Os Distúrbios de Aprendizagem e Os Distúrbios
Os Distúrbios de Aprendizagem e Os Distúrbios
Os Distúrbios de Aprendizagem e Os Distúrbios
** Este é um texto de 2004, anterior à proposta de ensino fundamental de 9 anos, mas com dados importantes para a análise e a
Introdução
Quais as manifestações?
Muitas vezes os transtornos de aprendizagem estão acompanhados de falta de
motivação, imaturidade e problemas comportamentais. Porém, caso a criança
apresente dificuldades significativas e mais duráveis em termos das habilidades
básicas de leitura, escrita e aritmética, o problema deve ser um distúrbio de
aprendizagem.
Algumas características:
Fase pré-escolar
Distúrbio fonológico;
Falhas em habilidades sintáticas, semânticas e pragmáticas;
Histórico revelando quadro de distúrbio de linguagem anterior
à escolarização;
Habilidade para realizar narrativas comprometida para contagem
e recontagem de histórias;
A avaliação fonoaudiológica
Em várias oportunidades apontou-se para o fato de que os distúrbios e
demais dificuldades de aprendizagem surgem, ou manifestam-se com mais nitidez,
principalmente dentro da situação escolar. Os problemas que a criança apresenta
para ler e escrever podem vir a motivar sua indicação, por parte da escola, para
profissionais voltados para os distúrbios de aprendizagem, entre eles o
fonoaudiólogo. Esta é uma situação muito frequente.
Por esta razão, a queixa vem geralmente centrada na questão da leitura e da
escrita. Entretanto, devemos nos lembrar que certos transtornos do
desenvolvimento, incluindo os de aprendizagem, podem já estarem presentes antes
mesmo da alfabetização. Isto pode significar que as dificuldades que se manifestam
na linguagem escrita podem ser decorrentes de um transtorno global do
desenvolvimento, como é o caso de uma deficiência mental, podem ser derivadas
de um distúrbio de aprendizagem propriamente dito, podem corresponder a um
distúrbio específico de leitura e escrita (dislexia) ou podem, simplesmente, estarem
relacionadas a fatores de ordem motivacional, emocional, metodológica, social e
assim por diante.
Para responder a esta diversidade de situações e possibilidades, a avaliação
fonoaudiológica deve ter uma abrangência no sentido de considerar uma série de
variáveis: o rol das dificuldades, ou seja se estão limitadas à linguagem escrita ou
se também afetam a oralidade, e em que aspectos; condições sócio-econômicas;
oportunidades de aprendizagem; qualidade do ensino a que a criança está exposta;
características gerais de aprendizagem, principalmente não acadêmica; diversidade
das dificuldades observadas na
escola, assim como características comportamentais/afetivas. Em outras palavras,
a queixa deve orientar o exame, mas não limitar sua extensão ou abrangência.
Em linhas gerais, um procedimento de avaliação fonoaudiológica deve ter
como seu foco central o levantamento da história da criança e a análise de uma
série de habilidades de linguagem oral e escrita. Mais especificamente:
A intervenção terapêutica
Uma vez detectado e delineado um problema, ele deve ser abordado ou
tratado. Não há uma forma única de intervenção, uma vez que os tipos de
problemas, assim como a extensão dos mesmos pode ser variada. Devemos estar
atentos para não transformar questões de natureza social/econômica ou
pedagógica em questões clínicas, centradas nas crianças. O fato de um problema
manifestar-se na criança na forma de um não aprender não significa,
obrigatoriamente, que o problema esteja no aprendiz. Embora nem sempre se
apresentem de uma maneira pura, os reais problemas de aprendizagem são
aqueles que justificam uma intervenção clínica por refletirem dificuldades centradas
no aprendiz e não simplesmente nele manifestadas.
Considerando os verdadeiros transtornos que podem prejudicar a
aprendizagem, podemos configurar, em primeiro lugar, aqueles que são
consequência ou que fazem parte de distúrbios mais globais do desenvolvimento,
como é o caso da deficiência mental, do autismo ou de outras complicações de
origem neurológica. Nestes casos, de comprometimentos de várias áreas do
desenvolvimento, a intervenção deve estar voltada para uma estimulação mais
ampla, envolvendo aspectos de linguagem tanto do ponto de vista da compreensão
quanto da expressão, oral e escrita, do uso da linguagem e da formação de
conceitos. O trabalho com o desenvolvimento da consciência fonológica deve ser
visto como mais um dos aspectos, dentre os muitos a serem estimulados. A
intervenção, desta forma, tendo em vista uma estimulação global, deve levar em
conta, quanto aos resultados possíveis, a extensão e a profundidade das limitações
encontradas. Algumas crianças, com comprometimentos mais acentuados,
apresentam certos níveis de problemas que podem dificultar, em muito, a
aprendizagem da linguagem escrita, assim como o desempenho escolar em geral.
Os distúrbios de aprendizagem, apesar do nível de inteligência preservado,
também podem requerer uma estimulação com características mais amplas,
englobando a linguagem compreensiva e expressiva, oral e escrita, a formação de
conceitos numéricos e o desenvolvimento de habilidades metalinguísticas, como a
consciência fonológica.
Por outro lado, os distúrbios específicos da linguagem escrita (dislexias), pelo
seu caráter mais definido e pontual, requerem grande ênfase em habilidades
metalinguísticas (consciência fonológica) e no refinamento de habilidades
fonológicas, voltadas para a correção de possíveis alterações nesta área. Deve ser
dado um enfoque acentuado em leitura, visando estabilizar primeiramente a rota
fonológica (correspondências entre letras e sons), facilitando o reconhecimento de
palavras e o desenvolvimento progressivo de um léxico visual.
A compreensão de leitura também merece atenção uma vez que as dificuldades
de decodificação podem trazer prejuízos neste sentido. Do ponto de vista da
escrita, a elaboração de narrativas e o trabalho com a ortografia são dois aspectos
que geralmente necessitam ser bastante enfatizados.