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FACULDADE DE ENGENHARIA DE MINAS GERAIS

Programa de Pesquisa, Produção e Divulgação Científica

ENDERSON LUÍS AMORIM


GÉSCICA KIARA DE OLIVEIRA

REUTILIZAÇÃO DE CONTAINERS MARÍTIMOS NA CONSTRUÇÃO


DE RESIDÊNCIAS: BENEFÍCIOS NO CONSUMO DOS RECURSOS E
GERAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

BELO HORIZONTE
JULHO - 2018
ENDERSON LUÍS AMORIM
GÉSCICA KIARA DE OLIVEIRA

REUTILIZAÇÃO DE CONTAINERS MARÍTIMOS NA CONSTRUÇÃO


DE RESIDÊNCIAS: BENEFÍCIOS NO CONSUMO DOS RECURSOS E
GERAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

Trabalho de conclusão de Curso apresentado à Faculdade de


Engenharia de Minas, como requisito para obtenção do título
de bacharel em Engenharia Civil.

Área de Concentração: Engenharia de Estrutura e de


Construção Civil

Orientador de conteúdo: Prof. Esp. Jouber Paulo Ferreira


Orientadora de Metodologia: Profª.Dr ª. Jocilene Ferreira da
Costa

Belo Horizonte
JULHO - 2018
RESUMO

A nova relação entre o ser humano e o meio ambiente, que preconiza atender as
demandas presentes, sem impactar as gerações futuras, denomina-se
desenvolvimento sustentável. Conforme a necessidade de melhorar o nível de
consumo da população e diminuir o impacto ambiental dos assentamentos humanos
no planeta, houve inúmeras conferências mundiais que geraram protocolos
internacionais com o objetivo de rever as metas e elaborar mecanismos para o
desenvolvimento sustentável. Mediante a importância de atenuar os impactos
econômicos e ambientais, naturais e sociais, causados pelo aspecto de alto consumo
de recursos e matéria prima não renovável na indústria da construção civil, surge a
necessidade de novos conceitos construtivos. O presente estudo tem por objetivo
identificar e a analisar os benefícios da reutilização do container marítimo (CM) nas
construções residenciais, com ênfase na redução do cronograma de execução,
consumo de recursos e geração de resíduos sólidos. Adotando abordagem qualitativa,
exploratória e estudo de caso. A amostra foi a unidade de container marítimo, modelo
high cube 40' customizada para residência. A análise dos dados procedeu através da
consolidação dos documentos fornecidos pela empresa Sader Engenharia Ltda,
comparando-os às referências bibliográficas. Para isso, foram elaboradas pelos
autores planilhas de controle base que promoveram a criação de gráficos, quadros e
textos descritivos para elucidar as principiais vantagens e desvantagens da
construção de residência com a utilização do CM. Os resultados demostraram que
seu reuso apresenta-se compatível com os princípios que regem a ecoeficiência
construtiva e proporciona redução de recursos, portanto, torna-se viável para fins
residenciais. Assim, com a quebra de paradigmas e a conscientização para a
reutilização do container marítimo, uma quantidade acentuada de resíduos sólidos
deixará de ser gerada. Conforme dados do World Shipping Council (2014), mais de
dezoito milhões de containers estão sendo utilizados no mundo, e 5% destes são
descartados anualmente. Utilizados corretamente na construção civil, a vida útil de um
container marítimo pode chegar a até 100 anos.

Palavra-chave: Sustentabilidade, Ecoeficiência, Resíduo, Container, Produtividade


ABSTRACT

The new relationship between human beings and the environment that advocates
meeting current demands without negatively impacting future generations is called
Sustainable Development. Following the need to improve population’s consumption
and reduce the environmental impact of human settlements in the planet, many
international protocols were created with the goal of revising the objectives and
elaborating mechanisms for sustainable development. To mitigate the economic,
environmental, natural, and social impacts caused by exacerbated consumption of
non-renewable resources from civil engineering construction, comes the need for new
concepts in construction. Through a qualitative, exploratory case study, this paper aims
to identify and analyze the benefits of reusing intermodal containers as a mean of
residential constructions, emphasizing savings in execution schedule, resources
usage and solid waste generation. The sample used was a high cube 40’ intermodal
container, made into a residential construction. All data analysis was based on
documents provided by Sader Engenharia Ltda and bibliographic references. To
identify and illustrate the main advantages and disadvantages of this alternative
construction mode, spreadsheets, graphics, and descriptive texts were elaborated.
The results show that intermodal container reuse is compatible with the principles that
guide ecoefficiency in civil construction, yielding resources savings and thus being
appropriate for residential application. According to the World Shipping Council (2014)
more than 18 million intermodal containers are being used in the world, and 5% of
those are disposed every year. If used correctly in civil construction, the lifespan of a
container can reach up to a hundred years.

Key Words: Sustainability, Ecoefficiency, Solid waste, Intermodal Container,


Productivity
LISTA DE QUADROS

Quadro 01 - Deslocamentos-limites para cargas permanentes e cargas acidentais em


geral ...........................................................................................................................30
Quadro 02 - Flechas máximas para vigas e lajes (cargas gravitacionais permanentes
e acidentais) ...............................................................................................................31
Quadro 03 - Móveis e equipamentos-padrão .............................................................33
Quadro 04 - Dados de algumas cidades Brasileiras ..................................................33
Quadro 05 - Dados de dias típicos de verão de algumas cidades Brasileiras .............34
Quadro 06 - Critério de avaliação de desempenho térmico para condições de verão
............................................................................................................................. .......34
Quadro 07 - Critério de avaliação de desempenho térmico para condições de inverno
....................................................................................................................................35
Quadro 08 - Valores dB(A) e NC ................................................................................36
Quadro 09 - Limites de tolerância para ruído continuo ou intermete ..........................37
Quadro 10 - Inteligibilidade da fala, para ruído no ambiente interno em torno de 35 a
40 dB ..........................................................................................................................38
Quadro 11 - Diferença padronizada de nível ponderada entre ambientes para ensaio
de campo....................................................................................................................38
Quadro 12 - Diferença padronizada de nível ponderada da vedação externa para
ensaios de campo.......................................................................................................39
Quadro 13 - Nível de desempenho – Níveis de pressão sonora contínuo equivalente
............................................................................................................................. .......39
Quadro 14 - Nível de desempenho – Níveis de pressão sonora máximo....................40
Quadro 15 - Níveis de iluminamento natural...............................................................40
Quadro 16 - Fator de luz diurna para os diferentes ambientes da habitação..............41
Quadro 17 - Níveis de iluminamento geral para iluminação artificial...........................41
Quadro 18 - Níveis de desempenho para estanqueidade à água de vedações verticais
externas (fachadas) e esquadrias...............................................................................42
Quadro 19 - Materiais utilizados no sistema construtivo da RCM em estudo...........73
Quadro 20 - Parâmetros de desempenho.................................................................74
Tabela 01 - Vida Útil de Projeto mínima e superior (VUP)........................................43
LISTA DE FIGURAS

Figura 01 - Modelo dos principais tipos de Container Marítimos.................................24


Figura 02 - Detalhamento das dimensões do CM utilizados para construção de
residências .................................................................................................................25
Figura 03 - Intensidades sonoras percebidas pelo ouvido humano ...........................36
Figura 04 - Renderização da RCM.............................................................................54
Figura 05 - Container Marítimo adquirido...................................................................56
Figura 06 - Abertura de vãos no CM...........................................................................57
Figura 07 - Estruturação internas do CM....................................................................58
Figura 08 - Instalação das tubulações.......................................................................59
Figura 09 - Isolamento termo acústico do CM...........................................................59
Figura 10 - Isolamento termo acústico externo.........................................................60
Figura 11 - Revestimento externo em Ecogranito.....................................................61
Figura 12 - Fechamento em vidro temperado...........................................................62
Figura 13 - Piso existente CM antes do tratamento..................................................63
Figura 14 - Planta renderizada do 1° pavimento.......................................................75
Figura 15 - Planta renderizada do 2° pavimento.......................................................75
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01 - Custo da RCM........................................................................................81


Gráfico 02 - Custo da RCA.........................................................................................81
Gráfico 03 - Comparação dos custos da RCA x RCM.................................................82
Gráfico 04 - Tempo da RCM.......................................................................................83
Gráfico 05 - Tempo da RCA.......................................................................................83
Gráfico 06 - Comparação do tempo entre RCA x RCM...............................................84
Gráfico 07 - Resíduos da RCM...................................................................................85
Gráfico 08 - Resíduos da RCA...................................................................................85
Gráfico 09 - Comparação dos resíduos da RCA x RCM.............................................86
Gráfico 10 - Comparação dos recursos da RCA x RCM.............................................87
LISTA DE SIGLAS

CBIC - Confederação Brasileira da Industria da Construção


CM - Container Marítimo
CM-ICC - Container Marítimo na Indústria da Construção Civil
ENIC - Encontro Nacional da Indústria da Construção
ENTAC - Encontro Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído
EPS - Poliestireno expandido
FEU - Forty Feet Equivalent Unit
FLD - Fator de Luz Diurna
ICC - Industria da Construção Civil
ISO - International Standard Organization
RCA - Residência em concreto armado
RCC - Resíduos sólidos da Construção Civil
RCM - Residência em container marítimo
SINDUSCON – Sindicato da indústria da construção civil
TEU - Twenty Feet Equivalent Unit
TRRF - Tempo Requerido de Resistência ao Fogo
VUP - Vida útil do projeto
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 13
1.1 Problema de pesquisa ....................................................................................... 14
1.2 Objetivo ............................................................................................................. 14
1.2.1 Objetivo geral .................................................................................................. 14
1.2.2 Objetivos específicos ...................................................................................... 15
1.3 Justificativa ........................................................................................................ 15
2 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................... 17
2.1 Histórico da construção civil ............................................................................... 17
2.1.1 Visão panorâmica ........................................................................................... 18
2.1.2 Aspectos conceituais....................................................................................... 18
2.2 Sustentabilidade na construção ......................................................................... 19
2.3 Container marítimo: Do histórico a reutilização na construção civil .................... 21
2.3.1 Tipos de containers marítimos: Especificações técnicas ................................. 23
2.3.2 Container como metodologia construtiva......................................................... 25
2.4 Exigências legais: Norma de desempenho para construção residencial - NBR
15575:2013 .............................................................................................................. 26
2.4.1 Local de implantação ...................................................................................... 27
2.4.2 Desempenho estrutural ................................................................................... 27
2.4.3 Desempenho contra incêndio e danos ............................................................ 32
2.4.4 Desempenho funcionalidade e acessibilidade ................................................. 32
2.4.5 Desempenho térmico ...................................................................................... 33
2.4.6 Desempenho acústico ..................................................................................... 35
2.4.7 Desempenho lumínico ..................................................................................... 40
2.4.8 Desempenho de estanqueidade ...................................................................... 42
2.4.9 Vida útil do projeto .......................................................................................... 43
3 METODOLOGIA DE PESQUISA .......................................................................... 44
3.2 Pesquisa quanto aos meios ............................................................................... 46
3.3 Universo de amostra .......................................................................................... 48
3.4 Formas de coletas e análise dos dados ............................................................. 50
3.4.1 Coleta de dados .............................................................................................. 50
3.4.2 Análise de dados ............................................................................................. 51
3.5 Organização em estudo ..................................................................................... 51
3.6 Limitação da pesquisa........................................................................................ 52
4 RESULTADOS E DISCURSÂO ............................................................................ 54
4.1 Descrição do empreendimento ........................................................................... 54
4.3 Escolha do local de implantação ........................................................................ 55
4.4 Processo de customização do CM ..................................................................... 56
4.4.1 Abertura dos vãos e reforços .......................................................................... 56
4.4.2 Canalização dos dutos de eletricidade, água e esgoto .................................... 58
4.4.3 Instalação dos revestimentos internos e isolamento termo acústico................ 59
4.4.4 Revestimento externo ..................................................................................... 60
4.4.5 Revestimento cerâmico ................................................................................... 61
4.4.6 Esquadrias de portas e janelas ....................................................................... 61
4.4.7 Emassamento e pintura .................................................................................. 62
4.4.8 Tratamento e acabamento do piso existente ................................................... 62
4.5 Atendimento as exigências legais ...................................................................... 63
4.5.1 Desempenho estrutural da RCM ..................................................................... 64
4.5.2 Desempenho contra incêndio e danos da RCM .............................................. 66
4.5.3 Desempenho funcionalidade e acessibilidade da RCM ................................... 67
4.5.4 Desempenho térmico da RCM ........................................................................ 68
4.5.5 Desempenho acústico da RCM ....................................................................... 69
4.5.6 Desempenho lumínico da RCM ....................................................................... 71
4.5.7 Desempenho de estanqueidade da RCM ........................................................ 72
4.5.8 Vida útil do projeto da RCM............................................................................. 72
4.5.9 Qualificação da RCM em relação a NBR 15575:2013. .................................... 73
4.6 Etapas da construção em concreto armado ....................................................... 74
4.6.1 Características da unidade residencial ............................................................ 74
4.6.2 Implantação da residência em concreto armado ............................................. 75
4.7 Custos e tempo .................................................................................................. 80
4.7.1 Custo construtivo ............................................................................................ 80
4.7.2 Tempo construtivo ........................................................................................... 82
4.8 Resíduos da construção ..................................................................................... 84
4.9 Variações dos indicadores de custo, tempo e resíduos ...................................... 86
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 88
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 90
ANEXO .................................................................................................................... 94
ANEXO A – Artigo publicado no 1° Congresso Sul-Americano de resíduos sólidos e
Sustentabilidade – Gramado/RS .............................................................................. 94
13

1 INTRODUÇÃO

A nova relação entre o ser humano e o meio ambiente, que preconiza atender as
necessidades presentes, sem impactar as gerações futuras, denomina-se
desenvolvimento sustentável. Mediante a necessidade de melhorar o nível de
consumo da população e diminuir o impacto ambiental dos assentamentos humanos
no planeta, houveram inúmeras conferências mundiais que geraram protocolos
internacionais com o objetivo de rever as metas e elaborar mecanismos para o
desenvolvimento sustentável.

Deve-se destacar que entre os anos de 1980 e início da década de 90, o tema
sustentabilidade chegou ao âmbito da Indústria da construção civil (ICC) através da
engenharia e arquitetura, com o intuito de motivar novos conceitos e metodologias,
quebrar paradigmas e promover desafios para a preservação do planeta. Porém a
realidade das práticas sustentáveis nas execuções das construções civis, ainda é vista
como incógnita no setor de modo geral.

Mediante o ascendente desenvolvimento das cidades, constata-se que a ICC tornou-


se um dos domínios que mais causa impacto ao meio ambiente, sendo este, originado,
por exemplo, pelo alto consumo de recursos naturais, a geração de resíduos sólidos
e o próprio desperdício. Segundo a Laurino (2012) pesquisador da Fundação Dom
Cabral, no Brasil cerca de 30% de todo material utilizado na construção civil é
desperdiçado. Contudo, este setor possui papel fundamental no cenário econômico e
social dos países, decorrente de sua capacidade de impulsionar as taxas de emprego,
investimento e renda.

Basicamente as construções de edifícios e residências no Brasil constituem-se em


concreto armado, estruturas pré-moldadas de concreto e metal. Dentre os resíduos
sólidos provenientes dos diversos setores econômicos, existe o Container Marítimo
(CM), sendo este detentor de propriedades que favorecem a sua inserção na cadeia
produtiva da construção civil.
14

A utilização do Container Marítimo na Indústria da Construção Civil (CM-ICC) é


considerada uma alternativa para fabricação de residências e empreendimentos
comerciais. Sua característica estrutural reduz etapas construtivas e
consequentemente o consumo de insumos, como: água, areia, brita, cimento,
madeira, energia dentre outros, remetendo a aspectos de redução do tempo, custo da
construção, impactos ambientais e sociais, afirmando a necessidade da
transformação da conduta humana em prol da preservação e manutenção dos
recursos necessários para a longevidade das futuras gerações.

Aportado nesta perspectiva, o presente estudo tem por objetivo analisar os benefícios
da reutilização do CM nas construções residenciais, com ênfase na redução do
cronograma de execução, consumo de recursos e geração de resíduos sólidos,
enfatizando a necessidade de mudanças e a quebra de paradigmas com os novos
conceitos construtivos, convergindo para uma visão que preconiza ajustar os
conceitos de sustentabilidade aos processos e as práticas de execução inerentes a
indústria da construção civil.

1.1 Problema de pesquisa

Quais são os principais benefícios da reutilização do container marítimo como


metodologia construtiva em relação aos recursos aplicados e a geração de resíduos
sólidos?

1.2 Objetivo

1.2.1 Objetivo geral

Identificar os principais benefícios da utilização do Container Marítimo nas


construções residenciais, com ênfase na redução do cronograma de execução, do
consumo de recursos e da geração de resíduos sólidos na Indústria da Construção
Civil
15

1.2.2 Objetivos específicos

• Levantar as modificações necessárias para a reutilização do container marítimo


no sistema construtivo de residências;

• Apontar quais são as exigências legais para o uso de containers marítimos na


construção de moradias;

• Realizar a análise comparativa do custo de uma unidade residencial em


container marítimo em relação a uma unidade habitacional em concreto armado;

• Identificar os principais benefícios da utilização do container marítimo na


construção de residências em relação a geração de resíduos sólidos.

