Transtorno de Déficit de Atenção Tdah

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ISEIB- INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO IBITURUNA

ROSILENE WEISS CLEMENTE

TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO: O PAPEL DA ESCOLA

CORONEL FABRICIANO – MG
2017
ISEIB- INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO IBITURUNA

ROSILENE WEISS CLEMENTE

TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO: O PAPEL DA ESCOLA

Artigo Científico Apresentado ao Instituto


Superior de Educação Ibituruna - ISEIB,
como requisito parcial para a obtenção do
título de Especialista em Educação
Especial.

CORONEL FABRICIANO – MG
2017
1

TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO: O PAPEL DA ESCOLA


ROSILENE WEISS CLEMENTE
1

RESUMO

Este estudo caracteriza-se como pesquisa bibliográfica, que teve como objetivo
discutir o transtorno de déficit de atenção e o papel da escola. O Transtorno de
Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um tema de interesse de pais e de
profissionais de várias áreas, como médicos, educadores, psicólogos e
psicopedagogos. É na vida escolar da criança que os problemas decorrentes do
TDAH ficam mais evidentes. O desempenho escolar da criança com TDAH é
instável, em alguns momentos, a criança realiza uma excelente atividade,
enquanto em outros realiza um trabalho com baixa qualidade; e isso ocorre em
períodos de tempo muito próximos. A causa dessa instabilidade no desempenho
reside na instabilidade da atenção. A hiperatividade deve ser analisada sob uma
visão interdisciplinar, que aproxime profissionais de diferentes áreas do
conhecimento nesse mesmo objeto de estudo. O professor diante dessas lacunas
deverá atuar em parceria com especialistas e também com os pais da criança em
questão, numa junção de forças. Os avanços no tratamento na sala de aula,
deverão obrigatoriamente chegar até os pais e especialistas.

Palavras-chave: TDA. Educação Inclusiva. Ensino.

Introdução

Este artigo refere-se ao déficit de atenção que os alunos têm apresentado


nas séries iniciais do ensino fundamental (primeiro ao quinto ano), o qual vem
preocupando pais, educadores, psicólogos e orientadores psicológicos.
O déficit de atenção é um tema que vem despertando o interesse de
pesquisadores da área da educação e da área da medicina. Ambos vêm
desenvolvendo vários trabalhos de pesquisas de campo, com o intuito de
descobrir as causas que levam uma criança a ter déficit de atenção e quais

1
Professora da rede municipal, aluna de pós-graduação, licenciada em Pedagogia
2

atitudes devem ser praticadas por pais e educadores para solucionar ou amenizar
o problema.
É de suma importância na área educacional o conhecimento dos estudos já
realizados sobre o assunto, pois só através do conhecimento é que se pode
interagir de forma consciente e assim obter condições de desenvolver um trabalho
que auxilie as crianças com este problema.
O estudo bibliográfico realizado poderá servir como base teórica para os
educadores, os pais, o serviço social do município, a sociedade e a comunidade
científica.
Observa-se no cotidiano escolar uma falta de valorização dos profissionais
da Educação tanto por parte dos órgãos governamentais como da sociedade e da
própria comunidade escolar.
A falta de recursos materiais também tem sido um grande problema para o
processo de ensino-aprendizagem. As crianças têm acesso em casa e na
sociedade a equipamentos eletrônicos os quais a escola muitas vezes não possui
ou se possui não há a quantidade mínima para atender a todos os alunos.
Constata-se na escola que grande parte das crianças não recebe dos pais
orientação e cobrança dos limites os quais são importantes tanto para o seu
crescimento pessoal, como para uma melhor convivência em sociedade. Situação
essa que torna ainda mais difícil constatar se a criança tem um déficit de atenção
ou é apenas falta de limites.
Devido a toda essa problemática que a escola vem enfrentando é de suma
importância que sejam feitos projetos que visem auxiliar a escola a desempenhar
o seu papel na sociedade de maneira com que esta seja vista como base para
uma sociedade melhor.
Levando-se em consideração o contexto problemático acima, surgiram os
questionamentos desta pesquisa:
- quais fatores contribuem para que a criança tenha déficit de atenção?
- como o déficit de atenção interfere no processo de desenvolvimento da
criança?
-como a família e a escola podem auxiliar para diminuir este déficit de
atenção?
Os fatores que interferem são:
- problemas familiares e de saúde.
3

