Trabalho de Guariroba Parte Escrita Completo

Fazer download em doc, pdf ou txt
Fazer download em doc, pdf ou txt
Você está na página 1de 21

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO CAMPUS UNIVERSITRIO DE NOVA XAVANTINA DEPARTAMENTO DE AGRONOMIA

SILVICULTURA
A CULTURA DA GUEROBA [Syagrus oleracea (Mart.) Becc.]

NOVA XAVANTINA MT SETEMBRO, 2011

CLAYTON TAVARES ROLDO LARISSA DA LUZ SILVA WESLEY PAULA SOUZA VLADEMIR NATANAEL FRAZO

A CULTURA DA GUEROBA [Syagrus oleracea (Mart.) Becc.]

Trabalho sobre A Cultura da Gueroba [Syagrus oleracea (Mart.) Becc.] apresentado disciplina Silvicultura do 7 semestre 2011/2 do curso de bacharelado em agronomia. Este trabalho faz um breve relato da cultura da gueroba e sua utilizao em sistemas silviculturais. Docente: Dr. Vanessa Cristina de Almeida Theodoro

NOVA XAVANTINA MT SETEMBRO, 2011


i

Sumrio
INTRODUO............................................................................................................4 SISTEMA DE PRODUO........................................................................................5 Clima .......................................................................................................................5 .................................................................................................................................5 Solos .........................................................................................................................5 poca do plantio......................................................................................................5 Adubao e calagem.................................................................................................5 Espaamentos de plantio...........................................................................................6 .................................................................................................................................6 Tratos culturais ........................................................................................................8 Colheita ....................................................................................................................8 Comercializao .......................................................................................................9 PRAGAS E DOENAS DA CULTURA DE GUARIROBA...................................10 PRODUO DE MUDAS.........................................................................................11 APROVEITAMENTO DA FITOMASSA.................................................................12 GUARIROBA EM SISTEMAS AGROFLORESTAIS NO CERRADO..................12 RECUPERAO DE REAS DEGRADADAS COM GUARIROBA...................14 RECEITA DE GUARIROBA....................................................................................16 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS.......................................................................17 ii

iii

INTRODUO
No Brasil vrias palmeiras possui palmito comestvel. A guariroba [Syagrus oleracea (Mart.) Becc.] uma espcie da famlia Arecaceae (famlia das palmeiras). Dentro do gnero Syagrus esto as nicas espcies que apresentam palmito amargo, a guariroba (Syagrus oleracea Becc.) e o jeriv [Syagrus ramonzoffiana (Cham.) Glassmam], esta ltima natural da Mata Atlntica (FERREIRA, 1982 citado por PINTO,2009).Esta uma palmeira nativa vegetao dos cerrados, encontrada nos Estados de Gois, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Tocantins e Distrito Federal. conhecida regionalmente como guariroba, gariroba, gueroba, gueiroba ou ainda como coqueiro-amargoso, este ltimo nome devido o sabor amargo caracterstico do seu palmito, diga-se de passagem, muito apreciado na culinria regional, (NASCENTE et al., 2000). A guariroba uma palmeira que possui estipe (caule ou tronco das palmeiras) ereto que pode atingir de dez a vinte metros de altura e de 20 a 30 cm de dimetro. uma planta monica, ou seja, apresenta inflorescncia com flores masculinas e femininas na mesma planta, sendo essas flores de colorao creme-esbranquiada. A inflorescncia denomina-se espdice, sendo esta protegida por uma brctea marrom em forma de canoa, a espata. Possui folhas grandes, na planta adulta, varia de 15 a 20 com 2,0 a 3,0 metros de comprimento, dispostas em espiral e levemente arqueadas, constitudas por inmeros fololos que variam de 100 a 150 por folha, de colorao verde-escuro brilhante, e com bainha estreita. Floresce e frutifica o ano todo com maior intensidade entre os meses de agosto a fevereiro. Seu fruto produzido em cachos com 20 a 40 cm de comprimento e contendo em torno de 60 a 120 frutos, de colorao verde-amarelada (AGUIAR e ALMEIDA, 2000; AGUIAR, 2008). Segundos dados do IBGE, 2009 o Brasil possui uma rea plantada de 16.162 hectares de espcies produtoras de palmito com uma produo de 70.784 toneladas. Est cultura representa na regio Centro Oeste especificamente nos estados de Mato Grosso e Gois ocupando uma rea cultivada de 2.883 ha e 1.532 ha respectivamente, apresentando uma produo 4.489 e 24.651 toneladas respectivamente, totalizando uma produo de 29.140 toneladas, sendo esta a regio com a maior produo do Pas. Segundo Melo e Guimares (2002), embora em outras regies do pas os sistemas agroflorestais (SAFS) tenham se difundido com xito, nos cerrados essa tcnica ainda incipiente. A baixa adoo de sistemas consorciados deve-se basicamente competio entre as plantas e as dificuldades de manejo que acarreta. Esses autores avaliaram o desempenho de guariroba, mogno, seringueira, neem e guariroba em monocultivos e, em SAFS. Os resultados 4

