Pennsula Ibrica.
Radicaram-se na Itlia, onde havia maior liberdade em questes religiosas. Reunidos
em Ferrara quatro bons conhecedores do hebraico e do espanhol, com manuscritos
originais a sua disposio no lhes foi muito difcil concluir a tarefa a que se
propuseram.
A primeira traduo completa da Bblia para a lngua castelhana foi obra de Casiodoro
de Reina, que nascera ao sul da Espanha em 1520.
Aps ter estudado para sacerdote, tornou-se pregador evanglico, razo porque teve
de fugir da Espanha. Trabalhou 12 anos nesta traduo, que foi publicada em Basilia
no ano de 1569. Baseou seu trabalho em manuscritos originais, mas teve auxlio de
tradues anteriores, como a grande verso de Ferrara (1533).
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D. Diniz (1279-1325) foi a primeira pessoa a traduzir para a lngua portuguesa o texto
bblico. Grande conhecedor do latim clssico, e leitor da Vulgata, D. Diniz resolveu
enriquecer o portugus traduzindo as Sagradas Escrituras para o nosso idioma,
tomando como base a Vulgata Latina. Embora lhe faltasse perseverana e s
conseguisse traduzir os vinte primeiros captulos do livro de Gnesis, esse seu esforo
o colocou em uma posio historicamente anterior a alguns dos primeiros tradutores da
Bblia para outros idiomas, como Joo Wycliff, por exemplo, que s em 1380 traduziu
as Escrituras para o ingls.
Ferno Lopes disse em seu curioso estilo de cronista do sculo XV, que D. Joo I
(1385-1433), um dos sucessores de D. Diniz no trono portugus, fez grandes letrados
tirar em linguagem os Evangelhos, os Atos dos Apstolos e as epstolas de So Paulo,
para que aqueles que os ouvissem fossem mais devotos acerca da lei de
Deus. (Crnica de D. Joo I, 2. Parte). Esses grandes letrados eram vrios padres
que tambm se utilizaram da Vulgata Latina em seu trabalho de traduo.
Enquanto esses padres trabalhavam, D. Joo I, tambm conhecedor do latim, traduziu
o livro de Salmos, que foi reunido aos livros do Novo Testamento traduzidos pelos
padres. Seu sucessor, D. Joo lI, outro grande apoiador das tradues do texto bblico,
mandou gravar no seu cetro a parte final do versculo 31 de Romanos
8: Se Deus por ns, quem ser contra ns?.
Como nessa poca a imprensa ainda no havia sido inventada, os livros eram
produzidos em forma manuscrita, fazendo-se uso de folhas de pergaminho. Isso
tornava sua circulao extremamente reduzida. Por ser um trabalho lento e caro, era
necessrio que ou a Igreja Romana ou algum muito rico assumisse os custos do
projeto. Ningum mais indicado para isto do que os nobres e os reis.
Outras figuras da monarquia de Portugal tambm realizaram tradues parciais da
Bblia. A neta do rei D. Joo I e filha do Infante D. Pedro, a Infanta D. Filipa, traduziu do
francs os Evangelhos. No sculo XV surgiram publicados em Lisboa o Evangelho de
Mateus e pores dos demais Evangelhos, um trabalho realizado pelo frei Bernardo de
Alcobaa, que pertenceu grande escola de tradutores
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Por um decreto de 1757, no tempo do Papa Bento XIV, a Bblia era reconhecida como
til para fortalecer a f. Esta nova atitude da Igreja Catlica Romana deu impulso
traduo da Bblia com a Vulgata como base. Entre estes se encontrava o Padre
Antnio Pereira de Figueiredo, nascido perto de Lisboa em 1725. Por ser exmio
latinista, e como ele mesmo confessa: "No sendo eu nem ainda medianamente
instrudo nas lnguas originais, hebraica e grega, em que foram escritos,
respectivamente, o Velho Testamento e os Evangelhos, mal poderia sair exata e
perfeita esta minha traduo."
A sua traduo se baseou na Vulgata. Por 18 anos ocupou-se deste trabalho, que foi
submetido a duas revises cuidadosas antes de ser publicado. A primeira edio do
Novo Testamento saiu em 1778 em seis volumes e o Velho Testamento foi publicado
em 17 volumes, seguidamente, desde 1783 a 1790.