- o déficit de atenção dificulta a criança a se relacionar com os colegas e na


assimilação dos conhecimentos.
A família e a escola auxiliam a criança na medida em que procuram
conhecer as causas e os possíveis tratamentos para que possam oportunizar a
criança ao desenvolvimento afetivo, relacional e social.
Os fatores sociais que contribuem para o déficit de atenção:
- A interferência do déficit de atenção no desenvolvimento da criança
- O papel da família para auxiliar a criança a atingir um desenvolvimento
cognitivo e social.
- Os trabalhos que podem ser desenvolvidos na escola para auxiliar na
redução do déficit de aprendizagem dos alunos com déficit de atenção.
Nesta pesquisa constitui-se como objetivos:
- Identificar através da pesquisa bibliográfica as possíveis causas do déficit
de atenção.
- Analisar as atitudes das crianças em diferentes situações e correlacionar
com a literatura existente sobre o assunto.
- Estabelecer relação entre o déficit de atenção e o baixo rendimento
escolar com auxílio bibliográfico.

- Refletir sobre as teorias analisada no desenvolvimento da pesquisa.


- Constatar os estudos existentes sobre o déficit de atenção.
Os estudos seguem o paradigma qualitativo devido o empreendimento de
reflexões sobre as contribuições teóricas sobre o tema da pesquisa.
O estudo se desenvolverá através de pesquisa bibliográfica com a
finalidade de compreender as definições já existentes e buscar aprofundamento
da influência do déficit de atenção no desenvolvimento social e cognitivo da
criança de 1ª ao 5º ano do ensino fundamental.
A pesquisa é na área da educação com ênfase na sociologia, psicologia e
pedagogia através de matérias bibliográficas já existentes.
Os procedimentos metodológicos adotados na pesquisa foram a coleta e
organização dos materiais bibliográficos pertinentes ao assunto foram pautados
em leitura do material selecionado e recorte dos pontos mais relevantes através
de elaboração de fichamento bibliográfico.
4

Desenvolvimento
1.1 HISTÓRICO

No início do século XX, esse distúrbio foi chamado de disfunção cerebral


mínima, passando posteriormente a ser chamado de hipercinesia, ou hipercinese,
logo a seguir, hiperatividade, nome que ficou mais conhecido e perdurou por mais
tempo, em 1987, passou a ser chamado de distúrbio de déficit de atenção , ou
ainda distúrbio de déficit de atenção com hiperatividade , sendo que muitas vezes
utiliza-se somente a sigla DDA (em português) ou ADD (em inglês "Attencion
Deficit Disorder"). É também eventualmente chamado de Síndrome de Déficit de
Atenção.
Um dos primeiros autores a escrever sobre a Síndrome do Déficit de
Atenção, foi Dupré, que durante a Primeira Guerra Mundial descreveu um quadro
sintomático intitulado: "Debilité Motrice", e que na época, passou meio
desapercebido.
Anos depois, em 1947, Strauss e Lehtinen definiram esse quadro de
sintomas de "Lesão Cerebral Mínima", acreditando assim existir uma pequena
lesão cerebral.
Durante as décadas de 60 e 70, a denominação DCM foi considerada e
empregada para designar um conjunto de sinais e sintomas como: alteração
motora, distúrbio de conduta, distúrbio de aprendizagem, distúrbio de atenção.
Em 1980, a Associação Psiquiátrica Americana propôs uma nova
denominação, para uniformizar o conceito, não utilizando mais a antiga DCM e
hiperatividade, mas Síndrome do Déficit de Atenção.
Podemos conceituar a Hiperatividade como sendo também uma atividade
motora intensa, composta por movimentos involuntários, associados aos
movimentos voluntários, os quais a criança não consegue controlar. Muitas vezes
essa movimentação intensa é acompanhada por hiperatividade verbal ou ideativa.

Estudos feitos nos EUA mostram que é possível amenizar os sintomas do


DDAH através de estratégias de intervenção no comportamento, com feed-back
5

freqüente e supervisão individual ajuda a manter a atenção da criança. Tarefas


repetitivas e poucas retorno, por outro lado, favorecem o aparecimento dos
sintomas.

