Leitura e Escrita
Leitura e Escrita
Leitura e Escrita
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
CURSO DE GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA-LICENCIATURA
MODALIDADE A DISTÂNCIA.
Porto Alegre
2010.
Márcia Fabiane Menezes
Porto Alegre
2010.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
Reitor: Prof. Carlos Alexandre Netto
Vice-Reitor: Prof. Rui Vicente Oppermann
Pró-Reitor de Pós-Graduação: Prof. Aldo Bolten Lucion
Diretorda Faculdade de Educação: Prof. Johannes Doll
Coordenadoras do Curso de Graduação em Pedagogia –
Licenciatura na modalidade a distância/PEAD: Profas Rosane Aragón de
Nevado e Marie Jane Soares Carvalho
DEDICATÓRIA
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 12
6. REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 37
1. INTRODUÇÃO
o pensamento, mas ainda, não tem a noção de tamanho, forma, quantidades mais
complexas.
Período Operacional formal (12 anos em diante). Neste período a criança
começa entrar na fase mais abstrata, mas permanece na fase do egocentrismo,
onde tudo é voltado para ela. Então, como resultado da estruturação que acontece
progressivamente do estágio anterior, a criança atinge o raciocínio abstrato,
conseguindo ter em conta as hipóteses possíveis, sendo capaz de pensar
criticamente.
Segundo Marques, através de suas pesquisas, Inhelder, Bovet e Sinclair
(1977, p.263) procuram estabelecer relações entre desenvolvimento e
aprendizagem, afirmando que: “Aprender é proceder a uma síntese indefinidamente
renovada entre a continuidade e a novidade”. “A novidade trazida pela aprendizagem
e a continuidade garantida pelo desenvolvimento”. (BECKER, 2001a, p.25-6).
As leituras acerca do que é construtivismo, nos deixa bem clara a
necessidade da ação do sujeito humano, que segundo Piaget, “é um projeto a ser
construído” sobre o objeto que não tem existência prévia, pois eles se constituem
mutuamente através da interação. Então, o sujeito age sobre o objeto, assimilando-o
e essa ação transforma o objeto. E assim, o sujeito vai refazendo e reconstruindo
instrumentos com os quais fica mais fácil assimilar ou transformar objetos cada vez
mais complexos.
Também entendemos que o conhecimento não nasce com o individuo e nem
é dado pelo meio social. O conhecimento se constrói pelo sujeito na interação com o
meio físico e social. Existem alguns fatores que favorecem essa construção: se o
indivíduo é sadio, bem alimentado, sem deficiências neurológicas e as boas
condições do meio.
Então, Piaget, derruba a ideia de o que o conhecimento é dado seja na
bagagem hereditária, como defende o apriorismo, seja no meio, físico ou social
como nos mostra o empirismo. Cria-se então, a ideia de conhecimento-construção,
onde o mundo não pode ser entendido apenas como coordenação de operações
individuais.
Mas, para Piaget, a construção do conhecimento só acontece
significativamente, quando este modifica as estruturas do pensamento e a
consciência do sujeito que pela sua aprendizagem poderá atuar de maneira critica e
ativa na sociedade, levando em conta a sua contribuição e aprendizagem com o
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grupo.
Em sala de aula, a construção do conhecimento acontece através da
interação professor aluno, alunos entre si e com o objeto. Entendendo melhor os
estágios de desenvolvimento, o professor se torna mais hábil para oportunizar
atividades e intervir no processo de construção do conhecimento de maneira mais
adequada e por isso, o professor necessita estudar constantemente.
Após a reflexão sobre a aprendizagem, vamos abordar os métodos de
alfabetização Sintético e analítico, analisando alguns aspectos metodológicos
importantes na aprendizagem.
O método global se opõe em dois aspectos ao método sintético. Um que diz
respeito à maneira como o sentido é deixado de lado e outro que supunha que a
criança não reconheceria uma palavra sem antes reconhecer sua unidade mínima.
A principal característica que diferencia o método sintético do analítico é o
ponto de partida. Enquanto o primeiro parte do menor componente para o maior, o
segundo parte de um dado maior para unidades menores, aprender a ler e escrever,
partindo do todo, decompondo-o, mais tarde, em porções menores. Para ele, era
imprescindível ressaltar a importância que a criança tem de ler e não decifrar o que
está escrito, isso quer dizer que ela tem a necessidade de encontrar um significado
afetivo e efetivo nas palavras.