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O escriba atingido por astigmatismo achava difcil distinguir as letras gregas que se
pareciam, especialmente se o copista anterior no escreveu com cuidado. Assim num
manuscrito uncial, onde o sigma era feito como sigma lunar, era fcil confundi-lo com o
psilon, o teta e o micron C E Y O. Se dois lmbdas fossem escritos muito juntos
poderiam ser tomados pela letra Mi, como aconteceu em Romanos 6.5, em muitos
manuscritos est A L L A (mas), noutros est AMA (juntos). H divergncia em alguns
manuscritos com a parte final de 1Co 12.13. A maioria traz: "E a todos ns foi dado
beber de um s Esprito"; contudo em alguns aparece: "E a todos ns foi dado beber de
uma bebida". Esta variante surgiu quando alguns copistas leram erradamente IMA (a
contrao comum da palavra INEYMA esprito, como IIOMA (bebida).
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Tecnicamente, este erro chama-se homoioteleuton = final igual de duas linhas. Pelo fato
de duas linhas seguidas terminarem com a mesma palavra ou slabas, os olhos do
copista podiam pular da primeira para a segunda, omitindo acidentalmente vrias
palavras. Assim explicada a curiosa traduo de Joo 17.15 no Cdice Vaticano,
onde no aparecem as palavras aqui colocadas entre parnteses: "No peo que os
tires do (mundo, mas que os livres do) mal". Algumas vezes, os olhos do escriba,
apanhavam a mesma palavra ou grupo de palavras uma segunda vez e como resultado
copiava duas vezes, o que deveria ter feito apenas uma. Em Atos 19.34 a expresso:
Grande a Diana dos efsios, aparece duas vezes do Cdice Vaticano. Chama-se
ditografia a repetio daquilo que ocorre apenas uma vez e haplografia a falta da
repetio de uma letra ou palavra.
Era comum ditarem ao copista e ele escrever uma outra palavra parecida, como as
nossas imerso e emerso, despercebido e desapercebido, comprimento e
cumprimento. Outro problema com o ditado encontrava-se nas homnimas no
homgrafas, como ilustram as palavras portuguesas: sinto e cinto, incipiente e
insipiente, cocho e coxo. A confuso entre psilon e eta, mega e micron era muito
comum em ditados. Um problema desta natureza est em Romanos 5.1, onde a
variante tenhamos se alterna com temos, em grego ecwnen e econen. Dr. Benedito de
Paula Bittencourt, em seu trabalho pioneiro de Crtica Textual em Lngua Portuguesa
fez a anlise crtica deste versculo e a quem pedimos vnia para citar algumas de suas
concluses.
Crtica externa Quantitativamente e qualitativamente as evidncias externas parecem
favorecer o subjuntivo. No entanto, descoberta recente, a do fragmento do MS 0220,
vem suprir o que falta a P. 46, que comea em 5.17. Este manuscrito, cuja leitura
dificultada pelo estado em que se encontra, parece indicar que o verbo est escrito com
micron e no com mega, sendo, no caso, um indicativo e no subjuntivo, como
indicam os escribas primrios do Sinatico e Vaticano. Crtica interna Se a Teologia
de Romanos e dos escritos paulinos como um todo for
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Estes erros surgiram porque a memria falhava enquanto o copista olhava para o
manuscrito e procurava escrever o que l se encontrava. Este tipo de erro explica a
origem de um grande nmero de mudanas, especialmente nos evangelhos sinticos,
envolvendo a substituio de sinnimos, variao na ordem das palavras, troca de
palavras por influncia de outra passagem paralela, talvez conhecida do escriba. A
substituio de sinnimos aparece em exemplos como: eipen por efe, ec por ap, etc.
Um exemplo de troca de palavras temos em Mt 19.16-17, onde alguns copistas
alteraram o relato para que este concordasse com Mc 10.17 e Lc 18.18. declarao
de Cl 1.14 copistas acrescentaram em alguns manuscritos, "atravs do seu sangue",
por influncia da passagem paralela de Ef 1.7.
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Encontramos alguns erros que apenas podem ser explicados por culpa de copistas
pouco inteligentes ou descuidados. Palavras ou notas explicativas, encontradas na
margem, eram muitas vezes, incorporadas ao texto do Novo Testamento. Ao copista
encontrar na margem, notas explicativas como sinnimos de palavras difceis,
correes, comentrios pessoais, ficava perplexo sem saber o que fazer com elas.