1.3 Justificativa

Mediante a importância de atenuar os impactos econômicos e ambientais, naturais e


sociais, causados pelo aspecto de alto consumo de insumos e matéria prima não
renovável da indústria da construção civil, surge a necessidade de novos conceitos,
com este fim. Será abordada neste trabalho a adoção da metodologia que reutiliza o
container marítimo, como alternativa, para a construção de residências e os seus
benefícios em relação a edificação em concreto armado.

Com a quebra dos paradigmas e a conscientização para a reutilização do CM, poderá


deixar de ser gerada uma quantidade acentuada de resíduos sólidos, pois conforme
dados do World Shipping Council (2014) citado por Carbonari (2015) há mais de
dezoito milhões de containers em utilização no mundo e destes 5% são descartados
anualmente. Sendo que, utilizados corretamente na construção, estes poderão chegar
a uma vida útil de 100 anos como habitação.

Com isso, ações sustentáveis e que reduzem os impactos ambientais estão em voga
para a preservação e manutenção da qualidade de vida da população, sendo um tema
que deve ser debatido academicamente e socialmente em todos os âmbitos, com isso,
16

a utilização de novos materiais construtivos se torna uma pauta importante,


corroborando para a realização deste estudo.
17

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Conforme Gil (2016), denomina-se referencial teórico, o tópico do projeto que tem por
objetivo apresentar ideias e análises sobre o tema já realizadas em outras literaturas.
Desta forma o autor do novo trabalho e o leitor, tomam conhecimento do que já existe
sobre o assunto, oferecendo contextualização e coerência a pesquisa.
Além de revisar a literatura, o elaborador do estudo apontará as lacunas detectadas
na referência bibliográfica consultada, ou mesmo as discordâncias ou pontos que
necessitam confirmação. Desta forma, permite-se novas propostas e reconstruções,
dando vida ao trabalho científico (GIL, 2016).

2.1 Histórico da construção civil

As relações históricas da Construção Civil podem ser rastreadas até 4000 a.C., onde
a ferramenta básica utilizada, era estritamente a mão de obra humana. Ao surgimento
da Engenharia Civil nos primórdios, cita-se a construção das pirâmides do Egito e a
grande Muralha da China que evidenciam estruturas da engenharia civil na pré-
história (STONECYPHER, 2011). Portanto, segundo Corrêa (2009), a evolução ao
longo do tempo destaca que a Construção Civil sempre esteve presente, atendendo
as necessidades básicas e imediatas da sociedade, entretanto em primeira instancia,
sem preocupações com refinamento das técnicas utilizadas e com os impactos
causados pela mesma.

A Construção Civil, segundo Frigo e Silveira (2012), apresenta inúmeros benefícios


socioeconômicos para os países, entretanto, é consequência de suas atividades os
impactos ambientais e consequentemente sociais. Ainda segundo os autores, os
principais impactos ambientais são decorrentes ao alto consumo de recursos naturais
para a cadeia produtiva de materiais utilizados pela ICC e a geração de resíduos
sólidos da Construção Civil (RCC). Entretanto, os assuntos relacionados ao meio
ambiente têm sido constantes nos debates da sociedade civil, evidenciados através
dos temas em seminários realizados pelo setor como na ENTAC – Encontro Nacional
de Tecnologia do Ambiente Construído e também na ENIC – Encontro Nacional da
Indústria da Construção, assim como pela constituição de diversas comissões de meio
18

ambiente e em instituições do setor da construção civil como o SINDUSCON –


Sindicato da Construção Civil.

2.1.1 Visão panorâmica

A Industria da Construção Civil, segundo Oliveira (2013), tem grande relevância


econômica e social para economia brasileira, haja vista sua ativa participação no
Produto Interno Bruto – PIB, empregandoaproximadamente3 milhões de
trabalhadores diretos e indiretos. Ainda segundo Oliveira (2013), a ICC é grande
consumidora de cimento, areia, tijolos, madeiras, além de outros produtos e de
serviços que exijam profissionais qualificados como engenheiros e arquitetos, desta
forma, gera-se emprego e renda para vários outros setores que permeie a ICC.
Entretanto, segundo o portal virtual da Arquitetura, Engenharia e Construção – AEC
(2017), a ICC se destaca pelo alto consumo de recursos naturais e como grande
gerador de resíduos sólidos, podendo ser imensamente nocivo ao meio ambiente,
caso não entenda e implemente, os conceitos e ações de sustentabilidade na
realidade do setor.

De acordo coma Câmara Brasileira da Industria da Construção - CBIC (2014), a


medida que os desafios globais de crescimento, urbanização, escassez de recursos
naturais e mudanças climáticas surgem, simultaneamente induzem o surgimento de
novas metodologias que propiciem as transformações e oportunidades no amplo setor
da cadeia produtiva da ICC, onde de acordo com a mesma fonte, entende-se por
cadeia produtiva da construção, todo o processo que começa na extração de
matérias-primas, passa pela fabricação dos materiais, pela comercialização dos
mesmos, por projeto/planejamento e chega à ponta, na atividade da construção
propriamente dita.

2.1.2 Aspectos conceituais

A Construção Civil é um importante segmento da indústria brasileira, contudo a


mesma se constitui em uma atividade geradora de impactos ambientais (PINTO e
GONZÁLES, 2005). Em 2010, a Política Nacional de Resíduos Sólidos - PNRS definiu
o termo Resíduos da Construção Civil - RCC, em seu Artigo 13, como “os gerados
19

nas construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil,


incluídos os resultantes da preparação e escavação de terrenos para obras civis”
(Brasil, 2010a, Artigo 13, inciso I, alínea h). Segundo Pinto e González (2005), os RCC
representam cerca de 61% dos Resíduos Sólidos Urbanos em massa. A Resolução
Conama n° 307/2002 em seu artigo 3°, alterada pela Resolução Conama nº 348/2004
(Artigo 3°, inciso IV), propõe a classificação dos RCC que deverão seguir a seguinte
divisão:

I - Classe A - são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados,


tais como:
a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de
outras obras de infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem;
b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações:
componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.),
argamassa e concreto;
c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em
concreto (blocos, tubos, meios-fios etc.) produzidas nos canteiros de obras;
II - Classe B - são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como:
plásticos, papel/papelão, metais, vidros, madeiras e outros;
III - Classe C - são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas
tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua
reciclagem/recuperação, tais como os produtos oriundos do gesso;
IV - Classe D - são resíduos perigosos oriundos do processo de construção,
tais como tintas, solventes, óleos e outros ou aqueles contaminados ou
prejudiciais à saúde oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas
radiológicas, instalações industriais e outros, bem como telhas e demais
objetos e materiais que contenham amianto ou outros produtos nocivos à
saúde (BRASIL, 2002, Artigo 3°).

2.2 Sustentabilidade na construção

Com base no conceito expresso na Cúpula Mundial em 2002 apresentado por Pais
(2002), firmando que a melhor qualidade da vida da população deverá ocorrer sem
que impacte as gerações futuras e sem o uso descompassado dos recursos naturais.
É corroborada por Mikhailova (2004) preconizando que o desenvolvimento sustentável
foca no progresso da qualidade de vida da população mundial não usurpando os
recursos naturais acima da capacidade da Terra.

O princípio de sustentabilidade, conforme Agopyan (2011) tem base em três pilares


básicos que são: o econômico, o social e o ambiental ao serem integradas geram o
20

desenvolvimento sustentável. Para que ele evolua deve-se adequar qualquer sistema
que impacte diretamente os recursos e promova grande abrangência social, dentre
estes se encontra a construção civil.

De acordo com Brasil (2007), estima-se que mais de 50% dos resíduos sólidos
gerados pelo conjunto das atividades humanas no Brasil são provenientes da
construção civil. Portando, nota-se que as demandas construtivas necessitarão de
novas tecnologias, inovações, pesquisas e a utilização equilibrada dos recursos
disponíveis para minimizar a geração dos resíduos sólidos (BRASIL, 2017).

Nesse sentido, a Agenda 21 Brasileira (2004), relata que os principais desafios da


sustentabilidade na construção civil envolvem: a padronização e a gestão dos
processos; a redução do consumo de materiais, de energia e de água; a redução dos
impactos no ambiente urbano e no meio ambiente natural e o atendimento a questões
sociais, culturais e econômicas. Sendo o maior desafio, a adoção de ações
preventivas imediatas que preparem a cadeia produtiva para as transformações
necessárias através da melhoria da qualidade do processo construtivo.

Brasil (2017) apresenta que para a ocorrência desta mudança é exigindo a quebra
dos paradigmas convencionais, através da implantação de projetos mais flexíveis que
proporcionem a redução das demolições, a racionalidade do consumo de energias, a
gestão ecológica da água, a redução gradativa dos materiais que causem grande
impacto ambiental e a modulação dos sistemas para reduzir as perdas e permitir a
reutilização de materiais. Brasil (2017) recomenda a correção de dois aspectos
pontuais focados no combate ao desperdício, sendo eles: a transformação dos
padrões de consumo, objetivando a mudança cultural e a destinação dos resíduos.

Conforme a Agenda 21 brasileira (2004) para combater o desperdício ao longo do


processo produtivo são necessários processos que demandem menor consumo de
energia e de matérias-primas, recordando que ocorra está mudança deve-se:

• Definir uma legislação para os resíduos sólidos, determinando claramente as


obrigações e responsabilidades dos diferentes atores sociais, com foco no
reaproveitamento e na redução da geração de resíduos;
21

• Adotar formas criativas de destinação dos resíduos e efetuar divulgações


efetiva destas ações, afim de reduzir os altos investimentos e o tratamentos
inadequados dos resíduos;

• Promover o combate ao desperdício na construção civil com a adoção de


tecnologias efetivas que proporcionem a segurança do trabalhador.

Um dos objetos que favoreceu economicamente a mudança de mentalidade é a carta


assinada pelos cinco bancos controlados pelo Governo Federal conhecida como
Protocolo Verde (1995). Neste documento, estes bancos firmaram um acordo de
incorporar a dimensão ambiental em seu sistema de análise e avaliação de projetos,
priorizando ações relacionadas ao desenvolvimento sustentável (PROTOCOLO
VERDE,1995).

Mediante a este cenário do desenvolvimento sustentável mundial, encontra-se nos


meios urbanos, situações claramente não sustentáveis, entretanto é evidente o
empenho realizado por setores da construção civil que procuram soluções para
corrigir tais problemas, conforme afirmado por Souza (2015). Desta forma o Instituto
Brasileiro de Arquitetura, Fórum da Construção – IBDA (2017) reforça a necessidade
da inclusão de profissionais embasados na mentalidade sustentável e em
metodologias construtivas inovadoras. Sendo assim, o princípio de reutilização de
containers tem como objetivo minimizar o impacto do descarte desse material e
repensar o uso dos recursos na construção civil (KOTNIK, 2013).

2.3 Container marítimo: Do histórico a reutilização na construção civil

Segundo Portogente (2016), nos primórdios, as cargas eram transportadas sem


nenhuma organização e padronização e com o crescimento da produção dos bens de
consumo e a internacionalização dos comércios, surgiu-se a necessidade de um
invólucro com grande capacidade volumétrica e eficiente no que tange à segurança
das mercadorias. Levison (2003) aborda em estudo que os primeiros containers foram
criados por volta do ano de 1937, pelo Norte Americano Malcolm Purcell McLea,
entretanto somente entre os anos de 1968 e 1970 foram normatizados pela
22

International Standard Organization (ISO), onde ocorreram melhorias nos processos


de carregamento, transporte e descarga dos containers.

O art. 4º do Decreto nº 80.145 de 15 de agosto de 1977 estabelece o que é container:

O container é um recipiente construído de material resistente, destinado a


propiciar o transporte de mercadorias com segurança, inviolabilidade e
rapidez, dotado de dispositivo de segurança aduaneira e devendo atender às
condições técnicas e de segurança previstas pela legislação nacional e pelas
convenções internacionais ratificadas pelo Brasil (BRASIL, Decreto nº 80.145
de 1977, art 4°).

Mendes (2016) destaca no Guia Marítimo, que o transporte marítimo representa 95%
das cargas movimentadas diariamente pelo mundo, sendo que, de acordo com dados
do World Shipping Council (2014) existem cerca de dezoito milhões de containers em
circulação, e deste total, cerca de 5% é descartado todos os anos. Segundo Araújo
(2012) os containers apresentam uma vida útil no transporte de cargas entre 10 a 15
anos, sendo que após este tempo, a manutenção torna-se economicamente inviável.
Fora deste cenário do transporte marítimo, conforme Rangel (2015) sua estimativa
real é de aproximadamente100 anos, proporcionados pelo alto desempenho dos
materiais de sua composição.

Segundo Araújo (2013), em estudo para o Instituto de Logística e Supply Chain- ILOS,
o setor de transporte marítimo do Brasil tende a crescer 7,4% ao ano, nos próximos
10 anos, o que consequentemente significa que serão milhares de CM em circulação
na costa brasileira. Historicamente os containers já foram utilizados como abrigos
improvisados em países que tiveram terremotos, desastres naturais, e em guerras,
como na Guerra do Golfo em 1991, onde buracos foram feitos nos containers para
permitir a ventilação e não houve relatos de efeitos nocivos deste método. (PORTAL
METÁLICA, 2017).

A grande oferta de Containers Marítimos descartados nos portos e a preocupação


com meio ambiente, desperta o interesse de profissionais e empresas para a
reutilização deste material na ICC. Portanto, com a atual e necessária discussão sobre
meio ambiente a reutilização dos Containers surge como uma alternativa construtiva,
23

benéfica ao homem e à natureza, aliados a uma arquitetura moderna e criativa


(PORTAL METÁLICA ,2017).
.
2.3.1 Tipos de containers marítimos: Especificações técnicas

Segundo Filho e Garrute (2017), existem diversos tipos de Containers Marítimos, onde
merece destacar que suas particulares e características técnicas, como media externa
e interna, tara, peso líquido, volume máximo, são estimadas. Pois estas
especificações sofrem pequenas variações de acordo com o fabricante. Ainda sobre
os estudos de Filho e Garrute (2017), referente ao comprimento, as medidas mais
comumente utilizadas são de 20 pés (20’) ou 40 pés (40’), onde essas medidas são
representadas pela sigla TEU (Twenty Feet Equivalent Unit), ou seja, unidade
equivalente a 20 pés e FEU (Forty Feet Equivalent Unit), unidade equivalente a 40
pés, outras medidas existentes são 10′, 20′, 24′, 28′, 30′,32′, 35′, 40′, 45′, 48′.

Conforme Martins (2008) a única medida do Container que não sofre variação é a sua
largura, sempre de 8 pés (8’). O material de fabricação dos Containers Marítimos é o
aço corten, conhecido também como aço patinável. Este tipo de aço, sob certas
condições atmosféricas de exposição a agentes corrosivos, desenvolve uma película
de óxido aderente que possui a função de proteção do aço, reduzindo a velocidade
da corrosão (PORTAL METÁLICA, 2017).De acordo com o Grupo Santos (2017), os
principais modelos comerciais de Container Marítimo são: Standartd, Open Top, Flat
Rack, Plataform, Reefer e Tanque, apresentados na Figura 01.
24

Figura 01 - Modelo dos principais tipos de Container Marítimos

Fonte: Grupo Santos Container (2017)

2.3.1.1 Containers utilizados na construção de residências

De acordo com Kotnik (2008), o CM pode ser considerado um material barato, o que
reduz o custo final da obra, além disso, permite produzir edificações de caráter
sustentáveis, uma vez que reciclam e reutilizam um material que fora abandonado ou
descartado nos depósitos portuários. Deve-se, porém, atentar-se, que o CM é
fabricado para o transporte de cargas, desta forma, não é habitável por si só. Portanto
Figuerola (2013), destaca que para serem reutilizados na cadeia produtiva das
construções civis, necessitam antecipadamente passar por uma seleção e inspeção
técnica para avaliar riscos de contaminação do CM. Conforme Castilho (2014) deve
ser observados o estado de conservação do piso, do amassamento dos fechamentos
laterais e cobertura, assim como a integridade da estrutura. De acordo Figuerola
(2013), os Containers utilizados na ICC são os modelos Standard de 20', 40’ e o High
cube, conforme apresenta a Figura 02, entretanto segundo o mesmo autor, o mais
indicado é o modelo High cube por possuir pé-direito maior, facilitando assim o
embutimento das instalações gerais, possibilitando o rebaixamento do teto.
25

Figura 02 – Detalhamento das dimensões do CM utilizados para construção de


residências

Fonte: Grupo Santos Container (2017)

2.3.2 Container como metodologia construtiva

Ao tratar-se das construções utilizando o CM, verifica-se que as possibilidades são


inúmeras. Conforme Kotnik (2008), a característica modular do sistema propicia
flexibilidade ao projeto, pois pode agilizar o processo de montagem e desmontagem
das edificações, possibilitando a construção em etapas, de acordo com as
necessidades dos usuários, além da possibilidade de montagem dentro da fábrica
seguida de instalação do container quase finalizado no terreno de destino. De acordo
com Sócrates (2012), todos os componentes do container formam um conjunto
estrutural, tornando-o autoportante.

