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Capítulo 5

Potencial de Rendimento de
Cereais de Inverno de Duplo
Propósito

Renato Serena Fontaneli, Henrique Pereiera dos Santos,


Roberto Serena Fontaneli, Leo de Jesus Del Duca, Osmar
Rodrigues, Mauro Cesar Celaro Teixeira, Alfredo do
Nascimento Junior, Euclydes Minella, Eduardo Caierão,
Cláudia De Mori, Janete Taborda de Oliveira e Franciele
Mariani

A importância da produção de forragem para cobertura e,


consequentemente conservação dos solos e para alimenta-
ção dos animais são inquestionáveis (NABINGER, 1993).
Entretanto, para que os sistemas se tornem competitivos, há
necessidade de se adequar as diferentes espécies forrageiras
a cada região, a fim de evitar a sazonalidade na produção de
forragem.

A necessidade de rotação de culturas e a produção animal

97
tem conduzido a atividade de integração lavoura-pecuária, que
pode resultar em melhor aproveitamento do potencial da pro-
priedade. Essa visão mais abrangente de propriedade agrí-
cola cria espaços para que cereais de inverno (aveia branca,
centeio, cevada, trigo e triticale) com período vegetativo mais
longo, se semeados antecipadamente, possam fornecer for-
ragem verde no período de maior carência alimentar, inverno
e, ainda produzir grãos (DEL DUCA et al., 1997).

Assim, os cereais de inverno indicados para duplo propósito


podem contribuir para a sustentabilidade dos sistemas agrí-
colas do Sul do Brasil e serem importantes para a rotação de
culturas em sistema plantio direto (SANTOS et al., 2002).

Desta maneira, a semeadura antecipada de cereais de inver-


no pode evitar perdas de solo e de nutrientes e contribuir para
viabilização do sistema plantio direto, ao proporcionar cober-
tura vegetal permanente após as culturas de verão (DEL DUCA
et al., 1997). Usando-se os cereais de inverno com ciclo apro-
priado, pode-se favorecer a integração lavoura-pecuária.

A utilização de cereais de inverno para duplo propósito em


sistema plantio direto, como alternativa à estabilização de
oferta de forragem e de grãos para a propriedade agrícola
durante o ano todo, pode apresentar como fator limitante a
deficiência de nutrientes do solo (BEN et al., 1996). Existem
diversos sistemas para a indicação de adubação de manu-
tenção ou de cobertura nas principais espécies cultivadas
(MANUAL..., 2004). Entretanto, pesquisas acerca dos níveis
de adubação necessários após o corte e, posteriormente para
rendimento de grãos, são incipientes no Brasil.

O manejo de forrageiras, consiste na utilização de um con-

98 ILPF - Integração Lavoura-Pecuária-Floresta


junto de práticas baseado na morfologia e fisiologia da planta,
em determinadas condições de ambiente, para obtenção e
manutenção de elevada produtividade (RODRIGUES, 1993).
Com a utilização das plantas por meio de corte ou pastoreio
são provocadas modificações na parte área com reflexos no
sistema radical e nos mecanismos compensadores das plan-
tas. Para tal, necessita-se conhecer os mecanismos bási-
cos que governam a fisiologia das plantas e suas interelações
com os fatores de ambiente.

A seguir serão apresentados resultados, dos anos de 2003 a


2005, comparando cereais de inverno indicados para duplo
propósito quanto a rendimento de massa seca, rendimento
de grãos e valor nutritivo, em Passo Fundo, RS.

Potencial de rendimento e manejo de


cereais de inverno para duplo
propósito (DP)

As informações base para as indicações sobre cereais DP


foram gerados de 2003-2005 na área experimental da
Embrapa Trigo, no município de Passo Fundo, RS, em solo
classificado como Latossolo Vermelho Distrófico típico
(STRECK et al., 2002). Para consolidação da tecnologia do
usos de cerais DP para as condições sul-brasileiras foram
realizadas quatro ações de pesquisa, validadas em dezenas
de Unidades de Referência Tecnológica (URT), no centro-sul
e sudoeste do Paraná, planalto serrano e oeste de Santa
Catarina e, praticamente todas as regiões do Rio Grande do

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Sul através do projeto Integração lavoura-pecuária-floresta
(ILPF), liderados pela Embrapa Transferência de Tecnologia.

a) Efeito de doses de nitrogênio no rendimento de forragem e


de grãos de cereais de inverno, em duas épocas de semea-
dura.

Dois experimentos para foram realizados avaliar a interação


entre doses de nitrogênio e genótipos de cereais de inverno
DP sobre o rendimento de massa seca e de grãos, em duas
épocas de semeadura, abril e maio. As doses de nitrogênio
foram assim distribuídas: N1: 50% da dose indicada (30 kg N/
ha); N2: 100% da dose indicada (60 kg N/ha); e N3: 150% da
dose indicada (90 kg N/ha) para os cereais de inverno. Os
tratamentos testados constam nas tabelas 13 e 14. O deline-
amento experimental foi o de blocos casualizados em parce-
las sub-divididas, com as doses de nitrogênio, alocadas nas
parcelas principais e, 14 genótipos nas subparcelas. As uni-
dades experimentais foram constituídas por 5 linhas de 5,0
m de comprimento, espaçadas 0,2 m entre si. A área experi-
mental foi adubada à lanço, antes da semeadura, com 100 a
300 kg ha-1 da fórmula 5-25-25 (N-P2O5-K2O), conforme aná-
lise de solos.

Em todos os cortes foi realizada a avaliação do rendimento


de massa seca dos cereais de inverno. O corte de toda a
área útil da parcela destinada para forragem foi efetuado quan-
do as plantas atingiram, aproximadamente, 30 cm de altura.
A biomassa verde foi colhida e pesada; desta, foi retirada uma
sub-amostra, a qual foi seca em estufa com ar forçado a 60
ºC até peso constante, para determinação da massa seca.
Na colheita, foram avaliados o peso do hectolitro, o peso de
1.000 grãos e o rendimento de grãos ajustados para umida-

100 ILPF - Integração Lavoura-Pecuária-Floresta


de padrão de 13%. As variáveis de resposta estimadas foram
submetidas à análise de variância, ao nível de 5% de
significância, usando-se o pacote estatístico SAS, versão 8.2
(SAS, 2003).

