Livro de DST
Livro de DST
Livro de DST
Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis
Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis 2
Dados Internacionais
de Catalogação na Publicação (CIP)
Brena, Nilson Antonio
Doenças Sexualmente Transmissíveis / Nilson
Antonio Brena. 1.ª ed. São Paulo SP : Ed. do
Autor, 2006.
1. Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) 2.
Doenças Venéreas. I. Título.
CDD616.95
Índices para catálogo sistemático:
1. Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) :
Doenças Venéreas 616.95
Livro Registrado
junto à Fundação Biblioteca Nacional
sob o n.°
ISBN 9788590245858
(Antigo ISBN 8590245853)
Depósito legal na Biblioteca Nacional, conforme
Decreto n.° 1.825 de 20 de dezembro de 1907
República Federativa do Brasil
3 Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis
NILSON ANTONIO BRENA
Bacharel em Ciências Biológicas
DOENÇAS
SEXUALMENTE
TRANSMISSÍVEIS
( D S T )
Agentes Causadores
Manifestações Clínicas
Portadores Assintomáticos
Diagnóstico
Tratamento
Prevenção
Ilustrado com
51 Fotografias de DST
1ª Edição
São Paulo (SP), Brasil
2006
Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis 4
Copyright © 2006 Direitos Reservados em 2006
por Nilson Antonio Brena, São Paulo (SP), Brasil
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Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis 6
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todos os meus professores
escolares, do primário à pósgraduação,
sem os quais este livro não poderia
existir.
Agradeço aos professores da escola da
vida, alguns conhecidos, outros até
desconhecidos, que colaboraram na
minha formação, direta ou
indiretamente.
Nilson Antonio Brena
7 Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis
DEDICATÓRIA
PREFÁCIO
Clamídia: 1.500.490 casos
Gonorréia: 775.180 casos
Herpes Genital: 89.110 casos
HPV: 137.080 casos
Sífilis: 843.300 casos
Em nosso país, e em grande parte do
globo, há ainda muita falta de informação
sobre as DST. Como conseqüência, milhões de
pessoas não se previnem de maneira adequada,
padecendo desnecessariamente destes males,
que já deveriam ter sido ter sido erradicados do
9 Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis
Nilson Antonio Brena
11 Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis
ÍNDICE
Referências de Imagens .................................................. 223
13 Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis
INTRODUÇÃO
sexuais), ou seja, as taxas de probabilidade de 30
contração de DST seriam muito maiores do que
as da própria fecundação relativamente a estas
estatísticas;
2.ª) Em adição à observação acima, mais uma 35
agravante: podemos afirmar que, relativamente
à cabeça do espermatozóide, as bactérias podem
ser até 11,11 vezes menores, e, os vírus, 19,23 a
200 vezes menores. Ou seja, temos números
que podem piorar ainda mais as estatísticas da 40
razão 1.ª, exposta acima, para a contração de
DST com o uso de preservativos;
4.ª) Estimase que ocorre rasgamento ou estouro
da “ camisinha” em 8% do total utilizado,
normalmente por incorreção no uso, outras 50
vezes por defeitos de fabricação;
Tamanhos de Seres Microscópicos
Espermatozóide 60 µm (total: cabeça + colo + flagelo)
70 5 µm (cabeça)
5 µm (colo)
50 µm (flagelo)
Bactérias 0,45 µm a 5 µm (diâmetro)
Vírus 0,025 µm a 0,26 µm (diâmetro)
75
1 µm (1 micrômetro) equivale a 0,001 mm (0,001 milímetro)
seguros durante e após o trabalho que realizará.
Vários cientistas de renome internacional
afirmam que a “ camisinha” não oferece
segurança total para evitar as DST, e entre eles 100
podemos citar a Dra. Susan C. Weller, Dr.
Richard Smith, Dr. Robert C. Noble e o Dr.
Leopoldo Salmaso. Condensando os diferentes
argumentos e pontos de vista, podemos resumir
que as declarações mais comuns dos cientistas 105
são as de que os poros das “ camisinhas” são
muito maiores do que os microrganismos
patogênicos, o uso dos preservativos pode
apenas diminuir a chance de contração de uma
DST, e a sua utilização rotineira apenas 110
consegue, na melhor hipótese, retardar o
contágio, mas não acabar com ele.
Sem embargo, a melhor maneira de evitar
as doenças sexualmente transmissíveis é não ter 115
promiscuidade, ou seja, possuir um único
parceiro sexual, saudável e também não
promíscuo.
17 Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis
1
120 CANCRO MOLE
1.1 Outras Denominações
1.2 Agente Causador
Bactéria Haemophilus ducreyi.
130
1.3 Manifestações Clínicas
A primeira manifestação ocorre cerca de 5
dias (período que pode variar de 2 a 12 dias)
135 após o contágio da bactéria causadora: surge
ferida (úlcera) bastante dolorosa no local
infectado, arredondada e de forma irregular, de
base mole e avermelhada, com fundo purulento,
freqüentemente em multiplicidade (várias
140 feridas).
Tais úlceras são muito contagiosas e auto
inoculáveis, ou seja, o próprio indivíduo se
autocontamina ao tocar na ferida e, após, em
145 outras partes do corpo. São locais comuns de
infecção a genitália externa, prepúcio, sulco
bálanoprepucial, frênulo, grandes lábios,
clitóris, ânus, e não raramente os lábios da boca,
a própria boca, língua e garganta.
Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis 18
150
Figura 1.3.1 — Cancro mole em pênis. Lesões
múltiplas ulceradas. (Fonte: Brasil/Ministério
da Saúde, 1999) 155
Figura 1.3.3 — Cancro mole em vulva. (Fonte:
Brasil/Ministério da Saúde, 1999)
170
Junto com as úlceras, aparece íngua na
virilha (em geral, de um só lado), que é um
inchaço bastante doloroso em 50% dos casos
(Figura 1.3.4).
175
Figura 1.3.4 — Cancro mole. Úlcera em pênis e
adenopatia inguinal supurada em orifício único.
(Fonte: Brasil/Ministério da Saúde, 1999)
180
Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis 20
Veja a seguir como diferenciar o cancro
205 mole do cancro duro (sífilis):
1.4 Portadores assintomáticos
220
Existem, sendo considerável sua
percentagem, em especial mulheres. Tratamse
de pessoas aparentemente saudáveis, sem
manifestações clínicas que, assim, acabam por
225 disseminar de maneira vasta a doença para
outras pessoas.
1.5 Diagnóstico
230 O médico ouvirá a história relatada pelo
paciente, bem como analisará as manifestações
clínicas presentes.
como intradermorreação, cultura ou biópsia.
240
1.6 Tratamento
1.7 Prevenção
250
A prevenção é feita evitandose o contato
de pele com a bactéria.
Devido ao alto grau infeccioso da bactéria
Haemophilus ducreyi, o contato da lesão por 255
mãos e unhas pode transmitir a doença para
outras partes do corpo da própria pessoa ou de
seu parceiro, por exemplo durante as carícias
que normalmente acompanham o ato sexual.
260
Higienização minuciosa dos órgãos
genitais e de todo o corpo, com água e sabonete,
imediatamente após a relação sexual, pode
colaborar para evitar a contaminação;
entretanto, esta prática muito dificilmente será 265
capaz de evitar a infecção.
2
CANDIDÍASE
2.1 Outras Denominações
280
Cândida; monília; monilíase; leucorréia;
"sapinho" quando manifestase na boca de
recémnascidos; etc.
2.2 Agente Causador 285
Este fungo está muitas vezes presente na
boca e no trato digestivo de homens e mulheres. 295
Também encontrase geralmente presente na
vagina em pequeno número, fazendo parte da
flora microbiana local, nada causando de mal.
Entretanto, quando o equilíbrio químico ou
biológico do meio vaginal é alterado, pode 300
haver uma proliferação exagerada destes seres
microscópicos, levando ao quadro da doença
candidíase. Este equilíbrio pode ser alterado
pela ingestão de antibióticos, que eliminam
bactérias da vagina e permitem a franca 305
multiplicação de Candida albicans. Muitos
25 Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis
2.3 Manifestações Clínicas
Figura 2.3.1 — Candidíase. Secreção branca e
grumosa em vagina. (Fonte: Brasil/Ministério
da Saúde, 1999)
325
Freqüentemente, além do corrimento
vaginal, apresentase um quadro onde vulva e
vagina mostramse avermelhadas e inchadas
(com edemas).
Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis 26
Este fungo pode proliferarse de maneira
anormal na boca, causando aspecto
355 esbranquiçado na língua. A candidíase, em
adultos, pode revelar um quadro de baixa
imunidade do organismo.
A infecção por Candida albicans é muito
360 comum na boca de recémnascidos, que contam
com baixa imunidade de seu sistema de defesa
ainda em formação. Até 6 meses de idade pode
ser considerado normal o aparecimento de
"sapinho"; após esta idade, a manifestação do
365 fungo pode denunciar um sistema imunológico
deficiente no bebê, muitas vezes causado por
amamentação insuficiente. No bebê, Candida
albicans faz surgir na boca da criança pontos
brancos semelhantes a queijo, escamosos,
370 cobrindo lábios, gengivas, bochechas internas e
língua. Ao se cutucar nestes pontos, formase
uma área vermelha que pode inflamar e sangrar.
A dor causada à criança faz com que esta perca
a vontade de alimentarse, o que pode
375 comprometer a nutrição do bebê. Os bicos do
seio da mãe serão certamente contaminados
pelo fungo e poderão apresentar coceira,
ardência, vermelhidão, sensibilidade,
escamação e rachaduras. Todo este quadro, no
380 bebê e na mãe, felizmente é fácil e rapidamente
curável com a adoção de medidas simples a
serem prescritas pelo seu médico, cujas linhas
gerais estão relatadas no item 2.6 em seu quarto
Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis 28
parágrafo.
385
2.4 Diagnóstico
2.5 Portadores Assintomáticos
415 fungo, pelas diversas razões citadas, surgem as
enfermidades decorrentes, que necessitam de
tratamento médico urgente.
2.6 Tratamento
420
O tratamento é à base de remédios
antimicóticos, específicos para Candida
albicans, entre eles antibióticos e pomadas, a
serem prescritos exclusivamente pelo seu
425 médico: não utilize medicamentos sem
indicação médica, pois você poderá estar
colocando a sua vida em risco. Os tratamentos
são relativamente simples e oferecem
normalmente rápida reversão dos quadros
430 clínicos.
Ainda, é importante lembrar que, além do
tratamento local da infecção pela candidíase,
devese corrigir a causa que levou à proliferação
440 do fungo, a fim de evitar as recidivas.
Na boca do bebê, a infecção por Candida
albicans, conhecida popularmente como
“ sapinho” , é facilmente tratável, com
445 medicamento que somente pode ser prescrito
Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis 30
2.7 Prevenção 470
O excesso de ingestão de doces e açúcar
pode levar a uma multiplicação desenfreada de
Candida albicans nas cavidades do seu corpo, 510
especialmente na vagina: corrija sua
alimentação!
antibióticos, pela mãe, ou pela própria criança,
540 poderá fazer surgir Candida albicans na boca
do bebê, pois os antibióticos alteram a flora
normal do corpo. Evitar o excesso de açúcar na
alimentação da mãe pode contribuir para a
prevenção do aparecimento de “ sapinho” no
545 bebê, uma vez que o fungo prolifera no açúcar.