Segundo Becker, método analítico se decompõe em:
• Palavração: diz respeito ao estudo de palavras, sem decompô-las
imediatamente, em sílabas; assim, quando as crianças conhecem
determinadas palavras, é proposto que componham pequenos textos;
• Sentenciação: formam-se as orações de acordo com os interesses
dominantes da sala. Depois de exposta uma oração, essa vai ser
decomposta em palavras, depois em sílabas;
Conto: a ideia fundamental aqui é fazer com que a criança entenda que ler é
descobrir o que está escrito. Da mesma maneira que as modalidades anteriores,
pretendia-se decompor pequenas histórias em partes cada vez menores: orações,
expressões, palavras e sílabas.
Este método pode ser equiparado com esta analogia: quando se apresenta
um objeto à criança, não se começa a mostrar pedaços, apresenta-se o inteiro.
Assim deve ser a construção da leitura e da escrita: apresentação num todo.
A aquisição da linguagem é um processo dinâmico, ou seja, a criança será
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sempre estimulada a repetir os sons que absorve do ambiente. De acordo com este
pensamento, o significado não entraria na vida da criança antes que ela dominasse
a relação entre a letra e o som, a escrita serviria para representar graficamente a
fala.
Com relação à prática, os professores é que decidem como e quando as
crianças devem aprender, -se padrões regulares, considerados mais fáceis,
passando para os irregulares, considerados os mais difíceis. Supõe-se que a criança
deva dominar o modo correto, levando-se em consideração a variedade lingüística, a
criança deve ter pré-requisitos muito bem estabelecidos para ser considerada apta
para a língua escrita.
E, nesta perspectiva tradicional a aprendizagem está centrada na figura do
professor, o aluno é um elemento passivo, o conteúdo é privilegiado pela proposta
de ensino, a avaliação mede a capacidade de memorização dos alunos, seu
instrumento é a repetição por meio de exercícios, tende a preparar o aluno para o
vestibular.
Difundiu-se no séc. 18, com o Iluminismo e seu objetivo inicial era
universalizar o acesso ao conhecimento, foi ultrapassada nas décadas de 60 e 70,
por não permitir uma análise critica, porém ainda é comum nas escolas, as
instituições que assim trabalham defendem que o aluno só é capaz de tornar-se
critico de posse do conhecimento, esta linha tende a valorizar a disciplina.
Tradicionalmente, conforme uma perspectiva pedagógica, o problema da
aprendizagem da leitura e da escrita tem sido exposto como uma questão de
métodos. A preocupação dos educadores tem-se voltado para a busca do ‘melhor’
ou ‘mais eficaz’ deles, levantando-se, assim, uma polêmica em torno de dois tipos
fundamentais: métodos sintéticos, que partem de elementos menores que a palavra,
e métodos analíticos, que partem da palavra ou de unidades maiores.
Mas, temos também a teoria Construtivista que nasceu a partir das ideias de
Jean Piaget, no Brasil esta teoria teve sua chegada na década de 70, sendo
introduzida em escolas experimentais ou alternativas, hoje conta com muitos
adeptos. Esta proposta prioriza a aprendizagem do aluno como construção do
conhecimento a partir da relação com a realidade. O ponto de partida são os
conhecimentos vivenciados pelas crianças mesmo antes de chegar à escola, o
professor coordena as atividades, observa como cada aluno está se desenvolvendo
e propõe situações de aprendizagem significativas, o processo pelo qual o aluno
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desenvolver.
Segundo Paulo Freire, a leitura do mundo precede sempre a leitura da
palavra. Ou seja, a partir das experiências, vivências da criança com o meio em que
vive e interage desde os primeiros momentos de sua vida, o contato com os vários
objetos e a sua compreensão e também aprendizagens adquiridas pela convivência
com os familiares, amigos e vizinhos. Partido deste pressuposto podemos perceber
a importância de trabalharmos a partir da realidade da criança, iniciando, por
exemplo, os trabalhos num ambiente alfabetizador, mas com temas que fazem parte
do seu cotidiano, como “o eu”, nome, nome dos colegas, idade, a sua família e aos
poucos ampliando os conceitos que fazem parte de sua vida e dos quais já possui
algum conhecimento.
