SELENOMETIONINA
SELENOMETIONINA
SELENOMETIONINA
Essencial para o
funcionamento
adequado do organismo
O QUE É?
O selênio (Se) é um dos minerais essenciais para o funcionamento adequado do organismo, encontrado em resíduos de
selenocisteína ou selenometionina em proteínas distintas, chamadas de selenoproteínas. A maioria destas proteínas atua
como antioxidante através de sua atividade enzimática em reações de oxirredução, protegendo o organismo contra os danos
por estresse oxidativo, enquanto outras estão envolvidas em diversos processos metabólicos, como a síntese de hormônios
tireoidianos. Embora em grandes quantidades o selênio possa ser tóxico ao organismo, a deficiência deste mineral, por sua vez,
interfere em inúmeros processos fisiológicos e tem sido associada ao desenvolvimento de infecções, neoplasias e tireoidite de
Hashimoto.1
O selênio pode ser encontrado em todas as células e tecidos do organismo e sua concentração é proporcional à ingestão através
da dieta, estando presente em diversos alimentos, como as oleaginosas (principalmente castanha do Pará), cereais, salmão,
ovos e carne bovina. Pode ser encontrado em suas formas inorgânicas (selenato ou selenito de sódio), embora suas formas
orgânicas (selenometionina e selenocisteína) sejam as mais abundantes. Já está bem estabelecido que as formas orgânicas
apresentam maior biodisponibilidade e menor toxicidade em relação às inorgânicas, visto que são rapidamente incorporadas,
armazenadas e transportadas em proteínas (selenoproteínas). O selênio inorgânico, por sua vez, é absorvido mais lentamente,
permanece livre no plasma e pode ser facilmente excretado do organismo através da urina. De maneira semelhante, as formas
orgânicas são mais estáveis que as formas queladas de selênio, cujas ligações iônicas são suscetíveis à degradação pelo pH
estomacal e à ação de enzimas digestivas, liberando o mineral em sua forma inorgânica. Dessa forma, a selenometionina é
uma das formas mais adequadas de suplementação de selênio, apresentando potencial terapêutico em condições clínicas
relacionadas à deficiência deste mineral.2,3
FIGURA 1 – Estrutura química da metionina (Met) e selenometionina (SeMet). A Met é um aminoácido essencial, ou seja, não é sintetizado pelo
organismo humano embora seja necessário para o seu funcionamento adequado. A SeMet difere da Met pela substituição de um átomo de
enxofre (S) por um átomo de selênio (Se). Adaptado de www.selleckchem.com, 2020.
QUAL É O MECANISMO DE AÇÃO?
O selênio participa de diversos processos metabólicos, nos quais desempenha funções variadas. Dentre estas, destacam-se
a ação antioxidante, a conversão do hormônio tiroxina (T4) a triiodotironina (T3) e a melhora do funcionamento do sistema
imunológico. A suplementação com selenometionina tem sido associada à proteção de estruturas celulares da ação deletéria de
espécies reativas e xenobióticos, que podem promover alterações estruturais e funcionais em ácidos nucléicos, cromossomos,
telômeros e mitocôndrias. Tem sido demonstrado que mais de um terço das selenoproteínas humanas são capazes de neutralizar
espécies reativas e reduzir o dano por estresse oxidativo em todo o organismo.
As selenoproteínas da família das enzimas glutationa peroxidase (GSH-Px) apresentam tanto efeito antioxidante direto quanto
indireta ao reduzir a formação de espécies reativas através de suas propriedades anti-inflamatórias. Algumas GSH-Px (como
PHGPxe GPx-4) inibem a ativação do fator nuclear kappa B (NF-kB) pela interleucina-1, reduzindo a biossíntese de prostaglandinas
e leucotrienos, assim como a expressão de enzimas cicloxigenases (COX-2). Adicionalmente, outras GSH-Px (incluindo GI-GPx e
GPx2GI-GPx) aumentam a atividade do fator Nrf2 (fator nuclear eritroide 2-relacionado ao fator 2), um dos principais envolvidos
na transcrição de genes que codificam enzimas antioxidantes.3
As selenoproteínas também exercem papel importante na função tireoidiana. Enquanto as enzimas GSH-Px catalisam a
degradação de peróxidos gerados pelo metabolismo das células foliculares e protegem a glândula tiróide de danos oxidativos, as
enzimas iodotironinas desiodinases (DIOs) são selenoproteínas cruciais para a síntese e metabolismo de hormônios tireoidianos.
As DIO1 e DIO2 catalisam a conversão de T4 a T3 através de uma reação de 5-desiodação, ao passo que a DIO3 inativa estes
hormônios através da remoção do átomo de iodo do anel interno e formação de metabólitos inativos.4
Trabalhos na literatura também demonstram que diversas selenoproteínas parecem regular negativamente o desenvolvimento, a
progressão e a metástase de tumores. Os mecanismos quimiopreventivos e/ou antineoplásicos do selênio estariam relacionados
à proteção e estabilidade do material genético, proliferação celular e morte celular necrótica relacionados ao adequado
funcionamento do sistema imunológico. Compostos contendo selênio são capazes de inibir a sinalização via proteína quinase C
(PKC) envolvida na progressão de certos tipos de tumores, assim como de estimular a proteína P53, um ativador da transcrição
de genes que regulam o ciclo celular, reparo do material genético e apoptose, atuando como um fator de supressão tumoral.
