Aline Gouvea de Lima
Aline Gouvea de Lima
Aline Gouvea de Lima
São Paulo
2020
ALINE GOUVÊA DE LIMA
Versão Corrigida
São Paulo
2020
Catalogação da Publicação
Banca Examinadora
Ao meu orientador, Prof. Dr. Giulio Gavini, toda minha gratidão e respeito, pelo
grande profissional que és e por sempre se preocupar em agregar e ensinar valores
para com todos que compartilham de seu convívio. Sou grata a Deus por um dia ter
me matriculado em um de seus cursos de especialização em Endodontia e me sinto
privilegiada por ter sido meu orientador neste curso de Doutorado. Levo comigo
valores profissionais, acadêmicos e pessoais para toda minha vida! Especialmente
grata por ter aceitado unir duas áreas às quais tenho dedicado grande parte da
minha vida profissional e acadêmica, a Endodontia e os Pacientes com
Necessidades Especiais, mais especificamente a Oncologia. Obrigada por acreditar
em mim e por valorizar a área de Pacientes Especiais! A você, sem toda cerimônia
que nunca me cobrou, mesmo diante de sua posição: Giulio, meu muito obrigada de
todo o meu coração!
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. José Luiz da Silva Lage Marques, professor de Endodontia da FOUSP,
que me acompanhou em todos os semestres do meu estágio PAE. Muito obrigada
por todo conhecimento transmitido em cada clínica, laboratório e aulas ministradas.
Ao Dr. Júlio Cesar Marcassa, radioterapeuta do Hospital Heliópolis, que sem medir
esforços auxiliou meu acesso à equipe de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do mesmo
hospital, onde minha pesquisa foi então desenvolvida. Deus te abençoe, Marcassa,
pelo desprendimento em ajudar. Muito obrigada!
À secretária, Suzana Helen Cavalcante Lima, do Hospital Heliópolis, que por tantas
vezes dividiu sua secretaria comigo, para que eu pudesse localizar os prontuários,
assim como me auxiliou na busca de dados pessoais dos pacientes em seu
computador. Além de me indicar o melhor lanche do hospital, o de sua mãe. Já sinto
saudades dos lanches da Dona Selma. Obrigada pela atenção!
À equipe de Informática chefiada pelo Sr. Alcimar Jorge Ambrósio, por toda gentileza
a cada urgência em que precisava de seus serviços, desde a fase de elaboração do
projeto na Plataforma Brasil. Obrigada por toda a atenção!
Aos amigos Dr. Márcio Ortegosa e Dr. Reynaldo Antequera, que estiveram comigo
desde antes do meu Mestrado e que, mesmo de longe, permaneceram encorajando-
me a continuar através do Doutorado. E por isso, hoje, faço questão de incluí-los
neste capítulo da minha história. Obrigada!
Augusto Cury
RESUMO
Lima, AG. Prevalence of apical periodontitis in patients with head and neck cancer.
[thesis]. São Paulo: Universidade de São Paulo, Faculdade de Odontologia; 2020.
Versão corrigida.
