Aulas Teoricas de Sociedades Comerciais
Aulas Teoricas de Sociedades Comerciais
Aulas Teoricas de Sociedades Comerciais
16 de março
Código civil – artigo 980.º
Artigo 980.º - (Noção)
Contrato de sociedade é aquele em que duas ou mais pessoas se obrigam a contribuir com bens ou
serviços para o exercício em comum de certa atividade económica, que não seja de mera fruição, a fim de
repartirem os lucros resultantes dessa atividade.
Tipos doutrinais
Sociedades de pessoas
Sociedades de capitais
Distinção – uma sociedade de pessoas seria uma em que o elemento relevante é a
individualidade dos sócios (intuitos personae) e na sociedade de capitais o que será
mais relevante é a contribuição patrimonial do sócio.
Tipos legais
Estrutura 190º - a cada só cio pertence um voto. É uma estrutura simples. Vem o ó rgã o deliberativo
(373.º e ss) que tem
organizatória 171º sã o gerentes todos os só cios. Temos o ó rgã o deliberativo,
competê ncias muito
246º CSC. Os só cios aqui
Neste tipo de sociedade nã o temos possuem um leque de residuais. Na sociedade
fiscalizaçã o. Por que é necessá rio o competê ncias. anonima quem toma a
controle das contas? Para a proteçã o generalidade das decisõ es
dos credores, e por outro lado para a 250º nº1 – esta sociedade está a sã o os conselhos de
proteçã o dos só cios. se aproximar as sociedades de administraçã o, o ó rgã o
capitais, pois nos desviam da representativo ou
Os só cios també m estã o protegidos na sociedade de pessoas.
relaçã o com a gerê ncia, nã o há executivo. Nomeadamente
necessidade da lei impor um ó rgã o de 252º - gerê ncia. Quem sã o os o que é importante que os
fiscalizaçã o gerentes? Sã o os só cios? O art. acionistas façam é que se
252 resolve, ou seja, sã o pronunciem sobre as
pessoas alé m dos só cios, nã o é contas e deliberem sobre a
possível que o gerente seja uma distribuiçã o de lucros. O
pessoa coletiva. Nã o há regime de voto está
sociedade por quotas sem previsto no artigo 384.º.
gerente.
torna-se complexa na
262º o conselho fiscal é um relaçao entre o ó rgã o de
ó rgã o que em regra é administraçã o e o ó rgã o de
facultativo, mas só em fiscalizaçã o – 278.º. temos
determinados casos é aqui 3 modelos, e o mais
obrigató rio. O crité rio é a simples é o da alinea a)
sociedade ser pequena ou nã o, (modelo clá ssico/latino) e
se for pequena, nã o exige ó rgã o implica que haja um
de fiscalizaçã o e será conselho administrativo e
facultativo. Será obrigató rio nos um conselho fiscal. Nã o
termos do nº2, a título interessa ter uma estrutura
excecional, e se nã o tiver deverá organizató ria muito
ser designado. complexa porque isso
implica custos. Mais
simples ainda que isto é a
possibilidade/opçã o de ter
em vez do conselho de
administraçã o um
administrador ú nico e em
vez de conselho fiscal ter
um fiscal ú nico. Como
vemos se isto é possível?
Vemos o nº2 do mesmo
artigo. Estes casos
previstos na lei sã o o art.
390.º nº2 e 424.º nº2, isto
quanto ao ó rgã o de
administraçã o. Há um
crité rio de capital – 390.º
nº2 o capital social tem de
ser inferior a 200 mil euros.
Se exceder isto, o conselho
de administraçã o vem
regulado no nº1. No nº3
(remeter para 252.º nº1) os
administradores podem
nã o ser acionistas e devem
ser pessoas singulares mas
o nº4 já permite que o
administrador seja pessoa
coletiva, mas tem de
designar uma pessoa
singular para
responsabilidade solidaria
pelos atos praticados. 278.º
- (remissã o para 413.º)
admitem alguns casos que
em vez da sociedade tem
conselho fiscal, tem um
fiscal ú nico, e o crité rio é
parecido com o das
sociedades por quotas.
Transmissão A Transmissã o entre vivos 182º (se Aqui chama-se quotas. Aqui chama-se açõ es, uma
só cio pode vender sua parte social), pluralidade de açõ es.
de participações aqui chama-se “parte social”, e nã o Transmissã o entre vivos - sou
sociais por quotas. Há tendê ncia a dizer quota. O só cia e quero desvincular-me, Transmissã o mortis causa
típico de sociedades fechadas é que sair por iniciativa pró pria, mas o có digo das sociedades
morte e entre nã o é assim que se sai de uma
nã o deixam entrar na sociedade de nã o trata. Có digo civil – é
forma livre, e fá cil. O 182º nº1 diz que sociedade, e sim atravé s da possível afastar a
vivos
só pode ser transmitido por cessã o de quotas, que é uma
transmissibilidade por
consentimento unanime dos restantes transmissã o entre vivos das
morte? Nã o. 2024.º e ss CC.
só cios para a transmissã o da quotas, art 228º - sai sempre em
participaçã o social. O exercício das teste – esta norma é supletiva, Transmissã o entre vivos
dividas pode corresponder com seu pode ser afastada por clá usula 328.º CSC – nº1 estabelece
patrimó nio, por isso é mais fechado a contratual. Entã o temos que ver
uma regra de livre
transmissã o a terceiros. se no contrato de sociedade
transmissibilidade das
existe a clausula da transmissã o
Entre morte 184º - em caso de entre vivos, se nã o regularem, a açõ es. Nã o posso num
falecimento, se o contrato nada questã o estará resolvida no contrato de sociedade
estipular, a sociedade amortiza a parte 228º nº2. - - Posso vender anonima dizer que a
social, determina o valor e paga-se aos livremente minha quota ou transmissã o das açõ es nã o
herdeiros, esta é a primeira posiçã o. dependo de consentimento? pode ter lugar. Nº2 – na
Nã o produz efeitos perante a possibilidade da alinea a)
Há alternativas: (1) dissoluçã o da sociedade enquanto nã o for do contrato de sociedade
sociedade. (2) possibilidade de haver decidida por esta. A nã o ser que dizer que a
uma transmissã o mortis causa ao se trate de cô njuge, ascendentes transmissibilidade das
sucessor. ou descendentes, ou outro açõ es depende de
só cio, ai será livre. Por ex: quero consentimento; alinea b)
vender a minha parte da
direito de preferê ncia que
sociedade que tenho com meu
aparece sempre
pai, a um estranho qualquer,
nã o é possível. tendencialmente nos
contratos – clausula
Quando dizemos consentimento limitadora da
da sociedade, é decidida em transmissibilidade das
assembleia geral. açõ es mais comum.
