Forças-Tarefa E Investigação Criminal: A Integração Institucional No Combate À Macrocriminalidade
Forças-Tarefa E Investigação Criminal: A Integração Institucional No Combate À Macrocriminalidade
Forças-Tarefa E Investigação Criminal: A Integração Institucional No Combate À Macrocriminalidade
PORTO ALEGRE
2008
1
PORTO ALEGRE
2008
2
CDD 341.5903
Bibliotecário Responsável
Ednei de Freitas Silveira
CRB 10/1262
3
BANCA EXAMINADORA:
__________________________________
Prof. Dr. Rodrigo Ghiringhelli de Azevedo
__________________________________
Prof. Dr. Hermílio Pereira Santos Filho
__________________________________
Prof. Dr. Mauro Fonseca Andrade
4
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS
RESUMO
ABSTRACT
ABREVIATURAS
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 12
1 CONCEITOS BÁSICOS: SEGURANÇA PÚBLICA, JUSTIÇA CRIMINAL, FORÇA-
TAREFA E CRIME ORGANIZADO ................................................................................................ 20
1.1 SEGURANÇA PÚBLICA ........................................................................................................ 20
1.2 JUSTIÇA CRIMINAL ............................................................................................................... 21
1.3 FORÇA-TAREFA..................................................................................................................... 22
1.4 CRIME ORGANIZADO ........................................................................................................... 23
2 DA CRIMINALIDADE E DA VIOLÊNCIA ................................................................................... 26
2.1 DISTINÇÃO ENTRE VIOLÊNCIA E CRIMINALIDADE..................................................... 27
2.2 DA REALIDADE DA CRIMINALIDADE E DA VIOLÊNCIA............................................... 28
2.2.1 Da Pobreza, Exclusão e Desigualdade Social ....................................................... 29
2.2.2 Da Violência como Meio de Solução de Conflito .................................................. 32
2.2.3 Da Transição Democrática.......................................................................................... 33
2.2.4 Da Impunidade ............................................................................................................... 35
2.3 DILEMAS DE GESTÃO.......................................................................................................... 39
2.3.1 Da Escassez de Informações e das Estatísticas................................................... 39
2.3.2 Ausência de Pesquisa de Vitimização ..................................................................... 43
2.3.3 Do “Efeito Funil” no Sistema de Justiça Criminal................................................ 44
2.3.4 Falta de Gestão e de Prioridade Política ................................................................. 45
2.3.5 Ineficiência do Sistema de Inteligência ................................................................... 50
3 SOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES....................................................................................... 53
3.1 CONCEITO DE ORGANIZAÇÕES....................................................................................... 54
3.2 A DINÂMICA DAS ORGANIZAÇÕES.................................................................................. 55
4 DOS ÓRGÃOS QUE INTEGRAM O SISTEMA DE SEGURANÇA PÚBLICA E JUSTIÇA
CRIMINAL ........................................................................................................................................... 73
4.1 DA SEGURAÇA PÚBLICA..................................................................................................... 73
4.2 DA JUSTIÇA CRIMINAL ........................................................................................................ 77
4.3 DAS POLÍCIAS ........................................................................................................................ 82
4.3.1 Da Polícia Civil ............................................................................................................... 84
4.3.2 Da Polícia Militar ............................................................................................................ 86
4.4 DO MINISTÉRIO PÚBLICO................................................................................................... 93
5 DA MACROCRIMINALIDADE.................................................................................................... 101
5.1 DO DESENVOLVIMENTO DA CRIMINALIDADE ORGANIZADA NO BRASIL.......... 102
5.2 DA MACROCRIMINALIDADE ATUAL ............................................................................... 105
6 DA ORDENAÇÃO METODOLÓGICA ...................................................................................... 114
6.1 ESTUDO DE CASOS ........................................................................................................... 115
6.2 DAS ENTREVISTAS SEMI-ESTRUTURADAS ................................................................ 116
6.3 PESQUISA DE CAMPO COM OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE ................................. 119
6.3.1 “Operação Caminhada” ............................................................................................. 120
6.3.2 Do GISP .......................................................................................................................... 123
6.3.3 Do CAOCRIMO e GCOC – MPE- MG ....................................................................... 126
7 DA FORÇA-TAREFA................................................................................................................... 128
7.1 CONCEITO DE FORÇA-TAREFA...................................................................................... 130
11
INTRODUÇÃO
1
A revisão da literatura apresenta e conceitua temas indispensáveis à pesquisa proposta. Tais
abordagens foram vitais para se entender a construção do referencial teórico relevante para obtenção
da resposta ao problema, conforme ensina Minayo. Deslandes (apud MINAYO, 2007) esclarece que
não se trata de reescrever obras dos autores que embasam o quadro teórico escolhido, e sim
estabelecer um foco sobre o que adotamos como as balizas de nossos estudos.
13
2
Lapassade (1989, p. 287-288) refere que o termo “Organizações” assume um duplo sentido: por um
lado, é um sistema de normas que estrutura um grupo social, regula a sua vida e o seu
funcionamento; por outro lado, significa um ato: instituir é fazer ingressar na cultura. Etzioni (1972, p.
10-11) diferencia “organização” de “instituição”, ao afirmar: “[...] instituição é utilizada às vezes para
alguns tipos de organizações, umas muito respeitáveis – como no caso de ‘a General Motors é uma
Instituição’, - outras pouco respeitáveis, como ‘ele está numa Instituição’. Às vezes, instituição se
refere a um fenômeno muito diferente – isto é, a um princípio normativo, como o casamento [...] essa
palavra provavelmente causou mais confusão do que organização formal e burocracia reunidas. As
três podem ser evitadas, dando-se preferência à palavra simples – organização [...]”. Castells (1999)
ressalta que as culturas se manifestam por meio de sua inserção nas instituições e organizações,
diferenciando organização (sistema específico de meios voltados para a execução de objetivos
específicos) de instituição (organizações investidas de autoridade necessária para desempenhar
tarefas específicas em nome da sociedade como um todo). Reportando-se à Nicole Biggart: “Por
lógicas organizacionais, refiro-me a um princípio legitimador elaborado em uma série de práticas
sociais derivativas. Em outras palavras, lógicas organizacionais são as bases ideacionais para as
relações das autoridades institucionalizadas” (Grifo nosso).
3
Doutrinariamente, são dados como sinônimos (LEMOS JUNIOR, 2002).
15
4
A justificativa, de ordem pessoal, demonstra a relevância da escolha do estudo em face da trajetória
do pesquisador, conforme Minayo (2007).
16
5
Reportando-se a Santos (2004), Minayo (2007) destaca que as hipóteses são afirmações
provisórias ou uma solução possível a respeito do problema colocado em estudo. No final, o
pesquisador terá que responder se houve evidências para sua confirmação ou refutação.
17
6
Deslandes (apud MINAYO, 2007) refere que, com o objetivo, busca-se responder ao que é
pretendido com a pesquisa e que propósitos almejamos alcançar ao término da investigação.
7
Minayo (2007, p. 16) salienta que a metodologia é o caminho do pensamento e a prática exercida na
abordagem da realidade. Reportando-se à Dilthey (1956), Minayo refere que o método “é necessário
por causa da nossa ‘mediocridade’ [...] precisamos de parâmetros para caminhar na produção do
conhecimento. No entanto e apesar de tudo, a marca da criatividade é nossa ‘grife’ (ou seja, nossa
18
8
Minayo (2007, p. 16) entende por pesquisa “[...] a atividade básica da ciência na sua indagação e
construção da realidade [...] nada pode ser intelectualmente um problema se não tiver sido, em
primeiro lugar, um problema da vida prática”. “Os conhecimentos que foram construídos
cientificamente sobre determinado assunto, por outros estudiosos que o abordaram antes de nós e
lançam luz sobre nossa pesquisa, são chamados Teorias”. Uma pesquisa sem teoria corre o risco de
ser uma simples opinião pessoal sobre a realidade. Por isso buscamos nos aprofundar nas obras dos
diferentes autores que trabalham com esses temas, inclusive com aqueles que desenvolvem teorias
com às quais ideologicamente não concordamos.
20
9
“Noutras palavras, teorias e conceitos não são camisa-de-força, são camisa sim, de um tecido que
adéqua o corpo ao ambiente e protege o pesquisador das intempéries de seus julgamentos solitários,
embora valorizando sua contribuição” (MINAYO, 2007, p. 21).
10
Artigo 144 da Constituição Federal.
21
11
Disponível em: <http://www.mj.gov.br>.
12
Ao contrário das instâncias informais que podem ser consideradas desde a difusa tolerância social
perante certas formas de criminalidade às formas mais organizadas de reação, como a que resulta da
‘justiça’ informal exercida por Associações, Escolas, Igrejas, etc. (DIAS e ANDRADE, 1997).
22
1.3 FORÇA-TAREFA
O que é a força-tarefa? Isto não está na lei. Por exemplo, a gente pega o
pessoal do Ministério Público Estadual, da Polícia Civil, Polícia Militar,
Secretaria da Fazenda, Receita Federal, Polícia Federal, Ministério Público
Federal, sentamos todos numa mesa. Então, vamos combater determinada
organização criminosa [...].
Consoante Mendroni:
A legislação brasileira não tem uma definição clara sobre o conceito de crime
organizado. Temos conceituações para “formação de quadrilha”, “associação para o
crime”, mas para a categoria “crime organizado”, não. A lei n. 9.034, de 3 de maio de
1995, limitou-se a dispor sobre a utilização de meios operacionais para a prevenção
e repressão de ações praticadas por organizações criminosas.
O termo é de difícil conceituação. São inúmeras as organizações criminosas
que existem atualmente. Cada uma assume características próprias e peculiares,
amoldadas às próprias necessidades e facilidades que encontram no âmbito
territorial em que atuam. Condições políticas, policiais, territoriais, econômicas,
sociais, todas influenciam decisivamente para delinear suas características e
evoluem em velocidade muito maior do que a capacidade da Justiça de percebê-las,
analisá-las e combatê-las13 (MENDRONI, 2002).
13
Mendroni (2002) ressalta a diferenciação do crime organizado com o tipo penal previsto no artigo
288 do Código Penal que refere “quadrilha ou bando”, pois este evidencia-se apenas pela reunião de
pessoas para a prática de crimes, ao contrário daquela que exige a mínima organização para a
mesma finalidade. Na primeira, inexiste prévia organização para a prática do crime e os integrantes
executam suas ações de forma improvisada ou desorganizada.
24
14
O termo ‘white collar crimes' – expressão inglesa a designar os cognominados 'crimes do colarinho
branco' – foi cunhado por Edwin H. Sutherland, a 27 de dezembro de 1939, quando de sua exposição
perante a 'American Sociological Society'. De trânsito comum em todos os idiomas, o termo batizou a
clássica obra de Sutherland – "White Collar Crime" – em torno da delinqüência do 'colarinho branco'.
Conquanto construída, em meados do século XX, a partir de uma perspectiva sociológica, a tese veio
a tornar-se referência no âmbito da criminologia, fixando-se como um marco científico. Sutherland
define os “white collar”, crimes à luz de uma perspectiva subjetivo-profissional, identificando-os como
sendo os delitos cometidos por pessoas dotadas de respeitabilidade e elevado status social, no
âmbito de seu trabalho. São dois, portanto, os pontos de apoio do conceito proposto: o 'status' do
autor e a conexão da atividade criminosa com sua profissão (FELDENS, 2000, p. 225).
25
2 DA CRIMINALIDADE E DA VIOLÊNCIA
Esse capítulo traz reflexões sobre temas que têm sido objeto de discussão
entre os operadores do direito e Cientistas Sociais que se dedicam aos fenômenos
da criminalidade e da violência. A abordagem adotada procura situar a realidade
brasileira, destacando suas distinções, causas, dilemas, especificidades e
problemas.
Conde (2005) alerta que enquanto existir direito penal (acreditando que ainda
vai existir por muito tempo) é necessário que seja estudado e analisado
racionalmente para convertê-lo em um instrumento de mudança para o progresso de
uma sociedade mais justa e igualitária. Se a técnica de interpretação e de
sistematização do direito penal permite pôr em relevo as graves injustiças e
desigualdades que lhe são inerentes, impõe-se estudá-lo de forma sistêmica e, em
especial, levando-se sempre em conta problemas relacionados com as organizações
que compõem todo o Sistema de Justiça e de Segurança.
Sapori (2006) acredita que, em que pese o arcabouço estrutural da
sociedade, os indicadores sociais e a renda da população que se apresentam tão
desiguais, podem ser efetivadas medidas visando garantir o direito à segurança de
todos os cidadãos. Por certo que as mazelas sociais, a morosidade da Justiça, a
exclusão social, a pobreza e outros fatores devem ser devidamente considerados.
Mas a tomada de medidas emergenciais é inconteste e, para a busca de soluções a
curto prazo, deve-se sair da dimensão estrutural e ingressar na dimensão gerencial.
Não no sentido de gerenciar crises (o que se vem fazendo: reagindo conforme
provocado, objetivando legitimar as atuações), que redunda em ineficácia e
27
15
Partindo-se do conceito de que violência é algo heterogêneo, pois varia de acordo com o grupo,
espaço social, etc., ela pode se manifestar como: a) uma violência política e do Estado (do Estado ou
contra ele, como o terrorismo); b) costumeira ou difusa (quebra das relações sociais como o crime
organizado); c) simbólica (exercida pelos discursos que negam o lugar do outro, como por exemplo,
as classes populares) e d) como negação da condição humana e restrição dos direitos dos cidadãos
(fome, miséria, exclusão), conforme Santos (1993).
28
Hoje temos a violência dos conflitos interétnicos, dos conflitos raciais, dos
conflitos religiosos, nas ruas, nas escolas e entre gerações. A Justiça não consegue
lidar com isso porque as fórmulas e os instrumentos que ela herdou do século XIX,
do modelo liberal de justiça, são incapazes de dar conta dessas formas coletivas e
organizadas de produzir violência (ADORNO, 2000a).
Dias Filho destaca:
16
Soares (2003a) ilustra essa realidade referindo-se a um menino pobre caminhando invisível pelas
ruas das grandes cidades brasileiras. Quase sempre negro e sujo. Geralmente, abriga-se nas
calçadas das metrópoles, expulso de casa pela violência doméstica, esquecido pelo poder público,
ignorado pela comunidade e excluído da cidadania. Sem perspectivas e esperança, sem vínculos
afetivos e simbólicos com a ordem visual, sem conexão identitária com a cultura dominante, o menino
permanece invisível, enquanto perambula pelas esquinas. A invisibilidade pode ser produzida pela
indiferença pública à sua presença – que nunca é somente física, é sempre também social – ou pela
projeção sobre ele de estigmas, anulando sua individualidade. Quando um traficante lhe dá uma
arma, ele recebe muito mais do que um instrumento que lhe proporcionará vantagens materiais,
ganhos econômicos e acesso ao consumo; o menino recebe um passaporte para a existência social,
31
porque a arma será capaz de produzir em cada um de nós um sentimento: o medo, provocando no
menino um sentimento de reconquista, presença, visibilidade e existência social.
17
Sabadell (2005) acredita que Merton descobriu a cilada em que se encontram as sociedades
modernas: elas prescrevem aos indivíduos determinado projeto de vida e ao mesmo tempo
impossibilitam a concretização desses projetos. Em tal situação, as violações de regras são
inevitáveis. Essa teoria explica porque grande parte de membros das classes desfavorecidas
32
cometem a maior parte das infrações penais: sendo excluídos dos meios institucionalizados, para
atingir riqueza, recorrem à delinqüência.
18
Nesse contexto, torna-se essencial que a Justiça envide esforços para o combate e punição da
macrocriminalidade, não se limitando à repressão do crime comum. Mendroni refere que uma das
características bastante evidente no Brasil é a participação ou envolvimento de agentes públicos na
prática do crime organizado. Geralmente eles são colocados em pontos estratégicos para auxiliar na
execução das ações (como fraudes em licitações, permissões e concessões públicas,
superfaturamentos de obras e serviços, alvarás, falsificações, etc.). Como dizia Paul Castelano –
antigo ‘Capo’ da família mafiosa Gambino de Nova York: ‘Eu já não preciso mais de pistoleiros, agora
quero deputados e senadores’ (apud MENDRONI, 2002, p. 17).
33
2.2.4 Da Impunidade
19
Segundo o Novo Dicionário Aurélio, impunidade é “estado de (ser) impune”, ou seja, que escapa ou
escapou à punição; que é ou não foi castigado. Já o Dicionário Michaelis, conceitua impunidade como
a não aplicação de determinada pena capital a determinado caso concreto. Quando a punição não é
36
for o motivo (por fuga do condenado, por deficiência da investigação, por posterior
tolerância da lei), de pena imposta a alguém que praticou algum delito.
No Brasil, ela é muito elevada. O Núcleo de Estudos da Violência da USP
constatou que do total de casos que chegam até a Polícia, que já é uma parcela
pequena, só se consegue instaurar inquérito policial em 10%. Isso em relação ao
homicídio, considerando um dos crimes mais grave (são geralmente aqueles que
acontecem na periferia, envolvendo pessoas de classe baixa, onde a Polícia não
investiga) (AZEVEDO, 2006c).
Essa impunidade deixa perplexo e indignado o cidadão honesto, diante da
omissão, inércia e indiferença do Estado, incapaz de punir, de forma eficaz, os que
transgridem as leis. Quando o risco de ser preso, processado e condenado é baixo,
a audácia e a violência aumentam.
Toda ordem social convive com algum grau de impunidade. Em grau elevado,
a impunidade leva à decomposição da ordem social, deixando as leis de cumprir
duas funções básicas: punição e prevenção (DAHRENDORF, 1985). É o que
Durkheim (2000) entende por violação à consciência coletiva, desacreditando o
poder diretivo da sociedade (poder simbólico do Estado). No momento em que a
consciência coletiva se enfraquece, os laços sociais tornam-se mais fragilizados, e,
da mesma forma, quando enfraquece o poder simbólico das leis, os
comportamentos anti-sociais passam a ser incentivados.
A crise do Sistema de Justiça Criminal resulta na impunidade penal. A
conseqüência mais grave é a descrença nas instituições promotoras de justiça.
Cada vez mais descrentes na intervenção saneadora do poder público, os cidadãos
buscam saídas. Os que dispõem de recursos apelam para a segurança privada. A
grande maioria da população, ao contrário, apóia-se perversamente na proteção
oferecida pelos traficantes locais ou procura resolver suas pendências e conflitos por
conta própria. Essas situações contribuem para enfraquecer a busca de soluções
proporcionadas pelas leis e pelo funcionamento do Sistema de Justiça Criminal. A
Justiça não é vista, pelos cidadãos, como instrumento adequado de superação da
conflitualidade social (ADORNO, 2002c).
Por um lado, tem-se o Estado como necessário e indispensável para o
controle social. De outro, a complexidade do contexto social reduz a possibilidade do
alcançada seja pela fuga, seja pela deficiência da investigação, seja por ato posterior de tolerância e
o crime permanece impune.
37
LEIS:
Acabar com a figura do crime continuado. Hoje, se um assassino participar
de uma chacina e matar 21 pessoas no mesmo lugar e horário, será julgado
como se tivesse matado apenas um.
Colocar na lei a exigência do exame criminológico para autores de crimes
hediondos que pedem o benefício da progressão de regime. "Hoje, ao
avaliar um pedido, os juízes têm em mãos apenas números, como o tempo
de pena cumprido. Com isso, criminosos perigosos acabam ganhando o
benefício", diz o coronel José Vicente.
Diminuir a margem de manobra dos advogados e a quantidade de recursos
possíveis. Hoje, todo criminoso condenado a mais de 20 anos pode recorrer
automaticamente, pedindo um novo julgamento. A simples ausência do
advogado durante uma audiência adia o andamento.
Uma lei permitindo interrogatórios e audiências judiciais por
videoconferência será um avanço e uma economia de tempo e dinheiro.
São Paulo faz, hoje, 10 mil escoltas semanais de presos que precisam ir
aos tribunais. Além de economizar tempo, a videoconferência permitiria que
os policiais fossem realocados para patrulhar a cidade.
Uma lei que permita que os juízes possam ouvir todas as testemunhas num
único dia. Hoje, os depoimentos são obrigatoriamente em dias diferentes, o
que arrasta os processos. O juiz poderia ainda ser dispensado de ouvir
novamente testemunhas já interrogadas na fase de investigação.
POLÍCIA:
Integrar o trabalho das polícias Civil e Militar. Informatizar e conectar os
bancos de dados de toda a rede de Segurança. É o que os especialistas
chamam de arroz com feijão da inteligência. Grandes cidades como o Rio
trabalham sem isso. "Sem o entrosamento, quem ganha é o crime", afirma o
coronel José Vicente. Uma vez conhecidas, as informações poderiam
compor um mapa de crimes mais completo, o que permitiria também um
20
Revista Época, edição 457, 5 mar. 2007, p. 1-3.
39
PRISÕES:
Caso aumente a eficiência da polícia, os presídios não têm condição de
acomodar mais presos. Estão superlotados. Além disso, engendram novos
crimes. Um detento é assassinado por dia no Brasil, em média. Mais rápido
e barato do que construir novas unidades é libertar os detentos que já
deveriam estar soltos. Segundo a socióloga Julita Lemgruber, entre 30% e
40% dos presos já deveriam estar beneficiados pela liberdade condicional.
"A grande maioria dos presos no Brasil não é violenta", diz. Para
implementar isso, bastaria informatizar as Varas de Execução. Isso
permitiria um melhor acompanhamento da situação dos detentos. Desafogar
as celas traria a oportunidade de separar os criminosos violentos dos
menos perigosos. É muito difícil transformar as cadeias em lugar de
recuperação de criminosos. Mas pelo menos dá para fazer com que elas
deixem de ser universidades do crime. A ressocialização de infratores é um
tema tão complexo que os estudiosos são unânimes: mais fácil é impedir
que o jovem entre para o crime. "Precisamos fazer um projeto para a
juventude, disputar os meninos com o tráfico e respeitar as leis que já
existem", diz Luiz Eduardo Soares.
