Contratos em Geral Parte IV

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DIREITO CIVIL

Contratos em Geral – Parte IV

SISTEMA DE ENSINO

Livro Eletrônico
DIREITO CIVIL
Contratos em Geral – Parte IV
Carlos Elias

Apresentação..................................................................................................................3
Contratos em Geral – IV..................................................................................................5
1. Classificação quanto ao Risco da Prestação. . ...............................................................5
2. Classificação quanto à Negociação das Partes............................................................6
2.1. Definição...................................................................................................................6
2.2. Utilidade................................................................................................................... 7
3. Classificação quanto ao Momento do Cumprimento. . ..................................................8
3.1. Categorias.................................................................................................................8
3.2. Utilidades.................................................................................................................9
4. Classificação quanto à Designação da Lei. . .................................................................17
5. Classificação quanto à Disciplina Legal......................................................................17
6. Classificação quanto à Independência do Contrato.................................................... 18
6.1. Contratos Autônomos. ............................................................................................ 19
6.2. Contratos Conexos................................................................................................. 19
7. Extinção dos Contratos.............................................................................................29
7.1. Formas de Extinção................................................................................................29
7.2. Resolução por Inadimplemento: Definição.............................................................. 31
7.3. Resilição Unilateral................................................................................................ 31
7.4. Resilição Bilateral ou Distrato................................................................................33
7.5. Cláusula Resolutiva e a Resolução por Inadimplemento.........................................34
Questões de Concurso................................................................................................... 37
Gabarito........................................................................................................................ 41
Gabarito Comentado. .....................................................................................................42

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Contratos em Geral – Parte IV
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Apresentação

Olá!

Sempre digo isto: eu quero que você não apenas passe, mas também seja nomeado no

concurso. E, por isso, você precisa acertar as questões mais difíceis, pois elas te colocarão

em vantagem em relação aos concorrentes.

Nesta aula, eu continuarei tratando das classificações de contratos apontando as suas

utilidades, sempre com olhos no que é cobrado em concurso.

Vamos lá!

Resumo

Amigo(a), quem tem pressa deve ler, ao menos, este resumo e, depois, ir para os exercí-
cios. É fundamental você ver os exercícios e ler os comentários, pois, além de eu aprofundar o
conteúdo e tratar de algumas questões adicionais, você adquirirá familiaridade com as ques-
tões. De nada adianta um jogador de futebol ter lido muitos livros se não tiver familiaridade
com a bola.
Seja como for, o  ideal é você ler toda a teoria, e  não só o resumo, para, depois, ir às
questões.
• Quanto ao risco da prestação, o contrato oneroso (apenas o oneroso) pode ser classi-
ficado como comutativo (proveito econômico buscado pelas partes é pré-estimado) ou
aleatório (proveito econômico depende da sorte);
• Quanto à negociação das partes, o  contrato pode ser paritário (ambas as partes têm
poder de negociar as cláusulas do contrato) ou de adesão (uma das partes só tem po-
der de aderir ou não às cláusulas contratuais redigidas pela outra parte);
• Quanto ao momento do cumprimento, o  contrato pode ser de execução instantânea
(pagamento no ato da celebração), de execução diferida (pagamento em um único mo-
mento futuro) ou de trato sucessivo (pagamento em várias parcelas futuras);

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• Em contratos de execução diferida ou continuada, a  teoria da imprevisão autoriza a


resolução ou a revisão do contrato que sofreu superveniente perturbação no seu equi-
líbrio econômico nos termos dos arts. 317 e 478 do CC;
• Quanto à independência, os contratos podem ser autônomos (um contrato não influi no
outro) ou conexos (um contrato influi no outro);
• Os contratos conexos podem ser:
– subcontrato;
– acessório;
– normativo;
– coligado;
– relacional ou de execução cativa de longa duração;
– preliminar ou pré-contrato;
• Resolução é a extinção do contrato por justo motivo, como o inadimplemento.
• Resilição é a extinção do contrato por vontade das partes. Pode ser unilateral (vontade
só de uma parte – art. 473 do CC) ou bilateral (vontade de ambas as partes).

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CONTRATOS EM GERAL – IV

1. Classificação quanto ao Risco da Prestação

Na classificação do contrato quanto ao risco da prestação, há duas espécies de contra-

tos onerosos: o comutativo (= pré-estimado) ou o aleatório. Essa classificação não se aplica

para contratos gratuitos, pois aí a parte que faz um sacrifício patrimonial não está buscando

proveito patrimonial algum.

No contrato comutativo, o proveito econômico buscado pela parte não depende da álea

(sorte, acaso): é pré-estimado. Assim, ao comprar um imóvel por R$ 500.000,00, o vendedor

está almejando um proveito patrimonial pré-estimado, que esse preço do bem.

No contrato aleatório, o proveito econômico buscado pela parte dependerá da álea.

Os contratos aleatórios podem ser:

• Emptio spei (compra de esperança): a parte assume o risco quanto à existência da coi-

sa (art. 458 do CC), a exemplo do jogo de loteria;

• Emptio rei speratae (compra de coisa esperada): a parte assume o risco somente quan-

to à quantidade da coisa, mas não quanto à sua existência, de sorte que só não será

devido o pagamento do preço se a coisa não vier a existir (art. 459 do CC);

• Compra de coisa sujeita a risco: a parte assume o risco quanto à subsistência da coisa

submetida a risco (arts. 460 e 461 do CC), a exemplo da compra de um cavalo doente.

Vale a pena a leitura dos dispositivos supracitados:

Art. 458. Se o contrato for aleatório, por dizer respeito a coisas ou fatos futuros, cujo risco de não
virem a existir um dos contratantes assuma, terá o outro direito de receber integralmente o que lhe
foi prometido, desde que de sua parte não tenha havido dolo ou culpa, ainda que nada do avençado
venha a existir.
Art. 459. Se for aleatório, por serem objeto dele coisas futuras, tomando o adquirente a si o risco de
virem a existir em qualquer quantidade, terá também direito o alienante a todo o preço, desde que
de sua parte não tiver concorrido culpa, ainda que a coisa venha a existir em quantidade inferior à
esperada.

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Parágrafo único. Mas, se da coisa nada vier a existir, alienação não haverá, e o alienante restituirá
o preço recebido.
Art. 460. Se for aleatório o contrato, por se referir a coisas existentes, mas expostas a risco, assu-
mido pelo adquirente, terá igualmente direito o alienante a todo o preço, posto que a coisa já não
existisse, em parte, ou de todo, no dia do contrato.
Art. 461. A alienação aleatória a que se refere o artigo antecedente poderá ser anulada como dolo-
sa pelo prejudicado, se provar que o outro contratante não ignorava a consumação do risco, a que
no contrato se considerava exposta a coisa.

É evidente que o credor tem dever de boa-fé e de prudência, de modo que, se houver culpa
ou dolo dele na consumação do risco, não haverá dever de pagamento do valor pactuado.
Além do mais, se o devedor já sabia da consumação do risco no momento da celebração
do contrato aleatório, ele estará a enganar a outra parte, o  que ensejará a anulabilidade do
negócio jurídico por dolo (arts. 145 e 461 do CC).
A compra de ações de sociedades anônimas na Bolsa de Valores não é necessaria-
mente um contrato aleatório, pois o preço da ação corresponde ao seu valor de mercado:
o proveito econômico buscado pelo investidor é predefinido, ou seja, não depende da álea.
A oscilação posterior do preço da ação é irrelevante para esse efeito. Todavia, é possível
que a compra de ações seja feita como um contrato aleatório, como sucede no caso de
compra de opções. Nesse caso, o investidor estabelece que fixa um preço que pagará pela
ação, mas só a receberá no futuro, quando, a depender da sorte do consumidor, o valor da
ação poderá ser maior ou menor. O proveito econômico buscado pelo investidor aí depende
da álea.

2. Classificação quanto à Negociação das Partes

2.1. Definição

Levando em conta o poder de influência de cada parte na redação do contrato, é possível


classificar os contratos como paritário ou de adesão.
No contrato paritário, as partes estão em pé de igualdade no poder de influenciar a reda-
ção do contrato. O poder de barganha é similar; ambos os contratantes possuem liberdade no
delineamento das condições contratuais.

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No contrato de adesão (= contrato por adesão ou contrato standard), as  cláusulas con-
tratuais são redigidas preponderantemente por uma das partes, de modo que só sobra para a
outra contentar-se em aderir ou não ao contrato. Há duas vontades para o contrato se aper-
feiçoar, mas a vontade de uma das partes limita-se a aderir ou não ao contrato. O poder de
influência na redação do contrato pertence prioritariamente a apenas uma das partes. O fato
de uma ou outra cláusula poder ser alterada ou ressalvada por influência da parte aderente
não desnatura o caráter “de adesão”, pois o que importa é a supremacia de força negocial de
uma das partes. O art. 54, § 1º, do CDC, confirma isso.
Os contratos de adesão são comuns atualmente. Grandes empresas, que fornecem pro-
dutos e serviços padronizados aos consumidores (como o de telefonia, o de venda de celula-
res etc.), não negociam o teor das cláusulas contratuais com os consumidores, deixando-lhes
apenas a oportunidade de aceitar ou não o contrato. Os contratos de adesão não se limitam
aos casos envolvendo o Código de Defesa do Consumidor. Mesmo entre empresas, é comum
haver contratos de adesão, como sucede entre franqueadores e a franqueados.

2.2. Utilidade

Nos contratos de adesão, como uma das partes não possui poder de influência na re-
dação do contrato, a  legislação e a jurisprudência deferem-lhe alguns direitos destinados a
equilibrar a força negocial entre as partes e evitar abusos de direito (verdadeiros abusos de
poder) pela parte mais forte. O aderente é vulnerável nesse tipo de contrato. Isso justifica a
edição de leis de ordem pública, como o Código de Defesa do Consumidor e a Lei do Inquilina-
to, para proteger a parte mais vulnerável. Além do mais, mesmo sem haver uma lei específica,
é  possível valer-se da vedação ao abuso de direito previsto no Código Civil (art.  187) para
tornar nula cláusulas que imponham deveres exagerados à parte aderente. Há outras regras
previstas no Código Civil para proteção do aderente.
Vamos ver alguns exemplos.
Em primeiro lugar, se o texto de alguma cláusula contratual for ambígua ou contraditória,
deve prevalecer a interpretação mais favorável ao aderente diante da presunção absoluta de
que este teria tido essa compreensão do contrato e diante da necessidade de punir a parte

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que tinha o poder de redigir o conteúdo das cláusulas (art. 423 do CC). Trata-se de uma varia-
ção do in dubio pro misero (na dúvida, a favor do mais fraco).
Em segundo lugar, é nula a cláusula de contrato de adesão que imponha ao aderente uma
renúncia a direito inerente ao contrato, como a renúncia ao direito de pleitear indenização no
caso de inadimplemento (art. 424 do CC).
Em terceiro lugar, em contratos de adesão, ainda que não envolva consumidor, a cláusula
de eleição de foro pode ser considerada nula, por abuso de direito (art. 187 do CC), se a parte
aderente for financeiramente mais frágil (hipossuficiência) e se o foro escolhido para deman-
das judiciais for em local diverso do domicílio dessa parte. O  acesso à Justiça pela parte
aderente é prejudicado por essa estipulação abusiva. Veja este julgado:

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. EXCEÇÃO DE INCOMPE-


TÊNCIA. CONTRATO DE CONCESSÃO COMERCIAL. CLÁUSULA DE ELEIÇÃO DE FORO.
VALIDADE. HARMONIA ENTRE O ACÓRDÃO E A JURISPRUDÊNCIA DO STJ. SÚMULA 83/
STJ. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.
1. Nos termos da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, não demonstrada a
hipossuficiência da parte e o risco de comprometimento da sua defesa, é perfeitamente
válida a cláusula que estipula a eleição de foro em contrato de adesão.
2. Agravo regimental a que se nega provimento.
(STJ, AgRg no AREsp 843.970/RS, 3ª Turma, Rel. Ministro Marco Aurélio Bellizze DJe
12/05/2016).

Outras cláusulas de contrato de adesão podem ser consideradas abusivas no caso con-
creto com fundamento no art. 187 do CC, sem necessidade de invocação do CDC.

3. Classificação quanto ao Momento do Cumprimento

3.1. Categorias
Celebrado o contrato, nascem as obrigações para as partes. O cumprimento dessa obri-
gação (ou seja, o pagamento ou adimplemento) corresponde simplesmente à fase de execução

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desse ato jurídico perfeito. A depender do momento em que ocorrerá esse pagamento, o con-
trato pode ser classificado como de execuções instantânea, diferida ou continuada. Essa
mesma classificação é estendida para as obrigações.
O contrato de execução instantânea é quando o pagamento (a execução) é no ato da cele-
bração do contrato. É o vulgo pagamento à vista. É comum nas compras de lanches: o cliente
entrega o dinheiro e recebe imediatamente o alimento.
O contrato de execução diferida é quando o pagamento ocorre em um momento no futuro,
em uma única parcela. É  comum em compra de móveis para casa ou de veículos novos: o
vendedor se compromete a entregar o produto alguns dias depois da celebração do contrato.
É comum também em serviços: o prestador do serviço (como o de um show) cumprirá o seu
dever horas ou dias depois da celebração do contrato (que, muitas vezes, se materializa pela
compra de um “ingresso” para assistir ao show). Outro exemplo está em várias espécies de
contratos de venda de produtos agrícolas que ainda serão colhidos (venda de safra futura): o
vendedor compromete-se a entregá-los em um momento futuro.
O contrato de execução continuada, também chamado de contrato de trato sucessivo,
é  quando o pagamento ocorre em várias parcelas futuras. É  comum nos contratos de em-
préstimo bancário: o cliente devolverá, com juros remuneratórios, o dinheiro emprestado em
várias parcelas futuras.