Em que sentido podemos Esta é uma típica sociedade
afastar a clausula supletiva –
de capitais.
229º nº1- eu posso introduzir
no contrato uma clausula a
dizer que a cessã o de quotas é
proibida, e ao fim de 10 anos ele
vai exonerar-se, caso o só cio
queira sair. Aqui ele proíbe a
cessã o de quotas.
O nº2 – cessã o é livre, nã o
depende do consentimento.
Tem a ver com o consentimento,
dispensar o consentimento
significa que a clausula é menos
restritiva, se houver uma
clá usula deste tipo poderá
vender sua quota.
O nº3 – mais restritiva. A
sociedade exige sempre o
consentimento da cessã o de
quotas independentemente de
quem for o adquirente. É
tendencial para que nã o entre
aqui estranhos. Aqui exige o
consentimento.
Transmissã o por morte – 225º a
contrá rio. A quota pertence a
herança, por isso nã o transmite.
Se o contrato de sociedade nã o
disser nada, ai sim transmite,
aplica-se o direito das
sucessõ es.
Número mínimo 7º nº2 nã o se aplica a questã o da 270º-A – unipessoalidade. 273.º com a exceçã o do nº2
de sócios impessoalidade, entã o exige o nú mero e de alguns casos de
Art. 7º nº2
mínimo de 2 só cios. unipessoalidade, a
sociedade só se constitui
com 5 só cios 273.º nº1 e
488.º permite que seja uma
sociedade unipessoal se
constituída por outra
sociedade.
Capital social Há determinadas sociedades que só se 201º - 5 mil euros. (já foi 50 mil euros de capital
mínimo constituem com um montante mínimo. exigido este valor por lei, mas social mínimo. - 276.º nº5 –
Esta questã o esta relacionada com o hoje em dia nã o mais.) regra geral
tipo de entrada. Nas sociedades 219º nº3 – exige o valor mínimo Conjuga-se com o 277.º
coletivas admitem contribuiçã o em de 1 euro. nº1.
indú strias.
Nã o há capital social mínimo, Tipo de açõ es:
mas vamos conjugar o 201º e
219º nº3, o montante será Açõ es ao portador - 299.º
fixado pela sociedade. desapareceram. Até 2017
Oral – se a sociedade que tem o haveria as açõ es
capital social mínimo de 100 nominativas e as que eram
euros, esta de acordo com a lei? ao portador, ou seja, nã o se
eu tenho que saber qual a sabia quem era titular das
participaçã o dos só cios, como se açõ es. Todas as açõ es sã o
chegou aquele montante, quais açõ es nominativas.
foram as entregas, para haver
um equilíbrio. .
Firma 177º firma nome. A firma nome Art. 200º. 275.º - temos as firmas
també m é reguladora das sociedades nome, denominaçã o e
de pessoas. É necessá rio ver o mista, e temos o
aditamento obrigató rio em que revela aditamento (S.A.).
o tipo de sociedade.
Há ainda muitas sociedades
anonimas que resultam da
transformaçã o de
sociedades por quotas
(havendo entã o sociedades
anonimas com firma nome).
23 de março
b) O tipo de sociedade;
c) A firma da sociedade;
d) O objeto da sociedade;
e) A sede da sociedade;
f) O capital social, salvo nas sociedades em nome coletivo em que todos os sócios contribuam apenas com a sua indústria;
g) A quota de capital e a natureza da entrada de cada sócio, bem como os pagamentos efetuados por conta de cada quota;
h) Consistindo a entrada em bens diferentes de dinheiro, a descrição destes e a especificação dos respetivos valores;
i) Quando o exercício anual for diferente do ano civil, a data do respetivo encerramento, a qual deve coincidir com o último dia do
mês de calendário, sem prejuízo do previsto no artigo 7.º do Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas.
(…)
Alinea a) podem constituir sociedade mas os menores tem de ser representados – 124.º do
cc
1714.º nº3 CC – principio da ilicitude – excecionalmente admite-se a constituição da
sociedade de capitais. Só o artigo 8.º nº1 do CSC é que veio esclarecer que o critério é o
critério de responsabilidade – podem os sócios ser casados? Sim, desde que só um deles
assuma a responsabilidade ilimitada.
Alinea b) o tipo de sociedade – opção por um dos 4 tipos de sociedade (e artigo 1.º nº2)
Alinea c) a firma – escolha por umas das possibilidades permitidas. Como é que sei se a
firma que os meus clientes querem adotar é uma firma valida? Certificado de
admissibilidade de firma – artigo 45.º registo nacional de pessoas coletivas. Quando no
contrato coloco a firma que está a ser adotada junto esse documento para me validar
aquela firma que apresentei.
Alinea d) objeto da sociedade – elemento finalístico. Artigo 11.º nº2 devem ser atividades
concretas – qual o problema de um objeto demasiado genérico? Ex. sociedade que se
dedica ao exercício de qualquer atividade económica, esta clausula é nula e por faltar o
objeto é nulo todo o contrato. Remeter para o artigo 42.º nº1 alinea b) sobre a nulidade.
Qual a relevância do objeto? Em 1 lugar só sabemos se é uma sociedade comercial em
função do objeto, tendo por requisito a pratica de atos de comercio, e se eu disser que é
qualquer atividade económica provavelmente não é uma atividade comercial e então é uma
sociedade civil. Outra questão é também a obrigação de não concorrência, sendo impedido
de exercer a atividade concorrente por exemplo numa sociedade por quotas – artigo 254.º -
os gerentes. E nas sociedades anónimas - 398.º nº3 – os administradores. Como é que eu
sei o que é atividade concorrente? Depende da definição do objeto. O risco é desviar a
clientela daquela sociedade para seu beneficio próprio. Em suma, a definição do objeto
permite caraterizar a sociedade como sociedade comercial, permite definir os limites da
obrigação de não concorrência, vai ser importante também para a questão da capacidade
do artigo 6.º nº4 e há uma serie de causas de dissolução da sociedade que também têm a
ver com o objeto.
