DO Abilio Coppede Corrigida
DO Abilio Coppede Corrigida
DO Abilio Coppede Corrigida
t
= coeficiente de frico entre as roscas do parafuso e do implante;
r
t
= o raio de contato efetivo da rosca;
= o meio-ngulo da rosca;
n
= o coeficiente de frico entre a cabea do parafuso e a superfcie superior da conexo;
r
n
= o raio de contato efetivo entre a cabea do parafuso e a superfcie da conexo.
108
Segundo os autores, o coeficiente de frico produto de 30 a 40 variveis
que afetam a frico observada em uma rosca de parafuso e em uma conexo
parafusada. Este coeficiente de frico deve ser determinado experimentalmente
antes de adicionar o seu valor na frmula acima. No estudo realizado, foi examinado
o desenvolvimento da pr-carga em um complexo implante/abutment usando anlise
de elementos finitos. Foram desenvolvidos dois modelos virtuais: 1- implante
Brnemark MKIII hexgono externo 3,75mm x 10mm, com um pilar do tipo CeraOne,
e um parafuso do tipo Unigrip; 2- implante Replace Select tringulo interno, 4,3mm x
10mm, pilar Straight Esthetic de titnio com parafuso TorqTite. Os parafusos foram
apertados com incrementos de torque de 1Ncm, de 0 a 64Ncm. Os resultados
mostraram que o padro de distribuio de foras gerou transferncia de fora de
pr-carga do parafuso para o implante durante o aperto. Utilizando o torque
recomendado pelo fabricante de 32Ncm no foi obtida pr-carga de 75% do valor do
limite de proporcionalidade do parafuso. Os autores concluram que:
i. O torque de 32Ncm nos implantes Brnemark gerou pr-carga aqum
da ideal (825Ncm), ou 75% do limite de proporcionalidade, como
recomendado para conexes parafusadas de implantes;
ii. A pr-carga obtida nos implantes Replace utilizando os parafusos
TorqTite (com aprimoramento de superfcie) ficou aqum da ideal
(825Ncm) utilizando um torque de 32Ncm, porm foi 30% maior do que
a pr-carga obtida pelos implantes Brnemark;
iii. Quando o coeficiente de frico para a interface entre as roscas do
parafuso e as roscas do implante foi reduzido experimentalmente, a
pr-carga produzida pelos torques recomendados pelo fabricante nos
dois sistemas foi muito maior.
109
A proposta do estudo de Alkan et al. (2004) foi investigar a distribuio de
tenses em parafusos de implantes pr-torqueados, em 2 tipos de conexo
implante/abutment. Para este fim foram desenvolvidos 03 modelos distintos para a
anlise tridimensional por elementos finitos: 1- Brnemark, hexgono externo. 2- ITI
cone morse com munho slido. 3- ITI cone morse com parafuso passante e
octgono interno. A pr-carga foi simulada nos parafusos dos abutments atravs da
simulao da contrao trmica do parafuso. Os conjuntos passaram por simulao
de carregamento esttico nas seguintes condies: 10N horizontal; 35N vertical; 70N
oblquo. Com base nos resultados deste estudo, os autores concluram que os
valores mximos de tenses dos parafusos sob carregamento simulado
permaneceram muito abaixo dos valores do limite de elasticidade dos parafusos,
para os dois tipos de conexo. Portanto, os resultados sugerem que nenhum dos
dois sistemas testados deveria apresentar falhas sob cargas mastigatrias
simuladas.
Cantwell e Hobkirk (2004) desenvolveram estudo para verificar se parafusos
protticos de ouro perdem pr-carga ao longo do tempo. Foram utilizados
componentes Standard Nobel Biocare. Sensores de tenso montados nos pilares
Standard formaram um transdutor para medir a pr-carga. Cinco jogos de parafuso
protticos novos, cilindros protticos e parafusos do pilar Standard foram montados
sobre um implante Brnemark de hexgono externo, utilizando o pilar transdutor. Os
parafusos foram torqueados com 10Ncm. A pr-carga foi monitorada por 15 horas. A
pr-carga variou de 157,5 at 488,9N (mdia de 319,6N), com reduo mdia ao
longo das 15 horas de 24,9%, sendo que 40,2% desta perda ocorreu nos 10
segundos aps o aperto. O relaxamento torsional da haste do parafuso, o efeito de
acomodao, e a deformao plstica localizada das roscas do parafuso e do pilar
110
foram as explicaes mais provveis para este fenmeno. A concluso dos autores
foi de que parafusos protticos de ouro novos sofrem perda significante de pr-carga
aps a instalao.
O objetivo dos autores neste estudo (ehreli et al., 2004 II) foi comparar a
resistncia fadiga dinmica de abutments slidos ou com parafuso passante
conectados a implantes cone morse ITI com octgono interno. Os abutments foram
instalados aos implantes com torque de 35Ncm. Carregamento dinmico cclico,
axial e lateral, com cargas mximas de 75 5N foi aplicado aos implantes pelo total
de 500.000 ciclos, com frequncia de 0,5Hz, em ngulo de 20. Estas condies,
segundo os autores, simularam as piores condies encontradas in vivo, como
bruxismo. Anteriormente ao experimento e a cada 100.000 ciclos de carregamento,
medies com Periotest foram realizadas. Os valores do torque de desaperto dos
abutments foram medidos ao final do experimento. Todos os abutments ao final do
experimento se mostraram clinicamente imveis e sem sinais de falhas mecnicas.
Os resultados das medies com Periotest foram semelhantes para os dois tipos de
abutments, e os resultados do torque de desaperto foram superiores para os
abutments slidos. Os autores concluram que resultados em longo prazo previsveis
podem ser alcanados com os abutments slidos ou com parafuso passante para
restauraes cimentadas, porm os abutments slidos apresentaram maior torque
de desaperto do que os abutments com parafuso passante.
Khraisat et al. (2004) investigaram o efeito da fadiga no afrouxamento de
parafusos do abutment e na resistncia flexo de um sistema de implantes de
hexgono externo para implantes unitrios aps o carregamento cclico lateral.
Foram utilizados quinze conjuntos de implantes Brnemark Mk IV (4 x 10mm) e
abutments CeraOne (3mm). Os parafusos foram torqueados em 32Ncm com o
111
auxlio de torqumetro, e retorqueados aps 10 minutos. Aps 5 minutos, o torque de
desaperto foi medido. Aps esta medio, os parafusos foram torqueados e
retorqueados, e posicionados na mquina de ensaios cclicos. A carga foi de 0 a
50N, com frequncia de 75 ciclos por minuto, perfazendo 500.000 e 1.000.000
ciclos. Aps o carregamento mecnico, o torque de desaperto ps-ensaio foi
avaliado. Aps a primeira fase do ensaio, todos os conjuntos foram submetidos ao
ensaio de resistncia flexo, velocidade de 1mm por minuto. Foram avaliados o
limite de elasticidade e a resistncia flexo. Os resultados dos ensaios mostraram
que o carregamento cclico lateral por 1.000.000 de ciclos diminuiu
significativamente os valores do torque de desaperto em comparao aos conjuntos
carregados por 500.000 ciclos. Alm disso, os resultados mostraram que o
carregamento mecnico no influenciou na resistncia flexo dos conjuntos
implante/pilar.
Neste mesmo ano, este mesmo grupo de pesquisadores (Khraisat et al.,
2004 II) verificou o efeito do carregamento lateral cclico com diferente pontos de
aplicao de fora no afrouxamento do parafuso do abutment em um sistema de
implantes de hexgono externo. Foram utilizados 15 conjuntos de implantes
Brnemark Mk IV (4 x 10mm) e abutments CeraOne (3mm). Os parafusos foram
torqueados em 32Ncm com o auxlio de torqumetro, e retorqueados aps 10
minutos. Aps 5 minutos, o torque de desaperto foi medido. Aps esta medio, os
parafusos foram torqueados e retorqueados, e posicionados na mquina de ensaios
cclicos. A carga foi de 0 a 50N, com frequncia de 75 ciclos por minuto, perfazendo
o total de 1.000.000 ciclos. Os resultados deste trabalho mostraram que o
carregamento lateral cclico excntrico causou menor reduo no torque de
112
desaperto dos parafusos dos abutments do que o carregamento lateral cclico
cntrico.
Segundo Wiskot et al. (2004) os vetores de fora aplicados sobre os dentes
durante funo so multivetoriais, isso , podem variar desde totalmente verticais
(ao longo eixo do implante) at horizontais (perpendiculares ao longo eixo). As
foras transversais so consideradas as mais prejudiciais por causa da fraqueza
relativa dos componentes tenso e ao cisalhamento, combinados com o momento
flexural resultante da altura da coroa. Neste estudo, para simular as cargas
multivetoriais da mastigao, foi utilizado um teste de viga em cantilver rotacional,
isto , os implantes, seus conectores e os abutments foram rotacionados ao redor
dos seus longos eixos enquanto uma fora perpendicular era aplicada em sua
extremidade. Foram estudados 5 tipos de abutments para implantes ITI. O objetivo
foi determinar o nvel de fora em que 50% dos corpos de prova sobreviveriam a
1.000.000 ciclos. Como resultado, todos os abutments parafusados apresentaram
carga de falha mdia na faixa de 57N 5%. O aumento no torque de instalao
aumentou a carga de falha mdia. Os componentes de cermica resistiram quase da
mesma forma que os componentes de metal.
Butz et al. (2005) compararam abutments de zircnia com abutments de
alumina com respeito aos resultados mecnicos aps simulao de mastigao.
Foram utilizados 48 implantes de hexgono externo divididos em 3 grupos de 16
implantes. Grupo A: abutments de zircnia; Grupo B: abutments de alumina; Grupo
C: abutments de titnio. Os abutments tinham cinta de 4mm de altura, e altura de
7mm. Os corpos de prova foram submetidos a 1.200.000 ciclos de fadiga termo-
mecnica, em simulador de mastigao de dois eixos controlado por computador.
Fora de 30N foi aplicada 3mm abaixo da borda incisal das coroas com frequncia
113
de 1,3Hz utilizando bolas de cermica de 6mm de dimetro como antagonistas. A
distncia do ponto de aplicao plataforma do implante foi de 14mm. Como
resultado, todos os corpos de prova dos grupos A e C sobreviveram, e um no grupo
B falhou no ciclo 9 de 1.200.000. Dos corpos de prova que sobreviveram nenhum
apresentou afrouxamento de parafusos ou trincas superficiais. A concluso do
trabalho de que os abutments de zircnia tm desempenho similar aos de metal, e
podem ser recomendados como alternativa esttica para o tratamento com
implantes unitrios na regio anterior. Abutments de alumina possuem propriedades
menos favorveis.
A proposta de Yousef et al. (2005) foi entender os parmetros de
afrouxamento de parafusos, utilizando modelo in vitro, incluindo perda de torque,
rotao da cabea do parafuso, mudanas nas dimenses dos parafusos e distoro
da interface implante/abutment. Foram estudados 3 sistemas de implantes:
Brnemark (Nobel Biocare, Yorba Linda, California, EUA), 3i (Implant Innovations,
Palm Beach Gardens, Florida, EUA), e Bio-Lock (Bio-Lock International, Deerfield
Beach, Florida, EUA), todos com conexo em hexgono externo. Os implantes
foram carregados com carga axial de 300N, por 50.000 ciclos, com frequncia de
1Hz. Os resultados mostraram que os implantes do sistema Nobel Biocare
apresentaram perda de torque mdia de 9,5Ncm, acompanhada por rotao anti-
horria do parafuso de 7, e alongamento do parafuso de 200m. Para os implantes
dos sistemas 3i e Bio-Lock no houve observao significante de perda de torque,
rotao ou alongamento do parafuso. Os autores concluram que o afrouxamento de
parafusos parece seguir uma srie de parmetros especficos que inclui rotao anti-
horria, estiramento do parafuso e distoro da conexo parafusada, e que este
processo parece estar associado s propriedades fsicas do parafuso e sua
114
configurao. Ainda segundo os autores, a carga de 300N utilizada neste estudo
correspondeu a forte atividade de bruxismo.
Elias et al. (2006) verificaram o torque de desaperto de parafusos com
diferentes tipos de revestimento. Foram utilizados implantes de hexgono externo de
3,75mm de dimetro e 13mm de comprimento. Os parafusos estudados foram: 1.
liga de titnio sem revestimento; 2. liga de titnio com revestimento de TiCN; 3. liga
de titnio com revestimento de TiN; 4. liga de titnio com revestimento de Parylene
N; 5. liga de titnio com revestimento de Teflon. Na terceira parte deste estudo,
parafusos sem revestimento e com revestimento de Teflon foram comparados aps
carregamento cclico. Os parafusos foram apertados com 32Ncm, carregados
ciclicamente com carga de 140N, que os autores definiram como carga
correspondente quela de dentes anteriores. Foi utilizada graxa como lubrificante
para reduzir a frico e o desgaste no ponto de carregamento. A carga foi aplicada
em ngulo de 15. A frequncia de carregamento foi de 30Hz. A cada 100.000 ciclos,
os abutments foam verificados manualmente para mobilidade. O carregamento foi
terminado em 1.200.000 ciclos. Foi observada diferena significante entre os tipos
de parafuso aps carregamento cclico; sob carregamento cclico os parafusos sem
revestimento se mostraram mais estveis que os parafusos revestidos por Teflon.
Os autores concluem que o uso de revestimentos no parafuso do abutment reduz o
coeficiente de frico e aumenta a pr-carga para um torque de aperto especfico.
Entretanto, isto resulta na reduo do torque de desaperto, o que pode ter
resultados adversos na estabilidade destes parafusos.
Segundo Piermatti et al. (2006), apesar da perda de torque no se refletir
imediatamente em afrouxamento evidente da conexo, se o processo continuar
indefinidamente pode resultar em plena instabilidade da conexo, com consequente
115
separao do abutment e do implante. O objetivo dos autores foi examinar os efeitos
do desenho da conexo na estabilidade do parafuso do abutment. Foram testados 4
sistemas de implantes, 2 com conexo em hexgono externo: Bio-Lok (Bio-Lok
International Inc, Deerfield Beach, Flrida, EUA) e Nobel Biocare (Nobel Biocare
USA Inc, Yorba Linda, Califrnia, EUA); e 2 com conexes internas: Zimmer (Zimmer
Dental, Carlsbad, Califrnia, EUA) e Astra Tech (Astra Tech Inc, Waltham,
Massachusetts, EUA). Dez amostras de cada sistema foram utilizadas. Os parafusos
foram torqueados em 32Ncm. As amostras foram carregadas verticalmente a 200N,
com frequncia de 10Hz, por 1.000.000 de ciclos. O ponto de aplicao da carga
ficava a 4mm do longo eixo do implante. Os resultados do trabalho mostraram que
as amostras do sistema Bio-Lok perderam 10% do valor de torque original; as
amostras dos sistemas Nobel Biocare e Zimmer apresentaram comportamento
semelhante, com perda de 50% do valor do torque original, mas no ocorreram
afrouxamentos totais nestes sistemas; as amostras do sistema Astra Tech perderam
praticamente todo o torque e afrouxaram. Com isso, os autores concluram que,
embora as conexes internas sejam preferenciais clinicamente, este estudo no
apresentou nenhuma vantagem quanto ao afrouxamento de parafusos. Entretanto, o
desenho do parafuso pode ser fator significante no afrouxamento da conexo.
