Uma associação chamada ADC foi criada para promover o desenvolvimento social e cultural de Coimbra. Surgiram três questões sobre as responsabilidades e capacidades legais da ADC: (1) se a ADC pode investir em uma fábrica, (2) se é responsável por dinheiro roubado por um funcionário, e (3) se é responsável por um acidente causado por seu administrador.
Uma associação chamada ADC foi criada para promover o desenvolvimento social e cultural de Coimbra. Surgiram três questões sobre as responsabilidades e capacidades legais da ADC: (1) se a ADC pode investir em uma fábrica, (2) se é responsável por dinheiro roubado por um funcionário, e (3) se é responsável por um acidente causado por seu administrador.
Uma associação chamada ADC foi criada para promover o desenvolvimento social e cultural de Coimbra. Surgiram três questões sobre as responsabilidades e capacidades legais da ADC: (1) se a ADC pode investir em uma fábrica, (2) se é responsável por dinheiro roubado por um funcionário, e (3) se é responsável por um acidente causado por seu administrador.
Uma associação chamada ADC foi criada para promover o desenvolvimento social e cultural de Coimbra. Surgiram três questões sobre as responsabilidades e capacidades legais da ADC: (1) se a ADC pode investir em uma fábrica, (2) se é responsável por dinheiro roubado por um funcionário, e (3) se é responsável por um acidente causado por seu administrador.
Baixe no formato PDF, TXT ou leia online no Scribd
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 2
Um conjunto de naturais de Coimbra constituiu uma associação destinada a
promover o desenvolvimento social e cultural do concelho: a “Associação para o
Desenvolvimento de Coimbra” (ADC). Suponha que é consultado sobre as seguintes questões:
a) Pode a ADC fazer uma subscrição de €100.000 no capital social de uma
sociedade comercial que vai construir uma grande unidade fabril no concelho? Princípio da especialidade do fim (n.º 1 do artigo 160.º), que limita a capacidade de gozo das pessoas colectivas. Cfr Mota Pinto, Teoria Geral, pp. 318 a 321: estão “fora da capacidade jurídica das pessoas colectivas os direitos e obrigações que não sejam necessários ou convenientes à prossecução dos seus fins”. A subscrição no capital social daquela sociedade comercial pode – ou não – ser necessária ou conveniente à promoção do desenvolvimento social e cultural do concelho. No caso de não ser necessária ou conveniente o negócio seria nulo por ir para lá da capacidade de gozo da ADC, nos termos do artigo 294.º. Aceita-se argumentação em qualquer dos sentidos desde que bem enquadrada no princípio da especialidade do fim.
b) Um funcionário da ADC apropriou-se indevidamente do dinheiro recolhido
num sorteio promovido pela associação, sendo agora exigidos a esta a devolução do dinheiro do sorteio e uma indemnização pela sua não realização. Será a ADC responsável? Responsabilidade civil das pessoas colectivas (Cfr. Mota Pinto, Teoria Geral, pp. 321 a 325). O artigo 165.º determina que a associação é responsável pelos actos ou omissões deste seu funcionário (enquanto agente dela) nos termos do artigo 500.º (embora parte da doutrina – incluindo Mota Pinto, Teoria Geral, p. 322 – entenda que a remissão deva ser para o artigo 800.º nos casos de responsabilidade contratual). Os requisitos do artigo 500.º são os seguintes: (1) existência de comissão; (2) responsabilidade do comissário (o funcionário da ADC); e (3) que o acto ilícito do comissário haja sido praticado “no exercício da função que lhe foi confiada” (n.º 2 do artigo 500.º, in fine). Este último requisito impõe que o acto ilícito tenha sido praticado no quadro geral das competências que foram conferidas ao comissário para o desempenho da sua comissão. Ou seja: tem de existir um nexo funcional – e não meramente formal (por exemplo, o acto ilícito ter sido praticado no local, e durante o horário, em que a comissão deveria ser desempenhada). O facto ilícito tem de ter sido praticado por causa da comissão e não apenas por ocasião dela. Neste caso a apropriação do dinheiro por parte do funcionário da ADC extravasa das competências que lhe foram confiadas pela associação, pelo que só aquele – e já não esta – é responsável. Como afirma Mota Pinto (Teoria Geral, p. 324), “[p]arece que será ir longe de mais responsabilizar a pessoa colectiva, se o acto foi intencionalmente praticado para realizar um objectivo meramente pessoal, sem conexão com os interesses da pessoa colectiva. É que, nessa hipótese, há um nexo de mera ocasionalidade entre as funções do órgão ou agente e o acto”. c) Pedro, administrador da ADC, quando se deslocava a Lisboa para tratar de assuntos da associação, teve um acidente no automóvel desta, resultante de distração sua, que causou graves danos noutros automóveis. Poderão os proprietários destes exigir uma indemnização pelos danos sofridos à ADC? Problema idêntico ao anterior. Enquanto administrador da ADC, Pedro é seu representante (nos termos do n.º 1 do artigo 163.º). Os actos destes representantes responsabilizam também a ADC, nos termos do artigo 165.º, que remete para o artigo 500.º. Neste caso não há dúvida que o acto ilícito de Pedro foi praticado no exercício da função que lhe foi confiada, pelo que também a ADC é responsável (mesmo não havendo culpa sua). A ADC fica com o direito de regresso sobre Pedro, nos termos do n.º 3 do artigo 500.º. Uma nota: poderia questionar-se se Pedro, enquanto administrador da ADC, está verdadeiramente a actuar enquanto comissário desta; não estando faltaria o primeiro dos requisitos do artigo 500.º (existência de comissão), deixando de ser aplicável esta norma.