Alinea e) a sede da sociedade. Artigo 12.º - tem que ser um local concretamente definido. A
sede não tem só relevância para efeitos de notificação! Os sócios têm o direito de consultar
documentos, o direito à informação. Tem de ser exercido de forma física – 214.º nº1 para as
sociedades por quotas e nas sociedades anónimas é o 288.º. por outro lado, as
assembleias gerais funcionam na sede, mas a norma é supletiva, apesar de tendencial –
377.º nº1 alinea a). No entanto, não tem que ser e ás vezes nem é possível.
Capital social – artigo 14.º - tem de ser expresso em moeda com curso legal em Portugal, e
pode não existir nas sociedades em nome coletivo.
g) e h) questão das entradas – na alinea g) é necessário que se identifique a natureza da
entrada de todos os sócios, mas é relativa sobretudo às entradas em dinheiro. Vamos dizer
relativamente ás entradas em dinheiro se os pagamentos já foram realizados total ou
parcialmente. Tempo das entradas do artigo 26.º - as entradas em dinheiro, em principio,
tem de ser realizadas antes da constituição da sociedade, até ao momento da celebração
do contrato. (remeter para o art. 202.º nº4 para as sociedades por quotas e 277.º nº4 para
as sociedades anónimas). As entradas em espécie (art. 9.º) há uma alinea importante que é
a alinea h) a entrada em espécie é uma entrada de um bem concreto que tenho de
identificar e tenho de lhe atribuir um valor, juntando um documento especifico, sendo este o
do artigo 28.º, o parecer do revisor oficial de contas.
6 de abril
- Terminar o processo de constituição das sociedades -
Direitos especiais do artigo 24.º do CSC
Outros exemplos de direitos especiais – 250.º nº2 direito ao voto duplo; direito a uma
participação nos lucros diferente da participação dos investimentos art. 22.º nº2; Há também
a possibilidade de um socio ter o direito a designar um gerente, ou seja, a possibilidade de
eu querer entrar na sociedade apenas se conseguir pôr alguém da minha confiança na
gerência – artigo 83.º direitos especiais que são usados sobretudo nas sociedades por
quotas. Nas sociedades anónimas temos um direito especial nomeadamente o do artigo
341.º que permitem a atribuição prioritária dos lucros mas em compensação eles não têm
direito de voto, são investidores apenas.
Voltando ao artigo 24.º - vemos aqui a questão da transmissão das participações sociais
com ou sem o direito especial. Decidindo vender a minha quota tendo direitos especiais,
eles transmitem-se? É necessário para saber quanto vale a quota e as prerrogativas que lhe
estão atribuídas. (sublinhar o nº3 para as sociedades por quotas e o nº4 para as sociedades
anónimas).
Há que apurar quais são os direitos com conteúdo patrimonial e os pessoais (ex. de
pessoais: gerência)
Artigo 24.º - Direitos especiais
1 - Só por estipulação no contrato de sociedade podem ser criados direitos especiais de algum sócio.
2 - Nas sociedades em nome coletivo, os direitos especiais atribuídos a sócios são intransmissíveis, salvo
estipulação em contrário.
3 - Nas sociedades por quotas, e salvo estipulação em contrário, os direitos especiais de natureza
patrimonial são transmissíveis com a quota respetiva, sendo intransmissíveis os restantes direitos.
4 - Nas sociedades anónimas, os direitos especiais só podem ser atribuídos a categorias de ações e
transmitem-se com estas.
5 - Os direitos especiais não podem ser suprimidos ou coartados sem o consentimento do respetivo titular,
salvo regra legal ou estipulação contratual expressa em contrário.
6 - Nas sociedades anónimas, o consentimento referido no número anterior é dado por deliberação tomada
em assembleia especial dos acionistas titulares de ações da respetiva categoria.
Relações externas (sai muito em teste) - Artigo 40.º nº1 – divisão em duas partes ( verde e
laranja), havendo dois tipos de intervenientes e de responsabilidade.
Artigo 40.º - Relações das sociedades por quotas, anónimas e em comandita por ações não registadas
com terceiros
1 - Pelos negócios realizados em nome de uma sociedade por quotas, anónima ou em comandita por ações,
no período compreendido entre a celebração do contrato de sociedade e o seu registo definitivo, respondem
ilimitada e solidariamente todos os que no negócio agirem em representação dela, bem como os sócios que tais
negócios autorizarem, sendo que os restantes sócios respondem até às importâncias das entradas a que se
obrigaram, acrescidas das importâncias que tenham recebido a título de lucros ou de distribuição de reservas.
2 - Cessa o disposto no número precedente se os negócios forem expressamente condicionados ao registo
da sociedade e à assunção por esta dos respetivos efeitos.
Há uma questão – comparando este regime com o regime anterior, o que nos falta aqui?
997.º do CC responsabiliza em primeira linha a própria sociedade. Então o que se faz aqui?
É uma aplicação analógica do regime anterior, responsabilizando em primeiro lugar a
sociedade. (nos testes, temos de falar do artigo 40.º e do 36.º nº2 e do 997.º CC)
O que é que em rigor se deve fazer? Remeter o artigo 40.º para o artigo 19.º - a sociedade,
a partir do momento em que os sócios tem a pretensão de a constituir, e celebram contratos
antes da constituição da mesma, devem assumir esses negócios. O artigo 19.º permite que
a sociedade assuma todos os negócios anteriores ao seu registo.
Artigo 19.º (Assunção pela sociedade de negócios anteriores ao registo)
Tipos de vícios
Consequências
Artigo 42.º - invalidade total – isto implica a inexistência do contrato e que o conservador
não tenha verificado a validade do ato que registou, sendo então uma invalidade muito
residual
Vícios parciais são de dois tipos:
1. afetação não de todo o contrato, mas de clausulas invalidas – resolve-se pela redução
292.º do CC
2. vícios da vontade – já não afetam determinadas clausulas mas podem afetar
determinados sócios – artigo 45.º - é o sócio que entra para a sociedade com a sua vontade
viciada (coação, dolo, erro, etc) – resolve-se dando a esse sócio o direito a exoneração,
pode exercer o direito a sair da sociedade livremente. (ver art. 240.º).