Stker et al. (2008) avaliaram atravs de sensores de tenso os valores de
pr-carga e do torque de desaperto de trs tipos de parafusos de abutment: ouro,
titnio e titnio com tratamento de superfcie. Foram utilizados 3 implantes de
hexgono externo e 3 abutments do tipo CeraOne. Foram utilizados 10 parafusos de
ouro, 10 parafusos de titnio e 10 parafusos de titnio com tratamento de superfcie.
O torque de instalao dos parafusos foi de 30Ncm. Aps 5 minutos, foi obtido o
valor da pr-carga atravs da leitura dos sinais dos sensores de tenso. Aps esta
116
leitura, o parafuso foi removido com torqumetro digital, e o torque de desaperto foi
registrado. O processo foi repetido mais 4 vezes. Os parafusos de ouro
apresentaram maiores valores de pr-carga (131.72 8,98 N); seguidos pelos
parafusos de titnio com tratamento de superfcie (97.78 4,68 N); e pelos
parafusos de titnio (37,03 5,69 N). Diferenas significantes foram encontradas
entre os grupos para a pr-carga e para os torques de remoo. A concluso dos
autores foi de que os parafusos de ouro podem ser indicados para obter maior
longevidade da conexo implante/abutment e, consequentemente, da restaurao
prottica devido aos maiores valores de pr-carga obtidos.
Copped et al. (2009) avaliaram os efeitos do carregamento mecnico na
perda de torque de abutments com conexes cnicas internas. Foram utilizados 68
implantes cnicos com conexo cnica interna, 34 abutments slidos e 34
abutments com parafuso passante. Implantes e abutments foram divididos em 4
grupos: Grupos 1 e 3: abutments slidos; Grupos 2 e 4: abutments com parafuso
passante. Os abutments dos grupos 1 e 2 foram instalados, repousaram por 5
minutos, e foram removidos. Os torques de aperto e desaperto foram medidos e
registrados. Os abutments dos grupos 3 e 4 foram instalados, repousaram por 5
minutos, passaram pelos ensaios de carregamento mecnico, e foram removidos.
Os torques de aperto e desaperto foram medidos e registrados. Em todos os grupos
foram realizados 10 ciclos de aperto/desaperto. Para as medies dos torques de
aperto e desaperto, foi utilizado torqumetro digital (TQ-680, Instrutherm, So Paulo,
Brasil), posicionado em artefato de aferio de torque desenvolvido no
Departamento de Materiais Dentrios e Prtese da Faculdade de Odontologia de
Ribeiro Preto - USP. Neste aparato, o torqumetro ficou posicionado na haste
superior, enquanto o conjunto implante/abutment ficou localizado na base, no interior
117
de um suporte que permitiu apenas seu movimento rotacional, com o objetivo de
padronizar a aplicao de torque em todas as amostras. Para os ensaios de
carregamento mecnico, foi proposta metodologia original. Cinco minutos aps a
medio dos torques de instalao dos abutments, as amostras foram posicionadas
em mquina de carregamento mecnico desenvolvida no mesmo Departamento,
que simulava os movimentos mastigatrios. Nesta mquina, um motor eltrico
movimentava um brao mvel com velocidade de 265 ciclos/minuto, e percurso
linear de 10mm. As amostras foram posicionadas em recipiente instalado sobre o
brao mvel da mquina. Sobre o brao mvel, localizava-se uma haste com ajuste
vertical, que quando liberada, permitia um cilindro antagonista repousar sobre as
amostras, aplicando a elas a carga total de 5,53N. Os ensaios foram realizados em
meio mido, com gua deionizada. Cada ensaio de carregamento mecnico foi
realizado por 15 minutos, completando o total de 1.325 ciclos, que correspondeu a 3
a 4 dias de funo oral normal. A carga reduzida e o pouco tempo de carregamento
mecnico foram desvantagens significantes desta metodologia. Os resultados deste
trabalho mostraram pequena perda de torque dos abutments cnicos, na faixa de
10,5% para o grupo sem carregamento mecnico e de 5,4% para o grupo carregado
mecanicamente. O grupo dos abutments com parafuso passante carregados
mecanicamente apresentou torque de desaperto 39% superior ao torque de
instalao, pois as cargas compressivas do carregamento mecnico aumentaram o
embricamento friccional entre o implante e o abutment. A partir destes resultados, os
autores concluram que:
i. O carregamento mecnico em curto prazo de abutments com conexo
cnica interna aumentou seu torque de desaperto em comparao aos
abutments similares que no sofreram carregamento;
118
ii. Apenas os abutments com parafuso passante apresentaram aumento
do torque de desaperto em relao ao torque de aperto.
No mesmo ano, Tsuge et al. (2009) avaliaram o efeito do carregamento
cclico excntrico no afrouxamento de parafusos do abutment em implantes com
hexgono externo ou interno, com dois tipos de parafusos: liga de titnio ou liga de
ouro. Os valores do torque de desaperto foram medidos antes (pr-carga inicial) e
depois do carregamento (ps-carregamento). Os conjuntos preparados foram
divididos em 4 grupos: Grupos A e B utilizaram implantes de hexgono interno, com
parafusos de liga de ouro e liga de titnio respectivamente; grupos C e D utilizaram
implantes de hexgono externo, com parafusos de liga de ouro e liga de titnio
respectivamente. Torqumetro eletrnico foi utilizado para assegurar a
reprodutibilidade da fora aplicada a cada parafuso de abutment. O torqumetro foi
cuidadosamente orientado no longo eixo do implante, com a chave prottica inserida
no parafuso, e rotacionado no sentido horrio at que o parafuso fosse torqueado
em 20Ncm, como recomendado pelo fabricante. O parafuso foi reapertado ao
mesmo valor de torque 10 minutos depois para minimizar o efeito de relaxamento
entre as superfcies de contato, o que auxiliou na obteno da pr-carga tima.
Cinco minutos depois, o torque de desaperto foi medido utilizando o mesmo
torqumetro. Foram aplicados 1.000.000 de ciclos de carregamento, que segundo os
autores, representaram 40 meses de funo simulada. Carregamento cclico de
onda quadrada entre 0 e 100N foi aplicado, com frequncia de 1,25Hz, que segundo
os autores foi similar frequncia mastigatria humana. O ponto do carregamento
foi 4mm esquerda do centro do implante, e a 30 do longo eixo do implante. O
carregamento foi realizado a 231C, e com umidade de 505%. Aps o
carregamento, os torques de desaperto foram medidos com o mesmo torqumetro.
119
As seguintes concluses foram obtidas aps comparao das pr-cargas dos
parafusos, antes e aps o carregamento cclico:
i. Para todos os grupos, o torque de desaperto aps o carregamento
cclico foi maior do que o torque de desaperto pr-carregamento.
ii. Foi verificado que a conexo implante/abutment no teve efeito
significante, mas o material do parafuso teve. Em particular, os
parafusos de liga de titnio tiveram menor afrouxamento.
Park et al. (2010) investigaram o efeito do revestimento superficial na pr-
carga de parafusos de abutment em trs sistemas de conexo prottica em
comparao a parafusos de titnio sem revestimento. Foram utilizados 3 tipos de
conexo de um sistema com fabricao coreana (Osstem Implant, Seul, Coria):
hexgono externo, cnica interna de 8 e cnica interna de 11. Foram utilizados 10
conjuntos implante/abutment para cada tipo de conexo, perfazendo 30 amostras.
Os abutments foram torqueados aos seus respectivos implantes, com auxlio de
torqumetro digital. Aps 10 minutos, os parafusos foram novamente torqueados
com o mesmo valor. O torque de desaperto inicial foi ento verificado com o mesmo
torqumetro. Aps este ensaio inicial, os parafusos foram torqueados novamente e
instalados na mquina de ensaios cclicos. O carregamento cclico foi realizado em
inclinao de 30, com cargas de 10 a 250N, com frequncia de 2Hz, por 1.000.000
ciclos. A carga foi aplicada a 11mm do ponto de fixao do implante. Aps a
ciclagem, o torque de desaperto dos abutments foi verificado com o mesmo
torqumetro. De acordo com os resultados, os autores chegaram s seguintes
concluses:
120
i. Os parafusos com revestimento superficial apresentaram maiores
valores de pr-carga que os parafusos sem revestimento, nos trs tipos
de conexo estudados;
ii. O torque de desaperto inicial dos parafusos sem revestimento foi maior
que o dos parafusos com revestimento. Entretanto, aps os ensaios de
carregamento cclico, os parafusos com revestimento apresentaram
valores para o torque de desaperto superiores aos dos parafusos sem
revestimento. Isto indicou que os parafusos com revestimento foram
mais efetivos em manter a pr-carga que os parafusos sem
revestimento;
iii. As conexes internas foram mais eficientes em manter a pr-carga dos
parafusos aps o carregamento cclico que a conexo em hexgono
externo.
2.4 ENSAIOS DE RESISTNCIA FLEXO E FADIGA EM DIFERENTES
SISTEMAS DE IMPLANTES OSSEINTEGRVEIS
Balfour e OBrien (1995) realizaram estudo no qual trs diferentes tipos de
conexo implante/abutment foram analisados em testes de resistncia torsional,
resistncia flexo e resistncia fadiga por carregamento cclico. Foram utilizados
implantes com hexgono externo, octgono interno e hexgono interno. Os ensaios
de resistncia torsional foram realizados fixando um torqumetro calibrado no
abutment, e aplicando fora lateral no torqumetro at que o fracasso dos
componentes se tornasse evidente. Os ensaios de resistncia flexo foram
121
realizados com 30 de inclinao, com aplicao de carga a 0,02 polegada/minuto
at que o fracasso da amostra fosse evidente. Para os ensaios de fadiga, foram
aplicadas cargas cclicas frequncia de 14Hz at que o fracasso fosse evidente.
De acordo com os resultados obtidos, os autores concluram que o desenho em
hexgono interno apresentou maior grau de estabilidade, o que atriburam ao maior
comprimento do encaixe hexagonal interno.
Norton (1997) realizou em estudo no qual foram executados testes de flexo
de 3 pontos para comparar a resistncia flexo de implantes de conexo em
hexgono externo e dimetro de 3,75mm com implantes de conexo interna cnica
e dimetro de 3,5mm. Os resultados mostraram maior resistncia flexo na
interface implante/abutment para os implantes de conexo interna cnica
Boggan et al. (1999) verificaram a influncia da altura do hexgono e do
dimetro da plataforma de implantes de hexgono externo na sua resistncia
flexo. Segundo os autores, quanto maior a altura do hexgono do implante, menor
a carga no parafuso. Da mesma maneira, quanto maior o dimetro da plataforma do
implante, menor a carga no parafuso. Neste estudo foram avaliados implantes de 4,0
e 5,0mm de dimetro, em inclinao de 30
o
, atravs de ensaios de resistncia
flexo e ensaios de fadiga. Nos ensaios de resistncia flexo, foi utilizada clula de
carga com velocidade de deslocamento de 0,51mm/min. A capacidade da clula de
carga no foi informada. Foram utilizadas 3 amostras de cada dimetro. Para os
testes de fadiga, foi aplicada carga compressiva cclica, em frequncia de 15hz. A
carga mnima foi de 10% da carga mxima. Os resultados mostraram que os
implantes de 5mm de dimetro foram mais resistentes tanto fratura esttica quanto
fadiga em comparao com os implantes de 4mm.
122
Tan et al. (2004) introduzem o termo da bioengenharia momento flexural
crtico (MFC) implantodontia. Este o momento flexural no qual as cargas no-
axiais aplicadas superam a pr-carga da conexo parafusada e causam perda de
contato entre as superfcies dos componentes da conexo. Quando a conexo abre
assimetricamente devido a uma carga aplicada excentricamente, a carga adicional
externa resistida pela haste do parafuso. Esta carga adicional na haste do
parafuso aumenta no-linearmente com o aumento progressivo da abertura da
conexo. A tenso no distribuda uniformemente pela haste do parafuso; tenso
maior induzida no lado tensionado. Estas tenses assimtricas predispem a
haste do parafuso fratura precoce. O objetivo deste estudo foi medir e comparar o
momento flexural crtico de interfaces implante/abutment parafusadas de dois
sistemas de abutments e 2 dimetros de implantes. Foram utilizados implantes de
hexgono externo de plataforma regular (dimetro de 3,75mm) e de plataforma larga
(5,0 mm), e abutments do tipo CeraOne e Multi-Unit. O MFC foi medido em todos os
grupos, com o abutment torqueado ao implante a 25%, 50%, 75% e 100% do torque
recomendado pelo fabricante. Os resultados permitiram concluir que:
i. Para todos os grupos testados foi observado aumento linear da mdia do
MFC nos 4 nveis de torque aplicados;
ii. O MFC foi maior para os implantes de dimetro largo que para os
implantes de dimetro regular, com o mesmo tipo de abutment;
iii. No mesmo dimetro de implante, o MFC foi significativamente maior para o
abutment CeraOne que para o abutment Multi-Unit, com o torque
recomendado pelo fabricante.
