Red 1 - Março - 9º Ano - ARTIGO DE OPINIÃO
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Professor Rogger
9º ANO
TEXTO 1
GUERRA
As guerras são conflitos armados que acontecem por diferentes motivos, como desentendimentos religiosos,
interesses políticos e econômicos, disputas territoriais, rivalidades étnicas, entre outras razões. Na História, elas são
estudadas por um ramo conhecido como História Militar, que se dedica não só a entender as grandes guerras, como também
a estudar a noção dos exércitos.
Um dos grandes teóricos da guerra moderna foi o militar prussiano Carl von Clausewitz, responsável por estabelecer
ideias como a da mobilização total de um Estado para a guerra. Eventos como a Primeira e a Segunda Guerra Mundial são
demonstrações perfeitas do estado de guerra total. Para evitar os excessos, foram estabelecidas as Convenções de Genebra.
Acesse também: Os desdobramentos da Segunda Guerra Mundial na Ásia
Guerras na História
Até o século XIX, as guerras eram um dos maiores focos de estudo dos historiadores. A História, sob essa perspectiva
tradicional, típica desse século, voltava-se ao estudo dos grandes acontecimentos, dos grandes feitos e dos grandes homens.
Assim, os conflitos eram um celeiro cheio de acontecimentos e de importantes personalidades a serem explorados.
Essa visão tradicionalista perdeu força no século XX, e novos objetos e métodos começaram a ser utilizados para a
pesquisa. Ainda assim, as guerras permaneceram como uma pauta importante, uma vez que são catalisadoras de mudanças
significativas.
Atualmente, o campo da História que se dedica ao estudo dos conflitos e dos assuntos relativos a questões militares é
conhecido como História Militar. Essa área volta-se para as motivações que levaram ao início dos combates, assim como
procura entender os principais acontecimentos no curso das guerras e quais as transformações causadas pelo término de um
conflito.
A História Militar também estuda a evolução do campo militarista, seja na questão de estratégias de guerra, seja na
evolução tecnológica dos armamentos e dos uniformes. Por fim, a forma como se enxerga a guerra e a formulação de
grupamentos militares ao longo da história também são estudados por essa vertente.
Entendendo a guerra
A guerra sempre foi alvo de intensos estudos e, como tal, recebeu reflexões de diversas pessoas ao longo da história.
Essa reflexão e análise não é uma realização do homem moderno, uma vez que um dos tratados mais conhecidos sobre a
guerra é de um estrategista militar chinês chamado Sun Tzu.
Existe uma série de polêmicas sobre esse tratado, sobretudo sobre sua datação e se de fato contém somente escritos
de Sun Tzu. De toda forma, o livro de Sun Tzu, conhecido como A Arte da Guerra, é entendido como o tratado mais antigo
sobre esse assunto. Portanto, podemos perceber que o interesse do homem pela guerra é de longa data.
Sabemos também que bem antes de Sun Tzu ter escrito seu tratado (estima-se que foi escrito entre o século V a.C. e
III a.C.), a guerra já era uma realidade na vida da humanidade. Arqueólogos estudam vestígios de que os homens pré-
históricos já iam à guerra; e, na Antiguidade, dominar a guerra era fundamental para garantir a sobrevivência de um povo.
Sobre a importância da guerra na antiguidade para a sobrevivência de determinado povo ou império, Sun Tzu já
sentenciava:
A guerra tem importância crucial para o Estado. É o reino da vida e da morte. Dela depende a conservação ou a ruína do
império. Urge bem regulá-la. Quem não reflete seriamente sobre o assunto evidencia uma indiferença condenável pela
conservação ou pela perda do que mais se preza. Isso não deve ocorrer entre nós|1|.
Sun Tzu entendia que a guerra deveria ser conduzida de forma a ser solucionada rapidamente, uma vez que uma
guerra longa empobreceria o reino, seria penosa para os soldados, traria muitas mortes e prejudicaria a honra daquele que
estivesse à frente dos soldados. Uma característica muito importante da filosofia de guerra de Sun Tzu é sua crença de que
até a vida dos inimigos deveria ser poupada, se fosse possível.
Essa visão da guerra, como algo a ser rapidamente finalizado e à procura de se evitar um grande número de mortos
dos exércitos adversários, mudou radicalmente à medida que a guerra foi se modernizando. A guerra moderna, por sua vez,
tem em grande parte formulação teórica nos escritos de Carl von Clausewitz, um militar prussiano que viveu nos séculos
XVIII e XIX.