3.2. Utilidades
Nos contratos de execução diferida ou continuada, há um espaço de tempo entre a data
da celebração do contrato e o seu pagamento. Mudanças fáticas podem acontecer nesse
interstício de modo a desequilibrar o contrato. Ao celebrar um contrato, está implícito que as
partes cumprirão as suas obrigações se “as coisas permanecerem como estavam” (rebus sic
standibus)1. Os contratos possuem implicitamente essa cláusula rebus sic standibus. Quem
1
A vida é assim. Mesmo num casamento, as partes prometem amar a outra se rebus sic standibus: se o marido passar a
espancar a esposa, ela poderá vir a pedir divórcio alegando que a sua promessa de permanecer junto até a morte pressu-
punha que o comportamento respeitoso que o marido tinha antes do casamento não iria mudar. Também na física e na
química, as pesquisas levam em conta a preservação das circunstâncias que envolvem os experimentos, do que dá prova
a famosa categoria CNTP (condições normais de temperatura e pressão). Em outros ramos do saber, como na economia,
costuma-se usar a expressão coeteris paribus para designar que a validade de uma afirmação pressupõe a preservação
do contexto do momento.

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contrai um financiamento bancário e se compromete a pagar prestações mensais ao banco


implicitamente está supondo que o valor dessas parcelas não aumentará significativamente
em razão de alguma crise macroeconômica que venha a acometer um país. O Direito é atento
para isso e, por isso, prevê meios autorizadores da revisão ou da resolução do contrato em
situações excepcionais de mudanças fáticas relevantes, a  exemplo da teoria da imprevisão
para as relações contratuais em geral e da teoria do rompimento das bases objetivas para as
relações envolvendo consumidor. Trata-se de uma exceção ao velho princípio do pacta sunt
servanda, por flexibilizar uma obrigação assumida pela parte.

Teoria da Imprevisão

Definição

Questão 1 (VUNESP/PROCURADOR/DPE-AM/2018) Nos contratos por execução continu-


ada, a resolução por onerosidade excessiva só poderá ser alegada em casos de extrema van-
tagem para uma das partes, decorrentes de eventos previsíveis.

Errado.
É preciso atender todos os requisitos do art. 473 do CC, um dos quais é a imprevisibilidade do
evento superveniente, e não a previsibilidade, como sugere a questão.

Vamos explicar melhor.


Em contratos de execução diferida ou continuada, a teoria da imprevisão autoriza a reso-
lução ou a revisão do contrato que sofreu superveniente perturbação no seu equilíbrio econô-
mico. Não se pode falar em teoria da imprevisão nos contratos de execução instantânea por
inexistir hiato de tempo entre a sua celebração e o momento do pagamento.

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Segundo os arts.  317, 478, 479 e 480 do CC, em conjunto com a leitura que a doutrina
desses dispositivos à luz do princípio da conservação do negócio jurídico, a parte prejudicada
pode pleitear a resolução ou a revisão do contrato quando a prestação se tornar manifesta-
mente onerosa em razão de um fato superveniente, imprevisível, extraordinário e causador,
desde que a outra parte esteja tendo uma extrema vantagem. Trata-se da teoria da imprevi-
são, também batizada como “resolução por onerosidade excessiva” pelo Código Civil2. A re-
visão do contrato consiste em mudanças nas condições da obrigação, como redução do seu
valor (descontos), parcelamentos da dívida ou a alteração dos prazos de vencimento. Vale a
pena a leitura desses retrocitados preceitos:

Art.  317. Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre o valor da
prestação devida e o do momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de
modo que assegure, quanto possível, o valor real da prestação.
Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se
tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimen-
tos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da
sentença que a decretar retroagirão à data da citação.
Art. 479. A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar equitativamente as con-
dições do contrato.
Art.  480. Se no contrato as obrigações couberem a apenas uma das partes, poderá ela pleitear
que a sua prestação seja reduzida, ou alterado o modo de executá-la, a fim de evitar a onerosidade
excessiva.

Por uma interpretação literal dos arts. 317, 478, 479 e 480 do CC, a revisão do contrato
tem de ser pedida por qualquer uma das partes, seja pelo autor, seja pelo réu. Para Farias e
Rosenvald (2015, p. 566), se é o réu que pretende a revisão contratual no lugar da resolução,
haveria aí uma espécie de pedido de contraposto. Entendemos, porém, que se trata de uma
defesa parcial: o autor pede a resolução do contrato, mas o réu pede menos, ou seja, apenas
a revisão do contrato. Não consideramos que há um pedido contraposto, pois não se está a
pretender a condenação do autor da ação.
Seja como for, o juiz não pode, de ofício, revisar o contrato, desprezando a vontade de am-
bas as partes. No mínimo, ele, tem de ouvir as partes, como o autor, e obter o consentimento
de qualquer deles para conservar o negócio. Não enxergamos obstáculos a que o juiz, de

2
Título da Seção IV que reúne os arts. 478 ao 480 do CC.

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ofício, intime as partes para manifestar-se acerca de conveniência de uma revisão equitativa
do contrato no lugar de sua revisão, de maneira que, com o consentimento de qualquer das
partes, o juiz poderá seguir esse caminho compatível com o princípio da conservação do ne-
gócio jurídico. É nesse sentido que se deve ler o Enunciado n. 367/JDC:

Em observância ao princípio da conservação do contrato, nas ações que tenham por objeto a re-
solução do pacto por excessiva onerosidade, pode o juiz modificá-lo equitativamente, desde que
ouvida a parte autora, respeitada a sua vontade o observado o contraditório.

A presença dos requisitos legais, como a imprevisibilidade, deve levar em conta as parti-
cularidades dos contratantes e do contexto da época, como destaca o Enunciado n. 438/JDC:

A revisão do contrato por onerosidade excessiva fundada no Código Civil deve levar em conta a
natureza do objeto. Nas relações empresariais, observar-se-á a sofisticação dos contratantes e a
alocação dos riscos por eles assumidas com o contrato.

Teoria da Imprevisão e os Contratos Aleatórios

Em contratos aleatórios, não se pode falar em teoria da imprevisão, salvo se a excessiva


onerosidade decorrer de fato que não estava abrangido pelo elemento aleatório do contrato.
O texto do Código Civil não exclui textualmente os contratos aleatórios do campo da teoria
da imprevisão, mas implicitamente o faz em relação aos elementos aleatórios do contrato.
É esse o entendimento depositado no Enunciado n. 439/JDC: “É possível a revisão ou a reso-
lução por excessiva onerosidade em contratos aleatórios, desde que o evento superveniente,
extraordinário e imprevisível não se relacione com a álea assumida no contrato”.
Se a onerosidade excessiva advém de evento totalmente alheio ao risco assumido pela
parte no contrato aleatório, a teoria de imprevisão poderá ser aplicada.
Isso justifica o Enunciado n. 35/JDC, que cuida de contratos aleatórios envolvendo verda-
deiros “chutes”: “Não haverá revisão ou resolução dos contratos de derivativos por imprevisi-
bilidade e onerosidade excessiva”.

Teoria da Imprevisão e os Contratos Unilaterais

Ainda que o contrato envolva obrigação apenas para uma das partes (contratos unilate-
rais), como se dá no mútuo feneratício – em que o mutuário tem de restituir o dinheiro com
juros remuneratórios –, é aplicável a teoria da imprevisão por força do art. 480 do CC.

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Teoria da Imprevisão e os Contratos Gratuitos

Não há obstáculo a que se aplique a teoria da imprevisão para os contratos gratuitos, seja
por falta de restrição legal, seja por inexistir justo motivo para impor ao generoso um regime
jurídico mais severo do que estabelecido a uma parte de um contrato oneroso.

Extraordinariedade

O fato causador do desequilíbrio contratual tem de ser extraordinário, ou seja, tem de es-
tar alheio ao campo de risco assumido pelas partes, como ensina o Enunciado n. 366/JDC: “O
fato extraordinário e imprevisível causador da onerosidade excessiva é aquele que não está
coberto objetivamente pelos riscos próprios da contratação”.

Imprevisibilidade

A imprevisibilidade do fato superveniente é requisito essencial e se caracteriza quando se


tratar de fato que foge ao controle da prudência de um indivíduo comum. A imprevisibilidade
não abrange fatos que se inserem dentro dos riscos comuns (ordinários) dos indivíduos. Por
exemplo, o desemprego, ainda que involuntário, ou uma crise financeira pessoal, não é fenô-
meno imprevisível, pois a visão prudencial de qualquer um antevê esses infortúnios.
O STJ não considerou imprevisível o advento de uma praga que destruiu parcialmente a
plantação de soja do Estado de Goiás, porque se tratava de uma praga que já havia acometido
a região em outras ocasiões, de modo que, apesar de essa praga ter catapultado o preço de
mercado da soja em razão das regras de “oferta e da procura”, os agricultores continuaram
obrigados a venderem as sojas colhidas pelo preço generoso que, antes mesmo da colheita,
havia sido prefixado (STJ, REsp 945.166/GO, 4ª Turma, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, DJe
12/03/2012).
Também não há imprevisibilidade se as partes, mesmo após os históricos de maxivalo-
rização do dólar americano em relação ao real na década de 1990, fixam o preço na moeda
norte-americana e, posteriormente, se deparam com uma desvalorização cambial significati-
va do real de modo a tornar muito onerosa a prestação. Vale a pena ler este julgado:

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RECURSO ESPECIAL. CIVIL. AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO DE COMPRA E VENDA.


DÓLAR AMERICANO. MAXIDESVALORIZAÇÃO DO REAL. AQUISIÇÃO DE EQUIPAMENTO
PARA ATIVIDADE PROFISSIONAL. AUSÊNCIA DE RELAÇÃO DE CONSUMO. TEORIAS
DA IMPREVISÃO. TEORIA DA ONEROSIDADE EXCESSIVA. TEORIA DA BASE OBJETIVA.
INAPLICABILIDADE.
1. Ação proposta com a finalidade de, após a maxidesvalorização do real em face do
dólar americano, ocorrida a partir de janeiro de 1999, modificar cláusula de contrato de
compra e venda, com reserva de domínio, de equipamento médico (ultrassom), utilizado
pelo autor no exercício da sua atividade profissional de médico, para que, afastada a
indexação prevista, fosse observada a moeda nacional.
2. Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza, como destinatá-
rio final, produto ou serviço oriundo de um fornecedor. Por sua vez, destinatário final,
segundo a teoria subjetiva ou finalista, adotada pela Segunda Seção desta Corte Supe-
rior, é aquele que ultima a atividade econômica, ou seja, que retira de circulação do mer-
cado o bem ou o serviço para consumi-lo, suprindo uma necessidade ou satisfação pró-
pria, não havendo, portanto, a reutilização ou o reingresso dele no processo produtivo.
Logo, a relação de consumo (consumidor final) não pode ser confundida com relação de
insumo (consumidor intermediário).
Inaplicabilidade das regras protetivas do Código de Defesa do Consumidor.
3. A  intervenção do Poder Judiciário nos contratos, à  luz da teoria da imprevisão ou
da teoria da onerosidade excessiva, exige a demonstração de mudanças supervenien-
tes das circunstâncias iniciais vigentes à época da realização do negócio, oriundas
de evento imprevisível (teoria da imprevisão) e de evento imprevisível e extraordinário
(teoria da onerosidade excessiva), que comprometa o valor da prestação, demandando
tutela jurisdicional específica.
4. O  histórico inflacionário e as sucessivas modificações no padrão monetário experi-
mentados pelo país desde longa data até julho de 1994, quando sobreveio o Plano Real,
seguido de período de relativa estabilidade até a maxidesvalorização do real em face do
dólar americano, ocorrida a partir de janeiro de 1999, não autorizam concluir pela impre-
visibilidade desse fato nos contratos firmados com base na cotação da moeda norte-a-
mericana, em se tratando de relação contratual paritária.
5. A teoria da base objetiva, que teria sido introduzida em nosso ordenamento pelo art. 6º,
inciso V, do Código de Defesa do Consumidor – CDC, difere da teoria da imprevisão por

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prescindir da previsibilidade de fato que determine oneração excessiva de um dos con-


tratantes. Tem por pressuposto a premissa de que a celebração de um contrato ocorre
mediante consideração de determinadas circunstâncias, as  quais, se modificadas no
curso da relação contratual, determinam, por sua vez, consequências diversas daquelas
inicialmente estabelecidas, com repercussão direta no equilíbrio das obrigações pactu-
adas. Nesse contexto, a intervenção judicial se daria nos casos em que o contrato fosse
atingido por fatos que comprometessem as circunstâncias intrínsecas à formulação do
vínculo contratual, ou seja, sua base objetiva.
6. Em que pese sua relevante inovação, tal teoria, ao dispensar, em especial, o requisito
de imprevisibilidade, foi acolhida em nosso ordenamento apenas para as relações de
consumo, que demandam especial proteção. Não se admite a aplicação da teoria do diá-
logo das fontes para estender a todo direito das obrigações regra incidente apenas no
microssistema do direito do consumidor, mormente com a finalidade de conferir amparo
à revisão de contrato livremente pactuado com observância da cotação de moeda
estrangeira.
7. Recurso especial não provido.
(STJ, REsp 1.321.614-SP, Rel. originário Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Rel. para acór-
dão Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, DJe 3/3/2015).