Conforme Paulo Freire, alfabetização é a criação ou a montagem da
expressão escrita da expressão oral”. Assim, através da leitura de mundo, buscava
as palavras do povo, que estavam carregadas de significados e depois estas
voltavam a eles, representando sua realidade através do que chamou de
codificações de situações concretas. “No fundo esse conjunto de representações de
situações concretas possibilitava aos grupos populares uma “leitura da leitura”
anterior do mundo, antes da leitura da palavra. O ato de ler implica na percepção
crítica, interpretação e “re-escrita” do lido.
localização no mundo", com fotos no bairro, mapa da cidade, estado país, América
do sul enfim, o mundo representado pelo globo terrestre.
Confeccionamos o livro "Minha Localização no Mundo em forma de mapa-
mundo, para isso, utilizamos mapas do município, estado, país, continente e planeta
terra, pesquisados no Google. Na primeira página colocamos uma foto individual e
os alunos elaboraram um texto de apresentação onde colocaram algumas
informações e dados pessoais e elaboraram a introdução do livro. Os alunos
anexaram na segunda página seguinte, o texto elaborado a partir do passeio pelo
bairro, que foi digitado. Então pesquisamos alguns dados sobre o município de Nova
Hartz na internet, mais adiante, no mapa do Brasil, localizamos o Rio Grande do Sul,
na América do Sul localizamos o Brasil e enfim, anexamos uma imagem do globo
terrestre e os alunos escreveram uma mensagem a partir das aprendizagens,
debates, reflexões, sobre a responsabilidade de cada um em relação à preservação
vida no planeta, percebendo o valor de pequenas atitudes no dia-a-dia.
Segundo Teberoski e Colomer o uso da informática, ainda não está acessível
à todas as escolas e famílias, no entanto, sabemos da importância desta máquina de
leitura e escrita para promover o desenvolvimento deste processo. Todavia, as
práticas de leitura e escrita junto ao computador nos afastam das mesmas atividades
realizadas em salas de aula convencionais, que ainda utilizam apenas suportes de
papel.
É claro que quem ousar romper com estas práticas bem convencionais, corre
o risco de ser duramente criticado, mas com certeza, deve ter segurança e tentar
convencer os colegas da importância e dos benefícios de utilizarmos estes recursos
também.
Como o trabalho de estágio foi desenvolvido numa turma de quarta série,
estamos ressaltando aspectos mais direcionados a esta faixa etária que já está
numa fase mais avançada de construção da leitura e da escrita.
Durante o meu estágio, realizamos parte das atividades de maneira
convencional utilizando recursos disponíveis na sala de aula, em função das
exigências da escola e outra parte utilizando os recursos da informática disponíveis.
Pensamos que as atividades informatizadas despertam o interesse dos alunos e
promovem uma interação maior deles entre si, com a professora e vice-versa, com o
objeto/tema de estudos e o processo de aprendizagem torna-se mais significativo.
Precisamos repensar alguns conceitos e práticas para alcançar o aluno e promover
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uma aprendizagem que esteja conectada com sua vida, suas necessidades e seus
interesses.
Essa distância ou diferença afeta a relação entre as atividades de produção
e as atividades de compreensão: Por exemplo, com uma máquina é
possível escrever, corrigir, consultar várias fontes, editar, imprimir e também
interagir conversando com a própria máquina ou com outros leitores.
(Teberoski e Colomer, 2003, pág 31)
tempo, mas cabe a nos professores e a escola ir aos poucos tentando mudar esta
mentalidade, afinal esta não é uma tarefa exclusiva da escola.
A partir das praticas de estágio que realizamos com esta turma de quarta
serie, aprendemos muito com os alunos, com as colegas, a supervisão e ate mesmo
com a direção e coordenação da escola.
Muitas vezes esbarramos em verdades absolutas que precisam ser revisadas,
reelaboradas, contextualizadas para contribuir através do nosso trabalho com a
construção de uma educação de qualidade e que esteja disposta a incluir os alunos
com algum déficit ou dificuldade de aprendizagem.