2.3.2.1 Seleção

Conforme Figuerola (2013), a primeira etapa inicia-se na escolha técnica do CM, que
deve ocorrer ainda no terminal de estoque dos containers. Segundo o autor exclui-se
aqueles que apresentam visualmente ataque químico, problemas estruturais e tetos
danificados.
26

2.3.2.2 Adaptação e serralheria

Devidamente escolhido o CM, conforme Figuerola (2013), o CM passa pelo processo


de serralheria, onde executa-se os cortes, soldas e molduras conforme projeto. Os
cortes devem ser executados com precisão para que seja evitado soldas adicionais,
causadores de eletrólise ou problemas estruturais. Após os recortes, o CM segue para
etapa de limpeza, remoção da graxa e tratamento abrasivo. (CASTILHO 2013).

De acordo arquiteto costa-riquenho Benjamin Garcia Saxe (2013, apud FIGUEROLA,


2013), os projetos em CM com grandes recortes, poderão exigir reforço estrutural,
pois, vãos com medidas superiores a 1/3 do comprimento do CM demandam o
acréscimo de vigas e colunas para garantir a estabilidade estrutural.

2.3.2.3 Canteiro

Após o CM devidamente escolhido, recortado e emoldurado, durante a obra o


momento mais delicado é a descarga e posicionamento do CM no terreno onde
destina-se o projeto (FIGUEROLA,2013). Ainda sobre mesmo autor, a obra exige um
estudo logístico, não somente do canteiro onde será instalado o CM, mas também do
seu entorno, já que para este processo exige-se maquinários específicos de grande
porte, o que pode viabilizar ou não a execução do projeto.

Após o estudo de viabilidade logístico do terreno, deverá ser realizado também o


estudo geotécnico, para que seja definida a fundação para receber o CM. Conforme
Figuerola (2013), radiers, vigas baldrames e sapatas isoladas costumam ser as
fundações mais requeridas nos sistemas construtivos utilizando CM.

2.4 Exigências legais: Norma de desempenho para construção residencial - NBR


15575:2013

Para uma residência cumprir sua função primaria que é abrigar seus moradores com
segurança e conforto necessita-se que ela possua parâmetros mínimos. Com objetivo
de padronizar as exigências, entrou oficialmente em vigor em 19 de julho de 2013 a
NBR 15575:2013 com o título geral: Edificações habitacionais - Desempenho,
27

obrigando que os produtos provenientes da construção civil possuam os mesmos


tratamentos exigidos a qualquer outro item de consumo, como o desempenho mínimo
para o uso, durabilidade, conforto, responsabilidades dos envolvidos dês da
concepção do projeto, da construção, da incorporação, da administração e da
utilização.

A NBR 15575:2013, p.9, define Norma de desempenho como o “conjunto de requisitos


e critérios estabelecidos para uma edificação habitacional e seus sistemas, com base
em requisitos do usuário, independentemente da sua forma ou dos materiais
constituintes”. Ainda na NBR 15575:2013, contempla às edificações habitacionais
como um conjunto de sistemas, podendo também ser avaliada por partes isoladas ou
sistemas específicos (conjunto de partes), estabelecendo critérios de desempenho
relativo a parâmetros acústico, térmico, lumínico, de segurança ao fogo e outros, seja
para o sistema como um todo ou somente uma parte.

2.4.1 Local de implantação

Um dos primeiros requisitos apresentados na NBR 15575:2013, recomenda-se que


para a elaboração do projeto deve-se considerar as características geomorfológicas
do local, avaliando os riscos de enchentes, deslizamentos, erosões, riscos de
explosões (antigos aterros sanitários), proximidade de pedreiras, solos contaminados,
entre outros.

2.4.2 Desempenho estrutural

Em relação ao Desempenho estrutural são considerados na NBR 15575:2013 – Item


7: os Estados limites último – ELU e os Estados limites de utilização – ELS que
ultrapassados os seus parâmetros implicarão em prejuízos e/ou comprometimento
do empreendimento por fissuração ou deformações excessivas, minorando a
durabilidade da estrutura e maximizando a ocorrência de falhas pontuais que
prejudicam os níveis de desempenho estrutural, dos elementos que a compõem e dos
componentes da edificação, incluindo as instalações hidrosanitárias e demais
sistemas prediais.
28

Como forma de garantir a durabilidade da construção, o empreendimento deverá


atender durante a sua vida útil de projeto (VUP) as exigências gerais de segurança e
de utilização, suportando as diversas condições de exposição (sobrecargas de
utilização, ação do vento, peso próprio, e outras), além dos seguintes requisitos
segundo a NBR 15575:2013:

• Não poderá ruir ou desestabilizar nenhuma de suas partes;


• Proporcionar ao usuário segurança mediante a vibrações, impactos e outras
solicitações mediante a utilização normal da edificação conforme previsto na
elaboração do projeto;
• Garantir que as deformações de todos os elementos da edificação estejam
dentro do previsto conforme os limites estabelecidos nas normas, não provocando
percepção insegura aos usuários;
• Em relação fissuras de vedações e acabamentos, não deixará ocorrer
desenvolvimento progressivo;
• As portas e janelas deverão funcionar normalmente, sem haver prejuízos
devido a deformações dos elementos estruturais;
• Nas interações com o solo e no entorno da edificação, o empreendimento
deverá atender todas as disposições das normas NBR 5629:1996, NBR 11682:2009
e NBR 6122:2010 relativas a este tema.

Conforme comentário no CBIC - Guia orientativo de atendimento a norma ABNT NBR


15575/2013 (CBIC,2013) para o dimensionamento das paredes, pilares e outros
elementos estruturais, todas as cargas acidentais passíveis de atuação devem ser
consideradas, incluindo ações provenientes de impactos, prevendo futuros
incremento de cargas suspensas por parte do usuário, como: prateleiras, despensas,
armários e outros. Já no projeto da cobertura deverão ser analisados eventuais
sobrecargas com equipamentos de sistema de aquecimento solar e demais sistemas
e nas coberturas contemplar possíveis instalações de antenas, a montagem ou
execução de telhados, impermeabilizações, entre outros dispositivos (CBIC - Guia
orientativo de atendimento a norma ABNT NBR 15575/2013 (CBIC,2013).
29

Há a obrigação de garantir que os componentes estruturais sofrendo qualquer ação


de cargas gravitacionais, temperatura, vento, recalques diferenciais das fundações ou
quaisquer outras solicitações passíveis que atue sobre a construção, não poderão
apresentar deslocamentos maiores que os apresentados nas normas para projetos
estruturais, de acordo com CBIC - Guia orientativo de atendimento a norma ABNT
NBR 15575/2013 (CBIC,2013):

• NBR 6120:1980 - Cargas para cálculo de edificações para estrutura;


• NBR 8681:2003 - Ações e segurança nas estruturas;
• NBR 6123:1988 - Forças devidas ao vento em edificações;
• NBR 6122:1996 - Projeto e execução de fundações;
• NBR 6118:2014 - Projeto de estruturas de concreto;
• NBR 1493:2004 - Execução de estruturas de concreto;
• NBR 9062:2006 - Projeto e execução de estruturas de concreto pré-moldado;
• NBR 8800:2008 - Projeto de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e
concreto de edifícios;
• NBR 7190:1997 - Projeto de estruturas de madeira;
• NBR 15961:2011 - Alvenaria estrutural — Blocos de concreto;
• NBR15812:2010 - Alvenaria estrutural — Blocos cerâmicos;

E na falta de uma norma brasileira específica deverá ser seguido os valores das
Quadro 01 e 02.
30

Quadro 01 – Deslocamentos-limites para cargas permanentes e cargas acidentais em


geral

Fonte: NBR 15575:2013 (p.9) – Parte 2

A NBR 15575:2013 apresenta o Quadro 02 contemplando as expectativas de


deformações ao longo do tempo.
31

Quadro 02 - Flechas máximas para vigas e lajes (cargas gravitacionais permanentes


e acidentais)

Fonte: NBR 15575:2013 (p. 9 – 10) – Parte 2

A NBR 15575:2013 apresenta que em relação as peças em forro, adota-se coeficiente


de majoração mínimo igual a 3,0 em relação a cargas verticais aplicadas. Sendo que,
a carga de serviço mínima a ser considerada é de 30N e o deslocamento vertical está
limitada a 5 mm, com L/600 (L=vão do forro).

Para a instalação das portas e janelas, as paredes tanto externas com as internas
atenderão as seguintes condições (NBR 15575:2013):

• As portas ao serem submetidas a 10 operações de fechamento brusco, não


deve proporcionar falhas de nenhum tipo nas paredes e fixações, tais como rupturas,
fissura e entre outros;

• A porta ao ser submetida um impacto de 240 J na geométrico da sua folha no


ensaio de corpo mole (um saco cilíndrico de couro, com diâmetro de 35cm, altura de
70cm e massa de 400 ± 4N atingindo a superfície), não poderá promover o
arrancamento do marco, nem ruptura ou perda de estabilidade da parede, podendo
ser admissível danos locais (fissura e estilhaçamento) no contorno do marco.
32

2.4.3 Desempenho contra incêndio e danos

Para evitar possíveis gerações de foco de incêndio e danos, o edifício deverão possuir
proteções contra descargas atmosféricas conforme apresentado na NBR 5419:2001 -
Proteção de estruturas contra descargas atmosféricas e as suas estruturas e/ou telhas
metálica serão aterrados com o objetivo de conduzir as descargas, dissipar as cargas
eletrostáticas e inibir possíveis problemas de corrosão por corrente de fuga (contato
acidental com componentes eletrizados), sendo corroborada está necessidade pela
Lei Nº 11.337, de 26/07/2006, que obriga a construção de instalações elétricas
compatíveis a residência e o aterramento dos sistemas das edificações.

Em caso de incêndio, os materiais utilizados na estrutura e nas compartimentações


precisarão estar em acordo com o Tempo Requerido de Resistência ao Fogo – TRRF,
conforme a norma NBR 14432:2001, sendo que, o período mínimo para as paredes
estruturais resistirem ao fogo é de 30 minutos, conferindo condições de
estanqueidade, estabilidade e isolação térmica, para as moradias de até cinco
pavimentos. Sendo também de 30 min a resistência ao fogo para as paredes internas
e de fachada nas áreas de cozinhas e locais fechados que armazenam equipamentos
com gás nas residências unifamiliar isolada e de até dois pavimentos (NBR
14432:2001).

2.4.4 Desempenho funcionalidade e acessibilidade

Em termos de funcionalidade e acessibilidade, a NBR 15575:2013 determina que o


mínimo para o pé direito é 2,50m, podendo ser reduzidos para 2,30m em vestíbulos,
halls, corredores, instalações sanitárias e despensas. E os ambientes deverão ser
compatíveis com as necessidades humanas, sendo recomendado que sua dimensão
acomode os móveis e equipamentos-padrão (NBR 15575:2013) relacionados no
Quadro 03.
33

Quadro 03 - Móveis e equipamentos-padrão

Fonte: NBR 15575:2013 (p.58) – Parte 1

2.4.5 Desempenho térmico

Em relação ao desempenho térmico a NBR 15575:2013 não trata de condições


artificiais, mas sim, condições naturais de insolação, ventilação e outras. De acordo
com CBIC - Guia orientativo de atendimento a norma ABNT NBR 15575/2013
(CBIC,2013) apresenta que este parâmetro está relacionado diretamente com as
aberturas na residência como as janelas/portas, seu posicionamento e a região
bioclimáticas. Nos Quadros 04 e 05 apresenta-se os índices da cidade de Belo
Horizonte/MG.

Quadro 04 - Dados de algumas cidades Brasileiras

Fonte: NBR 15575:2013 (p.38) – Parte 1

A NBR 15575:2013 apresenta os índices típicos de verão da cidade de Belo


Horizonte/MG representado no Quadro 5.
34

Quadro 05 - Dados de dias típicos de verão de algumas cidades Brasileiras

Fonte: NBR 15575:2013 (p.39) - Parte 1

Em relação ao critério de valor máximo diário da temperatura do ar no interior do


ambiente que não possua fontes internas de calor (ocupantes, lâmpadas, outros
equipamentos em geral), deverá ser sempre menor ou igual ao valor máximo diário
da temperatura do ar exterior (NBR 15575:2013). Para isso, o nível de M (mínimo)
deve atender ao critério do Quadro 06.

Quadro 06 - Critério de avaliação de desempenho térmico para condições de verão

Fonte: NBR 15575:2013 (p.52) – Parte 1

Atendendo também ao critério de valor mínimo diário da temperatura do ar interior dos


ambientes devendo sempre ser maiores ou iguais à temperatura mínima externa
acrescida de 3 °C (NBR 15575:2013). Para isso, o nível de M (mínimo) deve atender
ao critério do Quadro 07.
35

Quadro 07- Critério de avaliação de desempenho térmico para condições de inverno

Fonte: NBR 15575:2013 (p.21) – Parte 1

Mediante as condições dos critérios de variação térmica é recomendado pela NBR


15575:2013:

• Que no verão tenha pelo menos uma janela do dormitório ou da sala voltada
para o oeste e as paredes externas dos outros cômodos voltados para norte.

• Que no inverno tenha pelo menos uma janela do dormitório ou da sala voltada
para o Sul e as paredes expostas dos outros cômodos voltados para Leste.

• Garantir que não haja obstrução das paredes externas e das janelas para que
incidam o sol e/ou vento nestas.

• Projetar elementos construtivos para a obstrução e promoção de


sombreamento, como para-sóis, marquises, beirais, etc.

• Promover uma taxa de ventilação do ambiente de 1 renovação/hora, com uma


taxa de renovação da cobertura de 1 renovação/hora.

2.4.6 Desempenho acústico

Para as construções e o conforto dos moradores faz-se necessária o atendimento


acústico dos ambientes, adequando as fachadas, coberturas, entrepisos e paredes,
em relação a isolação ao som aéreo e ruído transmitido por impactos, de acordo com
a NBR 15575:2013. A Figura 03 apresenta a captação dos sons pelos humanos.
36

Figura 03 - Intensidades sonoras percebidas pelo ouvido humano

Fonte: CBIC - Guia orientativo de atendimento a norma ABNT NBR 15575/2013 (p.157)

O nível de ruído para conforto acústico é apresentado no Quadro 08, com o Nível de
pressão sonora ponderado LPA, em decibels (A) e o NC - Curva de avaliação de ruído
que é o método de avaliação de um ruído num ambiente determinado.

Quadro 08- Valores dB(A) e NC

Fonte: NBR 10152:1987 (p.2)

Já o limite de ruídos tolerados pelo homem em relação ao tempo de exposição é


apresentado no Quadro 09.
37

Quadro 09- Limites de tolerância para ruído continuo ou intermitente

Fonte: Anexo N. º 1 – NR15:2016 (p.2)

O CBIC - Guia orientativo de atendimento a norma ABNT NBR 15575/2013


(CBIC,2013) considera a intensidade normal de ruídos externos típicos das áreas
residenciais ou pequenos centros comerciais na ordem de 55 a 60dB(A) e para as
áreas com incidência de importantes fontes de ruído (rodovias, aeroportos etc.) deve-
se executar levantamento locais para tratamento acústico dos imóveis em seu
entrono.

Para determinar o isolamento acústico, considera-se na NBR 15575 o critério do


entendimento de uma conversa em um ambiente primário, cujo o interlocutor em um
recinto adjacente utiliza o tom de voz alta e possui neste uma fonte secundaria com
certo nível de ruído. O Quadro 10 apresenta o nível de intensidade sonora que o
ambiente primário capta.
38

Quadro 10 - Inteligibilidade da fala, para ruído no ambiente interno em torno de 35


a 40 dB

Fonte: NBR 15575:2013 (p.52) – Parte 4

Para o critério de isolamento em relação a janelas e portas fechadas de um ambiente


deve-se atender aos limites do Quadro 11, sendo M – mínimo; I - intermediário; S –
superior.

Quadro 11 - Diferença padronizada de nível ponderada entre ambientes para


ensaio de campo

Fonte: NBR 15575:2013 (p.52-53) – Parte 4

Em relação ao isolamento das fachadas e coberturas, a intensidade sonora nas áreas


internas de dormitório, atenderá aos limites indicados no Quadro 12.
39

Quadro 12 - Diferença padronizada de nível ponderada da vedação externa para


ensaios de campo

Fonte: NBR 15575:2013 (p.52) – Parte 4

Em relação ao Quadro 12 considera-se que para a vedações externas das salas,


lavanderias, cozinhas e banheiros, não existem requisitos específicos. E em regiões
com grande intensidade de ruídos como estádios, aeroportos, rodoviárias, etc há a
necessidade de estudo especifico do ambiente, segundo NBR 15575:2013.

Os valores mínimos de desempenho para os níveis máximos de pressão sonora


contínuo e máximos do nível de pressão sonora máxima em um dormitório são
apresentados nos Quadros 13 e Quadro 14 respectivamente.