123
Butz et al. (2005) compararam abutments de zircnia com abutments de
alumina a respeito de seus resultados aps carregamento esttico. Foram utilizados
48 implantes de hexgono externo divididos em 3 grupos de 16 implantes. Grupo A:
abutments de zircnia; Grupo B: abutments de alumina; Grupo C: abutments de
titnio. Os abutments tinham cinta de 4mm de altura, e altura de 7mm. Os corpos de
prova foram carregados at a fratura ou deflexo de 4mm em mquina de testes
universais, com deslocamento de 1,5mm/min, em ngulo de 130, 3mm abaixo da
borda incisal. As cargas de fratura foram registradas. Os resultados evidenciaram
diferenas significantes entre os grupos A e B, e entre os grupos B e C, mas no
houve diferena significante entre os grupos A e C. No grupo A ocorreram 4 fraturas
de abutments e 2 fraturas de parafusos; nos 10 conjuntos restantes houve deflexo
de mais de 4mm. No grupo B todas as fraturas foram dos abutments. No grupo C
todos os conjuntos apresentaram deflexo de mais de 4mm. Todos os conjuntos
defletidos apresentaram flexo permanente do parafuso e distoro da plataforma
do implante. Fraturas dos abutments ocorreram no lado da aplicao da fora, ao
nvel da cabea do parafuso. A concluso dos autores de que os abutments de
zircnia tiveram desempenho similar aos de metal, e poderiam ser recomendados
como alternativa esttica para o tratamento com implantes unitrios na regio
anterior. Abutments de alumina apresentaram propriedades menos favorveis.
Erneklint et al. (2006) avaliaram a resistncia flexo de um sistema de
implantes com conexo cnica interna. Foram comparadas duas angulaes de
abutments (20 e 45) e 3 tipos de materiais de parafusos (liga de titnio, liga de
ouro e titnio comercialmente puro). Um teste de compresso oblqua em 30 foi
conduzido em mquina universal de ensaios, com deslocamento de 0,5mm/min, at
124
a ocorrncia de alguma falha. As falhas foram definidas como: 1. deflexo de 3mm
abaixo do longo eixo do implante; 2. alcance da carga mxima (2.000N); 3. fratura
do componente. Os resultados mostraram diferenas significantes entre a
resistncia flexo dos abutments de 20 e de 45, sendo a maior resistncia para
os abutments de 20. Para os abutments de 45, os parafusos de titnio
apresentaram resultados significativamente superiores aos de ouro. Para os
abutments de 20, os parafusos de titnio comercialmente puro apresentaram
resultados significativamente superiores aos de liga de titnio e aos de ouro. A
angulao do abutment foi mais determinante na resistncia flexural do que o
material do parafuso, mas o material tambm teve relevncia. Os autores concluem
que, independentemente do material de parafuso utilizado, um abutment de 20
poderia resistir a foras de carga de pelo menos 900N.
Pedroza et al. (2007) compararam a resistncia flexo sob carregamento
compressivo na interface implante/abutment em 3 diferentes sistemas (Unipost,
Spline e Screw Vent), e descreveram o tipo de falha. 69 amostras foram utilizadas,
23 para cada sistema. As amostras foram posicionadas em uma unidade rgida com
30 de inclinao. Uma mquina universal de ensaios aplicou carregamento
compressivo esttico por um pisto vertical unidirecional, com velocidade de 0,02
polegadas/min, at a ocorrncia de falha, definida como fratura do implante ou da
interface implante/abutment. A fora mxima de resistncia flexo foi registrada, e
curva de tenso x deformao foi produzida para cada amostra. Os corpos de prova
foram analisados macroscpica e microscopicamente para determinar o tipo de falha
ocorrida: deslocamento longitudinal, afrouxamento do abutment, fraturas no implante
ou no parafuso. O sistema Unipost demonstrou valor de resistncia compressiva
125
significativamente superior em comparao aos sistemas Spline e Screw-Vent, em
angulao de 30.
Em um estudo no ano seguinte, Steinebrunner et al. (2008) avaliaram a
influncia do carregamento cclico em longo prazo na resistncia fratura de
diferentes conexes implante/abutment. Foram utilizados seis sistemas de
implantes: 2 com hexgono externo (Brnemark, Compress) e 4 com conexes
internas (Frialit 2, Replace Select, Camlog e Screw-Vent). A resistncia flexo foi
realizada em dois grupos: um aps o carregamento dinmico das amostras, e outro
sem carregamento. Cada grupo incluiu 8 amostras. O carregamento dinmico foi
realizado com carga de at 120N, no total de 1.200.000 ciclos. De acordo com os
resultados obtidos, os autores concluram que as conexes internas de encaixe
tubo-em-tubo, como nos sistemas Replace Select e Camlog, mostraram vantagens
com respeito longevidade e resistncia flexo, em comparao s conexes
internas dos sistemas Frialit 2 e Screw-Vent, assim como s conexes externas dos
sistemas Brnemark e Compress.
No ano seguinte, Copped et al. (2009) compararam a resistncia flexo de
implantes com conexo em hexgono interno e implantes com conexo cnica
interna. Foram utilizados 20 implantes, 10 com conexo em hexgono interno e 10
com conexo cnica interna. Os abutments foram instalados nos implantes com o
torque recomendado pelo fabricante, utilizando torqumetro digital (TQ-680,
Instrutherm, So Paulo, Brasil), posicionado em um artefato de aferio de torque
desenvolvido no Departamento de Materiais Dentrios e Prtese da Faculdade de
Odontologia de Ribeiro Preto - USP. Neste aparato, o torqumetro ficou posicionado
na haste superior, enquanto o conjunto implante/abutment ficou localizado na base,
no interior de um suporte que permitiu apenas seu movimento rotacional, com o
126
objetivo de padronizar a aplicao de torque em todas as amostras. Os conjuntos
implante/abutment devidamente torqueados foram submetidos aos ensaios de
resistncia flexo em mquina universal de ensaios (DL-200, EMIC), com
inclinao de 30. O carregamento foi realizado com clula de carga de 500kgf, e
deslocamento de 1mm/min. O ponto de aplicao de carga ficou localizado a 11mm
da superfcie do cilindro onde os implantes se encontravam fixados (comprimento do
brao de alavanca). Dois valores foram obtidos neste ensaio: a fora mxima de
flexo e a fora de ruptura de cada conjunto implante/abutment. Os resultados deste
estudo indicaram que a mecnica de travamento por frico e o desenho slido dos
abutments com conexo cnica interna proporcionaram maior resistncia flexo ao
conjunto implante/abutment sob carregamento compressivo oblquo em comparao
aos abutments com conexo em hexgono interno.
Segundo Gil et al. (2009), quando a falha do implante causada por fadiga
mecnica, falhas de desenho ou produo, o modo de falha preferencialmente no
corpo do implante, por exemplo, no hexgono do implante. Outro local de falha na
conexo implante/abutment, quando adaptao inadequada da prtese ou perda
ssea progressiva so os principais fatores da falha do implante. A parte coronria
de um implante desenhada com a inteno de proporcionar estabilidade mecnica
interface implante/abutment. Uma conexo interna mais profunda aumentaria a
resistncia estrutural de sistemas de implantes sob carregamento flexural esttico.
Portanto, maior altura do hexgono externo poderia melhorar as propriedades
mecnicas estticas de um implante. Entretanto, a influncia da altura do hexgono
na resistncia fadiga de implantes ainda no havia sido investigada. O objetivo dos
autores foi avaliar o efeito da altura do hexgono externo na resistncia fadiga de
implantes de titnio comercialmente puros. As alturas dos hexgonos externos
127
estudados foram de 0,6, 1,2 e 1,8mm. Os testes de fadiga foram executados com as
amostras posicionadas em angulao de 30, com simulao de reabsoro ssea
de 3mm abaixo da parte mais inferior do hexgono externo, os abutments foram
instalados nos implantes com torque de 25Ncm. Ciclos triangulares de carregamento
com cargas compressivas entre 225N e 10N foram aplicados. Os implantes
deformados ou fraturados foram analisados. Os resultados de resistncia fadiga
para os implantes com hexgonos externos mais altos foram superiores ao dobro
dos implantes com hexgonos externos mais curtos. Portanto, os autores concluram
que a resistncia fadiga de implantes de hexgono externo esteve diretamente
relacionada altura do hexgono. A altura de 1,8mm pareceu aumentar
significativamente a resistncia fadiga dos implantes.
Nguyen et al. (2009) investigaram a resistncia fadiga de quatro sistemas
de implantes, e seus respectivos abutments de zircnia. Foram testados os
implantes Replace Select (Nobel Biocare, tringulo interno, dimetros 3,5; 4,3 e
5,0mm), Brnemark (Nobel Biocare, hexgono externo, dimetros 3,3; 4,0 e 5,0mm),
Osseotite NT (3i, hexgono externo, dimetros 4,1 e 5,0mm), e Osseotite NT Certain
(3i, hexgono interno, dimetros 4,1 e 5,0mm). Foram utilizados 5 implantes de cada
tipo e dimetro. Cada implante recebeu um abutment de zircnia correspondente.
Os ensaios de fadiga foram realizados em mquina de testes de fadiga com carga
de 21N em uma angulao de 45, o que resultou em momento flexural de 35Ncm. A
frequncia do ensaio foi de 10Hz, e o limite de ciclos foi de 5.000.000 de ciclos.
Vinte nove das 50 combinaes do teste falharam. 18 abutments fraturaram. 7
fraturas de implantes e 16 fraturas de parafusos do abutment foram observadas.
No foi observada diferena estatstica entre os sistemas. Os autores chegaram as
seguintes concluses:
128
i. No houve diferena significante no nmero de ciclos de carregamento
entre os quatro sistemas de implantes. Entretanto, houve diferena
significante entre os dimetros destes sistemas;
ii. Os abutments de zircnia nos implantes de dimetro estreito ou regular
apresentam maior risco de fraturas. Entretanto, foram observadas fraturas
tambm nos grupos de dimetro largo.
No mesmo ano, Sailer et al. (2009) investigaram se abutments de zircnia
com conexo interna exibiam resistncia fratura similar a abutments de zircnia
com conexo externa. Os abutments com conexo interna possuam duas
apresentaes: em pea nica inteiramente em zircnia, ou em duas peas, com a
poro da conexo interna em metal. Foram formados 4 grupos com 20 amostras
em cada: Grupo A implantes Straumann com abutments de zircnia de duas peas
com conexo interna; Grupo B implantes Brnemark com abutments de zircnia de
uma pea conexo externa; Grupo C implantes Replace com abutments de
zircnia de duas peas, conexo interna; Grupo D implantes Straumann com
abutments de zircnia de uma pea, conexo interna. Em cada grupo, 10 abutments
foram mantidos sem restaurao, e 10 receberam coroas de porcelana. As amostras
foram submetidas a cargas compressivas estticas at a falha. Para os testes de
resistncia fratura, as amostras foram posicionadas de modo a simular reabsoro
ssea de 3mm, sendo includas em acrlico at 3mm da plataformas dos implantes.
As amostras foram posicionadas em plataforma com inclinao de 30 em relao
aplicao da fora. Carga compressiva esttica foi aplicada sobre as amostras at
que fratura ou deformao ocorresse. A velocidade de aplicao da carga foi de
1mm/min. Os autores concluram que os abutments de duas partes com conexo
129
interna apresentaram maior resistncia flexural, enquanto os abutments com
conexo interna de uma pea foram os mais fracos entre os investigados. A
restaurao dos abutments no teve influncia na resistncia flexural em nenhum
dos grupos.
Segundo Lee et al. (2010), momento flexural critico (MFC) o momento
flexural no qual a carga externa no-axial aplicada supera a pr-carga da conexo
parafusada e causa perda do contato entre as superfcies dos componentes da
conexo parafusada. Este estudo verificou o momento flexural crtico em quatro
sistemas de implantes, com seus abutments para coroas cimentadas unitrias.
Foram utilizados os implantes: 1. Brnemark MkIII 3,75 x 15mm (Nobel Biocare); 2.
Replace Select Straight RP 4,3 x 15mm (Nobel Biocare); 3. Standard Osseotite 3,75
x 15mm (Biomet 3i); 4. TPS Threaded 3,75 x 15mm (Lifecore Biomedical). Foram
utilizadas cinco amostras em cada grupo. Para cada grupo, foram aplicados 3 nveis
de torque: 80%, 100% e 120% do torque recomendado pelo fabricante.
Instrumentao de medio de tenses foi utilizada para registrar os dados de
tenso dinamicamente para determinar o ponto de abertura da conexo. A partir dos
resultados obtidos, os autores chegaram as seguintes concluses:
i. A mdia do momento flexural crtico aumentou em progresso linear com o
aumento do torque aplicado;
ii. Ao nvel de torque recomendado pelo fabricante, o momento flexural crtico
do sistema Replace foi significativamente superior ao sistema Brnemark,
que por sua vez foi superior aos sistemas Biomet 3i e Lifecore;
130
iv. Os resultados confirmam o papel fundamental da pr-carga
compressiva concedida pelo parafuso do abutment na manuteno da
integridade da conexo.
3. PROPOSIO
132
3. PROPOSIO
A proposta deste estudo foi avaliar a eficcia de parafusos experimentais
cone morse para abutments de restauraes implantossuportadas unitrias em
relao a parafusos planos convencionais. Para tanto, foram utilizados conjuntos
implante/abutment experimentais com dois designs de conexo prottica: hexgono
externo e tringulo interno. Dois estudos mecnicos in vitro da conexo
implante/abutment foram realizados:
1. No primeiro estudo foram analisados os efeitos do carregamento mecnico
na perda de torque dos dois tipos de parafusos e dos dois designs de
conexo prottica.
2. No segundo estudo, foi verificada a resistncia flexo dos conjuntos
implante/abutment utilizando ambos os tipos de parafuso nos dois designs
de conexo prottica
4. MATERIAL E MTODOS
134
4. MATERIAL E MTODOS
FASE 01: EFEITO DO CARREGAMENTO MECNICO IN VITRO NO TORQUE DE
DESAPERTO DE ABUTMENTS UNITRIOS UTILIZANDO
PARAFUSOS PLANOS CONVENCIONAIS E PARAFUSOS
EXPERIMENTAIS CONE MORSE EM IMPLANTES COM CONEXO EM
HEXGONO EXTERNO E TRINGULO INTERNO
4.1 Implantes, parafusos e abutments desenvolvidos para utilizao nos
ensaios
Para a realizao deste ensaio, foram desenvolvidos e produzidos de forma
experimental:
22 implantes com conexo em hexgono externo (Drig, So Paulo, Brasil),
com 3,75mm de dimetro, 13mm de comprimento, 4,1mm de dimetro da
plataforma, 0,70mm de altura do hexgono, 2,70mm de dimetro do hexgono,
roscas externas tipo M3,75 x 1,2mm (duas entradas), roscas internas tipo M2,0
x 0,4mm, lote n
o
1181 (Figura 01);
22 implantes com conexo em tringulo interno (tri-channel) (Drig), com as
seguintes dimenses:4,3mm de dimetro, 13mm de comprimento, 4,3mm de
dimetro da plataforma, 1,4mm de altura da poro cervical, roscas externas
tipo M4,30 x 0,65mm, roscas internas tipo M2,0 x 0,4mm, lote n
o
1180 (Figura
02).