Os casos acima não se estendem para relações envolvendo consumidor, pois aí não se
aplicaria a teoria da imprevisão, e sim a teoria do rompimento das bases objetivas, para a qual
é irrelevante a imprevisibilidade do evento.

Extrema Vantagem

O art. 478 do CC exige, como requisito, que haja extrema vantagem da outra parte com a
onerosidade excessiva. A doutrina flexibiliza esse requisito, admitindo que a sua demonstra-
ção não seja plena, como dá conta o Enunciado n. 356/JDC:

A extrema vantagem de que trata o art. 478 deve ser interpretada como elemento aci-
dental da alteração das circunstâncias, que comporta a incidência da resolução ou da
revisão do negócio por onerosidade excessiva, independentemente de sua demonstra-
ção plena.

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Em princípio, o mero fato de a outra parte não sofrer prejuízos efetivos com o desequilíbrio
contratual superveniente já seria uma extrema vantagem. Se, por exemplo, em razão de uma
inusitada crise monetária, o  valor da prestação a ser paga por uma parte catapulta-se para
patamares elevadíssimos, pode-se afirmar que o credor está com uma extrema vantagem por
ser prestigiado com a obtenção da correção monetária integral da prestação.

Caso Especial de Imprevisão: Contrato de Empreitada

Em contrato de empreitada, o inciso II do art. 625 do CC prevê um caso específico de teo-


ria da imprevisão, autorizando o empreiteiro a suspender a obra se, durante a sua execução,
deparar-se com dificuldades imprevisíveis que torne a empreitada excessivamente onerosa,
desde que o dono da obra não se disponha a aceitar o correspondente reajuste do preço. É o
caso, por exemplo, de, ao construir uma casa, o empreiteiro deparar-se com uma rocha sub-
terrânea que, apesar das cautelas comuns de planejamento de obras, não havia sido identifi-
cada e cuja perfuração triplicaria o preço total da obra.

Teoria do Rompimento das Bases Objetivas do Negócio Jurídico (CDC)

Por força do art. 6º, V, do CDC, em relação de consumo, não se aplica a teoria da imprevi-
são, e sim a teoria do rompimento das bases objetivas do negócio, segundo a qual, havendo
fato superveniente que torne a prestação manifestamente onerosa, o consumidor poderá pe-
dir a resolução ou a revisão do contrato. Trata-se de proteção dada ao consumidor apenas,
e não ao fornecedor, que só terá a teoria da imprevisão a favor de si.
Para a teoria do rompimento das bases objetivas, não se exige que o evento seja extra-
ordinário nem imprevisível. Não se exige tampouco a extrema vantagem para a outra parte.
Bastam dois requisitos: fato superveniente e prestação manifestamente onerosa para o con-
sumidor. O  CDC, diante da vulnerabilidade do consumidor, contém uma presunção absoluta
de que qualquer evento futuro já seria extraordinário e imprevisível para consumidor, razão
por que lhe dispensou de comprovar esses requisitos.

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4. Classificação quanto à Designação da Lei

Os contratos podem ser nominados, quando possuem designação (nomen iuris) atribuí-
da em lei, ou inominados, quando não o possuem. Essa classificação não se gaba de grande
utilidade prática a não ser a de servir como uma mera indicação didática das várias espécies
contratuais.
Não se pode confundir essa classificação, que leva em conta a existência de nome legal
do contrato, com a de tipicidade do contrato, que considera a presença de uma disciplina legal
para a dinâmica do contrato.

5. Classificação quanto à Disciplina Legal

Tomando em consideração a existência de regulamentação legal do contrato, ou seja, de


regras disciplinando a dinâmica do contrato, pode-se batizar os contratos como típicos ou
atípicos. A utilidade na classificação dos contratos em típicos e atípicos é apenas didática:
presta-se a posicionar os juristas na legislação, apontando-lhe quais dispositivos legais de-
vem ser consultados para cada tipo de contrato.
Contrato típico é aquele que possui regulamentação legal. O  Código Civil, por exemplo,
disciplina vários contratos nos arts. 481 ao 853, como os de compra e venda, o de doação etc.
Contrato atípico é aquele que não possui regulamentação legal. É  fruto da vontade das
partes, que podem criar contratos, desde que observem as regras de ordem pública do orde-
namento ou, nas palavras do art. 425 do CC, “as normas gerais fixadas”.
Contrato misto é o decorrente da mistura de um contrato típico com outros típicos ou com
cláusulas estipuladas pelas partes. É um único contrato, uma única avença, em cuja estrutura
se encontram elementos de um ou mais contrato típico com ou sem cláusulas de contratos
atípicos.
Há controvérsia em definir se os contratos mistos são, na verdade, contratos atípicos. Há
três correntes: (1) os contratos atípicos abrangeriam os contratos mistos, pois não possuem
respaldo legal; (2) trata-se de contratos típicos com acréscimos de contratos atípicos; (3)
cuida-se de categoria autônoma, distinta das de contratos típicos e atípicos.

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Preferimos a primeira corrente, a de que os contratos mistos são espécies de contratos
atípicos, pois isso dá um resultado prático: permitirá a incidência do art. 425 do CC, que exi-
ge que esses contratos observem as regras gerais do Código. Com base nesse dispositivo,
os contratos mistos teriam de observar as regras gerais do Código e, por analogia, as regras
específicas dos contratos típicos que os compõem. De fato, a  doutrina majoritária entende
pela aplicação, por analogia, das regras dos contratos típicos aproveitados pelo contrato mis-
to (Coelho, 2010, p. 74).
Um exemplo de contrato misto é o mútuo consensual, que aproveita o contrato típico de
mútuo e acrescenta-lhe a obrigação de o mutuante entregar a coisa fungível por força do
contrato (o que não ocorre no mútuo típico previsto no CC, o qual é contrato real e, portanto,
nasce com a entrega da coisa, e não com um mero acordo de vontades).
Para Fábio Ulhoa Coelho (2010, pp. 72-74), o  contrato de locação em Shopping Center
é um contrato misto, pois aproveita elementos do contrato típico de locação, mas acresce
particularidades fruto da vontade das partes, como a sujeição ao tenant mix3, a necessidade
de participação em associação. Concordamos com isso, pois, apesar de o art.  54 da Lei n.
8.245/1991 prever esse contrato e estabelecer que deve prevalecer o pactuado pelas partes,
a lei não dá uma regulamentação mínima do contrato e deixa o seu conteúdo ao sabor das
partes. O contrato de locação em Shopping Center é nominado (pois o referido dispositivo o
batiza), mas não é típico, por falta de regulamentação legal mínima.
Por fim, cabe fazer uma distinção. Geralmente, os contratos típicos são também nomina-
dos, e os contratos atípicos são inominados. Há, porém, exceções. O contrato de locação de
garagem, por exemplo, é nominado – porque batizado pelo art. 1º, parágrafo único, da Lei n.
8.245/1991 –, mas não é típico, por não possuir tratamento normativo mínimo na legislação
(Tartuce, 2007, p. 44). Há, porém, juristas que mesclam as classificações, enxergando apenas
duas categorias: os contratos típicos ou nominados, de um lado, e os contratos atípicos ou
inominados, de outro lado.

6. Classificação quanto à Independência do Contrato

Levando em conta a dependência de um contrato em relação a outro, os contratos podem


ser autônomos ou conexos. Há várias espécies de contratos conexos, especialmente os contratos
3
Necessidade de a organização das lojas serem de tal modo que não haja concorrência predatória. Ex.: proibir colocar uma
loja-âncora de venda de sapatos ao lado de uma pequena loja de venda de sapatos também.

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acessórios, os subcontratos, os pré-contratos, os contratos relacionais, os contratos norma-


tivos, os contratos coligados e os contratos relacionais.

6.1. Contratos Autônomos


Os contratos autônomos são aqueles que não dependem um do outro, razão por que ví-
cios de um não podem influir nos demais. Se os contratos autônomos forem formalizados no
mesmo instrumento, tem-se uma mera “união de contratos”, o  que não afasta a autonomia
dos contratos. De fato, em um mesmo instrumento, pode haver vários contratos (ex.: em um
mesmo papel, podem ser redigidos vários contratos). Isso, por si só, não afasta a autonomia
dos contratos, mas indica apenas uma “união de contratos”, ou seja, uma opção dos contra-
tantes em “economizar papel”.

Exemplo: João celebra com Maria dois contratos: um de locação de um imóvel e um de venda
de um carro. Não há vínculo entre os contratos, ainda que eles tenham sido escritos no mesmo
papel (formalizados no mesmo instrumento). Se o contrato de locação for anulado, isso não
influenciará o contrato de venda.

6.2. Contratos Conexos

Contratos conexos são aqueles que guardam, entre si, interligação de dependência, de
sorte que a existência, a validade e a eficácia de um contrato podem influir nos demais (“efeito
dominó”). Não necessariamente haverá “efeito dominó”, mas isso dependerá da lei, do pacto
ou do juízo de razoabilidade no caso concreto.
Há vários tipos de conexões contratuais, o que é sistematizado nas várias espécies con-
tratos conexos que trataremos mais abaixo, a saber: os contratos conexos, os subcontratos,
os contratos normativos, os coligados, os relacionais e os preliminares.

Contrato Acessório

Contrato acessório é aquele cuja validade depende da do principal. Ex.: fiança é contrato
acessório a um contrato principal (de mútuo ou de locação, por exemplo).

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Como os contratos são conexos, a  sorte de um pode influenciar no outro. Conforme a


segunda parte do art. 184 do CC, se o contrato principal for nulo, também a fiança o será. To-
davia, se a fiança for nula, isso não gerará nulidade do contrato principal, mas, a depender do
caso concreto, o credor do contrato principal poderá exigir uma nova garantia ou até mesmo
requerer o vencimento antecipado da dívida.

Subcontrato

O subcontrato é a terceirização do objeto de outro contrato principal, seja para permitir


que terceiro frua do objeto, seja para que o terceiro cumpra total ou parcialmente o objeto. Em
outras palavras, um dos contratantes subcontrata um terceiro.
Por exemplo, se, após celebrar um contrato de empreitada para edificar uma casa, o em-
preiteiro contrata uma outra empresa para construir essa casa ou parte dela (como instalar o
encanamento, a fiação elétrica etc.), há uma subempreitada com essa empresa, que cumprirá
total ou parcialmente o objeto do contrato principal.
Outro exemplo é a sublocação, que ocorre quando o locatário subloca o bem a um terceiro,
que fruirá o bem. Se o contrato é personalíssimo, nenhum dos contratantes pode subcontra-
tar, sob pena de descumprir o contrato (inadimplemento contratual). Se o contrato não for
personalíssimo, o subcontrato deve ser admitido, salvo pacto diverso.

Contrato Normativo

O contrato normativo ou “guarda-chuva” é aquele que pré-fixa, de forma geral, as  regras
de futuros e eventuais contratos derivados. O objeto do contrato normativo é apenas estabe-
lecer as “normas” de futuros contratos derivados. As partes não são obrigadas a celebrar os
contratos derivados, mas, ao celebrarem, terão a facilidade de as suas regras já estarem pre-
definidas no contrato normativo. Em uma palavra, o contrato normativo dá agilidade na cele-
bração de contratos derivados, poupando as partes de enfrentarem novos embates negociais.
Um exemplo de contrato normativo é aquele em que o banco e o cliente pactuam um va-
lor máximo a ser emprestado, com os respectivos encargos (juros, prazo etc.), autorizando o
cliente, durante um determinado prazo, a tomar o empréstimo no valor que quiser até o prazo

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final estipulado no contrato normativo. O  banco disponibiliza um “crédito” que o cliente, se


quiser, pode obter por meio de um contrato derivado a ser celebrado dentro do prazo pactu-
ado no contrato normativo. Trata-se de opção oportuna para, por exemplo, cliente que está
precisando de “crédito” para financiar a construção de sua casa e que, durante a execução da
obra, precisará “sacar” dinheiro parcial. Esse cliente pode celebrar um contrato normativo e
poderá realizar os “saques” (os contratos derivados) à medida que for precisando de dinhei-
ro4. As partes podem instituir garantias reais (hipotecas, penhor etc.) no contrato normativo.
A propósito, no mercado bancário, esses contratos normativos de pré-aprovação de derivados
contratos de mútuo são designados de contratos de abertura de limite de crédito e, no âmbito
do Sistema Financeiro Nacional, essas avenças são regulamentadas pelos arts. 3º e seguin-
tes da Lei n. 13.476/20175, que foi fruto da conversão da Medida Provisória n. 775/2017.

