02.04.20 Adm Indireta

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Unidade 4 – Serviço Público e Função Pública

E��ru�ur� �� A�mini��r���o
P��lic� Br��il�ir�

Podemos então, a partir do Decreto n. 200/67 (e suas atualizações),


estudar a estrutura da Administração Pública brasileira, tanto no plano
Federal quanto nos Estados e municípios.

Administração Direta

Conforme o inciso I do artigo 4º, do Decreto-Lei n. 200/67, a


Administração Direta Federal se constitui dos serviços integrados na
estrutura administrativa da presidência da República e dos ministérios.
Para os demais entes da federação, entende Medauar (2005),
Administração Direta é o conjunto dos órgãos integrados na estrutura
da chefia do Executivo (Gabinete do Governador e do Prefeito
Municipal) e na estrutura dos órgãos auxiliares (Secretaria de Estado
e Secretaria Municipal).
A estrutura básica da Administração Direta Federal está
consolidada nos artigos 76, 84, inciso II, e 87, parágrafo único, inciso
I, todos da Constituição Federal, e regulada na Lei n. 10.683, de 28
de maio de 2003, que se ocupa notadamente da organização da
presidência e dos ministérios (com as modificações introduzidas pela
Lei n. 10.869, de 13 de maio de 2004, e posteriormente pelas Leis
n. 11.036, de 22 de dezembro de 2004, e n. 11.204, de 5 de dezembro
de 2005).

Módulo 4 93
Direito Administrativo

Organograma CGU

MINISTRO DE ESTADO
Conselho de Transparência Comissão de Comissão de
DO CONTROLE Coordenação de Coordenação de
Pública e Combate
à Corrupção (CTPCC) E DA TRANSPARÊNCIA Controle Interno Correição
(CCCI) (CCC)

Gabinete Secretaria-Execuva Assessoria Jurídica


(GMCGU) (SE) (ASJUR)

Assessoria de Assessoria para Gabinete


Comunicação Social Assuntos Internacionais (SE / GAB)
(ASCOM) (AINT)

Diretoria de Diretoria de Sistemas Diretoria de


Desenvolvimento Gestão Interna (DGI)
e Informação (DSI)
Institucional (DEIN)

Secretaria Federal de Ouvidoria-Geral Corregedoria-Geral Secretaria de Prevenção da


Controle Interno da União (OGU) da União (CRG) Corrupção e Informações
(SFC)
Estratégicas (SPCI)

Controladorias-Regionais
da União nos Estados

Quadro 2: Organograma da Controladoria-Geral da União, órgão vinculado ao


Gabinete da Presidência da República
Fonte: Brasil (2010)

Aprofundando um pouco acerca do desempenho dessa


atividade centralizada, Carvalho Filho (2006) orienta que há certas
funções que, por sua relevância, encontram disposição específica no
texto constitucional, como o artigo 37, XXII, da Constituição Federal,
com a redação da Emenda Constitucional n. 42/03, que considerou
as administrações tributárias dos entes federativos como atividades
essenciais ao funcionamento do Estado, devendo ser exercidas por
servidores de carreira.
Já Gasparini (2005) destaca que é denominado de
desconcentração a distribuição interna de competências e serviços
pela administração centralizada. E alerta ainda que não podemos
confundir esta com a descentralização, que para ele é identificada
quando a prestação de serviços públicos é atribuída a uma interposta
pessoa jurídica, esta privada, pública ou governamental, que o executa
e explora, como se verá no item seguinte, sobre Administração Indireta.