Tabela 5.1- Características gerais dos pacientes de acordo com cada grupo
estudado .............................................................................................. 78
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................27
2 REVISÃO DE LITERATURA .................................................................29
2.1 CÂNCER ................................................................................................29
2.1.1 Câncer de cabeça e pescoço ..............................................................29
2.1.1.1 Prevalência, incidência e estimativas .....................................................30
2.1.1.2 Fatores de risco ......................................................................................32
2.1.1.3 Perfil do paciente e condição oral prévia ao tratamento .........................34
2.1.1.4 Tratamento oncológico ...........................................................................35
2.1.1.5 Efeitos adversos do tratamento na cavidade oral ...................................36
2.1.1.6 Protocolos de tratamento odontológico ..................................................39
2.2 PERIODONTITE APICAL .......................................................................41
2.2.1 Prevalência ...........................................................................................43
2.2.2 Etiologia ................................................................................................44
2.2.3 Fatores de risco ....................................................................................46
2.2.4 Classificação da PA .............................................................................48
2.2.5 Sinais e sintomas .................................................................................49
2.2.6 Diagnóstico e exames de imagem ......................................................52
2.2.7 Tratamento ............................................................................................55
2.2.8 Acompanhamento do tratamento endodôntico .................................57
2.2.9 Índice de sucesso do tratamento endodôntico .................................58
2.3 PERIODONTITE APICAL E OUTRAS DOENÇAS CRÔNICAS .............60
2.3.1 Diabetes Mellitus ..................................................................................63
2.3.2 Doença cardiovascular ........................................................................65
2.3.3 Outras doenças sistêmicas .................................................................67
2.3.3.1 Doença de coagulação hereditária .........................................................67
2.3.3.2 Doença renal em estágio terminal ..........................................................69
2.3.3.3 Doença crônica de fígado.......................................................................70
2.3.3.4 Doença inflamatória do intestino ............................................................ 71
2.3.3.5 Câncer de cabeça e pescoço................................................................. 71
3 PROPOSIÇÃO....................................................................................... 75
4 MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................... 76
5 RESULTADOS ...................................................................................... 78
5.1 CARACTERÍSTICAS ESPECÍFICAS DO GRUPO CCP ........................ 78
5.2 PREVALÊNCIA ...................................................................................... 80
6 DISCUSSÃO.......................................................................................... 82
7 CONCLUSÃO ........................................................................................ 89
REFERÊNCIAS ..................................................................................... 90
APÊNDICES .......................................................................................... 113
ANEXOS ................................................................................................ 116
27
1 INTRODUÇÃO
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 CÂNCER
Mais de 600.00 casos de CCP são diagnosticados a cada ano no mundo todo.
Com o avanço do tratamento, o número de pacientes que sobrevivem ao CCP tem
melhorado nas últimas décadas e essa população cresce continuamente (Baxi et al.,
2014).
O INCA (2019) incluiu em suas estimativas alguns tumores baseados na
Classificação Internacional de Doenças para Oncologia - Segunda Edição - CID-O 2
(para o período entre 2001 e 2004) (Organização Mundial da Saúde, 1978) e a
Terceira Edição - CID-O 3 (período entre 2005 e 2017) (Organização Mundial da
Saúde, 2005) e convertidos para Classificação Estatística Internacional de Doenças
e Problemas Relacionados à Saúde - Décima Revisão - CID 10 (Organização
Mundial da Saúde, 1997a; 1997b).
Segundo eles, o câncer de boca pode afetar várias estruturas anatômicas
como: lábios, gengivas, bochechas, palato, língua (principalmente as bordas) e
assoalho de língua. Como não há um consenso nas literaturas nacional e
internacional sobre quais localizações compõem a sua definição, para a avaliação
da incidência de câncer no Brasil, foram consideradas como câncer da cavidade oral
aquelas que tenham como localização primária, lábios, cavidade oral, glândulas
salivares e orofaringe (C00-C10) (INCA, 2016).
Segundo as informações do Globocan no mundo, em 2018, foram estimados
246 mil casos novos de cânceres de lábio e cavidade oral (C00-C06) em homens e
108 mil em mulheres, sendo mais comum em homens acima dos 40 anos do que em
mulheres. O risco estimado para essa neoplasia foi de 6,4/100 mil em homens e
2,9/100 mil em mulheres. Essas neoplasias são mais frequentes nos países do Sul
da Ásia (Ferlay et al. 1, 2018 apud INCA, 2019).
Entretanto, o número de casos novos de câncer de cavidade oral esperado
para o Brasil, para cada ano do triênio 2020-2022, será de 11.180 casos em homens
e de 4.010 em mulheres. Esses valores correspondem a um risco estimado de 10,69
1 Ferlay J, Ervik M, Lam F, Colombet M, Mery L, Piñeros M et al. Cancer today. Lyon, France:
International Agency for Research on Cancer, 2018. (IARC CAncerBase, n. 15) [citado 9 set. 2019].