Por ocasião do primeiro e segundo corte e na média dos dois


cortes, da primeira época de semeadura, a cultivar de cen-
teio BR 1 teve maior altura por ocasião do corte maior (P<0,05)
do que as cultivares de aveia preta Agro Zebu, de cevada BRS
195 e BRS 225 e trigo BRS 277 (Tabela 13). Nessas avalia-
ções, para altura de corte, não houve diferenças significati-
vas para aplicação de doses de nitrogênio (Tabela 14). Quan-
to ao percentual de massa seca (MS), o genótipo de trigo
BRS 277 foi superior às cultivares e aos genótipos de aveia
branca e preta, de centeio BR 1, de cevadas e de triticales. O
percentual de MS avaliado foi maior com aplicação de 50%
da dose indicada de N (N1), em comparação a aplicação de
100% (N2) e 150% (N3) da dose, em ambos os cortes e na
média dos mesmos. A cultivar de centeio BRS Serrano teve
rendimento de MS mais elevado, em relação as cultivares e
genótipos de aveias branca e pretas, de centeio BR 1, de
cevadas BRS 224 e BRS 225, de triticales e de trigo BRS
277. O rendimento de MS total de dois cortes foi maior com a
aplicação de 150% da dose indicada de N, seguida da indicada
(100%), que seperou a aplicção de 50% da dose (Tabela 13).

Na primeira época de semeadura, houve diferença significa-


tiva (P<0,05) entre os cereais para altura de plantas, peso do
hectolitro, peso de mil grãos e rendimento de grãos (Tabela
14). Com relação, as doses de nitrogênio, não houve diferen-
ças significativas entre os tratamentos para esses

101
parâmetros. As cultivares de centeio apresentaram altura de
plantas maior do que os demais cereais estudados. Os
genótipos de trigo BRS Umbu e BRS 277 mostraram peso
do hectolitro mais elevado, em relação as cultivares e
genótipos de aveias branca e pretas, de centeios, de ceva-
das e de triticales. As cultivares de cevada apresentaram peso
de 1.000 grãos maior, em comparação aos demais materiais
estudados. A cultivar de centeio BRS Serrano foi superior no
rendimento de grãos, em relação a todas as culturas estuda-
das, exceto ao trigo BRS 277.

Na segunda época de semeadura, a altura da cultivar de cen-


teio BR 1 foi superior (P< 0,05) aos cultivares e genótipos de
cereais de inverno indicados para duplo propósito, exceto ao
triticale BRS 148 (Tabela 14). As cultivares de trigo BRS Fi-
gueira e BRS Umbu apresentaram maior percentual de MS
do que a maioria das cultivares e genótipos estudados. A cul-
tivar de cevada BRS 224 somente não teve rendimento de
MS mais elevado do que centeio BR 1, triticale BRS 148 e
trigo BRS 277. A cultivar de centeio BRS Serrano têm porte
mais alto (Tabela 15). Os genótipos de trigo BRS Umbu e
BRS 277 tiveram o peso do hectolitro maior, seguida do trigo
BRS Figueira e triticale BRS 148. O maior peso de 1.000
grãos (40,7 g) ocorreu na cultivar de cevada BRS 224. A cul-
tivar de triticale BRS 203 foi superior para rendimento de grãos
do que as demais cultivares e genótipos de cereais, seguida
pelos demais genótipos de trigo, triticale, centeio e aveia bran-
ca (Tabela 15).

102 ILPF - Integração Lavoura-Pecuária-Floresta


Tabela 13. Efeito de doses de nitrogênio em cereais de inverno na altura de corte (AC), na concentração de massa seca
(MS) e no rendimento de MS por corte de cereais de inverno, em duas épocas de semeadura, média de 2003 a 2005.

1ª época de semeadura
Cereais de inverno 1º corte 2º corte AC 1º corte 2º corte MS 1º corte 2º corte MS
AC AC Média MS MS Média MS MS Total
(cm) (cm) (cm) (%) (%) (%) (kg/ha) (kg/ha) (kg/ha)
1. A. branca UPF 18 31,5 abc 32,9 efg 32,2 def 14,6 c 15,6 g 15,1 g 859 cde 620 fg 1.479 gh
2. A. preta IPFA 99009 32,7 abc 33,3 defg 33,0 cdef 15,5 bc 17,9 de 16,7 ef 767 de 724 ef 1.492 fgh
3. A. preta Agro Zebu 30,8 bc 32,0 g 31,4 ef 15,9 bc 18,4 cd 17,2 de 673 e 793 de 1.466 gh
4. Centeio BR 1 34,9 a 40,7 a 37,8 a 15,5 bc 17,1 ef 16,3 ef 775 de 784 de 1.559 efg
5. Centeio BRS Serrano 33,6 abc 36,9 bcd 35,2 abc 19,9 a 17,9 de 18,9 bc 1.179 a 1.175 a 2.355 a
6. Cevada BRS 195 30,8 bc 29,9 g 30,4 f 17,2 b 19,2 bc 18,2 cd 1.030 abc 771 e 1.801 d
7. Cevada BRS 224 33,3 abc 35,7 cdef 34,5 bcd 15,6 bc 16,5 fg 16,1 efg 947 bcd 841 cde 1.788 de
8. Cevada BRS 225 30,4 c 36,0 bcde 33,2 bcdef 15,0 c 16,4 fg 15,7 fg 81 e 799 de 1.479 gh
9. Triticale BRS 148 31,6 abc 40,6 a 36,1 ab 15,2 c 17,0 ef 16,1 efg 734 e 737 ef 1.472 gh
10. Triticale BRS 203 32,8 abc 39,6 ab 36,2 ab 16,1 bc 17,5 def 16,8 ef 798 de 926 cd 1.724 def
11. Triticale E 53 32,6 abc 36,7 cde 34,7 bcde 15,3 bc 17,1 ef 16,2 efg 794 de 496 g 1.290 h
12. Trigo BRS Figueira 34,5 ab 37,6 abc 36,1 ab 19,8 a 19,9 b 19,8 ab 1.113 ab 981 bc 2.094 b
13. Trigo BRS Umbu 33,0 abc 38,7 abc 35,8 abc 19,7 a 19,1 bc 19,4 ab 940 bcd 1.118 ab 2.058 bc
14. Trigo BRS 277 29,9 c 32,1 fg 31,0 ef 19,6 a 21,0 a 20,3 a 857 cde 974 c 1.831 cd
Média 32,3 35,9 34,1 16,8 17,9 17,3 868 839 1.706
Doses de nitrogênio
N1-50% - metade da dose32,1 a 35,2 a 33,7 a 17,4 a 18,3 a 17,8 a 827 b 746 c 1.573 c
N2-100% - dose indicada 32,2 a 36,3 a 34,3 a 16,6 b 17,9 b 17,3 b 864 ab 860 b 1.724 b
N3-150% 32,6 a 36,2 a 34,2 a 16,3 b 17,6 b 17,0 b 913 a 910 a 1.822 a
A: aveia; e E: Embrapa. Médias seguidas da mesma letra, na coluna, não diferem significativamente pelo teste de Tukey (P>0,05).
Fonte: Santos e Fontaneli (2006).
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Tabela 14. Efeito de doses de nitrogênio em cereais de inverno na
altura de plantas (AP), no peso do hectolitro (PH), no peso de 1000
grãos (PMG) e no rendimento de grãos (RG), da primeira época de
semeadura, média de 2003 a 2005.