Quadro13 - Nível de desempenho – Níveis de


pressão sonora contínuo equivalente

Fonte: NBR 15575:2013 (p.30) – Parte 6

Para a representar o nível de pressão sonora máximo a NBR 15575:13 apresenta os


segundos parâmetros representados no Quadro 14.
40

Quadro 14 - Nível de desempenho – Níveis de


pressão sonora máximo

Fonte: NBR 15575:2013 (p.6) – Parte 6

2.4.7 Desempenho lumínico

Considerando somente a iluminação natural, os níveis de iluminação das


acomodações de uma residência devem atender aos critérios do Quadro15.

Quadro 15 - Níveis de iluminamento natural

Fonte: NBR 15575:2013 (p.53) – Parte 1

O Fator de Luz Diurna (FLD) nas diferentes dependências está demonstrado no


Quadro 16.
41

Quadro 16 - Fator de luz diurna para os diferentes ambientes da habitação

Fonte: NBR 15575:2013 (p.54) – Parte 1

Já em relação a iluminação artificial, a intensidade geral de iluminação existente nas


diferentes dependências da residência deverá atender ao disposto no Quadro 17 para
o conforto do morador, sendo os níveis mínimo (M), intermediário (I) e superior (S).

Quadro 17 - Níveis de iluminamento geral para iluminação artificial

Fonte: NBR 15575:2013 (p.54) – Parte 1


42

2.4.8 Desempenho de estanqueidade

O estanqueidade de pisos de áreas molhadas, fachadas, coberturas e outros


elementos da construção, a NBR 15575:2013 estabelece os seguintes critérios:

Levando em consideração a altura máxima do lençol freático no empreendimento, os


sistemas de pisos devem ser estanques à umidade ascendente.

Em relação as paredes de fachada, janelas e coberturas e seu estaqueamento, não


se deve considerar somente os índices pluviométricos na obra, mas também a
velocidade característica e a direção do vento. Para sua avaliação considera-se os
parâmetros do Quadro 18.

Quadro 18 - Níveis de desempenho para estanqueidade à água de vedações


verticais externas (fachadas) e esquadrias

Fonte: NBR 15575:2013 (p.51) – Parte 4

Para o estaqueamento das águas de cobertura, considera-se o sistema de drenagem


e captação das águas pluviais, a impermeabilidade, as sobreposições dos seus
componentes, da eficiência do desenho e colocação das peças complementares que
arrematam os encontros entre panos, da declividade e extensão dos panos, os índices
pluviométricos e da direção e velocidade dos ventos no local da obra (NBR
15575:2013).
43

2.4.9 Vida útil do projeto

A Vida útil do projeto (VUP) deverá ser especificado para cada um dos sistemas que
o compõem, não podendo ser inferior os indicadores apresentados no Tabela 01.
Caso não possua indicação em projeto da VUP dos sistemas, considera-se os
desempenhos mínimos da tabela.

Tabela 01 - Vida Útil de Projeto mínima e superior (VUP)

Fonte: NBR 15575:2013 (p.46) – Parte 1

Para validar estes indicadores de VUP é necessária periodicidade dos processos de


manutenção segundo a ABNT NBR 5674:1999 e os respectivos cuidados
apresentados no Manual de Uso, Operação e Manutenção que deverá ser elaborado
conforme à norma ABNT NBR 14037:1998 e entregue ao usuário no final do
empreendimento.
44

3 METODOLOGIA DE PESQUISA

Conforme Gil (2016) os métodos científicos são um conjunto de procedimentos


intelectuais e técnicos objetivando alcançar uma meta. Sendo confirmado por Lakatos
(1993), que os define como a junção de operações mentais e processos adotados nas
investigações que seguem uma linha lógica, sendo que, os métodos lógicos adotados
podem ser: dedutivos, indutivos, hipotético-dedutivos, dialéticos e fenomenológicos.

Gil (2007, p. 17) define pesquisa como o

(...) procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar


respostas aos problemas que são propostos. A pesquisa desenvolve-se por
um processo constituído de várias fases, desde a formulação do problema
até a apresentação e discussão dos resultados. (Gil,2007, p. 17)

Conforme Silva (2005) em termos da natureza da pesquisa, pode-se defini-las em:

• Pesquisa Básica que envolve verdades e os interesses universais, gerando


novos conhecimentos científicos sem a aplicação prática pré-definida.

• Pesquisa Aplicada que visa conhecimentos práticos orientados para a solução


de problemas pontuais, envolvendo verdades e interesses locais.

Em relação a abordagem do problema (Silva, 2005), as classifica como:

• Quantitativa: Adota recursos estatísticos para classificar e analisar opiniões e


informações, considerando que tudo pode ser quantificado e traduzido em números.

• Qualitativa: analisa de forma dinâmica a relação entre o sujeito e o mundo real,


significando que há um vínculo efetivo que não pode ser traduzida em números entre
o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito, não necessitando de métodos e técnicas
estatísticas. A pesquisa é a base do trabalho e o ambiente natural é a fonte da coleta
dos dados, sendo analisados indutivamente e gerando uma informação descritiva.
45

Fundamentando-se este estudo nos conceitos relacionados à metodologia científica,


uma vez que, o método de pesquisa torna um caminho linear e sistemático, onde
representa a melhor maneira de alcançar um propósito bem definido, a pesquisa
classifica-se como aplicada , por se basear no conhecimento prático para a solução
do problema pontual que se constitui em como utilizar na modalidade construtiva, o
resíduo container, oriundo do descarte marítimo, após atingir sua vida útil no
transporte de cargas. Adotando para este, abordagem qualitativa por se tratar de ramo
pouco difundido no Brasil, exibindo restrições bibliográficas, legislação nacional
específica e de construtoras que utilizem o CM como elemento estrutural para
edificações.

3.1 Pesquisa quanto aos fins

Quanto a taxonomia da pesquisa, Vergara (1998) apresenta a classificação em dois


aspectos: Quanto aos fins e quanto aos meios.

Em relação aos objetivos, quanto aos fins, Gil (2016) considera três grupos de
pesquisas:

Exploratória: Tem o objetivo de explicitar ou construir hipóteses proporcionando uma


maior familiaridade com o problema. Demandando levantamento bibliográfico;
entrevistas a indivíduos com experiência e com prática no problema pesquisado; e a
compreensão do tema através da análise de exemplos situacionais por parte do
pesquisador. Não sendo normalmente aplicado neste tipo procedimento de
amostragens e técnicas de dados do tipo quantitativa. Utilizada normalmente quando
o tema é pouco explorado tornando difícil a elaboração de hipóteses precisas e
operacionalizáveis (Gil, 2016).

Descritiva: Gil (2016) identifica que este tipo de pesquisa tem primordialmente o
objetivo de descrever as características de uma população ou fenômeno ou
estabelecer relações entre variáveis, tendo como característica fundamental a
aplicação de técnicas padronizadas para a coleta de dados e as vezes ultrapassa a
simples identificação das relações entre variáveis, determinado a natureza desta
relação aproximando da Pesquisa Explicativa. Conforme Triviños (1987), este modelo
46

de pesquisa descreve os fenômenos e fatos que determinam a realidade,


demandando do investigador inúmeras informações sobre o tema de pesquisar.
Sendo que, estudos deste tipo apresentam uma descrição exata dos acontecimentos,
dos fatos, dos fenômenos e dos eventos.

Explicativa: Tem o objetivo de identificar as ocorrências que ocasionam ou que


favorecem a ocorrência do problema pesquisado (GIL, 2016), explicando o porquê
dos acontecimentos mediante aos resultados alcançados. Com isso, este tipo de
pesquisa pode ser o prolongamento de uma pesquisa descritiva, devido a identificação
dos fatores que ocasionam um fenômeno demandam o detalhamento e a descrição
mais embasada. Pode-se classificar esta modalidade como quase-experimentais
conforme Gil (2016).

A classificação desta pesquisa enquadrou-se quanto aos fins como exploratório, pois
conforme Vergara (1998), este tipo de pesquisa é adotado em áreas com pouco
conhecimento acumulado e sistematizado e conforme detectado pouca literatura e
legislação para a utilização dos containers marítimos como metodologia construtiva
para residências. Tendo como objetivo proporcionar maior conhecimento sobre seu
potencial construtivo.

3.2 Pesquisa quanto aos meios

O método de pesquisa a ser utilizado é fundamental para desenvolver uma pesquisa,


dependendo de sua característica, pode-se escolher diferentes modalidades aliando
o sistema qualitativo ao quantitativo se necessário (FONSECA, 2002). Conforme
Vergara (1998), classifica-se a pesquisa quanto aos meios de investigação em:
bibliográfica, pesquisa de laboratório, pesquisa de campo, documental, experimental,
ex-post-facto, participante, pesquisa-ação, estudo de caso, telematizada. Sendo que,
Gil (2016) apresentado também o Levantamento de campo (Survey).

Em relação aos procedimentos técnicos (GIL, 2016), descreve:

Pesquisa Bibliográfica: tem base em materiais já publicados, através de livros e artigos


científicos (GIL, 2016). Sendo acrescido por Vergara (1998) os meios de pesquisa em
47

revistas, jornais redes eletrônicas, ou seja, materiais acessíveis ao público comum


como base bibliográfica. Relatado por Fonseca (2002) que os trabalhos científicos
devem iniciar com a pesquisa bibliográfica, este permite que o pesquisador conheça
o que já foi estudado sobre o assunto. Porém, as pesquisas focadas somente em
pesquisa bibliográfica procuram referenciais teóricos para responder ao problema
através da obtenção de conhecimentos e informações precedentes sobre o tema. Gil
(2016) salienta que a pesquisa bibliográfica depende diretamente da fonte de
consulta, podendo prejudicar a qualidade da pesquisa, pois fontes secundarias podem
apresentar dados ou processos equivocados ampliando os erros. Para reduzir os
desvios o pesquisar deve assegurar sobre a confiabilidade de suas fontes e
diversificar suas consultas para identificar incoerências da informação.

Pesquisa Documental: Se assemelha bastante a pesquisa bibliográfica, se


diferenciando na natureza da fonte. A pesquisa documental é elaborada com materiais
não tratados analiticamente, com base em Gil (2016).

Pesquisa Experimental: Gil (2016) exprime que a melhor demonstração de pesquisa


cientifica é o experimento. Ela ocorre através do estudo de um objeto exposto a
variáveis que o influenciam em um ambiente controlado e neste é observado os efeitos
que as variáveis acarretam no objeto (Gil, 2007).

Pesquisa telematizada: Apresentada por Vergara (1998) como o tipo de pesquisa que
busca informações nos meios da telecomunicação e com o uso de computadores,
sendo exemplificado como as pesquisas realizadas na internet.

Levantamento de campo (Survey): Envolve o questionamento e o interrogatório direto


de pessoas pertinentes ao ambiente pesquisado com o intuito de conhecer e analisar
seu comportamento no meio, sendo os estudos descritivos os que mais se enquadram
para os levantamentos. Conforme Fonseca (2002) dentre as vantagens desta
pesquisa, apresenta o conhecimento direto da realidade, economia e rapidez, e
possiblidade de agrupar os dados em tabelas que favorece a análise estatística.
Estudo de caso: proporciona o conhecimento abrangente e detalhado de um ou
poucos objetos através do estudo profundo e exaustivo destes. Fonseca (2002, p. 33)
caracteriza o estudo de caso como:
48

Um estudo de caso pode ser caracterizado como um estudo de uma entidade


bem definida como um programa, uma instituição, um sistema educativo, uma
pessoa, ou uma unidade social. Visa conhecer em profundidade o como e o
porquê de uma determinada situação que se supõe ser única em muitos
aspectos, procurando descobrir o que há nela de mais essencial e
característico. O pesquisador não pretende intervir sobre o objeto a ser
estudado, mas revelá-lo tal como ele o percebe. O estudo de caso pode
decorrer de acordo com uma perspectiva interpretativa, que procura
compreender como é o mundo do ponto de vista dos participantes, ou uma
perspectiva pragmática, que visa simplesmente apresentar uma perspectiva
global, tanto quanto possível completa e coerente, do objeto de estudo do
ponto de vista do investigador. (FONSECA,2002, p. 33)

Pesquisa Ex-post-Facto: é realizado o experimento após a realização dos fatos, tendo


como base ocorrências já finalizadas.

Pesquisa-Ação: ocorre a interação do pesquisador no ambiente pesquisado através


da cooperação dos participantes do meio, proporcionando uma ação ou solução de
um problema coletivo (Gil, 2007).

Pesquisa Participante: Os membros do meio estudado interagem com o pesquisador


proporcionando o conhecimento sobre o tema, definido por Gil (2016). Conforme
Vergara (1998), este tipo de pesquisa não se concentra apenas no pesquisador, mas
o pesquisado torna parte efetiva da investigação, promovendo uma tênue sinergia
entre as partes.

Quanto aos meios, o trabalho classifica-se como estudo de caso, proporcionando um


conhecimento amplo sobre um tipo específico de sistema construtivo, focando nos
aspectos do container utilizados na construção de residências. As análises foram
fundamentadas nas informações fornecidas pela Sader Engenharia Ltda, como
projetos, planilhas, documentos e também através das pesquisas bibliográficas,
periódicos acadêmicos e legislações existentes que são aplicadas em outros tipos de
sistema construtivos, além da pesquisa participante, estabelecendo metas para a
avaliação do desempenho desta nova modalidade construtiva.

3.3 Universo de amostra

Conforme Gil (2016), o Universo ou população é o conjunto de elementos que


possuem similaridades, comumente sinalizado como o total de habitantes de
49

determinado lugar. Mas em termos estatísticos apresenta um conceito mais


abrangente, podendo ser a quantidade de alunos matriculados em uma escola até a
produção de televisões em uma fábrica.

Já amostra é definido como o subconjunto do universo ou população, ao qual se


estima as características desse universo ou população (GIL, 2016). Tendo dois tipos
de amostra:

Amostra probabilística, que tem base estatísticas, sendo rigorosamente cientificas e


baseada na lei dos grandes números, lei da regularidade, lei da inercia e lei da
permanência. Consistir em as amostras mais usuais: a aleatória simples, sistemática,
estratificada, por conglomerado e por etapa (GIL, 2016).

Já na amostra não probabilística não são fundamentadas em conceitos matemáticos


ou estatísticos, dependendo basicamente das métricas de pesquisa e possuindo
maior criticidade para a validação dos resultados. As que mais destacam dentre as
amostragens não probabilísticas, são: por acessibilidade, por tipicidade e por cotas
(GIL, 2016).

A pesquisa tem como o universo, a empresa Sader Engenharia Ltda, atuante na


Industria da Construção Civil e possui um dos seus segmentos de negócios a
utilização de containers como sistema construtivo para residências. A sede da
empresa localiza-se em Belo Horizonte, Minas Gerais, mas atua em âmbito nacional.
O container em estudo é o protótipo da empresa para o lançamento do novo produto
no mercado de construção residencial. Portanto, o universo pesquisado, constitui-se
da empresa Sader Engenharia Ltda e a amostra foi a unidade de container marítimo,
modelo high cube 40”, customizado pela empresa como protótipo de um novo produto
para o mercado local de construção residencial.
50

3.4 Formas de coletas e análise dos dados

3.4.1 Coleta de dados

De acordo com Gerhardt (2009) a coleta de dados necessita de um conjunto de


operações que determinará o modelo de analise que será utilizado. De acordo com o
mesmo autor, para maximizar a aquisição dos dados, deve-se responder as seguintes
perguntas para obtenção dos dados:

O que coletar? - Definido pelos indicadores e as variáveis do processo, caracterizando


pela importância e utilidade para testar as hipóteses, sendo denominado com dados
pertinentes (Gerhardt,2009).

Com quem coletar? - Necessita delimitar empiricamente o espaço geográfico e social


em um espaço de tempo. Podendo ser estudado toda a população contida no espaço
ou apenas uma amostra representativa (quantitativamente) ou ilustrativa
(qualitativamente) do grupo (Gerhardt,2009).

Como coletar? - Refere-se ao instrumento de coleta de dados possuindo três


operações (Gerhardt,2009):

• Idealizar um instrumento adequado para captar as informações necessárias e


adequadas para testar a hipóteses. Por exemplo: questionário, roteiros para
entrevistas ou para observações, etc.

• Avaliar o instrumento antes da utilização sistêmica. Com o objetivo de garantir


a precisão e adequação deste meio.

• Após os testes, aplica-lo sistemicamente coletando os dados pertinentes.

Para não impactar na pesquisa, deve-se atentar em obter informações possíveis de


tratamento futuro que teste as hipóteses, devendo se preocupar e antecipar quais
análises poderão ser feitas através dos dados coletados. Com isso, o método de
coleta escolhido deve levar em conta as hipóteses do trabalho e o problema a ser
51

estudado (GERHARDT, 2009). Para a realização deste estudo, foram utilizados a


observação, entrevista e pesquisa documental.

Foram realizadas visitas às dependências da empresa Sader Engenharia Ltda,


especificamente ao galpão onde ocorre a estruturação e transformação do CM em
residência e neste local realizou-se o estudo do CM já customizado. Durante as visitas,
realizou-se entrevistas semiestruturadas aos engenheiros responsáveis pelo projeto
de transformação do CM, com o objetivo de obter o máximo de dados sobre as etapas
construtivas da residência e as adaptações necessárias à essa transformação.
Também ocorreram pesquisas documentais no arquivo empresarial, objetivando
informações como planilhas de composições de custo, composições unitárias,
relações das quantitativas de materiais e resíduos.