1.2 SINTOMAS

Nada mais claro e, ao mesmo tempo controverso, do que o


comportamento hiperativo. Claro no que se refere às características da criança
que apresenta este comportamento, entre elas: apresenta excesso de atividade,
é muita agitada, distraí-se facilmente, deixa suas tarefas inacabadas, age sem
pensar, não para quieta, etc. Controverso no que diz respeito a como
diagnosticá-lo, entender a sua patologia e, ainda mais importante, a saber o que
fazer com ele.

A excessiva patologização e medicalização de crianças que apresentam


um comportamento dito “hiperativo” tem motivado alguns pesquisadores
a reavaliarem os conceitos e, principalmente, os critérios diagnósticos da
hiperatividade. Rotulado com o termo ainda mais estigmatizante, de
Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade, encontra-se o
problema mais comum da infância na atualidade. Esta síndrome
proporciona inúmeras confusões e disparidades conceituais e, sobre
suas características, ouvimos muitos profissionais relatarem as coisas
mais díspares possíveis. Desde uma neuropsicopatalogia com sinais e
sintomas bem estabelecidos, até a descrição de uma conduta
“anormalmente” agitada pode levar o mesmo rótulo, complicando
sobremaneira a definição das terapêuticas adequadas (BRAGAa, 2000,
p. 7)

O Transtorno de Déficit de Atenção / Hiperatividade (TDAH) é um


problema de saúde mental bastante frequente em crianças e adolescentes em
todo o mundo. Os sintomas característicos do transtorno apresentam – se em
duas grandes áreas: a da atenção e a da atividade motora e controle dos
impulsos. As pesquisas internacionais e nacionais indicam uma prevalência
(frequência) do transtorno entre 3 a 6 % na população de crianças e
adolescentes. Isto significaria dizer que teríamos entre um a dois indivíduos
com TDAH nesta faixa etária em uma classe de 30 alunos.
6

A hiperatividade presente na vida motora da criança, também está


presente na sua atividade cognitiva, a mesma não consegue concentrar-se e
distrai-se facilmente com vários estímulos os quais é submetida.

De certa forma, pautada em bibliografias, pode-se resumir da seguinte


forma: crianças que não param, na refeição a criança não fica sentada à mesa, se
levantam o tempo todo e na grande maioria das vezes para que se alimente, tem
que se correr com o prato de comida atrás desta criança; crianças que não
conseguem assistir um programa de TV, ficam o tempo todo se mexendo,
plantando bananeira, não conseguem se concentrar mexem em coisas; crianças
que não conseguem ficar brincando com determinado brinquedo durante um
período, trocando de brinquedo e brincadeira o tempo todo, nada satisfaz.;
crianças que não dormem, que ficam todo tempo chorando, ficam insatisfeitas
sempre; crianças que se expõe com muita facilidade a situações de perigo, não
percebem essa faceta e temos que ficar vigiando sempre; crianças que na escola,
se destacam em seu comportamento; crianças que não param na sala de aula,
não param sentadas na carteira, não ficam quietas, mesmo ouvindo a professora
contando uma história; crianças que não conseguem se manter em um grupo
ficam girando em torno de grupo para ver o que um está fazendo ou outro está
fazendo, mexe com os outros, fala o tempo todo, interrompe as conversas, às
vezes até por motivos não inerentes aquela conversa, muitas vezes essas
crianças interferem nas conversas e são muitas vezes reprimidas, fazem
perguntas o tempo todo e não esperam a resposta.

1.3 CARACTERIZAÇÃO DO TRANSTORNO DE DÉFICT DE ATENÇÃO

Segundo bibliografias mais recentes, o transtorno do déficit de


atenção/hiperatividade é caracterizado por um alcance inapropriadamente fraco da
atenção, em termos evolutivos ou aspectos de hiperatividade e impulsividade ou
ambos, inapropriados à idade.
O Déficit de Atenção é uma síndrome neurológica e os sintomas que a
definem inclui impulsividade, falta de concentração e hiperatividade ou excesso
de energia.
7

Estas condições ocorrem em crianças e seguem na vida adulta e são


poucos os casos que são diagnosticados. Costumava-se pensar que era um
distúrbio apenas da infância e que era superado na vida adulta, mas existem
estudos que demonstram que apenas um terço da população com Déficit de
Atenção supera as dificuldades na vida adulta. “O Déficit de Atenção não é uma
dificuldade específica de aprendizagem, ou desordem de linguagem, ou dislexia,
nem de baixa inteligência”. (CARVALHO, 1999, p. 18).