Após as mamadas, a mãe deve higienizar o bico
de seus seios, podendo usar inclusive água
oxigenada; os seios devem ser secos e ter
aeração por algum tempo. O “ sapinho” também
550 pode ser contraído pela criança por chupetas e
bicos de mamadeiras não higienizados
adequadamente; muitas vezes, estes objetos
caem no chão e são recolocados na boca do
bebê, o que causa a infecção por esta ou outras
555 doenças: sempre que caírem no chão, chupetas e
bicos de mamadeiras devem ser lavados com
água e sabão e, ainda, bem enxaguados
posteriormente em água corrente, a fim de que
não sobrem quaisquer resíduos saponáceos;
560 quando fora de casa, pela impossibilidade de
efetuar a limpeza, uma boa idéia é a mãe
carregar consigo algumas chupetas e bicos de
mamadeira sobressalentes previamente
higienizados.
565
Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis 34
3
CONDILOMA ACUMINADO
3.1 Outras Denominações 570
3.2 Agente Causador 575
Papilloma virus, com mais de 100 tipos
diferentes de vírus, denominados coletivamente
de HPVs (Human Papilloma Viruses —
tradução: Vírus do Papilloma Humano); 580
comumente se refere aos vírus denominandoos
simplesmente de HPV; algumas literaturas
chamam de Papova virus, referindose aos
mesmos agentes. Vamos esclarecer estas
nomenclaturas: em biologia, o Papilloma virus 585
é um vírus classificado sob o Gênero
Papillomavirus, que se insere na Família
Papovavirus, a qual abriga também um outro
Gênero de vírus, denominado Polyomavirus,
que causam outras doenças ao homem. 590
Papilloma virus, em seus inúmeros tipos,
tem diferentes potenciais oncogênicos (ou seja,
capacidade de provocar o surgimento de
câncer), a saber: 595
1. Baixo risco oncogênico: tipos 6, 11, 42, 43 e
35 Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis
44;
600 2. Risco oncogênico intermediário ou alto: tipos
16, 18, 31, 33, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 58, 59 e
68.
3.3 Manifestações Clínicas
605
Verrugas que aparecem visivelmente no
pênis (sulco bálanoprepucial, glande) ou na
área púbica e, na mulher, nos lábios vaginais ou
na área púbica; as mesmas verrugas também
610 podem aparecer no ânus. A infecção por HPV
normalmente ocorre em mais de uma área
genital.
Figura 3.3.1 — Condiloma acuminado. Lesões
vegetantes verrucosas em pênis, multifocais,
com aparência de “ crista de galo” ou “ couve
620 flor” . (Fonte: Brasil/Ministério da Saúde, 1999)
Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis 36
Figura 3.3.2 — Condiloma acuminado. Lesões
vegetantes em vulva. (Fonte: Brasil/Ministério
da Saúde, 1999) 625
Figura 3.3.3 — Condiloma acuminado. Lesões
vegetantes em borda anal. (Fonte: 630
Brasil/Ministério da Saúde, 1999)
37 Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis
HPV causem verrugas em partes específicas do 655
corpo. São manifestações de HPV o surgimento
de papilas ou verrugas em diversos locais, como
mãos, pés, boca e até mesmo nas cordas vocais.
Muitas vezes, parece haver afinidade do tipo
específico de HPV com o tecido infectado: 660
estudos tem afirmado que as verrugas de mãos e
pés, por exemplo, não seriam capazes de
contaminar os órgãos genitais (são necessárias,
ainda, mais pesquisas para obtermos certeza
total desta afirmação); a manifestação das 665
verrugas orais, entretanto, pode infectar os
órgãos genitais e viceversa.
O HPV também pode ocultarse no reto
(parte final do intestino que antecede o ânus),
com o surgimento de verrugas internas.
680
Na mulher, o HPV também pode causar
verrugas no interior do canal vaginal ou no colo
do útero. No útero, a infecção por HPV, se não
descoberto e tratado precocemente, poderá
conduzir a câncer uterino. Estudos afirmam que 685
39 Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis
98% dos cânceres de colo de útero são causados
por HPV. Podemos dizer que o câncer de colo
de útero, nestes casos, é de fato uma doença
progressiva, onde temos, nos primeiros estágios,
690 apenas alterações celulares, que vão, porém,
gradativamente, realizando uma evolução que
certamente se converterá em câncer; felizmente,
o HPV é uma doença curável em 90% dos casos
detectados nos estágios inicias da doença e,
695 assim diagnosticado e tratado, impedirá o
surgimento de câncer: isto pode ser facilmente
prevenido, bastando a mulher realizar o seu
exame ginecológico Papanicolaou uma vez a
cada 6 meses.
700
Assim como o câncer de colo de útero, o
HPV também pode causar o câncer de reto.
710 3.4 Diagnóstico
O médico pode reconhecer visualmente as
verrugas causadas pelo Papilloma virus. Caso
estas verrugas sejam muito pequenas ou lisas,
715 ou mesmo com a finalidade de realizar um
exame mais apurado, o profissional de saúde
Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis 40
3.5 Portadores Assintomáticos
810 3.6 Tratamento
Consiste, basicamente, na eliminação das
verrugas, o que somente pode ser prescrito e
realizado por médico. O médico lançará mão de
815 aparelhos físicos próprios para a eliminação de
verrugas, ou então usará substâncias químicas
apropriadas para o feito, a seu exclusivo
critério, de acordo com cada caso. Para clareza,
reafirmamos: a eliminação de verrugas do HPV
820 somente pode ser prescrita e executada por
médico, sob risco de se provocar graves
conseqüências à própria saúde, inclusive com
risco de vida.
Após obtido sucesso na cura, infelizmente
são muito comuns os casos de reinfecção, 840
provavelmente pelo não tratamento do parceiro
sexual: o tratamento completo do casal é
indispensável para a cura perfeita. A
promiscuidade também pode ser a causa de
nova contaminação, bem como o descuido com 845
hábitos higiênicos básicos.
Relativamente ao câncer de útero causado
por HPV, como já dissemos, o índice de cura,
com tratamentos adequados, é de cerca de 90% 850
para os casos em que o HPV é detectado nas
fases iniciais da doença: o exame semestral
Papanicolaou é condição básica para o
diagnóstico precoce de HPV. Ainda, é
reconhecido e provado que o tabagismo, 855
associado ao HPV, certamente levará ao
aparecimento de câncer de colo de útero: caso já
tenha sido diagnosticada com Papilloma virus,
deixe de fumar imediatamente.
45 Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis
860 Alimentação saudável e exercícios físicos
melhoram a imunidade do organismo, e são
auxiliares imprescindíveis no tratamento de
HPV. Respeite os horários de dormir, e
abandone vícios como drogas, álcool e tabaco,
865 que causam baixa grave do sistema imune; não
tome medicamentos sem indicação médica, pois
muitos diminuem a resposta imunológica de seu
organismo. Lembrese também de praticar sua
religião ou filosofia de vida.
870
3.7 Prevenção
Os casos de HPV na região do ânus são
muito freqüentes, especialmente entre
homossexuais, mesmo quando não há relatos de
945 penetração. Além das verrugas externas,
lembramos mais uma vez que o HPV pode
causar internamente o câncer de reto (porção
final do intestino).
Relativamente ao comportamento sexual,
não ter promiscuidade, possuindo assim um
parceiro saudável único, também não 960
promíscuo, é o único meio 100% seguro de
evitar a contaminação.
Vários países estão desenvolvendo vacina
contra o HPV, e o Brasil, em especial, está
49 Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis
muito adiantado nesta pesquisa. Em nosso país,
985 a vacina já está inclusive em fase final de testes,
e poderá estar à disposição do público a
qualquer momento. A vacina será
intramuscular, prometendo ser eficaz contra os
tipos mais comuns de Papilloma virus: 6, 11, 16
990 e 18.
Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis 50
4
CORRIMENTOS VAGINAIS
4.1 Outras Denominações 995
Leucorréia; vaginite; vaginose; etc.
Inúmeras são as causas dos corrimentos,
bem como suas diversas conseqüências. 1020
51 Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis
4. Agente Causador
Figura 4.2.1 — Vaginose bacteriana. Volumosa
secreção homogênea em intróito vaginal. Vulva 1060
sem hiperemia. (Fonte: Brasil/Ministério da
Saúde, 1999)
Corrimentos oriundos de vaginite alérgica
1090 podem ser resultado do contato com os itens
citados no parágrafo anterior, bem como, em
algumas mulheres, por calcinhas de nylon, lycra
ou outros tipos de tecidos sintéticos, meias
calças, jeans, roupas muito apertadas, etc.
1095
O uso de chuveirinho como ducha vaginal
pode provocar vaginite ou vaginose e,
conseqüentemente, corrimentos: nunca realize
este procedimento sem prescrição médica.
1100
As inflamações da genitália externa
Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis 54
Pólipos, que são crescimentos tumorais de 1130
tecidos, freqüentemente são causas de secreções
mucosas e, até mesmo, de hemorragias,
55 Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis
4.3 Manifestações Clínicas
1140 Os corrimentos vaginais que não possuem
uma doença como causa, são considerados
processos fisiológicos decorrentes, muitas
vezes, apenas da variação dos níveis hormonais
femininos. Nestes casos, podemos considerar
1145 estes corrimentos como normais. No ciclo
menstrual há períodos onde ocorre naturalmente
um aumento da secreção de muco pelo colo do
útero: em algumas mulheres, mas não em todas,
chega a haver, neste caso, corrimento vaginal,
1150 no período pouco antes ou pouco depois da
menstruação, o que pode ser considerado
normal. Em quantidade, o corrimento
considerado fisiológico é de pouca abundância,
de cor transparente a ligeiramente
1155 esbranquiçado, ausente de quaisquer outros
sintomas, ou seja, sem dor, sem coceira, sem
ardência, etc. Este corrimento não é patológico
e não necessita de cuidados médicos; entretanto,
como regra básica, havendo corrimento a
1160 melhor coisa a fazer é procurar seu
ginecologista com urgência, a fim de sanar
qualquer dúvida. É preciso acrescentar que
estresse e estados emocionais alterados podem
Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis 56
contribuir para a ocorrência desta hipersecreção
de muco, e a persistência, por longos períodos, 1165
destes corrimentos, pode deixar o corpo
predisposto a doenças.
Já os corrimentos de origem patológica, e
portanto anormais, dão, em grande parte das 1170
vezes, embora nem sempre, sinais claros de que
alguma coisa está errada, de acordo com sua
causa: corrimento abundante; cores diversas,
como vermelho, amarelo, verde ou escuro; odor
desagradável e fétido; dor; ardência; coceira; 1175
vermelhidão da genitália; vontade de urinar com
freqüência.