94 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 4 – Serviço Público e Função Pública

No âmbito da União, a direção superior da Administração


Federal é exercida pelo presidente da República, com o auxílio de seus
ministros (artigo 84, II, da Constituição Federal), de seu assessoramento
imediato (Assessoria Especial e Advocacia-Geral da União) e dos órgãos
consultivos (Conselho da República e Conselho de Defesa Nacional).
Quanto aos Estados, como consequência direta do regime
federativo, o artigo 25 da Constituição Federal remete às Constituições
Estaduais a organização de sua respectiva estrutura básica e as leis
que adotarem.
Os Estados-membros da Federação Brasileira demandam esquema
similar ao da Administração Federal: no Executivo o governador e seus
auxiliares, os secretários de Estado. De modo geral, as Constituições
Estaduais estabelecem as normas fundamentais para relegar à legislação
infraconstitucional a regulamentação das especificidades de constituição
e funcionamento de sua estrutura.
O Distrito Federal, onde se situa Brasília, é ente federativo que
sedia a Capital do Brasil e, de acordo com as diretrizes impostas pelo
artigo 32 da Constituição Federal, é regido por Lei Orgânica votada
pela Assembleia Legislativa Distrital. O Poder Executivo é exercido
pelo governador, e os seus auxiliares diretos são os secretários.
O Distrito Federal não poderá ser dividido em municípios e a ele
são conferidas as competências legislativas reservadas aos Estados e
municípios.
A Administração Municipal também é dotada de autonomia,
conforme o artigo 29 da Constituição Federal. O chefe do Poder
Executivo Municipal, o prefeito, submete-se aos preceitos organizativos
inscritos na Constituição Estadual e em sua respectiva Lei Orgânica.

Administração Indireta

A Administração Indireta é o conjunto de pessoas administrativas


que, vinculadas à respectiva Administração Direta, têm o objetivo de
desempenhar as atividades administrativas de forma descentralizada.

Módulo 4 95
Direito Administrativo

As pessoas jurídicas que integram a Administração Indireta guardam,


entre si, três pontos em comum:

f a criação por lei específica e no caso das estatais por


autorização legislativa, nos termos do inciso XIX do
artigo 37 da CF/88;
f a personalidade jurídica; e
f o patrimônio próprio.
Na acepção empregada na Constituição Federal, a expressão
“Administração Indireta” é percebida em seu sentido subjetivo, ou
seja, para designar o conjunto de pessoas jurídicas, de direito público
ou privado, criadas por lei para desempenhar atividades assumidas
pelo Estado, seja como serviço público, seja a título de intervenção
no domínio econômico.
Neste ponto, Meirelles (1990) destaca que essas pessoas
jurídicas executam os serviços públicos de forma indireta a partir
dos poderes a elas concedidos pelo Estado. Di Pietro (2006), por
sua vez, sublinha que só existe descentralização quando o Poder
Público transfere um serviço que lhe é próprio a outra entidade com
personalidade jurídica.
Para que se configure essa forma de prestação de serviço público,
devem estar presentes as seguintes características:

f que a atividade seja serviço público; e


f que a transferência recaia sobre a titularidade e a
execução da atividade ou somente sobre a execução.
Em cada esfera de governo (federal, estadual, distrital e
municipal), podem ser encontradas entidades públicas
(autarquias e fundações públicas), governamentais
(sociedades de economia mista, empresas públicas
e fundações privadas) e privadas (empresas
mercantis e industriais), atuando como autorizatárias,
permissionárias e concessionárias de serviços públicos.

De acordo com o artigo 4º, inciso II, do Decreto-Lei n. 200/67,


a Administração Indireta compreende as seguintes entidades:

96 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 4 – Serviço Público e Função Pública

f autarquias, como as Universidades federais brasileiras;


f empresas públicas, como a Caixa Econômica Federal;