21
Soares (2002c) ressalta que no campo da Segurança Pública tudo é mais complicado do que
parece. Por exemplo, a quantidade de crimes pode diminuir por condições externas às dinâmicas
criminais que condicionam sua existência e são substituídas por outros, desfavoráveis à sua prática
(como a taxa de desemprego, o padrão de vida dos segmentos pobres, o grau de exclusão da
cidadania, etc.), sem que a política de segurança ou o comportamento policial contribuam de
qualquer modo para essa alteração das condições. A quantidade de crimes também pode decrescer
em razão de algumas condições internas às dinâmicas criminais. Por exemplo, um determinado
território pode beneficiar-se da piora relativa do desempenho policial, o que funcionaria como atrativo
para criminosos, provocando êxodo: sua conseqüência imediata seria a diminuição da criminalidade
no território abandonado pelos bandidos. O aumento de certos tipos de crimes pode ser
conseqüência do aumento, por exemplo, da disponibilidade de armas no mercado ilegal. Certas
variações nos crimes podem ser resultados das mudanças introduzidas na vida de uma sociedade
pelo ciclo sazonal. Enfim, o universo da Segurança Pública e da criminalidade é tão complexo que a
melhora aparente, inclusive redução de crimes e mortes, pode ser subproduto perverso do aumento
do perigo representado pelos criminosos, do fortalecimento de seu poder de corromper, destruir
instituições e desorganizar a sociedade.
43
É de se salientar que grande parte das delegacias não conta com os recursos
da informática. As informações coletadas não são padronizadas. Dados,
eventualmente padronizados, na maioria das vezes, não são organizados em
programas compatíveis, inviabilizando o cruzamento dessas informações entre as
várias agências. Essa ausência de integração dos sistemas informatizados não
permite se ter uma idéia precisa sobre a “taxa de atrito” no Brasil, qual seja, a
diferença entre os crimes registrados e o número de pessoas que foram
responsabilizadas por eles. Não há um acompanhamento desde a ocorrência
criminosa até a responsabilização judicial (ROLIM, 2006).
22
“Gostaria de comunicar a todos os amigos da imprensa mineira, e à população de maneira geral,
que não ocupo mais a posição de Assessor do Governador de Minas Gerais para assuntos de
Segurança Pública. Enviei ao governador Aécio Neves uma carta contendo minha decisão nesse
sentido na última quarta-feira, dia 19 de setembro. A partir de agora passo a me dedicar às atividades
docentes no curso de Ciências Sociais da PUC/Minas. Aproveito a oportunidade para agradecer a
todos aqueles que, direta ou indiretamente me apoiaram durante minha participação na gestão da
Segurança Pública de Minas Gerais. Menciono, em especial, os jornalistas dos diversos meios de
comunicação que têm realizado trabalho de qualidade admirável no que tange à cobertura do tema
da Segurança Pública em nosso Estado. Não poderia deixar de lembrar a competência e a amizade
do corpo técnico da Secretaria de Estado de Defesa Social, que, nos últimos quatro anos,
demonstrou um espírito republicano exemplar. Guardo lembranças saudosas dos inúmeros Prefeitos,
Vereadores e Deputados que conheci ao longo deste período, e que reforçaram em mim a convicção
de que temos políticos sérios e conscientes da gravidade do problema da violência na sociedade
mineira. Destaco também meus agradecimentos à Polícia Civil e à Polícia Militar de Minas Gerais
pelo respeito e confiança que depositaram em minha pessoa. E, por fim, menciono o Governador
Aécio Neves, manifestando publicamente minha admiração pelo Governador que teve a audácia de
construir e executar uma política de Segurança Pública, que se tornou referência nacional, em seu
primeiro mandato. Sinto-me orgulhoso de ter participado desse projeto”. Disponível em:
<http://www.radio98to.com.br> e <www.mg.gov.br/portalmg/do/noticias>.
49
as causas que levam à violência, sem abrir mão das estratégias de ordenamento
social e repressão qualificadas23.
No entanto, Soares sustenta que:
23 o
Art. 3 : São diretrizes do PRONASCI: I - promoção dos direitos humanos, considerando as
questões de gênero, étnicas, raciais, geracionais, de orientação sexual e de diversidade cultural; II -
criação e fortalecimento de redes sociais e comunitárias; III - promoção da segurança e da
convivência pacífica; IV - modernização das instituições de Segurança Pública e do sistema prisional;
V - valorização dos profissionais de Segurança Pública e dos agentes penitenciários; VI - participação
do jovem e do adolescente em situação de risco social ou em conflito com a lei, do egresso do
sistema prisional e famílias; VII - promoção e intensificação de uma cultura de paz, de apoio ao
desarmamento e de combate sistemático aos preconceitos; VIII - ressocialização dos indivíduos que
cumprem penas privativas de liberdade e egressos do sistema pris0ional, mediante a implementação
de projetos educativos e profissionalizantes; IX - intensificação e ampliação das medidas de
enfrentamento do crime organizado e da corrupção policial; X - garantia do acesso à justiça,
especialmente nos territórios vulneráveis; XI - garantia, por meio de medidas de urbanização, da
recuperação dos espaços públicos; e XII - observância dos princípios e diretrizes dos sistemas de
gestão descentralizados e participativos das políticas sociais e resoluções dos conselhos de políticas
sociais e de defesa de direitos afetos ao PRONASCI. Investimento: R$ 483 milhões do orçamento
do MJ/2007 (descontigenciados), R$ 806 milhões/ano, de 2008 a 2011, R$ 600 milhões/ano para o
Bolsa-Formação, de 2008 a 2012. Total: R$ 6,707 bilhões. Ações policiais: Bolsa-Formação: 225
mil Policiais Civis, Militares, Bombeiros, Peritos e Agentes penitenciários de baixa renda. Habitação:
17 mil policiais civis, Militares, bombeiros, peritos e agentes Penitenciários de baixa renda via Caixa
Econômica Federal (CEF); 13 mil via imóveis a serem retomados pela CEF; cerca de 20 mil através
de cartas de crédito de R$ 30 a R$ 50 mil para policiais de renda média. Jovens: 425 mil jovens
entre 15 e 29 anos serão atingidos pelas diversas ações do PRONASCI, incluindo 63 mil reservistas.
Sistema prisional: 33.040 vagas novas para homens e 4.400 para mulheres (com atendimento
educacional, profissionalizante e de cidadania). Metas: Beneficiar, direta ou indiretamente, 3,5
milhões de pessoas entre profissionais de Segurança Pública, jovens e suas famílias. Buscar a
50
redução do número de homicídios, dos atuais 29 por 100 mil habitantes para 12 homicídios por 100
mil habitantes, nos próximos quatro anos. Disponível em: <http://www.mj.gov.br/pronasci>.
24
Fonte de dados: Fontes humanas (oficiais de inteligência, informantes, delatores, etc.), de sinais
(interceptação e monitoração das emissões do espectro eletromagnético) e de imagens (obtidas a
partir de imagens de equipamentos fotográficos, radares, sensores montados em plataformas aéreas,
espaciais ou terrestres).
51
25
Delorenzo (1975, p. 25) salienta que alguns autores também a denominam como “Sociologia
aplicada à Administração” e “Sociologia Industrial” – especialmente os anglo-saxônicos - e os
franceses empregam a denominação de “Sociologia do Trabalho”.
54
O termo organização tem, pelo menos, duas significações: por um lado, ele
designa um ato organizador que é exercido nas instituições; por outro lado,
ele se refere a realidades sociais: uma fábrica, um banco, um sindicato, são
organizações (a sociologia, por volta de 1900, dizia: instituições) (1989, p.
101).
Descobre-se que existe uma dinâmica das organizações, assim como existe
uma dinâmica dos grupos. O que implica, por hipótese, que existem traços
comuns, ao nível das estruturas e do funcionamento, entre conjuntos
aparentemente tão diferentes (LAPASSADE, 1989, p. 101-102).
26
O tipo mais puro de exercício da autoridade legal é aquele que emprega
um quadro administrativo burocrático com funcionários nomeados e atuando
conforme os seguintes critérios: a) São individualmente livres e sujeitos à
autoridade apenas no que diz respeito a suas obrigações oficiais; b) Estão
organizados numa hierarquia de cargos previamente definidos; c) Cada
cargo possui uma esfera de competência, claramente determinada; d) O
cargo é preenchido mediante uma livre relação contratual, o que possibilita
a seleção; e) Os candidatos são selecionados com base em qualificações
técnicas; f) São remunerados com salários fixos em dinheiro; g) O cargo é
considerado como a única ou, pelo menos, principal ocupação do
funcionário; h) O cargo estabelece os fundamentos de uma carreira. Existe
um sistema de “promoção” baseado na antiguidade, merecimento ou em
ambos; i) O funcionário trabalha inteiramente desligado da propriedade dos
meios da administração e não se apropria do cargo e, j) Está sujeito a uma
rigorosa disciplina e controle no desempenho do cargo.
26
Autoridade significa a probabilidade de que um comando ou ordem específica seja obedecido
58
Refere Lapassade (1989, p. 144): “[...] Pode-se pensar, com M. Crozier que,
em Merton, a disfunção aparece como resistência do fator humano a um
comportamento que se procura obter de forma mecânica [...]”.
Assim, para Merton, a rigidez transforma a adaptação da pessoa. Seu
pensamento é explicado por Crozier:
No dizer de Crozier:
[...] Uma organização desse tipo acaba sendo composta de uma série de
estratos sobrepostos, comunicando-se muito pouco entre si, e as barreiras
entre eles serão tais que deixarão muito pouco espaço para o possível
desenvolvimento de grupos ou de clãs que possam reunir membros de
vários estratos (1981, p. 278).
Complementa:
27
Lapassade (1989, p. 151) ilustra que essas regras burocráticas são particularmente visíveis na
função pública e nas empresas do Estado, que constituem, aliás, o tema de pesquisa de Crozier.
60
[...] esta não se resume aos objetivos que um indivíduo adota ou julga
perseguir. Deixa também espaço a coincidências, ao acaso e à descoberta.
Sem esquecer que outros mecanismos podem igualmente explicar as
escolhas humanas: estas podem ser também fruto da tradição (“faço isso
porque isso sempre foi feito assim!”), da fé ou da norma (“faço isso porque
isso se faz assim, e ponto final!”), ou da intuição (“faço isso porque sinto que
deve ser feito assim!”) (1993, p. 51).
a) Os homens nunca aceitam ser tratados como meios a serviço de fins que
as organizadores fixam para a organização. Cada um tem seus objetivos
próprios (que não precisam ser, necessariamente, opostos aos da
organização). Os organizadores não são dotados de uma racionalidade sem
falhas, e a organização vive com esta multiplicidade mais ou menos
antagônica; b) Por menores que sejam, sempre há uma relativa liberdade e
autonomia dos atores.
B) ZONA DE INCERTEZA
Conforme Bernoux (s/d, p. 145), a zona de incerteza é um dos elementos que
deve se integrado pelos atores nas estratégicas da organização. Afinal, qualquer
organização está sujeita a múltiplas incertezas (exs. pela mudança das técnicas de
produção ou de comunicação, evolução dos mercados, etc.). A partir desses
constrangimentos, os atores reforçam ou diminuem suas autonomias, e daí o poder.
O peso da incerteza recai sobre a autonomia do ator e a possibilidade deste fazer
escolhas. Qualquer organização, mesmo aquelas com funções definidas
precisamente, tem conhecimento que todo o esquema funciona em razão desses
ajustamentos.
O recurso do poder é essa margem de liberdade dos indivíduos ou dos
grupos, uns face aos outros (negociar, recusar, procurar obter algo, etc.). Essa
possibilidade existe na medida em que o indivíduo consegue preservar uma zona
em que o outro não domine, onde o primeiro pode tornar seu comportamento
imprevisível (elemento indispensável).
63
C) O PODER
Enfim, Friedberg destaca:
Se quisermos compreender o funcionamento e uma organização a partir
não de um modelo funcionalista a priori, mas dos comportamentos
efetivamente observados dos seus membros, somos levados a alterar as
prioridades. Em vez de partir de um conjunto de papéis definidos a priori
como necessários ao bom funcionamento do conjunto e interiorizados pelos
atores, tentaremos reconstruir as relações de poder e de negociação entre
os indivíduos e os grupos através das quais esses papéis são ou não
traduzidos em comportamentos efetivos, e a articulação dessas relações
umas com as outras em jogos regulados (1993, p. 230-231).
[...] não é mais do que uma arena política ou um mercado no qual se trocam
comportamentos e se perseguem estratégias de poder específicas e cujas
características (fins, estruturas, regras de jogo, “cultura”) são, por sua vez, o
mero produto dessas permutas e desses confrontos (FRIEDBERG, 1995, p.
58).
28
Especialistas, muitas vezes, são competentes nos seus domínios particulares, mas incapazes de
compreender as repercussões da sua especialidade sobre o conjunto. A especialidade confere poder
se estiver ligada a uma situação de reconhecimento na organização e se houver adesão do grupo às
conclusões do especialista.
65
No mesmo sentido:
[...] toda ação cooperativa coordenada exige que cada participante possa
contar com um grau suficiente de regularidade de parte dos outros
participantes [...] toda organização, qualquer que seja a sua estrutura,
quaisquer que sejam os seus objetivos e a sua importância, requer de seus
membros uma quantidade variável mas sempre importante de conformidade
(1989, p. 149).
29
Mahoney e Weitzel (1969, p. 358) citados por Champion (1979, p. 89-90) salientam a importância
da eficiência das organizações. Suas dimensões são: flexibilidade: disposição em experimentar
novas idéias e sugestões e presteza para enfrentar problemas não habituais; desenvolvimento:
pessoas participam de treinamentos; coesão: falta de queixas e agravos; supervisão democrática:
participação subordinada em decisões de trabalho; confiabilidade: alcança o objetivo sem a
necessidade de verificação; seletividade: não aceita empregados rejeitados por outras organizações;
diversidade: ampla faixa de responsabilidade do cargo e capacidade do pessoal na organização;
67
Conclui:
barganha: raramente barganha por favores; ênfase nos resultados: produção e desempenho
enfatizados e não os procedimentos; preenchimento de quadros: flexibilidade do pessoal entre as
missões; coordenação: coordena e faz o roteiro das atividades; descentralização: trabalho e
decisões quanto a procedimentos delegados a níveis mais baixos; entendimento: política entendida
pela organização e aceita por todos; conflito: pouco com outras unidades sobre autoridade;
planejamento de pessoal: desempenho não é perturbado por ausência de pessoal; suporte
supervisor: supervisor dá o suporte ao subordinado; planejamento: operações planejadas para
evitar perda de tempo; cooperação: operações escaladas e coordenadas com outras;
produtividade-suporte-utilização: desempenho, eficiência, suporte mútuo, respeito de seu
68
[...] sem comunicação não pode haver organização e daí nenhuma atividade
de grupo, porque a comunicação é o único processo pelo qual as pessoas
se vinculam em conjunto em um grupo de trabalho, se não houver
comunicação não haverá grupo. Comunicação é a ponte sobre a qual todo o
conhecimento técnico e relacionamentos humanos tem de viajar
(CHAMPION, 1979, p. 163-164).
[...] devemos ser eternos aprendizes [...]. Se não conseguirmos lidar com o
elemento ‘surpresa’ e desenvolver novas maneiras de abordar problemas e
novas respostas, fracassaremos. Por fim, maior ênfase é dada a processos
dinâmicos, ao fato de aprender a conviver com mudanças contínuas e a
desenvolver a habilidade de diagnosticar, que nos permita ver o que é
necessário (1996b, p. 79).
30
Nesse sentido: Schein, Motta, Freyre e Freitas.
70
Por certo que a cultura de uma organização não muda de forma abrupta, pois
é produto de várias gerações que sedimentam valores, sentimentos e emoções,
conforme destaca Licks et al. (2001, p. 850).
Reportando-se à Berger e Berger (1977), Licks et al. (2001) destacam que a
socialização primária é a fase do processo na qual o indivíduo aprende a ser
membro de uma sociedade; a secundária compreende os processos posteriores, por
meio dos quais o indivíduo é introduzido num mundo social específico.
A noção de socialização secundária é fundamental para a análise do
processo de integração dos indivíduos e organizações (FLEURY, 2002).
Conforme Motta:
Uma cultura organizacional forte pode ser uma excelente ‘faca de dois
gumes’, não apenas para a organização em si, mas também para os
indivíduos que nela estão. Quanto mais sedimentada, mais freio ela é para
incorporar processos de mudança. Quanto mais ela marca o orgulho de ser
‘este time’, menor é a possibilidade de se aprender com o exterior; quanto
mais fama ela acrescenta, maior a probabilidade de proporcionar um
narcisismo de tribo, excluindo o outro. Podemos dizer, então, que a cultura
organizacional é um instrumento de controle não só para os indivíduos, mas
para a própria organização, que pode fechar-se em seu próprio ‘umbigo’ e
viver de sua glória passada, reduzindo o mundo ao que é produzido entre
suas paredes (1997, p. 302).
Entre nós, a problemática das redes de relações interorganizacionais impõem-se como um dos
aspectos prioritários em qualquer esforço de racionalização administrativa. Há um emaranhado de
órgãos governamentais insuficientemente articulados entre si e nos processos em que intervêm, o
que gera um sub-aproveitamento de recursos e redução da eficácia global. Vários órgãos agem
sobre os mesmos problemas mas de maneira conflitante e desarticulada, facilitando sobreposições
ou lacunas de atuação. O próprio Estado não conhece bem a sua máquina, a ponto de ter dúvidas se
ela está inchada, atrofiada ou apenas esquizofrênica.
Santana e Teixeira
31
Sapori (2006) considera “Sistema de Justiça Criminal” e “Segurança Pública” sinônimos e qualifica
o arranjo institucional da Segurança Pública através de um completo sistema organizacional e legal,
que se divide em subsistemas com características próprias, articulados, a princípio, por uma decisão
de trabalho e complementaridade de funções. Estão inseridos neste processo sistêmico o subsistema
Policial, Judicial e o Prisional.
74
32
A chamada criminalidade urbana violenta vem aumentando no Brasil de forma ininterrupta desde o
final da década de 70, crescimento este bem superior ao padrão de crescimento populacional no
mesmo período, conforme destaca Azevedo (2006a). Portanto, o sentimento de insegurança não é de
todo infundado, pois o aumento da criminalidade muda os hábitos e conduta dos indivíduos, e eles
passam a viver com medo, uma vez que maior é o risco de vitimização. Lemgruber (2006)
questionada se vem ocorrendo, efetivamente, aumento da violência, ou, tão-somente, a sensação de
insegurança no Brasil, respondeu: “[...] a sensação de insegurança aumentou muito, o que é
plenamente justificado. Entre 1980 e 2003, por exemplo, o Brasil passou de 11,7 homicídios por
100.000 habitantes para 28,8 pelos mesmos 100.000. Isso traduzido em números significa: 13.910
homicídios, em 1980 e 51.531, em 2003: uma curva que não pára de crescer”. O mesmo alerta foi
dado por Soares (2006d, p. 2): “Assinale-se também que a (in) Segurança Pública é, hoje, uma
tragédia nacional, que atinge o conjunto da sociedade, e tem provocado um verdadeiro genocídio de
jovens, sobretudo pobres e negros, do sexo masculino. A criminalidade letal atingiu patamares
dantescos. Além disso, tornou-se problema político, sufocando a liberdade e os direitos fundamentais
de centenas de comunidades pobres”.
33
“Por isso, uma vez no Governo, os políticos acabam esquecendo o que prometeram e arquivando
os compromissos de mudança. Eles pensam o seguinte: de que adianta investir tanto, enfrentar
tantas resistências e dificuldades, inclusive a incompreensão da opinião pública, turbinada pelo
oportunismo predatório das oposições, se os frutos só serão colhidos pelos sucessores?[...]”. “[...]
Segurança é ótimo tema para campanha e péssimo para governos, porque, nessa área, é fácil culpar
os outros, acusar a incompetência dos adversários, lançando-se como abutres, sobre as tragédias,
mas é muito difícil construir alternativas viáveis e eficientes” (SOARES, 2002a).
34
Outro problema é o ciclo eleitoral: os cargos executivos estaduais e federais são preenchidos por
eleições diretas a cada quatro anos. O mesmo com os cargos executivos municipais (onde as
eleições intercalam-se ao ciclo estadual e federal). Um novo Governo implica na organização de uma
nova equipe de administração da máquina pública, principalmente nos escalões superiores. Por óbvio
que essa instabilidade retarda a produção de resultados. Políticas Públicas que necessitam tempo de
maturação mais longo sofrem desgastes, riscos de esvaziamento e pressões desestabilizadoras.
Além disso, os Governadores tendem a preferir os benefícios de ações espetaculares e superficiais,
de natureza emergencial, ainda que inconsistentes. Portanto, o que ocorre é um entusiasmo inicial
seguido por hesitação e, finalmente, pelo recuo. Nada se sustenta. Não se consolidam novas
estruturas institucionais e novos mecanismos (SOARES, 2004a).
75
Dias Neto (2005) ressalta que, a partir da década de oitenta, surge um debate
internacional sobre a interpretação e tratamento dos conflitos subjacentes à
demanda pública por segurança contra o crime. Contrapondo-se ao modelo
tradicional de “Segurança Pública”, centrado no controle penal da criminalidade,
novos argumentos enfatizam o caráter interdisciplinar e multifatorial do tema. A
questão criminal passa a ser vista como uma das vertentes do fenômeno da
insegurança do espaço urbano deixando de ser objeto exclusivo das instituições do
Sistema de Justiça Criminal para converter-se em tema transversal do conjunto das
políticas públicas.