Entretanto, como foi dito, nem sempre um
corrimento patológico pode estar revestido das 1180
características acima: ele pode ser pouco
abundante, discreto, sem coloração, odor ou
outros sintomas. Como regra básica, havendo
corrimento é aconselhável você consultar o seu
ginecologista com urgência. 1185
1195 semelhança, com o da tricomoníase (patologia
descrita no Capítulo 16 deste livro). A bactéria
causadora não invade a parede da vagina,
apresentando, por vezes, além do corrimento e
mau cheiro, apenas uma leve coceira, o que faz
1200 a mulher não dar atenção à infecção. O parceiro
sexual masculino pode estar infectado, mas
quase nunca apresentará qualquer sintoma
clínico; alguns homens, entretanto, podem
apresentar balanite, ou seja, inflamação da
1205 glande e, também, do prepúcio, ou uretrite, que
é a inflamação da uretra, a qual pode ser
assintomática ou, mais raramente, causar
coceira ou sensação de queimação no ato de
urinar. A contaminação por Gardnerella no
1210 homem pode, em casos raros, provocar um
corrimento uretral. Sabendo que sua parceira
possui a bactéria, o homem, ainda que sem
sintomas, deve procurar tratamento médico com
urgência, a fim de evitar que a infecção se
1215 espalhe para seu aparelho genital e urinário
internamente e venha a causar graves
complicações. Na mulher, a falta de tratamento
à infecção por Gardnerella vaginalis pode levar
também a sérias complicações, como
1220 endometrite, salpingite e até mesmo à
infertilidade.
4.4 Diagnóstico
4.5 Portadores Assintomáticos
No homem, é assintomática a presença de
muitas espécies de microrganismos capazes de 1245
causar corrimentos vaginais em sua parceira
sexual, e, por isto, esta pode vir a infectarse por
estes micróbios através das relações sexuais.
pelo uso de medicamentos, como antibióticos,
ou por outras causas, como gravidez, estresse,
depressão, ou mesmo, ainda, por uma mínima 1290
alteração física ou química do meio vaginal,
como a simples presença de esperma na vagina,
poderá suceder a prevalência e aumento de
número de um determinado microrganismo,
como no caso de Gardnerella, e a grande 1295
proliferação de uma espécie de micróbio vem a
manifestar uma doença específica decorrente.
As células vaginas, por ação dos hormônios
femininos, produzem glicogênio: os bacilos de
Doderlein alimentamse deste glicogênio e, em 1300
contrapartida, produzem ácido lático, o que
aumenta a acidez da vagina, impedindo o
estabelecimento e proliferação, no meio vaginal,
de outras bactérias causadoras de doenças.
Entretanto, havendo desequilíbrio na flora 1305
vaginal, pode haver um excesso de bacilos de
Doderlein, originando corrimentos.
4.6 Tratamento
1310
O tratamento dos corrimentos vaginais é
decorrência da identificação perfeita de sua
causa. Por isto, o diagnóstico clínico, conduzido
pelo médico ginecologista, é essencial.
1315
Felizmente, dispomos atualmente de um
grande rol de medicamentos para tratar e curar
os corrimentos patológicos, mas que somente
61 Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis
podem ser usados sob prescrição médica.
1320
Nos corrimentos não patológicos,
medidas simples podem fazer com que eles
cessem, sendo necessário apenas, muitas vezes,
que a mulher esteja atenta à causa recente que
1325 os originou. Estresse, depressão, excesso de
trabalho, ansiedade, etc., podem provocar
alterações hormonais, e a correção destes
estados psicológicos trará de volta o equilíbrio
de seu organismo: nestes casos, se necessário,
1330 não hesite em procurar auxílio psicológico ou
psiquiátrico.
com os seus conseqüentes corrimentos; roupas 1350
apertadas promovem suor e umidade, e a
reunião de pequeníssimos restos de fezes do
ânus com micróbios da flora vaginal poderá
trazer vaginites ou vaginoses: por isto, use
preferencialmente roupas soltas, leves e frescas; 1355
deixe de usar alguns tipos de desodorantes ou
perfumes íntimos; deixe de usar papel higiênico
colorido ou perfumado; use sabonete comum,
não hidratante, ou neutro, para lavar seus órgãos
genitais externos. 1360
Havendo corrimentos vaginais, o melhor
que você tem a fazer é procurar auxílio médico
com urgência, a fim de identificar sua causa.
1365
A cura da infecção por Gardnerella
vaginalis é obtida com a administração de
antibiótico específico, a ser prescrito
exclusivamente pelo médico. O tratamento
simultâneo de ambos os parceiros é essencial, a 1370
fim de evitar uma nova contaminação por
aquele que já ficou curado após seu tratamento.
muitas doenças sexualmente transmissíveis.
4.7 Prevenção
Evite roupas muito apertadas. Suas roupas
devem ser soltas e leves, permitindo a aeração
de sua vulva. Se possível, ao invés de calça,
1400 prefira usar saia: talvez este tipo de vestimenta
seja o mais adequado para a saúde dos órgãos
genitais femininos, uma vez que facilitam a sua
ventilação.
calcinhas no banheiro ou em locais abafados).
Deve ser evitado ficar por longo período de
tempo com um biquini molhado.
1415
O sabonete hidratante pode trazer
problemas para algumas mulheres: se for o seu
caso, na higiene pessoal, use o sabonete
hidratante, se desejar, em todo o corpo, mas na
região genital lavese somente com sabonete 1420
comum ou neutro; preste atenção se o
escorrimento proveniente do sabonete
hidratante da lavagem de outras partes do corpo
sobre os genitais é suficiente para lhe trazer
problemas pois, neste caso, talvez você tenha de 1425
lavarse inteiramente com sabonete neutro. Não
exagere na lavagem de sua genitália, o que pode
provocar ressecamento da pele e rachaduras,
abrindo caminho para a instalação de germes
patogênicos. Lembrese de que a aplicação de 1430
desodorante ou perfume íntimo pode lhe trazer
problemas, e por isto evite as marcas ou tipos
que lhe trouxerem irritações de pele ou
corrimentos; pode ser melhor, talvez, para
algumas mulheres, nunca utilizar estes produtos. 1435
higiene da genitália, com água e sabonete, deve
ser feita antes e depois da depilação.
1445
Durante o seu período de menstruação,
troque o absorvente quantas vezes forem
necessárias, de acordo com o fluxo apresentado,
no mínimo três vezes; a higienização da vulva
1450 deve ser feita em cada troca de absorvente;
absorventes internos podem ser usados, mas
devese trocálos regularmente; absorventes do
tipo "24 horas" podem trazer problemas para
algumas mulheres, na medida em que
1455 impermeabilizam e impedem a transpiração da
genitália, possibilitando a instalação ou
proliferação de fungos e bactérias, e por isto
pode ser necessário evitar o seu uso.
A simples presença de esperma na vagina
pode alterar seu equilíbrio químico e trazer 1485
corrimento para algumas mulheres: caso isto
aconteça com você, procure seu médico, pois o
problema é facilmente corrigível.
Uma boa aeração de seus órgãos genitais 1490
pode colaborar para mantêlos higienizados e
saudáveis: dormir sem calcinha pode ser uma
boa oportunidade para isto; neste caso, apenas
certifiquese de que seu pijama ou roupa de
dormir estejam perfeitamente limpos, o mesmo 1495
valendo para seus lençóis e colchão.
1505 Procure seu médico ginecologista sem demora.
Quem deve gostar de você, em primeiro
lugar, é você mesma. Por isto, preserve o seu
bem estar, abstendose de reações como ira,
1510 raiva ou nervoso, que podem alterar o seu
equilíbrio hormonal. Situações de estresse,
ansiedade, depressão ou desânimo devem ser
superadas com a inteligência; caso necessite,
procure o auxílio clínico de psicólogo ou
1515 psiquiatra. Talvez caiba aqui, adicionalmente,
um ditado: "Por mais inquietante que se revele a
estrada da vida aos teus olhos, não olvides que o
trabalho será o verdadeiro instrumento de tua
libertação — Napoleon Hill".
1520
Sua saúde é o seu bem mais valioso. A
fim de manter o equilíbrio perfeito de seu
organismo, que trará como conseqüência o seu
equilíbrio hormonal, realize alimentação
1525 saudável e suficiente para a realização de suas
atividades diárias. Evite alimentos com
conservantes artificiais. Abuse das frutas e
verduras, preferencialmente na parte da manhã e
tarde (algumas frutas são um pouco indigestas
1530 para se comer à noite). Evite frituras, prefira os
cozidos e assados. Faça bom café da manhã,
coma quantidade razoável de alimentos no
almoço, suficiente para ter energia para suas
atividades diárias, e na janta não ingira
1535 alimentos em demasia, a fim de não
Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis 68
5
FITIRÍASE
1565 5.1 Outras Denominações
O curto ciclo de vida (apenas 1 mês) deste
inseto possui 5 estágios: ovo, três fases de ninfa
1585 e adulto. Cada ovo é depositado pela fêmea em
um casulo que fica firmemente aderido a um
pelo humano: a eclosão se verificará entre 5 a
10 dias. Na primeira fase de ninfa, a primeira
refeição com sangue será feita em no máximo
1590 24 h. Em mais 8 ou 9 dias, Phitirus pubis terá
passado por mais duas fases de ninfa e chegará
finalmente ao estágio adulto; após cerca de 10
Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis 70
horas, macho e fêmea iniciarão a cópula, que se
repetirá até o fim de suas vidas, ou seja,
aproximadamente mais 10 ou 15 dias. A fêmea 1595
depositará em pêlos humanos cerca de 4 ovos
por dia.
5.3 Manifestações Clínicas
1600
O principal sintoma clínico é a intensa
coceira nos locais em que Phitirus pubis esteja
presente.
O ato de coçar poderá lesionar a pele e 1605
acarretar infecções secundárias por bactérias,
complicando o quadro clínico.
Estes piolhos causam prúrido em torno do
pênis, da vagina e do ânus. Embora ocorra 1610
comumente nas regiões genital e anal, é
bastante freqüente a sua infestação em
quaisquer outras áreas do corpo possuidoras de
pêlos, como axilas, barba, sobrancelhas ou
cílios dos olhos: muitas vezes, pelo prúrido nas 1615
regiões ciliares dos olhos, o oftalmologista é o
primeiro médico procurado pelo paciente!
5.4 Diagnóstico
1620
O relato do paciente em apresentar
intenso prúrido nas regiões pilosas afetadas
levará o médico a desconfiar da fitiríase.
71 Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis
Os excrementos de Phitirus pubis deixam
1625 manchas castanhoescuras que podem aparecer
nas áreas de infestação, como pênis, vagina ou
ânus; normalmente estas manchas ficam
impregnadas nas roupas íntimas.
1640 5.5 Portadores Assintomáticos
5.6 Tratamento
5.7 Prevenção 1675
6
GONORRÉIA
6.1 Outras Denominações
1685
Blenorragia, uretrite gonocócica, "gota
matinal", "pingadeira", "fogagem",
"esquentamento", etc.