A guerra do ponto de vista moderno e que foi teorizada por Clausewitz é um fenômeno total, conforme análise do
geógrafo Demétrio Magnoli|2|. Nesse sentido, mobiliza todo o potencial militar e político do Estado, fazendo com que todos
os recursos possíveis sejam utilizados para tal finalidade.
Na percepção de Clausewitz, as preocupações a respeito de se evitar o derramamento de sangue são uma fraqueza,
pois ele afirma que “a guerra é uma atividade perigosa que os erros advindos da bondade são os piores”|3|. Sendo assim,
Clausewitz entende que, se um lado da guerra vai com a intenção de poupar vidas, já entra no conflito enfraquecido. A
guerra para Clausewitz é, portanto, “um ato de força”. Na visão dele, “não existe qualquer limite lógico para o emprego desta
força”.
Essa forma de enxergar a guerra levou a conflitos dramáticos ao longo da Idade Contemporânea, sobretudo no século
XX. Os horrores que se cometeram nas guerras, principalmente nas duas guerras mundiais, levaram a humanidade a
sancionar termos parar impor limites na ação humana durantes os conflitos armados.
Estamos falando das Convenções de Genebra, acordos que foram realizados em convenções que se passaram nos
anos de 1864, 1906, 1929 e 1949. A junção desses acordos foi revista e atualizada na Quarta Convenção, em 1949. Por meio
da Convenção de Genebra, foram decididos termos para que prisioneiros de guerra, civis, enfermeiros, soldados feridos, entre
outros, fossem protegidos e tratados dignamente.
As Convenções de Genebra são um importante pacto civilizatório, o qual demonstra que nem em estado de guerra é
permitido que se realizem horrores, como o aprisionamento desumano de prisioneiros e a tortura. Atualmente 196 países
ratificam as Convenções de Genebra, fazendo com que sua aplicação seja considerada universal. Aqueles que não cumprem
as determinações estão sujeitos a julgamento na Corte Penal Internacional, localizada em Haia, nos Países Baixos.
TEXTO 2
Capitalismo e guerra
A guerra aumenta a venda de armas, mobiliza a construção civil, a indústria, o comércio e os serviços e, de quebra, elimina os excedentes
populacionais, reequilibrando oferta e procura
LUIZ RUFFATO
12 ABR 2017 - 14:02 BRT
O capitalismo tem como uma de suas mais impressionantes características a capacidade de se renovar constantemente, muitas vezes a partir
de suas próprias contradições, transformando tudo em mercadoria, ou seja, em dinheiro. As drogas, que acompanharam a trajetória da Humanidade
desde suas origens, só passaram a ser consumidas em massa a partir de sua associação à imagem dos jovens que as usavam como forma de
contestação ao capitalismo na década de 1960. Daí para a frente, tornaram-se o mais lucrativo negócio da atualidade, movimentando estimados 320
bilhões de dólares por ano, segundo a ONU. (Em escala bem menor, vale a pena lembrar a utilização do rosto do revolucionário Che Guevara em
camisetas, broches, ímãs de geladeira, cartazes, chaveiros, copos, canetas, e tantas outras tralhas, onipresente em todas as partes do mundo.)
De quando em quando, no entanto, o mecanismo de funcionamento do sistema entra em colapso, já que a possibilidade de ampliação do
número de consumidores não é ilimitada. Nestes momentos, que são os temerosos períodos de crise, as empresas – a cujos interesses, a rigor, os
estados nacionais estão submetidos – lançam mão de suas prerrogativas e pressionam os governantes por uma solução rápida para o retorno da
circulação de capital: a guerra. A guerra não só aumenta de maneira considerável a venda de armas – foram 65 bilhões de dólares em 2015 -, mas
principalmente mobiliza, em uma segunda fase, a construção civil, cuja cadeia produtiva envolve todos os demais setores, a indústria, o comércio e os
serviços. De quebra, elimina os excedentes populacionais, reequilibrando oferta e procura.
Se tomarmos como marco do início do capitalismo a Revolução Industrial, ocorrida no fim do século XVIII na Inglaterra, observaremos que
ciclicamente o mundo entra em conflito e dele o sistema sempre sai renovado e fortalecido. As guerras napoleônicas, entre 1792 e 1815, que
opuseram a França ao resto da Europa, terminaram com o Congresso de Viena, que no início do século XIX impôs ao planeta a chamada Pax
Britannica, garantindo à Inglaterra o controle das rotas marítimas e a livre circulação de seus produtos industrializados por todos os continentes.