20 de abril
Invalidades do ato constituinte:
Tipos de vícios
Consequências
Acordos parassociais (artigo 17.º do CSC)
Sou sócia de uma sociedade comercial e combino com um dos outros sócios a dar-lhe
preferência quando vender a minha parte da sociedade (quotas ou ações) e pode ser
reciproco ou não. Este é um direito de preferência contratual – o que distingue é que
produzirá efeitos apenas entre os dois sócios. ; parassocial – celebrado à margem da
sociedade e sem que produza efeitos relativamente à sociedade.
Artigo 17.º - Acordos parassociais
1 - Os acordos parassociais celebrados entre todos ou entre alguns sócios pelos quais estes, nessa qualidade,
se obriguem a uma conduta não proibida por lei têm efeitos entre os intervenientes, mas com base neles não
podem ser impugnados actos da sociedade ou dos sócios para com a sociedade.
2 - Os acordos referidos no número anterior podem respeitar ao exercício do direito de voto, mas não à
conduta de intervenientes ou de outras pessoas no exercício de funções de administração ou de fiscalização.
3 - São nulos os acordos pelos quais um sócio se obriga a votar:
Analise do nº2
Também temos a matéria do voto (nº2 e exceções do nº3). Posso combinar um voto com os
restantes sócios mas no nº3 encontramos exceções a essa questão.
Relativamente à assembleia geral, onde os sócios votam, pode-se estabelecer um acordo
quanto ao sentido do voto.
Análise do nº3
Exceções ao princípio da licitude (nº3)
O voto do socio estaria sempre condicionado ás instruções de um outro órgão, deixaria de
existir a repartição das competências entre os órgãos. Isto se for um acordo que vise a
repartição de competências que esteja sempre condicionada. Se for pontual, deve ser
admitida porque não cabe aqui – ex. o conselho fiscal entende que o orçamento para o
próximo ano deve ser aprovado, e sugere a alguns acionistas que votem em sentido
favorável. Se isto for pontual, será que o acordo é nulo? Justifica-se? Não. (sublinhar na
norma o “sempre”)
Venda dos votos da alinea c) – o socio poderia estar aqui a vender o seu voto
//
Casos de imputação – uma obrigação que seria uma obrigação do socio se imputa à
sociedade.
Casos de responsabilidade – casos relativos à responsabilidade por dividas, em que
o socio pode vir a ter de responder pela divida da sociedade.
(abrir o artigo 5.º e 6.º do CSC)
Artigo 5.º - Personalidade
As sociedades gozam de personalidade jurídica e existem como tais a partir da data do registo definitivo do
contrato pelo qual se constituem, sem prejuízo do disposto quanto à constituição de sociedades por fusão, cisão
ou transformação de outras.
Garantias – nº3
Qual o risco de a sociedade prestar uma garantia à divida do filho do socio? A sociedade
perde património. Estas garantias, como se associam a um risco para a sociedade de perda
de património, vai estar fora da medida da capacidade.
Garantias tanto reais como pessoais serão nulas, mas com duas exceções: “salvo se existir
justificado interesse próprio (dependência económica com terceiro cuja divida se vai
garantir) da sociedade garante ou se se tratar de sociedade em relação de domínio ou de
grupo (sociedade que detém outra, ou o capital social de outra – 488.º - neste casos
continua a haver uma certa dependência económica entre si, e é possível que se alguma
das sociedades precisar de uma garantia para contrair um empréstimo a sociedade se torne
garante).”
Objeto nº4
1 - Os actos praticados pelos gerentes, em nome da sociedade e dentro dos poderes que a lei lhes confere,
vinculam-na para com terceiros, não obstante as limitações constantes do contrato social ou resultantes de
deliberações dos sócios.
2 - A sociedade pode, no entanto, opor a terceiros as limitações de poderes resultantes do seu objecto social,
se provar que o terceiro sabia ou não podia ignorar, tendo em conta as circunstâncias que o acto praticado não
respeitava essa cláusula e se, entretanto, a sociedade o não assumiu, por deliberação expressa ou tácita dos
sócios.
3 - O conhecimento referido no número anterior não pode ser provado apenas pela publicidade dada ao
contrato de sociedade.
4 - Os gerentes vinculam a sociedade, em actos escritos, apondo a sua assinatura com indicação dessa
qualidade.
5 - As notificações ou declarações de um gerente cujo destinatário seja a sociedade devem ser dirigidas a
outro gerente, ou, se não houver outro gerente, ao órgão de fiscalização, ou, não o havendo, a qualquer sócio.
A sociedade está vinculada – proteção dos credores, com exceção do nº2! Eventualmente a
sociedade pode conseguir demonstrar que o terceiro conhecia a limitação do contrato.
Internamente, que consequências vão poder ter quem agiu fora do objeto?
Houve a violação de um dever (segunda parte do artigo 6.º nº4). O que isto determina? Em
princípio terão sido os gerentes e os administradores, então internamente coloca-se o
problema que poderemos resolver de duas formas:
1. Destituição do gerente ou do administrador, e é sempre possível com justa causa. Artigo
257.º no caso das sociedades por quotas e justa causa no nº6 do mesmo artigo. 403.º nº4
destituição de administradores.
2. Se houver danos, a sociedade responsabilizar o gerente ou administrador – sempre que
houver responsabilidade de gerentes ou administradores a norma aplicável é o artigo 72.º.
Há aqui uma violação do contrato, do contrato de sociedade, e há um dano da sociedade.
Num caso prático, temos de perceber em função deste esquema circular onde o ato se
insere!
27 de abril
Participação social – conceito e modalidades
O que significa eu ser socia de uma sociedade? É ter na relaçao com a sociedade direitos e
obrigações. Muitas vezes o socio é simultaneamente gerente, fiador da sociedade, credor
da sociedade, e quando falamos da participação social estamos a dizer que o socio tem
deveres e obrigações, mas meramente nessa posição de sócio. Quanto às modalidades,
falámos das quotas e das ações, e o que distingue as quotas e das ações é que no
momento da constituição da sociedade o socio da sociedade por quotas tem uma quota
apenas e essa pode ser dividida – 219.º nº1 e conjuga-se com o 221.º. A quota é única e
divisível.