1690 6.2 Agente Causador
Bactéria Neisseria gonorrhoeae.
É uma bactéria aeróbia, muito sensível a
condições ambientais adversas, o que torna a
sua sobrivência muito difícil ou inviável fora do
1705 corpo humano, sendo inclusive bastante
exigente nos meios de cultivo laboratoriais para
fins de pesquisa.
6.3 Manifestações Clínicas
1710
Após 2 a 5 dias do contágio surgem os
Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis 74
Figura 6.3.2 — Gonorréia. Uretrite gonocócica
1740 aguda e balanopostite. Secreção uretral:
pronunciado edema de prepúcio com intenso
acúmulo de secreção entre ele e a glande.
(Fonte: Brasil/Ministério da Saúde, 1999)
1785
Figura 6.3.6 — Gonorréia. Bartholinite aguda.
Abscesso em grande lábio direito de vulva, 1795
causado pela obstrução das glândulas de
Bartholin devido à infecção por gonococos.
(Fonte: Brasil/Ministério da Saúde, 1999)
No sexo feminino, a blenorragia também 1800
pode causar inchaço nos órgãos sexuais
externos, com muita dor. Os inchamentos
ocorrem rapidamente, até chegar a sair pus de
forte cheiro. Após a eliminação do pus, a dor
diminui consideravelmente, porém não houve a 1805
cura: os inchaços voltarão, com agravamento
ainda maior.
A relação sexual oral com o portador de
Neisseria gonorrhoeae provocará o
aparecimento da amigdalite ou faringite 1860
gonocócica. A infecção destas áreas costuma ser
assintomática, mas às vezes surge dor de
garganta ou desconforto durante a deglutição.
ocular pode levar à cegueira, se não tratada.
1870
Figura 6.3.9 — Gonorréia extragenital. Artrite
gonocócica em dedo médio. (Fonte:
Brasil/Ministério da Saúde, 1999)
Figura 6.3.10 — Gonorréia extragenital. Artrite
gonocócica em joelho: extração de líqüido
1915 amarelado. Admitese que Neisseria
gonorrhoeae seja o agente etiológico mais
freqüente em casos de artrite infecciosa em
adultos jovens sexualmente ativos. (Fonte:
Brasil/Ministério da Saúde, 1999)
1920
Uma forma bastante grave da blenorragia,
que ocorre pela disseminação da bactéria no
corpo humano de maneira ampla através da
corrente sanguínea, e que pode ser fatal, é a
1925 septicemia, felizmente rara.
6.4 Diagnóstico 1950
2015
6.5 Portadores Assintomáticos 2035
Como se vê na estatística, o número maior 2060
89 Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis
2070 6.6 Tratamento
6.7 Prevenção
aliado ao fato de que a bactéria não tem uma
grande sobrevida fora do corpo humano sem 2155
condições ambientais favoráveis. Entretanto,
pensamos que é prudente evitar o contágio
também através destes objetos, pois nada
impede que uma pessoa esteja
momentaneamente com as defesas de seu corpo 2160
diminuídas, por estresse, depressão ou um
estado debilitado qualquer.
Lavagem minuciosa dos órgãos genitais,
após o coito, com água e sabonete, é 2165
recomendável, embora não ofereça garantia de
evitar a doença. Homem e mulher devem urinar
imediatamente após a relação sexual, o que
facilita a expulsão de qualquer microrganismo
que possa ter adentrado no canal uretral; 2170
entretanto, esta prática também não garante que
se conseguirá evitar a infecção da uretra pelo
gonococo.
O meio 100% seguro para evitar contrair 2180
a gonorréia é não ter promiscuidade, ou seja,
possuir um único parceiro sexual, que seja
saudável e também não promíscuo.
93 Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis
7
2185 GRANULOMA INGUINAL
7.1 Outras Denominações
7.2 Agente Causador
O microrganismo é normalmente
transmitido pelo ato sexual, e pode se instalar na
região inguinal, coxas, órgãos sexuais, ânus, 2220
nádegas, boca, gengivas, faringe e face. Pode
ocorrer em outras partes do corpo, e até mesmo
em órgãos internos.
O granuloma venéreo é uma doença auto 2225
inoculável, isto é, o próprio indivíduo pode
provocar contaminações em outras partes de seu
corpo, por exemplo ao tocar as áreas doentes e
coçar áreas de pele saudáveis. Por isto, há
relatos da doença nas axilas, parede abdominal, 2230
couro cabeludo, etc.
O período de incubação da donovanose é
variável, podendo os primeiros sintomas
ocorrerem em 3 a 180 dias. 2245
95 Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis
órgãos sexuais femininos externos; na infecção
anal, estenose (estreitamento do ânus).
2295
A doença não tratada poderá ainda gerar
infecções secundárias. Em alguns casos, poderá
até mesmo haver a formação de câncer.
2310
Outros microrganismos costumam
infectar as úlceras do granuloma venéreo,
podendo haver complicação do quadro clínico.
Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis 98
ser solicitados.
Ao microscópio, Calymmatobacterium
granulomatis deverá ser visto no interior de
2345 grandes fagócitos mononucleares (macrófagos)
coloridos por Giemsa ou Wright.
7.5 Portadores Assintomáticos
7.6 Tratamento
2355
O tratamento é feito à base de antibiótico
específico, ao qual Calymmatobacterium
granulomatis seja sensível, medicação esta que
somente pode ser prescrita pelo médico. Nunca
2360 utilize remédios sem prescrição médica.
Com o tratamento, a cura virá de forma
lenta, e haverá cicatrização. A resposta aos
antibióticos é evidente após 7 dias, e a cura total
2365 se dá entre 21 e 35 dias. Em alguns casos mais
severos, as seqüelas deixadas podem exigir
correção cirúrgica local.
Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis 100
7.7 Prevenção
Relativamente ao ato sexual, o único meio 2390
100% seguro de evitar o granuloma inguinal é
não ter promiscuidade, possuindo assim apenas
um único parceiro sexual, saudável e também
não promíscuo.
101 Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis
2395 8
HEPATITE TIPO A
8.1 Outras Denominações
2400
HAV.
8.2 Agente Causador
Como os principais meios de transmissão
da doença se dão pelas vias orofecal e por
águas contaminadas, sua prevalência está em 2435
países pobres, onde grassam a ausência de água
tratada e esgotos, bem como a falta de hábitos
higiênicos básicos na população.
8.3 Manifestações Clínicas 2440
A maior parte dos infectados tem ausência
de manifestações clínicas, ou apresenta
sintomas inespecíficos semelhantemente a um
quadro gripal. 2445
Muitas pessoas só vem a saber que um dia
tiveram hepatite A por exames de sangue, que
acusam anticorpos IgG contra a doença,
imunoglobulinas estas que passarão a integrar o 2450
sistema de defesa do organismo e prevenirão
nova infecção por toda a vida.
Muitos infectados queixamse de tonturas,
e, com base neste relato, não é raro iniciarse
tratamento indevido e errôneo para labirintite
2470 (inflamação do labirinto do ouvido, que não tem
nenhuma relação com a hepatite, mas cujo
principal sintoma é a tontura mas no sentido de
desequilíbrio)! A tontura a que o paciente se
refere, no caso da hepatite A, não é
2475 desequilíbrio, mas sim uma intensa falta de
energia, onde o indivíduo mal tem forças para
ficar em pé.
Uma forma bastante rara da hepatite A é o
tipo fulminante, onde ocorre falência total do
fígado, que pode ser fatal ao indivíduo,
exigindo internação hospitalar e tratamento 2515
especial urgente. Entre os sintomas principais
estão a sonolência, confusão mental, fala e
movimentos lentos, caracterizando assim a
105 Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis
É necessário também afastar a hipótese de
outras afecções do fígado que provocam
sintomas semelhantes, como por exemplo a
2540 hepatite alcoólica, que causa icterícia.
pelo mesmo tipo de vírus). 2550
Ainda, por exame de laboratório, poderá
ser verificado, durante a fase aguda da doença,
elevações de AST (aspartato aminotransferase)
e de ALT (alanina aminotransferase), quadro 2555
que poderá levar até 6 meses para atingir a
normalização. AST e ALT são marcadores de
lesão celular.
8.5 Portadores Assintomáticos 2560
Constituem a maioria dos infectados, que
são potenciais transmissores da doença, por vias
diferentes, de acordo com a fase da doença,
conforme já explicado no item 9.2. 2565
8.6 Tratamento
Como a doença nunca se tornará crônica,
e o corpo obtém a cura por si mesmo, o
tratamento a ser prescrito pelo médico 2580
107 Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis
objetivará apenas o suporte do doente.
Devem ser evitados alimentos que causem
trabalho adicional ao fígado, como leite,
gorduras e frituras. Tendo em vista que alguns
2595 trabalhos desempenhados pelo fígado somente
são realizados quando a pessoa descansa, e este
órgão encontrase temporariamente debilitado, o
repouso é recomendado durante todo o
tratamento. Álcool e cigarros estão severamente
2600 contraindicados e proibidos ao doente.
todos os seus familiares devem adotar hábitos
higiênicos pessoais rígidos, entre eles a lavagem
de mãos com água e sabonete SEMPRE antes
de comer. Copos, pratos e talheres do doente 2615
devem ser usados somente por este, e separados
durante a lavagem dos demais utensílios de uso
do resto da família, e guardados separadamente;
a lavagem destes objetos deve ser feita com
água e sabão. O mesmo cuidado deve ser 2620
adotado com as roupas do doente, que devem
ser lavadas e guardadas em separado das dos
demais familiares, em especial suas roupas
íntimas. Se possível, deve ser buscada qual a
fonte da infecção do primeiro doente: água 2625
contaminada? Falta de higiene? E, assim,
corrigir o problema para que os demais
familiares não sejam contaminados.
2655 8.7 Prevenção
Tendo em vista que o vírus da hepatite A é
eliminado principalmente pelas fezes da pessoa
doente, a principal forma de contaminação se dá
2660 pelo contato oral com estas fezes. Obviamente,
este contato se dá por vias indiretas, por maus
hábitos higiênicos do portador, por exemplo
através da não lavagem de mãos com água e
sabonete após sua higienização pósdefecatória:
2665 através de seu toque, poderá contaminar
superfícies de objetos e alimentos; ao ingerir
alimentos assim contaminados, uma pessoa
saudável contrairá a hepatite A.
2670 Água contaminada também pode ser um
potencial meio transmissor. Falta de água
tratada pela cidade e ausência ou má estrutura
do sistema de esgotos são fortes facilitadores à
Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis 110
existência da doença.
2675
Aquele que prepara a comida deve sempre
lavar as mãos com água e sabonete antes de
iniciar seu trabalho. Os alimentos devem
também sempre ser lavados, merecendo cuidado
redobrado aqueles que serão ingeridos crus, 2680
como verduras, legumes e frutas. Também, por
tudo isto, pense duas vezes antes de resolver se
alimentar em restaurantes de asseio duvidoso.