Alguns resolveram o problema da seguinte maneira colocaram a nota no texto que
estavam copiando. H manuscritos que trazem acrescentadas a Rm 8.1 as seguintes
palavras: "que no andam segundo a carne, mas segundo o esprito". Esta era uma
nota explicativa na margem do primeiro versculo, talvez tirada do verso quatro.
Somente descuido em alto grau pode justificar alguns absurdos perpetrados por
escribas pouco perspicazes. Talvez um dos piores desatinos cometidos por um escriba
se encontra no manuscrito 109 do sculo XIV. Este manuscrito, dos quatro evangelhos,
agora no Museu Britnico, foi transcrito de uma cpia que deve ter tido a genealogia de
Jesus era duas colunas de 28 linhas cada uma. Em vez de transcrever o texto seguindo
as colunas em sucesso, o escriba do 109 copiou a genealogia seguindo as linhas
atravs das duas colunas, surgindo como era de se esperar um resultado desastroso.
Quase todos os filhos esto com os pais trocados; Deus dado como filho de Ado e
Fares a fonte de toda a raa e no Deus.
Por estranho que parea, os escribas que pensavam, eram mais perigosos do que
aqueles que se limitavam a copiar o que tinham diante de si. Muitas das alteraes, que
podem ser classificadas como intencionais foram, sem dvida, introduzidas de boa f
por copistas que criam estar corrigindo erros ou infelicidades de linguagem, que se
haviam introduzido no texto sagrado e precisavam ser retificados. A despeito da
vigilncia de eclesisticos zelosos, alguns escribas, chocados com erros reais ou
imaginrios, de ortografia, gramtica e fatos histricos, deliberadamente, introduziram
mudanas no que estavam copiando.
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A citao de Mc 1.2 introduzida pela frmula "Como est escrito no profeta Isaas".
Acontece que a citao proveniente dos profetas Isaas e Malaquias: Isaas 40.3 e
Malaquias 3.1. Alguns escribas sentindo esta dificuldade substituram a expresso "no
profeta Isaas" por "nos profetas". Sendo que Mateus 27.9 atribui ao profeta Jeremias o
que na realidade veio de Zacarias 11.12; no de admirar que alguns copistas
procurassem corrigir o erro, substituindo o nome, ou omitindo-o. Alguns copistas
tentaram harmonizar o relato da cronologia da paixo com a de Marcos, pela mudana
da "hora sexta" de Joo 19.14 para "terceira hora", que aparece em Marcos 15.25.
Porque a declarao de Marcos 8.31 - "depois de trs dias ressuscitar", parece
envolver um problema cronolgico, alguns copistas a alteraram para "ao terceiro dia".
O que faria um escriba cuidadoso quando descobria que a mesma passagem fora dada
diferentemente em dois ou mais manuscritos que tinha diante de si? Em vez de fazer
uma escolha entre as duas variantes (com a probabilidade de omitir a genuna) muitos
incorporaram as duas na mesma cpia que estavam transcrevendo. Isto produziu a
chamada duplicidade de textos ou de leituras, caracterstica predominante da famlia
bizantina. Os dois exemplos seguintes confirmam este fato: A declarao de Lucas de
que os discpulos estavam continuamente no templo bendizendo a Deus, aparece em
alguns manuscritos, "estavam continuamente no
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Concluses
Todos os estudiosos dos problemas dos copistas esto bem cientes de que o estudo
comparativo de vrios textos de grande ajuda para a eliminao destes erros. Estes
erros tm sido denominados de perifricos, porque no abrangem a essncia dos
ensinamentos divinos. Quem sabe pessoas iniciantes ou despreparadas em "Crtica
Textual" pensem da seguinte maneira: este estudo no deveria ser apresentado,
porque pode levar pessoas a descrerem da Palavra de Deus e a conclurem que os
escribas eram descuidados, caprichosos e tendenciosos. Verdades e realidades no
podem e no devem ser escondidas.
Todos devem ter em mente esta verdade fundamental: o que foi apresentado neste
captulo aconteceu com alguns manuscritos e com poucos copistas, o que vem mostrar
a fragilidade da natureza humana. Existem muitas evidncias mostrando o trabalho
dedicado, cuidadoso, honesto e fidelssimo da maioria dos copistas, bem como
abundante conquista de manuscritos no alterados, que nos levam a crer firmemente
na fidelidade da transmisso das Santas Escrituras. A Crtica Textual no abate os
fundamentos da nossa crena, antes os solidifica.