Disponível em: https:// publications.iarc.fr/ Databases/ Iarc-Cancerbases/Cancer-Today-Powered-By-
GLOBOCAN-2018--2018.
31
casos novos a cada 100 mil homens, ocupando a quinta posição. Para as mulheres,
corresponde a 3,71 para cada 100 mil mulheres, sendo o décimo terceiro mais
frequente entre todos os cânceres (INCA, 2019).
No Brasil, em 2018, ocorreram 4.974 óbitos por câncer da cavidade oral em
homens (4,2/100 mil homens) e 3.859 óbitos por câncer de laringe (3,3/100 mil
homens); estando entre as localizações primárias mais associadas a óbitos,
ocupando a 8° e 10° posição, respectivamente. Entre as mulheres, tais localizações
não estão entre as dez mais associadas a óbitos (INCA, 2020).
Considerando cada região do país, com exceção dos tumores de pele não
melanoma, o câncer da cavidade oral em homens é o quinto mais frequente nas
regiões sudeste (13,58/100 mil), centro-oeste (8,94/100 mil) e nordeste (7,65/100
mil). Nas regiões sul (13,32/100 mil) e norte (3,80/100 mil), ocupa a sexta posição.
Para as mulheres, é o décimo primeiro mais frequente na região nordeste (3,75/100
mil) e o décimo segundo na região norte (1,69/100 mil). Já nas regiões sudeste
(4,12/100 mil) e centro-oeste (2,90/100 mil), ocupa a décima terceira posição. Na
região sul (4,08/100 mil), ocupa a décima quarta posição (INCA, 2019).
O câncer de laringe, por sua vez, ocorre principalmente em homens com
idade acima dos 40 anos e o tipo histológico mais comum é o carcinoma de células
escamosas (INCA, 2019). Espera-se 6.470 novos casos em homens e 1.180 em
mulheres para o Brasil, para cada ano do triênio 2020-2022. O risco estimado será
de 6,20 casos novos a cada 100 mil homens e de 1,06 casos novos a cada 100 mil
mulheres. Sem considerar os tumores de pele não melanoma, em homens, o câncer
de laringe ocupa a oitava posição nas regiões centro-oeste (5,47/100 mil) e nordeste
(5,02/100 mil); nona posição nas regiões sudeste (7,20/100 mil) e norte (2,68/100
mil). Já na região sul (8,13/100 mil), é o décimo primeiro mais frequente. Entre as
mulheres, ocupa a décima sexta posição em todas as regiões brasileiras, sul
(1,37/100 mil), centro-oeste (1,30/100 mil), nordeste (1,06/100 mil) e norte (0,54/100
mil), exceto na região sudeste (1,03/100 mil) que ocupa a décima sétima posição
(INCA, 2019).
A estimativa mundial mostra que essa doença representou 1% do total de
casos novos de câncer. É a décima quarta mais incidente entre todos os cânceres
nos homens e a vigésima quinta mais frequente nas mulheres. Ocorreram 155 mil
casos novos em homens e 22 mil casos novos em mulheres, com um risco estimado
de 4,0 a cada 100 mil homens e de 0,59 a cada 100 mil mulheres (INCA, 2014).
32
2
Ferlay J, Ervik M, Lam F, Colombet M, Mery L, Piñeros M et al. Cancer today. Lyon, France:
International Agency for Research on Cancer, 2018. (IARC CAncerBase, n. 15) [citado 9 set. 2019].
Disponível em: https:// publications.iarc.fr/ Databases/ Iarc-Cancerbases/Cancer-Today-Powered-By-
GLOBOCAN-2018--2018.
33
Kawakita et al., em 2017, observou em seu estudo que o perfil dos pacientes
taiwaneses com CCP e baixa frequência de visitas ao dentista eram homens,
fumantes e etilistas, além de que havia uma associação positiva entre usuários de
próteses dentárias e etilistas. E em relação ao número de dentes perdidos,
observaram significantes associações entre o risco de CCP e indivíduos idosos,
mulheres, nunca fumantes e etilistas taiwaneses.