obtidos sugerem que a utilizao da guariroba em SAFS se apresenta com uma boa opo, visto que todas as espcies florestais estudadas melhoraram o seu desempenho quando consorciadas com a guariroba. Segundo Aguiar e Almeida (2000b), o cultivo da guariroba apresenta-se como um sistema lucrativo com elevado retorno do capital investido. Devendo ser incentivado devido a tendncia de crescimento e boa aceitao no mercado regional, sobre tudo como forma de extrativismo predatrio que coloca essa palmeira no roll das espcies ameaadas de extino.

SISTEMA DE PRODUO Clima


A guariroba est adaptada s condies de maior insolao e baixa precipitao pluviomtrica, entre 800 e 1.200mm/ano, podendo ter dficit hdrico durante os meses de inverno, sendo, pois, prpria de climas quentes (BOVI et al., 2011).

Solos

A cultura necessita de solos bem drenados, com textura mdia e no compactados para ter um bom desenvolvimento. O plantio deve ser em nvel, para manter o solo vegetando no perodo de chuva e para evitar eroso (BOVI et al., 2011).

poca do plantio

Deve ser feito o mais cedo possvel, em relao o inicio do perodo chuvoso (DINIZ e S, 1995).

Adubao e calagem

Para a recomendao de correo de solo, deve-se basear na anlise de solo elevando a saturao por bases a 60% (BOVI et al., 2011).

No tendo uma adubao bsica de plantio como de outras culturas perenes tem diversas indicaes. Segundo Bovi et al. (2011), recomenda matria orgnica no sulco de plantio, na base de quatro a oito kg/m e superfosfato simples no sulco (150 - 200g/m). No entanto, de uma maneira geral, pode-se utilizar a frmula 20:05:15, na dose de 150 a 200g/planta, aplicada de quatro a cinco vezes ao ano, durante a estao chuvosa. J Melo e Guimares (2002), o plantio da guariroba deve ser feito em sulcos de 40 cm de profundidade utilizando-se a seguinte adubao de plantio por metro de sulco: 300 gramas de calcrio dolomtico, 350 gramas de super simples, 20 gramas de cloreto de potssio, cinco gramas de brax, oito gramas de sulfato de cobre, quatro gramas de sulfato de mangans e quatro gramas de sulfato de zinco. A adubao nitrogenada foi efetuada aos 20 e 50 dias aps o plantio com a aplicao parcelada de 50 gramas de uria/metro de sulco. Foram aplicados anualmente em dezembro, janeiro e maro 30 gramas de sulfato de amnio e 10 gramas de cloreto de potssio/planta. Outra recomendao feita por Aguiar e Almeida (2000), em consorcio com milho e feijo, utiliza o formulado 04-30-16 + Zn (150 kg/ha sendo 5,4 gramas por covas) e seis toneladas/ha de esterco de curral no plantio da guariroba e milho.

Espaamentos de plantio
As sementes, provenientes de frutos recm-colhidos e devidamente despolpados (se no forem usadas sementes novas e despolpadas, a germinao ser lenta, de dois a quatro meses, e baixa), devem ser semeadas diretamente no campo, em sulcos de 10 cm a 15 cm de profundidade. Utiliza-se, normalmente, seja para produo de palmito seja para fins ornamentais, o espaamento de 2,0m x 0,5m ou 1,5m x 0,3m (BOVI et al., 2011). Conforme Diniz e S (1995), o espaamento ideal 1,0m x 0,5m com a utilizao de um coco por cova e 1,0m x 1,0m com 2 cocos por cova sendo tambm indicada para as mudas.

Segundo Melo e Guimares (2002), no sistema agroflorestal utiliza o espaamento 3x1 m entre plantas de guariroba e arvores 9x6 m (Fig. 1).