135
Todos os implantes foram confeccionados com titnio comercialmente puro
ASTM F67 Grau 4.
Figura 01: Implante hexgono externo e suas dimenses
Figura 02: Implante tringulo interno e suas dimenses
Foram desenvolvidos e produzidos de forma experimental 44 parafusos para
abutments unitrios em liga de titnio Ti-6Al-4V ELI ASTM F136:
136
11 parafusos planos convencionais para abutments com conexo em hexgono
externo (Drig), com as seguintes dimenses: 2,45mm de dimetro da cabea,
1,60mm de altura da cabea, 7,10mm de comprimento total, 3,40mm de
comprimento da seo rosqueada, 1,20mm de altura do encaixe para chave
tipo Unigrip, e roscas tipo M2,0 x 0,40mm, lote n
o
(Figura 03);
11 parafusos planos convencionais para abutments com conexo em tringulo
interno (Drig), com as seguintes dimenses: 2,45mm de dimetro da cabea,
1,70mm de altura da cabea, 9,40mm de comprimento total, 3,40mm de
comprimento da seo rosqueada, 1,30mm de altura do encaixe para chave
tipo Unigrip, e roscas tipo M2,0 x 0,40mm (Figura 04);
11 parafusos experimentais com cabea cnica, denominados parafusos cone
morse (Drig), para abutments com conexo em hexgono externo com as
seguintes dimenses: 2,45mm de dimetro da cabea, 1,60mm de altura da
cabea, 25 de angulao da parte cnica da cabea, 7,10mm de comprimento
total, 3,40mm de comprimento da seo rosqueada, 1,20mm de altura do
encaixe para chave tipo Unigrip, e roscas tipo M2,0 x 0,40mm (Figura 05); e,
11 parafusos experimentais cone morse, para abutments com conexo em
tringulo interno (Drig), com as seguintes dimenses: 2,45mm de dimetro da
cabea, 1,70mm de altura da cabea, 25 de angulao da parte cnica da
cabea, 9,40mm de comprimento total, 3,40mm de comprimento da seo
rosqueada, 1,30mm de altura do encaixe para chave tipo Unigrip, e roscas tipo
M2,0 x 0,40mm (Figura 06).
137
Figura 03: Parafuso plano convencional
hexgono externo e suas dimenses
Figura 04: Parafuso plano convencional
tringulo interno e suas dimenses
Figura 05: Parafuso cone morse hexgono
externo e suas dimenses
Figura 06: Parafuso cone morse tringulo
interno e suas dimenses
Foram desenvolvidos e produzidos de forma experimental 44 abutments
definitivos para prteses unitrias em liga de titnio Ti-6Al-4V ELI ASTM F136:
138
11 para conexo em hexgono externo com parafuso convencional (Drig) com
as seguintes dimenses: 11,70mm de comprimento total, 2,60mm de dimetro
do orifcio para chave, 2,70mm de dimetro do hexgono, 4,1mm de dimetro
externo da base, 5,0mm de dimetro da cinta, 3mm de altura da cinta (Figura
07);
11 para conexo em tringulo interno com parafuso convencional (Drig) com
as seguintes dimenses: 14,10mm de comprimento total, 11,5mm de altura a
partir da plataforma do implante, 2,60mm de dimetro do orifcio para chave,
2,05mm de dimetro do tringulo, 4,3mm de dimetro externo da base, 4,7mm
de dimetro da cinta, 3mm de altura da cinta (Figura 08);
11 para conexo em hexgono externo com parafuso cone morse (Drig) com
as seguintes dimenses: 11,70mm de comprimento total, 2,60mm de dimetro
do orifcio para chave, 2,70mm de dimetro do hexgono, 4,1mm de dimetro
externo da base, 5,0mm de dimetro da cinta, 3mm de altura da cinta, 25 de
angulao na poro interna que faz contato com a poro angulada da cabea
do parafuso (Figura 09); e,
11 para conexo em tringulo interno com parafuso cone morse (Drig) com as
seguintes dimenses: 14,10mm de comprimento total, 11,5mm de altura a
partir da plataforma do implante, 2,60mm de dimetro do orifcio para chave,
2,05mm de dimetro do tringulo, 4,3mm de dimetro externo da base, 4,7mm
de dimetro da cinta, 3mm de altura da cinta, 25 de angulao na poro
139
interna que faz contato com a poro angulada da cabea do parafuso (Figura
10).
Figura 07: Abutment hexgono externo para
parafuso convencional e suas dimenses
Figura 08: Abutment tringulo interno para
parafuso convencional e suas dimenses
Figura 09: Abutment hexgono externo para
parafuso cone morse e suas dimenses
Figura 10: Abutment tringulo interno para
parafuso cone morse e suas dimenses
Todos os implantes, parafusos e abutments foram confeccionados por um nico
fabricante (Drig), exclusivamente para utilizao neste estudo (Tabela 01).
140
Tabela 01. Especificaes dos implantes, parafusos e abutments utilizados nos ensaios
Componente Especificao Quantidade
Implantes Hexgono Externo
(HE)
13mm comprimento
3,75mm dimetro
4,1mm dimetro plataforma
0,70mm altura do hexgono
2,70mm dimetro do hexgono
Roscas externas M3,75 x 1,2mm (duas entradas)
Roscas internas tipo M2,0 x 0,4mm
22
Implantes Tringulo Interno
(TI)
13mm comprimento
4.3mm dimetro
4.3mm dimetro plataforma
1,4mm altura da poro cervical
Roscas externas M4,30 x 0,65mm
Roscas internas M2,0 x 0,4mm.
22
Parafuso Plano
Convencional p/ Abutment
Hexgono Externo
2,45mm dimetro cabea
1,60mm altura cabea
7,10mm comprimento total
3,40mm comprimento da seo rosqueada
1,20mm altura do encaixe para chave Unigrip
Roscas tipo M2,0 x 0,40mm
11
Parafuso Plano
Convencional p/ Abutment
Tringulo Interno
2,45mm dimetro cabea
1,70mm altura da cabea
9,40mm comprimento total
3,40mm comprimento da seo rosqueada
1,30mm altura do encaixe para chave Unigrip
Roscas tipo M2,0 x 0,40mm
11
Parafuso Cone Morse p/
Abutment Hexgono Externo
2,45mm dimetro da cabea
1,60mm altura cabea
25 angulao parte cnica cabea
7,10mm comprimento total
3,40mm comprimento da seo rosqueada
1,20mm altura do encaixe para chave Unigrip
Roscas tipo M2,0 x 0,40mm
11
141
Parafuso Cone Morse p/
Abutment Tringulo Interno
2,45mmdimetro cabea
1,70mm altura cabea
25 angulao parte cnica cabea
9,40mm comprimento total
3,40mm comprimento da seo rosqueada
1,30mm altura do encaixe para chave Unigrip
Roscas tipo M2,0 x 0,40mm
11
Abutment Definitivo p/
Hexgono Externo (parafuso
convencional)
11,70mm comprimento total
2,60mm dimetro do orifcio para chave
2,70mm dimetro do hexgono
4,1mm dimetro externo da base
5,0mm dimetro da cinta
3mm altura da cinta
11
Abutment Definitivo p/
Hexgono Externo (parafuso
cone morse)
11,70mm comprimento total
2,60mm dimetro do orifcio para chave
2,70mm dimetro do hexgono
4,1mm dimetro externo da base
5,0mm dimetro da cinta
3mm altura da cinta
25 angulao poro interna
11
Abutment Definitivo p/
Tringulo Interno (parafuso
convencional)
14,10mm comprimento total
11,5mm altura a partir da plataforma do implante
2,60mm dimetro do orifcio para chave
2,05mm dimetro do tringulo
4,3mm dimetro externo da base
4,7mm dimetro da cinta
3mm altura da cinta
11
Munho Definitivo p/
Tringulo Interno (parafuso
cone morse)
14,10mm comprimento total
11,5mm altura a partir da plataforma do implante
2,60mm dimetro do orifcio para chave
2,05mm dimetro do tringulo
4,3mm dimetro externo da base
4,7mm dimetro da cinta
3mm altura da cinta
25 angulao poro interna
11
142
4.2 Diviso dos grupos de ensaio
Os implantes e os abutments foram divididos em quatro grupos:
Grupo A - 11 conjuntos implante/abutment com conexo hexgono externo
e parafuso convencional (HE);
Grupo B 11 conjuntos implante/abutment com conexo tringulo interno e
parafuso convencional (TI);
Grupo C 11 conjuntos implante/abutment com conexo hexgono externo
e parafuso experimental cone morse (HECM);
Grupo D 11 conjuntos implante/abutment com conexo tringulo interno e
parafuso experimental cone morse (TICM);
4.3 Anlise inicial dos conjuntos implante/abutment/parafusos por microscopia
ptica
Antes da realizao dos ensaios, foram selecionados aleatoriamente 03
conjuntos implante/abutment de cada grupo para anlise inicial por microscopia
ptica no destrutiva, totalizando 12 conjuntos implante/abutment analisados. Essas
anlises foram realizadas utilizando lupa estereoscpica (modelo S8AP0, Leica
Microsystems Ltd., Sua), com aumentos padronizados de 16x, 20x, 25x e 40x para
a avaliao das roscas, colo e corpo dos implantes, abutments e dos parafusos.
Alm disso, um conjunto implante/abutment foi separado de cada grupo para anlise
destrutiva; estes conjuntos foram embutidos em resina transparente e seccionados
transversalmente para realizao de imagens de sua seco transversal. O aparelho
143
possua software especfico que possibilitou a captura das imagens observadas
(Leica Application Suite, Verso 3.4.1, Leica Microsystems Ltd., Sua).
4.4 Ensaios de controle dos torques de aperto e desaperto
Dez cilindros de ao inoxidvel com dimenses 26mm de dimetro x 20mm de
comprimento foram perfurados em sua superfcie superior; 5 com dimetro
aproximado de 4,1mm para os implantes de hexgono externo e 5 com dimetro de
4,3mm para os implantes de tringulo interno, at a profundidade de 15mm,
perpendicularmente ao seu longo eixo. Foi confeccionado acesso lateral para
acoplamento de parafuso transversal, para obteno de travamento completo e
efetivo do implante. Os implantes foram posicionados no orifcio perpendicular at o
nvel da superfcie de suas plataformas. O parafuso transversal foi rosqueado em
seu acesso lateral para obteno do travamento completo do implante (Figura 11).
Figura 11: Cilindros de ao inoxidvel, com os implantes HE e TI posicionados
Para as medies dos torques de aperto e desaperto iniciais foi utilizado
torqumetro digital (TQ-680, Instrutherm, So Paulo, Brasil), posicionado em um
artefato de aferio de torques desenvolvido no Departamento de Materiais
Dentrios e Prtese da Faculdade de Odontologia de Ribeiro Preto, USP. Neste
artefato, o torqumetro digital ficou posicionado na haste superior, enquanto o
144
conjunto implante/abutment embutido no cilindro de ao ficou localizado na base, no
interior de um suporte que permitia apenas o movimento rotacional do cilindro de
ao, com o objetivo de padronizar a aplicao de torque em todas as amostras. As
chaves para aperto dos parafusos foram acopladas ao encaixe especfico do
torqumetro digital (Figura 12).
No Grupo A, os abutments com conexo em hexgono externo foram
parafusados aos implantes utilizando parafusos convencionais, com torque de
32Ncm. No Grupo B, os abutments com conexo em tringulo interno foram
parafusados aos implantes utilizando parafusos convencionais, com torque de
32Ncm. No Grupo C, os abutments com conexo em hexgono externo foram
parafusados aos implantes utilizando parafusos experimentais cone morse, com
torque de 32Ncm. No Grupo D, os abutments com conexo em tringulo interno
foram parafusados aos implantes utilizando parafusos experimentais cone morse,
com torque de 32Ncm. Aps o intervalo de 10 minutos, foram medidos e registrados
os valores dos torques de desaperto de todos os conjuntos implante/abutment.
Figura 12: Artefato de aferio de torques, com o torqumetro digital em sua poro superior e o
conjunto implante/abutment na base.
145
4.5 Ensaios de Carregamento Mecnico
Para as medies dos torques de aperto e desaperto aps carregamento
mecnico foi utilizado o mesmo torqumetro digital (TQ-680, Instrutherm, So Paulo,
Brasil), posicionado no artefato de aferio de torques. Todos os conjuntos
implante/abutment foram parafusados utilizando o torque de 32Ncm. Aps o
intervalo de 10 minutos, os conjuntos foram levados mquina de ensaios de
simulao de mastigao.
Para os ensaios de carregamento mecnico, os conjuntos cilindro de
ao/implante/abutment foram posicionados em uma mquina de ensaios de
simulao de mastigao desenvolvida no Departamento de Materiais Dentrios e
Prtese (Faculdade de Odontologia de Ribeiro Preto USP Ribeiro Preto,
Brasil) (Figura 13). Uma mquina de ensaios semelhante j havia sido construda no
Departamento de Materiais Dentrios e Prtese para ensaios de simulao de
mastigao prvios (Copped et al., 2009), entretanto, a capacidade mxima de
carga desta mquina era de apenas 5N. A mquina desenvolvida para o presente
trabalho foi projetada para operar com cargas de 50N, semelhante s foras
mastigatrias em regies posteriores (Hobkirk e Psarros, 1992; Richter, 1995;
Gateau, 1999; Attia e Kern, 2004; Khraisat et al., 2004). Nesta nova mquina, um
motor de 0,5 CV e 1.720 RPM com redutor regulvel (0 400RPM) movimentou um
excntrico atravs do conjunto correia/polia. O redutor foi ajustado para que o brao
de alavanca se movimentasse velocidade de 60 ciclos/min (1Hz). A parte inferior
deste brao foi presa mesa e o movimento foi transferido base onde estava
fixado o recipiente que recebeu os conjuntos implante/abutment. Este recipiente
tinha curso de 10 mm, resultando na velocidade linear de ensaio de 20mm/s. 05
146
cilindros de ao inoxidvel com dimenses 26mm de dimetro x 10mm de
comprimento foram confeccionados para atuarem como superfcies antagonistas aos
conjuntos implante/abutment, apresentando superfcies planas e polidas; os
abutments mantiveram contato com estas superfcies durante os ciclos mastigatrios
do ensaio. Os cilindros antagonistas foram fixados em hastes mveis com ajuste
vertical, posicionadas sobre os conjuntos implante/abutment. Quando as hastes
eram totalmente liberadas, o peso de cada haste (50N) incidia diretamente sobre os
conjuntos implante/abutment. Cada ciclo mastigatrio simulado pela mquina incluiu
3 tipos de movimento: 1. movimento vertical para baixo, simulando aperto oclusal; 2.
movimento lateral de 10mm, simulando movimento de lateralidade; 3. movimento
vertical para cima, simulando desocluso. Cada ciclo completo realizou-se em 1
segundo, totalizando 60 ciclos por minuto (1Hz), o que se aproximou da frequncia
mdia da mastigao humana (Winkler et al., 2003; Attia e Kern, 2004; Kim et al.,
2009). Durante os movimentos de ocluso e lateralidade, a carga total de cada haste
(50N) incidiu direta e livremente sobre os conjuntos implante/abutment. Durante o
movimento de desocluso, os conjuntos foram completamente liberados de qualquer
carga. A mquina comportou 5 amostras em cada ensaio. Os conjuntos
implante/abutment ficaram totalmente imersos em gua deionizada no decorrer do
ensaio. Este equipamento foi desenvolvido baseando-se na norma ISO/TS 14569-2
(Dental Materials Guidance on testing of wear Part 2: Wear by two - and/or three
body contact, 2001) sob Mtodo Freiburg (Figura 13).