O estudo de Araújo et al., em 2009, realizado no Hospital Nossa Senhora da
Conceição em Porto Alegre (Rio Grande do Sul), confirma os fatores de risco acima
apresentados através da condição de 30 pacientes com CCP avaliados no início do
tratamento. A maioria dos pacientes era do sexo masculino, com uma média de
idade de 59 anos. No momento da primeira entrevista, 83% dos pacientes relataram
história passada do hábito de fumar e 43% do hábito de ingerir bebidas alcoólicas.
Mais da metade dos pacientes fumavam; 16,7% consumiam bebidas alcoólicas e
13% afirmaram beber e fumar na entrevista inicial. Os autores reforçam que isso
indica a manutenção de hábitos que são considerados fatores de risco para o
desenvolvimento do CCP, podendo influir negativamente no tratamento.
A condição oral dos pacientes no mesmo estudo relatou um índice de CPOD
(que expressa a prevalência da doença cárie e suas sequelas) igual a 26,8; sendo
que o componente perdido foi responsável por 91,5% do CPOD e o componente
cariado, por 5,31%. Aproximadamente 77% dos pacientes apresentaram mais de 20
dentes perdidos, sendo que 12 destes eram completamente edêntulos. O
númerrefereo de dentes cariados ou restaurados variou de zero a dez; sete pessoas
possuíam dentes cariados, três possuíam dentes restaurados e quatro possuíam
dentes cariados e restaurados.
A pobre condição dos dentes dos pacientes com CCP já havia sido citada
também em 1975, por Brown et al., quando os mesmos realizaram um estudo
comparando a saúde oral destes pacientes a da população em geral. Os autores
encontraram alta incidência de dentes destruídos nos pacientes oncológicos.
35
3
Meyer I. Infections diseases of the jaw.J Oral Surg. 1970;28:17.
37
diferentes tempos: antes da RT, durante a RT (30-35 Gy e 60-70 Gy) e após a RT.
Os autores obtiveram que mesmo respondendo negativamente aos testes de
sensibilidade, a polpa pode retornar a níveis de saturação de oxigênio normal, uma
vez que nenhum dos dentes avaliado respondeu positivamente quanto à
sensibilidade após irradiação de 60 a 70 Gy e após quatro a cinco meses da RT. O
aumento da saturação de oxigênio somente foi notado depois deste período
sugerindo a capacidade de remodelação e reparo do tecido pulpar submetido à RT.
Contudo, não sabemos se a mesma capacidade de reparo existe nos tecidos
periapicais após o tratamento endodôntico de uma PA tratada antes do paciente ser
submetido à RT em região de cabeça e pescoço. Assim como, alterações ósseas
são causadas pela radiação, não é improvável que a radiação possa afetar a gênese
e a cicatrização da PA (Hommez et al., 2008). Até o presente momento, não foi
encontrado na literatura, estudos avaliando o tratamento das periodontites apicais
realizado previamente à RT, assim como sua reparação; exceto alguns pacientes no
estudo de Seto et al., em 1985, que foram avaliados juntamente aos pacientes
irradiados, sem resultados detalhados da evolução dos casos de PA tratados
previamente à RT.
Diante do exposto, sabe-se que tais complicações podem ser evitadas
através de um tratamento odontológico bem planejado prévio à QT e/ou RT. Um
paciente com pobre saúde bucal apresenta um maior risco de desenvolver mucosite
oral (Duncan; Grant, 2003). Além da mucosite oral, a ORN também foi
correlacionada por Kojima et al. (2017) à pobre condição oral do paciente
oncológico, como por exemplo, a presença de PA pré-RT e exodontias pós-RT
(p<0,001) em pacientes com câncer oral e orofaríngeo.