Figura 1. Croqui de sistema agroflorestal florestal

Guariroba

Espcie

Consorcio de (guariroba, milho e feijo), (Fig. 2) utiliza o espaamento de 1,2 x 1,2 m entre plantas de guariroba, o feijo com espaamento 0,3 x 0,3 m e milho sendo 0,6 x 0,6 m. No primeiro ano do plantio o milho e plantando na cova com a semente da guariroba (AGUIAR E ALMEIDA, 2000).

Figura 2. Consorcio (Guariroba, Milho e Feijo) MG - milho/guariroba; F - Feijo; Milho e G - Guariroba.

M -

Tratos culturais

importante o controle das plantas daninhas, principalmente de gramneas, para evitar a competio com a cultura. Esse controle pode ser realizada com capinas e roada. A irrigao tambm uma prtica recomendada para a cultura, visto que estimula o desenvolvimento da planta e leva a um aumento do peso do palmito, sendo mais importante nos perodos de dficit hdrico (BOVI et al., 2011). Os tratos culturais com o consorcio (guariroba, milho e feijo) a preocupao e o combate contra os cupins que e feito na poca da seca com a aplicao de 25 kg de sal comum misturado com um kg de cupinicida e controle de formiga e feito por iscas colocado prximo aos formigueiros sendo esta atividade feita duas vezes por ms no perodo da tarde (AGUIAR e ALMEIDA, 2000). Capao de folhas consiste na eliminao de folhas no estgio avanado de secamentos, para melhoras as condies de luminosidade e arejamento da cultura. Esta pratica melhora o desenvolvimento do dimetro da planta (DINIZ e S, 1995).

Colheita

Recomenda-se que a guariroba seja colhida quando estiver com tamanho com aproximadamente de 50 a 60 cm de altura ou quando a parte comestvel atingir 1,2 quilos de peso. Isto acontece a parti do 3 ao 4 ano (DINIZ e S, 1995). A cultura apresenta uma produo mdia de 2.000 a 3.000 palmitos/ano, a partir do segundo ano. A comercializao realizada com o produto in natura, em peas de 3 a 6 kg, e o produto deve ser utilizado at 5 a 7 dias aps a colheita, por ser perecvel (BOVI et al., 2011). A colheita da guariroba seletiva e pode ser realizada durante o ano todo, a operao e feita com o auxlio de um enxado cortando-se toda a planta desde a sua base e um faco para retirada das folhas, o corte das extremidades e para devida limpeza do produto para ser comercializado. A maior parte do palmito da guariroba do tipo caulinar estipe macio. (DINIZ, 1995; BOVI et al., 2011).

Comercializao

O produto deve ser padronizado por dimetro, tamanho e peso encontram alternativas de mercado nos estado de Mato Grosso, Distrito Federal, e principalmente em Gois no CEASA (Central de Abastecimento da Secretaria de Agricultura), supermercados e feiras, podendo ser vendida tanto in natura ou processada na forma de conserva e congelados (DINIZ e S, 1995). O palmito industrializvel dividido em trs partes: brotos foliares que a parte mais apical do palmito; industrial, creme ou miolo: a poro interna, central, macia e comestvel, constituda de folhas jovens e tenras que se encontram entre as bainhas do estipe; a parte nobre do palmito que depois de cortado em pores cilndricas e submetida a processos industriais envasada e comercializada, e caulinar ou corao: a poro que se situa logo abaixo da parte industrial (ALMEIDA et al., 2000) (Fig. 3).

Figura 3. Guariroba comercializada.