A palavra crtica origina-se do verbo grego "krino" que significa julgar. A crtica textual
tem como primeiro objetivo conhecer a exatido de um texto. Muitos dignos
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Recebe o nome de "Textus Receptus" o texto grego que dominou, no campo do estudo
do Novo Testamento por mais de 300 anos. Este texto tambm conhecido pelos
nomes de Texto Recebido ou Texto Grego Vulgarizado.
No incio do sculo XVI dois grandes eruditos o Cardeal Ximenes e Erasmo
lanaram-se enorme tarefa de publicar o Novo Testamento em grego, procurando
unificar os vrios textos gregos existentes.
Para a boa compreenso da histria do "Textus Receptus" preciso partir do famoso
editor francs Roberto Estfano (1503-1559), que publicou quatro edies do texto
grego. Sua terceira edio (1549) o primeiro texto onde aparece um aparato crtico.
Foi esta edio que se tornou o modelo para a King James Version de 1611 e at o
sculo XIX foi o paradigma de todos os textos gregos publicados. A sua quarta edio
(1551) no pode ser esquecida na histria do texto bblico, porque pela primeira vez
aparece a diviso em versos numerados. Embora a expresso "Textus Receptus" se
refira terceira edio de Estfano, esta no foi usada por ele.
Outro nome intimamente ligado com o "Textus Receptus" o de Teodoro Beza (15191605), que entre 1565 e 1604 publicou nove textos bblicos. O texto de Beza pouco
difere da quarta edio de Estfano. A importncia do seu trabalho consiste no
seguinte: suas edies visavam popularizar o "Textus Receptus". Os tradutores de King
James fizeram largo uso das edies de Beza. Em 1624, os irmos Elzevirs,
impressores alemes, lanaram uma edio do Novo Testamento Grego, em cujo texto
predominava o de Estfano, mas havia tambm um pouco do texto de Beza. No
prefcio da segunda edio se encontravam as seguintes palavras: "No texto que
agora recebido por todos, no apresentamos nada mudado ou alterado." A expresso
"Textus Receptus" nasceu desta mesma frase em latim: "Textum ergo habes, nunc ab
omnibus receptum: in quo nihil immutatum aut corruptum damus." Os autores desta
simples frase jamais sonhariam que ela fosse o incio de uma grande contenda na
histria do texto bblico.
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Ningum conseguiu fazer mais pelo texto bblico do que este autor. Quando estudava
teologia, seu professor de grego, Winer (autor de uma famosa gramtica) despertou
nele um desejo profundo para pesquisar manuscritos antigos, a fim de reconstruir a
mais perfeita forma do Novo Testamento Grego. Com este objetivo em mente, dedicouse de corpo e alma a esta sublime tarefa, pois escrevendo sua noiva ele declarou:
"Resolvi dedicar-me a uma tarefa sagrada a luta para conseguir a forma original do
Novo Testamento. Sem receio de contestao pode-se afirmar que ningum fez mais
do que Tischendorf para restaurar o texto original grego. Basta ter em mente que foi a
pessoa que publicou mais manuscritos e produziu mais edies crticas da Bblia
Grega.
Entre 1941 e 1842 ele preparou oito edies do Novo Testamento Grego. A edio
mais importante a oitava, publicada em dois volumes, acompanhada por um rico
Aparato Crtico, no qual Tischendorf reunia tudo sobre variantes textuais que ele ou
seus predecessores tinham achado em manuscritos, verses e Pais da Igreja. Em
virtude do grande esforo despendido, seu estado de sade no lhe permitiu continuar
o trabalho, por isso sua obra foi completada por seu discpulo Gaspar Ren Gregory.
O texto de sua oitava edio, de acordo com Nestle difere da stima em 3.572 lugares.
Foi acusado de dar excessivo valor evidncia do Cdice Sinatico, que ele tinha
descoberto entre o lanamento da stima e da oitava edio. Tischendorf deixou de
lado o "Textus Receptus", no levando tambm em conta a classificao dos
manuscritos em famlias.
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Estes dois intelectuais ingleses, aps um dedicado trabalho de 28 anos publicaram dois
volumes: O Novo Testamento no Original Grego com Introduo e Apndice, onde os
princpios crticos seguidos por ele so minuciosamente expostos. Depois de
exaustivas pesquisas na procura de manuscritos antigos, os estudiosos desejaram
classific-los em grupos, assim vrias tentativas foram feitas, mas quase todas
infrutferas quanto aos seus resultados. Coube a B. F. Westcott e F. J. A. Hort, dois
renomados professores da Universidade de Cambridge, a classificao dos
manuscritos do Novo Testamento em quatro famlias, por eles denominadas: Siraca,
Ocidental, Alexandrina e Neutra.