Os dados acima mostram ser evidente que a implantação de protocolos de
cuidado oral, antes da RT, assim como a frequente avaliação das lesões durante a
terapia, pode prevenir ou, pelo menos, reduzir a incidência e a severidade dos
efeitos adversos em cavidade oral (Tolentino et al., 2011). O mesmo vale para os
pacientes cujo tratamento de escolha é a QT. É de suma importância que estes
pacientes, independente da modalidade terapêutica, estejam livres de focos
infecciosos de origem oral previamente à RT e/ou QT.
39
4
Antonio AM, Maia F, Dias R. Reações adversas da radioterapia: cuidados pré, trans e pós
operatório. Rev Odontol. 2001;9(19):12-9.
40
5
Zlotolow IM. Dental Oncology and Maxillofacial Prosthetics. Philadelphia: Lippincott Raven;1999.
41
2.2.1 Prevalência
2.2.2 Etiologia
2.2.4 Classificação da PA
Muitos autores têm mostrado que imagens de TCFC são mais acuradas que
radiografias dentais 2D para detecção de PA (Lofthag-Hansen et al., 2007; Estrela et
al., 2008a; Ordinolla Zapata et al., 2011), uma vez que permitem a avaliação da
região periapical através de cortes axial, coronal e sagital.
Além disso, a extensão, o tamanho, a localização e a relação espacial da PA
com estruturas adjacentes são devidamente avaliadas nas imagens de TCFC
(Estrela et al., 2008a; Tanomaru et al., 2010). Entretanto, o exame de TCFC gera
exposição de radiação ao paciente maior que uma radiografia panorâmica
convencional ou radiografias periapicais e menor que tomografias computadorizadas
médicas.
Portanto, a TCFC é uma ferramenta diagnóstica para ser considerada para a
avaliação da PA (Peters; Peters, 2012) desde que seus benefícios justifiquem os
riscos de exposição à radiação (Fernandes et al., 2013).
Estudos prévios têm documentado que imagens de TCFC como uma técnica
radiológica é mais capaz de detectar mudanças perirradiculares do que radiografias
convencionais (Estrela et al., 2008b; Ordinola-Zapata et al., 2011; Patel et al., 2012).
Estrela et al., em 2008b, analisaram 1508 dentes usando três diferentes
técnicas, a porcentagem de lesões periapicais identificadas foi de 17,6%, 35,3% e
63,3% para radiografias panorâmicas, radiografias periapicais e TCFC,
respectivamente. Essas diferenças foram consideradas estatisticamente
significantes. Os autores concluíram que a técnica da TCFC teve uma sensibilidade
maior para identificar lesões e que radiografias convencionais tendem a subestimar
a prevalência de lesões, na maioria das vezes devido aos casos falso-negativos.
Os autores sugerem que um fator que deve parcialmente justificar esses
resultados é o fato de que aproximadamente 30 a 50% da perda óssea mineral são
necessárias para a lesão ser identificada através de radiografias convencionais.
Entretanto, é importante notar que sobrediagnóstico de PA em dentes com
tratamentos endodônticos prévios avaliados por TCFC tem sido relatado (Kruse et
al., 2019).
Contudo, qualquer que seja o exame de imagem utilizado, uma limitação nos
estudos de prevalência é a impossibilidade de determinar em casos de canais já
tratados endodonticamente quando uma lesão periapical está cicatrizando ou
progredindo. Além disso, esse tipo de análise de dados, usando a avaliação de um
55
ponto no tempo, não leva em consideração todos os fatores causais que podem
afetar o resultado ou a progressão da cicatrização da lesão (Costa et al., 2018).
A identificação da PA está diretamente relacionada à resolução de nossas
ferramentas de exame; muitas lesões de PA que não são vistas em radiografias
convencionais são identificadas na tomografia computadorizada de feixe cônico
(TCFC) e muitas outras podem ser identificadas apenas no exame histológico. Em
um nível microscópico, diferentes formas estruturais da PA podem ser identificadas,
incluindo: granuloma apical, abscesso apical e cisto apical. Clinicamente e
radiograficamente, essas entidades histopatológicas não podem ser distinguidas
entre si ou reconhecidas, com exceção de abscessos com trato sinusal (Metzger et
al., 2013).