3.4.2 Análise de dados

Conforme Gerhardt (2009), a análise dos dados tem o objetivo de organizar os dados
de forma a proporcionar possíveis respostas ao problema proposto, sendo
quantitativos (análise estatística) ou qualitativos (análise do conteúdo, do discurso,
outros.). Gil (2007), verifica que a maior parte das pesquisas possuem as seguintes
fases: estabelecer categorias; condicionar e tabular os dados; e analisa-los.

A análise dos dados procedeu através da consolidação dos documentos fornecidos


pela empresa Sader Engenharia Ltda, comparando-os as referências bibliográficas.
Para isso, foram criadas pelos autores, planilhas de controle base, incluindo
quantitativos de recursos, tempo de execução, exigências de desempenho e geração
de resíduos. Promovendo a criação de gráficos, tabelas e textos descritivos para
elucidar principiais vantagens e desvantagens da construção de residência com a
utilização do CM.

3.5 Organização em estudo

O estudo foi realizado na empresa Sader Engenharia Ltda, localizada em Belo


Horizonte, Minas Gerais. A mesma possui estrutura fixa de 03 funcionários, sendo
eles: o diretor executivo e engenheiro civil Ricardo Nacif Sader, um engenheiro
52

calculista e uma auxiliar de engenharia. Os demais funcionários da cadeia produtiva


são contratados conforme demanda dos empreendimentos.

A empresa está no mercado há 15 anos, atuando na ICC desde a infraestrutura à


superestrutura. Ela, ciente da importância da sustentabilidade nos sistemas
construtivos e dos benefícios que este traz à sociedade, criou um braço novo, a
Transforme Containers, que adapta o CM em residência.

Para construir as residências em CM, a empresa possui um galpão anexado a sede


da empresa com a infraestrutura necessária para o processo e o horário de
funcionamento de 07:00 ás 18:00 horas.

A empresa disponibilizou perante agendamentos prévios, visitas para o estudo e estas


foram acompanhadas pelo corpo de técnico da empresa, onde realizou-se
explanações aos assuntos sobre o CM e sua transformação em residência.

3.6 Limitação da pesquisa

Segundo Vergara (1998), toda metodologia apresenta possibilidades e limitações,


contudo, é sadio adiantar-se às críticas que o leitor poderá cometer ao trabalho,
apontando quais as limitações que o método escolhido oferece, porém, ainda assim o
justificando como o mais adequado aos desígnios da pesquisa.

O método selecionado para a pesquisa apresentou algumas dificuldades referentes a


coleta de dados, pois há escassez de literatura científica e legislação quanto a
utilização do CM na ICC.

Outro obstáculo ao presente estudo, é o pequeno número de empresas atuantes no


setor da ICC que utilizam o CM como matéria prima para construção de residência em
Belo Horizonte/MG, logo, realizou –se o estudo em uma destas poucas empresas que
oficialmente oferece o produto nesta cidade.
53

A empresa disponibilizou visitas e acesso aos dados que formam a trajetória da


construção da residência com CM, mas com restrições de acesso ao que tange a
valores detalhados da construção.

Como este encontra-se concluído, disponível na empresa em show room, não foi
possível acompanhar a execução das etapas de transformação do CM em residência.
Além destes limitadores, não foi possível sua alteração e testes de comportamento
estrutural, dificultando o esclarecimento de pontos relevantes da pesquisa, como o
seu desempenho antes e pós adequações.
54

4 RESULTADOS E DISCURSÂO

Este capítulo apresenta o processo de customização de um container marítimo (CM)


para se transformar em uma residência, suas nuanças em comparação a um imóvel
em concreto armado e seu atendimento as exigências de desempenho.

4.1 Descrição do empreendimento

Para a construção de uma residência em Belo Horizonte – MG, a empresa Sader


Engenharia Ltda tendo como um novo braço, a Transforme Containers, usou o projeto
do arquiteto Luciano Costa para idealizar as adequações necessárias do container
para transformá-lo em residência em container marítimo (RCM). Corroborando a
recomendação de Figuerola (2013) sobre o modelo mais indicado para residências, o
profissional utilizou um container High Cube de 40 pés, remodelando-o para uma
residência unifamiliar de 29,74 m² (Comprimento: 12,19m, largura 2,44 m e altura: 2,9
m). Neste é contemplado um quarto, um banheiro e uma cozinha conjugada com a
sala conforme Figura 04.

Figura 04 - Renderização da RCM

Fonte: Sader Engenharia Ltda (2017)

O projeto tem o objetivo de proporcionar ao proprietário, leveza e transparência,


utilizando para isso, a instalação de portas de vidro nas entradas da RCM (antiga porta
de acesso do container e nos novos vãos conforme projeto), garantindo a edificação
uma sensação de amplitude com a área externa, retirando a percepção de um simples
container adaptado e conjugando ambiente interno e externo em um só.
55

4.2 Processo de aquisição do CM

Para a aquisição do container deste projeto, o proprietário da empresa Sader


Engenharia Ltda contatou a empresa XY (nome fictício, uma vez que, a empresa não
revelou o nome de seu fornecedor) especializada em vendas de container marítimo,
que possui sede na cidade de Santos-SP. Por se tratar da aquisição de apenas uma
unidade e não inviabilizar o projeto ficou economicamente inexequível a ida de um
profissional da empresa para a cidade de Santos - SP com intuito da escolha de um
único container. Assim, o processo de seleção foi através de fotos de containers em
ângulos diferentes, enviadas pela empresa XY, para a escolha do mesmo.

A triagem foi realizada mediante as fotos e conversas com a funcionária da empresa


XY, eliminando os containers que estavam com as chapas visivelmente danificadas,
que acarretariam interferência direta no prumo das paredes internas e a redução do
espaço útil da RCM conforme preconizado por Castilho (2014).

4.3 Escolha do local de implantação

O transporte do container da cidade de Santos - SP para Belo Horizonte - MG foi


efetuado pela empresa XZ (nome fictício, devido a empresa não revelar o nome de
seu fornecedor), através de uma carreta com adaptação de pino Lock, que o entregou
no galpão da Sader Engenharia Ltda. Este local é equipado com uma oficina de
serralharia apropriada, em condições adequadas para evitar ocorrências climatéricas
desfavoráveis, permitindo maior controle dos defeitos da produção e maximizando o
rendimento em comparação aos trabalhos efetuados diretamente no canteiro de obra.

Para instalação do CM no local, considerou-se primordialmente a altura da rede


elétrica pública, a dimensão das vias de acesso e o horário de menor trânsito de
veículos, para facilitar a manobra da carreta e do caminhão munck. Estas analises
foram cruciais para a viabilização do projeto e são salientas por Figuerola (2013) da
demanda do estudo logístico não somente do canteiro de obras, mas também no seu
entorno.

A Figura 05 apresenta o CM adquirido e instalado na oficina de serralheria.


56

Figura 05 - Container Marítimo adquirido

Fonte: Sader Engenharia Ltda (2017)

Para a customização do container, foram utilizados: 01 (um) serralheiro, 01(um)


ajudante de serralheria, 01 (um) eletricista, (02) engenheiros, 02 (dois) oficiais e 02
(dois) auxiliares. O horário de trabalho foi de 07 hs ás 18hs de segunda a sexta.
Constituindo como principais ferramentas utilizadas na transformação: talhas manuais
e elétricas para a içamento e movimentação do container, maquinas de solda,
maçaricos de oxicorte e lixadeiras para abertura e fechamento dos vãos.

4.4 Processo de customização do CM

4.4.1 Abertura dos vãos e reforços

A equipe de serralheria realizou todas as etapas de recorte, enquadramento, soldas e


adaptação dos vãos. Foram abertos: 01 (um) vão para a janela do quarto de
0,92mx1,00m, outro de 0,30m x 1,35m para a janela do banheiro e 02 (dois) vãos para
a instalação das portas de 1,63m x 2,14m, como apresentado na Figura 06.
57

Figura 06 - Abertura de vãos no CM

Fonte: Sader Engenharia Ltda (2017)

Posteriormente, foram realizados reforços com tubos retangulares FF 1,2 no contorno


dos vãos, onde este, serve de base estruturada para a instalação direta das
esquadrias das portas e janelas. Esta ação se faz necessária decorrente a chapa de
aço existente no CM ser de aproximadamente 4 mm, tornando-se imprescindível a
instalação da base. Contudo, o processo exclui a etapa de assentamento de peitoris
e soleiras, como ocorre na construção convencional, além de exercer a principal
função de reforçar estruturalmente o vão.

Sendo que, nesta etapa, o resíduo predominantemente gerado constituiu-se de


chapas de aço recortadas e estas foram guardadas para possíveis utilizações nos
outros projetos com CM.

Nas paredes laterais do CM, no teto e na projeção das paredes para o banheiro,
utilizaram tubos retangulares similares aos dos vãos das janelas e portas conforme
apresentado na Figura 07 e sua fixação foi através de solda. Está ação vai ao encontro
da indicação do reforço estrutural relatada por Benjamin Gracia Sanxes (2013).
58

Figura 07 - Estruturação internas do CM

Fonte: Sader Engenharia Ltda (2017)

Esta malha de tubos criada, serviu de base para a instalação do drywall e outras
peças, afim de evitar furos e chumbamentos diretos nas paredes do CM, impedindo a
redução de sua estanqueidade conforme exigência da NBR 15575:2013.

Conforme informação do corpo técnico da empresa, foram realizados cálculos de


dimensionamentos para os cortes dos tubos, levando em consideração o comprimento
total da barra, com o objetivo de melhor sua utilização e minimizar a geração de
resíduo.

4.4.2 Canalização dos dutos de eletricidade, água e esgoto

Após a adaptação dos vãos do CM, conforme projetos, realizou-se a passagem dos
dutos elétricos em conduíte corrugado ¾” conforme Figura 08, além dos tubos de
esgoto e água fria em PVC. Concomitante a canalização dos dutos, foram instaladas
as bancadas em granito na cozinha e no banheiro.
59

Figura 08 - Instalação das tubulações

Fonte: Sader Engenharia Ltda (2017)

Observou-se nesta fase, como resíduo predominante, fragmentos de PVC e


conduítes.

4.4.3 Instalação dos revestimentos internos e isolamento termo acústico

Antecipadamente a execução do revestimento em drywall, realizou-se, como


apresenta a Figura 09, o tratamento termo acústico do CM, empregando manta em lã
de vidro em todas as paredes laterais e no teto.

Figura 09 - Isolamento termo acústico do CM

Fonte: Sader Engenharia Ltda (2017)


60

Posteriormente ao isolamento termo acústico, foram executadas as paredes, o


rebaixamento e revestimento do teto em drywall. Já as paredes de divisa do banheiro
e da cozinha, foram utilizadas placas de drywall especificas para áreas molhadas.

Averiguou-se que na execução das obras em drywall, os resíduos gerados


constituídos de pedaços de placas em gesso acartonado que foram descartadas e a
sobra de lã de vidro, a qual foram guardadas para utilização em outras obras.

4.4.4 Revestimento externo

A parede lateral esquerda e a fachada principal, foram revestidas externamente com


manta em lã de vidro, conforme apresenta a Figura 10.

Figura 10 - Isolamento termo acústico externo

Fonte: Sader Engenharia Ltda (2017)

Devido a necessidade de um material resistente a intempéries, utilizou-se a placa


cimentícia como revestimento externo. Porém posteriormente, como mostra a Figura
11, o CM foi revestido com Ecogranito, massa acrílica aquosa, ao qual possui
aparência de granito.
61

Figura 11 - Revestimento externo em Ecogranito

Fonte: Sader Engenharia Ltda (2017)

Nesta etapa observou-se os resíduos de placas cimentícias, fragmentos de tubo


metálico, embalagens de papelão oriundo do ecogranito e o próprio ecogranito.

4.4.5 Revestimento cerâmico

Foi realizado revestimento cerâmico nas paredes do banheiro, área que compreende
o box e a parede da cozinha que localiza a bancada. Sendo que, após assentados, os
revestimentos receberam rejunte flexível.

Nesta etapa gerou-se predominantemente, embalagens de papelão e resíduos de


cerâmica branca, devido aos recortes para a paginação.

4.4.6 Esquadrias de portas e janelas

Nesta etapa, foram instaladas todas as esquadrias em vidro temperado 10 mm, sendo
02 (duas) janelas, e 03 (duas) portas. Também foi efetuado 01 (um) fechamento de
parede completa da sala, como apresenta a Figura 12, assim como instalados 02
(dois) marcos de madeira e 02 (duas) portas de madeira (prancheta) na suíte e no
banheiro.
62

Figura 12 - Fechamento em vidro temperado

Fonte: Sader Engenharia Ltda (2017)

Como resíduos desta etapa, observou-se fragmentos de perfis metálicos, oriundos da


adaptação das esquadrias.

4.4.7 Emassamento e pintura

O forro do teto e das paredes foram emassadas com massa acrílica, posteriormente
lixadas para regularização e executada a pintura com tinta látex PVA cor branco neve.

Esta etapa gerou resíduos de papelão e metal das embalagens dos produtos
utilizados.

4.4.8 Tratamento e acabamento do piso existente

Nesta etapa, realizou-se a limpeza e o tratamento do piso do CM, constituído por


compensado naval, conforme apresentado na Figura 13.
63

Figura 13 - Piso existente CM antes do tratamento

Fonte: Sader Engenharia Ltda (2017)

Realizou-se o lixamento para regularização do mesmo e posteriormente o


acabamento fino através da aplicação de 02 demãos de verniz impermeável.

Esta etapa gerou resíduos de pó de madeira e embalagem metálica do verniz.

4.5 Atendimento as exigências legais

Como não há uma legislação específica brasileira para a construção da RCM, seguiu-
se as leis vigentes relacionadas a edificações, dentre estas, a NBR 15575:2013 -
Norma de desempenho para construção residencial.

A verificação dos parâmetros de desempenho, iniciou-se com a aferição das


características térmicas, acústicas, lumínica e de umidade do local de sua instalação,
localizado na Avenida Amazonas, n° 5643, Belo Horizonte, MG. As medições foram
realizadas no período entre 09:05 hs ás 16:25 hs, em momentos variados durante a
jornada da pesquisa e em pelo menos seis pontos distintos da área ao redor da
residência. Esta ação teve o objetivo de proporcionar um valor mais próximo do real
para trabalho, utilizando a média simples dos valores medidos e alcançado um único
64

parâmetro das variações termo-acústicas-climáticas do ambiente externo, sendo


estes:

Térmico: 31,1° Celsius


Acústico: 74,8 db (A)
Lumínico: 1020 lux
Umidade: 51%

Para a pesquisa do desempenho da RCM em relação a NBR 15575:2013 foram


elaboradas perguntas com base nas exigências da norma e a partir deste questionário
seguiu-se o mesmo padrão das medições da área externa, com o inquérito em pelo
menos seis pontos e horários distintos, apurando assim, a performance da construção.

4.5.1 Desempenho estrutural da RCM

• Foi detectado trincas na estrutura e nas vedações da construção?

Em avaliação visual, não foram detectadas trincas estruturais, em decorrência da


confecção do CM ser em um sistema monobloco de aço corten. Entretanto, foram
identificadas duas fissuras no revestimento drywall das paredes e duas fissuras no
forro de teto. As fissuras nas paredes estão localizadas, uma na parte superior da
lateral esquerda da porta da sala e a outra na parte superior da lateral esquerda da
porta do quarto. As fissuras do forro de teto foram identificadas na junção entre placas,
localizadas no corredor para o quarto e no corredor da cozinha.

• Existe sobrecargas sobre a construção?

Não existe sobrecargas sobre a RCM, sendo utilizado sua cobertura original de aço
corten para servir de laje para a residência. O projeto não prevê utilização do teto para
ampliação de pavimento, assim como para instalação de nenhum material sobre o
mesmo. Sendo que, conforme conversa com o idealizador do projeto, a caixa d’agua
será instalada em um local externo a obra.
65

• Foi detectado patologias que dá indício de ruina ou desestabilidade de alguma


das partes da construção?

Mediante a análise visual, não foi encontrada nenhuma patologia que induzisse a esta
ocorrência.

• A construção proporciona ao usuário segurança mediante a vibrações,


impactos e a outras solicitações, quando utilizada normalmente, conforme previsto na
elaboração do projeto?

Durante o desenvolvimento do trabalho de avaliação da RCM, não foi detectado


nenhum ruído, vibração ou indícios de desestabilidade da construção. Foi possível
observar que ela absorve com eficiência as vibrações provenientes da movimentação
dos veículos na Avenida Amazonas, não transmitindo movimento aos usuários da
construção.

• As portas e janelas da residência funcionam normalmente, sem haver prejuízos


devido a deformações dos elementos estruturais?

Com objetivo de verificar este quesito, executou-se nas portas e janelas da residência
a sequência de dez movimentos de aberturas e fechamentos, não sendo identificado
nenhum barulho ou desalinhamento proporcionado por deformações dos elementos
estruturais.

• As portas ao serem submetidas a 10 operações de fechamento brusco


proporciona falhas de algum tipo nas paredes e fixações, tais como rupturas, fissura
e entre outros?