Sapori (2002) ilustra a realidade da Segurança Pública, como se fosse uma
organização, apresentando vários aspectos de seu desenho institucional: a) caráter
municipalizado/estadualizado do sistema, afetando seu nível de fragmentação; b)
tipos de tarefas desempenhadas por cada uma das organizações do sistema,
afetando as características da divisão do trabalho; c) tipos de vinculações com o
sistema político, que explicita o nível de autonomia das organizações; d) estrutura
burocrática das organizações, que define seus padrões de profissionalização; e)
níveis de accountability do sistema, que determinam as características da relação
com o ambiente externo e, f) níveis de articulação/desarticulação entre as
organizações do sistema, que definem os padrões de eficácia e eficiência de sua
dinâmica.
Soares (2000a) constata que um tratamento transformador e radicalmente
democrático da Segurança Pública é decisivo para a democratização efetiva e
completa da sociedade brasileira. O tratamento que vem sendo conferido à
Segurança Pública traduz alienação, incapacidade, insensibilidade e, principalmente,
distância cultural e de classe, o que a afastou dos grupos sociais que,
supostamente, estaria a representar.
Verifica-se que o tema “Segurança Pública” é amplo, não se limitando à
política do combate à criminalidade e nem se restringindo à atividade policial.
77
Ora, é pura insensatez esperar que algum ser humano tenha sido até agora
capaz de chegar a uma compreensão tal dos problemas da sociedade que
possa realmente identificar os problemas centrais e determinar o modo
como deveriam ser resolvidos. Os sistemas em que vivemos são, até agora,
demasiado complicados para que nossos poderes intelectuais e nossa
tecnologia possam compreendê-los [...]. O enfoque sistêmico realmente
consiste em um debate contínuo entre várias atitudes de espírito com
relação à sociedade (1972, p. 11-12).
Ainda alerta:
35
Dias (1997) questiona se tal crescimento do crime deve-se imputar, na sua maior parte, ao
aumento efetivo da criminalidade ou, diversamente, ao aumento da criminalização (seleção
penalizante, resultado da ação das agências que formam o Sistema de Justiça Criminal), tanto
primária como secundária. A criminalização primária resulta do ato e efeito de sancionar uma lei
penal material que incrimina ou permite a punição de determinadas pessoas. A criminalização
secundária caracteriza-se pela ação punitiva exercida sobre determinados indivíduos quando as
agências policiais supõem que eles praticaram um ato criminalizado primariamente, os investigam,
privando-os da liberdade de ir e vir, submetendo-os às agências judiciais, até a chegada à instância
penitenciária. Nesse contexto, o autor destaca ser notória a diferença do papel e atitude de “quem
sofre e de quem faz justiça”. O argüido passa por uma experiência que pode ser uma das mais
angustiantes de sua vida, dotado de reduzida competência de ação; o agente da instância formal de
controle apenas cumpre uma tarefa da rotina profissional, dotado de alto poder de definir uma
situação em termos vinculativos para o outro. Dessa forma, a seleção criminalizante secundária
condiciona o funcionamento das Agências do Sistema Penal, tornando-o inoperante para outra
clientela.
36
Sabadell (2005) refere que o acesso à justiça é um dos maiores problemas do Sistema de Justiça
Criminal que deve, necessariamente, ser objeto de estudo da sociologia da aplicação do direito. Ele
compõe-se pelo acesso formal à justiça (acionar o judiciário); acesso efetivo à justiça (possibilidade
real de pedir proteção judiciária) e encontra como barreiras as econômicas (altos custos do
processo), sociais (desconfiança no Sistema de Justiça que implica desistência dos processos),
pessoais (falta de informações sobre direitos de proteção judiciária e possibilidades de assistência
gratuita) e jurídicas (morosidade, incerteza quanto ao resultado, número limitado de Juízes e
Promotores, etc.).
79
37
Dados de 2005: considerando a Magistratura nacional, tem-se, em média (não há dados referentes
a todos os Estados): junto ao 1º grau: há 2.88,00 processos por juiz; no 2º grau: 1.221,41, a carga de
trabalho nas turmas recursais é de 2.587,21 e junto aos juizados especiais, 8.686,83, por Juiz. A taxa
de congestionamento junto ao 1º grau é em média 75,49%, no 2º grau 42,23%, junto às turmas
recursais: 40,54% e nos juizados especiais é de 42,12%. No Rio Grande do Sul, a taxa de
congestionamento no 1º grau é de 74,52%; no 2º grau 34,96%; nas turmas recursais, 45,97% e junto
aos juizados especiais 36,75%. Fonte: Conselho Nacional de Justiça. Justiça em números.
Indicadores estatísticos do Poder Judiciário. Justiça Estadual – 2005. Disponível em:
<http://www.cnj.gov.br>.
38
Em dezembro de 2005, havia 361.402 presos no sistema penitenciário brasileiro. Na última década,
esse número cresceu de 148.760 para 361.402 detentos. O número de presos por 100 mil habitantes
também saltou de 93 para 195. Em 1995, havia 68.597 vagas no sistema, e um déficit de 80 mil
vagas. Em 2005, eram 215.910 vagas e um déficit de 145 mil. Fonte: Julita Lemgruber, do Centro de
Estudos de Segurança e Cidadania (CESEC), da Universidade Candido Mendes, no Rio de Janeiro.
Atualmente, a população carcerária nacional é de 419.551 (presos no sistema e na Polícia), sendo
que o número de vagas é de 333.907, com um déficit de 85.644 vagas. Só no Rio Grande do Sul, há
25.317 presos para 16.186 de capacidade, com uma diferença de 9131 do total geral/capacidade.
Fonte: SUSEPE/RS: Demonstrativo do quadro de cargos da SUSEPE e Mapa da População
Carcerária Semanal – 301007 – O número do quadro de agentes na SUSEPE, em 8.11.07, era de
3.033, sendo que somente 2.441 trabalham na segurança dos presos (agentes penitenciários). Os
demais são auxiliares administrativos e monitores.
82
39
O sistema burocratizado já se inicia quando da prática de crime: a Polícia Militar aciona a Polícia
Civil que passa a investigá-lo através de um inquérito policial. Eventuais medidas, de forma
burocrática e formal são encaminhas ao IGP - Instituto Geral de Perícia ( exames ou inspeção do
local do crime) ao Judiciário (para obter intercepção telefônica) ou ao Ministério Público (para
manifestar parecer favorável em prisão provisória). De posse do inquérito, o Ministério Público pode
devolvê-lo (pois insuficiente), arquivá-lo ou denunciar com base no expediente. A partir de então,
começa o calvário da instrução, quando as testemunhas passam pelos mesmos expedientes que
enfrentaram na Polícia: oitivas são novamente repetidas, até que haja eventual condenação,
transação ou julgamento (conforme rito).
83
40
Historicamente, as forças brasileiras foram criadas para manter as condições de produção e
reprodução das desigualdades, dos privilégios e de dominação econômica e política (MINAYO, 2002).
84
Uma vez mantida a duplicidade das Polícia na Carta Magna, tem-se a Polícia
Civil, aquela também conhecida como Polícia Judiciária que será neste subitem
brevemente analisada.
As Polícias civis são subordinadas aos Governadores dos Estados, do Distrito
Federal e dos Territórios (§ 6º do art. 144 da CF). O Delegado de Polícia é escolhido
pelo Secretário da Segurança Pública.
Filho refere que:
41
Para Günter Axt (2006, p. 13), a história oral tem se revelado um instrumento importante na
alavancagem de projetos de memória institucionais. É a possibilidade de contar histórias não escritas
em local algum. É a história das representações do real formuladas por cada indivíduo, história de
opiniões, vivências, experiências, uma história afetiva das instituições estudadas. Não se trata,
conforme refere Axt, de ganho de somenos importância à cultura, pois permite contar a história
política e institucional por perspectivas outras. Não a história que bebe nas fontes das atas oficiais,
nas fontes do jornalismo, mas sim histórias mais afetivas das instituições estudadas onde os
elementos do cotidiano acham-se freqüentemente retratados.
87
[...] misturar a Polícia Civil e a Polícia Militar é uma posição tomada por
ignorantes que não sabem distinguir a competência do serviço cabível a um
e a outro, nem a formação funcional, quer do Militar, quer do policial civil. A
Polícia Civil não é má. Não é desajustada. É necessária. Tão necessária
quanto a Polícia Militar. Todavia, a formação profissional e a função de uma
e outra são profundas e diferentes (2006, p. 84).
42
”[...] a farda é o primeiro sinal da ordem, da lei e da disciplina” (KNOLL, 2006, p. 80). “A farda não é
uma veste que se despe com facilidade e até com indiferença, mas uma outra pele, que adere à
própria alma, irreversivelmente para sempre” – (Inscrição na parede do Batalhão de Polícia de
Eventos). In: A major da PM que tirou a farda: Mírian Assumpção e Lima (2002).
88
43
Para Kant de Lima (1983a) essa característica do Sistema Jurídico Brasileiro, com a utilização de
diversas formas de produção da verdade, produz a desqualificação de uma sobre a outra. Kant vai
ainda mais longe quando afirma que a verdade da Polícia é a que menos vale, em especial, quando
sua prova é baseada na confissão do indiciado.
44
Jornal Zero Hora, 26.11.06 páginas 46-47: Pontos de Discórdia entre Brigada Militar/Polícia
Civil: PC reclama: Possibilidade da BM realizar Termos Circunstanciados (TCs), tendo autonomia
para atender sozinha algumas ocorrências. BM reclama: O fato da PC desencadear ações de
policiamento ostensivo e preventivo, deixando de investigar crimes e de prender bandidos. PC
reclama: Ao fazer os TCs, a BM deixa de estar nas ruas realizando o policiamento, o que resulta na
ocorrência de mais crimes. BM reclama: PC tenta interferir no comando de ocorrências de alto risco,
nas quais é preciso negociação. PC reclama: PMs atuam de forma discreta e fazem investigações de
crime. BM reclama: PC atua seletivamente só investigando grandes crimes. PC reclama: O controle
do Guardião, alegando que deveria estar sob sua responsabilidade porque se trata de instrumento de
investigação. BM reclama: A PC trabalha ostensivamente nas ruas, usando viaturas e coletes com
identificação, quando seu trabalho deveria ser discreto, qualificando a investigação e prendendo
mais.
89
45
Em novembro de 2000, no Estado do Rio Grande do Sul, o Secretário de Justiça editou a Portaria
172 permitindo que a Brigada Militar lavrasse TC (Termo Circunstanciado). Trata-se de um
procedimento utilizado pra encaminhar, diretamente, aos Juizados Especiais, ocorrências de delitos
de pequeno poder ofensivo. Até então, os TCs só eram realizados pela Polícia Civil. Na ocasião, o
representante da ASDEP (Associação dos Delegados de Polícia) sustentou que o Secretário de
Justiça e Segurança estava “povoando uma desintegração das Polícias, instalando uma anarquia,
que iria gerar mal-estar entre as duas corporações” (Zero Hora, de 18 nov. 2000, p. 32) . Até hoje, a
BM vem atuando junto aos TCs.
A falta de sincronia entre o trabalho da Brigada Militar e da Polícia Civil no atendimento a crimes
dolosos contra a vida motivou que, em julho de 2003, a 1ª Vara do Tribunal do Júri de Porto Alegre
convidasse profissionais da Polícia Militar, Polícia Civil e Instituto Geral de Perícias, juntamente com o
Poder Judiciário e Defensoria Pública do Estado para discutir problemas relacionados com o “local
de crime de homicídio”. Na ocasião, a PC sustentava que as ações incorretas de PMs (mexer no
cadáver e no local do crime, por exemplo) estavam prejudicando as investigações dos homicídios,
pois sua função era isolar e preservar o local do fato, até a chegada dos Peritos e Policiais Civis.
Foram encaminhadas ao Secretário de Justiça e Segurança sugestões resultantes do consenso entre
as organizações Policiais. Entre o elenco de sugestões estava a normatização dos procedimentos
adotados pela Polícias e a criação padronizada de uma ficha de levantamento do local do fato.
90
jeitinhos, suas informações, seus informantes, suas práticas informais, etc.). É sob
esse manto protetor da invisibilidade – isolamento de cada unidade – que se
escondem ilícitos de todo o tipo, como corrupção, chantagem e tortura.
Pinheiro (1999), após pesquisar acerca das violações de direitos no Sistema
de Segurança Pública e Justiça Criminal, apontou diversas manifestações das
instituições quanto ao relacionamento entre os Operadores de Direito. Delegados
percebem que são alvos de desconfiança por parte do Ministério Público e do
Judiciário. Ao mesmo tempo, sentem falta de cooperação por parte desses órgãos.
Alguns entrevistados chegam a sugerir que esse descompasso e a falta de
cooperação entre as instituições favorecem o crescimento da criminalidade,
alimentando a impunidade. Parte da Polícia acredita que Ministério Público e
Judiciário possuem um posto privilegiado dos críticos. Delegados manifestaram que
a maior causa da criminalidade hoje em dia é a falta de sintonia entre os órgãos
encarregados de combater o crime. Sustentam que os Juízes ficam grudados nas
cadeiras e não sabem o que está acontecendo no ambiente social. O Promotor, por
sua vez, só aparece em casos de repercussão.
Nesse domínio, é pertinente lembrar Douglas (2007), ao alertar que falar
sobre cooperação e solidariedade significa escrever, ao mesmo tempo, sobre
rejeição e desconfiança. Algumas vezes a confiança tem breve duração e é frágil,
dissolvendo-se rapidamente. Algumas vezes a suspeita é tão profunda que a
cooperação torna-se impossível.
Quanto à comunicação entre as partes, Pinheiro (1999) claramente diz: “As
regras que norteiam as comunicações entre esses profissionais parecem
construídas para favorecerem desentendimentos. Não há canais ágeis e
desburocratizantes de comunicação”46.
Os Delegados se percebem vítimas de uma série de situações, frente às
quais são impotentes para mudar, o que os impede de cumprirem seus papéis. Por
outro lado, recebem os Promotores como parte do problema e como uma ameaça
para o futuro. A Polícia desfruta de uma imagem de instituição heterogênea: existem
os maus e bons; honestos e corruptos, que respeitam a lei ou não, e para distingui-
46
Pinheiro (1997) exemplifica essa realidade: A conduta do Juiz quando expede um ofício para a
Delegacia, parecendo inimigo do Delegado: ”Determino sob pena de obediência”. Em primeiro lugar
ele não é chefe do Delegado. Ele é do Poder Judiciário. E o Delegado, por sua vez, integra o Poder
Executivo.
91
47
Nesse contexto, os Delegados de Polícia lembraram de suas atuações junto às comarcas do
interior, quando as dificuldades de relacionamento entre os operadores de direito eram reduzidas,
pois existia maior proximidade física e informalidade na comunicação, o que trazia maior confiança e
colaboração.
48
Investimento das Organizações de Segurança Pública (Bombeiros, Polícia Civil, Militar e Guarda
Municipal): no ano de 2004 teve valor aproximado de R$ 20 bilhões. Efetivo das Polícias:
aproximadamente 600 mil policiais. A relação entre habitante/efetivo era de 355 em 2003, só no Rio
Grande do Sul. Informações atualizadas até 17.8.2004 (é uma média, pois os dados analisados foram
encaminhados pelas Secretarias Estaduais de Segurança Pública que encontraram dificuldades para
informar os dados corretamente). Fonte: Relatório baseado no Perfil Organizacional do Sistema
92
50
Carneiro (2006), ao contrário, reportando-se a denúncias noticiadas pela mídia contra Promotores
de Justiça, acredita que a instituição vem perdendo sua credibilidade perante a sociedade brasileira.
Cita que, em 2000, o Procurador-Geral do Ministério Público de Minas Gerais, Márcio Decat Moura,
estaria envolvido com a “máfia do jogo”. Numa gravação interceptada, o intermediário oferecia
propina mensal de R$ 100 mil ao ex-superintendente administrativo do Ministério Público que
recusou, sob alegação de que “o chefe exigiu mais”. Decat foi apontado como amigo pessoal do
então ex-governador de Minas, Newton Cardoso, motivo pelo qual teria sido nomeado pelo
Governador Itamar Franco, mesmo sendo o menos votado em listra tríplice apresentada pela
instituição (Bragon, R. Denúncia contra Procurador-Geral abre crise no MP. In: Jornal Folha de São
Paulo, p. A14, 29 set. 2002). Em 2002, o Procurador-chefe do Tocantins, Mário Lúcio Avelar, foi
exonerado vez que participou ativamente da Operação Diamante da Polícia Federal que comprovou
desvios de vultosos numerários da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM),
sendo R$ 1,3 milhão encontrado no cofre de Jorge Murad, genro do ex-presidente José Sarney
(Krunk, G. Procurador-Chefe do Tocantins é exonerado. In: Jornal O Estado de São Paulo, p. A12, 21
nov. 2002). O Procurador-Geral da República, Geraldo Brindeiro, afastou aquele Procurador da
República. Na conhecida “Operação Anaconda” da Polícia Federal, as investigações, que eram
sigilosas, foram divulgadas ao público. Sua estrutura operacional era composta por Juízes,
Promotores, Advogados, Empresários, Políticos, Policiais, etc. O “modus operandi” consistia em
orientar os criminosos para que produzissem brechas nos inquéritos policiais, que poderiam ser
utilizadas pelos Advogados e pelos Juízes Federais para beneficiá-los. A sua base operacional era
em São Paulo com ramificações no Pará, Alagoas e Rio Grande do Sul. A investigação apontou que
o Subprocurador Geral da República, Antonio Augusto César, teria recebido UU$ 15 mil, sendo
investigado como integrante da quadrilha (Macedo e Diamante. Anaconda chega a Subprocurador da
República. In: Jornal O Estado de São Paulo, p. A4, 6 nov. 2003; Macedo e Corsalette. Livro Caixa de
‘Quadrilha’ Cita Subprocurador. In: Jornal O Estado de São Paulo, p. A9, 20 nov. 2003; Vasconcelos
e Valente. Subprocurador aconselhou a forjar prova. In: Jornal Folha de São Paulo, p. A 11, 25 jan.
2004; Diamante e Macedo. PF quer que procuradores sejam investigados. In: Jornal O Estado de São
Paulo, p. A9, 3 dez. 2003). Para referido autor, as relações entre crime organizado com Autoridades
Judiciárias e integrantes do Ministério Público fez com que surgissem litígios entre instituições
pertencentes a distintos entes federados. O Procurador de Justiça Antonio Carlos Amâncio Pereira
denunciou ao Ministério Público Federal que a Administração do Ministério Público Estadual tudo
manipulava para burlar as leis, tendo sua Corregedoria arquivado diversos processos instaurados
para apurar atos ilícitos praticados por seus membros. Naquela oportunidade, também foi feita
denúncia de ato de corrupção envolvendo Oliveira Filho, Procurador-Geral, no sentido de que não
havia realizada qualquer medida para apurar os fatos relatados pelo Grupo de Repressão ao Crime
Organizado que denunciou atos do presidente da Assembléia Legislativa (Carvalho, LM Procurador
denuncia chefe do MP Capixaba. In: Jornal Folha de São Paulo, p. A10, 11 abr. 2003). O autor vai
além, destacando que os crimes de homicídio e sexuais, praticados por Promotores, passaram a
integrar o cotidiano brasileiro (Godoy, M. Promotor é acusado de abuso sexual de menina. In: Jornal
O Estado de São Paulo, p. C6, 7 fev. 2004). Abusos funcionais, que teriam sido cometidos durante
investigações, levaram ao afastamento de José Carlos Blat, Promotor de Justiça do Grupo de
Atuação Especial e Repressão ao Crime Organizado (GODOY, M. Denúncia afasta Blat de Grupo
Anticorrupção. In: Jornal O Estado de São Paulo, p. C1, 18 fev. 2004). Por fim, conclui que o
Ministério Público possui um passado suspeito, somados aos atuais abusos e desmandos de alguns
de seus integrantes, não justificando o discurso de que seus integrantes são os únicos “paladinos da
lei” e capazes de combater o crime. Nessas alegações, percebe-se um exagero, pois a corrupção e a
criminalidade são males que decorrem da própria natureza dos homens.
95
51
Pesquisa realizada em 2006 (SCHNORRENBERGER et al., 2006) permitiu identificar valores que
compõem a ideologia central do Ministério Público, a qual representa a base para o fortalecimento de
sua cultura organizacional: Independência, Compromisso Social, Iniciativa, Integridade,
Competência, Coragem, Democracia e Unidade. Identificou-se, igualmente, os valores a serem
reforçados ou internalizados para que o Ministério Público se mantenha atualizado às novas
demandas que se apresentam: Unidade, Efetividade e Transparência. Conforme Schnorrenberger
96
et al., (2006) os valores representam a base da cultura de uma organização, conferindo sentido de
identidade e significado às pessoas que nela trabalham.
52
No primeiro semestre de 2003, buscou-se um diagnóstico organizacional e, posteriormente, uma
visão de futuro, com o objetivo de orientar o biênio 2003/2005. A metodologia deu-se através de
pesquisa-consulta junto à intranet, bem como realização de seminário de planejamento estratégico.
97
53
Fruto de convênio celebrado entre o MP/RS, Grupo de Pesquisa em Violência e Cidadania e da
Fundação de Apoio à Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com apoio do CNPq,
sob a coordenação de Rodrigo Ghiringhelli de Azevedo. Foram aplicados questionários a todos os
integrantes do MP/RS, com retorno de 48,5%. Foram realizadas 17 entrevistas em profundidade com
Promotores e Procuradores com atuação na área criminal.
54
Dados retratam a estrutura do Ministério Público em 2003 e 2004. Foi realizada uma pesquisa
qualitativa dos membros do Ministério Público dos Estados. Foram remetidos 11.860 questionários.