Contrato Coligado e as Redes Contratuais

Questão 2 (CESPE/JUIZ/TRF-5ª/2013) Considere que Pedro tenha celebrado com Arnaldo


dois contratos coligados: um principal, cujo objeto é um lote com uma casa edificada para
moradia, e outro secundário, cujo objeto são dois lotes contíguos àquele, para instalação de
futura área de lazer. Nessa situação, de acordo com a jurisprudência do STJ, a falta de paga-
mento integral do preço relativo ao segundo contrato pode levar à resolução do primeiro, em
razão da dependência entre os negócios jurídicos, cujos efeitos estão interligados.

Errado.
Apesar de se poder falar em contratos coligados no caso acima, não necessariamente have-
rá o efeito dominó. O STJ, nesse caso, não o aceitou (STJ, REsp 337.040/AM, 4ª Turma, Rel.
Ministro Ruy Rosado de Aguiar, DJ 01/07/2002). Vamos retornar a esse caso mais à frente.
4
Há bancos que oferecem esse serviço entregando um cartão para o cliente, que, à medida que for precisando do dinheiro,
poderá usar o cartão e pagar o valor obtido dentro das condições pactuadas no contrato normativo (prazo de pagamento,
juros remuneratórios etc.).
5
Vale fazer remissão ao Projeto de Lei do Senado n. 141, de 2017, que busca regulamentar esses contratos de abertura de
limite de crédito no âmbito do Sistema Financeiro Nacional. Consideramos que parte do seu objeto se perdeu (foi prejudi-
cado) com o advento da Lei n. 13.476/2017.

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Antes, porém, vamos explicar mais a matéria.


Os contratos coligados podem ser definidos como aqueles que guardam um vínculo de
dependência causal e funcional entre si, de modo que um contrato não seria celebrado se não
fosse o outro. Nos contratos coligados, uma mesma operação econômica é realizada por meio
da celebração de vários contratos coligados. Ex.: para a operação econômica de aquisição de
um veículo, o consumidor pode celebrar vários contratos: o de compra do veículo, o de mútuo e
o de alienação fiduciária do veículo para o mutuante. Não há necessidade de cláusula contra-
tual expressa para identificar a coligação contratual, a exemplo das usuais cláusulas de cross
default (inadimplemento cruzado), que estabelece uma espécie de “efeito dominó” no caso
de inadimplemento de um contrato6. A coligação é identificada na razão de ser dos contratos.
Os contratos coligados são uma espécie de contratos conexos, assim entendidos aqueles
que não são autônomos por manterem uma interconexão entre si. Como contrato conexo,
é possível que a inexistência, a invalidade ou a ineficácia de um contrato coligado influa nos
demais, repercussão essa que batizamos de “efeito dominó”. É preciso, no entanto, analisar
cada caso concreto para se definir quais influências recíprocas deve haver entre os contratos
coligados. Todas as cláusulas dos contratos conexos devem ser interpretadas conjuntamen-
te e em compatibilidade com a finalidade negocial no caso concreto, conforme defendido na
VIII Jornada de Direito Civil. Essa análise depende da lei, do contrato ou da razoabilidade.
A existência de vários contratos coligados gera o que a doutrina designa de rede con-
tratual, expressão que é mais utilizada quando os contratos coligados envolvem diferentes
sujeitos.
A título de exemplo, se uma operadora telefônica concede um desconto na aquisição de
um aparelho telefônico pelo fato de o cliente ter contratado determinado serviço de telefonia
móvel, deixando de lado a eventual caracterização de prática abusiva de venda casada (o STJ
chegou a manter a TIM ao pagamento de R$ 400.000,00 a título de dano moral coletivo por
essa prática7), o fato é que haverá aí dois contratos coligados: o de compra e venda de um
aparelho telefônico e o de prestação de serviço de telefonia móvel. Nessa hipótese, caso a
operadora telefônica não cumpra seu dever de prestar o serviço de telefonia móvel (por exem-
plo, o sinal não funciona), seria razoável assegurar ao cliente que reivindicasse não apenas
6
Schreiber, 2018, p. 434.
7
STJ, REsp 1397870/MG, 2ª Turma, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, DJe 10/12/2014.

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a resolução do contrato de prestação de serviço, mas também, se quiser, o de aquisição do


aparelho telefônico.
Também é comum haver contratos coligados quando em alguns contratos comerciais.
Por exemplo, uma multinacional de revenda de cerveja (ex.: a Ambev) poderia celebrar com
um pequeno estabelecimento vários contratos coligados, como, por exemplo, o de compra e
venda de cerveja, o de marketing exclusivo da marca da cerveja, o de comodato de cadeiras
e mesas etc. Eventual resolução de um contrato (por exemplo, a  multinacional não fornece
as cervejas, descumprindo o contrato de compra e venda) pode acarretar a resolução dos
demais.
É comum chegarem casos em que há coligação contratual, como, por exemplo, na hipóte-
se de aquisição de imóveis sob financiamento bancário e com a intermediação de um corre-
tor. Nesses casos, podem-se enxergar, no mínimo, três contratos coligados:
• o de compra e venda do imóvel, celebrado entre o proprietário do imóvel e o adquirente;
• o de corretagem, firmado entre o proprietário do imóvel e o corretor; e
• o de mútuo oneroso, entabulado entre o adquirente e a instituição financeira.

A coligação contratual poderá dar ferramentas teóricas para a defesa do adquirente do


imóvel. Por exemplo, se ocorrer a evicção do imóvel (um terceiro reivindica o imóvel, por exem-
plo), pode-se eventualmente pleitear a resolução do contrato de mútuo sem que se conside-
re o mutuário como culpado, especialmente se a instituição financeira tiver alguma relação
negocial com o vendedor (como sucede nas hipóteses de obras financiadas por uma deter-
minada instituição financeira). Em situações similares, o STJ, servindo-se ainda do princípio
da solidariedade entre os fornecedores, já entendeu que a instituição financeira que mantém
vínculo com o vendedor pode ser considerada solidariamente responsável pelos danos cau-
sados por este último. Ex.: banco “Fiat” financia a aquisição de um veículo em concessionária
da Fiat. Esse entendimento do STJ somente é admitido quando há vínculo negocial entre a
instituição financeira e o vendedor8. Se não houver vínculo negocial entre a instituição finan-
ceira e o vendedor, não há o “efeito dominó”9.
8
Nesse sentido: STJ, REsp 1379839/SP, 3ª Turma, Rel. Ministra Nancy Andrighi, Rel. p/ Acórdão Min. Paulo de Tarso San-
severino, DJe 15/12/2014; STJ, AgRg no AREsp 688.771/RJ, 3ª Turma, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, DJe 03/02/2016.
9
Nesse sentido: STJ, REsp 1342145/SP, 3ª Turma, Rel. Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, DJe 17/12/2014.

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É comum haver contratos coligados em contratos com postos de gasolina. Suponha este
caso. A Petrobras e o Posto do Sol Ltda podem celebrar vários contratos coligados: contrato
de compra e venda de combustível, contrato de locação de imóvel, contrato de arrendamento
de bombas e contrato de exclusividade.
Apesar de haver coligação contratual, não necessariamente haverá o “efeito dominó”, ou
seja, a inexistência, a invalidade ou a ineficácia de um não necessariamente influenciará os
demais. O STJ analisou um caso assim. Um indivíduo adquiriu dois terrenos contíguos para,
em um deles, edificar uma casa e, no outro, construir uma área de lazer que serviria ao terreno
da casa. Esses dois contratos de compra e venda são coligados, pois o adquirente certamente
só comprou um terreno em razão do outro. O STJ, porém, não aceitou aplicar o “efeito domi-
nó” numa hipótese de ter havido a resolução do contrato de compra de terreno por inadim-
plência. O  juízo de razoabilidade no caso concreto não convenceu o STJ em autorizar essa
repercussão da resolução de um contrato diante do fato de que a resolução recaiu apenas
sobre o contrato secundário (o da área do lazer) e de que o preço do contrato principal já havia
sido totalmente pago (STJ, REsp 337.040/AM, 4ª Turma, Rel. Ministro Ruy Rosado de Aguiar,
DJ 01/07/2002).
Diversos outros casos de contratos coligados já foram enfrentados pela jurisprudência10:
os que foram aqui citados bastam para o nosso estudo.

Contrato Relacional ou de Execução Cativa de Longa Duração

O norte-americano Ian Macneil é um dos principais pais da teoria dos contratos relacio-
nais, e, no Brasil, destaca-se a obra de Ronaldo Porto Macedo Junior (2007).

10
A título ilustrativo, reportamos a estes outros casos de contratos coligados julgados pelo STJ, envolvendo contrato de
locação (AgRg no REsp 1206723/MG, 5ª Turma, Rel. Ministro Jorge Mussi, DJe 11/10/2012), contrato de financiamento
habitacional (EREsp 681.881/SP, Corte Especial, Rel. Ministro Hamilton Carvalhido, DJe 07/11/2011), contrato de cessão de
crédito a Banco por parte de empresa que fora contratada para fabricar e instalar uma cozinha planejada (REsp 1127403/
SP, 4ª Turma, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, Rel. p/ Acórdão Ministro Marco Buzzi, DJe 15/08/2014), contrato de tra-
balho e de cessão de imagem entre jogador de futebol e clube desportivo (AgRg no CC 69.689/RJ, 2ª Seção, Rel. Ministro
Luis Felipe Salomão, DJe 02/10/2009; CC 34.504/SP, 2ª Seção, Rel. Ministra Nancy Andrighi, Rel. p/ Acórdão Ministro Ruy
Rosado de Aguiar, DJ 16/06/2003), contrato de financiamento para a aquisição de produtos envolvendo o “Posto Ipiranga”
(REsp 985.531/SP, 3ª Turma, Rel. Ministro Vasco dela Giustina – Desembargador Convocado –, DJe 28/10/2009), contrato
de arrendamento de gado (STJ, REsp 419.362/MS, 4ª Turma, Rel. Ministro Cesar Asfor Rocha, DJ 22/03/2004).

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Contratos em Geral – Parte IV
Carlos Elias

Contratos relacionais são aqueles que, diante da interconexão entre si, criam uma rela-
ção11 duradoura entre as partes, que passam a depender12 dessa relação. Trata-se de contra-
tos sucessivos que criam uma relação duradoura entre as partes e que as tornam dependen-
tes do prosseguimento da interação contratual. Opõe-se aos contratos descontínuos, que,
por não se sucederem de modo ininterrupto, não geram dependência das partes.
São exemplos de contratos relacionais aqueles decorrentes de renovações (reconduções)
sucessivas de contratos de plano de saúde, de seguro, de previdência privada, de cartão de
crédito, de conta-corrente, de franquia, de fornecimento de produtos a uma empresa reven-
dedora etc.
É possível também considerar-se como relacional um único contrato, se, diante da sua
duração e da sua dinâmica, as partes acabem tornando-se dependentes da continuidade de-
les. É o caso do contrato de abertura de conta-corrente, que, embora possa ser único, arrasta-
-se no tempo e torna o correntista “cativo” dessa relação de longa duração. Havendo, porém,
um único contrato, não se pode falar em conexão, pois a conexão pressupõe elo entre dois ou
mais contratos. Quando, porém, surgir um novo contrato em sucessão do anterior, como os
contratos com reajustes de preços, poder-se-á reconhecer a conexão entre esses dois con-
tratos, por se tratar de contratos relacionais.
A principal relevância prática de identificar os contratos relacionais é que, diante da co-
nexão existente entre eles, devem ser censurados comportamentos abruptos ou abusivos de
qualquer uma das partes. Isso decorre da boa-fé objetiva, que impõe para as partes dever de
evitar comportamentos contraditórios e de respeitar deveres anexos.
Nessa linha, identificando a presença de contrato relacional e apoiando-se na boa-fé ob-
jetiva e no art. 39, IX, do CDC, o STJ veda que o banco, sem uma motivação razoável, encerre
unilateralmente um contrato de conta-corrente de longo tempo, ainda que promova prévia
notificação, sob pena de causar dano moral ao correntista (STJ, REsp 1277762/SP, 3ª Turma,
Rel. Ministro Sidnei Beneti, DJe 13/08/2013).
O STJ, igualmente, entende que, em contrato seguro de vida individual, é abusiva a recusa
da seguradora a renovar o contrato ou de condicionar a renovação a um reajuste excessivo
(não suave nem gradual) do preço na hipótese em que o contrato já tenha sido renovado
11
Daí dizer-se “relacional”.
12
Daí dizer-se “cativo de longa duração”.

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interrupta e sucessivamente por longo período de tempo (cerca de 25 a 30 anos13). Não im-
porta se há cláusula contratual nesse sentido, pois ela seria nula. O motivo é que essa postura
da seguradora ofende a boa-fé objetiva existente na legítima expectativa do consumidor de
que a tradição negocial entre as partes não seria abruptamente modificada. Esse entendi-
mento só é válido para seguro de vida individual, e  não para o seguro de vida em grupo14.
Neste último caso, não há abusividade na conduta da seguradora de se recusar a renovar a
apólice anterior ou de condicionar a renovação a reajustes do preço, desde que haja prévia
notificação do segurado15.