Efetuou-se a sequência de dez movimentos de aberturas e fechamentos brusco com


carga dirigida nas portas da residência. A carga de energia aplicada no fechamento
das portas de acesso interno para quarto e para o banheiro, foram submetidas com
maior intensidade, devido as mesmas serem confeccionadas em madeira e o seu
processo de movimentação ser via dobradiças. Já as portas de acesso externo para
a sala, a cozinha e o quarto que são confeccionadas em vidro temperado e o processo
66

de movimentação é através de trilhos, foi contido a utilização de carga excessiva de


energia, decorrente ao risco da quebra do vidro. Mediantes a este teste, não foi
identificado aumento da dimensão das trincas anteriormente identificadas ou
surgimento de novas trincas e nenhum dano aparente na estrutura de fixação e na
movimentação das mesmas. Deve ser enfatizado que não foi possível determinar as
cargas utilizadas nas portas e janelas em decorrência da indisponibilidade de um
equipamento para verificação

4.5.2 Desempenho contra incêndio e danos da RCM

• A construção possui ponto de aterramento?

Foram identificados dois pontos para aterramento da construção. Um deste está


localizado no cabeamento de energia da residência conforme as exigências da NBR
5410 – Instalações elétricas de baixa tensão, que separa um cabo de energia na cor
verde amarela na instalação elétrica e este é fixado na aste de aterramento. O outro
ponto identificado para aterramento é um olhal no canto inferior direto na parte do
fundo da RCM. Ele está ligado diretamente na estrutura metálica do container com o
objetivo da futura instalação do cabo que ligará na aste de aterramento.

• As paredes estruturais da residência resistem a mais de 30 min a incêndio?

A estrutura da construção é feita em aço corten que possui seu ponto de fusão
superior a 1.410° C, concedendo a estrutura a resistência superior a 30 min de
incêndio.

• As paredes conferem condições de estanqueidade, estabilidade e isolação


térmica para a moradia?

O revestimento das paredes internas da residência é em drywall, material este que


dificulta a inflamação generalizada no ambiente originário do incêndio, não gera
quantidade excessiva de fumaça que prejudicaria a fuga dos moradores, possui baixo
índice de toxicidade em sua fumaça e suporta ao mínimo de 30 minutos de exposição
67

ao fogo. Associado a estrutura de aço corten do container, este conjunto proporciona


condições de estanqueidade, estabilidade e isolação térmica para a moradia.

4.5.3 Desempenho funcionalidade e acessibilidade da RCM

• A casa container possui pé direito mínimo de 2,50 m?

Constatou-se que a residência possui pequenas variações no pé direito, mas


nenhuma inferior a 2,52 m.

• Os ambientes da RCM estão compatíveis com o Quadro 03 - Móveis e


equipamentos-padrão apresentado na revisão bibliográfica?

Examinando a RCM mobiliada no dia 06/12/2017 para a exposição deste conceito de


construção a engenheiros, arquitetos e outros profissionais da região da grande BH,
foi constatado que a RCM atende com restrições ao requisito de desempenho de
funcionalidade da NBR 15575:2013.

Em relação ao dimensionamento dos cômodos tem se os seguintes parâmetros:

Dormir/Dormitório de casal: Já contempla em projeto, uma cama de casal Queen, um


guarda roupa e dois criados-mudos na lateral da cama.

(Dormir/Dormitório para duas pessoas (2º Dormitório): Não possui esta acomodação.

Dormir/Dormitório para uma pessoa (3º Dormitório): Não possui esta acomodação.

Estar: Possui área útil para a instalação de um sofá de dois lugares, uma poltrona e
contempla em projeto uma estante.

Cozinha: É contemplado em projeto, uma pia de cozinha, um armário sobre a pia, um


gabinete e apoio para refeição (2 pessoas). A área reservada para a geladeira tem a
dimensão de Altura: 1,08 m x Largura: 0,69 m x Comprimento: 0,71 m comportando
assim uma geladeira de 120 litros, conforme padrão de mercado e não comtempla
68

área para a instalação de um fogão convencional com gás e forno. Para este
empreendimento será utilizado um cooktop de duas bocas sobre a bancada central.

Alimentar/tomar refeições: Possui uma bancada central de granito instalada com


quatro cadeiras.

Fazer higiene pessoal: Contemplado em projeto, um lavatório, um chuveiro (box) e um


vaso sanitário.

Lavar, secar e passar roupas: Não possui esta acomodação.

Estudar, ler, escrever, costurar, reparar e guardar objetos diversos: Não possui esta
acomodação.

Foi observado que os armários, estante e cama deste empreendimento são com
moveis planejados, com o intuito de aproveitar ao máximo os ambientes, não
utilizando moveis de tamanho padrão.

4.5.4 Desempenho térmico da RCM

• O valor máximo diário da temperatura do ar no interior do ambiente que não


possua fontes internas de calor (ocupantes, lâmpadas, outros equipamentos em geral)
é menor ou igual ao valor máximo diário da temperatura do ar externo? Sabendo que,
no Quadro 05, apresenta que a temperatura máxima em BH/MG é 32º C para
desempenho.

Para averiguar este parâmetro foi utilizado um termo Higrômetro Digital MT-242
calibrado, verificando a temperatura externa ao ambiente, constou-se a temperatura
média de 31,4º C na jornada da pesquisa. Já no interior da residência efetuou-se a
aferição das temperaturas nos ambientes e constatou a máxima temperatura de
26,7ºC. Atendendo ao requisito.

• O valor mínimo diário da temperatura do ar no interior dos ambientes é maior


ou iguais à temperatura mínima externa acrescida de 3 °C?
69

A menor temperatura externa medida no período de exame foi de 24,2º C, sendo que,
acrescido os 3º C solicitado na norma, requer que o ambiente interno estive-se com
temperatura igual ou superior a 27,2º C. Mas, a máxima detectada foi de 26,7º C. Não
atendendo ao requisito na faixa de tempo do estudo.

• O ambiente promove uma taxa de ventilação do ambiente de 1 renovação/hora,


com uma taxa de renovação da cobertura de 1 renovação/hora?

Não foi possível evidenciar através de teste, o parâmetro da taxa de ventilação


renovada do ambiente, decorrendo a indisponibilidade do equipamento de medição
específico. Entretanto, foi verificado através da abertura das portas nos extremos da
RCM, que o layout do ambiente promove uma corrente de ar significativa, entrando
pela porta do quarto e saindo na porta da sala.

4.5.5 Desempenho acústico da RCM

• O ruído no dormitório está entre 35 db (A) (conforme) a 45 db (A) (Aceitável)?

A averiguação dos parâmetros acústicos foi realizada com um Decibelímetro Digital


de 40-130DB DL-1100 – ICEL calibrado. Para o levantamento do ruído no dormitório,
a janela e as portas permaneceram fechadas por um período de uma hora, obteve-se
a média de 36,9 db (A), como o máximo pontual de 44,7 db (A). Atendendo o
parâmetro de 35 db (A) (conforme) a 45 db (A) (Aceitável) no ambiente.

• O ruído na sala de estar está entre 40 db (A) (conforme) a 50 db (A) (Aceitável)?

A aferição do ruído na sala de estar, obteve-se com as portas do ambiente fechadas,


por um período de uma hora e alcançou o máximo pontual de 47,4 db (A) e a média
de 44,5 db (A). Atendendo o parâmetro de 40 db (A) (conforme) a 50 db (A) (Aceitável).

• Os ruídos externos a RCM está entre 55 db (A) (conforme) a 60 db (A)


(Aceitável)?
70

Verificando o ruído externo ao ambiente, obteve a média de 74,8 db (A) e o máximo


pontual de 91,7 db (A). Estas medidas ocorreram a uma distância de 9 metros de uma
das principais avenidas de BH, MG (Avenida Amazonas, 5643) no horário entre
11:35hs ás 12:35hs. Com estes parâmetros a área não atende a exigência da NBR
15575:2013. Porém, em relação a NR 15 atende ao parâmetro de ruído inferior a 85
db (A) permitindo permanência diária superior a 8 hs no local. Lembrando que o ruído
máximo pontual medido não foi classificado como intermitente, decorrente não haver
repetições nos intervalos medidos.

• Qual é a inteligibilidade de uma conversa em um ambiente primário, cujo o


interlocutor em um recinto adjacente utiliza o tom de voz alta e que possui neste uma
fonte secundaria com certo nível de ruído?

Para a classificação da inteligibilidade no ambiente interno da RCM, um interlocutor


se posicionou na sala e o outro no quarto, a uma distância entre eles de 8 metros.
Com a porta entre os ambientes fechada, foi mantida uma conversa por 3 minutos
com o tom de voz alta. Constatou-se prejuízo no entendimento da conversa,
classificando como: Audível: ouve, entende com dificuldade, tendo assim, o
isolamento sonoro, DnT,w de 40 (db).

• Em relação ao isolamento das fachadas e coberturas, constata-se que a


intensidade sonora nas áreas internas de dormitório atende aos limites apresentados
no Quadro 12 em relação a diferença do ruído?

O ambiente externo por ser uma avenida com grande movimento de veículos, foi
sinalizado como Classe de ruído III – Habitação sujeita a ruído intenso de meios de
transporte e de outras naturezas, desde que conforme a legislação.

Neste, conforme a avaliação apresentou ruído externo médio de 74,8 db (A) e o interno
médio de 36,9 db (A) no dormitório, obtendo uma variação de intensidade de 37,9 db
(A). Assim, o nível de desempenho classifica-se como intermediário.
71

4.5.6 Desempenho lumínico da RCM

• Com iluminação natural, os níveis de iluminação das acomodações da


residência atendem aos critérios do Quadro 12?

A verificação dos parâmetros lumínico realizou-se com um Luxímetro Digital de 0 a


200.000 Lux LD-540, calibrado. Em relação a iluminação natural da RCM, os níveis
de iluminação das acomodações da residência cumpriram as requisições da NBR
15575:2013. Obtendo os seguintes parâmetros:

Na sala de estar foi medido o nível médio de iluminação de 723 lux, no dormitório de
598 lux, na cozinha de 660 lux e no banheiro 392 lux. Nestes parâmetros todos os
ambientes foram classificados como superior.

• A diferença entre a iluminação externa x interna atende aos critérios do Quadro


16?

Verificando o ambiente externo, neste apresentou a média de 1020 lux na jornada de


medições e nos ambientes internos sinalizou 723 lux na sala de estar, no dormitório
de 598 lux, na cozinha de 660 lux e o banheiro 392 lux. A partir desta métrica, nos três
primeiros ambientes atingiram o menor percentual registrado de 58,63 % de variação,
sendo classificado como Mínimo e no banheiro de 38,43 %, considerando-o como
intermediário.

• Em relação a iluminação artificial, a intensidade geral de iluminação existente


nas diferentes dependências da residência atende aos critérios do Quadro 17?

Com base dos parâmetros do Quadro 17, todas as dependências da RCM foram
classificadas como superior, nestes foram verificados os seguintes níveis de
desempenho de iluminamento gerado por iluminação artificial: Sala de estar: 936
luxes, dormitório: 654 lux, banheiro: 554 lux e cozinha: 798 lux. Sendo considerado
superior neste quesito, os três primeiros cômodos por serem superiores a 200 lux e a
cozinha ultrapassar 400 lux.
72

4.5.7 Desempenho de estanqueidade da RCM

• O container possui manchas nas partes internas? Como se desempenha a


RCM em relação as exigências de estanqueidade?

Através de inspeção visual não foi identificado nenhuma mancha presente na parte
interna e externa da RCM. Para verificar o desempenho de estanqueidade, utilizou-se
uma mangueira projetando um jato continuo de água sobre a RCM e também nos
vãos que foram instaladas as portas e janelas.

Ao administrar o fluido sobre a RCM, foi identificado a ocorrência de acúmulo de água


sobre as cavidades superiores, mas não houve a percolação dentro do ambiente.

Em relação aos vãos das portas e janelas, ministrou-se jatos diretos perpendiculares,
não havendo a passagem de água para o interior das acomodações. Deve ser
ressaltado que em caso de chuva de vento, que promova jatos laterais nas portas e
janelas, estas promoverão a passagem do líquido para dentro da acomodação. Este
fato é devido ao afastamento de 5 mm entre os vidros nos trilhos de movimentação
das peças. Com isso, classifica-se a construção como estanque, com a ponderação
que em chuva de vento poderá haver a passagem de fluidos para o interior do
ambiente em casos excepcionais.

4.5.8 Vida útil do projeto da RCM

• O desempenho do sistema atende aos critérios relacionados a vida útil do


projeto (VUP) contemplados no Quadro 19?

Por ser um novo método construtivo no Brasil, como pouco histórico e estudos
relacionados ao desempenho da RCM, a vida útil do projeto (VUP) poderá ser
baseada conforme a durabilidade do sistema, considerando os materiais utilizados em
sua confecção apresentado no Quadro 19 em relação ao ambiente e variações
climáticas que serão expostos.
73

Quadro 19 - Materiais utilizados no sistema construtivo da RCM em estudo

Fonte: Autores (2018)

• O empreendimento possui manual de uso, operação e manutenção elaborado


conforme à norma ABNT NBR 14037:1998 para a entrega ao usuário?

Em relação ao manual de uso, operação e manutenção, item recomendado pela NBR


1575:2013 para ser entregue aos proprietários da RCM, não foi evidenciado a
presença desta documentação. Conforme o corpo técnico da empresa, este está em
processo de elaboração, mas não tem prazo para a finalização.

4.5.9 Qualificação da RCM em relação a NBR 15575:2013.

Observa-se no Quadro 20, que o projeto desta RCM se qualificou com algumas
ressalvas dentro das metas de desempenho de funcionalidade e acessibilidade, de
estanqueidade e de vida útil do projeto conforme parâmetros exigidos na NBR
15575:2013.
74

Quadro 20 - Parâmetros de desempenho

Fonte: Autores (2018)

As ressalvas apresentadas no Quadro 20 foram apresentadas ao corpo técnico da


empresa com objetivo de possíveis e viáveis adequações do projeto.

4.6 Etapas da construção em concreto armado

Para a construção de unidade residencial convencional em concreto armado, na


cidade de Ribeirão das Neves, região metropolitana de Belo Horizonte, a empresa
utilizou o projeto Arquitetônico de autoria da arquiteta Roberta Sapori e o projeto
estrutural de autoria da empresa Ribeiro Rigueira, desta forma, após fornecimento dos
devidos projetos executivos, realizou-se a construção da unidade pela Sader
Engenharia Ltda.

4.6.1 Características da unidade residencial

A unidade residencial estudada é composta de sala estar/jantar, cozinha, lavabo, área


de serviço coberta e área privativa no térreo, como apresenta a Figura 14 e 02 quartos,
02 banhos na cobertura, totalizando uma área construída de 68,13 m².
75

Figura 14 – Planta renderizada do 1° pavimento

Fonte: Sader Engenharia Ltda (2017)

Trata-se de uma unidade residencial com 2 pavimentos, contemplando no segundo


pavimento área limitada para dormitórios com respectivos banhos, como apresenta a
Figura 15.

Figura 15 – Planta renderizada do 2° pavimento

Fonte: Sader Engenharia Ltda (2017)

4.6.2 Implantação da residência em concreto armado

4.6.2.1 Local de implantação

Realizou-se a sondagem geotécnica do terreno, para emissão do relatório


estratigráfico, onde foi implantada a unidade residencial em concreto armado. A
sondagem foi uma etapa preliminar essencial, uma vez que, através da análise do
boletim estratigráfico possibilitou determinar a carga resistente do solo.
76

4.6.2.2 Serviços Preliminares

Contempla a criação dos projetos: elétrico, hidráulico e geotécnico (fundação). Após


a entrega destes, fora realizado o fechamento do terreno para início da execução da
fundação, assim como a implantação do canteiro de obras, conforme norma.

Os resíduos identificados nesta etapa, foram sobras de madeiras diversas, utilizadas


na implantação do canteiro de obras e fechamento do terreno, sobras de argamassas,
sacarias e embalagens, além de solos oriundos de escavação para regularização e
nivelamento de áreas específicas do canteiro de obras.

4.6.2.3 Infraestrutura e Fundação

Nesta etapa, realizou-se os elementos de fundação, conforme projeto executivo da


unidade. Foram escavados e concretados os tubulões, posteriormente compostos por
aço CA 50 e 60, de bitolas diversas e concreto Fck 30 Mpa. Após este processo,
realizou-se os blocos de coroamento e vigas de travamento.

O resíduo predominantemente observado, fora o solo oriundo das escavações dos


tubulões, assim como fragmentos de aço CA 50 e 60, madeiras utilizadas para as
formas dos blocos de coroamento e vigas de travamento.

4.6.2.4 Estrutura

Realizou-se nesta fase, as formas, armações e concretagem (concreto usinado Fck


25 Mpa) dos pilares, vigas e lajes maciças (piso, intermediária e cobertura), conforme
cronograma de planejamento, utilizando primordialmente materiais como, tábuas de
pinho, placas de compensado, pregos e arames recozidos para fixação das placas.