Obteve-se um total de 3.260 respostas, correspondendo a 27,5%. No Sul, de 2.2.80 associados da
Associação Nacional dos Membros do Ministério Público, houve retorno de 31,1, 83,1 que
encontravam-se em atividade e 16,9 eram aposentados, 81,1 eram Promotores e 18,9 Procuradores,
sendo 36,8 Promotores da capital e 63,2 do interior.
55
Fonte: SRJ (Secretaria da Reforma do Judiciário), 2006.
98
56
Autores: André Jacó Schnorrenberger, Carmem Célia Vieira dos Santos, Eliane de Mello Miranda,
Juliana Rodrigues Marques, Luciana Baggio Bortolotto e Sérgio Vasconcelos Guedes. A metodologia
utilizada foi a pesquisa bibliográfica e documental, por meio da análise de diversas publicações e
documentos referentes ao Ministério Público, bem como a realização de entrevistas com lideranças
que participaram ativamente de sua construção histórica.
57
A base metodológica do trabalho foi a Future Search, uma metodologia participativa de
planejamento e alinhamento estratégico usada em organizações, com a particularidade de permitir a
reunião de grandes grupos e deles obter consenso para a construção de um futuro comum. Para
tanto, havia 4 fases distintas: a descoberta de bases comuns do passado; o compartilhamento das
complexidades externas que impactam o nosso presente; a criação de um futuro inspirado por todos
e a ação necessária à implementação desse futuro.
58
Método adotado: qualitativo-técnico da entrevista com profundidade. Público: Formadores de
Opiniões/Líderes de diversas Instituições do Governo e da Sociedade. Amostra: 21 entrevistas: 11
(onze) representantes da Sociedade e 10 (dez) representantes do Governo. Instrumento de pesquisa:
roteiro semi-estruturado.
59
Como pontos negativos, destacaram o conservadorismo, corporativismo, divulgação de denúncias
sem comprovações, pouco contato com entidades (para buscar opinião de especialistas e da
sociedade), falta de unidade dos Promotores e o fato de deter muito poder sem controle.
99
5 DA MACROCRIMINALIDADE
A prática do crime é tão antiga quanto a própria humanidade. Mas o crime global, a formação de
redes entre poderosas organizações criminosas e seus associados, com atividades compartilhadas
em todo o planeta, constitui um novo fenômeno que afeta profundamente a economia no âmbito
internacional e nacional, a política, a segurança e, em última análise, as sociedades em geral.
Manuel Castells
ainda não se fez, no Brasil, uma história do crime organizado, desde aquele
que sempre presidiu a legalização da propriedade fundiária até o mais
recente, do tráfico de drogas, que tornou as redes mais extensas, mais
globais e muito mais difíceis de serem controladas (2004, p. 346).
60
Convenção das Nações Unidas Contra o Crime Organizado. Disponível em:
<http://bvc.cgu.gov.br>.
103
Tem-se, como afirma Zaluar (2004), que desde 1980, quando começou a se
expandir e a se consolidar o negócio do tráfico, ele sempre foi comandado por
homens jovens que jogavam nos dois tabuleiros: o do poder e o do negócio. O que
105
mudou, no final de 1980, é que o negócio passou a ser comandado por designação
dos conselhos, que se encontravam dentro e fora das prisões, portanto, fora da
favela.
Nesse contexto de corrupção, as Instituições do Sistema de Justiça acabaram
contaminadas. Passa-se a notar a forma diferenciada no agir da Polícia Militar e da
Polícia Civil no tocante às suas relações com os “pobres e ricos”. No dizer de Zaluar
(2004, p. 359 ): “Há, sem dúvida, uma polícia para os pobres e uma polícia para os
ricos, o que foi reforçado durante o regime militar”.
Já existem registros pelo país afora de conexões entre traficante e políticos
via financiamento de campanhas eleitorais, além do tráfico de influências,
comprovando como os traficantes conseguiram penetrar nas várias organizações
governamentais e voluntárias.
Considerando-se as abordagens da Sociologia das Organizações, nesse
contexto, pode-se verificar como a teoria de Weber acerca do “monopólio legítimo da
violência pelo Estado” faz parte dessa realidade. No momento em que esse
monopólio mostrou-se falível, os traficantes (mafiosos) passaram a exercer o lugar
do Estado, enfraquecendo, sobremaneira o Sistema de Segurança Pública e Justiça
Criminal.
da globalização. Isso deixa de ser simples questão criminal, diz respeito a uma nova
forma de política no século XXI. Os criminosos estão cada vez mais fortalecidos e as
instituições encarregadas de combatê-los, enfraquecidas.
A CPI do Narcotráfico de 2002 constatou a existência de vários focos de
crime organizado no Rio Grande do Sul61:
61
Fonte: Relatório da CPI. Disponível em: <http://www.al.gov.br>.
107
62
O crime sempre existiu e sempre existirá. Não há como acabar com ele, pois inerente a toda
sociedade, inclusive a organizada. Uma vez praticado um crime, deve-se buscar meios mais eficazes
para sua efetiva punição (RUWEL, 2001).
108
63
Delegados, Juízes e Promotores, em pesquisa realizada por Pinheiro (1999), de forma unânime,
confirmaram a dificuldade de encontrar pessoas dispostas a testemunhar em investigações e
processos criminais não só na Polícia, como em Juízo. O principal motivo seria o descrédito nas
instituições do Sistema de Justiça Criminal e o medo de retaliação dos acusados, de seus familiares
ou amigos e associados, em que pese a existência do PROTEGE. O Estado do Rio Grande do Sul foi
pioneiro em legislação de proteção a vítimas e testemunhas ao promulgar, em 20 de janeiro de 1999,
a Lei Estadual n. 11314 que dispõe sobre proteção, auxílio e assistência a vítimas de violência. O
Programa Estadual de Proteção, Auxílio e Assistência a Testemunhas Ameaçadas - PROTEGE - foi
instituído em maio de 2000, pelo Decreto n. 40027/2000, tendo como suporte a Lei Federal
9807/1999. O objetivo é assegurar a integridade física e psicológica e a segurança de testemunhas,
bem como de seus familiares que estejam sendo coagidos ou expostos à grave ameaça em razão de
terem presenciado ou indiretamente tomado conhecimento de atos criminosos e detenham
informações necessárias à investigação, desejando colaborar com as autoridades competentes ou
com o processo judicial. O programa auxilia no combate à criminalidade, incentivando a realização de
denúncias e derrubando a "lei do silêncio" - quando não há informação por medo de represálias -
mentora da impunidade. Em 2003, o programa Polêmica da Rádio Gaúcha de Porto Alegre-RS
109
realizou um debate sobre “Você denunciaria um traficante?”, com a participação dos Promotores das
Varas do Júri de Porto Alegre. Na ocasião, de 157 participantes, 2/3 (67,67%) responderam
negativamente (o motivo não foi questionado).
64
Castells (1999c) exemplifica: Comércio de drogas: opera de forma mais ágil e menos rastreável.
Cita o Brasil como integrante de novas rotas do comércio das drogas de festa (como o ecstasy)
apresentando índices de dependência sem precedentes (conforme o Escritório de Crime e de Drogas
das Nações Unidas – UNDCP – 2004); Contrabando de órgãos: rins humanos de doadores vivos
transportados do BRASIL para a África do Sul. No Brasil, a venda de um rim tornou-se forma comum
de ganhar dinheiro, principalmente para jovens. A taxa no mercado raramente ultrapassa 10 mil
dólares; Contrabando de armas: há mercado de armas ilegais bem como a transferência de
tecnologia. Uma batida policial em 2002, em São Paulo, fechou uma oficina tecnicamente avançada
que produzia cerca de 50 submetralhadoras falsificadas por mês; Pirataria: Inovações e ferramentas
oriundas da globalização transformaram-se em indústria global; Tráfico humano: os recrutadores
ganham cerca de 500 dólares “por cabeça”. Mulheres passam anos como escravas sexuais, sujeitas
a tratamento desumano, até seu corpo exaurir. No Japão, geralmente as meninas são oriundas do
Brasil; Falsificação de medicamentos: por empresas brasileiras que quebraram as patentes das
110
originais, a fim de descobrir os componentes das fórmulas e Lavagem de dinheiro: além dos
paraísos fiscais como as ilhas exóticas, há outros lugares para se levar dinheiro. Uma delas é a
Ciudad del Este, cidade paraguaia, na fronteira entre Brasil e Argentina (encruzilhada para todo
comércio ilícito). Nenhum segmento do sistema bancário mundial é completamente imune à prática
de lavagem de dinheiro. Graças à tecnologia, qualquer pequena instituição financeira pode ser a
origem ou o destino de fundos para qualquer lugar. Foram criados inúmeros bancos virtuais:
entidades que existem exclusivamente na internet e que nunca se encontram cara a cara com o
cliente. As redes mais sofisticadas empregam seus próprios hackers especializados para proteger
suas comunicações e invadir as máquinas das agências de repressão.
111
Mas ainda acredita que o Estado tenha forças suficientes para combater
qualquer tipo de estrutura organizada para a prática de crimes. Daí decorre o seu
raciocínio do combate no esquema de Força-Tarefa.
Uma gestão que promova um verdadeiro programa de combate à
macrocriminalidade, com um núcleo de inteligência devidamente estruturado,
conjugação de esforços e compartilhamento de informações, talvez fosse capaz de
combater as organizações criminosas de uma forma que as Polícias, tais como hoje
se encontram, jamais conseguirão.
A Força-Tarefa representa a integração entre as diversas organizações que
compõem o Sistema de Segurança Pública e Justiça Criminal no combate à
macrocriminalidade.
114
6 DA ORDENAÇÃO METODOLÓGICA
65
Reportagens dos Jornais de Minas Gerais sobre a Operação realizada. Anexo I.
66
A mestranda, inclusive, foi fotografada por um Jornal local segurando as provas apreendidas.
Anexo II.
121
distância dos locais que deveriam ser objetos de investigação e, principalmente, pela
dificuldade de coleta e organização de todos os documentos apreendidos), os
Procuradores e Promotores de Justiça manifestaram satisfação quanto aos
resultados obtidos. Todas as documentações, CPUs, armas, etc. foram separadas,
rubricadas, envelopadas, seladas e encaminhadas à Belo Horizonte, dentro de um
caminhão, devidamente escoltado pela Polícia Militar, para que fossem procedidas
as respectivas análises. Houve, igualmente, o acompanhamento de alguns
Advogados, sendo, inclusive, solicitada, pelo Ministério Público, a presença do
Presidente da OAB local.
O Procurador de Justiça que atua diretamente junto ao Centro de Apoio
Operacional às Promotorias de Justiça de Defesa da Ordem Econômica e Tributária
(CAOET), ao falar sobre as operações que vêm sendo realizadas em todo o Estado,
visando, especialmente, ao combate à sonegação fiscal, referiu:
67
Junto ao Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça de Defesa da Ordem
Econômica e Tributária (CAOET) somente em uma operação junto ao setor siderúrgico, a Receita
obteve um incremento de R$ 240 milhões, oriundos de devedores que se apresentaram para
regularizar débitos. Essa atuação conjunta, além de qualificar o servidor fazendário no trato das
questões tributárias, tem garantido o resgate das receitas indispensáveis ao atendimento das
diversas e crescentes necessidades da sociedade. Outras operações foram realizadas como a
Operação Mata Atlântica (quadrilha especializada em sonegação de tributos, com recuperação da
receita de cerca de 90 milhões. Presos: 11 fiscais, 2 Policiais Militares, 1 Advogada e 1 Contador),
Operação Fronteira (combate ao contrabando, apreendidos 22 ônibus com mercadorias
contrabandeadas, sendo 34 mil veículos fiscalizados), Operação Grãos de Minas (sonegação de
impostos estaduais, montante autuado: 37 milhões. Bloqueio judicial de bens, valores e dinheiro que
totalizaram mais de 20 milhões), Operação Divino (desmantelamento de quadrilha com atuação no
setor de siderurgia, valor aproximado de 108 milhões de autuações. Bens apreendidos e já
penhorados no valor estimado de 43 milhões. Desvendamento de um homicídio e prisão de todos os
envolvidos (9), inclusive empresários). Operação Pequizeiro (tráfico ilícito de carvão. Autuações:
cerca de 1 milhão de reais, correspondente ao recolhimento da taxa ambiental), Operação Dionísio
(bebidas sem pagamento de ICMS, sonegados 49 milhões em impostos. Cinco pessoas presas.
Apreendida grande quantidade de bebida, documentação fiscal paralela, dois veículos e moto),
Operação Diamante Negro (desmantelou organização criminosa responsável pela fabricação,
consumo e comércio de carvão, retirados de matas nativas. Prejuízo por sonegação de ICMs e de
123
6.3.2 Do GISP68
69
Algumas atividades foram desenvolvidas com êxito: Operação Recarga, Operação “ET”; Operação
Ouro Negro; Operação Vertentes; Operação Câncer; Operação Loja de Doces, Operação Carga
Explosiva; Operação Varella; Operação Casa de Oração; Operação Café; Operação Bocaiúva;
Monitoramento das atividades do PCC no Estado; Busca de informações sobre roubo de cargas no
Triângulo Mineiro; Informações sobre desvios de produtos químicos controlados/perigosos no norte
de Minas, Mapeamento das atividades no interior dos shoppings populares, Auxílio ao Exército e
ABIN; apoio à rede RENISP – Rede Integrada de Inteligência do Ministério da Justiça e Cumprimento
de Pedidos de Busca da Coordenação-Geral de Segurança - COSEG, etc. Fonte: Gabinete de Ação
Integrada do Sudoeste e Apoio à Assessoria de Consolidação de Informações de Inteligência do
Sistema de Defesa Social de Minas Gerais.
125
Na mesa do Policial Militar havia apenas alguns envelopes pardos (dito pelo
Policial Civil que se tratava de provas para corrigir). Na mesa do Policial Civil havia
somente alguns documentos. O Aparelho de Interceptação telefônica encontrava-se
estragado.
Os atores demonstraram desinteresse em compartilhar informações e
suscitaram dúvidas quanto à confiabilidade dos parceiros oriundos das outras
instituições. Em setembro de 2007, o Chefe de Polícia Marco Monteiro, determinou a
criação de uma nova delegacia, subordinada ao DEOESP – Departamento de
Operações Especiais - para intensificar ações de Inteligência e aumentar a
integração com o Ministério Público e Polícias de outros Estados (o que já era objeto
do GISP).
Pode-se constatar que há ainda vários aspectos e barreiras a serem
superados, em especial, quanto à cultura organizacional, relação de poder,
dificuldade de aceitação do próximo, problemas quanto à alegação de ingerência
nas atribuições e falta de confiança.
Na maior parte das situações, observou-se que a Polícia Civil foi a Instituição
que mais resistiu à integração de todos os órgãos. A Polícia Militar tem receio de
que a Polícia Civil se torne mais forte e que seja anexada à ela (e, nesse caso, os
bacharéis em direito teriam primazia, beneficiando os Delegados de Polícia). Por
outro lado, há a eterna irresignação no sentido de que “a Polícia prende e o
Judiciário solta, sem que o Ministério Público tome partido”. Já o Ministério Público
entende que há casos em que a Polícia Civil não pode atuar sozinha, principalmente
quando deve investigar pessoas poderosas, o próprio corpo policial e quando se
trata de crime organizado, ante total falta de estrutura. Dessa forma, não há
comunicação entre as Instituições, as informações não são compartilhadas, o Setor
de Inteligência é privatizado, não há efetivo planejamento ou ação conjunta, enfim
há relação totalmente desorganizada. Enquanto isso, o crime organizado vai se
tornando cada vez mais poderoso.
Observou-se a carência de um efetivo controle, de uma conscientização no
sentido da necessidade de união para combater o crime organizado de forma
eficiente, compartilhando conhecimentos e informações. Não há o entendimento
entre os Policiais no sentido de que a eventual coordenação do Ministério Público
nas operações não caracterize superioridade ou necessidade de submissão, e sim,
apenas otimização e racionalidade na gestão. Verificou-se, igualmente, carência de
126
O presente subitem procura explicar o trabalho que tem sido realizado pelo
CAOCRIMO e pelo GCOC de Minas Gerais, em especial diferenciando-os do GISP,
objetivando demonstrar que, na realidade, duas Forças-Tarefa distintas atuam
concomitantemente (a Instituicionalizada pelo Governo Estadual e a do Ministério
Público Estadual).
Durante os dias em que a mestranda esteve em Minas Gerais, acompanhou
os trabalhos realizados pelo CAOCRIMO e pelo GCOC, onde pôde constatar a
forma organizada como o Procurador de Justiça articulava, juntamente com Policiais
(em especial os Militares) e funcionários de outros órgãos, estratégias de atuação
conjunta nas diversas demandas que se apresentavam.
No local, existe um “guardião” cedido pela Receita Estadual que é utilizado
pelo Ministério Público sem ingerências de outras instituições.
São vários os oficiais de diligências, secretários, estagiários e funcionários,
cada um com tarefas bem definidas. Pôde-se observar suas atividades, bem como
conversar com vários Policiais, funcionários e outros Promotores acerca do trabalho
70
Ver Anexo IV.
127
7 DA FORÇA-TAREFA
O ‘reunir o exército’ envolve não somente a própria mobilização, mas também a organização,
equipamento e adestramento para a eficaz participação no combate e, finalmente, o
‘concentrar as forças’ trata daquela concentração estratégica que visa a atender ao início das
operações, ainda fora do teatro.
Alberto Cardoso
71
Adorno (2002a) destaca que recente literatura tem questionado a pertinência de pensar o
monopólio estatal da violência em nossa contemporaneidade nos termos propostos por Weber.
Referindo-se à Wieviorka (1997), o autor salienta que o Estado se revela cada vez mais incapaz de
controlar a economia, sendo forçado, por exemplo, a recuar diante de determinadas circunstâncias,
como as atividades informais (mercado negro, trabalho clandestino, etc.). Citando Herbert (1999), que
avaliou o controle do crime nos Estados Unidos, Adorno (2002a) destacou alguns argumentos que
poderiam comprometer a legitimidade do Estado-nação contemporâneo: Externamente, os processos
de globalização econômica e social (consumo e produção que reforçam o poder das grandes
corporações e enfraquecem a capacidade do Estado de regulamentar o mercado de modo a evitar a
potência abusiva dos mais fortes sobre os mais fracos) e também a rapidez das mudanças
tecnológicas (que alteram no tempo e no espaço os fluxos das pessoas, mercadorias e capitais).
Internamente, a legitimidade do Estado-nação estaria perdendo força em razão das políticas neo-
liberais e das severas restrições ao Welfare State. Nesse contexto, essas restrições comprometeriam
129
a eficiência das agências encarregadas do controle repressivo da Ordem Pública, abrindo espaço
para que o crime organizado passasse a competir com o Estado (no controle do território como
espaço físico e social de realização da dominação). E, mais, ao se reportar à Garland (1996, 2001),
Adorno (2002a) indica que está ocorrendo uma transferência de responsabilidades públicas e estatais
de controle do crime, seja através da polícia comunitária (que, na realidade, enfraquece as
tradicionais funções do poder público de executar policiamento preventivo e repressivo, bem como de
investigar crimes), seja através da segurança privada (tendendo à erosão da autoridade estatal de
controle do crime e da violência, pois igualmente transfere responsabilidade e garante a crença junto
aos cidadãos de que o mercado é mais eficiente do que o Estado na prestação de serviços) e, por
fim, através da internacionalização das atividades policiais (em razão da internacionalização do crime,
com extensas e complexas operações bancárias, multiplicando em curto espaço de tempo atividades
como fraudes, espionagem, tráfico de armas e drogas, terrorismos, etc.). Com isso, a repressão ao
crime organizado acaba submetida à autoridade extrajudicial, o que se traduz em perda significativa
do papel do Estado-Nação (como, por exemplo, tornando-se signatário de convenções internacionais,
e de acordos bilaterais entre Estados-Nações). Por fim, Adorno (2000a) ressalta que Herbert muito
bem contesta essas tendências, pois a segurança privada não compromete o monopólio estatal,
muito menos a internacionalização das atividades policiais a enfraquece. Na realidade, trata-se
apenas de uma cooperação que envolve trocas de informações, tornando as agências nacionais de
controle do crime mais eficientes e operativas. Ao final, Adorno (2000a) conclui que as tarefas
130
apontadas por Weber já se encontram esgotadas, ensejando novos arranjos institucionais e políticos
que proporcionem o controle dos crimes nesta “era da globalização”.
72
Manifestação do Deputado Francisco Áppio. Disponível em: <www.al.rs.gov.br>.
131
73
A própria Instituição do MPRS denomina Força-Tarefa como a atuação dos Promotores em “salões
de bailes”, para evitar venda de bebidas alcoólicas, em criatório de galos de rinha,em desmanches de
carros, etc. Ver Anexo V.
132
O novo Ministério Público deve ter uma ênfase sobretudo no trabalhado das
Forças-Tarefa. Criando-se a Força-Tarefa mantém-se a observância do
princípio do Promotor Natural, cabendo aos promotores ali designados a
atribuição exclusiva para atuação. Trata-se de uma nova forma de
abordagem, sublinhando a integração entre os protagonistas,
potencializadora, de forma participativa e transparente (2004, p. 39).
[...] através de um contrato escrito entre os chefes dos órgãos, com duração
de tempo limitado mas prorrogável, devendo perdurar até que a situação de
crise seja considerada superada ou amenizada o suficiente, a ponto de
poder ser combatida através dos meios normais de persecução criminal
(MENDRONI, 2002, p. 31).
74
No entendimento do autor (2002, p. 33), é preciso formar uma estrutura material compatível com o
combate à organização criminosa, como, por exemplo, softwares para a execução de interceptações
telefônicas e acesso aos bancos de dados, micro câmeras, escutas ambientais,etc.