PRAGAS E DOENAS DA CULTURA DE GUARIROBA

Algumas pragas atacam a planta de guariroba. H algum tempo atrs foi identificado que a geminao das sementes pode ser prejudicada pela ao de fungos, e sua alta incidncia no fruto semente ocasionar a contaminao do embrio durante sua retirada (PELINSON, 2011), sendo que as bactrias, podem tambm afetar a germinao do fruto semente de guariroba se no houver a devida remoo das polpas dos frutos (BOVI et. al., 2011). Pode haver ainda ocorrncia de praga destruidora do embrio e endosperma, aps a formao fisiolgica da semente fruto (GALLO, 1988; DINIZ et al., 1995); acarretando perda poder germinativo e consequentemente baixa porcentagem de germinao (SILVA et al., 1992); tornando o endocarpo duro, impermevel com 3 poros, somente um funcional, dificultando a penetrao dgua e troca gasosa para o endosperma e embrio (CARVALHO et al., 1983; POPINIGIS, 1985; PINHEIRO, 1986; ALVES et al., 1987; LORENZI, 1996); No campo, as pragas mais importantes encontradas nessa cultura so gafanhotos, cigarrinhas e pulges (BOVI et. al., 2011). Existem relatos de uma espcie de besouro (Ligirius huminis) que atacam o sistema radicular da planta de guariroba provocando o secamento das folhas (PEREIRA, 1995). O coco atacado pelo chamado Bicho-de-coco (Pachimerus nucleorum) onde que as fmeas fazem postura nas fendas do epicarpo, preferencialmente daqueles que esto no cho, sendo que este inseto constitui um dos srios problemas para o aproveitamento de amndoa prejudicando significativamente o vulto econmico da cultura de guariroba (GARCIA et. al., 1979). No estado de Goias a planta de guariroba tem mostrado pouco susceptvel ao ataque de pragas tendo eventual ataque de formigas, cupins, lagartas, percevejos e brocas de sementes etc. Estas pragas podem variar de importncia, de regio para outra, isso dependera das condies climticas, composio da flora e fauna associada e das tcnicas de manejo (DINIZ et. AL, 1995). Quanto s doenas existem apenas dois relatos na cultura da guariroba: a antracnose e a mancha aquosa da guariroba. A antracnose foi descrita na guariroba por CHARCHAR et al. (2002), em Braslia-DF. Os sintomas caracterizam-se por leses necrticas pequenas, circulares ou irregulares, de colorao marrom para preta, que geralmente coalescem quando os sintomas progridem. O agente causal o fungo Colletotrichum gloesporioides (Penzig) Penzig & Sacc. (AGUIAR, 2008). 10

Recentemente, foi publicado o primeiro relato da ocorrncia da mancha aquosa da guariroba por AGUIAR et al. (2007). A descrio feita, resumidamente, a sintomatologia da doena caracterizada pela formao de manchas, inicialmente encharcadas, olivceas, que evoluram para o secamento do tecido necrosado, sendo causada pelo fungo Cladosporium chlorocephalum (AGUIAR, 2008).

PRODUO DE MUDAS

Os problemas de maior importncia no cultivo da guariroba esto relacionados com a propagao. A propagao da cultura feita, exclusivamente, via sexuada, atravs de sementes. Entretanto, estas sementes apresentam dormncia e grande variabilidade quanto porcentagem de germinao. Dependendo da semente, das condies climticas e da fertilidade do solo, o perodo de germinao fica entre 30 e 90 dias aps o plantio (ABREU, 1997). Com relao produo de mudas, tm sido utilizados frutos semente os quais apresentam inmeros problemas, como a existncia de praga destruidora do embrio e endosperma, a perda rpida do poder germinativo e a baixa percentagem de germinao. Ainda no existe domnio da propagao assexuada, por propagao in vitro. Isto se deve a falta de informes a respeito de meio de cultura adequado, e tambm de reguladores de crescimento na propagao in vitro (LORENZI, 1996). Na produo de mudas, aconselha-se que o canteiro tenha 1,0 a 1,20m, e que seja semi-sombreado, para ter condies ideais de umidade, atravs de regas dirias, devem se fazem a repicagem das plntulas, medida que emergem, para saquinhos plsticos, de cerca de 20 x 10 cm previamente cheios com substrato adequado. Para uma mistura, sugere a seguinte composio: 700 litros de solo, 300 litros de esterco e 5 kg de superfosfato simples 1 kg de cloreto de potssio. As embalagens so dispostas em canteiros com 1,0 a 1,20m de largura, a formao de mudas se prolonga por 4 a 5 meses, recomenda-se irrigaes peridicas e adubaes conforme vigor das plantinhas e controle das pragas e doenas (DINIZ et. al. 1995). Existe ainda relato da presena de mancha foliar com alta severidade em viveiros para produo de mudas de guariroba causada por patgeno pertencente ao gnero Cladosporium, sendo um dos fatores limitantes para produo de mudas (AGUIAR et al. 2007). 11