A saliva do portador de hepatite A possui 2690
baixa concentração de vírus. Alguns estudos
chegam a afirmar que o adulto saudável não
contrairia o vírus pelo contato com a saliva do
doente. Entretanto, caso se esteja
momentaneamente com as defesas do corpo 2695
diminuídas, por estresse, depressão, doença ou
má alimentação, existe sim a possibilidade de
contração da doença por saliva contaminada:
são meios para isto o beijo, o uso comum de
copos ou talheres sem lavagem com água e 2700
sabão, o mesmo valendo para bocais de
garrafas, latinhas de refrigerantes, etc.
A administração de imunoglobulinas
2710 específicas oferecerá proteção à doença com
eficácia de 85% para aqueles que se expuseram
ao vírus HAV, desde que não haja decorrido
mais de 2 semanas.
9
HEPATITE TIPO B
2755
9.1 Outras Denominações
HBV.
2760 9.2 Agente Causador
de inflamação do fígado (hepatite). Notar que é
o próprio corpo que ataca o fígado: a 2785
inflamação deste órgão não é gerada
diretamente pelos vírus, mas sim pela ação do
sistema imunológico sobre os hepatócitos.
Mais de 90% dos indivíduos maiores de 5
anos de idade que adquirem a hepatite B obtém
cura total. Entretanto, cerca de 6% desenvolvem
a forma crônica da doença; destes, 25% tornam 2805
se casos fatais.
Estimase que aproximadamente 50% da
população da Terra já contraiu a hepatite B,
porém não de maneira uniforme no globo: há 2810
maior prevalência nos países pobres, onde os
maiores infectados são os recémnascidos, no
momento do parto, bem como as crianças,
sendo também as vias parenteral e sexual as
115 Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis
2815 grandes difusoras da doença; já nos países ricos
há menor incidência da moléstia, que ocorre
quase exclusivamente em adultos, onde o
principal meio infectante é a via sexual.
15% da população brasileira já contraiu o
2830 vírus HBV.
9.3 Manifestações Clínicas
São manifestações clínicas de hepatite B, 2850
que podem ou não ocorrer: inicialmente, fadiga,
mal estar e dores articulares; a evolução poderá
trazer falta de apetite, náuseas, dor no fígado e
icterícia (onde as conjuntivas oculares ficam
amarelas, cor que também pode se manifestar 2855
na pele). Uma vez ocorridas, estas
manifestações deixarão de existir em 30 a 90
dias. Entretanto, mesmo após a normalização do
organismo constatada por exames laboratoriais,
alguns indivíduos poderão apresentar fadiga. 2860
vírus, fazendo manifestar um quadro de hepatite
crônica leve permanente.
2910
Crianças de 1 a 5 anos de idade que
contraem o HBV possuem risco estatístico de
30% para desenvolver hepatite crônica; em
adultos com sistema imune deprimido esta
chance é de 50%. 2915
Denominaremos de hepatite crônica ativa 2930
quando há eliminação crônica das células do
fígado. A destruição constante dos hepatócitos
poderá acarretar o surgimento de cicratizes no
fígado, originando a cirrose. Daqueles que
desenvolverem cirrose, 50% serão acometidos 2935
de câncer no fígado (hepatocarcinoma), muito
embora este câncer não seja dependente da
cirrose, podendo ocorrer antes mesmo desta.
119 Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis
Na hepatite B crônica, o risco estatístico
2940 anual do surgimento de hepatocarcinoma é de:
0,06% a 0,3% em portadores sãos: 0,5% a 0,8%
na hepatite crônica ativa, e: 1,5% a 6,6% na
cirrose.
9.4 Diagnóstico
2950
O relato do paciente ao médico é de
grande importância, que levará em conta os
sintomas apresentados, fatos ocorridos passíveis
de trazer a infecção, etc.
2955
É necessário também afastar a hipótese de
outras afecções do fígado que provocam
sintomas semelhantes, como por exemplo a
hepatite alcoólica, que causa icterícia.
2960
Testes laboratoriais são necessários para a
identificação perfeita da doença. Exames
sorológicos podem detectar a infecção por HBV.
Concomitantemente, devese também pesquisar
2965 os marcadores de lesão celular AST (aspartato
aminotransferase) e ALT (alanina
aminotransferase).
É preciso muito cuidado na interpretação
Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis 120
No vírus HBV encontramos três antígenos
(partes do vírus) capazes de provocar a reação
imunológica do organismo humano de produção
de anticorpos específicos, sendo estes antígenos 2990
(com exceção de HBcAg) e seus respectivos
anticorpos detectáveis por exames de sangue
adequados:
Anticorpo AntiHBs (ou HBsAb, abreviatura
do inglês Hepatitis B Surface Antibody) — Sua
detecção é geralmente interpretada como um
3010 marcador de que o corpo está produzindo
imunização contra a doença, e que o paciente
está então em recuperação. Ainda, sua presença
também é uma prova de que o indivíduo
vacinado produziu os anticorpos necessários à
3015 prevenção da hepatite B, e que portanto a vacina
foi bem sucedida;
na hepatite B crônica ativa causada pelo HBV
"selvagem". Entretanto, existe também o vírus
3065 HBV da cepa denominada "mutante", que não
produz o antígeno HBeAg, de forma que
mesmo num resultado de exame de sangue onde
se verifica a ausência de HBeAg mas a presença
de DNA de HBV deve se considerar que o vírus
3070 está em franca replicação;
Anticorpo AntiHBe (ou HBeAb, abreviatura
do inglês Hepatitis B E Antibody) —
Produzidos temporariamente durante a infecção
3075 aguda ou de forma persistente durante ou após
uma grande replicação do vírus HBV. A
presença de AntiHBe é geralmente interpretada
como um bom sinal, e indica um prognóstico
favorável. Ainda, em um paciente infectado
3080 com a cepa "selvagem" do vírus HBV, quando
chega a desaparecer o antígeno HBeAg e seu
exame de sangue passa então a mostrar a
presença apenas de anticorpos AntiHBe
(mudança conhecida como soroconversão), este
3085 resultado, quer seja obtido espontaneamente,
quer seja pela bem sucedida administração de
terapia antiviral, é interpretado como um ótimo
prognosticador, concluindose que há então
baixos níveis de HBV. Já no indivíduo infectado
3090 pela cepa "mutante" do vírus HBV, os
anticorpos AntiHBe estão presentes quer o
HBV esteja ou não se multiplicando. Por isto,
exame que detecte a presença de DNA HBV é
Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis 124
Os chamados portadores sãos de hepatite
crônica possuirão baixos níveis de AST e ALT,
devido à relativa tolerância de seus organismos
ao HBV. 3100
PCR (Polimerase Chain Reaction) é um
exame laboratorial que permite saber a
quantidade de vírus circulante no sangue.
3110
9.5 Portadores Assintomáticos
Cerca de 30% das pessoas que contraem
hepatite B são assintomáticas, do começo ao
fim da doença. 3115
3125 indivíduo está ou não livre do vírus.
Os chamados portadores sãos de hepatite
crônica, que não apresentam sintomas, mas
possuem o vírus HBV de forma permanente em
3130 seus organismos, são transmissores da doença.
3135 9.6 Tratamento
Exames que fazem a contagem do vírus
3155 no sangue, como o PCR, são muito importantes
Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis 126
para avaliar a posição atual da doença.
9.7 Prevenção
3180
Evitar o contato com o sangue e fluidos
corporais da pessoa infectada pelo vírus HBV,
como saliva, sêmen, secreções vaginais, etc. A
transmissão ocorre após o contato destes fluidos
ou do sangue com os olhos, boca, ou pela sua 3185
penetração em cortes ou feridas expostas na
127 Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis
pele, bem como pelo ato sexual.
Para aqueles que se expuseram de forma
acidental ao vírus HBV, como muitas vezes
ocorre no ambiente hospitalar, a administração
3210 de anticorpos (imunoglobulinas) contra a
hepatite B é um excelente meio de evitar a
infecção.
10
HEPATITES C, D e E
3265
São hepatites virais. Tendo em vista a
similaridade do quadro clínico apresentado nos
casos de hepatite, já descritos para as hepatites
A e B, bem como das medidas preventivas para
evitálas, vamos analisar, a seguir, apenas de 3270
maneira breve, as hepatites dos tipos C, D e E.
Entretanto, nossa curta descrição não significa,
de forma alguma, que estas doenças ocorrem
com menos freqüência do que as hepatites A e
B, nem também que são menos graves. Não 3275
dispomos ainda de vacinas contra as hepatites
C, D e E.
3335 11
HERPES GENITAL
11.1 Agente Causador
Há relatos científicos que afirmam que a
infecção anterior por HSV1 parece promover 3370
defesa ao indivíduo no sentido de impedir que
ele se infecte pelo HSV2, e viceversa;
entretanto, esta proteção não é total, e a
infecção pelo outro tipo do vírus que não se
possuía pode ocorrer. Vários trabalhos afirmam 3375
que muitas pessoas não contraem o HSV2 em
sua área genital simplesmente porque elas já
possuíam o HSV1 oralmente (seu corpo produz
imunidade contra novas infecções pelo vírus
HSV); estudos científicos contabilizam que a 3380
proteção é conferida em ao menos 40% dos
casos quando a primeira infecção foi por HSV1
e a segunda por HSV2. Algumas vezes, esta
presença de anticorpos contra o HSV do
primeiro tipo, se não consegue impedir a 3385
infecção pelo segundo tipo, parece fazer com
que as recorrências dos surtos das lesões deste
sejam mais atenuadas e breves. Estudos também
afirmam que a infecção oral por HSV1 pode
diminuir o risco de contaminação genital por 3390
HSV1.
encontra amparo científico. O vírus HSV1 pode
causar herpes ocular, uma infecção muito séria
que pode levar à cegueira. Em casos muito
3400 raros, o HSV1 pode difundirse para o cérebro,
causando encefalite, uma perigosa infecção que
pode levar à morte. Estimase ainda que o HSV
1 seja responsável por no mínimo um terço das
infecções neonatais por herpes.
3405
Para ambos os tipos de vírus, cerca de
dois terços dos portadores não tem sintomas, ou
as manifestações clínicas são por demais
discretas e passam despercebidas.
3410
Nos Estados Unidos da América, estima
se que ao menos 80 milhões de pessoas são
portadoras do vírus HSV.
3415 11.2 Manifestações Clínicas
órgãos genitais e/ou ânus (de acordo, portanto,
com o local onde o vírus tenha se estabelecido)
(Figuras 11.2.1 e 11.2.2). 3430
Figura 11.2.3 — Herpes genital. Extensa vulvite
3455 herpética. Primeira manifestação, muito intensa,
com lesões que tomaram praticamente toda a
região genital, provocando intensa dor e
retenção urinária, causando impedimento até
para a deambulação. (Fonte: Brasil/Ministério
3460 da Saúde, 1999)
Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis 138
Na área genital, as lesões podem ocorrer
3485 em qualquer parte do pênis, inclusive no
prepúcio. Na mulher, as úlceras podem se
manifestar na vulva, no interior da vagina ou no
colo do útero. As lesões também podem ocorrer
no ânus ou no reto. Em qualquer caso, as
3490 recorrências dos surtos de bolhas podem se
expandir para além da área anogenital,
atingindo a virilha, coxas ou nádegas.