Contrato Preliminar ou Pré-Contrato

Definição

O contrato preliminar, pré-contrato, promessa de contrato ou o compromisso de contrato


é aquele por meio do qual as partes se obrigam a celebrar, no futuro, um contrato definitivo.
O objeto do contrato preliminar é a celebração de um contrato definitivo no futuro. É discipli-
nado nos arts. 462 ao 466 do CC e, quando envolver venda de imóveis, nos arts. 1.417 e 1.418
do CC. Trata-se de figura útil para hipóteses em que as partes contratantes, embora não pos-
suam condições jurídicas ou materiais para firmar o contrato definitivo, pretendem vincular-
-se juridicamente. As partes contratantes podem ser batizadas de promitentes16.
As promessas de compra e venda de imóveis são os contratos preliminares mais comuns
no quotidiano quando o comprador pagará o preço parceladamente, e o vendedor só irá ce-
lebrar o contrato definitivo de compra e venda após receber todo o dinheiro. Se não contiver

13
Se o prazo for menor, como o prazo de 10 anos, o STJ admite a recusa da seguradora em renovar o contrato mediante
notificação prévia, pois ainda não haveria legítima expectativa do consumidor.
14
Não enxergamos justo motivo para o tratamento desigual dado pelo STJ entre o seguro de vida individual e o seguro de
vida em grupo.
15
STJ, AgRg no AREsp 383.699/SC, 4ª Turma, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, DJe 13/03/2018; REsp 1356725/RS, 3ª
Turma, Rel. Ministra Nancy Andrighi, Rel. p/ Acórdão Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, DJe 12/06/2014; REsp 880.605/
RN, 2ª Seção, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, Rel. p/ Acórdão Ministro Massami Uyeda, DJe 17/09/2012; REsp 1073595/
MG, 2º Seção, Rel. Ministra Nancy Andrighi, DJe 29/04/2011.
16
Preferimos não utilizar as expressões promissários, compromitentes e compromissários, pois mais obscurecem do que
esclarecem. No contrato preliminar, ambas as partes fazem uma promessa, a de celebrar um contrato futuro. Logo, ambas
são promitentes.

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direito de arrependimento, a promessa de compra e venda de imóvel pode ser registrada na


matrícula do imóvel no competente Cartório, caso em que o promitente comprador se tornará
titular de um direito real de aquisição e, assim, poderá exigir a contrato definitivo na forma
pactuada na promessa e poderá reivindicar o bem de terceiros que eventualmente tenham
adquirido o bem (arts. 1.417 e 1.418 do CC).
Entendemos que, por analogia, essas regras de promessa de compra e venda de imóvel
devem estender-se também para a promessa de permuta, pois se devem estender para a per-
muta as regras de compra e venda na forma do art. 533 do CC.
Outro exemplo é a promessa de locação comercial. Em um caso em que o locador ainda
precisa conseguir uma licença do Estado para o uso da área pública marginal ao imóvel, ele
poderá celebrar uma promessa de locação com a empresa interessada em locar o bem, de-
terminando que, logo após a obtenção da licença, os promitentes haverão de firmar o contrato
definitivo de locação.

Requisitos

O contrato preliminar tem de ter todos os requisitos essenciais do contrato definitivo, sal-
vo a forma (art. 462 do CC). Se o contrato preliminar não contiver esses requisitos, o direito
dos promitentes a um contrato definitivo se torna indeterminável e, portanto, é nulo por inde-
terminabilidade do objeto do contrato (art. 104, II, CC). A forma, porém, não precisa observar
a do contrato definitivo, pois uma das relevâncias práticas do contrato preliminar é também
viabilizar a celebração de negócios quando as partes não possuem condições de adotarem a
forma do contrato definitivo. Assim, por exemplo, se alguém pretende adquirir um imóvel caro
no domingo, isso não é viável em razão de os cartórios de notas provavelmente estarem fe-
chados, de modo que não há como celebrar uma escritura pública de compra e venda (a forma
pública é obrigatória para esse contrato definitivo). As partes poderão, nesse caso, celebrar
uma promessa de compra e venda por instrumento particular (ex.: em um papel A4 escrito à
mão) para, posteriormente, quando o cartório estiver aberto, lavrar a escritura pública com o
contrato definitivo.

Adjudicação Compulsória

Celebrada a promessa de compra e venda, qualquer das partes pode exigir da outra a ce-
lebração do contrato definitivo após notificar a outra concedendo-lhe um prazo, desde que já

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tenha advindo o termo ou implementada a condição do contrato. Por exemplo, na promessa


de compra e venda a preço parcelado, o promitente comprador pode exigir a escritura pública
após pagar o preço integralmente (condição).
Se a outra parte se recusar a celebrar o contrato definitivo, o interessado poderá escolher
uma destas opções: (1) resolver o contrato, pleiteando indenização por perdas e danos, ou (2)
requerer judicialmente sentença que substituirá esse contrato definitivo por meio da ação de
adjudicação compulsória (arts.  463 ao 465 do CC)17. Essa sentença, por exemplo, substitui
o contrato definitivo de compra e venda no caso de ter sido descumprida uma promessa de
compra e venda e, portanto, pode ser registrada no Cartório de Imóveis. Aliás, outros contra-
tos preliminares devem ser levados a registro público para obter eficácia erga omnes, se o
contrato definitivo for sujeito a algum registro público (art. 463, parágrafo único, CC).
Se, porém, houver cláusula autorizando o direito de arrependimento, não é cabível a ação
de adjudicação compulsória nem indenização por perdas e danos, desde que a parte exerça o
direito de arrependimento (art. 463 do CC).

Promessa de Doação

Nem todos os contratos admitem uma versão preliminar. A doação pura, por exemplo, em
regra, não admite um contrato preliminar, pois, como é da sua natureza a liberalidade, é ab-
solutamente contraditório que a parte exija uma adjudicação compulsória substituindo uma
doação. A compulsoriedade é incompatível com um elemento essencial da doação, a espon-
taneidade. Entendemos que a promessa de doação pura existe, é válida, mas será ineficaz:
não produz efeitos contra a parte doadora, que não pode ser constrangida a doar. Trata-se
de uma obrigação inexigível, razão por que, por exemplo, se se tratar de uma promessa de
doação de imóvel, ela sequer pode ser registrada na matrícula do imóvel18. Ademais, eventual

17
Trata-se de ação por meio da qual o interessado pede para o juiz dar-lhe o objeto (adjudicar), independentemente da von-
tade da outra parte (compulsoriamente).
18
Em São Paulo, o  Conselho Superior da Magistratura nega o acesso da promessa de compra e venda à matrícula do
imóvel por entender que se trata de direito obrigacional, e não real, sem previsão no rol taxativo do art. 167, § 1º, da Lei
n. 6.015/1973 (CSMSP, Apelação n. 994.09.231.635-5/50000, DJ 17/01/2011, Disponível em: http://www.kollemata.com.
br/). Consideramos, porém, que esse motivo não é o adequado, pois, se o contrato principal é registrável (como a permuta),

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ação de adjudicação compulsória deveria ser extinta por impossibilidade jurídica do pedido
(STJ, REsp 730.626/SP, 4ª Turma, Rel. Ministro Jorge Scartezzini, DJ 04/12/2006). Ressalva-
mos, porém, que há corrente contrária a sustentar que a promessa de doação sequer ultra-
passa o plano da existência: ela inexistiria no mundo jurídico. Preferimos, porém, entender
que ela apenas é ineficaz quanto à sua exigibilidade: o doador cumpre a promessa se quiser.
Todavia, se a doação for uma condição de um negócio jurídico bilateral, ela não é uma
pura liberalidade e, por isso, comporta um contrato preliminar. É  o caso das promessas de
doação feitas como condição de acordo em partilha de divórcio. Assim, por exemplo, se o
ex-marido promete doar um imóvel valioso para o filho do casal ou para a ex-esposa como
uma forma de chegar a um acordo na partilha de bens do divórcio e ele, posteriormente, se
recusa a formalizar o contrato definitivo de doação (e aí seria preciso escritura pública por
envolver imóvel de valor superior a 30 salários mínimos, conforme art. 108 do CC), o filho do
casal, como terceiro beneficiário (é uma estipulação em favor de terceiro), ou, se for o caso,
a ex-esposa poderá valer-se da ação de adjudicação compulsória (STJ, REsp 742.048/RS, 3ª
Turma, Rel. Ministro Sidnei Beneti, DJe 24/04/2009; EREsp 125.859/RJ, 2ª Seção, Rel. Minis-
tro Ruy Rosado de Aguiar, DJ 24/03/2003).
Igualmente, se se tratar de uma doação com encargo, é cabível a exigibilidade da promes-
sa de doação até o valor do encargo, pois aí não há pura liberalidade (art. 540 do CC).

7. Extinção dos Contratos

7.1. Formas de Extinção

O modo normal de extinção do contrato é o cumprimento de todas as obrigações dele de-


correntes. Há, porém, modos anormais de extinção do contrato, os quais podem decorrer de:
(1) causas preexistentes à formação do contrato; ou (2) de causas supervenientes.
o contrato preliminar também o será, ainda que não haja previsão expressa no art. 167, § 1º, da Lei n. 6.015/1973 do con-
trato preliminar. Afinal de contas, o contrato preliminar dá um direito real de aquisição ao objeto do contrato definitivo e
deve ser registrado no órgão competente por força do art. 463, parágrafo único, CC. Não se trata de averbação, e sim de
registro. Todavia, no caso da mera promessa de doação, ela não é registrável, porque é ineficaz (é inexigível). Fatos jurídi-
cos inexigíveis não podem manchar a matrícula; isso seria uma espécie de exigibilidade, o que é censurável. Entendemos,
porém, pelo cabimento do registro da promessa de doação onerosa ou da doação como condição de negócio jurídico bila-
teral, pois aí o negócio precoce é exigível.

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A invalidade (nulidade ou anulabilidade) é causa preexistente, pois ela só ocorre quando o


contrato nasce violando o ordenamento jurídico. Ela se opera no plano da validade do negócio
jurídico.
Quanto às causas supervenientes, há diferentes nomenclaturas sobre os fenômenos ex-
tintivos. Temos, por mais didático, dois fenômenos: a rescisão e, nos contratos personalíssi-
mos, a morte19.
Rescisão20 é gênero do qual a resolução e a resilição são espécies.
Resolução é o desfazimento do contrato por justa causa, assim entendida aquela que, por
lei, pode extinguir o contrato. Entre as justas causas, indicam-se estes fatos jurídicos: (1) o
inadimplemento absoluto, que é uma condição resolutiva tácita, conforme art. 394, parágrafo
único, e 475 do CC; (2) as cláusulas resolutivas21, assim entendidos a ocorrência do termo ou
da condição de resolutivos expressamente pactuados ou o descumprimento de um encargo
pactuado; (3) a onerosidade excessiva na forma do art. 478 do CC ou o rompimento das bases
objetivas nos termos do art. 6º, V, do CDC; (4) evicção; (5) vício redibitório; (6) perecimento
superveniente do objeto22; (7) alteração do suporte fático do contrato23. Esses fenômenos
operam-se no plano da eficácia do negócio jurídico. O termo “resolução” é sinônimo de “de-
núncia cheia”, expressão utilizada especialmente no âmbito dos contratos de locação de imó-
vel urbano para autorizar o desfazimento do contrato por um dos justos motivos previstos na
Lei de Locação (Lei n. 8.245/1991).

19
Alguns doutrinadores enquadram a morte como “cessação contratual”. Preferimos, porém, valer-se do próprio nome
“morte”, que é o termo empregado em legislações.
20
Historicamente, o termo “rescisão” sempre foi associado à lesão enorme ou ao estado de perigo, mas a prática forense
banalizou a expressão e transmudou-lhe o significado atual (Schreiber, 2018, p. 470; Gagliano e Filho, 2018, pp. 509-510).
Há quem vincule a rescisão a casos de invalidade, com amparo no direito francês (Gagliano e Filho, 2018, p. 510). O texto
das leis costuma ser disforme, ora utilizando o termo “rescisão” como resilição (v.g. art. 607 do CC), ora como resolução
por inadimplemento (v.g. art. 810 do CC), ora como resolução por perda do objeto (v.g. art. 609 do CC), ora como extinção
decorrente de anulação (v.g. art. 1.642, IV, CC), ora como resolução por evicção (v.g. art. 455 do CC).
21
Há quem situe as cláusulas resolutivas como “causas preexistentes”, embora reconheça o inadimplemento absoluto
como causa posterior. Parece-nos contraditória essa posição, pois o inadimplemento absoluto é uma condição resolutiva
tácita que surge com o contrato (art. 475 do CC). Ademais, a cláusula resolutiva só extingue o contrato se, após o contrato,
sobrevier o fato resolutivo, razão por que preferimos enquadrá-la como causa superveniente.
22
Exemplos de emprego da expressão “resolução” para perda de objeto: arts. 235, 238, 248 e 567 do CC.
23
Ex.: segurador pode resolver contrato diante do superveniente agravamento do risco (art. 769, § 1º, CC).