147
Figura 13. Mquina de ensaios de simulao de mastigao, com os conjuntos implante/abutment na
base, e os cilindros antagonistas acoplados s hastes de carga em sua poro superior.
Cada ensaio de carregamento mecnico foi realizado utilizando-se 5 amostras
de cada grupo, por um perodo de 83,3 horas, totalizando 300.000 ciclos para cada
amostra, o que correspondeu a aproximadamente 1 ano de funo mastigatria
normal (Gateau et al. 1999; Khraisat et al., 2004; Quek et al., 2006).
Aps os ensaios de simulao de mastigao, os conjuntos implante/abutment
foram removidos da mquina de ensaios e posicionados novamente no artefato de
aferio de torques, onde os torques de desaperto dos parafusos aps
carregamento mecnico foram medidos pelo mesmo torqumetro digital.
A diferena entre os torques de aperto e os torques de desaperto foi calculada
considerando-se o torque de desaperto uma porcentagem do torque de aperto.
Estes valores de porcentagem foram calculados tanto para a situao de
aperto/desaperto inicial, quanto para a situao de aperto/carregamento
mecnico/desaperto.
148
4.6 Anlise Estatstica
Os dados coletados foram analisados usando o programa estatstico SPSS 12.0
for Windows (SPSS Inc., Chicago, Illinois, EUA). As condies de homogeneidade
das varincias e distribuio normal foram testadas para as variveis avaliadas. Os
resultados observados foram analisados com o teste two-way ANOVA, para p
0,05. Foi realizado o T de Student para amostras dependentes entre os ensaios t=0
e t=1 para anlise dos valores do torque de desaperto ( = 0,05).
FASE 02: RESISTNCIA FLEXO DE CONJUNTOS IMPLANTE/ABUTMENT
COM CONEXES EM HEXGONO EXTERNO E TRINGULO
INTERNO UTILIZANDO PARAFUSOS PLANOS CONVENCIONAIS E
PARAFUSOS EXPERIMENTAIS CONE MORSE
Esta fase do estudo utilizou os mesmos implantes, parafusos e abutments
descritos na fase experimental anterior. Conforme relatado por Khraisat et al.
(2004), o carregamento mecnico prvio dos conjuntos implante/abutment no
interfere de maneira significante em sua resistncia flexo. Os conjuntos
implante/abutment foram levados ao artefato de aferio de torques, onde cada
abutment foi instalado no respectivo implante com torque de 32Ncm. Os torques de
instalao foram medidos pelo mesmo torqumetro digital (TQ-680, Instrutherm)
(Figuras 14 e 15).
149
A
B
Figura 14. Artefato de aferio de torques
Figura 15. A) Conjunto implante/abutment para
o sistema HE; B) Conjunto implante/abutment
para o sistema TI
Para os testes de resistncia flexo, os implantes foram posicionados em
um cilindro de ao inoxidvel de 21,3mm de dimetro por 25,6mm de altura, e
imobilizados atravs de um parafuso transversal. A profundidade do posicionamento
no cilindro foi de 10mm, para simular reabsoro ssea de 3mm (Khraisat et al.,
2002). O cilindro foi posicionado em uma estrutura de metal com angulao de 45
o
,
que foi instalada na mquina universal de ensaios (EMIC DL-2000, So Jos dos
Pinhais, Brasil) (Figura 16). A norma ISO-14801 preconiza angulao de 30
o
para
este tipo de ensaio, porm, foi utilizada a angulao de 45
o
, de acordo com
metodologia utilizada em trabalho pregresso (Copped et al., 2009). Os testes
utilizaram clula de carga de 500 kgf, com deslocamento de 1mm/min. O ponto de
carga se localizou a 14,5mm da superfcie do cilindro (comprimento do brao de
alavanca) para os implantes HE e TI. A carga foi aplicada at a ocorrncia de falha
nos componentes dos conjuntos, ou at um deslocamento maior que 3mm sem
ocorrncia de falhas. Dois valores foram analisados em cada teste: a fora mxima
de flexo (FMF), que pode ser interpretada como o limite de resistncia dos
150
conjuntos, e a fora de ruptura (FR), que pode ser interpretada como a fora no qual
ocorreu a falha crtica de cada conjunto implante/abutment, aps ser ultrapassado
seu limite de resistncia (Copped et al, 2009).
Aps os testes de resistncia flexo, todos os conjuntos foram fotografados
novamente sob microscopia ptica (Figura 17).
Figura 16. Estrutura de metal com
angulao de 45
o
utilizada nos
testes de resistncia fratura,
posicionada na mquina universal
de ensaios.
Figura 17. A) Implante HE aps os ensaios de
resistncia flexo; B) Implante TI aps os
ensaios de resistncia flexo.
4.7 Anlise Estatstica
Todos os resultados foram analisados utilizando o programa estatstico SPSS
12.0 for Windows (SPSS Inc., Chicago, Illinois, EUA). Os dados foram analisados e
as suposies de homogeneidade de varincias e de distribuio normal de erros
foram testadas para as variveis avaliadas. Os valores obtidos para a fora mxima
de flexo (FMF) e para a fora de ruptura (FR) dos conjuntos foram avaliados
utilizando-se o teste two-way ANOVA. As anlises foram realizadas com p 0,05.
A B
5. RESULTADOS
152
5. RESULTADOS
FASE 01: EFEITO DO CARREGAMENTO MECNICO IN VITRO NO TORQUE DE
DESAPERTO DE ABUTMENTS UNITRIOS UTILIZANDO-SE
PARAFUSOS PLANOS CONVENCIONAIS OU PARAFUSOS
EXPERIMENTAIS CONE MORSE EM IMPLANTES COM CONEXO EM
HEXGONO EXTERNO E TRINGULO INTERNO
Os valores dos torques de aperto e desaperto foram registrados para todos os
conjuntos implante/abutment dos 4 grupos, no ensaio inicial e ps carregamento
mecnico. A diferena entre os torques de aperto e os torques de desaperto foi
calculada. Valores relativos foram obtidos, calculando-se a porcentagem do torque
de desaperto em relao ao torque de aperto. A mdia e o desvio-padro das
porcentagens relativas de cada grupo foram calculados. Todos os conjuntos
implante/abutment apresentaram reduo no torque de desaperto em relao ao
torque de aperto, em ambas as situaes (Tabelas 02 e 03).
As comparaes entre os grupos, com valores mdios e desvios-padro,
podem ser vistas nos Grficos 01 a 03. Nos ensaios de aperto/desaperto iniciais
(t=0), os torques de remoo foram maiores para os grupos C e D, que utilizaram
parafusos cone morse, em relao aos grupos A e B, que utilizaram parafusos
convencionais. Os valores para as conexes hexgono externo (HE) e tringulo
interno (TI) foram semelhantes, independentemente do tipo de parafuso utilizado; as
mdias dos torques de desaperto em relao ao torque de aperto foram: Grupo A
(HE) 76,01 3,36%; Grupo B (TI) 77,25 6,03%; Grupo C (HECM) 91,37 3,67%;
Grupo D (TICM) 92,25 3,64% (Grfico 01).
153
Nos ensaios de aperto/desaperto aps carregamento mecnico (t=1), os
torques de remoo foram maiores para os grupos C e D, que utilizaram parafusos
cone morse, em comparao aos grupos A e B, que utilizaram parafusos
convencionais. Os valores para conexes hexgono externo (HE) e tringulo interno
(TI) foram semelhantes, independentemente do tipo de parafuso utilizado; as mdias
dos torques de desaperto em relao ao torque de aperto foram: Grupo A (HE) 68,02
10,55%; Grupo B (TI) 61,81 11,25%; Grupo C (HECM) 74,82 6,90%; Grupo D
(TICM) 78,28 5,43% (Grfico 02).
Comparando os resultados dos torques de desaperto iniciais (t=0) com os
obtidos aps o carregamento mecnico (t=1), verificou-se que houve queda nos
valores dos torques de desaperto aps o carregamento mecnico em comparao
ao torque de desaperto inicial para todos os grupos. Entretanto, os valores para os
grupos com parafusos cone morse permaneceram maiores do que os valores para
os grupos com parafusos convencionais aps o carregamento mecnico (Grfico
03).
154
Tabela 02: Resultados dos ensaios de aperto e desaperto iniciais (t=0), clculo da porcentagem do
desaperto em relao ao aperto, mdia e desvio-padro para cada grupo. Valores de aperto e
desaperto em Ncm.
Grupo A 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10
Aperto 32,3 32,2 32,0 32,2 32,2 32,2 32,2 32,3 32,0 32,2
Desaperto 24,7 26,4 24,1 25,9 23,4 23,0 24,8 23,6 24,7 24,0
% 76,47 81,99 75,31 80,43 72,67 71,43 77,02 73,07 77,19 74,53
Mdia: 76,01% Desvio-Padro: 3,36%
Grupo B 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10
Aperto 32.4 32,0 32,5 32,3 32,3 32,2 32,3 32,0 32,0 32,2
Desaperto 25,4 24,2 23,1 22,9 23,3 26,3 27,8 22,5 26,2 27,2
% 78,40 75,63 71,08 70,90 72,14 81,68 86,07 70,31 81,88 84,47
Mdia: 77,25% Desvio-Padro: 6,03%
Grupo C 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10
Aperto 32,5 32,5 32,3 32,4 32,4 32,2 32,8 32,5 32,3 32,9
Desaperto 29,0 28,0 28,2 28,7 31,2 29,6 31,7 29,3 30,2 30,9
% 89,23 86,15 87,31 88,58 96,30 91,93 96,65 90,15 93,50 93,92
Mdia: 91,37% Desvio-Padro: 3,67%
Grupo D 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10
Aperto 32,8 32,3 32,4 32,7 32,6 32,2 32,7 32,9 32,8 32,2
Desaperto 30,7 29,6 30,7 32,1 30,4 27,4 31,2 29,4 29,7 29,2
% 93,60 91,64 94,75 98,17 93,25 85,09 95,41 89,36 90,55 90,68
Mdia: 92,25% Desvio-Padro: 3,64%
155
Tabela 03: Resultados dos ensaios de aperto e desaperto aps carregamento mecnico (t=1), clculo
da porcentagem do desaperto em relao ao aperto, mdia e desvio-padro para cada grupo. Valores
de aperto e desaperto em Ncm.
Grupo A 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10
Aperto 32,0 32,6 32,0 32,4 32,0 32,6 32,2 32,2 32,2 32,2
Desaperto 17,5 17,8 24,4 22,4 22,0 25,0 23,8 26,2 16,7 23,5
% 54,69 54,60 76,25 69,14 68,75 76,69 73,91 81,37 51,86 72,98
Mdia: 68,02% Desvio-Padro: 10,55%
Grupo B 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10
Aperto 32,2 32,2 32,0 32,5 32,5 32,0 32,2 32,0 32,0 32,0
Desaperto 20,3 20,7 10,1 18,2 21,9 21,7 22,3 21,3 21,2 21,1
% 63,04 64,29 31,56 56,00 67,38 67,81 69,25 66,56 66,25 65,94
Mdia: 61,81% Desvio Padro: 11,25%
Grupo C 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10
Aperto 33,7 33,3 32,6 32,4 32,4 32,7 32,8 32,4 32,3 32,5
Desaperto 22,0 21,7 26,0 23,3 25,6 22,8 24,5 28,0 26,0 24,6
% 65,28 65,17 79,75 71,91 79,01 69,72 74,70 86,42 80,50 75,69
Mdia: 74,82% Desvio Padro: 6,90%
Grupo D 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10
Aperto 32,4 32,3 32,3 32,2 32,8 32,4 32,4 32,7 32,3 32,5
Desaperto 27,4 26,2 22,6 23,8 27,0 24,7 27,2 27,4 23,6 24,0
% 84,57 81,11 69,97 73,91 82,32 76,23 83,95 83,79 73,07 73,85
Mdia: 78,28% Desvio Padro: 5,43%
156
Grfico 01. Comparao dos resultados do ensaio de aperto/desaperto inicial (t=0) entre os grupos,
com valores mdios e desvios-padro.
Grfico 02. Comparao dos resultados do ensaio de aperto/desaperto aps ciclagem mecnica
(t=1) entre os grupos, com valores mdios e desvios-padro
157
Grfico 03. Comparao dos resultados do ensaio de aperto/desaperto inicial (t=0) e aps ciclagem
mecnica (t=1) entre os grupos, com valores mdios e desvios-padro
A anlise estatstica comparando o torque de desaperto em funo do tipo de
parafuso (convencional x cone morse) e do tipo de conexo (hexgono externo x
tringulo interno) para o ensaio inicial (t=0) pode ser vista na Tabela 04, e para o
ensaio aps carregamento mecnico (t=1) pode ser vista na Tabela 05. Houve
diferena significante entre os tipos de parafusos em ambos os ensaios; os
parafusos cone morse apresentaram torque de remoo significativamente
superiores aos parafusos convencionais, tanto para o ensaio inicial (t=0) (p=0,000)
quanto para o ensaio aps carregamento mecnico (t=1) (p=0,000)). No houve
diferena significante entre os tipos de conexo em ambos os ensaios; os valores do
torque de remoo inicial (t=0) (p=0,441) e aps carregamento mecnico (t=1)
(p=0,626) foram estatisticamente semelhantes para as conexes em hexgono
externo (HE) e tringulo interno (TI). No houve interao entre as variveis
(conexo x parafuso) em ambos os ensaios (t=0, p=0,894 e t=1, p=0,093).