v
f sociedades de economia mista, como a Petrobras; e
f fundações públicas, como a Fundação Nacional de
Saúde.
As fundações públicas
O parágrafo único da Lei n. 7596, de 10 de abril de 1987, foram incluídas no elenco
estabelece que as entidades que compõem a Administração Indireta da administração indireta
vinculam-se ao Ministério em cuja área de competência estiver por meio da Lei
n. 7.596, de 10 de março
enquadrada sua principal atividade, o que pode se repetir em nível
de 1987.
estadual e municipal em relação aos seus auxiliares diretos.
Na acepção do artigo 19, do Decreto-Lei n. 200/67, este vínculo
ou controle administrativo sobre a entidade da Administração Indireta
é denominado de supervisão ministerial.
Essas entidades estão também sujeitas ao controle parlamentar,
conforme o artigo 49, inciso X, da Constituição Federal, e à fiscalização
financeira, contábil, orçamentária e patrimonial exercida pelos Tribunais
de Contas, de acordo com os artigos 70 e 71, da Carta Federal.
Pela dicção* do artigo 37, inciso XIX, somente por lei específica
*Dicção – modo de dizer,
poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de empresa
no que tange à escolha
pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à e à combinação e dispo-
Lei Complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação. sição das palavras, com
O aludido inciso XIX do artigo 37 também assinala que cabe vistas à correção, clareza
e eficácia do texto; estilo,
à Lei Complementar a definição das áreas de atuação da empresa
linguagem. Fonte: Houaiss
pública, sociedade de economia mista e fundação, cuja instituição foi (2009).
permitida por lei específica.
Em mesma linha, o inciso XX do artigo 37 da Constituição Federal
determina que depende de autorização legislativa, em cada caso, a criação
de subsidiárias das entidades mencionadas no inciso anterior, assim como
a participação de qualquer delas em empresa privada.
No entanto, a Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 1649-1,
julgada em 2006 no Supremo Tribunal Federal, obliquamente limita
a aplicabilidade do referido dispositivo constitucional ao firmar o
entendimento de que é dispensável a autorização legislativa para a
criação de empresas subsidiárias, desde que haja previsão para esse

Módulo 4 97
Direito Administrativo

fim na própria lei que instituiu a empresa de economia mista matriz,


tendo em vista que a lei criadora é a própria medida autorizadora.
(BRASIL, 2004)
Por fim, a todas as entidades da Administração Indireta da
Federação, a despeito de sua natureza jurídica, são aplicados os
princípios constitucionais inscritos no caput do artigo 37.
A par do que já fora antes firmado, os dispositivos da Lei
n. 8.429/92 são aplicáveis aos dirigentes, servidores e empregados
que trabalham nos entes da Administração Indireta. Neste mister, o
Superior Tribunal de Justiça, julgando em 2006 o Recurso Especial
n. 470.329 – DF (2002/0121448-6), assentou que o dirigente de empresa
pública ou sociedade de economia mista (pessoas qualificadas de
Direito Privado), ainda quando sejam elas meramente exploradoras de
atividade econômica, também pode ser enquadrado como “autoridade”
no que concerne a atos expedidos para cumprimentos de normas de
Direito Público.

Autarquia

v
Foram os doutrinadores italianos Guido Zanobini e Renato
Alessi (apud DI PIETRO, 2006) que desenvolveram o conceito de
autarquia como entidade da Administração Indireta (descentralização
administrativa por serviço), que exerce serviço determinado, com as
Este termo foi usado pela mesmas características e os mesmos efeitos da atividade administrativa
primeira vez pelo italiano do Estado.
Santi Romano, em 1897.
Para Romano (apud MEDAUAR, 2005, p. 77), a autarquia
“[...] é uma forma específica de capacidade de direito público ou,
mais concretamente, a capacidade de administrar por si seus próprios
interesses, embora estes se refiram também ao Estado”.
No Brasil, o primeiro conceito legal de autarquia foi dado pelo
Decreto-Lei n. 6.016, de 22 de novembro de 1943, e atualmente o
conceito legal consta do artigo 5º, inciso I, Decreto Lei n. 200, de
1967, assim expresso:

98 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 4 – Serviço Público e Função Pública

O serviço autônomo criado por lei, com personalidade


jurídica de direito público, patrimônio e receitas próprias,
para executar atividades típicas da administração pública,
que requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão
administrativa e financeira descentralizada.