A falta de clareza sobre essa síndrome dificulta que sejam procurados os


profissionais competentes a dar o diagnóstico correto, causando transtornos para
a criança ou adulto no convívio social e familiar.

Uma criança pode qualificar-se para o transtorno apenas com sintomas de


desatenção, ou com sintomas de hiperatividade e impulsividade, sem desatenção.
Podemos relacionar três subtipos (segundo o DSM-IV): tipo
predominantemente desatento; tipo predominantemente imperativo-impulsivo; tipo
combinado.
No que se refere à epidemiologia, são as seguintes características da
TDAH: - maior incidência em meninos que em meninas; - pais de crianças com
TDAH apresentam uma incidência aumentada de hipercinesia, sociopatia,
dependência de álcool e transtorno conversivo; - o início geralmente se dá aos
três anos mas o diagnóstico em geral somente é feito quando a criança entra na
escola primária (quando o aprendizado normal exige períodos de atenção e
concentração).
No que tange à origem da doença, não há consenso entre os autores
quanto a etiologia, sendo, portanto, as causas do TDAH desconhecidas.
Pesquisas realizadas apontam através da Genética, que há maior
concordância em gêmeos monozigóticos do que em gêmeos dizigóticos. A
hipótese de que irmãos de crianças hiperativas têm cerca do dobro do risco para
terem o transtorno que a população em geral. Geneticamente é determinada
porque encontramos uma predominância no sexo masculino, encontramos
antecedentes familiares, pais, avós, que tinham um quadro semelhante. Estudos
estão em desenvolvimento no sentido de se determinar qual o gene responsável e
já existem algumas descrições a respeito.
Segundo BRAGA (2000, p. 35):
8

[...] estudos com gêmeos idênticos criados por famílias distintas, atestam
a presença de fatores hereditários envolvidos na predisposição à
hiperatividade. Há evidências de que essa herança seja poligênica, com
limiar mais elevado para as meninas do que para os meninos. Estudam-
se possíveis alterações no gene transportador da dopamina. Devemos
lembrar que, na maioria dos casos, quando se diz que uma doença é
hereditária, o que está sendo transmitido não é a doença em si, mas
apenas a predisposição (tendência) a se ter a disfunção. Apesar disso,
não se dispõe, até o presente momento de dados sobre a localização
nos genes e o modo de transmissão da hiperatividade.

Segundo a neuropediatra Taísa Razera Simões de Assis citada por


MENEGHETTI; VITA (1996, p. 3) “[...] em mais de 50% dos casos a
hiperatividade é hereditária. Mas há situações em que o problema surge sem
explicação”.
Outros fatores além da hereditariedade, também contribuem para o
surgimento da hiperatividade, entre os quais, “traumas durante o parto”,
“problemas intrauterinos”, “exposição a campos eletromagnéticos”, e outros.
Segundo Gonzalez (1999, p. 7):

Lesão cerebral: a maioria das crianças com TDAH não mostra


evidências de amplas lesões estruturais ou doença do SNC. Por outro
lado, a maioria das crianças com distúrbios neurológicos conhecidos
causados por lesões cerebrais não exibe déficits de atenção ou
hiperatividade. Sugere-se que algumas das crianças com TDAH podem
ter sofrido uma lesão cerebral mínima ou sutil no SNC durante os
períodos fetal e perinatal (insultos circulatórios, tóxicos, metabólitos,
mecânicos e outros; estresse e insultos físicos ao cérebro durante a
primeira infância, causados por infecção, inflamação e traumatismos).
Estudos usando tomografia por emissão de pósitrons descobriram uma
redução do fluxo sangüíneo cerebral e das taxas metabólicas nas áreas
dos lobos frontais em crianças com TDAH.