2.2.7 Tratamento
(PQC) associado à irrigação tanto no grupo de dentes tratados com NaOCl a 2,5%
como no grupo tratado com clorexidina a 0,12%, outra solução utilizada também
entre os cirurgiões-dentistas para irrigação dos canais radiculares.
Sabe-se que um sistema de canais livre de bactérias antes da obturação
permanente é necessário para que se alcancem condições de cicatrização ótima
para os tecidos periapicais (Fabricius et al., 2006). E por esse motivo, outras
estratégias, como a irrigação ultrassônica passiva (PUI) têm sido estudadas para
otimizar a desinfecção do sistema de canais radiculares em uma única sessão de
tratamento.
O que- resta ser ilustrado é se essas técnicas de desinfecção otimizada em
uma única consulta, que vão desde a utilização de PUI, irrigação final com
clorexidina, até colocação de medicação intracanal como o hidróxido de cálcio por
alguns minutos nos canais radiculares, são suficientemente previsíveis na
eliminação de bactérias a ponto de tornar a medicação intracanal inter-consultas
desnecessária (Siqueira; Roças, 2011).
Nakamura et al. (2014) revelaram que ativação ultrassônica foi mais eficiente
que a irrigação não-ativada para redução do número de bactérias, porém não para
os níveis de endotoxinas em canais radiculares com PA. Sendo assim, a medicação
intracanal entre consultas ainda tem sido recomendada para aumentar o efeito
antibacteriano de procedimentos químico-mecânicos e maximizar a redução
bacteriana, melhorando assim o estado microbiológico do sistema de canais
radiculares quando comparado ao protocolo de uma única consulta (Vera et al.,
2012).
A medicação intracanal mais comumente usada é o hidróxido de cálcio, que
mata bactérias devido à sua alta alcalinidade (Haapasalo et al., 2000). Enquanto
estudos confirmam que preparo do canal radicular usando NaOCl ou clorexidina não
são efetivos na eliminação de endotoxinas de canais radiculares infectados; por
outro lado, estudos in vitro têm mostrado que hidróxido de cálcio quebra as ligações
estér na porção lipídica do LPS (Safavi; Nichols, 1993) e muda as propriedades
biológicas das endotoxinas (Safavi; Nichols, 1994).
Com o intuito de promover maior penetração nos túbulos dentinários, a
utilização da PUI também tem sido sugerida sobre a medicação intracanal,
promovendo assim, maior desinfecção. Duarte et al. (2012) observaram que a
ativação ultrassônica de pastas de hidróxido de cálcio in vitro ocasionou um
57
de idade foi de 52,8 ± 10,2 anos e maioria eram homens (83,7%). As radiografias
foram avaliadas por dois examinadores. E quando houve alguma discordância, a
radiografia foi avaliada por uma equipe. Os terceiros molares foram excluídos e os
dentes multirradiculares foram classificados através da raiz que exibia a condição
periapical mais severa.
Um total de 709 dentes foi avaliado, com uma média de 16,5 dentes por
paciente. PA foi encontrada em 7,8% do grupo irradiado com nenhuma diferença
significante quando comparada ao grupo controle, que correspondeu a 9,5%
(P>0,05). Somente 12,5% dos dentes tratados endodonticamente foram associados
à PA no grupo da RT. Resultado este significativamente (P<0,005) mais baixo que
no grupo controle (43,1%).
Tal resultado foi considerado surpreendente, uma vez que estes pacientes
apresentam alta prevalência de cáries de rápida progressão (Pow et al., 2003),
sugerindo um alto índice de envolvimento pulpar com subsequente invasão de
bactérias dentro da polpa, associado a um tecido pulpar hipocelular em virtude da
radiação, teoricamente mais susceptível à necrose causada por cáries rampantes
(Rosenberg, 1990). Muitas explicações são possíveis, como por exemplo: a
mudança da microbiota oral e do canal radicular, além da vascularização reduzida e
mudanças celulares no osso irradiado.