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Resilição24 é a extinção do contrato por vontade das partes e pode ser unilateral (vontade
de apenas uma das partes) ou bilateral (vontade de ambas as partes). A  resilição bilateral
também é batizada de distrato. Já a resilição unilateral é sinônima de revogação (arts. 682,
I, e  856, CC)25, renúncia (art.  682, I, CC), exoneração (art.  835 do CC), denúncia, “denúncia
vazia”26.
Apesar de haver doutrinadores a enquadrar o direito de arrependimento como uma causa
anterior, consideramo-lo uma espécie de resilição unilateral, pois decorre da vontade de ape-
nas uma das partes. O direito de arrependimento é, na verdade, um direito de resilir unilateral-
mente o contrato. É uma causa superveniente, portanto.

7.2. Resolução por Inadimplemento: Definição


O inadimplemento pode ser absoluto, quando a prestação se torna inútil, ou relativo,
quando a prestação tardia ainda é útil. O credor tem direito de escolher se o inadimplemento
é absoluto ou relativo, salvo lei ou abuso de direito. E, ao optar pela inutilidade da prestação
inadimplida, ele poderá pleitear a resolução do contrato por culpa do devedor (arts. 395, pa-
rágrafo único, e 475, CC). Em todo contrato bilateral, a resolução do contrato por inadimple-
mento é uma condição resolutiva tácita ou, se estiver assim pactuado expressamente, como
condição resolutiva expressa.

7.3. Resilição Unilateral

Questão 3 (VUNESP/PROCURADOR/DPE-AM/2018) No caso de um contrato em que houve


investimentos consideráveis por uma das partes, a  denúncia unilateral só produzirá efeitos
após o transcurso de prazo compatível com a natureza e valor dos investimentos.
24
O texto legal, por vezes, equivoca-se ao valer-se do termo “resolução” para casos de resilição unilateral (v.g. arts.  599,
720, CC).
25
De modo atécnico, a legislação vale-se do termo “revogação” para os casos de resolução de uma doação pelo descum-
primento de encargo ou por ingratidão (art. 555 do CC).
26
Em locação predial urbana, é mais usual o emprego da expressão “denúncia vazia” para designar o desfazimento do con-
trato pela vontade imotivada de apenas uma das partes. Trata-se de uma resilição unilateral.

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Certo.
Corresponde ao parágrafo único do art. 473 do CC.

Vamos explicar melhor.


A resilição unilateral é a extinção do contrato apenas em razão de uma das partes ter
manifestado o seu desinteresse em continuar o contrato por meio de uma notificação ex-
trajudicial ou judicial (art. 473 do CC). A notificação extrajudicial pode ser feita por qualquer
meio não judicial que garanta a ciência da outra parte, com inclusão de plataformas virtuais
(como e-mail, redes sociais etc.). Nada impede que as partes exijam um meio específico para
a notificação de resilição diante do princípio da liberdade contratual e da incidência analógica
do art. 110 do CC.
Conforme o art.  473 do CC, a  resilição unilateral é permitida sempre que houver autori-
zação expressa ou implícita da lei. Não há necessidade de lei expressa. Daí decorre que, em
razão do princípio da autonomia da vontade, a parte que ainda está com uma obrigação pen-
dente de cumprimento pode resilir o contrato, salvo lei ou abuso de direito. Trata-se de uma
forma honrada de sair do contrato: no lugar de incorrer em inadimplência, a parte antecipa-se
a resilir o contrato e a suportar todas as punições daí decorrentes (como as multas compen-
satórias e os deveres de indenizar). De qualquer forma, a lei e a vedação ao abuso de direito
impedirão a resilição unilateral em vários casos, como nestes:
• a parte não pode resilir unilateralmente o contrato enquanto a outra não tiver fruído
de um prazo razoável de duração do contrato na hipótese de ter feito investimentos
consideráveis (art. 473, parágrafo único, CC). Ex.: dono de um terreno não pode resilir
um contrato de locação de um terreno por prazo indeterminado, se o inquilino tivesse
construído um posto de gasolina (valor considerável) e ainda não tivesse explorado
economicamente o bem por um prazo razoável para obter retorno financeiro;
• a parte que já tiver cumprido todas as suas obrigações não pode resilir unilateralmente,
pois sua participação contratual já se esgotou;

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• o promitente vendedor de um imóvel não pode resilir o ajuste, pois isso lhe permitiria
astutamente aproveitar-se de eventual valorização superveniente do imóvel, além de
ser incompatível com o direito do promitente comprador à adjudicação compulsória
(STJ, REsp 212.937/SP, 4ª Turma, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, DJe 15/12/2008);
• o incorporador não pode desistir da incorporação imobiliária após o prazo de carência
e de ter alienado qualquer das unidades autônomas futuras a terceiros, salvo se ele
readquirir todas as unidades (art. 34 da Lei n. 4.591/1964);
• o fiador não pode resilir unilateralmente a fiança por prazo determinado (art. 835 do CC);
• o mandante não pode resilir o mandato outorgado com cláusula “em causa própria” ou
como condição de negócio jurídico bilateral (art. 684 e 685 do CC);
• o locador não pode resilir unilateralmente o contrato de locação de imóvel residencial
firmado por prazo inferior a 30 meses ou por meio verbal antes do transcurso do prazo
de 5 anos de contrato (art. 47 do CC).

Quando houver cláusula expressa que vede a resilição (cláusula de irretratabilidade ou


de irrevogabilidade), as partes não podem resilir, salvo se essa cláusula for nula ou quando a
lei a tornar ineficaz. O art. 683 do CC, por exemplo, permite ao mandante revogar (=resilir) o
mandato mesmo se tiver pactuado a cláusula de irrevogabilidade, mas será obrigado a pagar
indenização por perdas e danos. Ademais, entendemos ser nula, por ser abusiva à luz dos
arts. 187 do CC e art. 50 do CDC, cláusula que proíbe a resilição unilateral por parte de consu-
midor que adquiriu um imóvel a preço parcelado e que ainda não tenha pago todo o preço, sob
pena de expô-lo a tornar-se inadimplente e a suportar os ônus moratórios durante o período
de tempo de arbítrio do credor.

7.4. Resilição Bilateral ou Distrato

Questão 4 (VUNESP/PROCURADOR/DPE-AM/2018) Para os casos de distrato, não há que


se falar em atendimento ao princípio do paralelismo entre as formas.

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Errado.
O paralelismo de forma é a regra para o distrato.

Vamos explicar melhor.


A resilição bilateral ou o distrato nada mais é do que um contrato destinado a desfazer um
anterior. Por isso, em nome do princípio do paralelismo das formas, o distrato tem de observar a
mesma forma exigida para o contrato alvejado (art. 472 do CC). Um contrato que exige escritura
pública só pode ser objeto de distrato formalizado por escritura pública. Nada impede, porém,
que um contrato firmado por escritura pública seja desfeito por um distrato materializado em
instrumento particular, se o contrato alvejado, por lei ou por vontade, não precisava ter adotado
a forma pública. Essa é a leitura feita pelo enunciado n. 584/JDC (“Desde que não haja forma
exigida para a substância do contrato, admite-se que o distrato seja pactuado por forma livre”).
Como o distrato é, na verdade, um contrato, as suas cláusulas podem ser livremente pac-
tuadas pelas partes, observados os limites das normas cogentes. Nesse contexto, cláusulas
abusivas à luz do art. 51 do CDC em distratos firmados por consumidores podem ser declara-
das nulas, a exemplo dos distratos que autorizam o incorporador a reter valores exagerados
dos consumidores que desistiram de compra de imóvel “na planta” (STJ, (REsp 1412662/RS,
4ª Turma, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, DJe 28/09/2016).

7.5. Cláusula Resolutiva e a Resolução por Inadimplemento


Cláusula Resolutiva Expressa

Questão 5 (VUNESP/PROCURADOR/DPE-AM/2018) Tanto a cláusula resolutiva tácita


quanto a expressa dependem de interpelação judicial.

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DIREITO CIVIL
Contratos em Geral – Parte IV
Carlos Elias

Errado.
Só a condição resolutiva tácita depende de interpelação judicial (art. 474 do CC).

Vamos explicar a matéria.


A cláusula resolutiva expressa (termo ou condição) opera-se de pleno direito, ou seja, ope-
ra-se logo que o fato resolutivo ocorrer (art. 474 do CC). O fato resolutivo, todavia, precisa ser
atestado com a fé pública.
De um lado, se a cláusula resolutiva expressa for um termo resolutivo, há diversas situa-
ções. Se o termo for uma data, o mero advento dela é suficiente, pois o calendário gregoriano
já é fato que independe de atesto de um agente público por possuir certificação legal (Lei n.
810/1949). Se o termo for a morte de alguém, a certidão de óbito do cartório tem fé pública
para atestar o fato. Se o termo for outro evento desacompanhado da fé pública ou de certifi-
cação legal, entendemos ser necessária sentença judicial que ateste esse fato com natureza
declaratória e com eficácia retroativa à data da ocorrência do fato.
De outro lado, se a cláusula resolutiva for uma condição resolutiva, antigamente entendia-
-se pela necessidade de declaração judicial do seu implemento com efeito retroativo à data
desse fato resolutivo. Em outras palavras, a eficácia da resolução causada pelo implemento da
condição resolutiva ficaria suspensa enquanto não sobreviesse uma sentença judicial.
O STJ, porém, passou a caminhar em outro sentido, admitindo notificação extrajudicial.
Veja este julgado:

RECURSO ESPECIAL - AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE - COMPROMISSO DE COMPRA


E VENDA DE IMÓVEL RURAL COM CLÁUSULA DE RESOLUÇÃO EXPRESSA - INADIMPLE-
MENTO DO COMPROMISSÁRIO COMPRADOR QUE NÃO EFETUOU O PAGAMENTO DAS
PRESTAÇÕES AJUSTADAS - MORA COMPROVADA POR NOTIFICAÇÃO EXTRAJUDICIAL
E DECURSO DO PRAZO PARA A PURGAÇÃO - INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS QUE JULGARAM
PROCEDENTE O PEDIDO REINTEGRATÓRIO REPUTANDO DESNECESSÁRIO O PRÉVIO

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DIREITO CIVIL
Contratos em Geral – Parte IV
Carlos Elias

AJUIZAMENTO DE DEMANDA JUDICIAL PARA A RESOLUÇÃO CONTRATUAL - INSURGÊN-


CIA DO DEVEDOR - RECLAMO DESPROVIDO.
Controvérsia: possibilidade de manejo de ação possessória fundada em cláusula reso-
lutiva expressa decorrente de inadimplemento de contrato de compromisso de compra
e venda imobiliária, sem que tenha sido ajuizada, de modo prévio ou concomitante,
demanda judicial objetivando rescindir o ajuste firmado.
Violação ao artigo 535 do CPC/73 inocorrente na espécie, pois a Corte local procedeu à
averiguação de toda a matéria reputada necessária ao deslinde da controvérsia, apenas
não adotou a mesma compreensão almejada pela parte, acerca da resolução da lide, o
que não enseja omissão ou contradição no julgado.
A ausência de enfrentamento da matéria objeto da controvérsia pelo Tribunal de origem,
não obstante a oposição de embargos de declaração, impede o acesso à instância espe-
cial, porquanto não preenchido o requisito constitucional do prequestionamento, atraindo
o enunciado da Súmula 211/STJ, notadamente quando a parte não cuidou de alegar
negativa de prestação jurisdicional no ponto, isto é, ao indicar a violação do artigo 535
do CPC/73, não suscitou a existência de omissão do acórdão recorrido na análise dos
dispositivos.
Inexiste óbice para a aplicação de cláusula resolutiva expressa em contratos de com-
promisso de compra e venda, porquanto, após notificado/interpelado o compromissário
comprador inadimplente (devedor) e decorrido o prazo sem a purgação da mora, abre-se
ao compromissário vendedor a faculdade de exercer o direito potestativo concedido pela
cláusula resolutiva expressa para a resolução da relação jurídica extrajudicialmente.
Impor à parte prejudicada o ajuizamento de demanda judicial para obter a resolução do
contrato quando esse estabelece em seu favor a garantia de cláusula resolutória expressa,
é impingir-lhe ônus demasiado e obrigação contrária ao texto expresso da lei, despresti-
giando o princípio da autonomia da vontade, da não intervenção do Estado nas relações
negociais, criando obrigação que refoge o texto da lei e a verdadeira intenção legislativa.
A revisão do valor estabelecido a título de honorários nos termos do artigo 20, § 4º do
CPC/73, só é permitido quando o montante fixado se mostrar ínfimo ou exorbitante, o que
não se verifica no caso em exame, levando-se em conta a complexidade da causa, o tra-
balho realizado pelo causídico e o valor envolvido na demanda, circunstâncias segundo

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DIREITO CIVIL
Contratos em Geral – Parte IV
Carlos Elias

as quais o reexame implicaria em revolvimento do conjunto fático dos autos, providência


vedada ao STJ ante o óbice contido no enunciado 7 da Súmula desta Casa.
Recurso especial conhecido em parte e, na extensão, desprovido.
(REsp 1789863/MS, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA, julgado em 10/08/2021,
DJe 04/10/2021)

Cláusula Resolutiva Tácita

Segundo o texto do art. 474 do CC, as cláusulas resolutivas tácitas se operam com a inter-
pelação judicial. Não pode ser extrajudicial. Interpelação judicial é qualquer notificação feita
sob o comando de um juiz, a exemplo da interpelação judicial como procedimento de jurisdi-
ção voluntária (art. 726 do CPC) ou da citação (art. 240 do CPC).
Apesar disso, há necessidade de o fato resolutivo ser atestado por agente com fé pública
ou pela lei, à semelhança do que sucede com a condição resolutiva expressa27. Por isso, ine-
xistindo certificação do fato por lei ou por outro agente com fé público, é necessário haver de-
cisão judicial nesse sentido A sentença judicial terá natureza declaratória e eficácia retroativa
à data da interpelação judicial.