158
Tabela 04: Anlise estatstica atravs do teste two-way ANOVA para torque de desaperto em funo
do tipo de parafuso (convencional x cone morse) e do tipo de conexo (hexgono externo x tringulo
interno) para o ensaio inicial (t=0), com um nvel de significncia de p 0.05.
Fonte Soma dos Quadrados Tipo III gl Quadrado das Mdias F Sig.
Modelo Corrigido 2315,170
a
3 771,723 41,494 ,000
Intercepto 283735,496 1 283735,496 15255,902 ,000
Conexo 11,268 1 11,268 ,606 ,441
Parafuso 2303,565 1 2303,565 123,858 ,000
Conexo *Parafuso ,337 1 ,337 ,018 ,894
Erro 669,543 36 18,598
Total 286720,208 40
Total Corrigido 2984,712 39
Tabela 05: Anlise estatstica atravs do teste two-way ANOVA para torque de desaperto em funo
do tipo de parafuso (convencional x cone morse) e do tipo de conexo (hexgono externo x tringulo
interno) para o ensaio aps carregamento mecnico (t=1), com um nvel de significncia de p 0.05.
Fonte Soma dos Quadrados Tipo III gl Quadrado das Mdias F Sig.
Modelo Corrigido 1605,690
a
3 535,230 6,802 ,001
Intercepto 200114,974 1 200114,974 2543,005 ,000
Conexo 18,961 1 18,961 ,241 ,626
Parafuso 1352,569 1 1352,569 17,188 ,000
Conexo * Parafuso 234,159 1 234,159 2,976 ,093
Erro 2832,924 36 78,692
Total 204553,588 40
Total Corrigido 4438,614 39
A anlise pelo teste T de Student para amostras dependentes mostrou
diferena significante entre os resultados do torque de desaperto obtidos no ensaio
inicial (t=0) e os obtidos no ensaio aps carregamento mecnico (t=1), exceto para o
primeiro par (HEt0 HEt1) (Tabela 06).
159
Tabela 06: Anlise estatstica atravs do teste T de Student para amostras dependentes para
torque de desaperto em funo do ensaio (ensaio inicial (t=0) x ensaio aps carregamento mecnico
(t=1), com um nvel de significncia de p 0.05.
Diferenas pareadas
Intervalo de Confiana
(=95%)
Inferior Superior t df Sig. (pares)
Par 1 HEt0 - HEt1 -1,18835 17,16235 1,969 9 ,080
Par 2 HECMt0 - HECMt1 11,80743 21,30657 7,886 9 ,000
Par 3 TIt0 - TIt1 8,44860 22,44740 4,993 9 ,001
Par 4 TICMt0 - TICMt1 9,25375 18,69225 6,698 9 ,000
Microscopia ptica
A anlise por microscopia ptica dos conjuntos implante/abutment
seccionados longitudinalmente evidenciou as diferenas entre os perfis dos
parafusos convencionais e dos parafusos cone morse, e as diferenas entre o
relacionamento destes parafusos com seus respectivos abutments (Figuras 18 a
21).
Figura 18. Seco longitudinal de implante HE
com parafuso convencional
Figura 19. Seco longitudinal de implante TI
com parafuso convencional
160
Figura 20. Seco longitudinal de implante HE
com parafuso cone morse
Figura 21. Seco longitudinal de implante TI
com parafuso cone morse
FASE 02: RESISTNCIA FLEXO DE CONJUNTOS IMPLANTE/ABUTMENT
COM CONEXES EM HEXGONO EXTERNO E TRINGULO
INTERNO UTILIZANDO PARAFUSOS PLANOS CONVENCIONAIS OU
PARAFUSOS EXPERIMENTAIS CONE MORSE
Nos testes de resistncia flexo, curvas fora/deformao foram obtidas
para os conjuntos implante/abutment (Figuras 22 a 25).
Para todos os conjuntos implante/abutment, o comportamento observado
durante os ensaios foi semelhante: a fora aplicada aumentou gradualmente at
atingir a fora mxima de flexo (FMF); o conjunto implante/abutment entrou em
curta fase de deformao plstica, e houve a ocorrncia de falha crtica. A falha
crtica observada para todos os conjuntos foi a ruptura do parafuso do abutment. A
fora na qual ocorreu a falha foi registrada como a fora de ruptura (FR) do conjunto.
161
Figura 22. Curvas fora/deformao para os conjuntos implante/abutment do Grupo A- hexgono
externo com parafuso convencional.
Figura 23. Curvas fora/deformao para os conjuntos implante/abutment do Grupo B- tringulo
interno com parafuso convencional.
162
Figura 24. Curvas fora/deformao para os conjuntos implante/abutment do Grupo C- hexgono
externo com parafuso cone morse.
Figura 25. Curvas fora/deformao para os conjuntos implante/abutment do Grupo D- tringulo
interno com parafuso cone morse.
163
Os valores de FMF e FR para cada conjunto implante/abutment foram
registrados, e esto expressos nas Tabelas 07 e 08, assim como os valores mdios
e os desvios-padro para cada grupo.
As comparaes entre os grupos, com valores mdios e desvios-padro,
podem ser vistas nos Grficos 04 a 06. A fora mxima de flexo (FMF) foi maior
para os Grupos C e D, com parafuso cone morse, em comparao aos Grupos A e
B, com parafuso convencional. Os valores para as conexes hexgono externo (HE)
e tringulo interno (TI) foram semelhantes, independentemente do tipo de parafuso
utilizado. As mdias dos valores para a FMF obtidos pelos conjuntos
implante/abutment foram os seguintes: Grupo A (HE-parafuso convencional): 722,99
56,38N; Grupo B (TI-parafuso convencional): 774,87 217,94N; Grupo C (HE-
parafuso cone morse): 851,38 94,94N; Grupo D (TI-parafuso cone morse): 922,96
218,60 (Grfico 04).
A fora de ruptura (FR) foi maior para os Grupos B e D, com conexo em
tringulo interno, em comparao aos Grupos A e C, com conexo em hexgono
externo. Os valores para os dois tipos de parafusos foram semelhantes,
independentemente do tipo de conexo. As mdias dos valores para a FR obtidos
pelos conjuntos implante/abutment foram os seguintes: Grupo A (HE-parafuso
convencional): 618,87 111,90N; Grupo B (TI-parafuso convencional): 727,07
237,96N; Grupo C (HE-parafuso cone morse): 683,16 111,65N; Grupo D (TI-
parafuso cone morse): 847,89 205,71N (Grfico 05).
Comparando os resultados da FMF e da FR, verificou-se que os parafusos
cone morse proporcionaram maior valor de resistncia flexo para o conjunto
implante/abutment. Aps os conjuntos entrarem em deformao plstica, a conexo
em tringulo interno proporcionou maior resistncia ruptura (Grfico 06).
164
Tabela 07: Valores da fora mxima de flexo para cada conjunto implante/abutment, com valores
mdios e os desvios-padro para cada grupo, em Newtons (N).
FORA MXIMA DE FLEXO (N)
Grupo A Grupo B Grupo C Grupo D
1 756,19 1087,56 806,01 680,48
2 768,45 776,69 840,72 677,05
3 686,66 561,82 769,82 959,38
4 790,32 510,73 790,32 1012,54
5 641,65 614,39 801,89 791,69
6 737,07 988,02 902,11 654,59
7 717,36 507,30 838,66 1199,35
8 801,20 971,64 1093,05 1063,73
9 663,42 956,64 788,26 927,32
10 667,54 773,94 882,99 1263,49
Mdia 722,99 774,87 851,38 922,96
Desvio-Padro 56,38 217,94 94,94 218,60
Tabela 08: Valores da FR para cada conjunto implante/abutment, com valores mdios e os desvios-
padro para cada grupo, em Newtons (N).
FORA DE RUPTURA (N)
Grupo A Grupo B Grupo C Grupo D
1
742,56 1053,43 566,63 625,27
2
767,76 756,19 825,72 625,27
3
557,12 370,30 543,48 922,61
4
678,42 510,73 765,02 983,90
5
555,06 521,62 735,69 786,20
6
685,29 869,36 629,39 621,15
7
529,85 496,41 815,52 1000,96
8
610,95 968,90 581,63 938,20
9
396,88 955,95 780,71 730,99
10
664,79 767,76 587,81 1244,37
Mdia
618,87 727,07 683,16 847,89
Desvio-Padro
111,90 237,96 111,65 205,71
165
Grfico 04. Comparao dos resultados de fora mxima de flexo entre os grupos, com valores
mdios e desvios-padro
Grfico 05. Comparao dos resultados de fora de ruptura entre os grupos, com valores mdios e
desvios-padro
166
Grfico 06. Comparao dos resultados de fora mxima de flexo e fora de ruptura entre os
grupos, com valores mdios e desvios-padro
Analisando-se a FMF, o teste two-way ANOVA revelou diferena significante
(p=0,011) entre os resultados dos parafusos convencionais e dos parafusos cone
morse (Tabela 09). Os parafusos cone morse proporcionaram maior resistncia
flexo aos conjuntos implante/abutment. No houve diferena significante entre os
tipos de conexo para a FMF. Analisando-se a FR, houve diferena significante
(p=0,019) entre os resultados das conexes em hexgono externo e em tringulo
interno (Tabela 10). Aps o incio da deformao plstica do conjunto
implante/abutment, a conexo em tringulo interno proporcionou maior resistncia
ruptura para o conjunto. No houve diferena entre os tipos de parafuso para a FR.
167
Tabela 09: Anlise estatstica atravs do teste two-way ANOVA para fora mxima de flexo em
funo do tipo de parafuso (convencional x cone morse) e do tipo de conexo (hexgono externo x
tringulo interno) com um nvel de significncia de p 0.05.
Fonte Soma dos Quadrados Tipo III gl Quadrado das Mdias F Sig.
Modelo Corrigido 230190,341
a
3 76730,114 2,856 ,051
Intercepto 2,677E7 1 2,677E7 996,264 ,000
Conexo 38109,633 1 38109,633 1,418 ,241
Parafuso 191111,270 1 191111,270 7,113 ,011
Conexo * Parafuso 969,437 1 969,437 ,036 ,850
Erro 967272,552 36 26868,682
Total 2,797E7 40
Total Corrigido 1197462,892 39
Tabela 10: Anlise estatstica atravs do teste two-way ANOVA para fora de ruptura em funo do
tipo de parafuso (convencional x cone morse) e do tipo de conexo (hexgono externo x tringulo
interno) com um nvel de significncia de p 0.05.
Fonte Soma dos Quadrados Tipo III gl Quadrado das Mdias F Sig.
Modelo Corrigido 279888,724
a
3 93296,241 3,011 ,043
Intercepto 2,069E7 1 2,069E7 667,873 ,000
Conexo 186225,598 1 186225,598 6,011 ,019
Parafuso 85672,610 1 85672,610 2,765 ,105
Conexo * Parafuso 7990,516 1 7990,516 ,258 ,615
Erro 1115381,891 36 30982,830
Total 2,209E7 40
Total Corrigido 1395270,615 39
168
Microscopia ptica
A anlise por microscopia ptica dos conjuntos implante/abutment aps os
testes evidenciou que a falha crtica que ocorreu em todos os conjuntos foi a ruptura
do parafuso do abutment (Figuras 26 e 27). As fraturas ocorreram sempre no limite
cervical da regio rosqueada do parafuso, prximo a regio lisa (haste).
Deformaes permanentes ocorreram nas plataformas de todos os implantes
(Figuras 28 a 31).
Figura 26. Parafuso HE evidenciando fratura
no limite vertical da parte rosqueada, prximo
haste
Figura 28. Aspecto da conexo
implante/abutment no sistema HE aps ensaio
de resistncia flexo
Figura 27. Parafuso TI evidenciando fratura no
limite vertical da parte rosqueada, prximo
haste
Figura 29. Aspecto da conexo
implante/abutment no sistema TI aps ensaio
de resistncia flexo
169
Figura 30. Aspecto da plataforma do implante
no sistema HE aps ensaio de resistncia
flexo
Figura 31. Aspecto da plataforma no sistema
TI aps ensaio de resistncia flexo
6. DISCUSSO
171
6. DISCUSSO
Os designs de conexo em hexgono externo e de conexes internas sem
dispositivos de reteno friccional vm sendo associados, ao longo dos anos, a
problemas mecnicos recorrentes; dentre estes problemas, a literatura destaca os
afrouxamentos dos parafusos protticos e dos abutments como complicaes mais
frequentes (Jemt et al., 1990; Jemt et al., 1991; Burguete et al., 1994; Becker e
Becker, 1995; Wie, 1995; Balshi et al., 1996; Weiss et al., 2000; Siamos et al.,
2002; Tzenakis et al., 2002; Winkler et al., 2003; Cho et al., 2004; Tsuge e
Hagiwara, 2009). Com o incio das restauraes unitrias implantossuportadas,
estas complicaes se tornaram mais significantes devido alta exigncia mecnica
que estas restauraes demandam dos parafusos dos abutments (Quek et al.,
2008); o afrouxamento destes parafusos passou a ser complicao ainda mais
preocupante nas restauraes unitrias cimentadas, nas quais a ocorrncia de
afrouxamentos de parafusos implicam na remoo da coroa para possibilitar o
reaperto, o que nem sempre possvel de ser realizado atravs de meios no
destrutivos (Drago, 2003; ehreli et al., 2004; Preiskel e Tsolka, 2004; Vigolo et
al., 2008; Tsuge e Hagiwara, 2009).
Estudos clnicos confirmaram o afrouxamento de parafusos de abutments
como principal falha mecnica associada s prteses unitrias implantossuportadas
com conexes parafusadas, especialmente as em hexgono externo, e foram
publicados principalmente na dcada de 90 (Jemt et al., 1990; Jemt et al., 1991;
Laney et al., 1994; Becker e Becker, 1995; Wie, 1995; Balshi et al., 1996; Norton,
1997; Levine et al., 1999). Devido s altas taxas de afrouxamento apresentadas
nestes estudos pioneiros, muitos estudos subsequentes sobre designs de conexes
172
protticas e propriedades mecnicas de conexes parafusadas fizeram alguma
citao associando as conexes parafusadas convencionais, especialmente as em
hexgono externo, com altas taxas de afrouxamento de parafusos do abutment;
assim, essa associao perdurou at os dias atuais (Balfour e OBrien, 1995;
Binon, 1996; Norton, 1997; Boggan et al., 1999; Aboyoussef et al., 2000; Merz et
al., 2000; Schwarz, 2000; Weiss et al., 2000; Siamos et al., 2002; Tzenakis et al.,
2002; Aka et al., 2003; Finger et al., 2003; Winkler et al., 2003; ehreli et al.,
2004; Cho et al., 2004; Garine et al., 2007; Copped et al., 2009; Gil et al., 2009;
Tsuge e Hagiwara, 2009).