Relativamente às ações, elas têm todas o mesmo valor – 276.º nº4 e nº6.º - e não podem
ser divididas.
Este nosso socio pode ser socio originário, fundador, ou seja, adquire originariamente a
participação social, ou pode ser uma aquisição derivada.
21.º nº1 alinea b) – grande parte desta matéria está regulada na parte geral a partir do
artigo 53.º.
Modalidades – princípio de numerus clausus de formas de deliberação (artigo 53.º), assim:
1. Os sócios são convocados a uma Assembleia Geral e é nesse contexto que eles
deliberam – assembleias gerais convocadas. Esta é a mais comum e relevante na
prática. Há 3 questões procedimentais:
1. Regra de competência – quem é que faz a convocatória, quem é que
envia, quem é que assina. Há nulidade das decisões que tenham sido
tomadas se a convocatória não for assinada por quem devia.
2. Antecedência mínima/prazo com que é necessário enviar a convocatória
relativamente à data da reunião.
3. Qual é o meio que a convocatória deve seguir.
o Relativamente às sociedades por quotas – 248.º nº3
o Relativamente às sociedades anonimas – 377.º. o nº3 é uma alternativa
em que se exige uma carta registada ou um correio eletrónico com recibo
de leitura. Em função do tipo de convocatória vão ser estabelecidos
prazos diferentes segundo o nº4. As sociedades têm vantagens em
encurtar este prazo, pensando por ex. num assunto urgente.
Para o conteúdo da convocatória é aplicado no 377.º o nº5 e o nº8
(conjugam-se, fazer a remissão). Este é aplicável a todos os tipos de
sociedade. (248.º nº1 prevê uma norma de remissão- vamos buscar o
conteúdo ao 377.º nº5 e nº8).
2. Art. 54.º - estabelece 2 modalidades de deliberação que são as assembleias
universais – esta tem de ser conjugada com as assembleias gerais convocadas.
Estas são assembleias que ou não foram convocadas ou mal convocadas então
dependem da presença de todos os sócios e que todos estejam de acordo com a
tomada de uma determinada decisão. A mesma coisa quando existe um vicio na
convocatória. Ex. das sociedades anonimas e ter de ser convocada com mínimo de
15 dias. A assembleia universal permite a reunião espontânea dos sócios e, em
segundo lugar, permite sanar os vícios da convocatória. A presença de todos
permite sanar aquele vicio. Tendencialmente acontecerá em sociedades pequenas,
e principalmente sociedades por quotas.
3. E as deliberações unanimes. – Deliberações unanimes por escrito – se o assunto
que os sócios querem deliberar for muito simples, e neste sentido não implica a
presença dos sócios ou grande discussão, é possível que os sócios evitem a
presença de todos numa assembleia tomem a deliberação por escrito. É feita uma
ata em que todos assinam e todos assinam no mesmo sentido, daí ser unanime. É
praticamente impossível numa sociedade grande.
4. Por fim temos uma última que está prevista nas sociedades por quotas e só a estas
se aplica, que são as deliberações tomadas por voto escrito – artigo 247.º. Estas
não são unanimes. A professora chama-lhe o sistema das cartas. É enviada uma
carta a todos os sócios, uma primeira carta, onde se pergunta se os sócios aceitam
se uma determinada deliberação pode ser tomada por escrito. Eles respondem, ou
não respondem, e se respondem dizem se sim ou não. A sociedade, depois, em
função da maioria que obtiver no primeiro momento, manda numa segunda carta a
proposta de deliberação, por exemplo a nomeação de um x gerente. Depois manda
outra carta com as funções do tal gerente e os sócios respondam se concordam ou
não. É possível que se tomem estas deliberações por escrito sem ser preciso
unanimidade, é apenas necessária uma maioria.
Participação plena – é permitido ao socio discutir os assuntos e depois participar e votar. No
fundo o voto é a última consagração do direito a participar nas deliberações. Voltando ao
artigo 21.º nº1 alinea b), vemos que a participação nas assembleias não é sempre uma
participação plena! Há determinados casos em que há participação limitada o socio pode
sempre participar na discussão, mas em determinados casos vai ficar impedido de votar.
São casos essencialmente em que o socio se encontra num conflito de interesses com a
sociedade, por exemplo, a minha própria exclusão da sociedade. Estes casos em que os
interesses são conflituantes o legislador impede o socio de votar. Os impedimentos vêm no
artigo 251.º e são casos de participação limitada como já vimos. Este artigo conjuga-se
(muita atençao a isto) com o artigo 248.º nº5. O que acontece nestas situações em que é
necessário destituir um gerente por exemplo? Há um conflito pessoal entre os sócios então
a primeira ideia é impedir o socio até de entrar no espaço, mas isto não é possível, tem de
ser sempre permitida a participação, só não vota. Este artigo 251.º tem algumas hipóteses
definidas de conflito de interesses, começando por uma clausula geral.
Será que há impedimentos de voto nas sociedades unipessoais por quotas? Não.
O equivalente para as sociedades anonimas é o artigo 384.º nº6 – tem uma estrutura
diferente – este artigo é taxativo – se numa sociedade anonima se verificar uma hipótese de
impedimento de voto pode-se aplicar por analogia o 251.º? há autores que entendem que
sim.
Imaginemos que quero vender a minha quota numa sociedade por quotas a um terceiro,
não sendo outro socio, meu descendente ou cônjuge. O que é que eu preciso de ter
previamente a esta cessão? Ela é livre/não é? Posso vender a um estranho e o que é que
preciso de obter, sendo eu socia maioritária? Preciso de ter o consentimento. Este
consentimento é dado pela sociedade e a manifestação de vontade da sociedade é dada
pelos sócios, mas pelos sócios em assembleia geral, em princípio. ; artigo 246.º verificar
se estas matérias que estão em causa são da competência dos sócios. A norma do nº1 é
imperativa! O nº2 é supletivo, podendo ser matérias delegadas noutro órgão. ; eu ficarei
impedida de votar nesta deliberação, sendo que estou a pensar no meu interesse? 251.º - o
legislador achou que não, entendeu que não há conflito de interesses e então o socio
poderá influenciar de forma decisiva esta deliberação.