Também pode ocorrer infecção nas mãos,
3500 especialmente no leito das unhas, bem como em
outras partes do corpo, como a superfície dos
olhos.
Também bastante rara é a propagação do 3510
vírus pela corrente sanguínea, atingindo as
articulações, a pele, os pulmões e o fígado; esta
infecção pode ocorrer principalmente em
indivíduos que possuem sistema imunológico
deficiente ou em recémnascidos. 3515
11.3 Diagnóstico
O relato do paciente ao médico é muito
importante para colaborar com o diagnóstico da 3520
doença. É possível que o médico até mesmo
identifique a herpes ao examinar visualmente as
lesões. Algumas vezes, porém, pode haver
infecção secundária nas feridas abertas,
dificultando o diagnóstico. Assim, exames 3525
laboratoriais são indispensáveis para a correta
identificação da doença, tendo em vista a
multiplicidade de agentes infecciosos que
podem levar ao aparecimento de ulcerações
genitais. 3530
resultados em poucos dias. O teste Western Blot
e o exame Papanicolaou são também meios
3540 eficientes de diagnosticar a doença.
A distinção entre os tipos de vírus, HSV1
ou HSV2, é fundamental, cujo resultado
influenciará o prognóstico e conselho médicos.
3545 Os exames laboratoriais devem, assim, buscar
esta perfeita identificação.
Para o diagnóstico diferencial em relação
ao cancro mole, é importante lembrar que neste
as úlceras não desaparecem sem tratamento, ao
3565 contrário da herpes, onde as feridas comumente
saram e voltam a aparecer tempos depois.
11.4 Portadores Assintomáticos
Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis 142
11.5 Tratamento
Exclusivamente a critério médico, drogas 3580
antivirais podem ser receitadas, especialmente
na primeira manifestação clínica da doença;
porém, na atualidade, nenhum destes remédios
ainda mostrouse capaz de eliminar em
definitivo o vírus HSV do organismo. 3585
3600 nunca deverá ser totalmente contínuo, e mesmo
este deve ser descontinuado em determinado
momento para, talvez, ter novo início,
exclusivamente a critério médico em cada caso.
O portador de herpes genital deve ter em
mente que, durante as manifestações
3615 temporárias das lesões, maior cuidado deve ser
adotado com a higiene local, uma vez que as
úlceras expostas podem ser um canal de entrada
para outras infecções e doenças.
normalmente não haver gravidade na doença em
si: muito pelo contrário, esta indevida posição
mental negativa perante a moléstia apenas serve
para deprimir o sistema imunológico,
facilitando a recorrência dos episódios clínicos 3635
de manifestação do vírus.
Pratique sua religião ou filosofia de vida!
mão de medicação específica para toda criança
3725 que apresentar evidências de ter adquirido
herpes neonatal. Por tudo isto, caso esteja
grávida, comunique com urgência ao médico o
fato de você ou seu marido possuir herpes oral
ou genital.
3730
11.6 Prevenção
O beijo social é transmissor do vírus HSV
a partir do indivíduo infectado. Assim, um beijo
3735 fraternal em um amigo, parente ou criança pode
transmitir a doença, se um destes indivíduos for
portador do vírus. Muitos dos portadores do
vírus HSV1 adquiriram a herpes oral enquanto
eram crianças. Na infância, nosso sistema
3740 imunológico não é ainda tão eficiente quanto o
de um adulto: apesar do beijo ser uma linda
demonstração de carinho e amor, não beije seu
filho caso você não tenha feito ainda teste
laboratorial de herpes (lembrese que a maioria
3745 dos portadores da doença é assintomática), e
tampouco deixe parentes ou amigos beijarem,
pois eles também podem possuir a doença sem
o saber.
3750 Relativamente ao ato sexual, o sexo oral,
oroanal, anal e coito tradicional são meios
comuns de transmissão da doença. As carícias
que normalmente acompanham o ato sexual
também podem transmitir o vírus, a partir do
Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis 148
Higienização minuciosa após o ato sexual 3760
pode colaborar para evitar a infecção, mas esta
prática dificilmente será capaz de impedir a
contaminação pelo HSV, não se constituindo
como um meio eficaz de evitar a doença.
3765
Seu parceiro sexual pode ser portador da
doença sem o saber (portador assintomático) e
pode transmitir o vírus HSV para você
inconscientemente.
3770
A "camisinha" não oferece proteção total
para esta doença, tanto pelos motivos elencados
na "Introdução" deste livro como também por
poder haver áreas infectadas não cobertas pelo
preservativo e capazes de transmitir o HSV. 3775
A única maneira de não se infectar pelo
HSV com 100% de segurança é não ter
promiscuidade, ou seja, possuir um único
parceiro sexual, saudável e não promíscuo. 3780
149 Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis
12
LINFOGRANULOMA VENÉREO
3785 12.1 Outras Denominações
12.2 Agente Causador
Uma bolha cheia de líqüido, semelhante à
herpes genital, ocorre algumas vezes no local da
inoculação da bactéria. Esta vesícula indolor
transformase numa úlcera genital auto 3815
limitada, que pode pode passar despercebida
pelo indivíduo. Quando o paciente procura
cuidado médico, muitas vezes esta úlcera já
desapareceu, mesmo sem nenhum tratamento
(Figura 12.3.1). 3820
3835 inguinal ocorre mais comumente de um lado só,
ou seja, de forma unilateral. A pele que recobre
a área inflamada tornase avermelhada e
apresenta temperatura maior. A inflamação é
bastante dolorosa. Na ausência de tratamento, o
3840 bubão se rompe em orifícios múltiplos, por
onde sai pus semelhante ao bocal de um regador
de jardim. Notar que na adenite do cancro mole
a pus sai por um orifício único, permitindo a
diferenciação entre estas doenças.
3845
linfonodos inguinais superficiais, os linfonodos
pélvicos, os linfonodos localizados entre o reto
e a artéria ilíaca interna e os linfonodos ilíacos. 3860
A presença da infecção pode trazer outros
sinais no organismo, como febre, náuseas,
vômitos, dores articulares, malestar,
prostração, falta de apetite, etc. São 3865
manifestações raras da doença a meningite e a
meningoencefalite.
12.4 Diagnóstico
3900 O relato do paciente ao médico é muito
importante. Será necessário fazerse o
diagnóstico diferencial, excluindo outras
doenças que causam úlcera genital ou
linfodenopatia. Algumas vezes, o médico
3905 conseguirá fechar o diagnóstico mesmo sem
exames de laboratório.
complementar entre si, entre os quais podemos
citar o de antígeno de Frei,
microimunofluorescência, ELISA, testes de
cultura, etc. 3915
12.5 Portadores Assintomáticos
Relativamente ao linfogranuloma
venéreo, no período de incubação da moléstia,
onde inexistem sintomas, o portador da infecção
pode transmitir a doença; ainda, enquanto não 3930
houver a cura completa, o linfogranuloma
venéreo pode ser transmitido.
13.6 Tratamento
3935
O tratamento é feito com antibiótico
específico ao qual a bactéria é sensível, a ser
prescrito exclusivamente pelo médico.
Os bubões podem requerer aspiração com
agulha grossa através da pele intacta; não se
3945 deve abrir o bubão com bisturi pois, além de
uma cicatrização posterior muito lenta, o corte
poderia acarretar disseminação da doença no
organismo.
12.7 Prevenção
Higienização minuciosa após o coito pode
3970 colaborar para evitar a doença, mas dificilmente
será capaz de impedir a infecção.
A "camisinha" não oferece proteção total
Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis 156
A única maneira de não se infectar pelo 3980
linfogranuloma venéreo com 100% de
segurança é não ter promiscuidade, ou seja,
possuir um único parceiro sexual, saudável e
também não promíscuo.
157 Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis
3985 13
MOLUSCO CONTAGIOSO
13.1 Outras Denominações
3990 MC (abreviatura de molusco contagioso).
13.2 Agente Causador
Molluscum contagiosum virus, um DNA
3995 vírus da Família Poxviridae, Subfamília
Chordopoxvirinae (que infecta vertebrados),
Gênero Molluscipoxvirinae. A Subfamília
Entomopoxvirinae possui representantes que
infectam invertebrados.
4000
Existem 4 tipos conhecidos de Molluscum
contagiosum virus, denominados de I, II, III e
IV. O tipo I é responsável por no mínimo 75%
dos casos registrados da doença no mundo,
4005 especialmente em crianças. Já o tipo II é
comumente encontrado em pacientes com
sistema imunológico mais severamente
deprimido.
No interior de uma pápula do MC há um
material esbranquiçado, revelado quando o
4015 médico extrai o nódulo.
Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis 158
Em adultos, é mais comum a transmissão
da doença pela via sexual; áreas de pele fina
parecem ser as mais afetadas; indivíduos com o
sistema imunológico deprimido, por quaisquer
motivos, também são alvos do molusco 4020
contagioso.
Entretanto, o maior número de casos da
doença é verificado entre as crianças em idade
escolar, mormente entre 3 e 16 anos. A criança 4025
adquire a moléstia simplesmente por encostar a
sua pele na de outro colega doente, como
conseqüência natural das brincadeiras infantis.
Na infância, o sistema imunológico humano
ainda não está totalmente desenvolvido, e por 4030
isto é muito grande a facilidade de contração do
MC nesta fase.
4055 13.3 Manifestações Clínicas
Figura 13.3.1 — Molusco contagioso em pele
4070 do rosto. Pápulas.
Em indivíduos adultos com sistema imune
deficiente, parece haver manifestação do 4095
molusco contagioso prevalentemente no rosto,
pescoço e tronco, embora a ocorrência da
infecção nestes locais não indique
obrigatoriamente que o sistema imunológico
esteja debilitado. Ainda, quando o adulto 4100
afetado apresenta sistema imunológico
deprimido, pode surgir um elevado número de
pápulas, inclusive com tamanhos "gigantes", de
até 15 mm de diâmetro.
161 Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis
4105 13.4 Diagnóstico
4120 16.5 Portadores Assintomáticos
Por ser um vírus de grande disseminação,
acreditase que muitas pessoas sejam portadores
assintomáticos.
4125
13.6 Tratamento
em vírus.
Devese buscar tratamento médico assim
que surgem as primeiras lesões, a fim de evitar
sua disseminação generalizada. 4140
O parceiro sexual do indivíduo acometido
pelo molusco contagioso deve submeterse
também a exame médico e, havendo 4150
necessidade, tratarse também, a fim de evitar
nova contaminação de seu par.
Após o tratamento inicial bem sucedido, o 4160
paciente terá de retornar ao médico algumas
vezes para ser reexaminado, em intervalos de
tempo definidos, por alguns meses, para se ter
certeza da cura.