Identificou-se com predomínio, o resíduo de madeiras utilizadas no processo de forma


dos pilares, vigas e lajes. Entretanto, outros resíduos também foram observados,
como sobras de aço CA 50 e 60 de diversas bitolas, arames, pregos e fragmentos de
concreto seco.
77

4.6.2.5 Paredes de Vedações

Realizou-se as paredes de vedação em alvenaria, constituída de blocos cerâmicos


em dimensões diversas, entretanto, comumente foram feitas juntas de
aproximadamente 1 cm, em seguida, após tempo pré-determinado em projeto, foi
realizado o encunhamento das mesmas.

Foram notados os resíduos de blocos cerâmicos quebrados, sacaria das argamassas,


além da própria argamassa seca.

4.6.2.6 Cobertura

Realizou-se a imprimação da laje de cobertura, onde posteriormente foi executado a


impermeabilização com manta asfáltica 6 mm.

Pouco se observou de resíduo gerado neste passo, sendo somente a embalagem


plástica do primer.

4.6.2.7 Execução do projeto elétrico e hidrosanitário

Posteriormente a etapa de construção das paredes em alvenaria, realizou-se a


canalização dos dutos elétricos nas paredes em conduítes corrugados 3/4“, pois, na
etapa de concretagem das lajes, embutiu-se as caixas de passagem de teto,
permitindo a espera para pós concretagem. Concomitante a este processo, efetivou-
se a canalização da rede hidro sanitária em tubo de PVC de diversos diâmetros,
conforme projeto executivo. Ainda nesta etapa, foram instalados o cavalete de
hidrômetro, caixas de passagem e inspeção de esgoto, assim como instalação do
reservatório hidráulico.

Destacou-se como resíduo, os fragmentos de blocos cerâmicos provenientes dos


rasgos realizados nas paredes para passagem dos dutos elétricos e hidráulicos, assim
como fragmentos de concreto provenientes dos furos no piso para passagem da rede
de esgoto. Fragmentos de fios elétricos de diversas bitolas também foram descartados
nesta etapa, assim como fragmentos de tubos de PVC.
78

4.6.2.8 Emboço, reboco e contra piso

Ocorreu o chapisco de todas as paredes da unidade e também o chapisco estrutural,


realizado com argamassa ACIII nas vigas e pilares de concreto, posteriormente
realizou-se o emboço e reboco de todas as paredes da unidade, sendo o emboço
realizado em espessura mínima de 1,5 cm e máxima de 3,0. Após o reboco das
paredes, realizou-se os pontos de nível do piso e em seguida a execução o contra
piso de regularização com camada entre 3 e 5 cm.

Os resíduos predominantes, foram as sacarias de argamassas, além de fragmentos


da própria argamassa seca.

4.6.2.9 Esquadrias de portas e janelas

Foram instaladas esquadrias em vidro temperado 8 mm, sendo 04 (quatro) esquadrias


de janelas 1,00x1,20, e 03 (três) esquadrias de janela tipo báscula, para os banheiros
0,90x0,90, instalação de 07 (sete) marcos e portas, tipo prancheta, completas,
concomitantemente com a instalação de 01 bancada de cozinha e 3 (três) bancadas
de banheiro, em granito, além dos assentamentos das louças e metais.

Os resíduos ressaltados, foram pequenos fragmentos de perfis de alumínio e


fragmentos de madeiras oriundos da regularização dos marcos de porta, além de
sacarias e papelão das embalagens das louças e metais

4.6.2.10 Revestimento interno

Realizou-se revestimentos cerâmico nos pisos internos e externos (área de serviço),


constituindo-se com junta de dilatação 3 mm, totalizando 68,0 m² de assentamento
cerâmico. As paredes da cozinha, banhos e lavados também foram revestidos com
cerâmica, nível do piso ao teto, conservando a realização de junta 3mm, totalizando
86 m² de assentamento cerâmicos de parede. Em seguida, executou-se o devido
rejuntamento das peças. Simultaneamente foram assentadas as soleiras e peitoris em
granito e rodapés em cerâmica.
79

Predominantemente nesta etapa, foram destacados os resíduos de cerâmicas


partidas, assim como argamassa seca e a própria sacaria das mesmas, além de
embalagens gerais.

4.6.2.11 Revestimento externo

Externamente, realizou-se o chapisco e posteriormente o emboço externo.

Sacarias de argamassas utilizadas, além de fragmentos da própria argamassa seca,


foram observados como resíduo desta fase.

4.6.2.12 Emassamento e Pintura (Interna e Externa)

Executou-se o emassamento dos tetos e paredes com massa acrílica, posteriormente


foram lixadas para devida regularização e houve a pintura látex PVA na cor branco
neve. Externamente, realizou-se a pintura texturizada diretamente sobre o reboco.

Observou-se os resíduos das embalagens dos materiais utilizados, sendo estes,


embalagens plásticas, de papelão e metálicas, ao qual foram os recipientes das tintas.

4.6.2.13 Limpeza final

Ocorreu a limpeza do interior da unidade, em primeira instancia realizada a limpeza


pesada, onde fora retirada as sujeiras maiores, como respingos do revestimento. Em
seguida, houve a limpeza fina para entrega do empreendimento. Simultaneamente
efetivou-se a limpeza externa da unidade e a desmobilização da obra.

Nesta etapa, gerou-se vários tipos de resíduos, como, restos de cerâmicas ainda
existente no interior da unidade, plásticos de embalagens, ferramentas descartáveis,
madeiras do canteiro de obra, entre outros.
80

4.7 Custos e tempo

Os dados relacionados aos custos e ao tempo para a construção da residência em


concreto armado (RCA) e da residência em container marítimo (RCM) foram obtidos
a partir das planilhas, arquivos e informações fornecidas pela Sader Engenharia Ltda.
A empresa com o objetivo de verificar a viabilidade econômica do empreendimento
em container, realizou o levantamento através de parâmetros técnicos dos custos e
do tempo para a construção de um projeto similar ao RCM utilizando concreto armado.
A realização da análise destes, somente foi autorizado com a ressalva que nenhum
arquivo ou documento original seria divulgado sem o prévio tratamento.

Com o intuito de comparação efetiva dos dois tipos construtivos, os autores não
utilizaram os dados relacionados a infraestrutura. Esta ação almejou promover uma
checagem mais assertiva entre os processos, sem beneficiar uma ou outra
modalidade, por serem instaladas em solos com parâmetros geotécnicos diferentes.

Os demais dados foram tratados e consolidados em planilhas de custo e do tempo


por etapas, elaborados pelos autores. Estes foram transformadas em informação para
a confecção dos gráficos comparativos entre os métodos construtivos.

4.7.1 Custo construtivo

A primeira métrica comparativa foi o custo, verificou-se o gasto por etapas de cada
método e consolidou a variação econômica dos processos.

O valor para a execução da RCM é apresentado no Gráfico 01. Constata-se que a


etapa com maior dispêndio foi com os serviços preliminares e gerais que contemplou
a aquisição do container, seu transporte, a entrega e a elaboração dos projetos para
sua customização. O valor total para a construção desta residência foi de R$
46.398,22, ressaltando que neste valor, não contém os materiais e os serviços
relacionados a infraestrutura e para a aquisição do terreno.
81

Gráfico 01 - Custo da RCM

Fonte: Autores (2018)

O custo para a realização da RCA é apresentado no Gráfico 02, neste tipo construtivo
verifica-se que a etapa com maior desembolso também foi para os serviços
preliminares e gerais, que contempla todos os projetos relacionados a construção.
Para sua edificação consumiu-se R$ 59.126,19. Destaca-se que também não foram
considerados os gastos com materiais e serviços referentes a infraestrutura e para a
aquisição do terreno no valor apresentado.

Gráfico 02 - Custo da RCA

Fonte: Autores (2018)

A diferença dos valores entre processos construtivos é apresentada no Gráfico 03,


destacando o valor total e a variação das etapas mediante ao tipo construtivo.
Averiguou-se que a etapa de serviços preliminares e gerais consumiu R$ 6.790,00 a
mais na RCM em comparação a RCA. E a etapa de Estrutura na RCA desembolsou
R$ 6.718,17 além do gasto na RCM.
82

Gráfico 03 - Comparação dos custos da RCA x RCM

Fonte: Autores (2018)

Em relação aos custos finais nestes projetos, salienta que a RCM economizou R$
12,727,97 em relação a RCA, ratificando a afirmação de Kotnik (2008), onde o CM por
ser tratar de um material barato, reduzindo o custo final da obra.

4.7.2 Tempo construtivo

As etapas base para a elaboração do tempo de construção foram as mesmas


utilizadas para o estudo dos custos, gerando gráficos de tempo base para cada
atividade e as relacionado os desvios entre metodologias construtivas.

O Gráfico 04 apresenta o tempo de demanda para execução das etapas na


transformação para a RCM. Neste, verifica-se que os serviços preliminares e gerais
se destacaram, exigindo maior tempo, e a etapa do piso foi a que necessitou menor
tempo. Esta demanda de tempo foi decorrente aos processos burocráticos para a
aquisição e transporte do container, onerando 18,25 dias a sua execução. Já o piso
por vir instalado de fábrica no container, somente precisou do tratamento para lixar,
polir e envernizar, gerando um piso acabado para a moradia em um (1) dia.
83

Gráfico 04 - Tempo da RCM

Fonte: Autores (2018)

No tempo demandado para a construção da RCA, destaca-se com a tarefa dos


serviços preliminares e gerais preconizando 15 dias para sua execução, devido ao
tempo para a elaboração e a entrega dos projetos. E a etapa com menor tempo foi a
cobertura, carecendo de 2,5 dias, efetuando a imprimação da laje de cobertura e a
impermeabilização com manta asfáltica. Estas informações são apresentadas no
Gráfico 05.

Gráfico 05 - Tempo da RCA

Fonte: Autores (2018)

A comparação da variação do tempo referente a execução das etapas em cada


método construtivo é apresentada no Gráfico 06. Examina-se que a maior proporção
de tempo demandado nas execuções na RCA em relação a RCM foi para a estrutura,
exigindo 12 dias a mais. Já a atividade de serralheria na RCM necessitou 6,75 dias
além em relação a RCA. Variações estas, por se tratarem de tarefas especificas de
cada modelo construtivo.
84

Gráfico 06 - Comparação do tempo entre RCA x RCM

Fonte: Autores (2018)

Verifica-se que o tempo apontado na construção de uma RCA foi de 118,5 dias. Em
relação ao processo de aquisição e customização da RCM foi de 82 dias,
proporcionado um ganho de tempo de 36,5 dias em prol do RCM. Detectou-se na
RCM a redução das etapas iniciais de construção, devida à sua característica
autoportante, afirmada por Sócrates (2012). Já na RCA além de executa-las, esta
modalidade carece de tempo pré-determinado por norma para a cura do conjunto
estrutural.

4.8 Resíduos da construção

O levantamento do quantitativo de resíduos gerados em cada metodologia construtiva


foi realizado através da documentação da empresa Sader Engenharia Ltda, que
contratou caçambas de 6 m³ para descarte e armazenamento provisório dos materiais.
Já a qualificação dos resíduos gerados foi mediante a observação do conteúdo das
caçambas, promovendo a proporcionalidade do teor segundo visualização dos
materiais ao serem descartados conforme etapa do processo.

A elaboração do parâmetro comparativo ocorreu mediante a quantidade de resíduos


gerados (m³) em relação a área edificada (m²) de cada empreendimento, produzindo
o indicador de resíduo (m³) /área (m²). O Gráfico 07 apresenta os resíduos gerados
na customização do container para RCM. Observa-se que o resíduo predominando
neste modelo construtivo foi dos recortes de gesso acartonado utilizados para o
revestimento do teto e das paredes, proporcionando 0,134 m³/m² de resíduos.
85

Gráfico 07 - Resíduos da RCM

Fonte: Autores (2018)

Em relação a RCA constatou-se a maior quantidade de resíduo de madeira


provenientes de suas formas para concretagem, o que promoveu 0,313 m³/m². A
qualidade de resíduos em relação ao tipo de material é apresentada no Gráfico 08.

Gráfico 08 - Resíduos da RCA

Fonte: Autores (2018)

A comparação entre quantidades de resíduos em relação a metodologia construtiva e


o tipo que mais gerou proporcionalmente é apresentada no Gráfico 09.
86

Gráfico 09 - Comparação dos resíduos da RCA x RCM

Fonte: Autores (2018)

Na comparação apresentada no Gráfico 09, constata-se a proporção de madeira


0,310 m³/m² maior para a RCA, sendo a geração do resíduo de gesso acartonado
0,121 m³/m² superior na RCM.

Desconsiderando a classificação por tipo de material, verifica-se que a RCA produziu


1,428 m³/m² de resíduos no total, ocasionando uma geração de 0,823 m³/m² acima do
valor apresentado na RCM que foi de 0,605 m³/m² edificado.

4.9 Variações dos indicadores de custo, tempo e resíduos

Nos três (03) indicadores avaliados (quantidade de resíduos gerado, tempo e custo)
a RCM demonstrou vantagens em relação a RCA, de acordo com o cenário estudado
na Sader Engenharia Ltda e apresentado no Gráfico 10.
87

Gráfico 10– Comparação dos recursos da RCA x RCM

Fonte: Autores (2018)

A comparação dos resultados obtidos no estudo de caso possibilitou examinar as


variantes de cada processo construtivo, desta forma, analisando o Gráfico 10,
constata-se que a RCA demandou maior quantidade de recursos, gerando 0,823
m³/m² a mais de resíduos, necessitando de 1,228 dias/m² acima do tempo e 427,97
R$/m² além dos custos apresentados na RCM. Baseando no consumo de recursos,
tempo e geração de resíduos inferior na RCM, a metodologia construtiva mostra-se
alinhada com as considerações da Agenda 21, reduzindo impactos no meio ambiente
e atendendo as questões econômicas. Estando alinhado à afirmação de Kotnik (2008),
em que, a utilização do container reduz o custo final da obra e produz construções de
caráter sustentável.
88

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na importância de atenuar os impactos ambientais, sociais e econômicos, mediante


ao consumo de recurso não renovável na indústria da construção civil, surge a
necessidade de novos conceitos construtivos. Portanto, a grande disponibilidade de
Containers Marítimos (CM) descartados, proporciona o crescimento de sua utilização
na cadeia produtiva da indústria da construção civil nos próximos anos. Assim, o
desenvolvimento de projetos que reaproveitem este material, mostra-se uma
alternativa econômica e sustentável para a construção de residências, conforme os
pilares básicos do desenvolvimento sustentável exibidos por Agopyan (2011). A
inserção do CM na ICC apresenta-se com os princípios que regem a ecoeficiência
construtiva, tornando-se viável o seu reuso para fins residenciais.

A fase exploratória desta pesquisa evidências que sua transformação em residência,


promove benefícios como a redução dos descartes de CM no meio ambiente, menor
quantidade de recursos para sua customização em comparação a construção em
concreto armado e a diminuição da quantidade de resíduos gerados. Entretanto, as
particularidades e características da residência com container marítimo mostrou a
necessidade de uma avaliação prévia da viabilidade local, econômica e funcional.
Além disso, apresenta a demanda da análise crítica do projeto no que tange às
adequações da Norma de Desempenho.

Por sua vez, o CM apresenta diferencial de flexibilidade em relação a metodologia


construtiva em concreto armado, permitindo ser movimentado para qualquer ambiente
após sua construção, além da possibilidade de ampliação simplificada, devido sua
característica modular apresentada por Kotnik (2008). Entretanto, a reutilização do
mesmo, exige cuidados na escolha do CM e no recrutamento de mão de obra
especializada para realização das adaptações de projeto, além de exigirem reforços
estruturais quando são realizadas grandes aberturas em sua envoltória. Contudo a
reutilização do CM apresenta resultados satisfatórios quanto ao uso proposto.

Conforme os resultados obtidos neste panorama e considerando o tocante social, em


que famílias de baixa renda demandam moradias mais acessíveis ao seu poder
aquisitivo, advindo da popularização das novas metodologias construtivas que primam
89

pela maior agilidade e o baixo custo. Com a utilização de containers marítimos para
construção de residências, poderá ocorrer a redução dos déficits habitacionais, além
de promover o desenvolvimento econômico dos novos empreendedores.

Deve ser ressaltado que através da quebra dos paradigmas construtivos e do


desenvolvimento científico, poderão surgir métodos que impactem positivamente para
a redução dos resíduos e no consumo de recursos. Logo, a modalidade de RCM,
apresenta-se tecnicamente pouco explorada, porém, com as inovações, este método
resultará no incentivo ao engajamento sustentável e na proeminente responsabilidade
ambiental presente na rotina da sociedade pensadas em prol das futuras gerações e
no reaproveitamento de estruturas descartadas. Com isso, exigindo menos recursos
da natureza e gerando consequentemente menor quantidade de resíduos de obra.
Também podendo promover ganhos econômicos com uma solução construtiva rápida
e de baixo custo.