1ª época de semeadura
AP PH PMG RG
Cereais de inverno Média Médio Média Média
(cm) (kg/hL) (g) (kg/ha)
1. A. branca UPF 18 107,9 b 43,4 g 32,0 b 2.318 bcde
2. A. preta IPFA 99009 115,2 b 46,9 f 18,7 e 1.582 h
3. A. preta Agro Zebu 113,2 b 45,0 fg 18,4 e 1.631 gh
4. Centeio BR 1 134,6 a 67,5 c 21,4 e 2.572 bc
5. Centeio BRS Serrano 137,3 a 68,4 bc 18,7 e 3.083 a
6. Cevada BRS 195 51,2 h 54,3 e 32,8 b 1.636 gh
7. Cevada BRS 224 64,1 f 58,9 d 38,6 a 2.032 defg
8. Cevada BRS 225 56,2 gh 57,3 de 36,6 a 2.095 def
9. Triticale BRS 148 85,8 c 65,5 c 37,9 a 2.176 cdef
10. Triticale BRS 203 78,8 cd 67,7 bc 29,9 bc 2.427 bcd
11. Triticale Embrapa 53 80,5 c 65,8 c 32,9 b 1.920 efgh
12. Trigo BRS Figueira 62,4 fg 70,8 ab 26,3 d 1.854 fgh
13. Trigo BRS Umbu 72,5 de 71,6 a 30,3 bc 2.109 def
14. Trigo BRS 277 68,9 ef 73,8 a 27,3 cd 2.692 ab
Média 87,8 61,2 28,7 2.152
Doses de nitrogênio
N1 87,7 a 61,1 a 28,5 a 2.094 a
N2 87,8 a 61,2 a 29,0 a 2.154 a
N3 87,8 a 61,4 a 28,6 a 2.208 a
A: aveia. Médias seguidas da mesma letra, na coluna, não diferem significativa-
mente pelo teste de Tukey (P>0,05).
Fonte: Santos e Fontaneli (2006).

104 ILPF - Integração Lavoura-Pecuária-Floresta


Tabela 15. Efeito de doses de nitrogênio em cereais de inverno na altura de corte (AC), na concentração de massa seca
(MS), no rendimento de massa seca total (MS), na altura de planta (cm), no peso do hectolitro (PH), no peso de 1000
grãos (PMG) e no rendimento de grãos (RG), da segunda época, com um corte, média de 2003 a 2005.

2ª época de semeadura
Cereais de inverno AC MS MS EP PH PMG RG
(cm) (%) (kg/ha) (cm) (kg/hL) (g) (kg/ha)
1. A. branca UPF 18 33,0 cd 16,3 e 708 de 107,5 d 43,9 g 31,5 d 3.112 bc
2. A. preta IPFA 99009 33,9 cd 18,5 bc 795 cde 116,3 c 45,1 g 18,6 g 1.643 f
3. A. preta Agro Zebu 34,2 bc 18,9 ab 711 de 116,9 c 44,0 g 17,7 g 1.764 f
4. Centeio BR 1 39,1 a 16,7 de 1.041 ab 128,7 b 68,2 d 21,4 f 2.672 e
5. Centeio BRS Serrano 34,5 bc 17,7 bcd 881 bcd 141,3 a 68,6 d 19,4 fg 3.136 bc
6. Cevada BRS 195 30,7 d 18,8 ab 928 bc 50,4 i 57,2 f 34,8 bc 2.687 de
7. Cevada BRS 224 34,2 bc 17,0 de 1.143 a 63,1 h 60,2 e 40,7 a 3.482 b
8. Cevada BRS 225 32,0 cd 17,3 cde 755 cde 55,1 i 60,1 e 35,6 b 2.981 cde
9. Triticale BRS 148 37,4 ab 16,3 e 1.049 ab 94,3 e 68,6 d 38,7 a 3.254 bc
10. Triticale BRS 203 34,1 bc 17,9 bcd 868 bcd 86,9 f 71,1 c 34,1 bcd 4.137 a
11. Triticale Embrapa 53 34,5 bc 16,7 de 686 e 83,3 fg 67,6 d 35,7 b 3.110 bcd
12. Trigo BRS Figueira 32,4 cd 19,8 a 887 bcd 68,6 h 74,0 b 28,7 e 3.209 bc
13. Trigo BRS Umbu 33,3 cd 19,8 a 729 de 76,5 g 77,4 a 32,2 cd 3.313 bc
14. Trigo BRS 277 34,7 bc 19,0 ab 1.045 ab 68,5 h 77,4 a 28,5 e 3.095 bcd
Média 34,1 17,9 873 89,8 63,1 29,8 2.971
Doses de nitrogênio
N1 33,5 a 18,3 a 807 b 89,6 a 63,0 a 29,9 a 2.882 b
N2 34,5 a 17,9 ab 901 a 89,4 a 63,5 a 29,7 a 2.943 b
N3 34,3 a 17,5 b 912 a 90,4 a 62,9 a 29,8 a 3.089 a
A: aveia. Médias seguidas da mesma letra, na coluna, não diferem significativamente pelo teste de Tukey (P>0,05).
Fonte: Santos e Fontaneli (2006).
105
106