Outro fator citado no processo de inflamação periapical em pacientes
irradiados que pode explicar o resultado deste estudo são as mudanças na
composição da microbiota do canal radicular e da cavidade oral. Estudos em
pacientes irradiados em região de cabeça e pescoço descreveram uma substituição
da microbiota após a RT para uma microbiota mais cariogênica e acidogênica e
menos espécies anaeróbicas, mudanças que ocorreriam de 3 a 6 meses após o
início da RT e poderiam durar até quatro meses (Llory et al., 1972; Brown et al.,
1975), o que teoricamente implicaria em menos infecções endodônticas; uma vez
que as mesmas são principalmente causadas por bactérias anaeróbias (Dahlén;
Haapasalo, 2008).
Em estudo mais recente, Kielbassa et al., 2006, relataram, por sua vez, uma
microbiota presente nos canais radiculares de pacientes irradiados
significativamente mais rica do que nos pacientes não-irradiados controle. Segundo
eles, Lactobacillus, Capnocytophaga, Actinomyces, Selenomonas, and
Propionibacterium spp, estariam presentes exclusivamente ou mais frequentemente
73
3 PROPOSIÇÃO
4 MATERIAL E MÉTODOS
5 RESULTADOS
Tabela 5.1 - Características gerais dos pacientes de acordo com cada grupo estudado
IDADE
Fonte: O autor
Adenocarcinoma 14 (4,98%)
Carcinoma 1 (0,35%)
LOCALIZAÇÃO DO TUMOR
Orofaringe 58 (20,64%)
Nasofaringe 11 (3,91%)
Hipofaringe 12 (4,27%)
Faringe 7 (2,49%)
Laringe 56 (19,92%)
Fonte: O autor
5.2 PREVALÊNCIA DE PA
O mesmo foi observado quando foi feita a comparação entre os dois grupos
levando-se em consideração apenas os dentes sem tratamento endodôntico. Nesse
caso observou-se um valor de X2 igual a 122,8 (p<0,0001). Dos 4257 dentes
analisados no grupo CCP que não possuíam tratamento endodôntico, 677
apresentaram PA; enquanto que no grupo NR, 199 dos 2831 dentes. No grupo de
CCP a prevalência de PA foi de 15,90% e no grupo NR 7,02% (p<0,0001).
Fonte: O autor
6 DISCUSSÃO
duração do CCP até início do tratamento oncológico, tempo este que a doença
estaria de fato influenciando ou não a cicatrização da PA.
Sabe-se que o tempo que o paciente com diagnóstico de CCP leva desde a
queixa principal, quando de fato a doença apareceu, até o momento da tomada
radiográfica no setor de Odontologia do HH, não é o mesmo tempo da admissão do
hospital até o encaminhamento para avaliação odontológica; uma vez que o
paciente, muitas vezes, pode demorar a buscar atendimento, ou mesmo que ele
tenha buscado um serviço especializado, o diagnóstico do câncer, por inúmeras
vezes, demora tempo considerável, por incapacidade técnica ou por dificuldade de
acesso aos hospitais.
A média de tempo até a chegada ao hospital e confirmação do diagnóstico
pode levar cerca de seis meses, como apresentado por Assis et al., em 2019, tempo
este muito longo para que se tenha um prognóstico mais favorável quanto ao CCP;
porém muito curto para afirmar que o CCP de fato influenciou ou não o sucesso do
tratamento endodôntico. Deve ser levado ainda em consideração, que se faz
necessário um tempo de no mínimo um ano até pelo menos quatro anos para que se
possa de fato avaliar o sucesso de um tratamento endodôntico (Sociedade Européia
de Endodontia, 2006).
No presente estudo, o número de dentes tratados foi de 134 (3,05%) para o
grupo CCP e 263 (8,5%) para o grupo NR, com diferença estatisticamente
significante (p<0,0001). Estes resultados são compatíveis com os apresentados em
alguns estudos (Castellanos-Cosano, 2013a; Castellanos-Cosano et al., 2013b).