APROVEITAMENTO DA FITOMASSA

Estudo realizado na Embrapa cerrados em 4 anos de cultivo de guariroba avaliou-se a fitomassa compartimentalizada e verificou-se que os fololos, parte mais palatvel para os bovinos representam 70% do peso da folha e os 30% restantes so constitudo do rquis e bainha, partes mais duras e menos palatveis. Sendo que as folhas representam 24% de fitomassa rea e o palmito 6,8 % e a parte no comestvel do estipe 68,85% essa parte ainda no aproveitvel da planta representa maior porcentagem de fitomassa do indivduo (ALMEIDA, 2000). A quantidade de fitomassa produzida pela planta de guariroba pode chegar: 101 toneladas de fitomassa verde, 25 t de folhas, cerca 7 t de palmito e em torno de 70 t de parte no comestvel, no entanto esta quantidade de fitomassa depender do espaamento, numero de plantas por covas e a quantidade de anos de implantao do palmeiral cerca de 3,5 a 4 anos j se obtm esta produo de fitomassa (ALMEIDA, 2000). As folhas da guariroba so consumidas pelo gado e apresentam cerca de 13% de protena bruta e 56% de fibra em detergente neutro (FDN), com 45% de digestibilidade in vitro da matria seca. As folhas tambm podem ser utilizadas na confeco de vassouras e cobertura de casas, as fibras das folhas so aproveitadas para tecer chapus, esteiras (GUARIROBA, 2011).

GUARIROBA EM SISTEMAS AGROFLORESTAIS NO CERRADO


O Cerrado brasileiro o principal bioma que mais apresenta altos ndices de desmatamento. A fronteira agrcola juntamente com as extensivas reas de pastagens so os principais responsveis pela diminuio desta biodiversidade. A legislao ambiental determina que todas as propriedades rurais devem reservar parte de sua rea com cobertura vegetal, o que chamado de Reserva Florestal Legal (RFL) ou simplesmente Reserva Legal (RL). A Reserva Legal tm importante papel ambiental, contribuindo para conservao da biodiversidade e a manuteno do equilbrio ecolgico (RODRIGUES et al., 2007) No caso de pequenos produtores familiares, esse problema tende a se agravar, em razo da pouca disponibilidade de rea para o cultivo e sobrevivncia da famlia (CAMPOS et al., 2002). 12

Para tal, os sistemas agroflorestais apresentam enorme potencial como fonte de solues alternativas para os problemas enfrentados na agricultura convencional, permitindo, principalmente aos pequenos produtores, retornos econmicos e maior conservao dos recursos naturais (DOSSA, 2000). Nesse sentido, as combinaes agroflorestais podem representar uma alternativa de estmulo econmico recuperao florestal, levando incorporao do componente arbreo em estabelecimentos rurais. A integrao entre espcies arbreas e culturas agrcolas no visa somente produo, mas tambm melhoria na qualidade dos recursos ambientais, graas s interaes ecolgicas e econmicas que acontecem nesse processo, uma vez que a presena de rvores favorece a ciclagem de nutrientes, confere proteo ao solo contra eroso e melhora o microclima local (CARVALHO et al.,2004). De acordo com Belo et al., (2002), a seringueira que uma espcie da Floresta Amaznica, tem apresentado uma boa adaptao regio do cerrado, motivo pela qual no apresenta altos ndices de insetos e patgenos comparados pela regio de origem. O mogno apresenta comportamento similar, mas uma espcie que limita sua produo ao ataque da broca-dos-ponteiros (Hypsipyla grandela Zeller). Outras espcies como o neem (Azadirachta indica), demonstram efeitos significativos em sistema de cultivo agroflorestal. Segundo Aguiar (1996) apud Melo et al., (2002), a guariroba (Syagrus oleracea) uma espcie que apresenta retorno econmico em consrcio com: milho e arroz. Bovi et al., (2000) apud Melo et al., (2002), relata que essa palmeira bastante apreciada nos estados de So Paulo, Minas Gerais, Gois e nas regies do Nordeste e que tambm pode ser conhecida como: guariroba, gueiroba, guerova, palmito amargo e amargoso. Sua facilidade no pegamento de transplantio bastante utilidade na arborizao urbana. O Bioma Cerrado propicio ao cultivo da guariroba, pois, durante seu desenvolvimento est espcie apresenta resistncia ao dficit hdrico de inverno, a baixa precipitao pluviomtrica e a condies de maior insolao, garantindo sua sobrevivncia e rendimentos significativos. Melo et al., (2002), realizou um experimento num Latossolo Vermelho-Amarelo Distrfico, comparando o crescimento da guariroba em sistema agroflorestal com: mogno, seringueira e neem e em sistema de monocultivo e tambm o crescimento das espcies florestais em consrcio e monocultivo. Os resultados mostraram que o cultivo de seringueira, mogno e neem no prejudicou o crescimento nem a sobrevivncia da guariroba. A consorciao com guariroba favoreceu o crescimento em altura e dimetro das espcies florestais. Este maior crescimento, provavelmente, se deve adubao usada na guariroba. Os resultados obtidos com consrcio entre a guariroba e essas espcies florestais demonstram que 13