Tabela 16. Avaliação de cereais de inverno quanto à precocidade no rendimento de forragem para o vazio outonal na
altura de corte (EC) e na concentração de massa seca (MS), do primeiro, segundo e terceiro cortes, média conjunta de
2003 a 2005.

1º corte 2º corte 3º corte EC 1º corte 2º corte 3º corte MS


Cereais de inverno AC AC AC Média MS MS MS Média
(cm) (cm) (cm) (cm) (%) (%) (%) (%)
1. A. branca UPF 18 33,1 ab 33,7 de 32,1 d 33,0 de 15,4 ab 15,1 g 23,0 bc 17,8 f
2. A. preta IPFA 99009 30,8 abc 32,9 def 34,3 bcd 32,7 de 18,0 ab 22,3 b 20,0 e 20,1 bcde
ILPF - Integração Lavoura-Pecuária-Floresta

3. A. preta Agro Zebu 29,2 abc 32,0 ef 40,6 abcd 33,9 de 18,4 ab 23,1 b 20,3 de 20,6 abcd
4. Centeio BR 1 31,2 ab 46,1 a 43,8 abcd 40,4 ab 14,9 ab 16,9 efg 22,1 cde 18,0 ef
5. Centeio BRS Serrano 32,1 ab 35,8 cde 37,8 bcd 35,2 cde 18,1 ab 17,2 ef 22,7 bcd 19,3 bcdef
6. Cevada BRS 195 26,4 c 27,9 f 37,2 bcd 30,5 e 17,6 ab 22,1 bc 23,7 abc 21,1 ab
7. Cevada BRS 224 33,4 a 36,6 cde 32,9 cd 34,3 de 15,7 ab 16,1 fg 23,5 abc 18,5 def
8. Cevada BRS 225 29,6 abc 37,3 cde 39,4 bcd 35,4 bcde 15,1 ab 17,0 efg 25,6 a 19,2 bcdef
9. Triticale BRS 148 29,3 abc 44,1ab 44,9 ab 39,4 abc 15,7 ab 16,6 fg 24,3 abc 18,9 cdef
10. Triticale BRS 203 31,7 ab 38,2 cd 40,0 abcd 36,6 bcd 18,4 ab 18,1 ef 22,7 bcd 19,7 bcdef
11. Triticale Embrapa 53 28,8 bc 45,3 ab 51,7 a 41,9 a 14,4 b 17,2 ef 23,2 abc 18,3 ef
12. Trigo BRS Figueira 32,2 ab 37,1 cde 42,7 abcd 37,3 abcd 18,8 ab 20,3 cd 25,0 ab 21,4 ab
13. Trigo BRS Umbu 33,3 a 40,1 bc 46,0 ab 39,8 abc 19,8 a 18,6 de 23,7 abc 20,7 abc
14. Trigo BRS 277 29,8 abc 32,8 ef 44,0 abc 35,5 bcde 19,7 a 25,1 a 22,9 bc 22,6 a
Média 30,8 37,1 40,5 36,1 17,2 19,0 23,0 19,7
A: aveia. Médias seguidas da mesma letra, na coluna, não diferem significativamente pelo teste de Tukey (P>0,05).
Fonte: Santos e Fontaneli (2006).
Tabela 17. Avaliação de cereais de inverno quanto à precocidade no
rendimento de forragem para o vazio outonal no rendimento de massa
seca (MS), do primeiro, segundo e terceiro cortes, média conjunta de
2003 a 2005.

1º corte 2º corte 3º corte MS


Cereais de inverno MS MS MS Total
(kg/ha) (kg/ha) (kg/ha) (kg/ha)
1. Aveia branca UPF 18 772 abc 567 f 1.010 cde 2.349 f
2. Aveia preta IPFA 99009 807 abc 942 bcd 1.076 bcde 2.825 cdef
3. Aveia preta Agro Zebu 900 abc 989 abc 1.322 ab 3.212 abc
4. Centeio BR 1 582 c 838 cde 1.385 a 2.806 cdef
5. Centeio BRS Serrano 1.088 a 1.009 abc 1.511 a 3.608 a
6. Cevada BRS 195 1.029 ab 708 ef 1.244 abc 2.981 bcde
7. Cevada BRS 224 908 abc 737 def 940 de 2.585 ef
8. Cevada BRS 225 680 bc 950 abcd 1.306 abc 2.936 bcde
9. Triticale BRS 148 706 bc 881 cde 1.052 bcde 2.639 def
10. Triticale BRS 203 931 abc 975 abc 939 de 2.845 cdef
11. Triticale Embrapa 53 595 c 965 abc 892 e 2.452 ef
12. Trigo BRS Figueira 1.003 ab 908 bcde 1.283 abc 3.195 abcd
13. Trigo BRS Umbu 979 ab 1.128 ab 1.214 abcd 3.322abc
14. Trigo BRS 277 906 abc 1.168 a 1.396 a 3.470 ab
Média 849 912 1.184 2.944
Médias seguidas da mesma letra, na coluna, não diferem significativamente pelo
teste de Tukey (P>0,05).
Fonte: Santos e Fontaneli (2006).