Para eles a mais importante destas famlias era a neutra, por estar mais prxima dos
autgrafos e por contar com os dois mais famosos cdices unciais Sinatico e
Vaticano. A preferncia de Westcott e Hort por esta famlia partilhada por insignes
vultos da Crtica Textual, mas, estudos posteriores tm indicado que eles foram
otimistas demais quanto pureza do texto neutro. Pode-se notar ainda que o texto
Alexandrino no distinto do texto neutro, por isso, hoje, aparece como Alexandrino.
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A edio do Novo Testamento Grego mais amplamente usada foi preparada por Nestle,
atravs da Sociedade Bblica de Stutgart (1898). Seu texto baseado em uma
comparao dos textos editados por Tischendorf, Westcott e Hort e Weiss. A obra de
Nestle representa o aperfeioamento do texto do fim do sculo XIX. Sendo notvel pela
sntese maravilhosa do Aparato Crtico e pela preciso da grande soma de informaes
textuais, sua edio tem sido muito apreciada. Uma nova edio do Novo Testamento
Grego de Nestle foi planejada, quando a Sociedade Bblica Britnica comemorou seu
sesquicentenrio (1954). O texto foi preparado por Kilpatrick, com a ajuda de Erwin
Nestle e Kurt Aland (Londres 1958). Houve mudanas numas 20 passagens e
diversas alteraes na ortografia, acentuao e no uso de parnteses.
Em 1966, aps uma dcada de trabalho por uma Comisso Internacional, cinco
Sociedades Bblicas publicaram uma edio do Novo Testamento Grego com a
finalidade de ser usada pelos tradutores da Bblia.
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Apndice
O Valor religioso da Bblia. Bblia , sem dvida, um dos mais apreciados legados
literrios da humanidade. Contudo o seu valor no se firma de maneira substancial no
fato literrio. A riqueza da Bblia consiste no carter essencialmente religioso da sua
mensagem, que a transforma no livro sagrado por excelncia, tanto para o povo de
Israel quanto para a Igreja crist. Nessa coleo de livros, a Lei se apresenta como
uma ordenao divina (x 20; Sl 119), os Profetas tm a conscincia de serem
portadores de mensagens da parte de Deus (Is 6; Jr 1.2; Ez 2-3) o os Escritos ensinam
que a verdadeira sabedoria encontra em Deus a sua origem (Pv 8.22-31).
Esses valores religiosos aparecem no s no ttulo de Sagradas Escrituras, mas
tambm na forma que Jesus e, em geral, os autores do Novo Testamento se referem
ao Antigo, isto , aos textos bblicos escritos em pocas precedentes. Isso ocorre, por
exemplo, quando lemos que Deus fala por meio dos profetas ou por meio de algum dos
outros livros (Mt 1.22; 2.15; Rm 1.2; 1Co 9.9) ou quando os profetas aparecem como
aquelas pessoas mediante as quais se diz algo ou se anuncia algum acontecimento,
forma hebraica de expressar que o prprio Deus quem diz ou anuncia (Mt 2.17; 3.3;
4.14); tambm quando se afirma a permanente autoridade das Escrituras (Mt 5.17-18;
Jo 10.35; At 23.5), ou quando as relaciona especialmente com a ao do Esprito Santo
(At 1.16; 28.25). Formas magistrais de expressar a convico comum a todos os
cristos em relao ao valor das Escrituras so encontradas em passagens como 2Tm
3.15-17 e 2Pe 1.19-21.
A Igreja crist, desde as suas origens, tem descoberto na mensagem do evangelho o
mesmo valor da palavra de Deus e a mesma autoridade do Antigo Testamento (Mc
16.15-16; Lc 1.1-4; Jo 20.31; 1Ts 2.13), Por isso, em 2 Pe 3.16, se equiparam as
epstolas de nosso amado irmo Paulo (v.15) s demais Escrituras.
Gradativamente, a partir do sculo II d.C., foram sendo reconhecidos os 27 livros que
formam o Novo Testamento a sua categoria de livros sagrados e, em conseqncia, a
plenitude da sua autoridade definitiva e o seu valor religioso.
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