4165
Uma grande disseminação corpórea do
163 Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis
Piscinas tem sido suspeitas de serem um
meio de transmissão do Molluscum
contagiosum virus, o que carece de estudos
4195 comprobatórios. De qualquer forma, caso tenha
a doença, não utilize piscinas até terminar o seu
tratamento e o médico lhe assegure que não há
Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis 164
mais possibilidade de transmissão do vírus.
Nunca use toalhas ou roupas de colegas, 4200
que podem transmitir a doença a partir da
pessoa infectada.
A "camisinha" não oferece proteção total
contra a doença, tanto pelos motivos já descritos 4210
na "Introdução" deste livro como também por
não impedir o contato da pele com áreas
adjacentes infectadas.
estresse. Abandone o vício do cigarro, álcool ou
4230 drogas; se preciso, procure ajuda médica,
psiquiátrica ou de instituições especializadas
nestas áreas. Caso haja problemas emocionais
ou psicológicos, não hesite em procurar um
psicólogo ou psiquiatra. E a sua espiritualidade,
4235 como anda? Não deixe de seguir e praticar sua
religião ou filosofia de vida!
Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis 166
14
SARNA
14.1 Outras Denominações 4240
Escabiose.
14.2 Agente Causador
4245
Ácaro Sarcoptes scabiei, um aracnídeo de
tamanho quase microscópico: o macho mede
0,2 mm e a fêmea cerca de 0,4 mm. Infestando a
pele do ser humano, alimentase de queratina,
proteína constituinte da camada superficial da 4250
pele.
4275 14.3 Manifestações Clínicas
ou na planta dos pés, entre os dedos das mãos
ou dos pés, nos punhos, nos cotovelos, nas 4300
axilas, nos seios, em volta do umbigo, nas
nádegas, na bolsa escrotal ("saco" masculino),
no pênis, na genitália feminina, etc; na criança,
muitas vezes as lesões aparecem também no
pescoço, na face e no couro cabeludo. Não há 4305
local específico para a infestação por Sarcoptes
scabiei, surgindo as lesões onde ele se instalou.
Por ser uma doença altamente contagiosa,
a própria pessoa dissemina a sarna para
diferentes partes de seu corpo pelo ato de coçar. 4320
Ao coçarse, muitas vezes, fazse lacerações na
pele, e as lesões da escabiose são então
infectadas por bactérias, produzindo úlceras,
agravando o quadro clínico cutâneo.
4325
14.4 Diagnóstico
4330 sintomas da sarna.
A identificação de Sarcoptes scabiei pode
ser feita laboratorialmente com o auxílio de um
microscópio, a partir de material colhido por
4335 raspagem clínica da pele (a ser feita unicamente
pelo médico ou profissional da saúde
especializado) em algum local lesionado pelo
ácaro: procurase pelo próprio aracnídeo ou por
seus ovos. Os aracnídeos podem também ser
4340 vistos com o auxílio de uma boa lupa!
14.6 Tratamento
Qualquer pessoa que adquiriu sarna deve
receber tratamento rapidamente, visto ser uma
doença altamente contagiosa. Seu parceiro
4420 sexual ou familiares devem igualmente tratar
se, mesmo que ainda não apresentem quaisquer
sintomas da doenças, a fim de evitar nova
Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis 172
infestação, muitas vezes recorrente em pessoas
que já obtiveram a cura e se trataram
isoladamente. 4425
14.7 Prevenção
4545 Evite aglomerações ou multidões, onde as
pessoas se encostam continuamente ou se
Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis 176
Os ácaros causadores da sarna em animais
domésticos são diferentes da variedade acarina 4570
humana. Se você tiver contato com estes ácaros,
eles poderão penetrar sob a sua pele, e causar a
sensação de coceira e irritação. Estes ácaros dos
animais, entretanto, não sobrevivem no homem
mais do que alguns dias, e você não necessitará 4575
de medicamentos para eliminálos. Porém, nos
bichinhos de estimação os ácaros sobreviverão e
177 Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis
se reproduzirão continuamente, e o melhor que
você tem a fazer é tratar seu bichano com
4580 urgência.
Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis 178
15
SÍFILIS
15.1 Outras Denominações
4585
Lues, cancro duro, cancro sifilítico,
sifiloma, etc.
15.2 Agente Causador
4590
Bactéria Treponema pallidum, uma
espiroqueta, ou seja, que tem forma de espiral.
Na gravidez, a lues pode infectar um feto,
acarretando defeitos congênitos e muitos
4630 problemas à criança, havendo o sério risco de
ocorrer até mesmo aborto, natimorto ou
nascimento com morte posterior da criança.
Estatísticas mostram que 70% dos bebês tem
chance de contrair a doença quando a mãe é
4635 portadora de sífilis, bem como a lues é fatal
para 40% das crianças que recebem tratamento
inadequado.
A sífilis é considerada uma doença muito
4640 perigosa pelo fato de sua sintomatologia inicial
ser pouco exuberante: há grande probabilidade
do indivíduo acometido por sífilis não procurar
Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis 180
auxílio médico nos estágios iniciais da doença,
visto as manifestações clínicas iniciais
desaparecerem mesmo sem tratamento, 4645
ocultando a doença que se espalha por todo o
organismo, de modo que, quando o paciente
procura ajuda médica, já em estágios avançados
da doença, ainda que seja capaz de obterse a
cura, não se pode evitar, às vezes, suas 4650
gravíssimas seqüelas.
haja melhora da condição sócioeconômica da
4675 população, bem como educação escolar plena
para todos, informação farta a ser divulgada em
todos os meios de comunicação, além de
hospitais que atendam a população com
dignidade.
4680
15.3 Manifestações Clínicas
Sem tratamento, a sífilis passa por várias
fases, com presença ou ausência de sintomas em
4685 determinados momentos. Para melhor
compreensão, a evolução da doença pode ser
dividida em estágios. Classificamos a lues em
três estágios, a seguir descritos.
4690 Primeiro Estágio
endurecidas, com fundo limpo (sem pus), porém 4705
repleta de espiroquetas transmissoras da doença.
Figura 15.3.1 — Sífilis. Cancro duro em pênis.
(Fonte: Brasil/Ministério da Saúde, 1999) 4710
Figura 15.3.2 — Sífilis. Cancro duro em pênis.
(Fonte: Brasil/Ministério da Saúde, 1999) 4715
183 Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis
Na mulher que contrai a sífilis, o cancro
duro pode ocorrer na parede ou fundo da
vagina, vulva ou em regiões adjacentes como o
períneo (Figura 15.3.3).
4720
4740
Saiba que existe a possibilidade de
ocorrerem simultaneamente as duas doenças,
cancro mole e cancro duro: a este cancro misto
resultante denominamos cancro de Rollet
(Figura 15.3.4). 4745
Nesta fase, também poderão surgir ínguas
4785 indolores nas regiões próximas ao cancro duro.
Ínguas são gânglios linfáticos aumentados,
Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis 186
também chamados de adenites satélites.
Caso houvesse procura de auxílio médico
nesta fase, o cancro duro seria curado em menos 4790
da metade do tempo e, mais importante,
poderíase obter a cura total da doença, num
momento em que a sífilis ainda não causou
nenhum dano permanente ao organismo,
evitandose assim suas gravíssimas seqüelas, 4795
que serão descritas mais adiante. Desta forma,
lembrese sempre de procurar auxílio médico
com urgência sempre que notar qualquer
anormalidade em seu organismo, mesmo que
pareça não haver gravidade. 4800
Podem surgir condilomas planos (Figura 4880
15.3.9), que são lesões papulosas. Neste
condilomas pode ocorrer junção de pele a
membranas mucosas, que por vezes vem a
achatarse. Estas saliências ocorrem no pênis,
nas bordas internas da vulva e dos lábios, bem 4885
como em regiões úmidas da pele. As lesões
podem adquirir cor rosaescura ou cinza, e são
altamente infecciosas, costumeiramente
apresentando odor.
4890
191 Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis
Como decorrência da sífilis, pode ocorrer
inflamação do fígado, ocasionando icterícia, ou
inflamação dos rins, fazendo com que a urina
contenha proteínas. 4905
São sintomas também desta fase: gânglios
linfáticos inchados em todo o organismo, que
acometem cerca de 50% dos infectados; úlceras
bucais, afetando cerca de 80% dos sifilíticos; 4910
inflamação dos olhos em cerca de 10% dos
doentes, e, em alguns casos, visão turva em
decorrência de inflamação do nervo óptico.
4920
Segundo Estágio
Também denominado de Sífilis Latente.
Vai do início do 2.° ano após o contágio até o
final do 4.° ou 5.° ano. 4925
Terceiro Estágio
Sífilis e Gravidez
5055
Quando a mãe é portadora de sífilis, o
Treponema pallidum pode contaminar a criança
precocemente através da placenta,
especialmente se a bactéria é muito agressiva ou
5060 apresentase em grande número, ocasionando
aborto, natimorto ou morte da criança logo após
o nascimento.
Mais comumente, a mãe sifilítica terá sua
5065 doença transmitida à criança a partir da 18.ª
semana de gestação, e a criança sobreviverá,
mas nascerá com sífilis congênita recente ou
sífilis congênita tardia.
5070 A criança que apresentar sífilis congênita
recente manifestará os sintomas rapidamente,
dias ou meses após o seu nascimento; suas
lesões são ricas em espiroquetas e muito
contagiosas. São manifestações clínicas comuns
Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis 198
desta infecção: nariz em sela (pela destruição do 5075
septo nasal), pele enrugada, unhas dolorosas
com sulcos e frágeis, retinite hemorrágica,
choro rouco (de som "rachado"), crânio grande
com líqüido, amolecimento dos ossos da calota
craniana, condiloma plano em região genital, 5080
testículos inflamados, líqüido na bolsa escrotal,
fígado aumentado, baço aumentado, inflamação
em ossos e cartilagens, deformidades ósseas,
pseudoparalisia, etc. (Figura 15.3.12).
5085
A criança que apresentar sífilis congênita
tardia manifestará os sintomas somente entre 3
e 14 anos. As mesmas lesões ósteocutâneas já 5095
descritas na sífilis congênita recente podem
199 Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis
Por tudo isso, é indispensável que todas as
mulheres façam exame laboratorial para a
5105 detecção de sífilis antes e durante a gravidez.
Uma Portaria do Ministério da Saúde do Brasil
de dezembro de 2004 determina que a gestante
realize três exames de sífilis: na primeira
consulta do prénatal, no terceiro trimestre de
5110 gravidez e na admissão para o parto; não
obstante, estimativas mostram que, por
exemplo, infelizmente, por razões diversas, o
último destes exames é realizado em apenas
30% dos partos no Brasil. Estes exames são um
5115 direito seu, dos quais você deve exigir sua
realização no sistema público de saúde.
15.4 Diagnóstico
5120 A história de vida pregressa do paciente
relatada ao médico é muito importante, pois
aquele pode ser um portador atual de sífilis do
segundo estágio, ou seja, da "fase do silêncio",
onde inexistem sintomas.