As autarquias são dotadas de personalidade jurídica própria,


portanto são sujeitos de direitos e encargos, no mundo jurídico, a par
do que dispõe o artigo 41, inciso IV, do Código Civil. A personalidade
da autarquia, por ser de direito público, nasce com a vigência da lei
que a instituiu, sem a necessidade de registro. De outro lado, sendo de
direito público, está submetida ao regime jurídico de direito público,
sobretudo quanto à realização de concurso público precedente às
contratações de pessoal, à proibição de acumulação de cargos públicos
e à obrigatoriedade de licitação.
Quanto aos impostos, vigora, também, para as autarquias
a admitida pelo artigo 150, VI, a, da Constituição Federal, mas
circunscritos aos bens, às rendas e aos serviços vinculados às suas
finalidades essenciais ou dela decorrentes, ex vi*, parágrafo 2º do
*Ex vi – termo jurídico,
mesmo artigo.
por efeito de, por força
Outro ponto a se considerar a respeito das autarquias é o atinente de. Fonte: Houaiss (2009).
aos seus procedimentos financeiros, que estão sujeitos, no dizer de
Mello (2006), às normas prescritas pela Lei n. 4.320/64 (Lei Geral
da Contabilidade), impositiva para todas as unidades da federação,
e pela Lei Complementar n. 101/00 (Lei de Responsabilidade Fiscal).
Como exemplos atuais de autarquias, podemos citar o Instituto
Nacional de Seguridade Social (INSS), o Banco Central e as universidades
públicas federais, com exceção da Universidade de Brasília (UnB), que
adotou o regime fundacional.

Autarquias Especiais

Algumas leis, ao instituírem uma entidade autárquica, têm feito


uso da denominação autarquia de regime especial, inexistindo
diploma legal que defina genericamente o que seja esse regime especial.

Módulo 4 99
Direito Administrativo

São exemplos de autarquias especiais: o Instituto Brasileiro


do Meio Ambiente (IBAMA), as agências reguladoras, como as de
energia elétrica (ANEEL) e de telecomunicações (ANATEL) ou ainda
universidades, como a de São Paulo (USP) ou de Campinas (Unicamp).

Agências Reguladoras

No direito brasileiro, Di Pietro (2006) destaca que existem, há


muito, entidades com a função reguladora e fiscalizadora, voltadas
à produção e ao comércio. Temos como exemplo o Comissariado
do Café (1918), o Instituto de Defesa Permanente do Café (1923), o
Instituto do Açúcar e do Álcool (1933), o Instituto Nacional do Mate
(1938), o Instituto Nacional do Pinho (1941) e ainda o Banco Central
(BC), o Conselho Monetário Nacional (CMN) e a Comissão de Valores
Mobiliários (CVM).
Mas a partir de 1997 vêm sendo instituídos por lei, com esses
poderes, os entes designados de agências reguladoras, no contexto do
Plano Nacional de Desestatização (PND). Por força do artigo 21, inciso
XI, e do artigo 177, parágrafo 2º, inciso III, ambos da Constituição
Federal, essas agências reguladoras foram criadas sob a forma de
autarquias. Para entender melhor, observe a síntese destacada no
Quadro 3, a seguir:

100 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 4 – Serviço Público e Função Pública

Mini���rio A��nci� r��ul��or� L��i�l���o �á�ic�


MMe Agência Nacional de Energia Elétrica Lei n. 9.427, de 26 dez. 96
(AnEEL)
MMe Agência Nacional do Petróleo (ANP) Lei n. 9.478, de 6 ago. 97
MC Agência Nacional de Telecomunicações Lei n. 9.472, de 16 jul. 97
(AnATEL)
MS Agência Nacional de Vigilância Sanitária Lei n. 9.782, de 26 jan. 99
(AnVISA)
MS Agência Nacional de Saúde Suplementar Lei n. 9.961, de 28 jan. 00
(AnS)
MMa Agência Nacional de Águas (AnA) Lei n. 9.984, de 17 jul. 00
MT Agência Nacional de Transportes Aquavi- Lei n. 10.233, de 5 jun. 01
ários (AnTAQMT)
MT Agência Nacional de Transportes Terres- Lei n. 10.233, de 5 jun. 01
tres (AnTT)
MinC Agência Nacional do Cinema (AnCINE) MP n. 2.228, de 6 set. 01
Md Agência Nacional de Aviação Civil (AnAC) Lei n. 11.182, de 27 set. 05

Quadro 3: Agências reguladoras no atual arranjo institucional brasileiro


Fonte: Adaptado de Brasil (2003)

A gestão de recursos humanos das Agências Reguladoras tem


suas diretrizes fixadas na Lei n. 9.986, de 18 de julho de 2000, que
teve a sua eficácia suspensa por força da medida na ADI 2.310-1. A Lei
n. 10.871, de 20 de maio de 2004, alterou a referida Lei, sujeitando
os servidores das Agências Reguladoras ao regime estatutário – Lei
n. 8.112/90.