Entretanto, a anlise detalhada da literatura evidencia que os problemas com
afrouxamento de parafusos dos abutments em conexes parafusadas convencionais
ocorreram principalmente no incio dos trabalhos com restauraes
implantossuportadas unitrias, momento no qual os abutments no apresentavam
caractersticas anti-rotacionais efetivas, as tolerncias de usinagem entre os
implantes e os abutments no eram ideais, os parafusos eram feitos de materiais
pouco apropriados, as chaves para aperto dos parafusos eram chaves de fenda e
no existiam artefatos para mensurao da aplicao de torque aos parafusos (Jemt
et al., 1990; Jemt et al., 1991; Laney et al., 1994; Wie, 1995; Balshi et al., 1996;
Norton, 1997; Levine et al., 1999). Estas deficincias foram sendo corrigidas ao
longo dos anos para superar os problemas mecnicos advindos das restauraes
unitrias iniciais: mecanismos anti-rotacionais mais precisos foram criados no
sistema hexgono externo e nos numerosos sistemas de conexo interna que foram
desenvolvidos; as tolerncias de usinagem foram aprimoradas, atingindo preciso de
adaptao satisfatria entre os componentes; os parafusos dos abutments passaram
a ser confeccionados a partir de ligas mais apropriadas e resistentes, e a ter melhor
173
refinamento de superfcie devido ao aprimoramento dos processos de usinagem,
inclusive atravs da adio de materiais de revestimento para reduzir a resistncia
friccional das roscas e aumentar a pr-carga; novos tipos de conexes mais
eficientes para a aplicao de valores mais altos de torque foram desenvolvidos para
as chaves de aperto dos parafusos, como conexes hexagonais, quadradas, unigrip,
entre outras; artefatos de controle da aplicao de torque foram criados para que a
aplicao de torque aos parafusos de abutments fosse calibrada, no intuito de atingir
a pr-carga ideal do parafuso (Burguete et al., 1994; Laney et al., 1994; Norton et
al., 1999; Martin et al., 2001; Mitrani et al., 2001; Standlee et al., 2002; Tan e
Nicholls, 2002; Drago, 2003; ehreli et al., 2004; Cho et al., 2004; Khraisat et al.,
2004; Preiskel e Tsolka, 2004; Nedir et al., 2006; Hill et al., 2007; Stker et al.,
2008; Theoharidou et al., 2008; Valee et al., 2008; Dailey et al., 2009).
A incorporao destes desenvolvimentos aos sistemas de implantes com
conexes parafusadas reduziu consideravelmente o ndice de afrouxamento dos
parafusos dos abutments; estudos realizados a partir do final dos anos 90 at o
presente demonstram que o afrouxamento de parafusos, independentemente do
sistema utilizado, passou a ser ocorrncia rara (Drago, 2003; ehreli et al., 2004;
Cho et al., 2004; Khraisat et al., 2004; Preiskel e Tsolka, 2004; Nedir et al., 2006;
Theoharidou et al., 2008;). Tsuge e Hagiwara (2009) afirmaram que no existe
evidncia conclusiva de que as configuraes anti-rotacionais internas sejam
melhores que as externas com relao ao afrouxamento de parafusos durante a
utilizao clnica.
Resultados de estudos laboratoriais in vitro e modelos numricos sugerem a
superioridade mecnica das conexes implante/abutment que incorporaram
componentes de reteno friccional cnicos internos ao desenho dos seus
174
abutments em relao s juntas parafusadas convencionais quanto estabilidade
mecnica (micromovimentao) e resistncia flexural (Sutter et al., 1993; Norton
1997; Merz et al. 2000; Khraisat et al., 2002; Aka et al., 2003; Kitagawa et al.
2005; Theoharidou et al., 2008; Copped et al., 2009; Park et al., 2010).
Entretanto, estudos in vivo demonstram que, apesar da estabilidade oferecida por
estas conexes, elas no se encontram completamente livres de complicaes
mecnicas na utilizao clnica em longo prazo, como afrouxamento e fraturas de
parafusos e abutments (Levine et al., 1999; Quek et al., 2008).
Apesar das vantagens mecnicas verificadas nos estudos in vitro, alguns
resultados obtidos pelos implantes com conexes cnicas internas so semelhante
aos obtidos pelos demais sistemas de conexes internas e externas com relao s
falhas mecnicas, como afrouxamento e fratura de parafusos (Alkan et al., 2004;
Piermatti et al., 2006; Theoharidou et al., 2008). Portanto, com base na literatura
cientfica internacional, ainda no possvel afirmar que os sistemas de conexo
cnica interna apresentem melhor desempenho mecnico no uso clnico em longo
prazo, em comparao com os demais sistemas de conexo. A padronizao dos
estudos clnicos prospectivos randomizados se faz necessria para que
comparaes efetivas entre os diversos sistemas possam ser realizadas, no intuito
de verificar de forma conclusiva se as vantagens mecnicas apresentadas pelos
sistemas de conexo cnica interna nos modelos numricos, e nos estudos in vitro,
se traduzem em superioridade clnica no que tange s falhas mecnicas, como
afrouxamento e fratura de parafusos.
Alguns dos sistemas com conexo cnica interna apresentam design no qual
a plataforma prottica independente da plataforma do implante, e determinada
pela altura da cinta do abutment (Ex: Ankylos, Neodent). Estes sistemas podem
175
gerar situaes de difcil gerenciamento prottico, periodontal e biolgico: a cinta
destes abutments tem como objetivo formar ao seu redor um anel de tecidos moles
estveis, semelhante conformao do espao biolgico em dentes naturais, com
fibras circulares de tecido conjuntivo organizadas ao seu redor, formando um
selamento biolgico de proteo plataforma do implante. De forma semelhante
aos dentes naturais, o espao biolgico ao redor dos implantes varia de 2 a 3mm de
comprimento. Portanto, a altura ideal da cinta dos abutments destes sistemas
deveria ser de 2,5 a 3,5mm. Entretanto, em algumas situaes especficas, a
utilizao de cintas com estas alturas torna-se impossvel, devido espessura
insuficiente dos tecidos moles ou a reabsoro ssea inesperada ao redor dos
implantes, obrigando a utilizao de cintas com altura de 1,5 ou 0,8mm. Neste
espao reduzido, a formao de espao biolgico com a organizao de fibras
conjuntivas circulares discutvel; o que se verifica clinicamente nestes casos a
ausncia de tecidos moles organizados ao redor da cinta do abutment, sendo
possvel a total visualizao da plataforma do implante aps a remoo do abutment.
Em outros casos, a reabsoro ssea e/ou a retrao gengival expe a regio de
cinta do abutment, tornando-a supra-gengival; sua forma cncava faz com que ela
se torne um nicho de reteno de alimentos e bactrias, de difcil higienizao, alm
de ser falha esttica considervel. No existe nestes sistemas a possibilidade de
utilizao de componentes de altura 0, nvel da plataforma do implante, para
correo destas situaes. Por fim, a ausncia de posies protticas definidas em
uma conexo cnica pode ser um fator causador de complicaes protticas em
casos de restauraes unitrias: a moldagem da cabea do implante torna-se um
procedimento prottico complicado, e o afrouxamento de um abutment torna
impossvel o seu reposicionamento na posio original, o que implica na perda da
176
prtese. Portanto, a presena de um dispositivo de indexao do posicionamento
prottico de fundamental importncia nos sistemas com conexo cnica interna.
A utilizao destes sistemas em locais adequados, com perfeito
posicionamento tridimensional e boa espessura de tecidos moles permite a obteno
de excelentes resultados estticos e biolgicos, aproveitando-se de todas as
vantagens biolgicas e mecnicas que o sistema pode oferecer; no entanto, falhas
no planejamento, no posicionamento tridimensional ou escassez de espessura de
tecidos moles podem levar a situaes com impossibilidade de soluo prottica
adequada, incorrendo em grande risco clnico. Alguns destes sistemas possuem
mais de 20 anos de utilizao clnica, porm nunca se tornaram unanimidade entre
os clnicos: pesquisas de mercado demonstram que o sistema de hexgono externo
ainda o mais utilizado mundialmente (Binon e McHugh, 1996; Theoharidou et al.,
2008).
Uma desvantagem biolgica dos designs de conexo externa ou interna, sem
abutments com reteno friccional, se refere ao gap presente na interface
implante/abutment, que permite a infiltrao bacteriana do meio externo para o meio
interno, e do meio interno para o meio externo; a presena deste gradiente
bacteriano prximo crista ssea, somada ao efeito irritante da micromovimentao
rotacional do abutment, causam a formao de um infiltrado inflamatrio no local
(Laney et al., 1994; Steinebrunner et al., 2005; Coelho et al., 2007; Barbosa et
al., 2008; Coelho et al., 2008; Vigolo et al., 2008; Calvo-Guirado et al., 2009; do
Nascimento et al., 2009). Este processo culmina com a perda ssea em forma de
clice observada nestes sistemas, conhecida por saucerizao, que foi descrita
como a perda ssea de 1,5mm no primeiro ano, e de 0,1mm anualmente (Adell et
al, 1981; Lazzara et al., 2006). Uma grande vantagem dos sistemas com conexes
177
cnicas internas sobre os demais sistemas a excelente adaptao entre o
abutment e o implante, o que minimiza a infiltrao bacteriana atravs de suas
interfaces e a micromovimentao do abutment (Coelho et al., 2008). A ausncia de
gap e micromovimentao entre abutment e implante com conexo cnica interna
culmina em conexo com excelente estabilidade biolgica em longo prazo;
consequentemente, a saucerizao ao redor da plataforma destes implantes
menos provvel de ocorrer.
Entretanto, foi descrita por Lazzara et al. (2006) tcnica para minimizar a
saucerizao nos demais sistemas, com conexes externas ou internas que no
possuam componentes friccionais, a qual denominaram platform switching: conceito
que consiste na utilizao de componentes protticos de menor dimetro em relao
plataforma do implante; com isso, o gap e a micromovimentao do abutment so
afastados da crista ssea, e o raio de ao do infiltrado inflamatrio fica restrito ao
topo da plataforma, o que minimiza seu efeito deletrio sobre a crista. Estudos
clnicos tm confirmado estes achados biolgicos (Calvo-Guirado et al., 2009;
Prosper et al., 2009; Atieh et al., 2010). A distncia mnima de platform switching
entre o abutment e a plataforma do implante deve ser de 0,4mm para que a
ocorrncia de saucerizao seja minimizada (Atieh et al., 2010). Portanto, a
utilizao do conceito platform switching em sistemas de conexo externa ou interna
pode levar a resultados biolgicos periimplantares em longo prazo semelhantes aos
obtidos por sistemas de conexo cnica interna.
Os resultados do presente estudo demonstraram que a utilizao de
parafusos cone morse em abutments de sistemas com conexo externa ou interna
resultou em conjuntos implante/abutment com pouca tendncia ao afrouxamento de
parafusos e alta resistncia mecnica flexural; a incorporao do conceito platform
178
switching nestes sistemas poderia resultar em resposta biolgica favorvel dos
tecidos periimplantares, minimizando a ocorrncia de saucerizao, o que poderia
resultar na obteno de resultados clnicos semelhantes atravs da utilizao de
implantes com hexgono externo ou conexes internas, ou da utilizao de sistemas
com conexo cnica interna, tanto em relao ao afrouxamento de parafusos quanto
em relao estabilidade dos tecidos periimplantares. Estudos clnicos em longo
prazo se fazem necessrios para comprovao da eficcia mecnica e biolgica dos
diversos sistemas de implantes com a utilizao de parafusos cone morse e do
conceito platform switching.
Copped et al. (2009) relataram metodologia de carregamento mecnico
cclico semelhante empregada no presente estudo. Entretanto, algumas limitaes
na metodologia deste estudo de 2009 foram salientadas pelos autores, como o valor
da fora de carregamento, de apenas 5N, e o tempo de ensaio limitado, com apenas
1.325 ciclos para cada amostra, o que equivaleu a 3 a 4 dias de funo oral. Para o
presente estudo, foi desenvolvida uma nova mquina de ensaios de carregamento
cclico, para simular mais precisamente a dinmica do movimento mastigatrio.
Nesta nova mquina, a fora de carregamento foi de 50N, o que equivaleu fora
mastigatria normal na regio posterior (Hobkirk e Psarros, 1992; Richter, 1995;
Attia e Kern, 2004; Stegaroiu et al., 2004; Khraisat et al., 2006); este valor
bastante controverso na literatura, variando de 17N a 3.500N (Binon, 1996;
Tortopidis et al., 1998; Hidaka et al., 1999; Morneburg et al., 2002; Winkler et al.,
2003; Khraisat et al., 2004; Curtis et al., 2006; Oie et al., 2010). O movimento
cclico realizado pela nova mquina apresentou 3 momentos distintos, o primeiro
momento simulou o apertamento oclusal atravs de movimento vertical para baixo,
no qual os 50N foram completamente liberados sobre o conjunto implante/abutment;
179
o segundo momento simulou o movimento de lateralidade, no qual o conjunto
implante/abutment se deslocou por 10mm em movimento lateral com toda a carga
de 50N incidindo sobre si; e o terceiro momento simulou a desocluso, com toda a
carga sendo removida do conjunto. Cada ciclo durou 1 segundo (1Hz) o que
equivaleu frequncia mastigatria humana normal (Huysmans e van der Varst,
1995; Khraisat et al., 2002; Lee et al., 2002; Winkler et al., 2003; Attia e Kern,
2004; Khraisat et al., 2004 ). As condies estabelecidas por esta nova metodologia
se assemelharam muito s condies clnicas de mastigao; em adio, no
presente estudo foram realizados 300.000 ciclos para cada amostra, o que equivaleu
a 1 ano de funo oral normal (Breeding et al., 1993; Dixon et al., 1995; Gateau et
al., 1999; Khraisat et al., 2002; Khraisat et al., 2004; Quek et al., 2006; Tsuge e
Hagiwara, 2009). Segundo Winkler et al. (2003) estudos in vitro que examinaram a
dinmica do afrouxamento de parafusos utilizado mquinas hidrulicas de teste
possuram grandes limitaes devido s dificuldades em reproduzir a natureza
complexa do ciclo mastigatrio. Portanto, os aprimoramentos na metodologia do
presente estudo foram introduzidos para obter resultados semelhantes ao que se
poderia esperar com a utilizao clnica dos componentes.