27
Não há motivos para o regime jurídico da cláusula resolutiva expressa ser mais rigoroso que o da cláusula resolutiva tácita.

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Contratos em Geral – Parte IV
Carlos Elias

QUESTÕES DE CONCURSO
Questão 1 (VUNESP/ADVOGADO/CÂMARA DE PIRACICABA-SP/2019/ADAPTADA) O con-
trato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os requisitos essenciais ao contra-
to a ser celebrado.

Questão 2 (CONSULPLAN/OFICIAL/CARTÓRIO/TJ-MA/2019/ADAPTADA) O contrato preli-


minar, inclusive quanto a forma, deve conter todos os requisitos essenciais ao contrato a ser
celebrado.

Questão 3 (FMP/PROCURADOR/PGE-AC/2017/ADAPTADA) O contrato preliminar, exceto


quanto à forma, deve conter todos os requisitos essenciais ao contrato a ser celebrado.

Questão 4 (VUNESP/PROCURADOR/PREFEITURA DE VALINHOS-SP/2019/ADAPTADA) O


contrato preliminar, e também quanto à forma, não necessita conter todos os requisitos es-
senciais ao contrato a ser celebrado.

Questão 5 (NC-UFPR/ADVOGADO/PREFEITURA DE CURITIBA-PR/2019/ADAPTADA E ATU-


ALIZADA) O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os requisitos es-
senciais ao contrato a ser celebrado.

Questão 6 (FAUEL/PROCURADOR/PREFEITURA DE PARANAVAÍ-PR/2018/ADAPTADA) O


contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os requisitos essenciais ao
contrato a ser celebrado.

Questão 7 (VUNESP/PROCURADOR/CÂMARA DE SUMARÉ-SP/2017/ADAPTADA) Nos


contratos preliminares é presumida a existência de cláusula de arrependimento em benefício
de todos os contratantes.

Questão 8 (CESPE/ADVOGADO/EBSERH/2018/ADAPTADA) Nos contratos de adesão, ha-


vendo cláusulas que gerem dúvida na sua interpretação, será adotada a mais favorável ao
aderente.

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Contratos em Geral – Parte IV
Carlos Elias

Questão 9 (CONSULPLAN/OFICIAL/CARTÓRIO/TJ-MA/2019/ADAPTADA) Nos contratos


de adesão, havendo cláusulas que gerem dúvida na sua interpretação, será adotada a mais
favorável ao aderente.

Questão 10 (VUNESP/PROCURADOR/CÂMARA DE SUMARÉ-SP/2017/ADAPTADA) Nos


contratos por adesão celebrados na relação cível paritária, não são nulas as cláusulas ambí-
guas ou contraditórias.

Questão 11 (CESPE/JUIZ/TJ-DFT/2014/ADAPTADA) Um contrato de execução instantânea


pode ser objeto de resolução por onerosidade excessiva.

Questão 12 (FUNDEP/PROCURADOR/PREFEITURA DE CONTAGEM-MG/2019/ADAPTADA)O


Código Civil brasileiro adotou a teoria da onerosidade excessiva e prevê para a sua configura-
ção a existência de extrema vantagem para uma das partes.

Questão 13 (FUNDEP/PROCURADOR/PREFEITURA DE CONTAGEM-MG/2019/ADAPTADA)


Os casos de impossibilidade de cumprimento da prestação em decorrência de caso fortuito
ou força maior são solucionados pela aplicação dos dispositivos referentes à resolução por
onerosidade excessiva.

Questão 14 (FCC/PROCURADOR/SANASA CAMPINAS/2019/ADAPTADA) Nos de execução


continuada, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, em virtude de
acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato.

Questão 15 (MPT/PROCURADOR/MPT/2020/ADAPTADA) De acordo com o Código Civil,


os efeitos da sentença que decretar a resolução do contrato de execução continuada ou diferida,
por onerosidade excessiva, valerão a partir da data da intimação das partes de sua publicação.

Questão 16 (QUADRIX/ADVOGADO/CREA-TO/2019-PR/2019/ADAPTADA) A teoria da im-


previsão, ao  contrário do que ocorre com a teoria da base objetiva dos negócios jurídicos,
é aplicada nas hipóteses de fatos previsíveis ou imprevisíveis, desde que haja mudanças nas
condições fáticas estabelecidas na avença que dificultem ou impeçam o cumprimento da
prestação nos contratos de execução continuada ou diferida.

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DIREITO CIVIL
Contratos em Geral – Parte IV
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Questão 17 (MPT/PROCURADOR/MPT/2020/ADAPTADA) Os contratos civis e empresariais


presumem-se paritários e simétricos até a presença de elementos concretos que justifiquem
o afastamento dessa presunção, ressalvados os regimes jurídicos previstos em leis especiais.

Questão 18 (QUADRIX/ADVOGADO/CREA-GO/2019-PR/2019/ADAPTADA) Suponha-se que,


em um contrato de aluguel, tenha‐se verificado que a prestação devida pelo locatário passou
a ser excessivamente onerosa, diante da sua demissão do emprego. Nesse caso, pela onero-
sidade excessiva, o locatário fará jus à revisão judicial do contrato.

Questão 19 (IESES/OFICIAL/CARTÓRIO/TJ-RO/2017/ADAPTADA) O contrato comutativo


pode ser definido como aquele no qual uma ou ambas as prestações apresentam-se incertas,
porquanto a sua quantidade ou extensão fica na dependência de um fato futuro e imprevisível,
o que torna viável venha ocorrer uma perda, ou um lucro para uma das partes.

Questão 20 (IESES/OFICIAL/CARTÓRIO/TJ-RO/2017/ADAPTADA) Aleatório é o contrato


quando os contratantes celebram uma relação em que recebem a vantagem e prestam a obri-
gação, consistente em coisa certa e determinada, embora sem escapar aos riscos relativos à
mesma, nem à oscilação sobre o seu valor.

Questão 21 (CESPE/JUIZ/TJ-DFT/2014/ADAPTADA) No contrato do tipo emptio spei, o ris-


co assumido pelo contratante é parcial, ficando o alienante obrigado a entregar ao adquirente
ao menos parte do acordado.

Questão 22 (FMP/PROCURADOR/PGE-AC/2017/ADAPTADA) Se o contrato for aleatório, por


dizer respeito a coisas ou fatos futuros, cujo risco de não virem a existir um dos contratantes
assuma, terá o outro direito de receber integralmente o que lhe foi prometido, mesmo que de
sua parte tenha agido com dolo ou culpa, ainda que nada do avençado venha a existir.

Questão 23 (IESES/OFICIAL/CARTÓRIO/TJ-RO/2017/ADAPTADA) Os contratos coligados


também são chamados de “união de contratos”, mas não surge a unidade em uma única fi-
gura, ou seja, em um único instrumento, permanecendo autônomos quanto aos seus efeitos,
mas com dependência recíproca.

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Contratos em Geral – Parte IV
Carlos Elias

Questão 24 (IESES/OFICIAL/CARTÓRIO/TJ-RO/2017/ADAPTADA) O contrato misto resulta


da combinação de elementos de diferentes contratos, formando nova espécie contratual não
esquematizada na lei.

Questão 25 (FUNDEP/PROCURADOR/PREFEITURA DE CONTAGEM-MG/2019/ADAPTADA)


Nas hipóteses de adimplemento substancial de um contrato, afasta-se a possibilidade de
resolução, sem que isto prejudique eventuais pleitos indenizatórios.

Questão 26 (FUNDEP/PROCURADOR/PREFEITURA DE CONTAGEM-MG/2019/ADAPTADA)


Se, dada a natureza do contrato, uma das partes houver feito investimentos consideráveis
para a sua execução, a  denúncia unilateral só produzirá efeito depois de transcorrido prazo
compatível com a natureza e o vulto dos investimentos.

Questão 27 (CESPE/ANALISTA/PGE-PE/2019/ADAPTADA) Se, na execução do contrato,


uma das partes houver realizado elevado investimento em razão da natureza do contrato,
o distrato unilateral, exercido pela outra parte, produzirá efeitos somente após o decurso de
período condizente com a importância investida.

Questão 28 (CRESCER/PROCURADOR/PREFEITURA DE URUÇUÍ-PI/2018/ADAPTADA)Dada


a natureza do contrato, se uma das partes houver feito investimentos consideráveis para a
sua execução, a denúncia unilateral só produzirá efeito depois de transcorrido prazo compa-
tível com a natureza e o vulto dos investimentos

Questão 29 (VUNESP/PROCURADOR/PREFEITURA DE VALINHOS-SP/2019/ADAPTADA)As


cláusulas resolutivas expressa e tácita operam de pleno direito, independentemente de inter-
pelação judicial.

Questão 30 (CRESCER/PROCURADOR/PREFEITURA DE URUÇUÍ-PI/2018/ADAPTADA) A


cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito; a tácita depende de interpelação judicial.

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Contratos em Geral – Parte IV
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GABARITO
1. C 28. C
2. E 29. E
3. C 30. C
4. E
5. C
6. C
7. E
8. C
9. C
10. C
11. E
12. C
13. E
14. C
15. E
16. E
17. C
18. E
19. E
20. E
21. E
22. E
23. C
24. C
25. C
26. C
27. C

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Contratos em Geral – Parte IV
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GABARITO COMENTADO
Questão 1 (VUNESP/ADVOGADO/CÂMARA DE PIRACICABA-SP/2019/ADAPTADA) O con-
trato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os requisitos essenciais ao contra-
to a ser celebrado.

Certo.
É o art. 462 do CC:

Art. 462. O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os requisitos essenciais
ao contrato a ser celebrado.

Questão 2 (CONSULPLAN/OFICIAL/CARTÓRIO/TJ-MA/2019/ADAPTADA) O contrato preli-


minar, inclusive quanto a forma, deve conter todos os requisitos essenciais ao contrato a ser
celebrado.

Errado.
Forma é exceção (art. 462 do CC).

Questão 3 (FMP/PROCURADOR/PGE-AC/2017/ADAPTADA) O contrato preliminar, exceto


quanto à forma, deve conter todos os requisitos essenciais ao contrato a ser celebrado.

Certo.
Art. 462 do CC.

Questão 4 (VUNESP/PROCURADOR/PREFEITURA DE VALINHOS-SP/2019/ADAPTADA) O


contrato preliminar, e também quanto à forma, não necessita conter todos os requisitos es-
senciais ao contrato a ser celebrado.

Errado.
Contrato preliminar tem de ter todos os requisitos do contrato principal, salvo a forma (art. 462
do CC).

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DIREITO CIVIL
Contratos em Geral – Parte IV
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Questão 5 (NC-UFPR/ADVOGADO/PREFEITURA DE CURITIBA-PR/2019/ADAPTADA E ATU-


ALIZADA) O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os requisitos es-
senciais ao contrato a ser celebrado.

Certo.
Art. 462 do CC.

Questão 6 (FAUEL/PROCURADOR/PREFEITURA DE PARANAVAÍ-PR/2018/ADAPTADA) O


contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os requisitos essenciais ao
contrato a ser celebrado.

Certo.
Art. 462 do CC.

Questão 7 (VUNESP/PROCURADOR/CÂMARA DE SUMARÉ-SP/2017/ADAPTADA) Nos


contratos preliminares é presumida a existência de cláusula de arrependimento em benefício
de todos os contratantes.

Errado.
A presunção é de ausência de direito de arrependimento, de modo que esta só pode ser exer-
cida se estiver pactuada. Sem pacto expresso, qualquer das partes tem direito a se valer da
ação de adjudicação compulsória, por meio da qual a sentença substitui o contrato definitivo
(arts. 463 e 464 do CC). Veja:

Art.  463. Concluído o contrato preliminar, com observância do disposto no artigo antecedente,
e desde que dele não conste cláusula de arrependimento, qualquer das partes terá o direito de exi-
gir a celebração do definitivo, assinando prazo à outra para que o efetive.
Parágrafo único. O contrato preliminar deverá ser levado ao registro competente.
Art. 464. Esgotado o prazo, poderá o juiz, a pedido do interessado, suprir a vontade da parte ina-
dimplente, conferindo caráter definitivo ao contrato preliminar, salvo se a isto se opuser a natureza
da obrigação.