Agências Executivas

Atualmente, os doutrinadores têm se ocupado com a pauta


de novos institutos jurídicos, como as Agências Reguladoras, antes
comentadas, e as Agências Executivas, concepções estas ligadas ao
processo de desoneração das funções estatais, decorrentes do já aludido
Plano Nacional de Desestatização.
Quanto às agências executivas, este nomen juris* emergiu
*Nomen Juris – termo
da edição da Lei n. 9.649, de 27 de maio de 1998, que se ocupou da
jurídico, qualificação legal
organização da presidência da República e dos ministérios, e tratou da de algo. Fonte: Houaiss
matéria nos artigos 51 e 52. Gasparini (2005, p. 328), com fundamento (2009).
nessa lei, conceitua a agência executiva como:

Módulo 4 101
Direito Administrativo

[...] a autarquia ou a fundação governamental, assim


qualificada por ato do Executivo, responsável pela execu-
ção de certo serviço público, livre de alguns controles e
dotada de maiores privilégios que as assim não qualifi-
cadas, desde que celebre com a Administração Pública a
que se vincula um contrato de gestão.

Exemplos dessas Agências Executivas são o Instituto Nacional


de Metrologia, Normatização e Qualidade Industrial (INMETRO), a
Agência Brasileira de Inteligência, a Agência de Desenvolvimento do
Nordeste (ADENE, antes SUDENE) e a Agência de Desenvolvimento
da Amazônia (ADA, antiga SUDAM).

Fundações

De acordo com Di Pietro (2006, p. 416), as fundações instituídas


pelo Poder Público caracterizam:

[...] o patrimônio, total ou parcialmente público, dotado


de personalidade jurídica, de direito público ou privado,
e destinado por lei, ao desempenho de atividades do
Estado na ordem social, com capacidade de autoadmi-
nistração e mediante controle da Administração Pública,
nos limites da lei.

A partir dessa definição, temos algumas, consideradas principais,


características a serem lembradas. A saber:

f dotação patrimonial, pública, semipública ou


semiprivada;
f personalidade jurídica, pública ou privada, atribuída por
lei;
f desempenho de atividade atribuída ao Estado no
âmbito social, atinente à saúde, à educação, à cultura,
ao meio ambiente, à assistência social e a tantas outras;

102 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 4 – Serviço Público e Função Pública

f capacidade de autoadministração;
f sujeição ao controle administrativo ou tutela por parte
da Administração Direta;
f todas as fundações governamentais, ainda que não
integrando a Administração Pública, submetem-se ao
regime do direito público, sobretudo no que concerne
à Lei n. 8.666/93, às normas de Direito Financeiro,
previstas pelos artigos 52, VII, 169 e 165, parágrafos 5º
e 9º, da Constituição Federal; e
f é igualmente aplicável às Fundações a imunidade tributária
de que trata o artigo 150, parágrafo 2º, da Constituição
Federal.

De resto, assinala Mello (2006), o Decreto n. 200, com as


alterações produzidas pela Lei n. 7.596, de 10 de abril de 1987, já
mencionava que tais pessoas adquirem personalidade jurídica com
a inscrição da escritura pública de sua constituição no Registro Civil
das Pessoas Jurídicas, afastando expressamente a aplicabilidade das
demais disposições do Código Civil ao regime das fundações.
Alguns exemplos de fundação pública na esfera federal são a
Fundação Instituto de Planejamento Econômico e Social (IPEA), a
Fundação Nacional do Índio (FUNAI) e a Fundação Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE), entre outros.

Empresa Pública e Sociedade de Economia


Mista

Com a expressão empresa estatal ou governamental,


Di Pietro (2006) intenta alcançar todas as entidades, civis ou comerciais,
de que o Estado tenha controle acionário, abrangendo a empresa
pública, a sociedade de economia mista e outras empresas que não
tenham essa natureza e às quais a Constituição faz referência, em
vários dispositivos, como categoria à parte (artigos 37, inciso XVII,
71, inciso II, 165, parágrafo 5º, II).