75
Geralmente, os mecanismos legais mais utilizados são os previstos na Lei n. 9.034/95 e Lei
10.217/01 que dispõem sobre a utilização de meios operacionais para a prevenção e repressão de
ações praticadas por organizações criminosas (exemplos: ação controlada, infiltração de agentes,
acesso a dados, delação premiada e outros); na Lei n. 9.613/98 que dispõe sobre os crimes de
lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores; na Lei n. 9.807/99 que estabelece normas para
organização e manutenção de programas especiais de proteção a vítimas e a testemunhas
ameaçadas; na Lei n.7.492/96 que se refere aos crimes contra o Sistema Financeiro Nacional, etc.
76
Mendroni (2002) recomenda a participação de Ministérios Públicos Estadual e Federal
(coordenação das investigações e providências jurídicas), das Polícias Federal, Estadual e Militar
(atuação no campo operacional), do Setor de Inteligência (com pessoal especializado em perícias
diversas, computação, contadoria, telefonia, etc.), da Secretaria da Fazenda, da Receita Federal, do
INSS e dos Procuradores e Agentes do Banco Central.
134
O autor sugere, quanto aos pressupostos para o combate, que haja uma
estratégia de atuação definida (panorama geral da organização criminosa), uma
investigação de campo (identificando-se todos os participantes, em especial os
“testas-de-ferro”) e a obtenção de informações e documentos referentes aos dados
pessoais de todos integrantes. Após, mister se faz o processamento e conferência
das informações (ex. cruzamento de dados a partir de informações da declaração de
imposto de renda, dados da Secretaria da Fazenda, contas de luz, água, cadastro
na Junta Comercial, contas bancárias, etc.).
Para a realização dessas tarefas, Mendroni (2002) e Brindeiro (2004)
sustentam a atuação exclusiva dos Agentes Policiais, especialmente treinados para
tanto.
Após a coleta e exame dos dados, os Promotores de Justiça devem definir os
principais pontos de ataque jurídico, para, em seguida, movimentar a máquina do
Estado. É o início da atividade jurídica e normalmente da atividade jurisdicional, na
medida em que se requer quebra do sigilo telefônico, sigilo bancário, fiscal, escutas
telefônicas, etc. Por certo que as boas estratégias são sempre bem-vindas77 como,
por exemplo, o lançamento de contra-informações para dentro da organização
criminosa desde que bem executada e sem provocar suspeitas (2002, p. 39).
O objetivo da Força-Tarefa deverá ser sempre destruir a organização
criminosa. Importante concentrar esforços para destruir a organização criminosa,
remetendo os demais crimes para as formas de investigação e persecução comuns.
Nos últimos anos, como bem ressalta Machado (2007), as Forças-Tarefa
tornaram-se importante estratégia política78.
Silva assinala:
77
A propósito do tema, confira-se A Arte da Guerra, os 13 capítulos. Edição Especial. São Paulo:
DPL, 2007.
78
Em 2002, São Paulo criou a Força-Tarefa permanente para combater o comércio de mercadorias
ilegais que entravam no país e acabar com a corrupção do setor de fiscalização da Prefeitura. Em
2003, foi criada a Força-Tarefa contra o crime organizado no Espírito Santo. No mesmo ano, foi
criada a Força-Tarefa que comandou a “Operação Anaconda” envolvendo esquema de vendas de
sentenças por Juízes Federais. Disponíveis em: <http://portal.prefeitura.sp.gov.br> e
<http://notícias.correioweb.com.br>.
135
Salienta Lemos Junior (2002, p. 446-447) que diante da forma com que atuam
as organizações criminosas (a diversidade de atividades e a presença indispensável
de funcionários públicos), a criação de Força-Tarefa é a única forma real de
enfrentar a atuação do criminoso organizado.
Pode-se observar que são vários e diversificados os conceitos atribuídos à
figura da Força-Tarefa, bem como o entendimento de sua importância e
necessidade. Portanto, inviável a utilização de um conceito-padrão de Força-Tarefa
para que seja utilizado como modelo ideal na presente dissertação. Exeqüível, sim,
é a utilização das principais características de todos esses conceitos daquilo que
autodenominam “Forças-Tarefa”, objetivando a construção de um mecanismo ideal
e viável para o combate à macrocriminalidade.
Já, nos Estados Unidos, as Forças-Tarefa Task-Force (Força-Tarefa) são
amplamente conhecidas e definidas.
136
PAPEL:
O Programa Força-Tarefa de Combate ao Crime Organizado e Drogas
combina a perícia e recursos de suas sete agências federais afiliadas (membros),
junto com Promotores de Justiça e com autoridades policiais estaduais e municipais,
para desestruturar e desmantelar sofisticadas organizações de tráfico de drogas que
operam regionalmente, nacionalmente e internacionalmente, assim como os
sistemas financeiros que as suportam.
79
Dados coletados através do material entregue ao Ministério Público do Rio Grande do Sul, em
2006, durante visita aos Estados Unidos. Ver Anexo VI.
137
HISTÓRIA:
A Força-Tarefa foi criada pelo Presidente Reagan, em 1982, como uma
resposta para a epidemia das drogas que envolvia uma rede de grupos criminosos,
cujos principais líderes eram freqüentemente isolados das atividades diárias de suas
organizações.
A missão do programa era se concentrar “naqueles que dirigem,
supervisionam e financiam o comércio de drogas ilícitas”, separar, e finalmente
destruir a bem costurada rede de criminosos que vivem do tráfico de drogas e de
crimes a ele relacionados.
O então Presidente dos EUA, baseado na noção de que um único órgão não
possui a perícia, recursos e competência (autoridade legal) para realizar a missão
sozinho, criou esse mecanismo de investigação.
Originalmente estabeleceu Forças-Tarefa paralelas (coligadas), porém, refere
que, com o passar do tempo o Programa perdeu seu foco.
A partir daí, houve o reestruturamento do PFTCCOD (Programa Força-Tarefa
de Combate ao Crime Organizado e Drogas).
REESTRUTURAMENTO DO PFTCCOD:
Em março de 2002, o Procurador-Geral dos Estados Unidos (Ministro da
Justiça) anunciou uma estratégia abrangente de coação para reduzir o
abastecimento de drogas ilícitas, identificando, desestruturando e desmantelando
grandes organizações de abastecimento de drogas e lavagem de dinheiro, por meio
de investigações nacionalmente coordenadas tendo como alvo toda a infra-estrutura
dessas organizações.
O PFTCCOD era a peça central dessas estratégias. Dentre elas
apresentaram:
1) Diretrizes aperfeiçoadas para se concentrar nas mais significantes;
2) Para cada investigação criminal conduzida pela Força-Tarefa, há a
exigência de uma investigação financeira;
138
MEMBROS:
AFT: Álcool, fumo, armas de fogo e explosivos;
DEA: Administração de combate às drogas;
FBI : Departamento Federal de Investigação;
ICE: Serviço Nacional de Imigração e Vistoria Aduaneira, Serviço Interno de
Receita/Fisco;
USCG: Serviço Nacional de Guarda Costeira; Os 94 Gabinetes dos
Promotores de Justiça dos Estados Unidos e;
USMS: Serviço de Delegados dos Estados Unidos; Departamento de Justiça
Criminal e Divisão de Taxas e Autoridades Policiais Estaduais e Municipais.
REALIZAÇÕES DO PFTCCOD:
Os resultados dessa nova política indicaram alto grau de eficiência: os
membros da Força-Tarefa:
1) Os membros do PFTCCOD desmantelaram 20 organizações-alvo
consolidadas como prioridade e desestruturaram a operação de outras nove, entre
os anos de 2003 e 2005. Além disso, desestruturaram e desmantelaram 238
organizações relacionadas aos alvos estabelecidos como prioridades em 2005;
2) Ao final de 2005, 402 investigações foram relacionadas aos alvos da lista
de prioridades, e 420 foram relacionadas aos alvos das prioridades regionais;
139
1) Polícias municipais;
2) Polícia dos condados;
3) Polícias estaduais e;
140
FUNÇÕES DE PLANEJAMENTO:
1) Desenvolver a estrutura;
2) Decidir a composição;
3) Estabelecer Comissões de Trabalho e;
4) Decidir sobre as obrigações dos membros da Força-Tarefa (nível de
autoridade, quem vai fazer, o que, quando, etc.).
PAPEL DO LÍDER:
1) Providenciar treinamento para os membros quanto às suas funções
(cursos, treinamentos no local de trabalho, visitas a outras Forças-Tarefa, etc.);
2) Desenvolver estratégias;
3) Estabelecer avaliação do risco;
4) Trabalhar de acordo com as orientações dos órgãos;
5) Reconhecer as limitações do orçamento;
6) Planejar a estrutura financeira da Força-Tarefa;
7) Indicar Órgão Fiscal;
8) Desenvolver procedimentos financeiros;
9) Aperfeiçoar políticas de pessoal e controle de pessoal;
10) Recrutar a participação de pessoal da área judicial e de policiamento no
Grupo;
11) Definir quem patrocinará a Força-Tarefa;
12) Decidir sobre o tipo de apoio financeiro para a Força-Tarefa
(requerimentos, salários, veículos, horas extras, equipamentos, relatórios);
141
DE 60 A 120 DIAS:
1) Aperfeiçoar a avaliação de risco, estratégia e grupos individuais;
2) Desenvolver um orçamento geral e prioridades de recursos financeiros;
3) Decidir sobre políticas de compras;
4) Controlar o inventário;
5) Buscar recursos para pessoal e equipamento;
6) Desenvolver a planta do espaço da sede para a Força-Tarefa;
7) Definir a necessidade da Força-Tarefa;
8) Estabelecer o orçamento e;
9) Fazer considerações a respeito da locação e construção.
OUTRAS RECOMENDAÇÕES:
1) Buscar fontes adicionais de financiamento e recursos financeiros (doações,
contribuições, etc.);
2) Não se comprometer muito financeiramente com base somente na
possibilidade de obter recursos financeiros futuros;
3) Estabelecer prioridades financeiras gerais para a Força-Tarefa e;
4) Realocar recursos financeiros conforme o necessário para sustentar
necessidades gerais.
80
Dados coletados através do material entregue ao Ministério Público do Rio Grande do Sul, em
2006, durante visita aos Estados Unidos. Ver Anexo VII.
143
81
Ver Anexo VIII.
144
Hoje nós podemos dizer que a FT está junto com a Promotoria Especializada
Criminal. Não é. Está junto com. Podemos dizer que a Promotoria sem a FT seria
hoje uma ONG, porque eles são os nossos braços da rua, são assessores que
podem buscar os fatos na rua. São Policiais treinados e experimentados para buscar
os fatos na rua e nos trazer para que nós possamos exercer a atividade
investigatória do MP, suportado por aqueles elementos de provas que eles colhem
(MPRS).
porque os papéis aceitam tudo. São setores retrógrados e corrompidos que querem
o Promotor como um “bobo na corte” [...]. Começamos, embora aquilo não seja
também importante, a denunciar médico, assessor de político, político, vereador,
vice-prefeito, secretário, dono de empresa, temos denúncias contra empresa de leite
[...] (MPRS).
corporativos, interesses políticos [...]. Então hoje são das coisas boas que as
Instituições têm, ou seja, o treinamento de investigação da Polícia, a disciplina da
Brigada Militar, os recursos do Ministério Público, a capacidade jurídica dos
Promotores, estrutura que nos permitem ultrapassar, embora com alguma
dificuldade, essas barreiras e fazer com que o material que chega ao Promotor seja
um material de boa qualidade e aí então o trabalho fica um trabalho de boa
qualidade. Permite desbaratar quadrilhas, processar grandes empresários, enfrentar
setores que ordinariamente não seriam enfrentados. Por quê? Porque poderiam se
contrapor, quer financeiramente, quer politicamente pressionando as instâncias
administrativas da Polícia, para retirada das investigações. Por isso ela se fez
necessária. Para que se superassem os óbices, as dificuldades decorrentes de toda
uma estrutura e se juntasse, se catalisasse as coisas boas no combate à
criminalidade organizada. Para isso que se criou, para isso que ela existe. Desde o
início do trabalho, prendemos cerca de 500 pessoas, muito poucos processos nós
perdemos, estabelecemos algumas parcerias com setores de ponta, cerca de 1000
processados, isso em razão do nosso trabalho. Cada denúncia tem cerca de 10, 15
denunciados. Se um Promotor isolado fosse investigar ou denunciar esses fatos,
seria cerca de mais de 50% reduzida a sua produção. Aqui, muito mais do que
quantidade, existe qualidade. Existe “quem são os nossos réus”. Aqui temos o
prazer, se é que prazer é a expressão correta, orgulho de não prender o pobre. Aqui
nós temos bandidos de ponta, de bom nível econômico, com status, donos de
restaurante, esse são os nossos clientes preferenciais que não são alcançados pelo
trabalho ordinário (MPRS).
[...] as instituições são órgãos estanques por incrível que pareça, embora a
gente faça o IP, para o MP, somos estanques. E tem a questão corporativista e
institucional. E eu entendo que dentro da atribuição de cada instituição se pode
trabalhar junto, dá para integrar, cada um fazendo seu mister. Uma investigação, por
exemplo, a que está aqui: furto, roubo, receptação, adulteração de veículos:
organização criminosa que age no Rio Grande o Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato
Grosso, São Paulo, são 9 meses de investigação, com interceptação, filmagem,
enfim as técnicas mais novas de investigação foram usadas. Durante todo esse
período se repassou para Polícia Rodoviária Federal, Polícia Rodoviária Estadual,
Polícia Civil, Paraná, claro que eram avisados e ai a investigação se alastra. Está
fazendo 30 dias que a representação com IP, que são 2500 laudas e pedido de
representação de prisão preventiva, ambas estão em poder da Juíza [...] e ela não
decide. Ou seja, se esse trabalho fosse feito de forma integrada, e o MP trabalhando
junto com o Poder Judiciário também, o Poder Judiciário não iria se imiscuir nas
provas. Sem dúvida que esse é o exemplo que cai como uma luva. Talvez o
tratamento fosse diferenciado. Agora estamos de novo pedindo as prisões
149
[...] Por outro lado, quando se fala em integração e talvez seja o receio dos
homens da instituição é a questão de um querer se arvorar na atribuição da outra. A
Brigada Militar nas investigações, canalizando provas para sua corporação, atraindo
um atrito desnecessário. Claro que outra questão fundamental é o Poder Judiciário.
Por exemplo, Rio Grande do Sul não tem vara especializada para o crime
organizado. Pior é quando toda a investigação está pronta, com pedidos de Prisão
Preventiva e mandado de busca e apreensão, ai os Juízes começam a se dizer
incompetentes e vai passando de um para outro até o Tribunal de Justiça resolver
depois de muito tempo e a prova sumiu. Perdeu-se toda investigação nesse tempo,
meses, argüição de incompetência. Poder Judiciário é fundamental nesta questão.
Não o Judiciário sendo parte e sim o Judiciário-Poder-Estado, tendo condições de
processar dezenas de réus na mesma comarca. É uma questão estrutural (PCRS).
[...] então a questão do Termo Circunstanciado [...]. Acho até que num
primeiro momento sou favorável, desde que essa outra instituição esteja fazendo
seu serviço. Essa a Brigada não tem gente para fazer o policiamento preventivo. E
outra coisa eu sou grande defensor do policiamento preventivo ostensivo. Eu tenho
inúmeros exemplos de ações do Corpo Regional do Vale dos Sinos depois que nós
botávamos a Policia na rua, eles, os ladrões, não agiam. Então é assim ó [...] se o
Policial não tem condição de fazer a atribuição precípua dele como é que ele vai se
arvorar numa outra que não é dele, né? Então não tem. Bom o Estado tem que cair
na real tem que contratar mais, tem que [...]. Enfim a questão é com o administrador
e não com nós, né? [...] Eu sou professor de administração policial, organização,
sistema e método [...] tu te apavora quando tu começa a ver o organograma de cada
instituição. Isso é o fim da picada. Tá? Agora têm mais os azulzinhos e tem mais a
Guarda Municipal, entendeu? Aí tu pega, vamos pegar o exemplo de Canoas. Em
Canoas tu tens distritos policiais especializados, a delegacia da mulher, a delegacia
150
de trânsito, e uma delegacia regional que comanda a região [...] aí tu vai pra Brigada
Militar, aí tem 15º BPM com 4 companhias. Aí tu tens o Comando de Policiamento
Metropolitano que a sede é em Canoas. Até tu vais para os Bombeiros, aí tu tens o
Comando Regional dos Bombeiros com sede em Canoas, ou seja, aí tu tens a
Guarda Municipal e ainda tem o Secretário Municipal de Segurança Pública com a
Guarda Municipal com cento e poucos agentes. Cada um desses tem uma estrutura
administrativa, tem uma secretaria, mulher da limpeza, tem o prédio, tem a luz, tem a
viatura. Isso não pode estar certo. Tem que faltar gente. É muita gente. tá? Eu sou
adepto de uma polícia única. Um comando só. Quem vai comandar? Não sei! Isso é
pra um segundo momento. Mas tinha que ser polícia única. A nova polícia. Claro é
difícil, ainda mais aqui no RS que as duas instituições. A Brigada tem histórias e não
sei que tal. Mas tinha que ser polícia única, comando único, tu és fardado pra fazer
isso aqui, tu és da polícia judiciária tu vai fazer trabalho de cartório e tal, entendeu?
Não dá certo, não dá certo, não dá certo. Aí quando tu vês essa estrutura
organizacional aí tu te apavoras, né? (PCRS).
82
Material colhido através de entrevista com o Ministério Público Federal e análise de documentos –
2007.
83
A região de Foz do Iguaçu/PR sempre foi uma área de grande demanda. As fronteiras com a
Argentina e Paraguai têm seu ponto de encontro na cidade. A existência de um mercado livre no lado
Paraguaio e Argentino, com a ocorrência de milhares de compradores “muambeiros”, tem
possibilitado a prática de contrabando e descaminho de toda sorte de produtos. Paralelamente, o
mercado financeiro se mobilizou para fazer frente a essa demanda, pois o mercado paraguaio
aceitava reais brasileiros – com a finalidade de criar mecanismos de retorno desses reais. Criados os
mecanismos, eles foram facilmente burlados por pelo menos cinco instituições financeiras, que
lucraram imensamente com a remessa ao exterior de bilhões de dólares.
152
Brasil traz de volta dólar desviado para EUA: Um acordo inédito permitirá ao
Brasil trazer de volta parte dos recursos remetidos por doleiros, ilegalmente, para os
EUA. Graças a um trabalho conjunto de procuradores brasileiros e promotores norte-
americanos, bloquearam-se US$ 20,5 milhões em 35 contas abertas no Merchants
Bank, de Nova York. Parte desse dinheiro, algo como US$ 5,766 milhões (ou R$
13,7 milhões) virá para os cofres do Tesouro do Brasil. Não se trata de uma
repatriação clássica, mas de uma repartição de verbas ilícitas entre os governos
norte-americano e brasileiro. Algo que jamais havia ocorrido antes (Blog do Josias,
em 04/08/07) (MPF).
84
Trabalho realizado pela Polícia Civil sobre GISP. Anexo IX.
155
85
Disponível em: <http://www.segurancacidade.org.br/susp/textos/pesp/pesp_mg.pdf>.
157
[...] Agora, uma questão que realmente ainda não foi devidamente resolvida
por essa política, que foi a integração do Executivo, dos órgãos das Polícias, do
Sistema Prisional, do Sistema Estadual de Segurança Pública com o Ministério
Público, Judiciário, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, principalmente,
Ministério Público e Judiciário. Isso devemos reconhecer, o Governo, a política de
Minas, tentou atuar sobre essa questão, através de um projeto, chamado Gabinete
Integrado de Segurança Pública, ou GISP. O que seria o GISP? O GISP seria a
Força-Tarefa institucionalizada e formalizada, seria isso (Gov. Est. MG).
[...] O GISP era uma coisa nova e as Instituições não a aceitavam; era vista
como uma “super Swat”. Eram quatro Delegados, hoje são dois. Eram vinte e um
Policiais Civis, hoje são dez [...]. Hoje, cada Instituição tem seu órgão de inteligência
e não repassa informações para as outras. Inclusive, dentro da própria Instituição,
não passam informações. Ex.: Delegado do setor da Inteligência, que fica no andar
acima do seu, não lhe informa sobre eventuais demandas ou dados, em que pese
que apenas os dois representem a Polícia Civil. Participou somente uma vez do
Conselho Gestor criado. Nunca mais foi chamado [...]. Não foi feito perfil para
verificar o servidor ideal para vir para o GISP. Também não há dúvida de que foi
criado para receber dinheiro da União com o PRONASCI. Sequer tem guardião.
Possuem um outro aparelho pior que está estragado (Manifestação da Polícia
Civil).
Não houve nada antes, não houve nada depois. E nessa Operação Ouro
Negro [...] houve um vazamento de informação. Ou seja, um grupo supostamente
elitizado, grupo supostamente de elite, um grupo supostamente dos melhores,
162
Funcionou bem assim até meados de 2006, quando aí tem uma nova gestão
na Secretaria, um novo grupo entra, um novo Secretário, reformulação geral [...]. O
Governador não tinha a mínima noção, nunca teve a mínima noção do que era o
GISP. Nunca teve. Isso nunca foi dito que era uma prioridade do governo. Talvez
tenha sido aí outro erro. Nós não transformamos isso numa, numa política do
governador. O Secretário que veio a seguir, inclusive, deixou claro que não
acreditava nisso, que não gostava do órgão, que não queria o órgão. E o órgão
entrou num processo de esvaziamento político, administrativo, grave.
1º aspecto: Falta de uma decisão política do Governador e do Secretário,
primeiro. Porque a falta de comprometimento do Secretário foi decisiva. 2º aspecto
de falha, talvez: a disseminação de informações, foi falha. Criou-se um estereótipo,
estigma em relação ao órgão, não se tinha clareza do que ele era. Acabou criando
resistência em relação a ele, principalmente no seio da Polícia Civil. Desnecessário.