b) Precocidade no rendimento de forragem para o


vazio outonal

Os tratamentos constaram de diferentes espécies de cere-


ais de inverno (tabelas 16 e 17). O delineamento experimen-
tal foi o de blocos ao acaso, com três repetições. As parcelas
experimentais foram constituídas de 5 linhas de 5,0 m de
comprimento espaçadas 0,2 m entre si. A semeadura foi rea-
lizada, no mês de maio, de 2003 a 2005. Por ocasião do

107
perfilhamento, no mês junho de ambos os anos e após cada
corte foi aplicado 12 kg N/ha em cobertura. Em todos os cor-
tes foi realizada avaliação do rendimento de massa seca dos
cereais de inverno. O critério de corte das plantas por parce-
las foi quando as mesmas atingiram, aproximadamente,
30 cm de altura. A massa verde foi colhida e pesada; desta
foi retirada uma sub-amostra, a qual foi seca em estufa com
ar forçado a 60 ºC até peso constante, para determinação da
massa seca. Os parâmetros em estudo foram submetidos à
análise de variância ao nível de 5% de significância, utilizan-
do-se o pacote estatístico SAS versão 8.2 (SAS, 2003).

Houve diferença significativa (P< 0,05) em todos os cortes


para altura de plantas, percentual de MS e rendimento de MS.
No primeiro corte, as cultivares de cevada BRS 224 e de trigo
BRS Umbu apresentaram altura de corte mais elevado do
que as cultivares de cevada BRS 195 e de triticale Embrapa
53 (Tabela 16). Já no segundo corte, a cultivar de centeio BR
1 foi superior aos demais cereais estudados para altura de
corte, com exceção do triticale BRS 148. No terceiro e na
média dos cortes, a cultivar de triticale Embrapa 53 mostrou
altura de corte maior, em comparação às aveias, às cevadas
e, na média, ao triticale BRS 203.

A cultivar de trigo BRS 277 teve teor de MS mais elevado, em


relação a cultivar de triticale Embrapa 53, no primeiro e se-
gundo cortes e na média dos cortes (Tabela 17). No terceiro
corte, a cultivar de cevada BRS 225 apresentou maior
percentual de MS do que as cultivares e genótipos de aveias
branca e pretas, de centeios, de triticale BRS 203 e de trigo
BRS 277.

A cultivar de centeio BRS Serrano obteve maior rendimento

108 ILPF - Integração Lavoura-Pecuária-Floresta


de MS, em comparação às cultivares de triticale BRS 148 e
Embrapa 53, no primeiro e terceiro cortes e no total de cortes
(Tabela 17). A cultivar de trigo BRS 277 foi superior no rendi-
mento total de MS aos genótipos de aveia branca UPF 18, de
aveia preta IPFA 99009, de centeio BR 1, de cevada BRS 224
e BRS 225, e todos os de triticale.

c) Avaliação de cereais de inverno para rendimen-


to de forragem verde, silagem e grãos

Os tratamentos constaram de diferentes espécies de cere-


ais de inverno (Tabela 18). O delineamento experimental foi
de blocos ao acaso, com três repetições. As parcelas experi-
mentais foram constituídas de 5 linhas de 5,0 m de compri-
mento espaçadas 0,2 m entre si. A semeadura foi realizada
em abril, de 2003 a 2005. Por ocasião do perfilhamento, no
mês de junho de ambos os anos e após o corte para forra-
gem verde foi aplicado 22,5 kg N/ha. Nos dois cortes foi rea-
lizada avaliação do rendimento de massa seca dos cereais
de inverno. O corte de toda área útil da parcela destinada
para forragem verde foi quando as plantas atingiram, aproxi-
madamente, 30 cm de altura. Metade da área de rebrote foi
destinada à elaboração de silagem. O corte foi realizado quan-
do as plantas apresentaram grão em massa mole. A outra
metade da área de rebrote foi destinada para rendimento de
grãos. A massa verde foi colhida e pesada; desta foi retirada
uma sub-amostra, a qual foi seca em estufa a 60 ºC, para
determinação da massa seca. Na colheita foram avaliados o
peso do hectolitro, o peso de 1.000 grãos e o rendimento de

109
grãos (ajustados para umidade padrão de 13%). As variáveis
“resposta” foram submetidas à análise de variância ao nível
de 5% de significância, utilizando-se o pacote estatístico SAS
versão 8.2 (SAS, 2003).

Houve diferença significativa (P< 0,05) em todos os cortes para


percentual de massa seca e rendimento de massa seca (MS),
e no total de rendimento de MS, bem como na altura de plantas,
peso do hectolitro, peso de 1.000 grãos e rendimento de grãos
(tabelas 18 e 19). As médias da altura de corte dos cereais para
forragem verde não diferiram entre si (Tabela 18). No corte des-
tinado para silagem, a altura de corte dos centeios foram supe-
riores, em relação a maioria dos cereais estudados, enquanto
que no corte para silagem a cultivar de centeio BRS Serrano foi
superior. Por sua vez, a cultivar de centeio BRS Serrano, desta-
cou-se no rendimento de MS mais elevado no corte para forra-
gem verde e no corte para silagem. No primeiro corte, para for-
ragem verde foi superior aos das aveias pretas, aos do centeio
BR 1 e aos dos triticales BRS 148 e Embrapa 53. Para silagem
e no total de MS (verde + silagem) o centeio BRS Serrano foi o
mais produtivo (Tabela 18)

Por ocasião da colheita, na parte que ficou para determina-


ção do rendimento de grãos, a cultivar de centeio BRS Serra-
no obteve maior altura de plantas do que os demais cereais de
inverno (Tabela 19). As cultivares de trigo apresentaram peso
do hectolitro mais elevado. A cultivar de cevada BRS 224 teve
peso de 1.000 grãos superior, exceto a cevada BRS 225 e ao
triticale BRS 148. Os genótipos de centeio BRS Serrano, de
triticale BRS 148 e de trigo BRS 277 tiveram rendimento, no
entanto sem diferirem de aveia branca UPF 18, centeio BR 1
e triticale BRS 203 (Tabela 19).