Representação
Sobretudo nas sociedades pequenas que estão reguladas. Quanto às sociedades por
quotas está regulada no artigo 249.º - quem me pode representar e qual o meio para eu
comunicar ao presidente da mesa esta representação? Quem pode fazer essa
representação vem no nº5 e aforma como é feita virá no nº3 e no nº4. Quem posso mandar
em meu nome? O cônjuge, descendente ou ascendente ou outro socio (a mesma regra do
228.º nº2) ou o contrato de sociedade permita expressamente outros representantes. Como
agilizamos isto? Esta representação pode ser feita sempre através de procuração (262.º do
código civil) mas é valido este meio apenas para o ano civil respetivo. Na hipótese de a
representação ser apenas necessária para uma deliberação, pode ser enviada uma carta ao
presidente da mesa ou um email – nº4. O equivalente nas sociedades anonimas é o artigo
380.º e é muito mais aberto.
A inexistência é o vicio mais grave, e que seria o caso de, por exemplo, uma ata tivesse
referência a uma assembleia, mas essa referência fosse falsa, a assembleia não se realizou
e a ata existe como se ela se tivesse realizado. Pode ser difícil provar, mas não carece de
declaração judicial então aquela ata vale zero.
Quanto a vícios previstos pelo legislador temos os 3 enumerados acima.
Ineficácia artigo 55.º (remeter para o 24.º nº5 relativo aos direitos especiais). coloca-se a
questão de como é que se pode validamente alterar uma clausula que consagra um direito
especial – é necessário o consentimento daquele socio afetado sob pena de ineficácia
absoluta. Vendo o artigo 55.º, a ineficácia absoluta distingue-se da ineficácia relativa que
está no artigo 86.º nº2 (este já é relativo às obrigações e não aos direitos). Há hipóteses
então de ineficácia relativa, parcial, do 86.º nº2, e ineficácia absoluta, do artigo 55.º.
a) Tomadas em assembleia geral não convocada, salvo se todos os sócios tiverem estado presentes ou
representados; - vicio de procedimento (assembleia universal do 54.º) – remissão para o nº2
b) Tomadas mediante voto escrito sem que todos os sócios com direito de voto tenham sido convidados a
exercer esse direito, a não ser que todos eles tenham dado por escrito o seu voto; - vicio de procedimento (247.º
remissão)
c) Cujo conteúdo não esteja, por natureza, sujeito a deliberação dos sócios; - vicio de conteúdo (não há
matérias que estejam por natureza sujeitos a deliberação, mas sim por lei, assim esta alinea não se aplica na
prática)
d) Cujo conteúdo, diretamente ou por actos de outros órgãos que determine ou permita, seja ofensivo dos
bons costumes ou de preceitos legais que não possam ser derrogados, nem sequer por vontade unânime dos
sócios. – vicio de conteúdo (cabe aqui a deliberação na parte dos preceitos legais a deliberação sobre garantias a
uma associação)
2 - Não se consideram convocadas as assembleias cujo aviso convocatório seja assinado por quem não
tenha essa competência, aquelas de cujo aviso convocatório não constem o dia, hora e local da reunião e as que
reúnam em dia, hora ou local diversos dos constantes do aviso.
3 - A nulidade de uma deliberação nos casos previstos nas alíneas a) e b) do n.º 1 não pode ser invocada
quando os sócios ausentes e não representados ou não participantes na deliberação por escrito tiverem
posteriormente dado por escrito o seu assentimento à deliberação.
a) Violem disposições quer da lei, quando ao caso não caiba a nulidade, nos termos do artigo 56.º,
quer do contrato de sociedade;
b) Sejam apropriadas para satisfazer o propósito de um dos sócios de conseguir, através do exercício
do direito de voto, vantagens especiais para si ou para terceiros, em prejuízo da sociedade ou de outros sócios
ou simplesmente de prejudicar aquela ou estes, a menos que se prove que as deliberações teriam sido
tomadas mesmo sem os votos abusivos;
c) Não tenham sido precedidas do fornecimento ao sócio de elementos mínimos de informação.
2 - Quando as estipulações contratuais se limitarem a reproduzir preceitos legais, são estes considerados
diretamente violados, para os efeitos deste artigo e do artigo 56.º
3 - Os sócios que tenham formado maioria em deliberação abrangida pela alínea b) do n.º 1 respondem
solidariamente para com a sociedade ou para com os outros sócios pelos prejuízos causados.
4 - Consideram-se, para efeitos deste artigo, elementos mínimos de informação:
Temos sempre que vir verificar se a deliberação cabe no artigo 56.º. se não couber no 56.º
o vicio vai caber na anulabilidade!
58.º nº1 alinea a) “a) Violem disposições quer da lei, quando ao caso não caiba a
nulidade, nos termos do artigo 56.º, quer do contrato de sociedade;” – aqui temos uma
norma residual relativamente ao 56.º tanto para vícios de procedimento como para vícios de
conteúdo. Ex. a convocatória é enviada com 13 ou 14 dias de antecedência, caberia no
56.º? não, então não cabendo cabe necessariamente no 58.º nº1 a). Se a deliberação é
anulável, a legitimidade parra a impugnar em tribunal é mais estreita e só pode ser feita
num prazo de 30 dias. No caso da anulabilidade qualquer socio ou gerente pode impugnar a
deliberação e em todo o tempo.
11 de maio
Anulabilidade
Prevista no artigo 58.º.
A) É anulável quando viole uma disposição da lei que não tenha cabido na nulidade ou
quando viole uma disposição do contrato.
B) Deliberações abusivas: tem três requisitos: o exercício de voto beneficia o socio e
prejudica a sociedade – pressuposto objetivo; o propósito de conseguir as vantagens
especiais - pressuposto subjetivo; prova de resistência, em que descontamos os votos
abusivos e contamos os restantes votos e percebemos se conseguimos aprovar ou não e
passando a prova de resistência e anulável.