os sistemas agroflorestais so uma soluo para grande parte dos problemas hoje enfrentados pelo meio rural, tais como a necessidade de melhorar a renda do produtor, a segurana alimentar, o desflorestamento e a degradao dos solos. A utilizao desses sistemas representa importante alternativa para preservao dos recursos naturais e para a busca de sustentabilidade do empreendimento agrcola.

RECUPERAO DE REAS DEGRADADAS COM GUARIROBA


A utilizao de sistemas agroflorestais apresenta importantes perspectivas para as pequenas propriedades rurais. Dentre as vantagens de sua adoo tem-se o aproveitamento simultneo da rea para cultivos agrcolas e florestais, a proteo dos solos contra a eroso pela ao das chuvas e ventos, bem como a melhoria das propriedades fsicas, qumicas e microbiolgicas dos solos (MELLO, 2011) . Antes de expormos a recuperao de reas degradadas com a palmeira de guariroba propriamente dita revisaremos alguns conceitos importantes. Que so: Restaurao o conceito de restaurao remete ao objetivo de reproduzir as condies originais exatas do local, tais como eram antes de serem alteradas pela interveno. Um exemplo de restaurao o plantio misto de espcies nativas para regenerao da vegetao original (BITAR et. al., 1997). Recuperao o conceito de recuperao est associado idia de que o local alterado dever ter qualidades prximas s anteriores, devolvendo o equilbrio dos processos ambientais (BITAR et. al., 1995). Reabilitao a reabilitao um recurso utilizado quando a soluo for o desenvolvimento de uma atividade alternativa adequada ao uso humano e no aquela de reconstituir a vegetao original, mas desde que seja planejada de modo a no causar impactos negativos no ambiente. A converso de sistemas agrcolas convencionais para o sistema agroecolgico uma forma importante de reabilitao, que vem melhorando a qualidade ambiental e a dos alimentos produzidos (SABESP, 2003). A planta de guariroba pode ser utilizada na recuperao de cerrado e matas ciliares, sendo que so facilmente propagadas quando introduzidas com o plantio direto dos frutos sementes nas reas a serem recuperadas (CARVALHO, 2003). Trabalhos realizados na Embrapa cerrados foram avaliados as produtividades de diferentes sistemas agroflorestais e suas interaes com a textura do solo e com os tratamentos de magno, neem indiano e seringueira, consorciados com guariroba e pupunha 14

com duas cultivares de caf e milho. Os resultados obtidos observaram uma clara tendncia de maior crescimento das espcies florestais, em associao com cultivos de caf ou guariroba e pupunha e com relao ao solo a guariroba no teve sua produo afetada (GUIMARES et. al., 2000). Outros interessantes dados foram resultantes da avaliao da produtividade da guariroba aos 3,5 anos de cultivo em sistemas agroflorestais tambm com magno, a seringueira e o neem, comparada com plantios puros, onde que os resultados obtidos resultaram na sobrevivncia e o crescimento da guariroba e no foram afetados pelo neem, magno ou seringueira, sendo que a consorciao com a guariroba favoreceu o crescimento tanto em altura quanto em dimetro das outras espcies florestais (MELO, et. al,2000). Segundo Melo et. al. (2011) as espcies florestais de seringueira, magno e neem so beneficiadas pelo consorcio de guariroba e caf, onde no h limitao do desenvolvimento da planta de guariroba e a insero de suas folhas.

15

RECEITA DE GUARIROBA
Lasanha de Guariroba do Globo Rural Ingredientes

1 quilo de guariroba pr-cozida e picada 2 colheres de sopa de margarina cebola ralada 1 caldo de galinha 1 xcara de queijo ralado 1 caixa pequena de creme de leite 2 colheres de soja de amido de milho litro de leite 3 colheres de sopa de cheiro verde 250 gramas de mussarela

Modo de preparo O primeiro passo preparar o molho branco Refogue os temperos na margarina e acrescente parte do leite Quando o leite da panela esquenta o amido de milho dissolvido no leite que ficou no copo. Depois, despeje na panela e mexa at engrossar Para o creme ficar bem grosso coloque o caldo de galinha com um pouquinho de sal Desligue o fogo, acrescente o creme de leite e o queijo ralado Com o molho pronto, hora de refogar a guariroba Frite a cebola, coloque a guariroba e deixe por cerca de cinco minutos Ento, coloque o cheiro-verde est pronta A montagem do prato fcil Coloque uma camada de guariroba, uma camada de creme e uma camada de mussarela Depois, repita as camadas A lasanha vai para o forno por dez minutos para gratinar Ento, sirva.