110 ILPF - Integração Lavoura-Pecuária-Floresta


Tabela 18. Avaliação de cereais de inverno para rendimento de forragem verde, silagem e grãos na altura de corte (AC),
na concentração de massa seca (MS) e no rendimento de massa seca (MS), do primeiro (verde) e segundo (silagem)
cortes e total de MS, média de 2003 a 2005.

Verde Silagem Verde Silagem Verde Silagem MS


Cereais de inverno AC AC MS MS MS MS Total
(cm) (cm) (%) (%) (kg/ha) (kg/ha) (kg/ha)
1. A. branca UPF 18 32,6ns 110,8 b 15,0 cd 29,5 ef 892 ab 6.159 bc 7.051 bc
2. A. preta IPFA 99009 30,7 116,7 b 15,0 cd 28,5 fg 674 bc 6.455 bc 7.129 bc
3. A. preta Agro Zebu 29,7 111,8 b 15,4 cd 25,7 g 570 c 5.419 bcde 5.989 bcd
4. Centeio BR 1 32,9 136,4 a 16,3 bcd 37,8 ab 697 bc 7.027 b 7.725 b
5. Centeio BRS Serrano 33,8 141,8 a 18,3 ab 39,1 a 1.051 a 9.721 a 10.773 a
6. Cevada BRS 195 30,2 57,2 f 17,0 bc 31,7 def 1.070 a 3.641 e 4.711 d
7. Cevada BRS 224 34,6 72,6 de 14,8 cd 30,2 def 931 ab 4.696 cde 5.628 cd
8. Cevada BRS 225 30,0 66,1 ef 14,8 cd 32,5 cde 809 abc 3.962 de 4.771 d
9. Triticale BRS 148 28,8 98,6 c 15,4 cd 33,0 cd 718 bc 5.375 bcde 6.093 bcd
10. Triticale BRS 203 32,6 95,9 c 14,7 cd 32,8 cd 828 abc 4.738 cde 5.566 cd
11. Triticale Embrapa 53 33,3 93,3 c 14,2 d 35,2 bc 598 c 5.590 bcd 6.188 bcd
12. Trigo BRS Figueira 33,3 67,8 ef 18,0 ab 36,9 ab 1.038 a 5.022 cde 6.060 bcd
13. Trigo BRS Umbu 34,4 77,1 de 15,8 bcd 38,1 ab 926 ab 5.091 cde 6.017 bcd
14. Trigo BRS 277 31,4 80,0 d 19,9 a 38,4 ab 1.046 a 5.175 cde 6.222 bcd
Média 32,0 94,7 16,1 33,5 846 5.577 6.423
A: aveia. Médias seguidas da mesma letra, na coluna, não diferem significativamente pelo teste de Tukey (P>0,05).
ns = não significativo
Fonte: Santos e Fontaneli (2006).
111
Tabela 19. Avaliação de cereais de inverno para rendimento de forragem
verde, silagem e grãos na altura de planta (AP), no peso do hectolitro
(PH), no peso de 1000 grãos (PMG) e no rendimento de grãos (RG), da
colheita, média de 2003 a 2005.

AP PH PMG RG
Cereais de inverno (cm) (kg/hL) (g) (kg/ha)
1. Aveia branca UPF 18 105,4 cde 44,0 e 31,8 cd 2.370 ab
2. Aveia preta IPFA 99009 118,0 bc 45,2 e 19,0 e 1.093 f
3. Aveia preta Agro Zebu 110,9 cd 42,9 e 16,0 e 1.515 ef
4. Centeio BR 1 132,9 ab 68,3 bc 19,8 e 2.251 abcd
5. Centeio BRS Serrano 144,8 a 69,9 bc 21,4 e 2.747 a
6. Cevada BRS 195 48,4 j 58,6 d 33,3 cd 1.745 de
7. Cevada BRS 224 77,0 fghi 59,2 d 42,9 a 1.788 cde
8. Cevada BRS 225 60,7 ij 60,1 d 37,9 abc 1.515 ef
9. Triticale BRS 148 98,4 def 71,4 b 40,4 ab 2.403 a
10. Triticale BRS 203 92,1 efg 71,0 b 31,6 cd 2.308 abc
11. Triticale Embrapa 53 91,9 efg 67,1 c 34,2 bcd 1.798 cde
12. Trigo BRS Figueira 68,7 hi 75,6 a 29,8 d 1.664 e
13. Trigo BRS Umbu 75,6 ghi 76,7 a 31,0 d 1.865 bcde
14. Trigo BRS 277 80,6 fgh 78,1 a 29,1 d 2.424 a

Média 93,0 63,4 29,9 1.963


Médias seguidas da mesma letra, na coluna, não diferem significativa-
mente pelo teste de Tukey (P>0,05).
Fonte: Santos e Fontaneli (2006).

