EI 2 - VYGOTSKY - Sociointeracionismo

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO
*  INFORMÁTICA EDUCATIVA – 2015.2
AULA – 27/01/2016
Tema: Teorias de aprendizagem
Temática objeto: Teoria psicológica sociocultural ou
Sociointeracionismo
Autor: VIGOTSKY, Lev Semenovitch
Professor: Max Augusto Franco Pereira
Supervisor: Henrique Nou Schneider
*  INFORMÁTICA EDUCATIVA
“NÓS NOS TORNAMOS NÓS MESMOS

ATRAVÉS DOS OUTROS”
LEV SEMENOVITCH VYGOTSKY
✪ 1896 - Orsha / Biellorússia

✚  1934 – Moscou/ Rússia
* INFORMÁTICA EDUCATIVA
POSTULAÇÃO INTERACIONISTA DE VYGOTSKY
GÊNESE
Substantivo feminino.
1 Formação dos seres desde uma origem; geração. 2 Por ext. Formação,
constituição. (AURÉLIO, 1988).
Do grego génesis (> lat. genésis): origem, criação, geração, do radical – gen – de
gignesthai: originar-se, provir.
PLANOS GENÉTICOS DE DESENVOLVIMENTO
Formado por 4 entradas históricas que, juntas, caracterizam e explicam o

desenvolvimento psicológico do ser humano.
ü  FILOGÊNESE: a história da espécie animal/humana.
ü  ONTOGÊNESE: a história do indivíduo da espécie.
ü  SOCIOGÊNESE: a história da cultura do meio onde o sujeito está

inserido.
ü  MICROGÊNESE: A história dos aspectos mais microscópicos do

desenvolvimento do indivíduo.
FILOGÊNESE
A história de uma espécie animal que define limites e possibilidades de
funcionamento psicológico – o que ela pode ou não fazer. Trata das
características do corpo da espécie que servirão de fundamento para o
desenvolvimento psicológico ao longo da vida. O humano tem uma
plasticidade cerebral flexível que permite adaptação constante.
ONTOGÊNESE
A história o desenvolvimento do ser, de cada um dos indivíduos das espécies
que se desenvolvem em ritmo próprio (caminho individual: nasce, cresce,
se reproduz...morre). É fortemente ligado à pertinência do ser à espécie,
que segue uma tendência natural característica do desenvolvimento de
cada espécie (de natureza biológica assim como a filogênese).

SOCIOGÊNESE
A história relacionada com as formas de desenvolvimento cultural que
interferem e definem o desenvolvimento psicológico de cada indivíduo. A
cultura funciona como um fator alargador das potencialidades humanas e como
fator enriquecedor, pois cada cultura organiza o desenvolvimento psicológico de
um jeito diferente, fazendo com que a passagem de cada fase do
desenvolvimento é lida e relida por cada cultura de forma diferente.
Ex. Puberdade é um conceito biológico e adolescência é cultural e diversificado.
A velhice é biológica, a terceira idade é cultural.
MICROGÊNESE
Diz respeito ao fato de que cada fenômeno psicológico, por mais simples que
seja, tem sua própria história, seu foco bem definido, entre dois instantes em
que o desenvolvimento psicológico acontece, um tempo se passou uma
transformação ocorreu. Ex. Como um menino aprende a amarrar o sapato é a
microgênese do aprender a amarrar sapato. Ela possibilita o aparecimento da
singularidade de cada pessoa e da heterogeneidade do ser humano (porta
aberta para o não determinismo).
TEORIA DA PSICOLOGIA SOCIOCULTURAL DE VYGOTSKY
MEDIAÇÃO SIMBÓLICA
Refere-se à ideia de intermediação, ter uma coisa interposta entre uma e

outra. A ideia da relação do homem com o mundo não é a de uma relação
direta, mas mediada através de instrumentos (ferramentas, dispositivos
intermediários da tecnologia) que fazem uma mediação entre a minha
ação concreta sobre o mundo e desta sobre o próprio mundo.
Os signos são formas posteriores de mediação que favorecem uma