A gravura abaixo contempla o complexo cerebral de uma pessoa normal:


9

Outros fatores merecem uma análise mais profunda no entendimento do


quadro da hiperatividade:
Fatores neuroquímicos: possível disfunção dos sistemas adrenérgicos e
dopaminérgicos (mas muitos neurotransmissores podem estar envolvidos).
Fatores neurofisiológicos: algumas crianças com atraso maturativo nos
períodos de crescimento do cérebro podem apresentar um quadro clínico
temporário de TDAH.
Fatores psicossociais: privação emocional prolongada (por exemplo em
crianças institucionalizadas), eventos psíquicos estressantes (por exemplo
perturbação no equilíbrio familiar), fatores predisponentes (temperamento, fatores
genéticos, familiares, exigências da sociedade).
Algumas patologias também podem desencadear um comportamento
hiperativo, que em muitos casos, é o primeiro sintoma a aparecer: Destacam-se,
segundo Braga (2000, p. 32):
...malformações congênitas; lesões cerebrais em geral; traumatismo
craniano; AVC (acidente vascular cerebral); esclerose múltiplas (perda do
tecido glial); encefalites (infecções virais); hipertireoidismo; apnéia do sono;
enterobíase; neurofibromatose; fenilcetonúria; intoxicação por chumbo
(plumbismo); deficiência vitamínica; vazamento de radiações; exposição a
campos eletromagnéticos; crises convulsivas (ausência).

O hiperativo apesar de ser com menor índice é o mais precocemente


diagnosticado, devido aos transtornos que seu comportamento causa
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principalmente na escola. O desatento por não interferir no comportamento dos


colegas é mais difícil de ser diagnosticado.

O que nomeamos hoje como transtorno do déficit de


atenção/hiperatividade, tem origem biológica e é verificado nos vários
cenários do cotidiano, com início dos sintomas antes dos 7 anos de
idade, podendo ter remissão na adolescência. Parece acometer mais
meninos do meninas. (CAMARGO, 2004, p. 463)

O desatento ao contrário do hiperativo acomete mais as meninas.

1.4 CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E DIAGNÓSTICO

As características mais frequentes citadas são em ordem de frequência:


hiperatividade; comprometimento percepto-motor; instabilidade emocional; déficit
geral da coordenação; distúrbio da atenção; impulsividade; transtorno da memória
e do pensamento; deficiências específicas do aprendizado; sinais e
irregularidades neurológicas duvidosas ao eletroencefalograma.
Segundo Rodhe; Benczik (2000, p. 14) a falta de limites na conduta infantil
da criança pode expressar-se através das seguintes manifestações:

Explosões de cólera, birra, choros excessivos; comportamento


hiperativo; condutas opositivas e desafiadoras; condutas destrutivas,
como o estrago de determinados objetos; descontrole esfincteriano e
enurese noturna; atitudes compulsivas e obsessivas; diminuição da
aptidão psicomotora; condutas sexuais desproporcionais.

Para se fazer o diagnóstico, seis (ou mais) dos seguintes sintomas de


desatenção ou hiperatividade devem persistir por, pelo menos, 6 meses em grau
mal adaptativo e inconsistente com o nível de desenvolvimento:
a) Desatenção: (a) deixa de prestar atenção a detalhes ou comete erros
descuidados em atividades escolares, de trabalho ou outras; (b) tem dificuldades
para manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas; (c) não segue instruções
e não termina seus deveres escolares, tarefas domésticas ou deveres
profissionais; (d) parece não escutar quando lhe dirigem a palavra; (e) tem
dificuldades para organizar tarefas e atividades; (f) evita, antipatiza ou reluta a
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envolver-se em tarefas que exijam esforço mental constante; (g) perde coisas
necessárias para tarefas ou atividades; (h) facilmente distraído por estímulos
alheios à tarefa; (i) apresenta esquecimento em atividades diárias.
b) Hiperatividade: (a) remexe as mãos ou os pés e se remexe na cadeira;
(b) abandona sua cadeira em sala de aula ou outras situações nas quais se
espera que permaneça sentado; (c) corre ou escala em demasia, em situações
em que isso é inadequado; (d) tem dificuldade para brincar ou se envolver
silenciosamente em atividades de lazer; (e) está frequentemente à mil ou age
como se estivesse à todo vapor; (f) fala em demasia.
c) Impulsividade: (g) dá respostas apressadas antes de as perguntas terem
sido completadas; (h) tem dificuldade para aguardar sua vez; (i) interrompe ou se
mete em assuntos de outros.
Os distúrbios podem ter início na primeira infância (crianças
excessivamente sensíveis a estímulos e facilmente perturbadas por ruídos, luz,
temperatura, etc.; ou às vezes o inverso: crianças dóceis, sem energia, dormem a
maior parte do tempo, e parecem desenvolver-se muito lentamente nos primeiros
meses.
Segundo Gonzalez (1999, p. 8):