Além disso, os metabólitos de compostos contendo selênio reduzem a fosforilação de proteínas quinase ativadas por mitógeno
(MAPK1/2) e inibem efetivamente a síntese de enzimas mieloperoxidases (MMP-2) e do fator de crescimento do endotélio
vascular (VEGF), contribuindo para a inibição da angiogênese e aporte de nutrientes para as células tumorais.2,3,5,6
FIGURA 2 – Principais mecanismos de ação envolvidos com a suplementação de selenometionina (SeMet). Dentre os efeitos biológicos atribuídos ao
selênio (Se) e à SeMet destacam-se as ações antioxidante e anticarcinogênica, a conversão do hormônio tiroxina (T4) a triiodotironina (T3) na glândula
tireoide e a melhora do funcionamento do sistema imunológico, processos mediados pela atividade de selenoproteínas.
Adaptado de www.smart.servier.com, 2020.
EVIDÊNCIAS NA LITERATURA
TIREOIDITE AUTOIMUNE
A tireoidite de Hashimoto é uma condição autoimune e inflamatória crônica, caracterizada pela infiltração de linfócitos na glându-
la tireoide e produção de auto-anticorpos contra proteínas encontradas nas células foliculares desta glândula, como a peroxidase
tireoidiana (TPO) e a tireoglobulina (Tg). É uma das causas mais comum de bócio (aumento do volume da glândula tireoide) e
hipotireoidismo (redução drástica nos níveis dos hormônios T4 e T3), resultando na alteração de funções metabólicas em todo
o organismo. Diversos fatores genéticos e ambientais (incluindo a deficiência de selênio) contribuem para o desenvolvimento da
tireoidite autoimune de Hashimoto, que se manifesta clinicamente através de uma série de sinais e sintomas, incluindo cansaço,
sonolência, câimbras, diminuição da frequência cardíaca, ganho de peso, constipação, queda de cabelo e enfraquecimento das
unhas, entre outros.7
O tratamento da tireoidite autoimune de Hashimoto consiste principalmente na administração diária de levotiroxina (T4 de
origem sintética) por via oral, de forma contínua. Entretanto, esta abordagem terapêutica atenua apenas a manifestação dos
sintomas, mas não interfere com a patogênese ou limita a progressão da doença. Nesse contexto, a suplementação com selênio
e selenometiona tem sido apontada como uma ferramenta interessante no tratamento complementar da tireoidite autoimune de
Hashimoto, uma vez que reduz os níveis de anticorpos anti-TOP e anti-Tg, conferindo proteção à glândula tireoide. Um estudo
clínico realizado com 60 pacientes diagnosticados com tireoidite autoimune de Hashimoto (56 mulheres e 9 homens, com idade
entre 22 a 61 anos) e tratados com levotiroxina sintética avaliou o efeito da suplementação diária com 200 microgramas (mcg)
de selenometionina, por via oral, durante 6 meses. Em comparação ao grupo placebo, os indivíduos que receberam a inter-
venção com selenometionina em associação à levotiroxina apresentaram uma redução de 55% dos níveis séricos de anticorpo
anti-TPO, demonstrado um efeito benéfico no tratamento da tireoidite autoimune de Hashimoto. De maneira semelhante, um
estudo randomizado, duplo-cego e controlado por placebo realizado com 71 crianças e adolescentes com idade entre 4,5 e 17,8
anos demonstrou que a suplementação diária com 200 mcg de selenometioina, por via oral, ao longo de 6 meses, promoveu
uma redução significativa de anticorpos anti-Tg. Adicionalmente, foi demonstrado em um grupo de 80 mulheres que a suple-
mentação com 200 mcg de SeMet por via oral, por um período de 12 meses, resultou em uma redução mais robusta dos níveis
de anticorpo anti-TPO. Por fim, a suplementação com SeMet também tem se mostrado benéfica em pacientes com função da
glândula tireoide normal, mas que apresentem redução dos níveis séricos de hormônios tireoidianos.8–15
CÂNCER DE PRÓSTATA
As propriedades anticarcinogênicas do selênio têm sido evidenciadas através de diversos estudos pré-clínicos e clínicos, que
demonstram uma relação inversa entre os níveis séricos deste micronutriente e a incidência e mortalidade de determinados
tipos de câncer, como o câncer de próstata. Um estudo randomizado realizado com 66 homens (idade entre 36 e 75 anos)
diagnosticados com câncer de próstata demonstrou que após a intervenção por via oral com 200 mcg/dia de selenometionina
durante 14 a 31 dias foi observado uma maior concentração de selênio neste órgão, sugerindo que existe um direcionamento
deste mineral traço para o tecido afetado na tentativa de impedir a progressão da doença. Outro estudo duplo-cego, randomi-
zado e controlado por placebo acompanhou 423 homens com lesões pré-malignas e avaliou o impacto da suplementação com
selenometionina na evolução destas lesões. Foi observado que a suplementação com 200 mcg de selenometionina ao dia, por
pelo menos 3 anos, reduziu de maneira significativa a evolução para o câncer de próstata. Corroborando estes achados, outros
estudos prospectivos observacionais ou ensaios clínicos controlados e randomizados demonstraram que a suplementação com
200 mcg de selenometionina reduz a incidência de câncer de próstata.2,16,17
A intervenção com selenometionina pode melhorar a diferenciação, proliferação e funcionamento das células efetoras do siste-
ma imune (como leucócitos e células NK), aumentar a expressão de moléculas de sinalização celular (como IFN γ) relacionadas à
atividade antimicrobiana e neutralizar as espécies reativas e o estresse oxidativo no curso do processo inflamatório. Daí a impor-
tância do papel antioxidante do selênio e de selenoproteínas na prevenção e controle doenças de cunho inflamatório, incluindo
doenças inflamatórias intestinais e hepáticas e desenvolvimento de certos tipos de câncer. 18-21
SUGESTÃO POSOLÓGICA:
USO ORAL: 25 a 200 mcg ao dia
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