d) Determinação da curva de crescimento de trigo


BRS Figueira e de aveia preta Agro Zebu

O experimento foi conduzido na Embrapa Trigo, em Passo


Fundo, RS, de 2003 a 2005. A parcela principal foi constituída

112 ILPF - Integração Lavoura-Pecuária-Floresta


por dois genótipos (trigo BRS Figueira e aveia preta Agro Zebu)
e as subparcelas por 21 combinações de cortes. Os trata-
mentos alocados nas subparcelas foram formados por cor-
tes com intervalo de duas semanas (14, 28, 42, 56, 70, 84,
98, 112, 126, 140, 154 e 168 dias após a emergência das
plantas) para determinar-se a curva de crescimento e mais
nove dos rebrotes (r) de 28, 42 e 56 dias nos tratamentos
cortados aos 42, 56 e 70 dias após a emergência (42r28,
42r42 e 42r56; 56r28, 56r42 e 56r56; e 70r28, 70r42 e 70r56).
O delineamento experimental foi em blocos ao acaso com
parcelas subdivididas em três repetições. A área das
subparcelas foi de 5 m2 (5 linhas espaçadas de 0,20 m por
5,00 m de comprimento). Durante todo os anos, os experi-
mentos foram implantados no mês de abril. Quinze dias após
a emergência o material foi desbastado ajustando-se o nú-
mero de plantas adequado para cada tratamento. A área ex-
perimental foi adubada com 100 a 300 kg/ha da fórmula 5-25-
25. Por ocasião do perfilhamento, no mês de junho, de todos
os anos, foi aplicado 22,5 kg N/ha. As plantas daninhas, os
insetos e as doenças do trigo foram controlados com os pro-
dutos indicados para essa espécie (REUNIÃO, 2005b). Fo-
ram realizadas as seguintes avaliações, no trigo e na aveia
preta, por ocasião do corte: biomassa seca acumulada (MS)
e valor nutritivo (teores de proteína bruta, fibra insolúvel em
detergente ácido, fibra insolúvel em detergente neutro, e
digestibilidade de massa seca). Na colheita foram realizadas
as seguintes avaliações: altura de planta, peso do hectolitro,
peso de grãos por planta e rendimento de grãos. A altura de
plantas foi medida à campo com uma régua. A massa verde
foi colhida e pesada, e desta foi retirada uma sub-amostra, a
qual foi seca em estufa com ar forçado a 60 ºC até peso

113
constante, para ser determinada a massa seca. A forragem
seca foi triturada em moinho tipo Wilei com peneira de 1,0
mm e armazenda para análise do valor nutritivo. A determina-
ção laboratorial do valor nutritivo foi pela tecnologia NIRS
(SCHEFFER-BASSO et al., 2003). O rendimento de grãos
foi determinado de toda área útil da parcela e ajustado para
umidade de 13%. A colheita do material foi realizada do mês
de outubro ao mês de dezembro. Os parâmetros em estudo
foram submetidos à análise de variância ao nível de 5% de
significância, utilizando-se o pacote estatístico SAS versão
8.2 (SAS, 2003).

Em valores absolutos, o maior rendimento de massa seca (MS)


de trigo (8.482 kg/ha) e de aveia preta (8.465 kg/ha), com um
corte (Tabela 20), ocorreu aos 154 dias após a emergência das
plantas. Nessas condições, tanto o trigo como a aveia preta,
tiveram rendimento de grãos comprometido (Tabela 20), ou seja,
não produziram grãos (Fig. 23, 24, 25 e 26).

Com dois cortes, em valores absolutos, o maior rendimento


de MS de trigo foi 4.249 kg/ha, primeiro corte aos 56 dias e,
novamente no rebrote de 56 dias (Fig. 24). Na aveia preta
(Fig. 26), o maior valor de MS foi 3.256 kg/ha aos 70 dias e
rebrote de 56 dias (Tabela 20). Da mesma forma, tanto o trigo
como a aveia preta tiveram rendimento de grãos e qualidade
afetada. O trigo com um corte aos 56 dias produziu 1.642 kg/
ha e reduziu para 948 kg/ha do rebrote de dois cortes (56r56),
enquanto a aveia preta cortada aos 56 dias produziu 1.922
kg/ha e reduziu para 1.296 kg/ha do rebrote de dois cortes
(56r56) (Tabela 21).

O rendimento de grãos de trigo com um corte (Fig. 23) nos


primeiros 42 dias após a emergência variou entre 2.575 a

114 ILPF - Integração Lavoura-Pecuária-Floresta


2.058 kg/ha, enquanto da aveia preta (Fig. 25), no mesmo
período foi de 1.642 a 1.897 kg ha-1 (Tabela 21), demonstran-
do maior potencial do trigo para rendimento de grãos (Fig. 23,
24, 25 e 26). Entretanto, com dois cortes para forragem, o
trigo e a aveia preta, em geral são equivalentes. O peso de
1.000 grãos (31,5 g) e peso do hectolitro de trigo (73,7 kg/hL)
são maiores, implicando em maior potencial para uso como
ração enegética para animais (Tabela 21).

Como por exemplo aos 56 dias após a emergência das plan-


tas, nesses três anos, o maior rendimento de grãos tanto de
trigo como de aveia preta, com um corte, não coincidem com
os maiores rendimentos de MS (Tabelas 20 e 21). À medida
que o rendimento de MS aumentou (aveia preta: 847 kg/ha e
trigo: 1.082 kg/ha), o rendimento de grãos diminuiu (aveia pre-
ta: 1.922 kg/ha e trigo: 1.642 kg/ha). Dessa forma, o trigo res-
ponde bem a um pastejo, até aos 42 dias após a emergência
das plantas e ainda produz mais de 2,0 t/ha de grãos.

Com um corte, aos 70 dias após a emergência das plantas,


tanto o trigo como a aveia preta, continuam aumentando ren-
dimento de MS, porém, rendimento de grãos começa a dimi-
nuir (Tabelas 20 e 21). Para os dois cortes, isso foi verdadei-
ro aos 56 dias (primeiro corte) e 56 dias (segundo corte) após
a emergência das plantas para trigo e 70r56 após a emer-
gência das plantas para aveia preta (Tabelas 20 e 21).

115
116

Tabela 20. Altura de corte (AC), concentração de massa seca (MS) e rendimento de massa seca (MS), de dois
cortes de trigo BRS Figueira e de aveia preta Agro Zebu, de 2003 a 2005. Embrapa Trigo. Passo Fundo, RS.