mediação semiótica ou de natureza simbólica, fazendo uma interposição
entre o sujeito e o objeto do conhecimento.
A mediação semiótica são dimensões típicas do ser humano que lhe

permite transitar no tempo (passado, futuro, perceptual presente) e no
espaço (sala de aula, estádio de futebol, igreja) por meio dos mediadores
simbólicos entre o ser e o mundo (representações, abstrações, linguagem
inteligente, a matemática, a negação, a ausência, a hipótese).
MEDIAÇÃO SIMBÓLICA (exemplos e considerações)
Significa vivenciar representações do mundo que estão internalizadas no sistema

psicológico num plano simbólico que não são o mundo, mas representações do
mundo com as quais eu me relaciono. Mudar o relógio do pulso do braço esquerdo
para o direito para, simbolicamente (ação fora de mim no plano simbólico, de
representação), lembrar de um compromisso.
Uma mesa (representação simbólica) é um objeto material que eu identifico como

tal e me relaciono com ela como se deve relacionar com uma mesa e não como
um material qualquer. Não vou a uma igreja para jogar futebol de salão , porque
simbolicamente a igreja é um local de reflexões morais e de oração e não de jogar
bola, embora tenha espaço suficiente para tal.
Em termos educacionais é importante entender que, quando uma mãe orienta seu
filho para não por a mão no fogo porque vai se queimar e a criança obedece
(assimila, aprende), fica claro que grande parte do conhecimento e das
experiências que adquirimos não é própria e sim mediada pela experiência dos
outros. O ser humano não precisa viver todas as experiências já conhecidas
novamente (começar tudo do ponto zero). Isto é muito importante para o
desenvolvimento histórico.
PENSAMENTO E LINGUAGEM
Os signos são inventados de acordo com a representação simbólica da cultura

de onde o ser humano habita. O principal instrumento de formação simbólica é
a língua (a fala, o discurso e não as diversas formas de linguagem, expressões),
um sistema organizado, articulado e disposto por regras que só o homem tem.
FUNÇÕES BÁSICAS LINGUAGEM
ü  Comunicação: a língua como instrumento para resolver a necessidade de

comunicação entre as pessoas (intercâmbio social).
ü  Pensamento generalizante: a língua como instrumento de comunicação

interligada ao pensamento, para favorecer uma compreensão generalizada
do mundo, pois ao nomear alguma coisa o homem esta classificando-a numa
determinada categoria e distinguindo-a das demais. Uma simples palavra
(substantivo) já serve para classificar o mundo em duas grandes categorias:
aquilo que ela significa (representa) e o que não. Portanto, o ato de nomear
é um ato de classificar.
ü  Pensamento não é somente expresso em palavra, mas é por meio delas
que ele passa a existir.
ü  O homem não nasce com a linguagem, ele a adquire no meio em que
habita (de fora para dentro) como fala socializada na interface com o
outro.
ü  DISCURSO INTERIOR: É o ponto de chegada da língua, momento no qual

o homem incorpora o sistema simbólico no aparato psicológico,
capacitando-o a agir no plano simbólico com o suporte articulado da
língua. A partir daí o homem é capaz de pensar sozinho com o suporte
das palavras, com o pensar na língua falante (e até mesmo noutra
língua adquirida), com a possibilidade de trânsito no mundo do
simbólico que a língua oferece, dentro da sua mente.
ü  FALA EGOCÊNTRICA: ocorre no momento entre o aprender da língua que

vem de fora e o discurso interior, conforme foi identificado por Jean
Piaget.
ü  Para Piaget, existe a fala egocêntrica, mas ela é um indicador de que o
desenvolvimento está saindo de dentro para fora. Para Vygotsky, a
existência da fala egocêntrica indica que ela está sendo posta de fora
para dentro, pois a comunicação que estava entre as pessoas é
internalizada pelo sujeito que dela se apropria.
ü  Na fala egocêntrica, a criança explicita para si própria passos de