5125
Muitas vezes, o médico é obrigado a
desconfiar da presença de sífilis mesmo sem
Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis 200
Havendo manifestações clínicas, é preciso
que o médico exclua outras doenças que
apresentam sintomas semelhantes. 5135
auxílio médico quando de suas ocorrências. 5190
A dificuldade de reconhecimento da sífilis 5195
em suas fases iniciais torna esta moléstia uma
das mais perigosas entre as doenças
sexualmente transmissíveis, o que só pode ser
corrigido com educação e informação, por todos
os meios de comunicação, para toda a 5200
população.
15.6 Tratamento
Herxheimer, provavelmente como conseqüência
da eliminação súbita de milhões de
espiroquetas, cujos principais sintomas são: dor
de cabeça, sudação, febre, sensação de mal
5225 estar, arrepios com tremores, bem como
agravamento temporário das feridas sifilíticas;
em raros casos, portadores de neurossífilis
podem apresentar convulsões ou paralisia. Caso
sintase mal após o início do tratamento,
5230 procure novamente socorro médico, com
urgência, a fim de saber se tratase da reação
descrita acima (e receber tratamento para ela)
ou, mais grave, se aconteceu reação alérgica ao
antibiótico prescrito indevidamente, onde se
5235 corre inclusive risco de vida pela alergia.
Sob nenhuma hipótese devese praticar a
automedicação, que pode provocar falsos
resultados de exames laboratoriais, bem como a
5240 não obtenção da cura total da doença,
mascarando a lues, que continua ativa e em
expansão, acarretando inexoravelmente a vinda
dos gravíssimos danos da sífilis tardia.
5245 O tratamento da sífilis em terceiro estágio
é possível, sendo até mesmo capaz de se curar a
doença. Entretanto, talvez não se possa evitar
suas seqüelas e, o progresso de algumas destas
graves conseqüências, mesmo com a sífilis já
5250 curada, pode até mesmo levar à morte. Por tudo
isto, lembrese de procurar auxílio médico com
Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis 204
Exames regulares são necessários após o
tratamento da sífilis de segundo ou terceiro
estágio, para verificação. Os anticorpos serão 5265
detectados pelo resto da vida em exames
laboratoriais, mas não significam
necessariamente que o indivíduo é portador da
doença: o título de anticorpos definirá se a
sífilis já foi curada ou não, visto a concentração 5270
de anticorpos baixar espontaneamente com o
passar dos anos nas pessoas que já obtiveram a
cura.
15.7 Prevenção
5285 Pela gravidade das conseqüências ao feto,
todas as mulheres devem fazer exame
laboratorial para detecção de sífilis antes e
durante a gravidez.
5290 Se você adquiriu sífilis, informe urgente
ao seu parceiro sexual este fato, para que ele
procure auxílio médico para saber se também
possui a doença. Ainda, se você se curou e seu
parceiro não, você poderá se contaminar
5295 novamente com a espiroqueta, contraindo
novamente a lues: ambos os parceiros devem se
tratar simultaneamente.
As carícias que normalmente precedem o
ato sexual podem transmitir a lues, através do
contato das mãos com áreas do corpo
5305 contaminadas; o beijo e todo contato oral são
transmissores da sífilis a partir do indivíduo
infectado.
A "camisinha" não oferece proteção total
contra a sífilis, tanto pelas razões já descritas na
Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis 206
"Introdução" deste livro como também por não
evitar o contato de regiões de pele expostas com 5315
outras áreas do parceiro que podem ser capazes
de transmitir o Treponema pallidum.
16
5325 TRICOMONÍASE
16.1 Outras Denominações
5335 16.2 Agente Causador
O parasita responde pela notável cifra de
5345 cerca de 20% das infecções vaginais.
16.3 Manifestações Clínicas
5350 O período de incubação da doença varia
de 10 a 30 dias, porém, mais comumente, em
cerca de duas semanas após o contágio, surge na
mulher corrimento vaginal verdeamarelado ou
esbranquiçado, viscoso, espumoso, com odor,
Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis 208
em alguns casos não muito abundante (Figura 5355
16.3.1). A vulva pode apresentar irritação e dor;
esta sintomatologia inicial pode evoluir para
inflamação da vulva e da pele que a rodeia.
Ocorre também aumento da freqüência de
micções e dor ao urinar. A relação sexual pode 5360
ser acompanhada de dor na genitália feminina.
5365
Figura 16.3.1 — Tricomoníase. Secreção
brancoacizentada exteriorizandose em vulva.
(Fonte: Brasil/Ministério da Saúde, 1999)
5370
209 Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis
5380
No homem, a tricomoníase costuma ser
assintomática, e é mais difícil de ser
diagnosticada do que na mulher. Quando
ocorrem, as manifestações clínicas são dor ao
5385 urinar, necessidade freqüente de micção e
emissão de secreção espumosa pela uretra,
ocorrendo estes sintomas principalmente pela
manhã. A uretrite pode apresentarse com
sintomas muito leves, surgindo umidade no
5390 orifício peniano. O protozoário pode infectar,
além da uretra, a bexiga, a próstata, os
epidídimos e os testículos, podendo inclusive
acarretar esterilidade.
Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis 210
16.4 Diagnóstico 5395
O relato do paciente ao médico, com seu
histórico, é muito importante, aliado aos
sintomas. O diagnóstico diferencial com outras
doenças é indispensável. 5400
Na mulher, a confirmação da tricomoníase
é bastante simples, podendo ser realizada pelo
próprio médico em consultório, através de uma
amostra de secreção vaginal observada ao 5405
microscópio, onde se pode visualizar
Trichomonas vaginalis.
16.5 Portadores Assintomáticos
Tanto mulheres como homens podem ser 5420
portadores assintomáticos da tricomoníase.
16.6 Tratamento
O tratamento da tricomoníase é
relativamente simples, com medicamentos a
5430 serem prescritos exclusivamente pelo médico. A
mulher normalmente é curada com dose única
de remédio específico, enquanto o tratamento
masculino é realizado, de praxe, por sete dias,
para obterse certeza da cura.
5435
Ambos os parceiros devem ser tratados,
mesmo que não haja sintomas em um deles, a
fim de evitar a recontaminação após a cura.
16.7 Prevenção
Cuidado redobrado deve ser tomado com
as roupas de cama em hotéis de asseio
duvidoso: talvez seja melhor você trazer de sua
casa lençol, fronha e cobertor para uso no hotel. 5460
A única maneira 100% segura de se evitar
a contaminação sexual com Trichomonas
vaginalis é não ter promiscuidade, ou seja,
possuir um único parceiro sexual, saudável e 5470
também não promíscuo.
213 Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis
17
URETRITE NÃO GONOCÓCICA
5475
17.1 Outras Denominações
17.2 Agentes Causadores
uretra será então classificada como uma uretrite
não gonocócica.
5505
Entre os germes causadores de UNG, os
maiores responsáveis estatísticos por estas
uretrites são Chlamydia trachomatis e
Ureaplasma urealyticum. Chlamydia
trachomatis responde por cerca de 50% das 5510
uretrites masculinas e a maioria das infecções
genitais com pus na mulher, e é uma bactéria
parasita intracelular obrigatório, ou seja,
somente é capaz de se reproduzir no interior das
células. Já Ureaplasma urealyticum não dispõe 5515
de uma parede celular rígida e pode se
reproduzir fora de células.
17.3 Manifestações Clínicas 5525
5560 Além das secreções uretrais já descritas, a
mulher pode apresentar corrimentos vaginais
decorrentes do germe infectante: leia neste livro
o capítulo sobre corrimentos vaginais.
Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis 216
Na mulher, se o coito for acompanhado de 5565
dor abdominal, a causa pode ser, entre outras
doenças, uma UNG.
O histórico relatado pelo paciente é muito
importante. Devese afastar a possibilidade de
5605 gonorréia, pelos seguintes sintomas
diferenciados, opostos aos da uretrites não
gonocócicas: na blenorragia o início dos
sintomas ocorre mais comumente em até oito
dias, a ardência ao urinar é intensa, a secreção
5610 normalmente é purulenta e por vezes
abundante.
Exame microscópico da secreção expelida
pelo orifício uretral ou sua cultura laboratorial
5615 são meios de diagnosticar as uretrites não
gonocócicas. Exames de urina específicos para
esta detecção também podem ser solicitados
pelo seu médico.
5620 17.5 Portadores Assintomáticos
Muitos homens também possuem uretrites
sem quaisquer sintomas, ou com manifestações
clínicas muito discretas que dificilmente são
notadas. 5630
17.6 Tratamento
5645
Felizmente, dispomos na atualidade de
excelentes medicamentos para tratar as uretrites
não gonocócicas, remédios estes que somente
podem ser usados sob prescrição médica. As
medicações adotadas variam de acordo com o 5650
microrganismo causador da uretrite.
longo do que no tratamento anterior, lançando
mão do mesmo ou de outro tipo de antibiótico.
5660 Dependendo da bactéria causadora, existem
antibióticos capazes de trazer a cura da uretrite
em dose única. Não use medicamentos sem
prescrição médica.
5665 Ambos os parceiros devem ser tratados, a
fim de garantir que a cura não será seguida de
nova infecção.
Pessoas em tratamento de uretrites devem
5670 ter suas roupas lavadas em separado das da
família, sendo obrigatório que se ferva ou passe
a ferro quente cada peça, especialmente as
roupas íntimas e toalhas.
5675 17.7 Prevenção
Não manipule e não introduza objetos em
sua uretra, pois poderá acarretar uma infecção
ou uma UNG de origem mecânica. Não aplique
5680 pomadas em sua genitália sem orientação
médica, pois poderá surgir uma uretrite por
origem química.
5730 Muita atenção deve ser dada às roupas de
cama de hotéis com asseio duvidoso: talvez seja
melhor você trazer de sua casa fronha, lençol e
cobertor para uso no hotel.
Urinar após o coito, lavar minuciosamente
a genitália com água e sabonete, e urinar
novamente após esta higienização pode
5745 colaborar para evitar o surgimento de uma
uretrite; porém, estas práticas não são
suficientes como garantia de que não se
adquirirá uma UNG.
REFERÊNCIAS DE IMAGENS
CONTATOS
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“ Devido ao elevado número de “ emails”
que eu possa eventualmente receber,
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agradeço de coração seu amigável contato.”
(O Autor)
225 Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis
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NILSON ANTONIO BRENA
“Doe nças Sexualmente Transmissíveis (DST)”
1ª Edição 2006
ISBN 9788590245858 (ANTIGO ISBN 8590245853)
“Câncer : Sugestões de Pesquisas Científicas para sua Cura”
2ª Edição (Revista e Ampliada) 2007
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EDIÇÕES ANTERIORES
“Câncer : Sugestões de Pesquisas Científicas para sua Cura”
1ª Edição 2005
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Nilson Antonio Brena Doenças Sexualmente Transmissíveis 226