C): violação do direito de informação - remissão para o nº4 do artigo 58.º.
Direito à informação
Consagrado no artigo 21º alínea c)
Os sócios controlam o órgão de administração (para além da gerência), mas temos sócios
que são meros investidores que mantêm contacto com a administração através da
informação.
Este direito tem 3 dimensões:
Nas sociedades por quotas, o direito à informação é mais restrito do que nas sociedades
por quotas, até porque na sociedade anónima já existe um órgão de fiscalização.
No artigo 214º, relativo às sociedades por quotas, temos, no nº1, as duas primeiras
dimensões quanto ao direito à informação:
“1 - Os gerentes devem prestar a qualquer sócio que o requeira informação verdadeira,
completa e elucidativa sobre a gestão da sociedade, e bem assim facultar-lhe na sede
social a consulta da respetiva escrituração, livros e documentos. A informação será dada
por escrito, se assim for solicitado.”
1º parte: direito à informação em sentido restrito.
2º parte: direito de consulta.
O contrato pode regulamentar o exercício do direito à informação, nos termos do nº2 do
artigo 214º:
“2 - O direito à informação pode ser regulamentado no contrato de sociedade, contanto que
não seja impedido o seu exercício efetivo ou injustificadamente limitado o seu
âmbito; designadamente, não pode ser excluído esse direito quando, para o seu exercício,
for invocada suspeita de práticas suscetíveis de fazerem incorrer o seu autor em
responsabilidade, nos termos da lei, ou quando a consulta tiver por fim julgar da exatidão
dos documentos de prestação de contas ou habilitar o sócio a votar em assembleia geral já
convocada.”
O artigo 215º apresenta os fundamentos para uma eventual recusa ao direito de
informação: remissão para o artigo 214.º nº6
“1 - Salvo disposição diversa do contrato de sociedade, lícita nos termos do artigo 214.º, n.º
2, a informação, a consulta ou a inspeção só podem ser recusadas pelos gerentes quando
for de recear que o sócio as utilize para fins estranhos à sociedade e com prejuízo desta e,
bem assim, quando a prestação ocasionar violação de segredo imposto por lei no interesse
de terceiros.
2 - Em caso de recusa de informação ou de prestação de informação presumivelmente
falsa, incompleta ou não elucidativa, pode o sócio interessado provocar deliberação dos
sócios para que a informação lhe seja prestada ou seja corrigida.”
Nos casos do artigo 216º é uma consequência da recusa.
18 de maio
A participação social – terminar desta matéria
Direito à informação
Em sentido estrito
Direito de consulta
Direito de inspeção
Ser sócio é ter direitos e obrigações em relaçao à sociedade. Vimos para já os direitos, que
se abrirmos o artigo 21.º na alinea d) o direito a participar, o direito à informação na alinea
c), a alinea a), etc.
Hoje falaremos das obrigações dos sócios, a outra face da mesma moeda.
Começaremos na parte geral no artigo 20.º alinea d), que fala das perdas, e trataremos do
lucro e das perdas em conjunto mais à frente.
Questão das entradas há 3 tipos, que na pratica só existem entradas de capital (dinheiro
ou espécie) mas há uma questão nova que é a do incumprimento. A entrada é a obrigação
principal do socio (20.º alinea a)).
Em que hipóteses é que há incumprimento?
Obrigações eventuais
Prestações acessórias
Prestações suplementares
Suprimentos
Suprimentos
Contrato de “empréstimo” parecido com o mútuo do direito civil. aqui também há lugar à
restituição. Há depois também a possibilidade de a sociedade celebrar mesmo contratos de
mútuo.
Os suprimentos, pelo contrário das prestações suplementares, são muito mais flexíveis.
Vem previsto no artigo 243.º ainda no contexto das sociedades por quotas. Se um acionista
quiser emprestar dinheiro à sociedade, podemos vir a este regime e aplicá-lo por analogia.
Há alguns autores que introduzem aqui algumas restrições, mas na prática não há porque
recusar.
Em que se distingue o suprimento do mútuo civil?
243.º nº1 do CSC– definição ; “permanência”
1142.º /1143.º do código civil – contrato de mútuo – definição
Analisando os dois artigos, o que carateriza o suprimento é o caráter das partes. O primeiro
indício então é o carater/qualidade das partes como socio e sociedade. A segunda
caraterística, que vem no nº6 do 243.º é que há liberdade de forma, ao contrário do mútuo.
A terceira caraterística é o caráter de permanência, que vem no nº2 definido – tem a ver
com o caso de restituição. No contrato de suprimento a restituição presume-se que tem de
ser feita num período de reembolso superior a 1 ano.
Esta negociação caso a caso é mais vantajosa por não estar vinculado como nas
prestações suplementares, e aqui pode haver lugar ao pagamento de juros.
25 de maio
A participação social
Transmissão
Amortização
Exoneração de sócios
Exclusão de sócios
1ª hipótese – artigo 225.º nº1 das sociedades por quotas – é possível que o contrato
estabeleça que naquela sociedade, ocorrendo o falecimento de um socio, a quota
não se transmite aos herdeiros, ficando sem titular.
2ª hipótese – o socio quer vender a quota a um terceiro, para a qual tem de ser
consentimento. Este pode ser recusado. Aqui temos a hipótese de recusa do
consentimento do artigo 231.º. quando o socio diz que quer vender a quota o que diz
é que quer sair da sociedade, e isto tem de ser possível.
3ª hipótese – o socio, em alguns casos, tem direito à exoneração, ou seja, por sua
iniciativa, pode desvincular-se da sociedade, e tem de se dar um destino àquela
quota. Um caso é o do 229.º nº1 e legislador dá ao socio o direito á exoneração ao
fim de 10 anos.
4ª hipótese – o socio é por algum motivo excluído da sociedade. Por exemplo, não
cumpre a obrigação da entrada, não cumpre a prestação suplementar,
comportamento desleal, apropria-se do dinheiro da sociedade, etc.
Todas estas hipóteses podem-nos levar a uma aquisição da quota por um socio, ou um
terceiro, ou, o que talvez seja uma hipótese nova, a aquisição da quota pela própria
sociedade! Esta é uma hipótese cujo regime é muito comum em sociedades
financeiramente muito solidas, ficam com aquele ativo, chamado quota própria – artigo
220.º. a outra hipótese é a da amortização, extinguir a quota (pergunta relevante em oral) e
faz-se reduzindo o capital social em proporção.