Outra considerao sobre a metodologia diz respeito tenso gerada pela
carga mastigatria sobre os conjuntos implante/abutment. Em estudos sobre a
mecnica de prteses convencionais ou sobre implantes, o nico valor considerado
para avaliar os efeitos das cargas oclusais foi a fora mastigatria (Hobkirk e
Psarros, 1992; Richter, 1995; Tortopidis et al., 1998; Gateau et al., 1999; Lee et
al., 2002; Morneburg et al., 2002; Winkler et al., 2003). No entanto, o valor da
fora mastigatria considerado isoladamente incompleto, pois o efeito que a fora
exerce sobre a restaurao dependente da rea efetiva oclusal. O resultado da
180
diviso da fora de mastigao pela rea da superfcie efetiva oclusal determina a
tenso gerada sobre a restaurao (Hidaka et al., 1999). O valor da tenso mais
relevante para os efeitos mecnicos sobre as restauraes do que a fora
mastigatria em si: considerando a fora mastigatria de 300N (Morneburg e
Proshel, 2003) incidindo sobre a rea efetiva oclusal de uma arcada completa
(48,4mm
2
) (Yurkstas e Manly, 1949; Wilding, 1993), a tenso gerada sobre as
superfcies oclusais seria de aproximadamente 6,20N/mm
2
. Entretanto, se esta
mesma fora incidir apenas sobre a rea efetiva oclusal de um pr-molar inferior
(3,6mm
2
) (Yurkstas e Manly, 1949), a tenso gerada seria de aproximadamente
83,33N/mm
2
. A diferena entre os dois valores seria de aproximadamente 1.344%.
As amostras do presente estudo foram submetidas a altos valores de tenso:
considerando a fora utilizada (50N) e a rea da superfcie dos abutments
(7,06mm
2
), obteve-se o valor de tenso de 7,08N/mm
2
, comparvel tenso de
8,75N/mm
2
gerada pela carga de 300N incidindo sobre a rea oclusal efetiva de uma
prtese fixa inferior de trs elementos (34,3mm
2
) (Yurkstas e Manly, 1949), tipo de
prtese utilizado nos estudos citados.
Alm de altos valores de tenso gerados pelo carregamento axial cntrico, os
movimentos de lateralidade submeteram os conjuntos implante/abutment a altas
cargas no axiais, menos favorveis para os conjuntos (Rangert et al., 1989;
Wiskot et al., 2004), consideravelmente maiores que as cargas laterais observadas
in vivo. Nos movimentos de lateralidade, os dentes posteriores praticamente no se
tocam e os dentes anteriores se tocam e deslizam suavemente; Morneburg e
Proschel (2003) observaram foras laterais mdias de 25N em prteses
implantossuportadas durante a mastigao. Nos testes deste estudo, a lateralidade
foi executada com carga de 50N incidindo totalmente sobre as amostras, num
181
percurso linear de 10mm, o que gerou considerveis cargas oblquas e vibrao,
devido frico entre a superfcie do abutment e a superfcie de ao da matriz
antagonista. Esses fatores possivelmente submeteram os parafusos dos abutments
a um esforo superior ao esperado no desempenho in vivo, o que implicou em
torques de desaperto possivelmente inferiores aos que poderiam ser esperados em
1 ano de uso clnico, para ambos os tipos de parafusos.
Cantwell e Hobkirk (2004) destacaram a influncia do design da cabea do
parafuso na obteno da pr-carga. O presente estudo props novo design de
parafuso, com o objetivo de aprimorar a conexo parafusada implante/abutment: o
parafuso cone morse, que incorporou ao seu design cabea com conicidade de 25,
proporcionando o componente de reteno friccional ao parafuso do abutment.
Desta forma, alm do travamento gerado pelas roscas do parafuso, ocorreria a
reteno friccional adicional entre a cabea do parafuso e as paredes do abutment.
Este travamento se oporia aos micromovimentos rotacionais do parafuso, reduzindo
a perda de torque do mesmo. Com isso, haveria maior proteo pr-carga do
parafuso durante os movimentos funcionais da mastigao. A hiptese testada neste
estudo foi de que o parafuso cone morse apresentaria torque de desaperto superior
ao parafuso plano convencional, antes e aps carregamento mecnico, sem
prejudicar a resistncia flexo esttica do conjunto implante/abutment. Os
resultados dos testes in vitro sugeriram que houve diferena significante (p=0,000)
na pr-carga residual antes e aps carregamento mecnico entre os dois tipos de
parafuso: os parafusos cone morse apresentaram torques de desaperto
significativamente superiores aos apresentados pelos parafusos planos
convencionais. Clinicamente, este fato poderia se traduzir em conexes parafusadas
mais estveis que as atuais, que j apresentam alto grau de estabilidade,
182
independentemente do sistema de implantes de preferncia do clnico. O aumento
da estabilidade poderia ser relevante em situaes de alta demanda mecnica,
como em restauraes unitrias na regio posterior, ou ainda, em casos de
restauraes cimentadas, onde haveria menor probabilidade de afrouxamento do
parafuso. Estes resultados so opostos teoria de que maiores valores de pr-carga
para um determinado valor de torque seriam obtidos por parafusos de cabea plana
em comparao parafusos com bisel ou cnicos, proposta em estudos pregressos
(Jrnus et al., 1992; Piermatti et al., 2006); possivelmente, os resultados
adversos apresentados pelos parafusos cnicos nestes estudos desmotivou futuras
investigaes at o presente. Observou-se no presente estudo que variveis como a
angulao das paredes do parafuso e o torque aplicado apresentam grande
influncia sobre os resultados obtidos pelo parafuso; portanto, uma possvel
explicao para o desempenho desfavorvel dos parafusos com cabea cnica
apresentados nestes estudos pregressos pode ser a combinao inadequada das
caractersticas morfolgicas, estruturais e mecnicas destes parafusos. Os
resultados obtidos atravs das inmeras combinaes destas caractersticas podem
ser testados atravs de trabalhos com elementos finitos ou por sucessivas tentativas
de combinaes, que podem se tornar dispendiosas. Para a realizao do presente
estudo, foram testadas algumas configuraes de design dos parafusos cnicos na
fase de teste piloto; a configurao que apresentou os melhores resultados foi a
descrita e utilizada ao longo deste trabalho. Estudos numricos se fazem
necessrios para a determinao conclusiva da configurao ideal destes parafusos.
Estudos clnicos em longo prazo se fazem necessrios para a comprovao da
eficcia dos parafusos cone morse em restauraes implantossuportadas in vivo.
183
Foram designados dois tipos de conexo para os testes in vitro do presente
trabalho: hexgono externo, por ser o design de conexo mais testado e utilizado no
mundo (Binon e McHugh, 1996), e tringulo interno, para representar os sistemas
de conexo interna sem reteno friccional; entretanto, o parafuso cone morse
poderia ter sido aplicado a qualquer sistema de conexo parafusada, bastando que
as devidas modificaes fossem feitas na geometria interna dos abutments para
permitir o perfeito acoplamento entre o parafuso e o abutment. Os resultados deste
estudo in vitro no evidenciaram diferena significativa quanto ao afrouxamento de
parafusos aps simulao de 1 ano de funo mastigatria entre os dois designs de
conexo. Nos testes de resistncia flexo foram medidos dois valores de foras: a
fora mxima de flexo (FMF) e a fora de ruptura (FR) de cada amostra. A FMF
representou o limite de resistncia de cada amostra, e poderia ser utilizada como
parmetro da carga mxima resistida por cada sistema antes que eventos
destrutivos ocorressem. Aps a FMF, a resistncia das amostras entrou em declnio,
e falhas crticas ocorreram em todas as amostras. A fora necessria para causar a
falha crtica das amostras representou a FR; neste estudo, todas as falhas crticas
apresentadas pelos conjuntos implante/abutment foram fraturas dos parafusos.
Os resultados dos testes de resistncia flexo confirmaram a hiptese de
que o parafuso cone morse no prejudica a resistncia flexo esttica do conjunto
implante/abutment; houve diferena significante entre os resultados de FMF obtidos
pelos parafusos planos convencionais e pelos parafusos cone morse (p=0,011),
sendo que os conjuntos implante/abutment com parafusos cone morse
apresentaram maior resistncia flexo. O design da conexo no influiu na FMF
(p=0,241), no havendo diferena significante entre os resultados obtidos pelas
conexes hexgono externo e tringulo interno. Os valores de FMF para todos os
184
conjuntos analisados foram consideravelmente superiores aos valores observados
clinicamente para foras mastigatrias oblquas. Portanto, a utilizao dos parafusos
cnicos pode resultar em menor possibilidade de afrouxamento de parafusos, sem
perda de resistncia flexural dos conjuntos implante/abutment.
Para os resultados da FR houve influncia significante do tipo de conexo
(p=0,019), a conexo tringulo interno apresentou os melhores resultados. Isso
ocorreu possivelmente devido ao maior comprimento da conexo interna, que aps o
incio das deformaes plsticas de flexo do conjunto implante/abutment atuou
como proteo contra a fratura do parafuso, aumentando a fora necessria para
fratur-lo, em comparao conexo em hexgono externo, onde toda a fora foi
absorvida somente pelo parafuso. Estes resultados esto em concordncia com
outros trabalhos da literatura (Tan et al., 2004; Steinebrunner et al., 2008; Lee et
al., 2010). O tipo de parafuso no influenciou na FR (p=0,105); ambos os parafusos
apresentaram resultados semelhantes. Os valores de FR para todos os conjuntos
analisados foram consideravelmente superiores aos valores observados
clinicamente para foras mastigatrias oblquas. Segundo Tan et al. (2004) quando
a conexo abre assimetricamente sob cargas aplicadas excentricamente, cargas
adicionais externas so resistidas pela haste do parafuso; tenso maior induzida
no lado tensionado, predispondo a haste do parafuso fratura. Este relato
confirmado pelos resultados da anlise por microscopia ptica, realizada nos
parafusos aps os ensaios de resistncia flexural, que evidenciaram fraturas
assimtricas oblquas nas hastes dos parafusos, direcionadas para o lado
tensionado.
A utilizao de parafusos experimentais com cabea cnica como parafusos
de reteno de abutments para prteses implantossuportadas apresentou resultados
185
favorveis quanto perda de torque e quanto resistncia flexural, em comparao
a parafusos de cabea plana convencionais. Estes resultados esto possivelmente
relacionados reteno friccional proporcionada pela cabea destes parafusos em
contato com a parede interior dos abutments, o que impediu micromovimentos no
sentido anti-horrio, reduzindo o afrouxamento, sem prejudicar a resistncia flexural.
Clinicamente, estes achados poderiam se traduzir em reduo significante no
afrouxamento de parafusos nos sistemas de conexo externa ou interna. Os
profissionais familiarizados com os sistemas de implantes mais utilizados no mundo,
como os sistemas de hexgono externo ou interno, no precisariam
necessariamente mudar de sistema para obter uma grande estabilidade em relao
ao afrouxamento de parafusos; alm disso, com a aplicao conceito platform
switching em seu sistema de implantes habitual, as vantagens biolgicas oferecidas
por este conceito tambm poderiam ser obtidas, proporcionando a estabilidade dos
tecidos periimplantares em longo prazo. Infelizmente, nem sempre possvel aplicar
o conceito platform switching em todos os sistemas de implantes disponveis.
A partir dos trabalhos analisados na revista da literatura e dos resultados
obtidos na parte experimental deste trabalho, possvel estabelecer algumas
consideraes sobre as caractersticas da conexo implante/abutment mais prxima
do ideal:
A conexo cnica interna parece ser superior s demais conexes em
relao aos fatores micromovimentao e gap implante/abutment,
sendo que neste tipo de conexo ambos so praticamente ausentes; a
ausncia destes fatores negativos proporciona estabilidade biolgica
dos tecidos periimplantares; no entanto, este tipo de conexo no
apresenta evidncias conclusivas na literatura que demonstrem sua
186
superioridade em relao s complicaes mecnicas com a utilizao
clnica em longo prazo, como afrouxamento de parafusos e abutments;
A presena de um sistema de indexao do posicionamento prottico
de fundamental importncia para possibilitar o reposicionamento do
abutment em posies definidas em sistemas com conexo cnica
interna;
Para o aprimoramento do desempenho mecnico das conexes
cnicas internas, os parafusos cnicos propostos neste trabalho
poderiam ser utilizados como retentores dos abutments, com o
objetivo de minimizar a ocorrncia de afrouxamento de parafusos;
O sistema com conexo cnica interna ideal deveria permitir solues
protticas para a maior quantidade de situaes clnicas possveis,
atravs de uma linha verstil de componentes, que possusse
abutments com cinta elevada para os casos mais favorveis, ou com
linha zero em relao plataforma do implante para os casos
desfavorveis;
Por fim, a incorporao do conceito platform switching otimizaria os
resultados biolgicos de estabilidade dos tecidos periimplantares.
Em resumo, com base nos conhecimentos biomecnicos atuais, a conexo
implante/abutment ideal deveria apresentar:
1. conexo cnica interna;
2. indexao do posicionamento prottico do abutment;
3. parafuso de reteno do abutment com cabea cnica;
4. componentes com cinta ou com linha zero;
5. platform switching.
187
Os resultados obtidos no presente trabalho necessitam de confirmao
atravs de novos estudos laboratoriais. As demais caractersticas mecnicas e
estruturais dos parafusos experimentais cone morse devem ser determinadas
atravs de testes especficos, para que sejam validados em novos estudos com uso
clnico. Por fim, aperfeioamentos na estrutura e superfcie destes parafusos podem
aprimorar os resultados obtidos neste trabalho. Novos estudos devem ser realizados
para desenvolver os aperfeioamentos possveis, com o objetivo de obter parafusos
que proporcionem alto grau de estabilidade e resistncia ao afrouxamento em longo
prazo.
7. CONCLUSO
189
7. CONCLUSO
Baseado na metodologia empregada e nos resultados obtidos neste estudo,
considerando as limitaes existentes, conclui-se que:
1. Os parafusos cone morse apresentaram maior torque de desaperto em
comparao aos parafusos planos convencionais, tanto antes quanto aps
carregamento mecnico cclico equivalente a 1 ano de funo mastigatria;
2. O design da conexo prottica no teve influncia significante sobre o
torque de desaperto dos parafusos;
3. Os parafusos cone morse obtiveram maiores valores de resistncia
flexo em comparao aos parafusos planos convencionais;
4. A conexo em tringulo interno obteve maiores valores para a fora de
ruptura em comparao conexo em hexgono externo.
8. REFERNCIAS
191
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