Todavia outros estudos não observaram diferença estatisticamente significante entre
as populações avaliadas (Segura-Egea et al., 2005; Marotta et al., 2012;
Khalighinejad et al., 2017).
Na amostra estudada, a condição oral desfavorável do paciente com CCP,
principalmente os atendidos em hospitais públicos, assim como o HH, apresentado
no estudo de Araújo et al., em 2009, no qual os elementos perdidos corresponderam
a 91,5% do CPOD, demonstram que o tratamento endodôntico não é a primeira
opção para este grupo de pacientes, assim como todos os pacientes que são
atendidos em serviços públicos por conta de ser um tratamento mais oneroso que a
exodontia e pela necessidade de profissionais especializados.
O grande número de elementos perdidos observado no estudo acima condiz
com os dados obtidos em nossos resultados, cuja média do número de dentes para
85
o grupo CCP foi significativamente menor (15,62) do que para o grupo NR (21,48)
demonstrando que o grupo CCP apresentava também um grande número de dentes
perdidos, sendo este grupo mais submetido à exodontia comparado ao grupo NR.
Embora, a endodontia já tenha provado que, em população sem histórico de
doenças crônicas, apresenta alto índice de sucesso, mesmo para casos de PA, com
82% de sucesso, ou seja, considerados reparados e 96%, considerados funcionais
(Chevigni et al., 2008), o mesmo ainda não ocorreu para os pacientes com
diagnóstico de CCP. A literatura apresenta poucos estudos e, na maioria, estudos
antigos com técnica endodôntica atualmente duvidosa diante do uso de soro
fisiológico como substância química para irrigação (Markitziu; Heling, 1981), limite de
trabalho aquém a mais de 1 mm (Seto et al., 1985); além de somente um estudo
avaliar o tratamento endodôntico de alguns poucos dentes tratados previamente à
RT em casos de PA, porém sem informações a respeito da técnica endodôntica
realizada no estudo, bem como de outros aspectos importantes para a análise do
mesmo (Seto et al., 1985). A maioria dos estudos avaliou o índice de sucesso do
tratamento endodôntico somente em pacientes submetidos à RT (Montgomery,
1977; Markitziu; Heling, 1981; Seto et al., 1985). Um único estudo recente
demonstrou, embora numa amostra ainda pequena, metodologia eficiente quanto ao
tratamento endodôntico, com resultados de índice de sucesso para casos de polpa
viva, que nos estimulam a realizar a endodontia em pacientes irradiados com
segurança (Castagnola et al., 2020), apesar da necessidade de acompanhamento
incessante após a RT em virtude dos riscos de cárie de radiação.
Em virtude, dos poucos estudos apresentados na literatura quanto aos
protocolos odontológicos envolvendo a Endodontia (Zlotolow 1999 apud Murdoch-
Kinch e Zwetchkenbaum, 2011; Antonio et al. 2001 apud Grimaldi et al., 2005;
Schiodt; Hermund, 2002), assim como a escassez de dados, quanto ao índice de
sucesso do tratamento endodôntico (Seto et al., 1985; Kielbassa et al., 1995),
principalmente para casos de PA, antes da RT; a exodontia, ainda hoje, é o
tratamento de escolha para a remoção de focos infecciosos dos pacientes
diagnosticados com CCP, antes de serem encaminhados às suas terapias
oncológicas, sendo a opção viável diante dos riscos iminentes de cárie de radiação,
caso nenhuma medida de prevenção seja tomada, o que dificultaria a reabilitação
deste elemento dentário; ou até mesmo, a ocorrência de nova exposição do canal
obturado, favorecendo a recontaminação do mesmo e, consequentemente,
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7 CONCLUSÃO
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Este termo está sendo elaborado em duas vias, sendo uma do participante da
pesquisa e outra dos pesquisadores responsáveis.