[...] as dificuldades na escola, tanto de aprendizagem quanto


comportamentais são comuns devido à distração e atenção flutuante das
crianças, que dificultam a aquisição, retenção e demonstração dos
conhecimentos. As reações adversas dos professores, a redução da
auto-estima e comentários adversos de outros grupos podem
transformar a escola num lugar de infelicidade e frustração. Isso pode
levar a uma atuação anti-social e a comportamentos auto-destrutivos e
auto-punitivos.

Muitas crianças com TDAH têm depressão secundária à frustração por seu
fracasso de aprendizado e baixa auto-estima subseqüente, denominada distúrbio
depressivo primário.

1.5 OS DESAFIOS DO PROFESSOR FRENTE AO TDA

A escola é o local propício para se detectar o indivíduo hiperativo, pois é


no dia-a-dia escolar que as questões comportamentais se tornam mais visíveis.
Topczewski (1999) citado por Braga (2000, p. 36)
12

[...] a maioria dos hiperativos têm problemas escolares pela dispersão,


desatenção, falta de concentração em conseqüência do seu
comportamento, não conseguem atingir os objetivos no aprendizado. Há,
porém hiperativos com um desempenho escolar muito bom, conseguem
fazer as tarefas muito rapidamente, mas não ficam quietos e atrapalham
a dinâmica da classe.

Braga (idem) abarca a temática da escola como impulso para o


desencadeamento da hiperatividade da seguinte forma:

Dentre as condições reacionais de ordem psico-educacional na escola,


as citadas abaixo são as mais freqüentes: a) cristalização das
características autoritárias, arbitrárias e inadequadas do sistema
pedagógico atual (tanto escolar como familiar), com pouca interatividade
entre o locutor (pais e/ou professores) e a criança; b) a inadequação do
sistema de ensino às crianças; c) conseqüência de uma superdotação
intelectual mal gerenciada, causando desmotivação e entediamento por
parte da criança; d) um distúrbio da interação entre o temperamento e a
estrutura consciencial da criança com o ambiente (solicitação feita à
criança pelo ambiente em que ela vive).

Quando os pais através de um parecer de psicólogos reconhecem a


hiperatividade do filho, fica a preocupação no que se refere a educação
propriamente dita Muitas dúvidas são levantadas a partir desse quadro.
Barkey (1990) citado por Benczik (2000, p. 49) ressalta que:

[...] ao escolher um professor para a criança com TDAH, necessitamos


avaliar dois fatores importantes: o conhecimento e a atitude deste.
Infelizmente, poucos professores têm conhecimento sobre o TDAH. Em
muitos casos, eles têm uma percepção errada sobre a natureza, as
causas, as manifestações dos sintomas e o que devem fazer. Na
verdade, o conhecimento sobre TDAH, é o passo inicial para ajudar a
criança em seu processo educacional. Quanto mais informado o
professor estiver a respeito do TDAH, suas implicações e formas de
manejo, maior a chance da criança conseguir um bom desempenho
escolar. Além da importância do estilo de interação que o professor
estabelece com a criança e/ou adolescente, é essencial também que
este tenha experiência, se recicle profissionalmente e que, também,
adote uma filosofia (abordagem) sobre o processo educacional. Ter
informações de como o professor lida com as dificuldades de outras
crianças, como encara o TDAH e se tem interesse em ajudá-la são
questões que devem ser levantadas durante o processo de escolha de
escolha do professor.

Benczik (2000, p. 84) no que se refere ao contexto escolar e a


hiperatividade, acrescenta que “[...] as intervenções no ambiente escolar são
extremamente importantes. O professor, apesar de encontrar dificuldades por
13

não ter em sua sala de aula apenas uma criança com problemas de atenção e
hiperatividade, tem a responsabilidade educacional no processo de
aprendizagem desta. Para tanto, todas as tentativas de recursos disponíveis
devem ser utilizadas, até que o professor descubra o estilo de aprendizagem
da criança” .