Módulo 4 103
Direito Administrativo

Contudo, os doutrinadores têm considerado que, embora figurem


em categorias jurídicas diferentes, as empresas públicas e as sociedades
de economia mista devem ser estudadas em conjunto, em razão de
suas características convergentes. O que nos permite delinear como
traços em comum dessas duas entidades as seguintes características
relacionadas a seguir:

f criação e extinção autorizadas por lei;


f personalidade jurídica de direito privado;
f sujeição ao controle estatal;
f derrogação parcial do regime de direito privado por
normas de direito público;
f vinculação aos fins definidos na lei instituidora; e
f desempenho de atividade de natureza econômica.
Para Mello (2006), o conceito de empresa pública não se
restringe à definição inscrita pelo artigo 5º, inciso II, do Decreto-Lei
n. 200/67, na medida em que se deve entender que empresa pública
federal é a pessoa jurídica criada por força de autorização legal como
instrumento de ação do Estado. É dotada de personalidade de Direito
Privado, mas submetida a certas regras especiais decorrentes de ser
coadjuvante da ação governamental, constituída sob quaisquer formas
admitidas em Direito e cujo capital seja formado unicamente por
recursos de pessoa de Direito Público Interno ou de pessoas de suas
Administrações Indiretas, com predominância acionária residente na
esfera federal.
Entre as empresas públicas federais, podemos citar: a Empresa
Brasileira de Correios e Telégrafos (EBCT) e a Empresa Brasileira de
Infraestrutura Aeroportuária (INFRAERO).
Já a sociedade de economia mista federal há de ser entendida
como a pessoa jurídica cuja criação é autorizada por lei, como um
instrumento de ação do Estado. É dotada de personalidade de Direito
Privado, mas submetida a certas regras especiais decorrentes desta sua
natureza auxiliar da atuação governamental, constituída sob a forma
de sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em

104 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 4 – Serviço Público e Função Pública

sua maioria à União ou à entidade de sua Administração Indireta,


sobre remanescente acionário de propriedade particular.
Entre as sociedades de economia mista na esfera federal, podem
ser mencionadas o Banco do Brasil e a Petrobras.

Alguma dúvida sobre o que apresentamos até aqui? Caso os


pontos ainda não estejam claros, releia o conteúdo e entre em
contato com o seu tutor. Na sequência, estudaremos sobre as
entidades que não integram a Administração Pública, mas que,
de alguma forma, relacionam-se com ela.

Módulo 4 105
Direito Administrativo

En�i����� P�r�������i�
(�m col��or���o)

Existem pessoas jurídicas outras que, embora não integrando a


Administração Indireta, cooperam com o governo, prestam serviço de
utilidade pública e se sujeitam ao controle direto ou indireto do Poder
Público. Medauar (2005) anota que é difícil classificar tais entes ou
conferir-lhes nome genérico, e que alguns autores, como Carvalho
Filho (2006), preferem o termo paraestatais, ao passo que outros usam
entes de cooperação, a exemplo de Meirelles (1990).

Ordens e Conselhos Profissionais

São as entidades encarregadas de administrar e fiscalizar as


profissões regulamentadas por lei federal, geridas pelos representantes
eleitos e, via de regra, estratificam-se em estrutura federal e estadual.
Tais organismos não integram a Administração Indireta e
nem se sujeitam à tutela ou supervisão ministerial, a exemplo do
que dispõe o artigo 44, parágrafo 1º do
Saiba mais Estatuto da OAB Estatuto da OAB.
Trata-se da Lei n. 8.906/94 que afirma em seu Título O STF, conforme se depreende do
II, capítulo I, que a OAB não mantém com órgãos da exame de mérito procedido do Mandado
Administração Pública qualquer vínculo funcional ou de Segurança n. 21.797-9, assentou, em
hierárquico. Fonte: Elaborado pelo autor deste livro. definitivo, pela natureza autárquica dos
conselhos de fiscalização profissional. No
âmbito do Tribunal de Contas da União, é pacífico o entendimento
segundo o qual os conselhos de fiscalização profissional, em razão de

106 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 4 – Serviço Público e Função Pública

sua natureza autárquica, estão obrigados a realizar concurso público


para preenchimento de seus cargos funcionais. Nesse sentido, cita-se
o Acórdão n. 1.841/2005.