raciocínio, necessidades de soluções para resolver problemas... É mais
comum quando a criança está com dificuldade cognitiva, o que
evidencia que a linguagem é um instrumento do pensamento, a língua
como um suporte para resolver um problema
DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM
A aprendizagem (fenômeno de assimilação cognitiva do mundo exterior para o

interior) é algo extremamente importante para o rumo do desenvolvimento. É
porque o sujeito aprende que ele se desenvolve. A aprendizagem, portanto,
promove o desenvolvimento.
O caminho do desenvolvimento está sempre em aberto, porque a cultura é que vai

definir por onde o sujeito tomará rumo e a especificidade de cada sujeito vai definir
suas experiências de aprendizagem, através da sua interface com o mundo e de seus
procedimentos migrogenéticos. Então, é o fato de aprender que vai definir por onde
o desenvolvimento se dará.
A brincadeira de faz de conta (jogo de papeis) é importante para o aprendizado

exatamente por causa dessa relação entre desenvolvimento e aprendizagem (lugar
de desenvolvimento). Nessa situação, a criança está transitando pelo imaginário no
papel que ocupa na brincadeira, mas esta regida por regras de funcionamento
simbólico do mundo que ela representa (ex. Uma escola se estiver representando
uma professora), promovendo o desenvolvimento através da compreensão do
significado das coisas que ela representa no seu imaginário.
ZONA DE DESENVOLVIMENTO PROXIMAL OU POTENCIAL
O desenvolvimento deve ser visto de forma prospectiva e não retrospectiva,

focando aquilo que ainda não aconteceu, que ainda não foi consolidado,
que está em processo de aprendizado, pois é neste campo que deve
acontecer a intervenção pedagógica, educacional de qualquer tipo, bem
como é ali que o desenvolvimento está “efervescente” para investigação de
um estudioso da educação.
NÍVEL DE DESENVOLVIMENTO REAL: é o nível de desenvolvimento até onde a

criança já chegou (retrospectivo, consolidado).
NÍVEL DE DESENVOLVIMENTO POTENCIAL: é o nível de desenvolvimento que

a criança ainda não alcançou, mas está num horizonte próximo, porque o
aprendiz consegue se relacionar com o novo objeto do conhecimento não
autonomamente, mas com a ajuda e intervenção do colega mais experiente
ou do professor.
ZONA DE DESENVOLVIMENTO PROXIMAL OU POTENCIAL
Define as funções que ainda não amadureceram, mas que estão em

processo de maturação. São funções do desenvolvimento que estão em
estado embrionário.
É um conceito que tem um valor explicativo dentro da teoria mas não é um

conceito instrumental (indicador), porque a zona proximal dos sujeitos não
pode ser medida ou identificada objetivamente, por originar-se de um
conceito muito flexível e complexo (é observável mas não é justificado na
prática científica).
Para cada tópico do desenvolvimento, para cada microgênese de cada

aprendiz surge uma zona proximal em movimento (dinâmica), que não pode
ser medida de forma a distinguir a condição de cada um dos sujeitos num
grupo de sala de aula por ex.
INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA
A intervenção de outras pessoas no desenvolvimento de cada sujeito é um

aspecto central da teoria interacionista do Vygotsky.
O sujeito não é passivo em relação ao mundo. Ele tem uma ação muito ativa na
relação com o mundo através de informações, significados, modos de ser,
rumos de desenvolvimento, etc., onde ele também age como sujeito pleno que
retroage, dialoga, impõe significados, traz a sua subjetividade, a sua forma de
ver o mundo, a sua própria história na relação daquela condição de
aprendizagem que promoverá o desenvolvimento.
A influência do ambiente também não é absorvida de um ambiente passivo