16

REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
ABREU, N. A. 1997. Cultura da guariroba: uma produo constante e rentvel. 3. ed. Aeago. Goinia, GO. 30p. AGUIAR, J. L. P.; ALMEIDA, S. P. A gueroba (Syagrus oleracea Becc) nas comunidades rurais II: sistema de produo e avaliao econmica. Planaltina: Embrapa Cerrados, Documentos, n.24, 2000. 47p. AGUIAR, R. L., Etiologia da amancha aquosa (cladosporium chlorocephalum) da guariroba (Syagrus oleracea). 2008. 81f. Dissertao (Mestrado em Proteo de Plantas) Programa de Ps-graduao em Agronomia, Universidade estadual de Maring, Maring, 2008. AGUIAR, R.L.; VIDA, J.B.; TESSMANN, D.J.; FIQUEREDO, A.S. Patogenicidade de Cladosporium chlorocephalum em palmito guariroba, pupunheira, aaizeiro e em hbridos de pepino japons. Fitopatologia Brasileira, v. 32; p. 827, 2007. ALMEIDA S. P.; BONNAS D. S.; JORDO P. R.; AGUIAR J. L. P. A Gueroba (Syagrus oleracea Becc). Nas comunidades rurais I: Aproveitamento agroindustrial. Planaltina: Embrapa Cerrados, 2000. 37p. (Documento n 23). ALVES, M.R.P.; DEMATT, M.E.S.P. Palmeiras: Caractersticas botnicas e evoluo. Campinas: Fundao Cargill, 1987. BITAR, O.Y. & BRAGA, T.O. O meio fsico na recuperao de reas degradadas. In: BITAR, O.Y. (Coord.). Curso de geologia aplicada ao meio ambiente. So Paulo: Associao Brasileira de Geologia de Engenharia (ABGE) e Instituto de Pesquisas Tecnolgicas (IPT), 1995. cap. 4.2, p.165-179. BITAR, O.Y. Avaliao da recuperao de reas degradadas por minerao na RMSP. 1997. Tese. Departamento de Engenharia de Minas, Escola Politcnica, Universidade de So Paulo, So Paulo, 1997.

17

BOVI M. L. A.; TONET R. M.; PELINSON G. J. B. Palmito Gariroba (Syagrus oleracea). Disponvel em <http://www.cati.sp.gov.br/Cati/_tecnologias/culturas_ florestais/palmito_ gariroba.php.> Acesso em 11 set. 2011. CAMPOS, J. B.; COSTA-FILHO, L. V; NARDINE, M. M. Recuperao da reserva legal e a conservao da biodiversidade. Cadernos de Biodiversidade, v.3, n.1, p.1-3, 2002. CARVALHO, M. M.; CASTRO, C. R. T.; YAMAGUCHI, L. C. T.; ALVIM, M. J.; FREITAS, V. P.; XAVIER, D. F. Two methods for the establishment of a silvopastoral system in degraded pasture land. Livestock Research for Rural Development, v. 15, 2003. Disponvel em: <http://www. cipav.org.co/lrrd/lrrd15/12/carv1512.htm.> Acesso em: 18 set. 2011. CARVALHO, N.M. de; NAKAGAWA, J. Sementes: cincia, tecnologia e produo. 2.ed. Campinas: Fundao Cargill, 1983. 429 p. CARVALHO, R.; GOEDERT, W. J.; ARAMANDO, M. S. Atributos fsicos da qualidade de um solo sob sistema agroflorestal. Pesq. agropec. bras., Braslia, v.39, n.11, p.1153-1155, nov. 2004 DINIZ, J. H.; S, L. F. A Cultura da guariroba. Goinia: EMATER-GO, 1995. 16p. (EMATER. Boletim Tcnico, 003). DOSSA, D.; CONTO, A. J.; RODIGHERI, H.; HOEFLICH, V. A. Aplicativo com anlise de rentabilidade para sistemas de produo de florestas cultivadas e de gros. Colombo: Embrapa Florestas, 2000. 56p. GALLO, D. Manual de entomologia agrcola. So Paulo: Agronmica Ceres,1988. 649p. GARCIA, A. H.; ROSA, J. A. M.; COSTA, M. G. C. Contribuio ao conhecimento do ataque do Pachynerus nucleorum Fabr., 1972 em Syagrus oleraceae Mart. Anais... Universidade Federal de Gois, Goinia, v.1, n.9, p.4-13, 1979. GUARIROBA. Palmeiras nativas do Brasil. Disponvel em:

<www.vivaterra.org.br/palmeiras_nativas.> Acesso em: 18 set. 2011.

18

GUIMARES, D. P . ; MELO, J.T. ; AMABILE, R. F. Influencia da textura do solo e dos sistemas agroflorestais sobre a produtividade das culturas consorciadas. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE SISTEMAS AGROFLORESTAIS, 3., 2002, Manaus, Anais... Manaus: Embrapa Amaznia Ocidental, 2002. p. 214. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATSTICA-IBGE. Produo agrcola Municipal: culturas temporrias e perenes. v. 36. Rio de Janeiro: IBGE, 2009. 93p. LORENZI, H. Palmeiras no Brasil: exticas e nativas. Nova Odessa: Plantarum, 1996. 303p. MELLO, M. GUARIROBA. Disponvel em:< www.marcusmello.com.br> Acesso em: 18 set. 2011. MELO, B. Cultivo de embrio in vitro da guariroba (Syagrus oleraceae). 2000. 117f. Tese (Doutorado em fitotecnia) Universidade Federal de Lavras, Lavras, 2000. MELO, J. T.; GUIMARES, D. P. Desenvolvimento da Guariroba em Sistemas Agroflorestais no Cerrado. Planaltina, DF: Embrapa Cerrados, 2002. (Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento, 31). MELO, J.T. ; GUIMARES, D. P. (Syagrus oleraceae) e caf Espcies florestais consorciadas com guariroba em reas de cerrado. Disponvel em:

<www.cpac.embrapa.br/baixar/975/t>. Acesso em: 18 set. 2011. NASCENTE, A. S.; PEIXOTO, N.; SANTOS, C. W. F. Peso de sementes e emergncia de plntulas de guariroba (Syagrus oleracea Becc). Pesquisa Agropecuria Tropical, v. 30; n. 2; p. 77-79, jul./dez. 2000. PELINSON, G. J. B.; TONET, R. M.; Palmito Gariroba (Syagrus oleracea). Disponvel em: <www.cati.sp.gov.br/Cati/_.../palmito_gariroba.php > Acesso em: 07 set. 2011. PEREIRA, A. P. Besouro faz estragos na guariroba. Braslia: Suplemento do 1995. Campo. p.3. PINHEIRO, C.M.B. Germinao de sementes de palmeiras: reviso bibliogrfica. Teresina: EMBRAPA-UEPAE, 1986. 102p. 19

PINTO, J. F. N. Variabilidade gentica de guariroba (Syagrus oleracea Becc.) determinadas por descritores morfolgicos e marcadores RAPD. 2009. 81f. Dissertao (Mestrado em Agronomia) Programa de Ps-graduao em Agronomia, Campus Jata, Universidade Federal de Gois. 2009. POPINIGIS, F. Fisiologia da semente. 2. ed. Braslia: AGIPLAN, 1985. 289p RODRUIGUES, E. R.; CULLEN, L.; BELTRAME, T. P.; MOSCOGLIATO, A. V.; SILVA, I. C. Avaliao dos Sistemas Agroflorestais implantados para recuperao de Reserva Legal no Pontal do Paranapanema. Revista rvore. Viosa-MG, v.31, n.5, p.941-948, jan. 2007. SABESP. Guia de recuperao de reas degradadas. So Paulo: SABESP, 2003. SILVA, J. A.; SILVA, D. B.; JUNQUEIRA, N. T. V.; ANDRADE, L. K. M. de. Coleta de sementes, produo de mudas e plantio de espcies frutferas nativas dos cerrados: informaes exploratrias. Planaltina: EMBRAPA-CPAC, 1992. 23p. SISTEMAS AGROFLORESTAIS, 4., 2002, Ilhus. Anais... Ilhus: CEPLAC-CEPEC, 2002. 1 CD-ROM.

20

Você também pode gostar