Fundações de Apoio

As fundações de apoio devem ser denominadas, de forma mais


completa, de fundações de apoio a instituições federais de Ensino
Superior. Esses entes, dotados de personalidade jurídica privada,
regidos pelo Código Civil, têm o escopo declarado de colaborar com as
instituições oficiais de ensino e pesquisa. As fundações de apoio vêm se
formando de dois modos: por pessoas físicas (professores, pesquisadores
universitários, ex-alunos) ou pelas próprias instituições de Ensino Superior
(isoladamente ou em conjunto com pessoas físicas).
No âmbito federal, a Lei n. 8.958, de 20 de dezembro de 1994,

v
ordenou as relações entre as instituições federais de Ensino Superior e
de pesquisa científica e tecnológica e as fundações de apoio. Relações
estas que foram regulamentadas pelo Decreto Federal n. 5.205/04.
De acordo com a Lei n. 8.958/94, as fundações de apoio podem
ser contratadas por aquelas instituições federais e sujeitam-se: Conheça mais sobre este
decreto que regulamenta
f à fiscalização do Ministério Público, nos termos do a Lei n. 8.958/94, a qual
Código Civil e do Código de Processo Civil; dispõe sobre as relações
entre as instituições
f à legislação trabalhista; e
federais de Ensino
f ao prévio registro e credenciamento no Ministério da Superior e de pesquisa
Educação e no Ministério da Ciência e Tecnologia. (art. científica e tecnológica
e as fundações de apoio
2º, incisos I, II e III)
acessando <http://www.

São exemplos de fundações de apoio a Fundação Universitária planalto.gov.br/ccivil_03/_


ato2004-2006/2004/
para o Vestibular (Fuvest), a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas
decreto/d5205.htm>.
(FIPE) e a Fundação de Amparo à Pesquisa e Extensão Universitária Acesso em: 21 ago. 2015.
(FAPEU).

Módulo 4 107
Direito Administrativo

Serviços Sociais Autônomos

De acordo com Meirelles (1990, p. 335), os serviços sociais


autônomos são:

[...] todos aqueles instituídos por lei, com personalidade


jurídica privada, para ministrar assistência ou ensino a
certas categorias sociais ou grupos profissionais, sem fins
lucrativos, sendo mantidos por dotações orçamentárias
ou por contribuições parafiscais.

Exemplos desses serviços, que não integram a Administração


Indireta nem a Direta, são o Serviço Social da Indústria (SESI),
Serviço Social de Comércio (SESC), Serviço Social do Transporte
(SEST), Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), Serviço
Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC), Serviço Nacional de
Aprendizagem Rural (SENAR) e Serviço Nacional de Aprendizagem do
Transporte (SENAT). Todos eles têm as suas manutenções asseguradas
por meio das contribuições de empresas, arrecadadas e repassadas
pela Previdência Social. Essas entidades não prestam serviço público
delegado pelo Estado, mas atividade privada de interesse público,
referente a serviços não exclusivos do Estado, portanto “[...] a atuação
estatal é de fomento e não de prestação de serviço público.” (DI
PIETRO, 2006, p. 415)
Ao receberem recursos públicos, no entanto, essas entidades
estarão sujeitas ao controle do Tribunal de Contas (Acórdão n. 619,
de 2006), de acordo com o artigo 70 da Constituição Federal. E ainda
subsumidas à observância dos princípios da licitação – a exemplo do
que tem decidido aquela Corte de Contas da União –, à exigência
de processo seletivo, à prestação de contas e à equiparação de seus
empregados aos servidores públicos para fins criminais (artigo 327
do Código Penal) e para fins de improbidade administrativa (Lei
n. 8.429, de 2 de junho de 1992).

108 Bacharelado em Administração Pública

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