Cortes em dias após 1º corte 2º corte Total


emergência das plantas AC MS MS EC MS MS MS
e rebrote (r) (cm) (%) (kg/ha) (cm) (%) (kg /ha) (kg/ha)
14: aveia preta 15 11 26 - - - -
trigo 17 14 69 - - - -
ILPF - Integração Lavoura-Pecuária-Floresta

28: aveia preta 20 14 202 - - - -


trigo 22 13 449 - - - -
42: aveia preta 26 17 423 - - - -
trigo 27 20 658 - - - -
42r28: aveia preta 28 17 424 28 19 650 1.075
trigo 25 17 591 36 17 991 1.582
42r42: aveia preta 28 19 439 36 21 1.433 1.872
trigo 26 16 515 45 21 1.882 2.397
42r56: aveia preta 26 21 362 45 18 2.053 2.415
trigo 26 22 719 57 27 2.878 3.597
56: aveia preta 31 18 847 - - - -
trigo 33 18 1.082 - - - -
Continua...
Tabela 20. Continuação.
Cortes em dias após 1º corte 2º corte Total
emergência das plantas AC MS MS EC MS MS MS
e rebrote (r) (cm) (%) (kg/ha) (cm) (%) (kg /ha) (kg/ha)
56r28: aveia preta 30 19 758 30 20 644 1.402
trigo 33 18 1.100 34 20 910 2.012
56r42: aveia preta 29 19 865 35 19 1.262 2.128
trigo 31 18 1.195 44 21 1.582 2.777
56r56: aveia preta 32 18 904 49 21 2.292 3.196
trigo 32 18 1.169 56 25 3.079 4.249
70: aveia preta 42 19 1.752 - - - -
trigo 46 20 2.285 - - - -
70r28: aveia preta 42 19 1.568 31 20 404 1.972
trigo 46 19 2.192 31 21 362 2.553
70r42: aveia preta 39 19 1.488 34 23 953 2.441
trigo 47 20 2.254 36 26 942 3.196
70r56: aveia preta 42 19 1.572 49 24 1.684 3.256
trigo 46 19 2.170 49 29 1.913 4.083
84: aveia preta 47 20 2.221 - - - -
trigo 58 24 3.659 - - - -
Continua...
117
118

Tabela 20. Continuação.


Cortes em dias após 1º corte 2º corte Total
emergência das plantas AC MS MS EC MS MS MS
e rebrote (r) (cm) (%) (kg/ha) (cm) (%) (kg /ha) (kg/ha)
98: aveia preta 59 19 3.157 - - - -
trigo 69 26 4.839 - - - -
112: aveia preta 68 22 4.184 - - - -
ILPF - Integração Lavoura-Pecuária-Floresta

trigo 78 33 6.692 - - - -
126: aveia preta 91 22 5.199 - - - -
trigo 80 39 7.502 - - - -
140: aveia preta 104 27 8.151 - - - -
trigo 76 46 8.243 - - - -
154: aveia preta 109 31 8.465 - - - -
trigo 75 52 8.482 - - - -
168: aveia preta 106 40 7.976 - - - -
trigo 75 59 7.462 - - - -
Fonte: Santos e Fontaneli (2006).
Tabela 21. Peso de 1.000 grãos (PMG), peso do hectolitro (PH) e
rendimento de grãos (RG) de trigo BRS Figueira e de aveia preta
Agro Zebu, de dois cortes, de 2003 a 2005. Embrapa Trigo. Passo
Fundo, RS.

Cortes em dias após


a emergência das PMG PH RG
plantas e rebrote (r) (g) (kg/hL) (kg/ha)
14: aveia preta 15,3 kl 42,5 fghi 1.746 bcde
Trigo 31,5 a 73,7 a 2.575 a
28: aveia preta 16,4 jkl 41,0 hi 1.897 bc
Trigo 30,3 ab 73,0 ab 2.589 a
42: aveia preta 16,6 jkl 41,4 hi 1.845 bcd
Trigo` 29,4 abc 70,5 bcd 2.058 ab
42r28: aveia preta 17,2 jkl 44,7 f 1.652 bcdef
Trigo 25,8 cdef 71,7 abcd 1.459 cdefghijk
42r42: aveia preta 18,0 ijkl 43,3 fgh 1.519 bcdefghij
Trigo 25,4 cdef 70,9 abcd 1.294 defghijkl
42r56: aveia preta 15,5 kl 43,6 fgh 1.185 efghijkl
Trigo 22,8 efgh 70,5 bcd 1.251 efghikl
56: aveia preta 16,6 jkl 40,9 hi 1.922 bc
Trigo 26,7 bcde 71,5 abcd 1.642 bcdefg
56r28: aveia preta 15,7 kl 43,6 fgh 1.534 bcdefghi
Trigo 25,3 cdef 71,1 abcd 1.569 bcdefgh
56r42: aveia preta 16,2 kl 41,6 ghi 1.142 fghijklm
Trigo 22,2 fghi 69,0 de 870 lm
56r56: aveia preta 16,4 jkl 40,7 hi 1.296 defghijkl
Trigo 24,5 defg 70,2 bcde 948 klm
70: aveia preta 18,7 hijk 42,1 fghi 1.427 cdefghijkl
Trigo 26,5 bcde 72,0 abc 1.574 bcdefgh
70r28: aveia preta 14,4 l 41,2 hi 1.124 fghijklm
Trigo 24,0 defg 69,4 cde 1.057 hijklm
70r42: aveia preta 14,6 kl 40,2 i 975 ijklm
Trigo 26,0 cdef 69,6 cde 957 jklm
Continua...

119
Tabela 21. Continuação.
Cortes em dias após
a emergência das PMG PH RG
plantas e rebrote (r) (g) (kg/hL) (kg/ha)
70r56: aveia preta 17,3 jkl 39,8 i 1.205 efghijkl
Trigo 26,8 bcde 67,3 e 610 m
84: aveia preta 16,4 jkl 44,5 fg 1.613 bcdefgh
Trigo 24,8 def 70,3 bcd 1.205 efghijkl
98: aveia preta 16,8 jkl 42,7 fghi 1.080 ghijklm
Trigo 27,2 bcd 72,2 abc 1.100 fghijklm
112: aveia preta 20,5 ghij 42,6 fghi 1.111 fghijklm
Trigo 27,6 abcd 70,9 abcd 1.192 efghijkl
126: aveia preta - - -
Trigo - - -
140: aveia preta - - -
Trigo - - -
154: aveia preta - - -
trigo - - -
168: aveia preta - - -
trigo - - -
Média 21,4 56,5 1.418
Médias seguidas da mesma letra, na coluna, não diferem significativamente pelo
teste de Tukey (P>0,05).
Fonte: Santos e Fontaneli (2006).

120 ILPF - Integração Lavoura-Pecuária-Floresta

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