(neutro), mas de um ambiente estruturado pela cultura, bem como recebe a
intervenção ativa das outras pessoas no rumo do desenvolvimento de cada
sujeito, que caracteriza a intervenção pedagógica essencial no rumo dos
desenvolvimento de cada sujeito, rumo este que o sujeito não percorre sem ter
experiências de aprendizagem decorrentes de intervenções deliberadas de
outras pessoas na vida dele.
INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA
Para Vygotsky, interferir intencionalmente na formação das crianças é

importantíssimo para a definição dos rumos de desenvolvimento das
mesmas, a ponto da criança depender da interferência para se desenvolver
nos rumos que a cultura de seu meio social entende que é a cultura
adequada para o seu desenvolvimento educacional.
Ex. Desenvolver-se numa sociedade que tem escola é diferente de

desenvolver-se numa sociedade que não possui escola. A sociedade
escolarizada é um locus extremamente importante para definição dos
rumos do desenvolvimento e a intervenção pedagógica é essencial na
definição dos rumos do desenvolvimento do aprendiz.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Ana Maria F.P.M. Teorias da aprendizagem para a prática pedagógica.

UNESP, 2005.
OLIVEIRA, Marta Kohl; HORTA, Regis. Lev Vygotsky. ATTA mídia e educação.
Disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=pZFu_ygccOo. Acesso em: 22
abr. 2014.
HILGARD, E. R. Teorias da aprendizagem. São Paulo: E.P.U. Editora Pedagógica e

Universitária. 1973.
SCHULTZ, Duane P.; SCHULTZ, Sydney E. História da psicologia moderna.

Tradução: Suely Murai Cuccio. São Paulo: Cengage Learning, 2009.
VYGOTSKY, L.S. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins Fontes Editora,

1987.
VYGOTSKY, L.S.; LURIA, A.R.; LEONTIEV, A.N. Linguagem, desenvolvimento e

aprendizagem. São Paulo: Ícone, 1988.

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* INFORMÁTICA EDUCATIVA – 2015.2

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ü Comunicação: a língua como instrumento para resolver a necessidade de

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ü DISCURSO INTERIOR: É o ponto de chegada da língua, momento no qual

ü FALA EGOCÊNTRICA: ocorre no momento entre o aprender da língua que

ü Na fala egocêntrica, a criança explicita para si própria passos de

A aprendizagem (fenômeno de assimilação cognitiva do mundo exterior para o

O caminho do desenvolvimento está sempre em aberto, porque a cultura é que vai

A brincadeira de faz de conta (jogo de papeis) é importante para o aprendizado

ZONA DE DESENVOLVIMENTO PROXIMAL OU POTENCIAL

O desenvolvimento deve ser visto de forma prospectiva e não retrospectiva,

NÍVEL DE DESENVOLVIMENTO REAL: é o nível de desenvolvimento até onde a

NÍVEL DE DESENVOLVIMENTO POTENCIAL: é o nível de desenvolvimento que

ZONA DE DESENVOLVIMENTO PROXIMAL OU POTENCIAL

Define as funções que ainda não amadureceram, mas que estão em

É um conceito que tem um valor explicativo dentro da teoria mas não é um

Para cada tópico do desenvolvimento, para cada microgênese de cada

A intervenção de outras pessoas no desenvolvimento de cada sujeito é um

A influência do ambiente também não é absorvida de um ambiente passivo

Para Vygotsky, interferir intencionalmente na formação das crianças é

Ex. Desenvolver-se numa sociedade que tem escola é diferente de

ALMEIDA, Ana Maria F.P.M. Teorias da aprendizagem para a prática pedagógica.

HILGARD, E. R. Teorias da aprendizagem. São Paulo: E.P.U. Editora Pedagógica e

SCHULTZ, Duane P.; SCHULTZ, Sydney E. História da psicologia moderna.

VYGOTSKY, L.S. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins Fontes Editora,

VYGOTSKY, L.S.; LURIA, A.R.; LEONTIEV, A.N. Linguagem, desenvolvimento e

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