Material de Apoio de Psic. Aprendizagem
Material de Apoio de Psic. Aprendizagem
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Introdução
Neste sentido, está relacionada à mudança, à significação e à ampliação das vivências internas
e externas do indivíduo. Ao que ele pode e necessita aprender dentro de cada cultura.
Para muitos académicos que se têm dedicado ao estudo da aprendizagem, ela surge descrita
como um processo cognitivo através do qual vamos construindo vários conhecimentos,
conceitos, competências, que resultam numa alteração de comportamento, no sentido de
responder adequadamente às novas situações que enfrentamos, aos desafios com que nos
deparamos e aos quais temos de dar resposta. Habitualmente, a mudança de comportamento,
resultante da aprendizagem, advém de uma série de experiências práticas e de interacções
com o meio. Importa referir também que a aprendizagem só se torna realmente efectiva se as
mudanças ocorridas tiverem um carácter relativamente permanente do tempo.
No que se refere ao cenário escolar, para que a aprendizagem ocorra de forma significativa, é
essencial a consideração dos conhecimentos que o aluno traz para a sala de aula, sua forma de
compreender, seus interesses. A apresentação de novos conceitos deve estar em sintonia com
a realidade do aluno, com o seu contexto de existência, a fim de que ele possa dar sentido e
significado aos conteúdos de estudo. Neste aspecto, é fundamental a realização de atividades
dialógicas em que o professor trabalhe desafios criativos, exercícios de reflexão e descoberta,
permitindo ao aluno ir além da atividade de memorização mecânica e, podendo, assim, tornar-
se verdadeiramente o autor de seu processo de aprendizagem.
Material de apoio para a cadeira de Psicologia de Aprendizagem
James achava que a aprendizagem, especialmente durante a infância, molda e dirige as nossas
vidas: "Se os jovens se apercebessem da rapidez com que se tornarão meras amalgamas de
hábitos, dariam mais atenção a sua conduta enquanto ainda estado no estado plástico".
De facto, hoje em dia, alguns psicólogos acreditam que temos dois modos separados de
aprendizagem e de memória, um chamado declarativo, outro de procedimento. A
aprendizagem declarativa armazena informação sobre nomes, datas, acontecimentos passados
e factos, ao passo que a aprendizagem de procedimento é constituída por padrões e
condicionamentos motores. Esta teoria é utilizada para explicar porque é que as vítimas de
Alzheimer se conseguem lembrar de padrões motores, como atar os sapatos, andar de
bicicleta, mas não conseguem ativar memórias declarativas como os nomes dos seus próprios
filhos.
Outros psicólogos, teóricos cognitivistas como Max Wertheimer, Wolfgang Kohler, e Kurt
Lewin, achavam que a aprendizagem requeria pensamento e discernimento. Voltando ao
exemplo anterior, ao dirigir-se à sua gelataria preferida, os seus bracos e pernas não lhe
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serviriam para nada se não possuísse um mapa cognitivo mais geral, possivelmentelocalizado
no seu cérebro. Para os teóricos cognitivistas, ensinar as crianças de cor é como treinar um
bando de papagaios. As crianças só aprendem realmente quando descobrem as soluções por si
próprias, só quando «compreendem».
O Pioneiro
1. Uma vez que qualquer coisa é aprendida, não é esquecida a um ritmo constante. A
maior parte do que é esquecido perde-se, muito rapidamente, e o resto é esquecido a
um ritmo lento e relativamente estável.
2. Para se aprender um novo material, é mais eficaz espaçar a pratica do que concentrá-
la. Por exemplo, se dispusesse de uma hora para aprender qualquer coisa, reteria mais
se praticasse em quatro sessões de quinze minutos cada, distribuídas por dias
diferentes, do que se passasse uma hora seguida a trabalhar sem fazer um intervalo.
Os resultados destes estudos, embora interessantes para o teórico da aprendizagem, têm uma
utilidade prática limitada para a sala de aula. As leis que governam a aprendizagem de
informação sem sentido poderão não ser generalizáveis à aprendizagem de material
significativo. O material que se aprende na sala de aula deve ser significativo, embora,
infelizmente, muitos alunos ainda sejam obrigados a memorizar vocabulário, poemas e regras
de gramatica- material que pode não fazer mais sentido para os alunos do que as silabas sem
sentido faziam para Ebbinghaus.
Embora a aprendizagem se dê também nas demais espécies animais, desde insetos até
primatas, é o ser humano aquele que possui capacidades de aprendizagens mais complexas,
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Aprendizagem
Por construção pessoal, entende-se que nada se aprende verdadeiramente se o que pretende
aprender-se não passa através da experiência pessoal de quem aprende, numa procura de
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Assim, por exemplo, não diríamos que uma criança tinha aprendido a pregar um prego só
porque um dia foi capaz de o fazer, mas poderemos dizê-lo com legitimidade se a sua
habilidade se manifestar com uma certa consistência. A acção de pregar o prego
(comportamento externo) é, pra nós, a indicação de que a criança tem essa habilidade. Se não
o conseguia fazer antes de nós a ensinarmos, temos ai a prova de que houve uma modificação
no seu comportamento. É-nos mais difícil conhecer os processos que se efetuaram no interior
da criança no período que medeia entre o não saber e o saber (processo de aprendizagem).
Acreditava-se que a sensação é a primeira fonte de todas as ideias. Esta visão filosófica
influenciou a ciência moderna, a psicologia comportamental norte-americana, no início do
século XX, assim como o contexto educacional. Transpondo esta concepção para o cenário da
escola, temos a estruturação do ambiente escolar, os recursos metodológicos e a figura do
professor como promotores centrais da aprendizagem. Ocorre uma determinação do ambiente
externo sobre a ação do aluno em seu processo de conhecimento da realidade, o qual aprende
por meio de uma absorção passiva de conteúdos / atividades (BECKER, 1994).
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A visão inatista de conhecimento considera que as condições do indivíduo para aprender são
pré-determinadas.
No ponto de vista pedagógico, significa dizer que o aluno já traz uma espécie de herança
geneticamente determinada que o predispõe a aprender. As intervenções externas são
consideradas, porém possuem caráter secundário na aquisição do conhecimento.
Nesta teoria, temos uma ideia de aluno ativo em seu processo de aprendizagem. É um sujeito
que aprende não por imposição de métodos e de arranjos externos que não considerem sua
capacidade de produzir sentidos acerca da realidade. A aprendizagem ocorre, sim, em função
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Cada uma das concepções evidenciada traduz diferentes visões de homem, mundo, educação,
escola, ensino e aprendizagem, orientando a prática docente de modo explícito ou implícito. É
necessário cuidado para não rotularmos os docentes como adeptos de uma tendência ou de
outra, sem compreender sua formação, prática, história de vida e contexto pedagógico,
político e social no qual estão imersos. Enfim, é preciso uma investigação criteriosa sobre o
que sustenta epistemologicamente o trabalho do professor.
Objeto de estudo
Qualquer um de nós é capaz de responder sem pestanejar a perguntas do tipo: O que você
aprendeu hoje na escola? e sabemos também justificar nossas habilidades, por exemplo, de
escrever e ler, consertar alguma coisa ou dançar, dizendo que aprendemos. Usamos o termo
aprender sem dificuldades, pois sabemos que, se somos capazes de fazer algo que antes não
fazíamos, é porque aprendemos.
O objectivo da aprendizagem não está em si mesma, mas nos seus efeitos, nas modificações
que opera no comportamento exterior, observável do sujeito, no processo de adaptação ao
meio.