Que destino damos às quotas?
Aquisição de quotas próprias – artigo 220.º. qual é o problema de aquisição de quotas
próprias? É que a sociedade está a pagar ao socio uma contrapartida pela sua quota, e em
contrapartida não entra nenhum património na sociedade, e então há risco de desproteção
dos credores. Este regime tem, por isso, requisitos muito apertados:
1. Nº1 – pelo menos como regime mínimo de proteção dos credores a entrada
já tem de ter sido realizada
2. Nº2 – 3 hipóteses em que a sociedade pode adquirir as quotas: 1. a titulo
gratuito (se o socio aceitar), 2. Ou em ação executiva movida contra o socio
(ideia de que a quota não seja vendida a um terceiro) e, por fim, 3. se
dispuser de reservas livres em montante não inferior ao dobro do contravalor
a prestar (tem de ter uma margem de segurança porque fora destes casos
não se justifica à sociedade adquirir quotas próprias pela razão da
desproteção dos credores).
Nº3 – a infração destas normas determina a invalidade da deliberação.
240.º nº8: A propósito das cláusulas do contrato o contrato pode adicionar clausulas de
exoneração ou de exclusão. O socio não pode sair da sociedade sem fundamento, e as
clausulas que o permitam serão nulas, não sendo fundamento a vontade arbitrária. Os
contratos começaram a prever clausulas duvidosas, por exemplo, “existência de motivo
grave”. Tem-se, no entanto, considerado uma clausula aceitável, em termos de exoneração.
Se fosse em matéria de exclusão seria aceitável? Não. Têm de ser motivos concretos!
Aquilo que seria aceitável em matéria de exoneração não são em matéria de exclusão.
Socio que se apropria de bens da sociedade – nestes casos, a exclusão deve ser feita pela
via judicial porque é no artigo 248.º que se prevê a exclusão com fundamento em
comportamento desleal.
Hipótese interessante e comum – ex. temos dois sócios, no caso da exclusão, excluído o
socio fica impedido de votar (recordar o 251.º nº1 alinea d), será que deixamos a exclusão
nas mãos do outro socio, sendo que são só 2? Não parece razoável. O que se tem feito é,
pela via da aplicação analógica do artigo 257.º nº5, relativa á destituição de gerentes, neste
caso a exclusão também depende de decisão judicial, não pode ser decidida por um apenas
e em Assembleia Geral sendo que eles são apenas dois.
1 de junho de 2022
Exame 15.07.2020Ficheiro
GRUPO II
Em 4 de dezembro de 2018, cinco amigos constituíram a sociedade Lavandarias Verde Água, S.A., com um
capital social de € 250 000, para exploração de lavandarias self service no centro do Porto. Adotaram uma
estrutura organizatória tradicional e designaram como administrador único Manuel.
Constam do pacto social as seguintes cláusulas: “os acionistas ficam impedidos de transmitir as ações a
terceiros” e “os acionistas podem inspecionar os estabelecimentos da sociedade, sempre que entendam
conveniente”.
Pouco tempo depois, o administrador único decidiu prestar, em nome da sociedade, uma garantia à Quick
Cleaning, Lda., que apenas poderia continuar a colaborar com a primeira se obtivesse crédito bancário.
António, Eduardo, Sara e Rafaela constituem a sociedade “Saúde Norte, S.A.”, com sede no apartado 999 e um
capital social de € 150 000, para comercialização de material hospitalar na zona Norte. Estabelecem que a
sociedade tem um administrador executivo único e um fiscal único. A entrada de António corresponde a um
imóvel situado no Porto, avaliado em € 100 000 e a entrada de Sara ao seu know how na área da saúde. Nada
é dito quanto à natureza nominativa das ações.
O contrato seria nulo logo pela primeira linha – numero mínimo de sócios é 5, e tínhamos 4
aqui – 273.º
Firma denominação – 275.º
Sede – apartado é valida? Não. Artigo 12.º nº2 – nulidade total ou parcial do contrato?
Onde diz que a consulta de documentos se faz na sede da sociedade? 288.º nº1 (SA)
Manifestações da relevância da sede para além da consulta – realização das assembleias
gerais
Estrutura organizatória germânico (278.º nº1 b)) – é possível? 424.º nº2
Entrada do António – entrada em espécie – tem de ser descrita e avaliada (9.º nº1 h) e 28.º)
277.º nº1 – entrada de sara em industria – não é permitido
Natureza nominativa das ações – o contrato devia dizer? há 5 anos que não há ações ao
portador, então só há ações nominativas. Continua a ser um elemento obrigatório do
contrato? 272.º alinea d) – não faz sentido hoje, mas ainda diz na lei. não há consequências
para a falta desta menção obrigatória.
Quanto à forma do contrato – devia ser por escritura publica ou dpa por causa da entrada
com o imóvel – 7.º nº1 – temos contrato? Não temos contrato pois não há a forma
legalmente exigida.
Não tendo contrato, isto vai condicionar tudo o resto
Qual o regime aplicável àquela divida? 20 mil euros em material hospitalar – 36.º nº2 e
997.º cc – não podemos partir de um contrato de sociedade que existe e não é valido e
aplicar o artigo 40.º! o que se passa aqui é, não havendo contrato, pois não tem a forma
valida, então não houve celebração.
Quem responde, então, pela divida? 997.º cc – responde em primeira linha a sociedade, e
os sócios , não distinguindo o legislador, respondem todos ilimitadamente
“Rafaela comprometeu-se a dar preferência a António na venda das suas ações. No
entanto, viria mais tarde a vender uma parte das ações ao seu amigo Pedro, a quem a
sociedade não reconhece a qualidade de sócio.”
Este acordo parassocial é valido? (17.º)
Quanto à forma é valido? Sim – 219.º cc há liberdade de forma
A sociedade está vinculada por este acordo? Não – 17.º nº1
Tem lugar a responsabilidade civil contratual.
Vai haver uma aula prática sexta-feira na sala 204.º da 13:30 às 15:30h