Isso poderia ter sido melhor manejado. 3º aspecto: ausência de um comando único,
a coordenação colegiada não funcionou [...]. Faltava uma coordenação, o perfil que
era difícil decidir. Essa ausência dessa coordenação monocrática, isso significou que
não tinha alguém que falasse pelo órgão, não tinha alguém que resolvesse os
problemas pelo órgão, não tinha alguém que falasse e pleiteasse pelo órgão,
principalmente nesses momentos de esvaziamento político institucional que ele
sofreu. Isso, acho que foi o 3º aspecto decisivo do fiasco [...]. Criou uma competição
(Gov. Est. MG).
Não, não foi dado, não se definiu esse leque de [...]. Se definiu o seguinte,
que este atuaria a partir de demandas. Então, este foi outro aspecto. Tem um
aspecto interessante, ele só atuaria operacionalmente, a partir de demandas
definidas pelo Colegiado de coordenação dele. Então, não seria todo tráfico de
drogas, seria, por exemplo, se o Colegiado entendesse que havia um problema de
tráfico de drogas na região do triângulo mineiro, ele seria encarregado de atuar
(Gov. Est. MG).
86
Depoimento não gravado a pedido do Policial.
164
departamento do Estado, e não mais uma função institucional, uma função essencial
à justiça (MPMG).
O Oficial ouvido junto ao GISP referiu ser a idéia de integração válida. Porém,
há aqueles que acreditam que não teria êxito, pois seria apenas uma maneira
institucional e política para parecer que algo está sendo feito. Questionado se o
Major do andar de cima (Inteligência) poderia não lhe repassar informações acerca
de determinada demanda, respondeu que sim. Seria a teoria da Compartimentação,
isto é, Necessidade de Conhecer (PMMG)88.
87
Depoimento não gravado a pedido do Policial.
88
Depoimento não gravado a pedido do Oficial.
89
Depoimento não gravado a pedido do Policial.
167
[...] Essa falta de chefia, essa falta de uma cabeça pensante e coordenadora
foi uma das razões do GISP não vingar. O Modelo de gestão colegiada foi um fiasco.
Não funcionou e eu estou convencido de que não vai funcionar nunca. Se esse
caminho, talvez, tem que analisar as especificidades do processo mineiro,
obviamente, singularidades, nessa trajetória de experiências de Minas Gerais. Nada
impede que outro Estado possa pensar em reconstituir essa experiência em outros
moldes, não repetir os erros que foram cometidos aqui. Mas que me confesso
céptico, eu cada vez menos acredito que a gente possa fazer da Força-Tarefa algo
mais permanente. Ou seja, cada vez mais eu me convenço que os governos
estaduais vão ter que criar Forças-Tarefas específicas prá resolver problemas
específicos de criminalidade organizada. E delegar atribuições, tarefas, metas,
depois que isso for cumprido, se desfaz (Gov. Est. MG).
90
Anexo X.
91
Quando da criação do GISP, o Grupo de Combate ao Crime Organizado já existia e vinha atuando
exitosamente. Trabalhavam, inclusive, com um Guardião (Central de Comutação Digital, utilizado
para interceptar ligações) cedido pela Secretaria da Fazenda. O Ministério Público aderiu ao GISP,
mas não abriu mão do GCOC.
169
92
Exemplo de experiência realizada em Minas Gerais, através da Força-Tarefa: A “Força-Tarefa do
Gusa”, como ficou conhecida, originou-se após a morte de um assessor da Assembléia Legislativa
que revelou a existência da “máfia das notas fiscais frias” agindo no setor siderúrgico do Estado de
Minas Gerais. Composição: Ministério Público de Minas Gerais; Secretaria de Estado de Fazenda de
Minas Gerais; Polícia Militar e Polícia Civil. Importância: A criação dessa Força-Tarefa era necessária,
pois levantamentos iniciais evidenciaram fraudes que geravam prejuízos vultosos para o Estado,
sendo que em apenas um caso envolvendo uma das empresas, foi detectado um prejuízo no valor
de mais de R$ 70.000.000 (setenta milhões de reais). Metodologia: Diante da complexidade do caso
e da diversidade de agentes, foram instaurados três inquéritos policiais, havendo a indicação de um
membro de cada instituição para a condução dos trabalhos. Foram realizadas várias diligências:
localização e identificação de pessoas e lugares; obtenção de documentos; monitoramentos
telefônicos; quebra de sigilo bancário, dentre outros. Operação - 13/12/2005: Seleção das empresas
para busca e apreensão dentre as envolvidas, dada a limitação da capacidade de operacionalização
dos trabalhos: 22 empresas selecionadas; Planejamento da operação: Ministério Público,
SUFIS/DGP, Núcleo Fiscal junto ao Ministério Público, Polícia Militar e Polícia Civil, 22 buscas
administrativas; Participação de:160 fiscais da SEF;120 policiais Militares; 70 policiais civis; Ministério
Público de Minas Gerais (CAO- CRIMO), Rio de Janeiro e São Paulo; Cumprimento de 23 mandados
de busca e apreensão; Expedidos 26 mandados de prisão e cumpridos 23 nos Estados de Minas
Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo sendo:13 policiais Militares; 01 contabilista; 09 civis.
Concomitantemente foram oferecidas 02 denúncias contra as duas organizações criminosas, sendo
53 denunciados, dentre eles: 10 empresários; 01 contabilista; 13 policiais Militares; 03 representantes
comerciais. Resultados: Emissão de: 27 TAD; 13 BO. Apreensão de: 36 CPU; 340 caixas de
documentos; 65 agendas pessoais; 11 aparelhos de telefonia móvel; 01 máquina datilográfica.
Resultados levantamento das provas para embasamento do processo criminal junto à documentação
apreendida; autenticação dos arquivos magnéticos apreendidos; auditoria nas empresas objeto de
170
Agora, não tenha dúvida, que o Ministério Público não ter desmontado o
GCOC foi decisivo. Foi decisivo.
Pensando aqui, talvez, seja um dos elementos pra gente considerar. Porque
foram os mesmos, os que estavam no inicio, que permaneceram e que perduraram,
foram os mesmos. A questão e que, durante 2004, esse órgão praticamente não
funcionou, porque não teve sede. A Secretaria demorou quase um ano para
encontrar um espaço, um imóvel, pra comprar os equipamentos e prá por tudo para
funcionar. Só em 2005, primeiro semestre de 2005 conseguiu fazer isso. Houve uma
inoperância administrativa séria, mas do meu ponto de vista, é resultado de uma
falta de compromisso do Secretario de Defesa, ele não, ele, efetivamente, era um
dos que não estava convencido desse modelo.
Busca-se, neste momento, fazer uma breve referência sobre uma questão
que tem sido objeto de várias controvérsias e recursos à Instância Superior: o
eventual poder de investigação por parte do Ministério Público.
177
93
A prevalecer os termos da referida resolução pode ocorrer de fatos delitivos idênticos serem
apurados por meio de procedimentos distintos e por agentes públicos diversos, gerando insegurança
jurídica e competição entre a Polícia Judiciária e o Ministério Público, provocando ainda mais
descrédito nas instituições do Sistema de Segurança Pública e Justiça Criminal, em especial à
instituição eventualmente preterida. Tal constatação pôde ser verificada no depoimento prestado pelo
Policial Militar do GISP, por ocasião das entrevistas realizadas.
178
94
Andrade (2006) refere diversos argumentos contrários ao poder investigatório do Ministério Público,
rebatendo-os um a um, quais sejam: o art. 144, § 4º da Constituição Federal, o perigo de voltar ao
sistema inquisitivo, fere o princípio da igualdade de armas, fere o princípio da imparcialidade,
desrespeita o princípio da legalidade, trata-se de conduta exibicionista, há uma atuação parcial, temor
da volta à ditadura do Ministério Público, condenado com base nas investigações, esvazia trabalho
das Delegacias de Polícia e a ausência de controle externo. Para melhor exame: ver Ministério
Público e sua investigação criminal.
179
O Código de Processo Penal no seu parágrafo único, artigo 4º, não derrogada
pela Constituição Federal (ANDRADE, 2006, p. 203), e o seu artigo 47 prevêem a
investigação, quando o inquérito for deficitário. Como bem salienta Andrade (2006,
p. 206): ”[...] de há muito estaria implantada a cultura da investigação ministerial, se
o dispositivo em comento não fosse substituído pelos requerimentos endereçados à
Autoridade Judicial, que os repassa à Autoridade que presidiu o inquérito policial”.
A participação do Ministério Público durante a investigação criminal destina-
se a permitir que ele possa solicitar providências, desde o simples registro de uma
ocorrência policial até a conclusão do inquérito policial, respeitando a ampla defesa
(ANDRADE, 2006, p. 223).
Na realidade, conforme ressaltam Streck e Feldens (2003), a investigação
criminal exercida pelo Ministério Público não se consubstancia como uma regra
geral, e, sim, no plano da necessidade circunstancial.
Lemos Junior (2002, p.425) destaca que essa coordenação não pode ser
traduzida como enfraquecimento do órgão policial, mas ao contrário, “deve a Polícia
Judiciária descobrir que, apoiando-se nas mãos orientadoras do Ministério Público, o
trabalho policial fica mais prestigiado, mais forte, e distante de possíveis pressões
políticas ou gestões de advogados, o que é muito comum no Brasil”.
Ainda acrescenta:
Então, era o momento de definir com clareza quem faria a investigação. Se,
por exemplo, os inquéritos que pudessem ser instaurados no âmbito do gabinete
teriam que ser remetidos para uma unidade especializada da Polícia Civil, ou não.
Ao que nós não queríamos, nós queríamos que o gabinete, que o Delegado ali
tivesse autonomia para instaurar os inquéritos, sem ter que prestar contas à
Delegacia de Roubos de Carga, de tráfico de drogas, nessas divisões mais
especializadas. Aí começou a surgir, constatamos, as divisões especializadas da
Polícia Civil resistiam, ou temiam o GISP.
95
Disponível no site do STF: informação processual: <www.stf.gov.br/processos.HC 84548>. A
Justiça brasileira ainda não sedimentou uma solução para o assunto. Junto ao STJ, o Ministro Rel.
Paulo Medina observa que o texto da Lei Orgânica Nacional do Ministério Público não autoriza esse
órgão a instaurar inquérito policial, mas somente a requisitar diligências investigatórias e instauração
de inquéritos à autoridade policial. Contrariamente a esse entendimento, o ministro Nilson Naves
argumentou que as Polícias não têm direito exclusivo à investigação criminal. Além disso, para ele, se
por um lado não há texto normativo que mencione expressamente a possibilidade de o Ministério
181
Público conduzir investigações criminais, por outro, não há dispositivo legal em sentido oposto. O
entendimento de Naves foi seguido pelos demais Juízes do Tribunal.
182
96
Art. 127 Constituição Federal: O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função
jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos
interesses individuais indisponíveis. Art. 129. Da Constituição Federal: São funções institucionais do
Ministério Público: I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; II - zelar pelo
efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados
nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia; VIII - requisitar diligências
investigatórias e a instauração de inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas
manifestações processuais; IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que
compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a representação judicial e a consultoria jurídica de
183
entidades públicas. LC75/93: Art. 8º Para o exercício de suas atribuições, o Ministério Público da
União poderá, nos procedimentos de sua competência: I - notificar testemunhas e requisitar sua
condução coercitiva, no caso de ausência injustificada; II - requisitar informações, exames, perícias e
documentos de autoridades da Administração Pública direta ou indireta; III - requisitar da
Administração Pública serviços temporários de seus servidores e meios materiais necessários para a
realização de atividades específicas; IV - requisitar informações e documentos a entidades privadas;
V - realizar inspeções e diligências investigatórias; VI - ter livre acesso a qualquer local público ou
privado, respeitadas as normas constitucionais pertinentes à inviolabilidade do domicílio; VII - expedir
notificações e intimações necessárias aos procedimentos e inquéritos que instaurar; VIII - ter acesso
incondicional a qualquer banco de dados de caráter público ou relativo a serviço de relevância
pública; IX - requisitar o auxílio de força policial. Lei n. 8.625, de 12 de Fevereiro de 1993. Art. 26.
No exercício de suas funções, o Ministério Público poderá: I - instaurar inquéritos civis e outras
medidas e procedimentos administrativos pertinentes e, para instruí-los: a) expedir notificações para
colher depoimento ou esclarecimentos e, em caso de não comparecimento injustificado, requisitar
condução coercitiva, inclusive pela Polícia Civil ou Militar, ressalvadas as prerrogativas previstas em
lei; b) requisitar informações, exames periciais e documentos de autoridades federais, estaduais e
municipais, bem como dos órgãos e entidades da administração direta, indireta ou fundacional, de
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; c) promover
inspeções e diligências investigatórias junto às autoridades, órgãos e entidades a que se refere a
alínea anterior; II - requisitar informações e documentos a entidades privadas, para instruir
procedimentos ou processo em que oficie; III - requisitar à autoridade competente a instauração de
sindicância ou procedimento administrativo cabível; IV - requisitar diligências investigatórias e a
instauração de inquérito policial e de inquérito policial militar, observado o disposto no art. 129, inciso
VIII, da Constituição Federal, podendo acompanhá-los; V - praticar atos administrativos executórios,
de caráter preparatório; VI - dar publicidade dos procedimentos administrativos não disciplinares que
instaurar e das medidas adotadas; VII - sugerir ao Poder competente a edição de normas e a
alteração da legislação em vigor, bem como a adoção de medidas propostas, destinadas à prevenção
e controle da criminalidade; VIII - manifestar-se em qualquer fase dos processos, acolhendo
solicitação do juiz, da parte ou por sua iniciativa, quando entender existente interesse em causa que
justifique a intervenção. § 1º As notificações e requisições previstas neste artigo, quando tiverem
como destinatários o Governador do Estado, os membros do Poder Legislativo e os
desembargadores, serão encaminhadas pelo Procurador-Geral de Justiça. § 2º O membro do
Ministério Público será responsável pelo uso indevido das informações e documentos que requisitar,
inclusive nas hipóteses legais de sigilo. § 3º Serão cumpridas gratuitamente as requisições feitas pelo
Ministério Público às autoridades, órgãos e entidades da Administração Pública direta, indireta ou
fundacional, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. §
4º A falta ao trabalho, em virtude de atendimento à notificação ou requisição, na forma do inciso I
deste artigo, não autoriza desconto de vencimentos ou salário, considerando-se de efetivo exercício,
para todos os efeitos, mediante comprovação escrita do membro do Ministério Público. § 5º Toda
representação ou petição formulada ao Ministério Público será distribuída entre os membros da
instituição que tenham atribuições para apreciá-la, observados os critérios fixados pelo Colégio de
Procuradores. Resolução n. 13, de 02 de outubro de 2006. O Conselho Nacional do Ministério
Público, no exercício das atribuições que lhe são conferidas pelo artigo 130-A, § 2º, inciso I, da
Constituição Federal e com fulcro no art. 64-A de seu Regimento Interno, Considerando o disposto no
artigo 127, caput e artigo 129, incisos I , II,VIII e IX, da Constituição Federal,Considerando o que
dispõem o art. 8° da Lei Complementar n.º 75/93, o art. 26 da Lei n.º 8.625/93 e o art. 4º, parágrafo
único, do Código de Processo Penal;Considerando a necessidade de regulamentar no âmbito do
Ministério Público, a instauração e tramitação do procedimento investigatório criminal; RESOLVE:
Capítulo I DA DEFINIÇÃO E FINALIDADE Art. 1º O procedimento investigatório criminal é
instrumento de natureza administrativa e inquisitorial, instaurado e presidido pelo membro do
Ministério Público com atribuição criminal, e terá como finalidade apurar a ocorrência de infrações
penais de natureza pública, servindo como preparação e embasamento para o juízo de propositura,
ou não, da respectiva ação penal. Parágrafo único. O procedimento investigatório criminal não é
condição de procedibilidade ou pressuposto processual para o ajuizamento de ação penal e não
exclui a possibilidade de formalização de investigação por outros órgãos legitimados da
Administração Pública. Capítulo II DA INSTAURAÇÃO Art. 2º Em poder de quaisquer peças de
informação, o membro do Ministério Público poderá: I – promover a ação penal cabível; II – instaurar
procedimento investigatório criminal; III – encaminhar as peças para o Juizado Especial Criminal,
caso a infração seja de menor potencial ofensivo; IV – promover fundamentadamente o respectivo
184
97
Em 10.10.2006, A Associação dos Delegados de Polícia do Brasil ajuizou Ação Direta de
Inconstitucionalidade (Adin 3806) contra referida resolução, junto ao no Supremo Tribunal Federal
(STF). Segundo a conselheira Janice Ascari (CNMP), o STF terá que avaliar duas questões: se os
Conselhos Nacionais podem editar resoluções e se o Ministério Público tem poder de investigação.
Quanto à primeira, disse estar tranqüila, pois o Supremo já entendeu que os Conselhos têm poder
normativo, tanto o CNMP quanto o Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Em relação à segunda, é
preciso aguardar o julgamento. Em 13.02.08: conclusos. Disponível em: <www.stf.gov.br>.
98
Os documentos juntados referentes à atuação da FTRS demonstram que ora a operação era
coordenada pela Polícia Civil, ora pelo Ministério Público, sem que houvesse qualquer referência
quanto à validade das provas apuradas - Anexo X II.
187
CONCLUSÃO
[...] Assim, vamos passando as páginas e a cada novo texto, um retrato quase expressionista, forte,
marcante, de um Brasil muitas vezes ameaçado fora e dentro dos próprios mecanismos de
segurança, vê sua oferta de cidadania mostrar-se frágil. É preciso ir além. É preciso reformar. É
preciso ajustar. É preciso refletir e encarar o cenário entre sombrio e contraditório de quadros, que
optam mais pelo corporativismo do que pela missão essencial que a sociedade lhe destinou.
Benedito Domingos Mariano
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Pedro Jorge de Melo e Silva, Associação Nacional de Procuradores da República e
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SITES CONSULTADOS
ANEXOS
ANEXO V: FTRS
Texto:
Decreta:
CONSIDERANDO
1
GOVERNO DE MINAS GERAIS
SECRETARIA DE ESTADO DE DEFESA SOCIAL
RESOLVEM
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
CAPÍTULO II
DO CONSELHO GESTOR
2
GOVERNO DE MINAS GERAIS
SECRETARIA DE ESTADO DE DEFESA SOCIAL
CAPÍTULO III
DA SECRETARIA EXECUTIVA
CAPÍTULO IV
3
GOVERNO DE MINAS GERAIS
SECRETARIA DE ESTADO DE DEFESA SOCIAL
CAPÍTULO V
4
GOVERNO DE MINAS GERAIS
SECRETARIA DE ESTADO DE DEFESA SOCIAL
CAPÍTULO VI
CAPÍTULO VII
5
GOVERNO DE MINAS GERAIS
SECRETARIA DE ESTADO DE DEFESA SOCIAL
Seção I
Dos Coordenadores
CAPÍTULO VIII
DISPOSIÇÕES FINAIS
6
GOVERNO DE MINAS GERAIS
SECRETARIA DE ESTADO DE DEFESA SOCIAL
Delegado Geral de Polícia OTTO TEIXEIRA FILHO Cel. PM SÓCRATES EDGAR DOS ANJOS
Chefe da Polícia Civil do Estado de Minas Gerais Comandante Geral da Polícia Militar do Estado de
Minas Gerais
7
ANEXO ÚNICO À RESOLUÇÃO CONJUNTA 016/05
SECRETARIA
EXECUTIVA
Clipping
Voltar
Segurança Pública
Força-tarefa interdita desmanches na Capital
Cinco pessoas foram presas, duas pelo furto de energia e três por receptação e adulteração de numeração
Um trecho da Avenida Sertório, entre a Assis Brasil e a Baltazar de Oliveira Garcia, na zona norte de Porto Alegre, foi fechado para o trânsito ontem à tarde.
Sem o movimento normal da via, pôde ser realizada a operação Força Total, nome dado à união entre Polícia Civil, Brigada Militar, Secretaria Estadual da Fazenda e
Secretaria Municipal da Indústria, Produção e Comércio (Smic) contra os desmanches de veículos.
Até o final da tarde, em um dos estabelecimentos visitados pela polícia, quase na Avenida Baltazar de Oliveira Garcia, ainda se contavam peças e pedaços de carros sem
numeração. Motores, portas, tetos eram juntados no pátio e recompunham o que antes havia sido um automóvel.
- A numeração identificadora do vidro traseiro foi removida propositadamente. É uma pena que essas outras partes dos carros, como as portas, não tenham número de
fábrica. Ajudaria bastante - comentava no local o titular da Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos (DFRV), Eduardo de Oliveira Cesar.
Às 14h11min, dezenas de viaturas com sirenes e luminosos ligados avisavam que algo importante iria ocorrer. Batedores de moto da Empresa Pública de Transporte e
Circulação (EPTC) e da BM fechavam as ruas para deixar o comboio seguir.
Segundo o diretor do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), delegado Ranolfo Vieira Júnior, a ação foi concentrada em seis locais, quase na esquina
com a Baltazar. Todos foram interditados, mas cinco deles por irregularidades fiscais, o que era um dos objetivos da força-tarefa ao agregar fiscais da Receita Estadual.
Os produtos mais valiosos, como motores e caixas de câmbio, foram recolhidos.
- Trabalham sem nota fiscal, sem recolher impostos, irregulares nesse sentido. E havia furto de energia elétrica - explicou o diretor do Deic.
Em uma das lojas, havia carros retalhados, sem sinal de acidente ou batida. Até ontem, pelo menos cinco veículos foram identificados como furtados ou roubados, entre
eles um Fox, um Honda Civic, um Gol e um Golf. Cinco pessoas foram presas, duas por furto de energia e três por receptação e adulteração de numeração
identificadora. Hoje, em entrevista, a polícia deverá divulgar os números finais da operação, que foi comemorada ontem mesmo:
- Olha, de legal aqui, só mesmo a nossa operação. Eles não têm documentação, não têm nota fiscal, não têm ligação elétrica, nem segurança contra incêndio. Estão
atuando aqui de forma clandestina - afirmou o coronel Paulo Roberto Mendes.