Em relação às dificuldades de aquisição da linguagem escrita de alguns
alunos, pensamos que em muitos casos são resultado de algumas práticas adotadas
pelo professor na etapa inicial do processo de alfabetização que não levam a
construção de aprendizagens, mas apenas a reprodução do que recebem pronto do
professor, sem precisar refletir ou ate mesmo interagir para a sua realização.
É necessário, recuperar no aluno a capacidade de ler, produzir textos como
uma proposta de escrita significativa, que evidencie a autoria do aluno, a expressão
de seus sentimentos, ideias e angústias frente ao mundo com o qual necessita estar
preparado para conviver.
Felizmente estamos diante desta possibilidade, cabe a nos professores
aproveitarmos ou não, precisamos fazer uma escolha e esta escolha que nos fara
deixar marcas pedagógicas positivas ou negativas na vida dos alunos com quem
trabalhamos.
Declaro que nos como professores, temos o importante papel nesse contexto
de aquisição e leitura nos anos iniciais, que são os pilares para os anos seguintes,
pois cabe a nos identificar as causas das dificuldades de aprendizagem e
reconhecer as alternativas de intervenções.
O aluno precisa aprender a ler num sentido mais amplo, o sentido de
interpretar, relacionar, deduzir, inferir e a expressar adequadamente as idéias por
escrito, como uma forma nova e complexa de linguagem que nos torna conscientes
e independentes das pessoas e responsabilidades, nos tornando verdadeiros
cidadãos do mundo em que estamos inseridos.
Ressaltamos elaboramos este trabalho pensando em todos aqueles que
educam: pais, professores e todas as pessoas que estão comprometidas com o
processo de ensino aprendizagem. É um trabalho que tem apenas o objetivo de nos
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fazer refletir sobre a nossa postura diante dos alunos, que muitas vezes, não
aprendem, ou no caso de minha prática de estagio, apresentam dificuldades ou não
gostam de ler e escrever, em função de vários fatores, dos quais já mencionei alguns
no decorrer do trabalho.
Por isso, ressaltamos mais uma vez, a necessidade de pararmos de
reproduzir apenas e começarmos a realizar interações que promovem construções
de aprendizagem, nos conectando sempre com os anseios, necessidades e
realidades dos nossos alunos.
Assim estar na escola e ler e escrever se tornará algo mais interessante e
prazeroso. Agradeço desde já, por todas as aprendizagens promovidas neste curso,
que ampliaram a minha consciência a nível pessoal, profissional e despertou em
mim o desejo de aprender cada vez mais para contribuir sempre mais. Afinal
precisamos estar em constante atualização, somos assim como nossos alunos,
sujeitos que interagem, se angustiam, se encantam, se transformam e se formam no
decorrer de toda a vida. Precisamos estar dispostos.
Que alegria ter diante de nos esta possibilidade, esta esperança, afinal
vivemos numa sociedade em que precismos lutar para não sermos excluídos.
Precisamos estar sempre preparados para isto.
Há uma relação entre a alegria necessária à atividade educativa e a
esperança. A esperança de que professor e alunos juntos podem aprender
ensinar, inquietar-nos produzir e igualmente resistirmos aos obstáculos a
nossa alegria. (Freire, 1996, pág. 72).
Quero ressaltar que é esta esperança que irá promover mudanças nos
conceitos e práticas educativas. Sabemos que os alunos convivem coma leitura e
escrita fora da escola, com maior ou menor intensidade, de alguma maneira sabem
de sua importância para a sua vida na sociedade, sabem que possuem alguns
conhecimentos sobre ela, mas também sabem que desconhecem muitos de seus
segredos. Esperam que na escola a professora os ensine a fazer uso da leitura e da
escrita que na verdade já usam no cotidiano, na vida.
É na esperança de trazer ainda mais a vida dos alunos para o contexto
escolar que eu encerro esta etapa deste trabalho, pois as reflexões e aprendizagens
continuam na nossa caminhada.
E, para concluir, durante a realização deste trabalho percebi que estou num
processo de mudanças, revendo conceitos, discurso e prática pedagógica. E, fiquei
feliz, pois nas várias tentativas que realizei para inovar na construção do
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___ Letramento: uma tema em três gêneros. Belo Horizonte, Autêntica 1998B
TEBEROSKY, Ana. COLOMER,Teresa. Aprender a ler e a escrever: uma
proposta construtivista. Porto Alegre: Artmed, 2003.