Diabetes Melito Tipos 1 e 2
Diabetes Melito Tipos 1 e 2
Diabetes Melito Tipos 1 e 2
DIABETES MELITO
TIPOS 1 E 2
ASPECTOS-CHAVE
Dos casos de diabetes melito (DM), 90 a 95% são do
tipo 2 (DM2), e, destes, 80% estão relacionados a sobrepeso
ou obesidade.
A busca ativa do diagnóstico do DM2 deve ser
orientada pela presença de fatores de risco, uma vez que
muitos indivíduos acometidos podem permanecer
assintomáticos durante muito tempo.
A recomendação terapêutica atual para o DM2 de
diagnóstico recente inclui o uso de metformina.
O DM2 é uma doença evolutiva, e, Recomenda rastreamento apenas para pacientes
independentemente da adesão adequada ao tratamento, assintomáticos que tenham pressão arterial sistólica (PAS)
com o tempo, muitas pessoas precisarão de terapia maior do que 135 ou pressão arterial diastólica (PAD) maior
combinada com ou sem insulina. do que 80 mmHg, ambas sustentadas.
O tratamento do DM tipo 1 (DM1) é sempre
insulinoterapia intensiva.
No plano terapêutico, deve-se enfatizar a
diminuição do risco cardiovascular global por meio de
mudanças no estilo de vida (MEVs), incluindo alimentação,
aconselhamento sobre tabagismo, uso de álcool e outras
drogas e atividade física.
A abordagem centrada na pessoa e a participação
em grupos de suporte, reflexão e educação em saúde
permitem a livre expressão, pelos pacientes, de suas
dúvidas, escolhas e desafios em relação ao seu próprio
cuidado.
As seguintes apresentações, contudo, devem
levantar a suspeita de diabetes:
DO QUE SE TRATA ● Os “polis”: poliúria, polidpsia, polifagia com perda
DM é uma síndrome caracterizada por ponderal não explicada. A hiperglicemia leva à glicosúria,
hiperglicemia crônica, resultante de defeitos na ação da que é responsável pelos sintomas clássicos.
insulina, na secreção de insulina ou em ambas. ● Cansaço, alteração visual (“visão embaçada”) ou
Quatro classes clínicas: 1,2 DM tipo 1 (DM1), DM candidíase genital (vaginite ou balanopostite).
tipo 2 (DM2), outros tipos específicos de DM e DM ● No DM1, o início geralmente é abrupto, com
gestacional (DMG). emagrecimento rápido e inexplicado, hiperglicemia grave
Risco aumentado de diabetes → pré-diabetes. associada à desidratação, à cetonemia e à cetonúria.
● A cetoacidose diabética (DM1) e o coma
QUANDO PENSAR hiperosmolar não cetótico (DM2) são formas de
A suspeita surge pela presença de uma complicação apresentação mais graves, que podem exigir remoção
tardia da doença, é importante a busca ativa do diagnóstico, imediata para unidades de emergência.
a partir da compreensão de seus fatores de risco. O diagnóstico de DM é feito de acordo com o valor
da GJ, glicemia casual e glicemia 2 horas pós-sobrecarga de
75 g de glicose (TOTG). HbA1c (ou A1C) foi recomendada
como critério diagnóstico.
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EXAMES COMPLEMENTARES
Uma vez estabelecido o diagnóstico de diabetes, o
controle glicêmico é feito mediante a avaliação dos
parâmetros tradicionais: GJ, glicemia pós-prandial e HbA1c.
Os testes de glicemia refletem o nível glicêmico no
momento exato em que foram realizados, e a HbA1c revela
a glicemia média pregressa dos últimos 2 a 4 meses, HbA1c
deve ser solicitada quando a GJ atinge as metas desejáveis
para um bom controle.
ANAMNESE
História completa para classificação do diabetes, a
identificação de comorbidades (outros fatores de risco
cardiovascular ou transtornos mentais, como ansiedade e
depressão, que interferem na adesão) e de complicações
crônicas, além da revisão de tratamentos e controle
glicêmico anterior (incluindo efeitos colaterais ou episódios Nos casos em que a GJ já normalizou e a HbA1c
de hipoglicemia). permanece elevada, deve-se suspeitar de hiperglicemia pós-
prandial, que pode ser evidenciada pelo
EXAME FÍSICO automonitoramento da glicemia capilar (AMGC).
O exame físico deve ser orientado para a verificação A GJ e a HbA1c devem ser pedidas a cada 3 meses
da presença de outros fatores de risco cardiovasculares e de para aqueles que precisam de reavaliação do esquema
complicações micro e macrovasculares. terapêutico para o alcance das metas de HbA1c.
O exame dos pés, que inclui avaliação da As metas do tratamento do DM envolvem, além da
sensibilidade superficial (monofilamentos de 10 g) e redução de níveis glicêmicos e pressóricos, a adequação do
profunda (diapasão), palpação de pulsos e avaliação sobre a peso e do perfil lipídico, mas estas devem ser flexibilizadas
presença de feridas, infecções, deformidades e alterações de conforme cada pessoa, dependendo de uma série de
trofismo, deve ser realizado no mínimo anualmente. fatores, especialmente comorbidades.
Como o nível de HbA1c se correlaciona com o risco
progressivamente maior de complicações crônicas, define-
se como 7% a meta de HbA1c para adultos com diabetes e
na ausência de gravidez, acima do qual está indicada a
revisão da terapia em vigor.
Para pessoas com diagnóstico recente, longa
expectativa de vida, sem doenças cardiovasculares (DCVs) e
pouco risco de hipoglicemias, pode-se ser mais rígido, com
metas de HbA1c entre 6,0 e 6,5%.
Para crianças, adolescentes, idosos fragilizados e
pessoas com expectativa de vida limitada, um controle mais
flexível com HbA1c entre 7,5 e 8,5% pode ser aceito.
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NÃO FARMACOLÓGICO
As MEVs – incluindo dieta adequada, atividade
física regular, aconselhamento sobre o uso de álcool, cigarro
e outras drogas.
Um plano alimentar balanceado combinado à
prática regular de atividades físicas é considerado terapia de
primeira escolha para DM. A alimentação indicada ao
portador de diabetes deve ser individualizada de acordo com
sexo, idade, peso e gasto calórico habitual.
A atividade física reduz a HbA1c,
independentemente da redução de peso, diminui o risco
cardiovascular e melhora a autoestima. O exercício físico,
por mais de 150 minutos semanais de intensidade moderada
a vigorosa, é altamente recomendado para prevenção e
controle do DM2 e na prevenção das DCVs em diabéticos. A
combinação de exercícios aeróbicos e de resistência é
recomendada tanto para a prevenção como para o controle
do DM.
FARMACOLÓGICO
DM1. Para um controle adequado e para evitar
cetoacidose e coma, é necessária a insulinização plena, com
múltiplas doses ao dia, associando a insulina basal a bólus de
insulina ultrarrápida ou rápida. É um esquema complexo que
exige o acompanhamento por especialista experiente nessa
técnica. As crianças, principalmente, são mais vulneráveis à
hipoglicemia.
DM2. O tratamento é feito em etapas, com
complexidade crescente. O tratamento inicial indicado é a
MEV associada ao uso de metformina. Caso o controle esteja
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