Intranet
SEGURAN ÇA PÚBLICA
Força-tarefa vai percorrer os salões
Fonte:Correio do Povo (tachado por brunaq em 15/02/2007 13:26)
Ação protegerá menores em Santa Cruz. Em Bento, jovens terão ônibus a R$ 1,00 após os
bailes.
A formação de uma força-tarefa para coibir a venda de bebidas alcoólicas a menores durante o
Carnaval em Santa Cruz do Sul foi acertada durante reunião realizada ontem na sede do
Ministério Público. A fiscalização terá a participação do Conselho Tutelar, Conselho Municipal dos
Direitos da Criança e do Adolescente, Conselho Municipal Antidrogas, Brigada Militar e
secretarias municipais de Turismo, Saúde e Fazenda.
A força-tarefa deverá ingressar nos salões durante os bailes de Carnaval, para verificar se não
há menores consumindo bebidas alcoólicas. Conforme a promotora da Infância e da Juventude,
Simone Spadari, a questão voltará a ser debatida durante uma audiência pública marcada para
as 9h desta quinta-feira. Estão convidados associações de bairros, a Polícia Civil, blocos
carnavalescos e os proprietários dos estabelecimentos.
Em Bento Gonçalves, o núcleo Rafael Fracalossi, ligado ao projeto Vida Urgente, vai desenvolver
campanha de conscientização de jovens durante o Carnaval. Além de alertar sobre os perigos do
trânsito, a entidade oferecerá um ônibus para transportar os adolescentes ao final das noitadas.
A Coordenadora do núcleo, Maria Tereza Fracalossi, reconhece que o sucesso da iniciativa
depende do apoio da maior quantidade possível de jovens. 'Não estaremos suplicando para que
não bebam. Acho que devem mesmo se divertir, mas saber o que estão fazendo e que em casa
há seus pais esperando', comenta. O projeto Carona Consciente acontecerá durante o Carnaval
da Billy, que será realizado em parceria com a Fenavinho Brasil de amanhã até domingo, no
Parque de Eventos.
O núcleo terá um quiosque no local para cadastrar jovens interessados em voltar para casa de
ônibus. O veículo sairá do parque às 5h e a passagem custará apenas R$ 1,00 'Estaremos
deixando os jovens praticamente em frente à porta de suas casas', explica a coordenadora. A
organização da festa também oferecerá ônibus a R$ 1,00, com saída às 5h30min e paradas em
locais definidos.
(C)Ministério Público - RS
MEIO AMBIENTE
Força-tarefa estoura criatório de galos de rinha
Fonte:O Informativo (tachado por rmelz em 03/08/2007 17:40)
Raça aprimorada
A origem dos galos comercializados por Kern, segundo o Ibama, é asiática. Vindos da Índia, os animais são
aprimorados no Brasil mediante cruzamento de raças. "Eles têm pouca gordura, são mais leves, têm patas mais
largas e grossas e cristas menores. Além disso, são agressivos de nascença", explicam os fiscais. "São aves
mutiladas para não ficar tão feridas em lutas, e seus tratadores costumam utilizar meios artificiais para deixá-
las mais bravas", acrescenta. Nas rinhas - eventos dos quais Kern afirma que não participa - são presas
biqueiras e esporas de metal de até 12 centímetros, para que os ferimentos nos oponentes sejam mais sérios.
Kern negocia as aves em diversos estados e até mesmo para alguns países do Mecosul. De acordo com a
Promotoria Especializada Criminal, envia ovos e pintos, além de galos adultos, de avião para seus compradores.
"Nas escutas chegamos a gravar apostas de brigas que valiam até carros", revela um dos fiscais. "Galistas
costumam viajar para a Europa e Ásia em busca de aves melhores. Kern é conhecido nacionalmente pelo
montante de sua comercialização."
De acordo com o fiscal, a criação desses animais não é crime, mas a incitação aos maus-tratos é. "O Rio Grande
do Sul tem uma cultura de galos de rinha, assim como Santa Catarina tem a farra do boi, a Amazônia tem a
matança de golfinhos e o Nordeste tem a criação de pássaros em gaiolas", completa o servidor.
Saiba mais
As rinhas de galo em geral têm regras definidas antes das lutas ou próprias de cada rinhadeiro. Há algumas
chamadas de "oficiais", porém não o são por se tratar de um crime. Conforme o capitão Rodrigo Gonçalves dos
Santos, as mais usuais são:
As lutas podem ser até a morte de um dos oponentes ou até que um deles comece a fugir dentro do ringue, ou
até que um dos criadores suspenda o combate.
Secretário
Executivo
CCCO CPA CI
Centro de
Operações de
Centro Centro de Centro de Inteligência
Apuração de Procedimentos Operações
Crimes contra Formais Técnico
Policiais e Científica
Autoridades
RECURSOS HUMANOS – POLÍCIA CIVIL
Por Coordenadoria
• Coordenadoria de Combate Crime Organizado
– 1 Delegado de Polícia – Coordenador
– 1 Escrivão
– 5 Agentes
• Coordenadoria de Proteção a Autoridades
– 4 Agentes
• Coordenadoria de Inteligência
– 1 Delegado de Polícia – Coordenador
– 2 Agentes
RELACIONAMENTO COM AS DEMAIS
INSTITUIÇOES INTEGRANTES DO GABINETE
• A Polícia Civil vem se relacionando muito bem
com todas as demais instituições que compõem
o Gabinete Integrado.
– SEDS – 05 (cinco)
– PM – 01 (um)
– MP – 01 (um)
– PC – 47 (quarenta e sete)
ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
Coordenadoria de Proteção a Autoridades
Agenciadores de carga
• utilizavam de batedores;
STREET METAIS
FAVORECIDAS E CLIENTES
CLIENTES
OBS.: CONTATO S ESTABELECIDOS CO M RILDO O U NÔ FORAM
REALCIO NADO S A NÉLSO N VICENTE, UMA VEZ Q UE SÓ PRESTAVAM
SERVIÇOS PARA O M ESM O
“MÁFIA DO GUSA”
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Origem: Divinópolis
Destino: RJ e SP
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“MÁFIA DO GUSA”
BENEFICIÁRIAS
• 22 empresas selecionadas;
• 22 buscas administrativas;
• Participação de:
− 160 fiscais da SEF;
− 120 policiais militares;
− 70 policiais civis;
− Ministério Público de Minas Gerais (CAO-
CRIMO), Rio de Janeiro e São Paulo.
“MÁFIA DO GUSA”
OPERAÇÃO - 13/12/2005
• Apreensão de:
- 36 CPU;
- 340 caixas de documentos;
- 65 agendas pessoais;
- 11 aparelhos de telefonia móvel;
- 01 máquina datilográfica.
“MÁFIA DO GUSA”
RESULTADOS
• Instrução;
• Perícias;
• Análise documental;
• Testemunho.
“MÁFIA DO GUSA”
DIFICULDADES OPERACIONAIS
• Dimensão geográfica;
• Falta de pessoal;
• Compartimentação das informações;
• Disponibilização de veículos adequados;
• Tempo entre comunicação e elaboração
das diligências.
“MÁFIA DO GUSA”
PRINCIPAIS DIFICULDADES
Lei 9.249/95
Lei 9.430/96
Lei 9.430/96
Lei 10.684/03
Art. 9o. É suspensa a pretensão punitiva do Estado,
referente aos crimes previstos nos arts. 1º e 2º da Lei
nº 8.137, de 27 dezembro de 1990, e nos arts. 168A e
337A do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de
1940 – Código Penal, durante o período em que a
pessoa jurídica relacionada com o agente dos aludidos
crimes estiver incluída no regime de parcelamento.
“MÁFIA DO GUSA”
PRINCIPAIS DIFICULDADES
Lei 10.684/03
§ 1o A prescrição criminal não corre durante o
período de suspensão da pretensão punitiva.
CAO-CRIMO
TEL: (31) 3250.5050
e-mail: [email protected]
CAO-ET
TEL: (31) 3337.1420
e-mail: [email protected]
Estado do Rio Grande do Sul
Ministério Público
Clipping
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Hora de cobrar a dívida
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Se a polícia não faz, o MP faz
Fonte:Clicrbs (tachado por pauladr em 07/05/2007 14:31)
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01/02/2007 - Crime
Caça-níqueis apreendidas em Uruguaiana
Por: Jorn. Celio Romais
Foram recolhidas 212 máquinas. A operação foi desencadeada pelo Ministério Público, Polícias Civil, Federal e Militar
O Ministério Público requereu a busca e apreensão de máquinas caça-níqueis em 11 locais na área central da cidade gaúcha de
Uruguaiana. Durante o cumprimento dos mandados judiciais foram apreendidas 212 máquinas caça-níqueis, talonários e listas do
jogo do bicho, R$ 102 mil, mil e 400 dólares, mil e 69 pesos, além de R$ 16 mil em cheques.
As buscas foram coordenadas pelas promotoras Carolina Barth Loureiro, Danieli de Cássia Coelho e Renata Pinto Lucena. Elas
contaram com o auxílio do promotor Gerson Daiello Moreira, coordenador da Força-Tarefa Operação Bingo. Também participou dos
trabalhos o procurador da República Bruno Baiocchi Vieira. A Operação conjunta contou, ainda, com a participação das Polícias Civil,
Federal e Militar, encarregadas da apreensão e do lacre dos equipamentos que serão posteriormente periciados pelo Instituto-Geral
Caça-níqueis de Perícias.
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E X E C U ÇÕ E S C R I M I N A I S
Desde abril já foram apreendidos 2.206 caça-níqueis na região
Fonte:Jornal NH (tachado por rmelz em 18/06/2007 13:59)
Ações conjuntas entre Ministério Público (MP), Brigada Militar (BM) e Polícia Civil apertaram o cerco
em torno dos jogos de azar, universo abastecido, principalmente, por máquinas caça-níqueis. As
operações começaram em 12 de abril e, até sexta-feira passada, em dois meses, 2.206 equipamentos
desse tipo foram apreendidos em nove cidades dos Vales do Sinos e Caí, além de grandes somas em
dinheiro e materiais de informática. A maior apreensão do ano aconteceu em São Leopoldo, onde
foram recolhidas, em duas operações, nos dias 10 de maio e sexta-feira passada, um total de 1.222
máquinas. Em todo o Rio Grande do Sul, o Ministério Público estima que tenham sido recolhidas
aproximadamente 5 mil máquinas, apenas entre nos meses de maio e junho deste ano. De acordo
com o promotor de Justiça do Ministério Público do Estado e integrante da Força-Tarefa Bingos Fábio
Costa Pereira, a maior parte do jogo ilegal está concentrada nos grandes conglomerados urbanos, que
representam uma quantidade maior de circulação de dinheiro. “É o aspecto mercadológico em
questão: os jogos vão para onde há mais clientes’’, explica. Apesar de diferentes legislações que ora
proíbem, ora autorizam a abertura de bingos mediante liminares da Justiça, o promotor ressalva que
em nenhum momento houve uma lei que autorizasse o funcionamento de máquinas caça-níqueis.
FLAGRA - Entretanto, atividades desse tipo continuam comuns em pequenos bares e bingos dos
centros urbanos, como o local flagrado pela reportagem do Jornal NH no bairro São José, em Novo
Hamburgo, na sexta-feira passada, onde caça-níqueis funcionavam sem nenhuma restrição. No local,
máquinas eram utilizadas para divertimento público, recolhendo dinheiro de usuários. Pereira enfatiza,
porém, que nenhum local, por menor que seja, tem autorização legal para manter esses
equipamentos. “Eles são organizados e dissimulados, por isso atuamos em todos os locais, do grande
ao pequeno explorador. É um jogo de gato e rato, eles na atividade deles e nós na nossa.’’ A Força-
Tarefa atua desde 2002 na luta contra os jogos de azar de qualquer tipo, interpretados como
contravenção penal. Este ano, a atividade ganhou maior visibilidade devido às parcerias com outros
órgãos de repressão, como o Instituto Geral de Perícia (IGP), Polícia Federal, Receita Federal, Polícia
Civil e Brigada Militar. “Esse trabalho conjunto permitiu a realização de mais ações e resultados mais
expressivos’’, avalia o promotor, que considera o jogo ilegal um problema social sério que precisa ser
combatido.
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Casa de jogos tinha 188 caça-níqueis
Autoridades concretizaram ontem uma das maiores apreensões de caça-níqueis em um só estabelecimento já realizadas em Porto Alegre.Foram recolhidos 188
máquinas do Café Europa, casa de jogos no bairro Passo dAreia, zona norte da Capital. No local, também foram apreendidos R$ 117 mil que estavam dentro das
máquinas e no caixa.
O Café estava na mira da Polícia Civil desde o final do ano passado, mas o estabelecimento funcionava amparado por um mandado de segurança expedido pelo 2º
Juizado Especial Criminal. A ordem impedia que o delegado Cléber Ferreira, diretor do Departamento de Polícia Metropolitana, recolhesse equipamentos do café.
Contrariados, promotores que integram a força-tarefa contra bingos - composta pelos ministérios públicos Estadual e Federal, Advocacia-geral da União, Receita
Federal, e as polícias Federal, Civil e Militar - recorreram ao Tribunal de Justiça do Estado. Na quinta-feira passada, a liminar em favor do Café Europa foi cassada.
- Entendíamos que, apesar do impedimento ao delegado Cléber, a força-tarefa tinha poderes para fazer o recolhimento, mas, mesmo assim, preferimos aguardar a
decisão do TJ - comentou o promotor Fábio Costa Pereira.
Após a publicação do acórdão, Pereira ingressou com um pedido de busca e apreensão das máquinas, e a ordem foi concedida na sexta-feira. No dia seguinte, o local foi
lacrado por policiais. A ação ocorreu por volta das 16h30min, quando cerca de 200 pessoas ocupavam os dois salões do café. Segundo o delegado Herbert Ferreira,
diretor da Delegacia de Polícia Regional de Porto Alegre, havia filas para jogar em algumas máquinas com premiação acumulada.
- Vinha gente de outras cidades e até de outros Estados, tentando ganhar R$ 40 mil ou R$ 50 mil - comentou o policial.
Os equipamentos foram lacrados no sábado e levados ontem à tarde para um depósito da Receita Federal. Dois caminhões foram usados para o transporte. Em
operações anteriores, máquinas lacradas ficaram nos próprios bingos porque a polícia não dispunha de espaço.
Guardados em local adequado, os equipamentos serão periciados. Se ficar comprovada a presença de componentes eletrônicos estrangeiros contrabandeados, a Receita
Federal deverá decretar a perda e a destruição dos caça-níqueis. Além da medida administrativa, o Ministério Público Federal será acionado para abertura de um
inquérito por crime de contrabando. Em paralelo, a Polícia Civil instaurou um termo circunstanciado - espécie de inquérito - por exploração de jogo de azar, previsto na
Lei das Contravenções Penais.
O proprietário do Café Europa, que se identificou apenas como Leandro, evitou falar sobre o assunto. Desde o ano passado, a força-tarefa recolheu cerca de 2,5 mil
caça-níqueis na Capital e cidades vizinhas.
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17/10/2007 - Crime
Operação busca caça-níqueis na capital gaúcha
Por: Jorn. Marco Aurélio Nunes
Arquivo/MP
Ação conjunta vasculha estabelecimentos de Porto Alegre atrás de máquinas caça-níqueis
Mais de mil caça-níqueis. Esta é a previsão de apreensão de máquinas que o Ministério Público está fazendo dentro da Operação
Pé-de-Cabra, iniciada nesta manhã, em Porto Alegre. A ação conjunta da Especializada Criminal e o Comando de Policiamento da
Capital (CPC) da Brigada Militar, envolve todos os bairros da Capital. O promotor de Justiça Ricardo Herbstrith revelou que 170
mandados de busca e apreensão estão sendo cumpridos por soldados dos batalhões e, inclusive, do BOE – Batalhão de Operações
Especiais.
Ricardo Herbstrith explicou que recebeu um levantamento da Brigada Militar sobre a exploração de jogos de azar. “O objetivo é
apertar o cerco ao crime organizado”, frisou o representante do Ministério Público que, às 9h desta quarta-feira, estava dentro de
uma casa de jogos da avenida Assis Brasil 6482, na Zona Norte. No local os agentes apreenderam 155 equipamentos que
acabaram lacrados. Mais estabelecimentos espalhados por quase todos os bairros, inclusive na Restinga, seriam visitados.
A operação que está sendo desencadeada foi solicitada pelo Ministério Público e deferida pela Justiça de Porto Alegre. As máquinas localizadas em bares, restaurantes e
casas de jogos em zonas da cidade serão lacradas e os responsáveis pelos estabelecimentos identificados. Os valores em dinheiro recolhidos na ação serão depositados
em uma conta judicial. No final do dia os responsáveis pela ação conjunta terão um balanço definitivo da Operação Pé-de-Cabra.
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27/06/2007 - Crime
"Gabarito" sai e lista implicados
Por: Jorn. Marco Aurélio Nunes
Operação simultânea do Ministério Público para frear fraudadores de concursos públicos iniciou às
8h45min em várias cidades e está sendo aprovada
Um grande esquema armado para fraudar concursos públicos foi descoberto e desmontado pela
Promotoria Especializada Criminal da Capital. A operação “MP-Gabarito”, desencadeada cedo da
manhã desta quarta-feira, de forma simultânea, utilizou mais de cem homens para cumprir
Agentes vasculharam tudo...
mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça. As diligências foram efetuadas na
Capital e em cidades do Interior do Estado com apoio de efetivo da Brigada Militar. Há 27
pessoas envolvidas acusadas de fraude em licitações, falsidade ideológica, corrupção e formação
de quadrilha.
Fotos/Marco A. Nunes:
Foram identificados pela Força-Tarefa do Ministério Público sete prefeitos, dois vice-prefeitos e 18
Rockenbach chefiou operação
empresários. A investigação e a ação que barrou os quadrilheiros foi coordenada pelo promotor
de Justiça Mauro Rockenbach. O Ministério Público chegou a pedir as prisões temporárias dos envolvidos, mas o Tribunal de Justiça do ...em escritório de Carlos
Estado entendeu que, por enquanto, não havia necessidade da segregação. O subprocurador-geral de Justiça para Assuntos Barbosa
Institucionais, Eduardo de Lima Veiga, destacou a ação em rede que mobilizou cerca de 30 Promotores de Justiça do Interior e da
Capital “preocupados em zelar pela probidade da administração pública”.
MANIPULAÇÃO
Os agentes estiveram em 24 empresas e residências dos municípios de Sananduva, Marau, Camargo, Passo Fundo, Nonoai, Sarandi,
Carazinho, Carlos Barbosa, Garibaldi, Nova Prata, Tapejara, Trindade do Sul e Porto Alegre. Eles fizeram o chamado “congelamento”
dos locais para proceder a busca e apreensão e notificar os implicados. Treze empresas escolhidas através de licitações para organizar Promotor analisou documentos
concursos públicos municipais e que, praticamente, zonearam as regiões Norte e Central do Estado, estão envolvidas na manipulação
de resultados para favorecer apadrinhados de Administrações Municipais. Foi apurado que pelo menos 35 cidades tiveram concursos
fraudados pelas empresas que cobravam, em média, R$ 20 mil para realizarem as provas.
CARTA-CONVITE
Documentações de licitações de concursos realizados entre empresas prestadoras de serviços com Prefeituras comprovam as graves
Volantes com grades de
irregularidades cometidas. O esquema funcionava através do sistema de carta-convite: modalidade de licitação entre interessados do
respostas
ramo que acontece com participação de um número mínimo de três empresas para cotação dos valores estabelecidos para realização
do concurso.
EMPRESAS
Pelas provas colhidas estão implicadas as empresas “Marcesa” de Sananduva, “LVS” de Carlos Barbosa, “Themma Concursos” e
“Exactu” de Nonoai, “Digibem” de Camargo e Marau, “Compac” de Trindade do Sul, “Assessoria Municipalista” de Sarandi, “Vital
Concursos” de Carazinho, “Dinâmica” de Veranópolis, “Municipium” de Nova Prata e “Triade & Associados” de Porto Alegre. Os Anúncio de carta-convite
principais envolvidos são: Mário César Sauer, da Marcesa, considerado o grande articulador das fraudes junto com outras empresas;
Fernando Henrique Gabriel, policial civil em Nonoai e sócio-proprietário da Themma e que fazia contatos; e Julcemar João Bernardi,
funcionário da Digibem com sedes em Marau e Camargo. Eles eram responsáveis pelos ajustamentos de valores e manipulação do
resultado dos concursos.
INVESTIGAÇÕES
As investigações iniciaram em novembro do ano passado, quando chegaram ao Ministério Público suspeitas de irregularidades em Relação de cidades com
concursos públicos feitos em São José do Ouro e Sananduva. Logo a Promotoria Especializada teve certeza de que os fatos não eram concursos
isolados e o esquema era bem maior. No município de Paim Filho, por exemplo, uma mulher que rodou no concurso para o cargo de
Agente de Saúde foi colocada em primeiro lugar. Em Campestre da Serra, uma candidata que ficou classificada em último lugar para o
cargo de Professora de Pedagogia “Educação Infantil”, foi fixada também em primeiro lugar.