Setenta anos depois, em 1885, a Conferência de Berlim repartiu, de maneira arbitrária e violenta, a África e a Ásia entre as principais
potências europeias, com objetivo de garantir o fornecimento de matérias-primas a baixos preços e ampliar o mercado consumidor de artigos
manufaturados. O despeito da Alemanha, que se sentiu desfavorecida nesta divisão, aliado ao crescente nacionalismo dos países eslavos subjugados
ao Império Austro-Húngaro, foi uma das causas geradoras da I Guerra Mundial, que colocou no campo de batalha cerca de 70 milhões de soldados. O
resultado foram 10 milhões de mortos – entre civis e militares – e 20 milhões de feridos, e o surgimento da União Soviética, que provocou uma nova
correlação de forças na geopolítica internacional.
Menos de 21 anos após o término da I Guerra Mundial, com a Europa ainda em reconstrução, explodiu a II Guerra Mundial, motivada, por um
lado, pelo impasse provocado por problemas não resolvidos na conflagração anterior, e, por outro, pelos conflitos de interesses econômicos, sob o
verniz de posições ideológicas. O nacional-socialismo do ressentido Adolf Hitler e sua absurda concepção de supremacia ariana, o obscurantismo
autoritário estalinista e os chamados “paladinos da democracia” (os países europeus e os Estados Unidos) lutavam para ampliar suas áreas de
influência política – a política anda sempre a serviço da economia. Terminada a guerra com a derrota do Eixo (Alemanha, Itália e Japão) - 66 milhões
de mortos, entre civis e militares, 35 milhões de feridos –, os Estados Unidos patrocinaram o Plano Marshall para reerguimento dos países europeus –
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menos aqueles sob influência soviética. Foram investidos cerca de 132 bilhões de dólares em alimentos, fertilizantes, matérias-primas, produtos
semi-industrializados, combustíveis, veículos e máquinas – 70% desses bens eram de procedência norte-americana.
Os Estados Unidos saíram da guerra fortalecidos política e economicamente. Junto com seus aliados europeus (incluindo Alemanha e Itália,
derrotados na guerra), de um lado, e a União Soviética, de outro, redesenharam o mapa-múndi, inaugurando a Guerra Fria – que, a partir da década de
1950, contaria com mais um protagonista, a China, fundada no absolutismo sanguinário maoísta. Passaram-se mais de 70 anos desde então – um dos
maiores períodos de “paz” da história recente da Humanidade. Houve guerras regionais – Coreia, na década de 1950; Vietnã, na década de 1960;
Bósnia, na década de 1990, entre vários outros conflitos -, mas nenhum deles opôs diretamente as forças armadas das grandes potências. Os embates
da segunda metade do século XX foram, de certa maneira, terceirizados: a indústria armamentista disponibilizava o material bélico e os países em
litígio ofereciam o campo de batalha e os soldados.
Hoje observamos o mundo novamente em turbulência. O cenário coloca em rota de colisão os interesses econômicos dos grandes
conglomerados norte-americanos, conduzidos pelo midiático e arrogante Donald Trump; os interesses do também arrogante ex-chefe da
KGB, Vladimir Putin, ansioso por recuperar o espaço geopolítico ocupado pela antiga União Soviética; e os interesses da ditadura sem rosto chinesa,
que, com seu capitalismo de estado, baseado em salários irrisórios, desrespeito aos direitos humanos e ambientais, inunda o mundo com seus artigos
baratos, causando impacto tanto na economia norte-americana quanto na geopolítica russa. Observamos ainda o crescimento preocupante do
discurso xenofóbico e ultranacionalista da extrema-direita em todas as partes do mundo, particularmente na Europa; a instabilidade da
representação democrática na América Latina, sufocada pela incompetência, corrupção e populismo; a derrocada dos países africanos, sucumbidos à
corrupção, ao autoritarismo e aos conflitos étnicos e religiosos; a crise humanitária nos países do Oriente Médio e Ásia Central; o perigo atômico
encarnado no mimado ditador norte-coreano Kim Jong-un; e o fenômeno típico do nosso século, o recrudescimento dos atentados
terroristas fomentados pelo fundamentalismo islâmico.
Por tudo isso, já não temo pelo futuro dos meus netos – temo pelo presente dos meus filhos...
https://brasil.elpais.com/brasil/2017/04/12/opinion/1492009074_482693.html
TEXTO 3
PROPOSTA DE REDAÇÃO
Com base nos textos apresentados e em seus conhecimentos, escreva um artigo de opinião, empregando a norma padrão da
língua portuguesa, sobre a afirmação Guerra e a estupidez humana.