Conclui-se que a amostra estudada, neste cenário, promoveu ganhos ao meio


ambiente e proporcionou a análise de uma tecnologia alternativa que sinalizou um
grande potencial da reutilização do Container Marítimo na construção de residências,
podendo contribuir para o incremento na racionalização de recursos e na
sustentabilidade das edificações brasileiras.
90

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94

ANEXO

ANEXO A – Artigo publicado no 1° Congresso Sul-Americano de resíduos sólidos e


Sustentabilidade – Gramado/RS
REUTILIZAÇÃO DE CONTAINERS MARITIMOS NA CONSTRUÇÃO DE
RESIDÊNCIAS: BENEFÍCIOS NO CONSUMO DOS RECURSOS E GERAÇÃO DE
RESÍDUOS SOLIDOS

Enderson Luís Amorim (*), Gescica Kiara de Oliveira (*), Jocilene Ferreira da Costa, Jouber Paulo Ferreira
* Faculdade de Engenharia de Minas Gerais; [email protected]; [email protected]

RESUMO
A nova relação entre o ser humano e o meio ambiente, que preconiza atender as demandas presentes, sem impactar as
gerações futuras, denomina-se desenvolvimento sustentável. Conforme a necessidade de melhorar o nível de consumo da
população e diminuir o impacto ambiental dos assentamentos humanos no planeta, houve inúmeras conferências mundiais
que geraram protocolos internacionais com o objetivo de rever as metas e elaborar mecanismos para o desenvolvimento
sustentável. Mediante a importância de atenuar os impactos econômicos e ambientais, naturais e sociais, causados pelo
aspecto de alto consumo de recursos e matéria prima não renovável na indústria da construção civil, surge a necessidade
de novos conceitos construtivos. O presente estudo tem por objetivo identificar e a analisar os benefícios da reutilização
do container marítimo (CM) nas construções residenciais, com ênfase na redução do cronograma de execução, consumo
de recursos e geração de resíduos sólidos. Adotando abordagem qualitativa, exploratória e estudo de caso. A amostra foi
a unidade de container marítimo, modelo high cube 40' customizada para residência. A análise dos dados procedeu através
da consolidação dos documentos fornecidos pela empresa Sader Engenharia Ltda, comparando-os às referências
bibliográficas. Para isso, foram elaboradas pelos autores planilhas de controle base que promoveram a criação de gráficos,
quadros e textos descritivos para elucidar as principiais vantagens e desvantagens da construção de residência com a
utilização do CM. Os resultados demostraram que seu reuso apresenta-se compatível com os princípios que regem a
ecoeficiência construtiva e proporciona redução de recursos, portanto, torna-se viável para fins residenciais. Assim, com
a quebra de paradigmas e a conscientização para a reutilização do container marítimo, uma quantidade acentuada de
resíduos sólidos deixará de ser gerada. Conforme dados do World Shipping Council (2014), mais de dezoito milhões de
containers estão sendo utilizados no mundo, e 5% destes são descartados anualmente. Utilizados corretamente na
construção civil, a vida útil de um container marítimo pode chegar a até 100 anos.

PALAVRAS-CHAVE: Sustentabilidade, Ecoeficiência, Resíduo, Container, Produtividade

ABSTRACT
The new relationship between human beings and the environment that advocates meeting current demands without
negatively impacting future generations is called Sustainable Development. Following the need to improve population’s
consumption and reduce the environmental impact of human settlements in the planet, many international protocols were
created with the goal of revising the objectives and elaborating mechanisms for sustainable development. To mitigate the
economic, environmental, natural, and social impacts caused by exacerbated consumption of non-renewable resources
from civil engineering construction, comes the need for new concepts in construction. Through a qualitative, exploratory
case study, this paper aims to identify and analyze the benefits of reusing intermodal containers as a mean of residential
constructions, emphasizing savings in execution schedule, resources usage and solid waste generation. The sample used
was a high cube 40’ intermodal container, made into a residential construction. All data analysis was based on documents
provided by Sader Engenharia Ltda and bibliographic references. To identify and illustrate the main advantages and
disadvantages of this alternative construction mode, spreadsheets, graphics, and descriptive texts were elaborated. The
results show that intermodal container reuse is compatible with the principles that guide ecoefficiency in civil
construction, yielding resources savings and thus being appropriate for residential application. According to the World
Shipping Council (2014) more than 18 million intermodal containers are being used in the world, and 5% of those are
disposed every year. If used correctly in civil construction, the lifespan of a container can reach up to a hundred years.

KEY WORDS: Sustainability, Ecoefficiency, Solid waste, Intermodal Container, Productivity

INTRODUÇÃO
A nova relação entre o ser humano e o meio ambiente, que preconiza atender as necessidades presentes, sem impactar as
gerações futuras, denomina-se desenvolvimento sustentável. Porém, a realidade das práticas sustentáveis nas execuções
das construções civis, ainda é vista como incógnita no setor de modo geral, sendo que Laurino (2012) pesquisador da
Fundação Dom Cabral, relata que no Brasil, cerca de 30% de todo material utilizado na construção civil é desperdiçado.

IBEAS - Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais 1


Contudo, este setor possui papel fundamental no cenário econômico e social dos países, decorrente de sua capacidade de
impulsionar as taxas de emprego, investimento e renda.

Basicamente as construções de edifícios e residências no Brasil constituem-se em concreto armado, estruturas pré-
moldadas em concreto e metal. Dentre os resíduos sólidos provenientes dos diversos setores econômicos, existe o
Container Marítimo (CM), sendo este, detentor de propriedades que favorecem a sua inserção na cadeia produtiva da
construção civil.

A utilização do Container Marítimo na Indústria da Construção Civil (CM-ICC) é considerada uma alternativa para
fabricação de residências e empreendimentos comerciais. Sua característica estrutural pode reduzir etapas construtivas e
consequentemente o consumo de insumos como: água, areia, brita, cimento, madeira, energia dentre outros, remetendo a
aspectos de redução do tempo, custo da construção, impactos ambientais e sociais, afirmando a necessidade da
transformação da conduta humana em prol da preservação e manutenção dos recursos necessários para a longevidade das
futuras gerações.

Aportado nesta perspectiva, o estudo tem o objetivo de analisar uma modalidade construtiva pouco disseminada no Brasil,
enfatizando a necessidade de mudanças e a quebra de paradigmas com os novos conceitos construtivos, convergindo para
uma visão que preconiza ajustar os processos e as práticas de execução inerentes a indústria da construção civil aos
parâmetros de sustentabilidade.

OBJETIVOS
O presente estudo tem por objetivo identificar e a analisar os benefícios da reutilização do container marítimo (CM) nas
construções residenciais, com ênfase na redução do cronograma de execução, consumo de recursos, geração de resíduos
sólidos e o atendimento a Norma de desempenho – NBR 15575:2013.

METODOLOGIA
Conforme Gil (2016) os métodos científicos são um conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos objetivando
alcançar uma meta. Sendo confirmado por Lakatos (1993), que os define como a junção de operações mentais e processos
adotados nas investigações que seguem linha lógica.

Fundamentando-se este estudo, nos conceitos relacionados à metodologia científica, a pesquisa classifica-se como
aplicada, por basear-se no conhecimento prático para a solução do problema pontual que se constitui em como utilizar na
modalidade construtiva, o resíduo container, oriundo do descarte marítimo, após atingir sua vida útil no transporte de
cargas.

Adotando para este, abordagem qualitativa, por se tratar de ramo pouco difundido no Brasil, exibindo restrições
bibliográficas, legislação nacional específica e de construtoras que utilizem o CM como elemento estrutural para
edificações.

Sua classificação quanto aos fins enquadra-se como exploratório, devido ao pouco conhecimento acumulado para a
utilização dos containers marítimos como metodologia construtiva para residências. E em quanto aos meios, enquadra-se
como estudo de caso por proporcionar conhecimento amplo sobre um tipo específico de sistema construtivo.

O universo pesquisado constitui-se de uma empresa de Belo Horizonte/MG atuante na indústria da construção civil, a
qual possui entre os seus segmentos de negócios a utilização de containers como sistema construtivo para residências. A
amostra foi a unidade de container marítimo, modelo high cube 40’.

Para a elaboração do estudo, foram realizadas visitas às dependências da empresa, especialmente ao galpão, onde ocorre
a estruturação e a transformação do CM em residência. Ocorreram entrevistas semiestruturadas aos engenheiros
responsáveis pelo projeto e pesquisas documentais no arquivo empresarial.

A análise dos dados procedeu através da consolidação dos documentos fornecidos pela empresa, comparando-os as
referências bibliográficas. Para isso, foram criadas pelos autores, planilhas de controle base, incluindo quantitativos de
recursos, tempo de execução, exigências de desempenho e geração de resíduos. Promovendo a criação de gráficos, tabelas

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e textos descritivos para elucidar as principiais vantagens e desvantagens da construção de residência com a utilização do
CM.

RESULTADOS
Para a construção de residência em Belo Horizonte – MG, a empresa Sader Engenharia Ltda utilizou como base, um
container High Cube de 40 pés, remodelando-o para residência unifamiliar de 29,74 m² (Comprimento: 12,19m, largura
2,44 m e altura: 2,9 m). Neste, é contemplado um quarto, um banheiro e uma cozinha conjugada com a sala, conforme
Figura 1.

Figura 1: Renderização da RCM. Fonte: Sader Engenharia Ltda.

Para a aquisição do container marítimo deste projeto, o proprietário da Sader Engenharia contatou a empresa especializada
em vendas de container marítimo, a qual possui sede na cidade de Santos-SP. Nesta, foi realizada triagem do CM,
eliminando os containers que possuíam visivelmente ataques químicos e principalmente chapas danificadas, o que
acarretaria interferência direta no prumo das paredes internas e a redução do espaço útil da residência em container
marítimo (RCM).

O CM foi transportado da cidade de Santos - SP para Belo Horizonte - MG através de carreta com adaptação de pino
Lock, sendo descarregado no galpão da empresa Sader Engenharia por meio de caminhão munck. Este local é equipado
com oficina de serralharia, em condições para evitar ocorrências climatéricas desfavoráveis, permitindo maior controle
dos defeitos da produção e maximizando o rendimento em comparação aos trabalhos efetuados diretamente no canteiro
de obra.

Em relação a logística para a instalação do CM no local, considerou-se primordialmente a altura da rede elétrica pública,
a dimensão das vias de acesso e o horário de menor trânsito de veículos, com o objetivo de permitir a manobra da carreta
e do caminhão munck. Estas analises foram cruciais para a viabilização do projeto.

A Figura 02 apresenta o CM adquirido e instalado na oficina de serralheria.

Figura 2: Container marítimo adquirido. Fonte: Sader Engenharia Ltda.

IBEAS - Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais 3


Para a customização do container, foram utilizados: 01 (um) serralheiro, 01 (um) ajudante de serralheria, 01 (um)
eletricista, (02) engenheiros, 02 (dois) oficiais e 02 (dois) auxiliares. Sendo os processos contidos nesta transformação:
abertura dos vãos e reforços estruturais; canalização dos dutos de eletricidade, água e esgoto; instalação de esquadrias de
portas e janelas; instalação dos revestimentos internos em drywall e manta em lã de vidro para o isolamento termo
acústico; revestimento externo com manta em lã de vidro e placas cimentícias revestidas em ecogranito; revestimento
cerâmico nas paredes do banheiro e na parede da cozinha; emassamento e pintura das paredes e tetos internos; e o
tratamento e acabamento do piso existente em compensado naval.

Os resíduos predominantes gerados nos processos, consistiram em recortes, pedaços e fragmentos de: aço corten; PVC;
conduítes; gesso acartonado; lã de vidro; tubo metálico, embalagens de papelão; ecogranito; cerâmica branca; perfis
metálicos; pó de madeira e embalagem metálica dos produtos utilizados (tintas, verniz, entre outros).

A Figura 03 apresenta a RCM finalizada.

Figura 3: Residência em container marítimo. Fonte: Sader Engenharia Ltda.

Como não há legislação específica brasileira para a construção da RCM, seguiu-se as leis vigentes relacionadas a
edificações, dentre estas, a NBR 15575:2013 - Norma de desempenho para construção residencial.

A verificação dos parâmetros de desempenho, se deu mediante a aferição das características térmicas, acústicas, lumínica
e de umidade no local de sua instalação, localizado em uma das principais avenidas de Belo Horizonte, MG (Avenida
Amazonas). As medições foram realizadas no período entre 09:05 hs ás 16:25 hs, em momentos variados durante a jornada
da pesquisa e em pelo menos seis pontos distintos da área ao redor da residência e em seu interior.

O atendimento as exigências de desempenho da RCM estudada são apresentadas no Quadro 1.

Quadro 1. Parâmetros de desempenho da RCM. Fonte: Autor do Trabalho.

4 IBEAS - Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais


Os dados relacionados aos custos e ao tempo para a construção da residência em concreto armado (RCA) e da RCM foram
obtidos a partir das planilhas, arquivos e informações fornecidas pela Sader Engenharia Ltda, que objetivando verificar a
viabilidade econômica do empreendimento em container, realizou o levantamento através de parâmetros técnicos dos
custos e do tempo para a construção de um projeto similar ao RCM utilizando concreto armado.

Com o intuito da comparação mais efetiva dos dois tipos construtivos, os autores não utilizaram os dados relacionados a
infraestrutura. Esta ação almejou promover uma checagem mais assertiva entre os processos, sem beneficiar uma ou outra
modalidade, por serem instaladas em solos com parâmetros geotécnicos diferentes.

Referente aos custos, verifica-se que a realização da RCA exigiu R$ 59.126,19, sendo que a etapa, Paredes e vedações,
nesta modalidade construtiva exibiu a maior variação, desembolsando além R$ 6.718,07 em relação a RCM. Já a RCM
demandou R$ 46.398,22, apresentando uma variação no custo final de R$ 12.727,97, conforme apresentado por etapas
no Figura 4.

Figura 4: Comparação dos custos da RCA x RCM. Fonte: Autor do Trabalho.

Ressalta-se que nestes valores, não são contemplados os materiais e serviços relacionados a infraestrutura e a aquisição
do terreno.

As etapas consideradas para a elaboração dos custos foram as mesmas utilizadas para o estudo do tempo. Verifica-se que
o prazo apontado na construção de uma RCA foi de 118,5 dias. Enquanto a RCM exigiu 82 dias, contemplando o processo
de aquisição e customização, proporcionado uma diferença de 36,5 dias, conforme demonstrado no Figura 5.

Figura 5: Comparação do tempo entre RCA x RCM. Fonte: Autor do Trabalho.

O levantamento do quantitativo de resíduos gerados em cada metodologia construtiva realizou-se através da


documentação da Sader Engenharia Ltda, que contratou caçambas de 6 m³ para descarte e armazenamento provisório dos
materiais. Já a qualificação dos resíduos gerados, ocorreu mediante a observação do conteúdo das caçambas, promovendo
a proporcionalidade do teor segundo visualização dos materiais ao serem descartados conforme etapa do processo.

IBEAS - Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais 5


A elaboração do parâmetro comparativo, sucedeu mediante a quantidade de resíduos gerados (m³) em relação a área
edificada (m²) de cada empreendimento, produzindo o indicador de resíduo (m³) /área edificada (m²). A Figura 6 apresenta
a comparação entre a quantidade de resíduos em relação a metodologia construtiva e a variação da proporção gerada.

Figura 6: Comparação dos resíduos da RCA x RCM. Fonte: Autor do Trabalho.

Na comparação apresentada na Figura 06, constata-se a proporção de madeira 0,310 m³/m² maior para a RCA, sendo a
geração do resíduo de gesso acartonado 0,121 m³/m² superior na RCM.

Desconsiderando a classificação por tipo de material, verifica-se que a RCA produziu 1,428 m³/m² de resíduos no total,
ocasionando uma geração de 0,823 m³/m² acima do valor apresentado na RCM que foi de 0,605 m³/m² edificado.

CONCLUSÕES
A utilização de container marítimo apresenta-se compatível com os princípios que regem a ecoeficiência construtiva,
portanto, torna-se viável o seu reuso para fins residenciais. A reutilização deste como residência, promove benefícios,
como a redução do seu descarte no meio ambiente, menor quantidade de recursos para sua customização em comparação
a construção em concreto armado e a diminuição da quantidade de resíduos gerados.

Observa-se que o projeto desta RCM, qualificou-se com algumas ressalvas dentro das metas de desempenho de
funcionalidade e acessibilidade, estanqueidade e vida útil do projeto, conforme parâmetros exigidos na NBR 15575:2013,
apresentando vantagens em relação a RCA nos três (03) indicadores avaliados (quantidade de resíduos gerado, tempo e
custo) conforme o cenário estudado nesta empresa e ilustrado na Figura 7.

Figura 7: Comparação dos recursos da RCA x RCM. Fonte: Autor do Trabalho.

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Conforme os resultados obtidos neste panorama e considerando o tocante social, no qual famílias de baixa renda
demandam moradias mais acessíveis ao seu poder aquisitivo, advindo da popularização das novas metodologias
construtivos que primam a maior agilidade e o baixo custo, poderá ocorrer a redução dos déficits habitacionais, além de
promover o desenvolvimento econômico dos novos empreendedores.

Por sua vez, o CM apresenta diferencial de flexibilidade em relação a metodologia construtiva em concreto armado,
permitindo ser transportado para qualquer outro ambiente após sua construção.

Deve-se ressaltar que, através da quebra dos paradigmas e do desenvolvimento científico, surgirão métodos construtivos
que impactem positivamente para a redução dos resíduos e consumo de recursos, consolidando os conceitos de
sustentabilidade à realidade das práticas executivas do setor da construção civil.

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