FRAUDE
A fraude era simples: a empresa contratada para fazer o concurso público corrigia as provas e, em seguida, informava à
Força-Tarefa enfrentou neblina
Administração do Município o resultado. Tendo uma lista daqueles que deveriam “passar” no certame, o interessado alterava a
da serra
classificação de seus “apadrinhados”. Após, o concurso era homologado pela Administração Municipal e o resultado “oficial” era
divulgado. Também foi apurado pelos agentes a venda de gabaritos de provas para candidatos inscritos nos concursos de Nova Prata
e Cotiporã. O promotor de Justiça Mauro Rockenbach disse que estão implicados os prefeitos e os vices dos municípios de Vanini e
Paim Filho, e os prefeitos de Herveiras, Novo Tiradentes, Pinhal da Serra, Campestre da Serra e Rio dos Índios.
TRABALHO
O trabalho do Ministério Público foi dividido em quatro fases: a primeira em Sananduva, a segunda em São José do Ouro e a terceira Um dos escritórios visitados
em Sobradinho. A última etapa se concentrou junto à 4ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça, responsável pelo julgamento de
Prefeitos. O promotor de Justiça Mauro Rockenbach comentou que "trata-se de uma organização criminosa formada por empresários e administradores municipais, que
se estruturou com propósito único de dilapidar os cofres dos conhecidamente carentes municípios gaúchos, em um perfeito consórcio de rapinagem que age há mais de
vinte anos. Uma verdadeira máfia".
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23/10/2007 - Crime
Estelionatários barrados pela Criminal
Por: Jorn. Marco Aurélio Nunes
A quadrilha dedicada a fraudar bancos, lojas e que ainda tem como vítimas pessoas aposentadas, vinha agindo na Região ...comandada pelo promotor João
Metropolitana e no Interior. O grupo é monitorado há seis meses pelos agentes da Força-Tarefa. A Promotoria de Justiça Especializada Nunes
Criminal acredita que pelo menos 40 pessoas participam, principalmente como “laranjas”, da organização que está sendo
desmantelada. As apurações do Ministério Público seguem para identificá-las. Em Porto Alegre, os mandados foram cumpridos nos
bairros Centro, Santana, Sarandi, Glória, Vila Nova, Restinga e Lami.
DOCUMENTOS
O bando conseguia dados de aposentados diretamente do INSS – como o extrato de benefício – que contém informações
privilegiadas, e com base nesse documento “montava uma nova pessoa”, explica o promotor de Justiça João Nunes. A partir desse Documentos foram vasculhados
momento vários outros documentos como carteira de identidade, recibo de IPTU, matrícula de imóveis e contracheques, eram e...
falsificados para obtenção de empréstimos bancários. Para não serem descobertos os implicados tinham o cuidado de alterar apenas o
endereço da pessoa em que se apoderaram dos dados. Após, utilizavam uma empresa radicada no mercado para fazer a
intermediação do empréstimo junto aos bancos.
VÍTIMAS
A investigação da Força-Tarefa apurou que o grupo obtinha uma média de 10 empréstimos por mês na rede bancária. “Depois de
...recolhidos para obtenção de
aberta a conta na agência, o laranja sacava todo o dinheiro depositado com o cartão bancário que recebia”, frisa João Nunes. A
provas
Especializada Criminal estima que há, pelo menos, 100 vítimas dentre pessoas físicas e jurídicas desse grupo que no período de um
ano também aplicou golpes em cidades como Santa Cruz do Sul, Caxias do Sul e Bagé. “Cada um exerce uma função dentro da
organização que possui muitos laranjas”, disse o Promotor de Justiça, adiantando que 14 membros estão identificados.
CERTIDÃO
Outro golpe característico do bando que, de acordo com João Nunes, “falsifica de maneira bem feita documentos públicos e privados”,
era praticado a partir de uma certidão de nascimento de uma pessoa que não existe. Através desse documento falso era Promotor Nunes pediu micro da
confeccionado uma avalanche de outros documentos como identidade, CPF, carteira profissional, contracheque, escrituras de imóveis BM...
e montada, inclusive, documentação de empresa fantasma para aquisição de empréstimos bancários, compra de carros financiados e
outros bens de valores no comércio.
APREENSÃO
O Promotor da Especializada Criminal que comandou a ação salienta que “a profissão dos integrantes da quadrilha é o crime e a busca
e apreensão realizada será fundamental ao desfecho da investigação que responsabilizará os envolvidos”. Na ação ocorrida em
escritórios do Centro de Porto Alegre foram apreendidos computadores, arquivos, folhetos de propaganda de empréstimos e farta ...para levar material apreendido
documentação como contratos chancelados. à Promotoria
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04/12/2007 - Crime
Operação Alvorada: presos ao amanhecer
Por: Jorn. Flávio Damiani
Flávio Damiani
Sonegação de quase R$ 50 milhões leva três empresários e contador para a cadeia
A Promotoria de Justiça Especializada Criminal de Combate aos Crimes Contra a Ordem Tributária vinha investigando, desde o ano
passado, os delitos praticados na empresa através de um trabalho conjunto com a Receita Estadual, que detectou as irregularidades
fiscais e realizou uma detalhada auditoria na documentação contábil e fiscal. Segundo os promotores de Justiça Aureo Gil Braga e
Renato Velasques, responsáveis pela investigação, os desvios aconteceram no período de 2000 a 2005 e o montante elevado é fruto
de uma complexa e duradoura associação criminosa voltada à sonegação de tributos. Os documentos fiscais que acompanhavam as
mercadorias durante o transporte tinham valores reais, mas o informado ao fisco era falso. Segundo os Promotores, o grupo utilizava
um sistema de informática que automaticamente alterava os valores.
A Força-tarefa, coordenada pelo promotor de Justiça João Nunes Ferreira, envolveu 12 policiais civis e militares e contou ainda com o apoio de mais 12 policiais da
Brigada Militar de Caxias do Sul. A articulação contou também com o apoio da rede de informações do Grupo Nacional de Combate às Organizações Criminosas –
GNCOC.
COMBATE EFETIVO
Ao longo deste ano, a Promotoria de Justiça Especializada de Combate aos Crimes Contra a Ordem Tributária denunciou 92 sonegadores, cujos prejuízos ultrapassam R$
150 milhões. Desde 2000, a Promotoria abriu processo-crime contra 950 fraudadores que lesaram os cofres gaúchos em mais de R$ 1 bilhão. “Este é um trabalho que
envolve um combate efetivo à macrocriminalidade e o ressarcimento ao erário estadual. O Ministério Público não tem medido esforços no embate contra os criminosos
do colarinho branco”, afirma o promotor de Justiça Aureo Braga. O promotor Renato Velasques destaca ainda que "o Rio Grande do Sul necessita de recursos para
atender as necessidades da sociedade e casos como este demonstram que a lei atinge todas as camadas sociais".
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Ganha força o combate à sonegação
O governo do Estado concluiu ontem mais uma etapa no combate à sonegação fiscal no Rio Grande do Sul. Com a finalidade de intensificar a cobrança de crimes
tributários, o secretário da Fazenda, Aod Cunha de Moraes Júnior, entregou ao procurador-geral de Justiça, Mauro Renner, levantamento com as informações sobre as
últimas autuações feitas pelo órgão. A expectativa é com a análise do material recuperar parte do valor devido em prazo curto de tempo.
Ao todo, os dados referem-se a 149 ações contra empresas gaúchas. Os casos apresentam indícios de sonegação e outros crimes tributários e foram identificados pela
Receita estadual. A partir de agora, as informações deverão ser investigadas pelo Ministério Público (MP), que poderá encaminhar denúncia à Justiça. O valor total das
perdas do Estado nessas ações chegou a R$ 347,4 milhões, em dívidas de ICMS, multas e juros.
Aod lembrou que, nos últimos meses, houve aumento no número de ações desenvolvidas pela secretaria para combater a sonegação e aumentar o volume de recursos
em caixa. 'Todo o esforço direciona-se ao saneamento das contas públicas, como a redução do déficit de R$ 1,3 bilhão previsto 2008, e evitar que o Estado perca
receitas', afirmou. O secretário citou também o trabalho da força-tarefa entre Fazenda, Procuradoria-Geral e Tribunal de Justiça para agilizar a cobrança da dívida ativa.
Além disso, ressaltou que o Estado é pioneiro na utilização de notas eletrônicas que evita a fraude com recursos e possíveis erros nos cálculos dos valores cobrados de
ICMS. Atualmente, o Rio Grande do Sul envia esse tipo de recibo para sete estados brasileiros. Entre outras iniciativas que poderão ser promovidas pelo Executivo, Aod
destacou o projeto Consumidor Cidadão, que integra o Plano de Recuperação e está em análise na Assembléia Legislativa.
Renner destacou como fundamental o trabalho entre Ministério Público e Receita estadual. Além das trocas de informações, a parceria entre os órgãos agiliza a obtenção
de autorização judicial para a quebra de sigilo bancário e de mandados de busca e apreensão. As medidas proporcionam rapidez ao processo de cobrança e a
possibilidade de recuperação dos recursos devidos. O promotor Aureo Braga, da Justiça Especializada no Combate aos Crimes Contra a Ordem Tributária, lembrou que,
em 2007, houve denúncia de 85 pessoas por sonegação de ICMS, totalizando R$ 100 milhões. Disse que, com o trabalho conjunto, ocorre a condenação do infrator na
grande maioria das ações apresentadas pela Receita estadual.
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24/07/2007 - Crime
Oferecidas primeiras denúncias da "Gabarito"
Por: Jorn. Marco Aurélio Nunes
Dez pessoas estão denunciadas. Ministério Público deverá encaminhar mais denúncias contra prefeitos à 4ª Câmara Criminal do TJE
Menos de um mês da eclosão da “Operação Gabarito”, o Ministério Público gaúcho encaminhou as duas primeiras denúncias à 4ª
Câmara Criminal do Tribunal de Justiça, resultantes da ação desencadeada para apurar fraudes em concursos públicos no Interior
do Estado. As denúncias encaminhadas através da Procuradoria de Prefeitos ao Poder Judiciário, no final da tarde desta terça-feira,
dizem respeito a fraudes em concursos nos municípios de Paim Filho e Campestre da Serra. Nos próximos dias outras denuncias
contra prefeitos implicados num esquema montado para burlar concursos deverão ser oferecidas, adiantou o coordenador da
Procuradoria de Prefeitos do Ministério Público, Gilberto Montanari. Os denunciados serão notificados para, em 15 dias,
apresentarem defesa preliminar e, após, será aprazada solenidade processual junto à 4ª Câmara Criminal que decidirá sobre o
recebimento, ou não, das denúncias oferecidas.
Montanari, da Procuradoria de
A denúncia de Paim Filho foi oferecida contra o prefeito Paulo Henrique Baggio, seu vice Elton Luiz Dal Moro e o empresário Mário
Prefeitos
César Sauer, da Marcesa, vencedora da licitação. Também está sendo oferecida denúncia contra os empresários ou colaboradores
das empresas, Emerson Luiz Bocasanta, da Compac S/S Ltda.; Cláudio Antônio Biasi, da Biasi Assessoria Ltda.; Fernando Henrique Gabril, da Themma Concursos Ltda.
e Julcimar João Bernardi, da Digiben Assessoria Empresarial Ltda.
Gilberto Montanari disse que pesa sobre o Prefeito de Paim Filho as infringências ao artigo 90 da Lei de Licitações, que diz com a “frustração e fraude do processo
licitatório”. Também pesam as infringências aos artigos 299 e 317 do Código Penal: “falsidade ideológica pela alteração do resultado do concurso e corrupção passiva
por solicitar ou receber para si ou para outrem, direta ou indiretamente, vantagem indevida resultante da alteração do resultado do concurso”.
O delito do artigo 90 da Lei de Licitações prevê pena de detenção de dois a quatro anos, mais multa de 2% a 5% do valor da licitação. Já a falsidade ideológica prevê
pena de reclusão de um a cinco anos, mais multa, e a corrupção prevê pena de dois a 12 anos de reclusão, mais multa. “Os delitos de falsidade e de corrupção, bem
como os da Lei de Licitações, têm como efeito da eventual condenação a perda do cargo, função pública ou mandato eletivo, afora a suspensão dos direitos políticos,
enquanto perdurarem os efeitos da eventual condenação, previstos no artigo 15, inciso III, da Constituição Federal”, explicou Montanari.
Sobre o empresário Mário César Sauer – da empresa Marcesa – pesam as infringências dos mesmos dispositivos. Os demais empresários infringiram os dispositivos da
Lei de Licitações (art. 90) “por participarem de licitação onde ocorreu frustração e fraude ao caráter competitivos do procedimento licitatório”, frisou o Procurador de
Justiça.
A denúncia de Campestre da Serra foi oferecia contra sua prefeita, Orenia Gomes Goeltzer, também conhecida como Martha Goeltzer; a sua secretária de Educação à
época, Irene Carneiro Mello e contra o empresário Mário Cesar Sauer, da Marcesa, realizadora do concurso naquele município.
A Prefeita, sua Secretária da Educação e o empresário estão incursos no artigo 89, caput, 2ª parte, da Lei de Licitações, pois, em co-autoria, “deixaram de observar as
formalidades pertinentes à dispensa ou inexigibilidade de licitação”, salientou Montanari. Este delito prevê pena de três a cinco anos de detenção. Ainda, pesa sobre a
Prefeita e o empresário Mário Cesar Sauer, da empresa Marcesa, realizadora do concurso naquele município, os delitos de falsidade ideológica, em virtude da
manipulação do resultado do concurso (art. 299 do CP) e a corrupção passiva (art. 317 do CP), por solicitar e receber para si ou para outrem, direta ou indiretamente,
vantagem indevida decorrente do resultado do concurso manipulado em benefício de outrem.
Gilberto Montanari esclareceu que as denúncias foram oferecidas em razão dos fortes indícios de prova surgidos “após minuciosa análise de documentação requisitada
junto às prefeituras, da documentação apreendida em virtude dos mandados judiciais de busca e apreensão nas empresas e residências, bem como das interceptações
telefônicas efetuadas com autorização judicial e nos depoimentos prestados durante a investigação criminal levada a efeito pela Procuradoria de Prefeitos e a Promotoria
de Justiça Especializada Criminal desta Capital”.
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28/02/2007 - Institucional
Caxias: Força-Tarefa e PF desarticulam quadrilha
Por: Jorn. Flávio Damiani
Pais e esposas dos traficantes auxiliavam no tráfico comandando as operações de dentro da prisão
Durante as investigações ocorreram prisões como a do último dia 7 de fevereiro, onde um traficante trazia da Bolívia 1 quilo de
cocaína em cápsula no estômago. No período de setembro a fevereiro foram realizadas dez prisões. Mesmo dentro da cadeia, alguns
destes presos continuavam negociando cargas de entorpecentes através de telefones celulares.
A operação denominada pela Polícia Federal de Savana e pelo Ministério Público de Guns N’oses é porque, além da cocaína, também ...Força-Tarefa e da PF
envolvia o comércio ilegal de armas e as mulheres dos presos, que atuavam no tráfico enquanto os maridos estavam na cadeia.
Os traficantes utilizavam carros ônibus e até prostitutas para transportar cocaína-base, que segundo o delegado de Polícia Federal, Noerci da Silva Melo, era beneficiada
em laboratório. “A cocaína-base tem um alto poder de concentração e com um quilo é possível conseguir até 5 quilos da droga”, destacou o delegado.
A operação envolveu 110 agentes federais e policiais que atuam na Força-Tarefa do Ministério Público, além de agentes de Inteligência da Brigada Militar.
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17/08/2007 - Crime
Ação retira hackers da web
Por: Jorn. Marco Aurélio Nunes
Operação "Nerd II" da Especializada Criminal de Porto Alegre eclodiu após nove meses de investigações
da Força-Tarefa
Mandados de prisão e de busca e apreensão que estão sendo cumpridos contra três pessoas no
Paraná, uma em Santa Catarina e 25 no Rio Grande do Sul, estão pondo um fim nas atividades
de uma quadrilha de hackers – indivíduos que ingressam em sistemas fechados de computadores
Rockenbach chefiou ação na
– que atuava, principalmente, no Sul do País. O grupo, que agia há mais de um ano lesando
fronteira
clientes e instituições financeiras, desviou via Internet mais de R$ 10 milhões de contas
bancárias. Mas está sendo desmantelado na manhã desta sexta-feira, através da “Operação Nerd
II”, desencadeada pela Promotoria de Justiça Especializada Criminal de Porto Alegre. A ação
Fotos/Marco A. Nunes: simultânea, que conta com o emprego de quatro equipes da Força-Tarefa do Ministério Público e
agentes da Polícia Civil, é comandada pelo promotor de Justiça Ricardo Herbstrith. Os mandados
mulheres presas em Quaraí
foram deferidos pelo Fórum Regional de Sarandi, na Capital.
Em Curitiba foram detidos dois membros da quadrilha: o que “lavava” o dinheiro arrecadado, e o líder e mentor dos golpes que eram
aplicados principalmente contra pessoas jurídicas. Sua mãe, que também tinha tarefas no grupo, foi presa em Maringá. Em
Florianópolis, um “laranja” deverá ser detido. Nove integrantes da quadrilha são procurados na fronteira-oeste: três homens em
Santana do Livramento e seis mulheres em Quaraí. Elas foram surpreendidas na cidade pela Força-Tarefa e presas. Outros 16
participantes da organização deverão ser barrados na Grande Porto Alegre. O Ministério Público pediu à Justiça o seqüestro dos bens
da quadrilha. Dentre eles estão duas coberturas, apartamentos, vários automóveis e eletrodomésticos. O líder do grupo inclusive
comprou um ponto dentro do Shopping Paladium, que está sendo construído na capital paranaense, para instalação de uma choperia. Promotores Mauro e Dinamárcia
Ricardo Herbstrith anunciou que em Curitiba foi apreendido uma ilha de computação, dois aparelhos chamados “chupa-cabras” que
servem para clonar cartões bancários em máquinas 24 horas, diversos cartões magnéticos em branco, laptops, dinheiro, uma moto e
dois carros.
REMANESCENTES
A operação “Nerd II” – batizada em menção a jovens cujos interesses recaem sobre tecnologia, RPG, ficção cientifica etc. – eclodiu
Herbstrith comandou toda
após nove meses de investigações. Agentes da Força-Tarefa monitoraram os membros da quadrilha especialmente pelas
operação
interceptações telefônicas. O promotor Herbstrith salientou que os hackers capturados são remanescentes de grupos desbaratados
nas operações “Pontocom”, da Polícia Federal, e “Nerd I”, realizada pela Especializada há dois anos. No Paraná as prisões foram efetuadas pela equipe da Força-Tarefa
coordenada por Herbstrith, que teve auxilio de agentes da Promotoria de Investigações Criminais (PIC) daquele estado. Na Grande Porto Alegre, policiais civis cumprem
os mandados chefiados pelo delegado Cléber Ferreira, diretor do Departamento de Polícia Metropolitana (DPM). Em Livramento e Quaraí, o promotor de Justiça Mauro
Rockenbach coordena as equipes.
PROGRAMAS
Os hackers serão acusados de furto mediante fraude na Internet, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. O Ministério Público gaúcho começou apurar as ações
do grupo depois de receber notícias dos bancos que sofreram as conseqüências pela invasão de contas. Especializados em enviar spam com links atrativos aos
internautas, que funcionavam como iscas para obtenção de dados que davam acesso a conta bancária do navegador da Web, os hackers também utilizavam programas
de mensagens instantâneas para se comunicarem porque era o meio mais fácil de não serem descobertos.
CÓDIGO
De acordo com Herbstrith, a quadrilha, que tinha uma célula no Estado, de forma on line “quebrava o código da fonte das páginas de segurança dos bancos”. Após ter
acesso a conta bancária, transferia o dinheiro para várias contas de “laranjas”. A pulverização de depósitos em contas bancárias era feito para dificultar que as
autoridades encontrassem o rastro do dinheiro. O saque também era feito por “laranjas” na boca do caixa da agência bancária e em pequenas quantias para não
chamar atenção. De posse de todo o cadastro e números de senhas da pessoa que teve seu computador invadido, os hackers ainda tinham facilidades para pedir
empréstimos através do “Crédito 1 Minuto”. O promotor Herbstrith entende que com a prisão dos investigados “retiramos de circulação uma quadrilha de grande
expressão no meio criminoso, que causava prejuízos de grande monta, gerando insegurança nas relações bancárias”.
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28/08/2007 - Crime
Hackers são denunciados à Justiça
Por: Jorn. Marco Aurélio Nunes
Promotor Ricardo Herbstrith ainda faz diligências para denunciar outros integrantes da quadrilha
O Ministério Público denunciou à Justiça 20 dos 29 integrantes do grupo de hackers desmantelado há mais de uma semana durante
a operação “Nerds II”. A ação foi efetuada por agentes da Força-Tarefa da Promotoria de Justiça Especializa Criminal da Capital e
teve apoio da Polícia Civil. Os mandados de prisão e de busca e apreensão foram cumpridos simultaneamente em cidades do Sul do
País.
O líder da quadrilha, Romany Cuttolo Bonante, de 23 anos, foi preso em Curitiba, assim como seu comparsa, que “lavava” o
dinheiro arrecadado nos golpes. A mãe de Romany, que tinha tarefas no grupo, foi detida em Maringá, e um homem que agia como
“laranja”, em Florianópolis. Em Quaraí, na Fronteira-Oeste do Estado, seis mulheres foram surpreendidas e, na Grande Porto
Herbstrith denunciou os Alegre, 15 participantes da quadrilha foram barrados.
hackers
Os hackers – indivíduos que ingressam em sistemas fechados de computadores – lesando clientes e instituições financeiras,
desviaram via Internet mais de R$ 10 milhões de contas bancárias. A operação batizada de “Nerd II” em menção a jovens cujos interesses recaem sobre tecnologia,
ficção cientifica etc., eclodiu após nove meses de investigações. Os hackers são acusados de furto mediante fraude na Internet, formação de quadrilha e lavagem de
dinheiro. O promotor de Justiça Ricardo Herbstrith, que comandou a investigação e a ação para desbaratar a quadrilha, esclareceu que “outros membros do grupo ainda
não foram denunciados, porque diligências estão sendo feitas”.
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