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Contratos em Geral – Parte IV
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Questão 8 (CESPE/ADVOGADO/EBSERH/2018/ADAPTADA) Nos contratos de adesão, ha-


vendo cláusulas que gerem dúvida na sua interpretação, será adotada a mais favorável ao
aderente.

Certo.
É o art. 423 do CC:

Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á


adotar a interpretação mais favorável ao aderente.

Questão 9 (CONSULPLAN/OFICIAL/CARTÓRIO/TJ-MA/2019/ADAPTADA) Nos contratos


de adesão, havendo cláusulas que gerem dúvida na sua interpretação, será adotada a mais
favorável ao aderente.

Certo.
Art. 423 do CC.

Questão 10 (VUNESP/PROCURADOR/CÂMARA DE SUMARÉ-SP/2017/ADAPTADA) Nos


contratos por adesão celebrados na relação cível paritária, não são nulas as cláusulas ambí-
guas ou contraditórias.

Certo.
Não há nulidade – tal como dito na questão –, mas a interpretação deverá ser mais favorável
ao aderente no caso de dúvida (art. 423 do CC).

Questão 11 (CESPE/JUIZ/TJ-DFT/2014/ADAPTADA) Um contrato de execução instantânea


pode ser objeto de resolução por onerosidade excessiva.

Errado.
A resolução por onerosidade excessiva aplica-se aos contratos de execução diferida ou de
execução continuada (também chamada de contrato de trato sucessivo), conforme art. 478

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Contratos em Geral – Parte IV
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do CC. Não se aplica, pois, ao contrato de execução instantânea, ao contrário do dito na ques-
tão. Veja o art. 478 do CC:

Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se
tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimen-
tos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da
sentença que a decretar retroagirão à data da citação.

Questão 12 (FUNDEP/PROCURADOR/PREFEITURA DE CONTAGEM-MG/2019/ADAPTADA)O


Código Civil brasileiro adotou a teoria da onerosidade excessiva e prevê para a sua configura-
ção a existência de extrema vantagem para uma das partes.

Certo.
É o art. 478 do CC.

Questão 13 (FUNDEP/PROCURADOR/PREFEITURA DE CONTAGEM-MG/2019/ADAPTADA)


Os casos de impossibilidade de cumprimento da prestação em decorrência de caso fortuito
ou força maior são solucionados pela aplicação dos dispositivos referentes à resolução por
onerosidade excessiva.

Errado.
Trata-se de conceitos distintos. Resolução por onerosidade excessiva se dá quando a pres-
tação se torna muito desproporcional na forma do art. 478 do CC, e não quando ela se torna
impossível. Impossibilidade superveniente da prestação é caso de perda de objeto do contrato
e, por isso, acarreta-lhe a resolução28.

Questão 14 (FCC/PROCURADOR/SANASA CAMPINAS/2019/ADAPTADA) Nos de execução


continuada, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, em virtude de
acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato.
28
A propósito, recomendamos a leitura deste artigo do professor Flávio Tartuce, que distingue bem as hipóteses: https://
www.migalhas.com.br/coluna/migalhas-contratuais/322919/o-coronavirus-e-os-contratos-extincao-revisao-e-conservacao-
-boa-fe-bom-senso-e-solidariedade. O título do artigo é “O coronavírus e os contratos – Extinção, revisão e conservação –
Boa-fé, bom senso e solidariedade” e está disponível na Coluna “Migalhas Contratuais”.

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Certo.
É o art. 478 do CC.

Questão 15 (MPT/PROCURADOR/MPT/2020/ADAPTADA) De acordo com o Código Civil,


os efeitos da sentença que decretar a resolução do contrato de execução continuada ou di-
ferida, por onerosidade excessiva, valerão a partir da data da intimação das partes de sua
publicação.

Errado.
Vale a partir da citação, e não da intimação da sentença (art. 478, parte final, CC).

Questão 16 (QUADRIX/ADVOGADO/CREA-TO/2019-PR/2019/ADAPTADA) A teoria da im-


previsão, ao  contrário do que ocorre com a teoria da base objetiva dos negócios jurídicos,
é aplicada nas hipóteses de fatos previsíveis ou imprevisíveis, desde que haja mudanças nas
condições fáticas estabelecidas na avença que dificultem ou impeçam o cumprimento da
prestação nos contratos de execução continuada ou diferida.

Errado.
Para a teoria da imprevisão, o fato não pode ser previsível, ao contrário do afirmado na questão
(art. 478 do CC).

Questão 17 (MPT/PROCURADOR/MPT/2020/ADAPTADA) Os contratos civis e empresariais


presumem-se paritários e simétricos até a presença de elementos concretos que justifiquem
o afastamento dessa presunção, ressalvados os regimes jurídicos previstos em leis especiais.

Certo.
É o art. 421-A do CC:

Art. 421-A. Os contratos civis e empresariais presumem-se paritários e simétricos até a presença


de elementos concretos que justifiquem o afastamento dessa presunção, ressalvados os regimes
jurídicos previstos em leis especiais, garantido também que:

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Contratos em Geral – Parte IV
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I – as partes negociantes poderão estabelecer parâmetros objetivos para a interpretação das cláu-
sulas negociais e de seus pressupostos de revisão ou de resolução;
II – a alocação de riscos definida pelas partes deve ser respeitada e observada; e
III – a revisão contratual somente ocorrerá de maneira excepcional e limitada.

Questão 18 (QUADRIX/ADVOGADO/CREA-GO/2019-PR/2019/ADAPTADA) Suponha-se que,


em um contrato de aluguel, tenha‐se verificado que a prestação devida pelo locatário passou
a ser excessivamente onerosa, diante da sua demissão do emprego. Nesse caso, pela onero-
sidade excessiva, o locatário fará jus à revisão judicial do contrato.

Errado.
A demissão não é considerada um fato imprevisível para a doutrina majoritária e, por isso, não
autoriza a revisão nem a resolução do contrato à luz do art. 478 do CC, ao contrário do dito na
questão.

Questão 19 (IESES/OFICIAL/CARTÓRIO/TJ-RO/2017/ADAPTADA) O contrato comutativo


pode ser definido como aquele no qual uma ou ambas as prestações apresentam-se incertas,
porquanto a sua quantidade ou extensão fica na dependência de um fato futuro e imprevisível,
o que torna viável venha ocorrer uma perda, ou um lucro para uma das partes.

Errado.
A questão define “contrato aleatório”, e não o “contrato comutativo”.

Questão 20 (IESES/OFICIAL/CARTÓRIO/TJ-RO/2017/ADAPTADA) Aleatório é o contrato


quando os contratantes celebram uma relação em que recebem a vantagem e prestam a obri-
gação, consistente em coisa certa e determinada, embora sem escapar aos riscos relativos à
mesma, nem à oscilação sobre o seu valor.

Errado.
A questão define o “contrato comutativo”, e não o “contrato aleatório”.

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Contratos em Geral – Parte IV
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Questão 21 (CESPE/JUIZ/TJ-DFT/2014/ADAPTADA) No contrato do tipo emptio spei, o ris-


co assumido pelo contratante é parcial, ficando o alienante obrigado a entregar ao adquirente
ao menos parte do acordado.

Errado.
No contrato aleatório do tipo emptio spei (art. 458 do CC), o risco é total, e não parcial. É di-
ferente do contrato aletatório do tipo emptio rei speratae (art. 459 do CC), em que o risco é
parcial. Veja os dispositivos:

Art. 458. Se o contrato for aleatório, por dizer respeito a coisas ou fatos futuros, cujo risco de não
virem a existir um dos contratantes assuma, terá o outro direito de receber integralmente o que lhe
foi prometido, desde que de sua parte não tenha havido dolo ou culpa, ainda que nada do avençado
venha a existir.
Art. 459. Se for aleatório, por serem objeto dele coisas futuras, tomando o adquirente a si o risco de
virem a existir em qualquer quantidade, terá também direito o alienante a todo o preço, desde que
de sua parte não tiver concorrido culpa, ainda que a coisa venha a existir em quantidade inferior à
esperada.
Parágrafo único. Mas, se da coisa nada vier a existir, alienação não haverá, e o alienante restituirá
o preço recebido.

Questão 22 (FMP/PROCURADOR/PGE-AC/2017/ADAPTADA) Se o contrato for aleatório, por


dizer respeito a coisas ou fatos futuros, cujo risco de não virem a existir um dos contratantes
assuma, terá o outro direito de receber integralmente o que lhe foi prometido, mesmo que de
sua parte tenha agido com dolo ou culpa, ainda que nada do avençado venha a existir.

Errado.
A parte final da questão está errada: se a parte agir com culpa ou dolo, não haverá o direito de
receber o que foi prometido. É o art. 458 do CC.

Questão 23 (IESES/OFICIAL/CARTÓRIO/TJ-RO/2017/ADAPTADA) Os contratos coligados


também são chamados de “união de contratos”, mas não surge a unidade em uma única fi-
gura, ou seja, em um único instrumento, permanecendo autônomos quanto aos seus efeitos,
mas com dependência recíproca.

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Certo.
A questão merecia ser anulada, porque o conceito de “união de contratos” não necessariamen-
te se equipara ao de “contratos coligados” para alguns doutrinadores. Seja como for, o gabarito
foi considerado correto, o que nos parece uma falha da banca. Nos contratos coligados, há
mais de um contrato que está vinculado uns aos outros numa relação de dependência recípro-
ca. Eles podem ou não estar no mesmo instrumento.

Questão 24 (IESES/OFICIAL/CARTÓRIO/TJ-RO/2017/ADAPTADA) O contrato misto resulta


da combinação de elementos de diferentes contratos, formando nova espécie contratual não
esquematizada na lei.

Certo.
É a definição doutrinária.

Questão 25 (FUNDEP/PROCURADOR/PREFEITURA DE CONTAGEM-MG/2019/ADAPTADA)


Nas hipóteses de adimplemento substancial de um contrato, afasta-se a possibilidade de
resolução, sem que isto prejudique eventuais pleitos indenizatórios.

Certo.
A teoria do adimplemento substancial não impede a cobrança da dívida pelas vias ordinárias,
mas apenas repele a medida drástica da resolução contratual em razão de ela ser despropor-
cional diante do fato de o devedor ter adimplido parte substancial da dívida.

Questão 26 (FUNDEP/PROCURADOR/PREFEITURA DE CONTAGEM-MG/2019/ADAPTADA)


Se, dada a natureza do contrato, uma das partes houver feito investimentos consideráveis
para a sua execução, a  denúncia unilateral só produzirá efeito depois de transcorrido prazo
compatível com a natureza e o vulto dos investimentos.

Certo.
É o art. 473, parágrafo único, do CC:

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Art. 473. A resilição unilateral, nos casos em que a lei expressa ou implicitamente o permita, opera
mediante denúncia notificada à outra parte.
Parágrafo único. Se, porém, dada a natureza do contrato, uma das partes houver feito investimen-
tos consideráveis para a sua execução, a denúncia unilateral só produzirá efeito depois de trans-
corrido prazo compatível com a natureza e o vulto dos investimentos.

Questão 27 (CESPE/ANALISTA/PGE-PE/2019/ADAPTADA) Se, na execução do contrato,


uma das partes houver realizado elevado investimento em razão da natureza do contrato,
o distrato unilateral, exercido pela outra parte, produzirá efeitos somente após o decurso de
período condizente com a importância investida.

Certo.
Art. 473, parágrafo único, CC.

Questão 28 (CRESCER/PROCURADOR/PREFEITURA DE URUÇUÍ-PI/2018/ADAPTADA)Dada


a natureza do contrato, se uma das partes houver feito investimentos consideráveis para a
sua execução, a denúncia unilateral só produzirá efeito depois de transcorrido prazo compa-
tível com a natureza e o vulto dos investimentos

Certo.
Art. 473, parágrafo único, CC.

Questão 29 (VUNESP/PROCURADOR/PREFEITURA DE VALINHOS-SP/2019/ADAPTADA)As


cláusulas resolutivas expressa e tácita operam de pleno direito, independentemente de inter-
pelação judicial.
Errado.
A tácita depende de interpelação judicial. É o art. 474 do CC:

Art.  474. A  cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito; a tácita depende de interpelação
judicial.

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Questão 30 (CRESCER/PROCURADOR/PREFEITURA DE URUÇUÍ-PI/2018/ADAPTADA) A


cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito; a tácita depende de interpelação judicial.

Certo.
Art. 474 do CC.

Carlos Elias
Consultor Legislativo do Senado Federal em Direito Civil, Processo Civil e Direito Agrário (único aprovado
no concurso de 2012). Advogado. Professor em cursos de graduação, de pós-graduação e de preparação
para concursos públicos em Brasília, Goiânia e São Paulo. Ex-membro da Advocacia-Geral da União
(Advogado da União). Ex-Assessor de Ministro do STJ. Ex-técnico judiciário do STJ. Doutorando e
Mestre em Direito pela Universidade de Brasília (UnB). Bacharel em Direito na UnB (1º lugar em Direito
no vestibular da UnB de 2002). Pós-graduado em Direito Notarial e de Registro. Pós-Graduado em Direito
Público. Membro do Conselho Editorial da Revista de Direito Civil Contemporâneo.

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