Conclusão

Através desta monografia, procurou-se abarcar o tema “hiperatividade”, a


partir da construção de um referencial teórico pautado em diversos autores que
tratam da temática em questão. Procurou-se ao longo do trabalho, convergir os
referenciais teóricos para a educação, uma vez que é sala de aula de aula, que o
professor confronta-se com esse distúrbio de aprendizagem.
Sobre a etiologia (causa) específica que possa explicar com clareza o
surgimento da hiperatividade infantil, segundo os autores abarcados nesta
monografia, nenhum deles apresenta com rigor científico um determinado palpite.
Sabe-se porém, que tanto fatores genéticos como ambientais estão presentes na
gênese da hiperatividade.
Na análise dos textos sobre o tema, constatou-se que o papel do professor
é de suma importância no entendimento teórico sobre hiperatividade, tendo em
vista a possibilidade amostral de adentrar em sua classe, crianças portadoras
desse distúrbio.
A escola é mais do que um espaço físico, é um espaço para a educação e
valorização do ser humano.
O professor representa um papel fundamental na vivência do aluno. Ele
precisa estar atento ao seu papel no processo de formação do indivíduo, pois a
dificuldade de transferências de atividades significativa para os alunos é e será
sempre um obstáculo.
A intervenção das práticas pedagógicas na escola será uma vertente a
mais para atingir o aluno. Nesse processo, o professor deve respeitar o espaço e
ritmo de aprendizagem do aluno, proporcionando oportunidades de construção e
reconstrução dos níveis de conhecimento inseridos no contexto cultural.
14

O aluno portador de hiperatividade não encontra espaço no sistema


educacional. O professor, por sua vez, não encontrando instrumentos adequados
para contribuir no desenvolvimento deste aluno, encaminha-o a atendimentos
individualizados (psicólogo, psicopedagogo, neurologista, fonoaudiólogo...).
A família, nesse processo, procura amparo na escola, delegando a ela, a
responsabilidade da aprendizagem e da intervenção psicopedagógica no sentido
de reverter o quadro em que se encontra a criança.
O professor precisa estar atento ao comportamento do aluno em sala de
aula no decorrer das tarefas, pois é aí que se faz uma análise de possíveis
patologias.
Novamente, a responsabilidade do professor é de suma importância para
descrever relatórios fidedignos dos comportamentos observados. Porém, uma
ressalva: não compete ao professor fazer diagnósticos ou prognósticos sobre o
quadro em questão.
Se o professor agir em tempo hábil, procurando uma orientação ou
encaminhamento, os resultados ocorrerão em curto espaço de tempo. Aí entra o
papel do psicopedagogo, como um profissional que vai auxiliar o professor na
superação de tais problemas.
Disso tudo, percebe-se que a intervenção psicopedagógica do professor é
de suma importância, o que exige do mesmo, mais leituras sobre o tema
hiperatividade.
Desta forma, procurou-se enfatizar sugestões de atividades e subsídios
que possibilitam ao educador um trabalho sistematizado ancorado em bibliografia
pertinente sobre o tema. Nessa jornada, o professor também deverá procurar a
ajuda de profissionais que atuam na área de prevenção e atuação sobre a
hiperatividade, dos quais destacam-se os psicólogos.
Infelizmente, ainda existem lacunas sobre o tema, que vai desde a
etimologia do quadro da hiperatividade como também do tratamento
farmacológico.
A hiperatividade deve ser analisada sob uma visão interdisciplinar, que
aproxime profissionais de diferentes áreas do conhecimento nesse mesmo objeto
de estudo.
O professor diante dessas lacunas deverá atuar em parceria com
especialistas e também com os pais da criança em questão, numa junção de
15

forças. Os avanços no tratamento na sala de aula, deverão obrigatoriamente


chegar até os pais e especialistas.
Em síntese, ainda é necessário mais pesquisas sobre o tema, mais no
enfoque psicopedagógico, como também trocas de experiências entre
professores e especialistas, criando assim, uma “teia” de informações sobre
atividades voltadas ao trabalho com alunos inseridos nesse contexto.
Sugere-se também, seminários sobre educação especial, cuja pauta
deverá constar a hiperatividade, devido ao número elevado de crianças
enquadradas nas características deste distúrbio.

Referências

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