Psicologia Da Aprendizagem

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PSICOLOGIA DA

APRENDIZAGEM

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Profª. Marisa Pascarelli Agrello
Profª. Nila Mara Cunha Carvalho

PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM

2ª Edição

2017

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Sumário
Palavra do Professor-autor

Ambientação

Trocando ideias com os autores

Problematizando

1.Unidade de Estudo: Construção da Aprendizagem

1.1Reflexões sobre o ato de ensinar/aprender


1.2 A Educação como processo de formação
1.3 Operações do pensamento

1.3.1 Comparação

1.3.2 Observação

1.3.3 Classificação

1.3.4 Interpretação

2. Unidade de Estudo: Conceituação de Aprendizagem

2.1 Aprendizagens: conceitos e reflexões

2.2. Aprendizagem e o ciclo vital


2.3 Pensando sobre a infância

2.4 Ações do professor na formação de vínculos

2.5. Alguns princípios norteadores

3. Unidade de Estudo: Teorias da Aprendizagem

3.1 - Teoria do condicionamento ou comportamento

3.2 - Teoria da Gestalt

3.3 - Teoria de campo

3.4 - Teoria cognitiva

3.5 - Teoria Fenomenológica

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3.5.1 Fenomenologia e Aprendizagem

4.Unidade de Estudo: A motivação na Aprendizagem

4.1. Conceito de Motivação da Aprendizagem


4.2. Motivo e Incentivo

4.3. Aspectos da motivação na aprendizagem

4.3.1Fatores Positivos

4.3.2 Motivação- Positiva e Negativa

5.Unidade de Estudo: Inteligências

5.1 Inteligência ou Inteligências

6. Unidade de Estudo: Sociedade e cultural

6.1 Conhecimento

6.2 Educação

6.3 Escola

6.4 Ensino/ Aprendizagem

6.5 Professor /aluno

Explicando melhor com a pesquisa

Leitura Obrigatória

Pesquisando na Internet

Saiba mais

Vendo com os olhos de ver

Bibliografia

Bibliografia web

Vídeos

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Palavra do Professor-Autor

Olá!

A psicologia da Aprendizagem traz uma abordagem técnica de


assuntos pertinentes à psicologia na área educacional. Dimensão esta, voltada
para a educação a fim de favorecer aos acadêmicos de licenciatura a
construção de saberes.

Caracterizando conceitos da aprendizagem humana, bem como o


desenvolvimento e suas teorias, compondo um cenário repleto de
conhecimentos para utilizar de forma propicia em seu crescimento intelectual,
valendo-se dos ciclos de aprendizagem.

Nessa perspectiva, ressaltamos que o estudo dessa disciplina far-se-á


de modo criativo com leituras voltadas à área, trocas de ideias com autores
consagrados na pedagogia, testes e exercício para que o acadêmico sinta-se
envolvido com a disciplina na modalidade a distância.

As autoras.

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Ambientação
Olá, sejam bem vindos à disciplina de Psicologia da Aprendizagem!
A aprendizagem é o processo do qual o indivíduo necessita de interação
com outros. Desde cedo o indivíduo vai aumentando as formas de lidar com o
mundo estruturando significados para as suas ações, com o uso da linguagem
ganham maior abrangência.

A sociedade continua evoluindo e o sistema escolar é sacudido por novas


demandas de transformações. Os desafios são novos, embora os ideais sejam
os mesmos.

Nossa responsabilidade é avançar na construção de uma dinâmica


libertadora dentro de sistemas educacionais, como reformadores de uma
prática que devemos reconstruir, participando das ideias e dos ideais que
continuam sendo transformados.

Esse mundo não se esgota nos saberes acerca da Educação (o que se


pensa). E no saber fazer (o domínio das habilidades para desenvolver a
prática). Fazem parte dele as intencionalidades (pretensões, motivações,
ilusões, projetos, entre outros), abrindo caminhos, movendo-nos e nos dando
razões para desejar e buscar realidades melhores.

Os saberes acerca de saber fazer e intencionalidades configuram o


acervo cultural da Educação, sobre o que é e o que significa educar, da qual
participamos e sobre a qual tomamos posições, de maneiras diferentes.

Educar consiste em imprimir uma determinada direção à cultura, à


sociedade e ao mercado e ao modo de ser dos homens, respeitando as
diferenças individuais.

Nessa perspectiva sugerimos a você a leitura do livro Psicologia e


educação: o significado do aprender. Aprofunde nesta leitura, pois irá levá-lo a
descobertas incríveis no mundo do aprender, esclarecendo o processo de
aprendizagem.

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ROSA, Jorge de La. Psicologia e educação: o significado do aprender. 7. Ed.
– Porto Alegre: EDIPUCRS, 2003.

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Trocando ideias com os autores
Agora vamos trocar ideias com os autores das obras indicadas

Para aprofundamento do conteúdo, sugerimos a leitura do livro


Psicologia e Educação: professor, ensino e aprendizagem,
o qual lhe ajudará a compreender melhor a psicologia no
âmbito escolar. A obra enfoca assuntos relevantes da
Psicologia e Educação destacando professores e alunos no
contexto no processo ensino aprendizagem.

WITTER, Geraldina Porto. Psicologia e Educação: professor, ensino e


aprendizagem. Editora: Alínea. 2004.

Para mergulhar no mundo de Piaget, indicamos o Livro Piaget para


principiantes. Você vai se deliciar com uma aprendizagem
através de metáforas que faz correlação com as teorias do
referido autor.

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Para um olhar mais direcionado à Psicologia é importante a leitura
dessa obra, Psicologia do desenvolvimento: teorias e temas
contemporâneos. Essa leitura será de extrema importância, pois
trata de temas atuais

NUNES, A. I. B. L.; XAVIER, A. S. et all. Psicologia do Desenvolvimento:


teorias e temas contemporâneos. Brasília: Liber Livro, 2009.

Após a leitura das obras, escolha uma delas e faça uma resenha crítica
e comente com seus colegas.

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Problematizando

Reflita sobre o texto abaixo


Um professor passou horas elaborando um planejamento
dentro do que ditava as normas da Didática e os padrões
determinados pela escola, visando atingir determinados
objetivos propostos pela Instituição. Enquanto trabalhava,
solitariamente, na sua fantasia, pensava na formação do
estudante. Elaborou materiais, enfeitou a escola, a sala de
aula...

Em nenhum momento dessa pequena história o professor


se deu conta de que a questão do vínculo é fundamental. Não
houve oportunidade para que se formassem vínculos positivos
com os objetos presentes no contexto “sala de aula”. Pelo
contrário, os vínculos estabelecidos neste primeiro encontro
foram o pontapé inicial num jogo de vínculos mal-sucedidos e
com internalização plena de “objetos maus”, que significa que os
vínculos formados não foram introjetados de forma positiva pelo
aluno.

(KLEIN apud SEGAL,1975,p.109).

 A sala é linda! Mas de que adianta se não se pode apreciá-la de perto?


 O professor se esmerou em organizar tudo. Mas de que vale se deixou que
a tarefa não fosse agradável?
 Tenho que aprender tudo isso? Acho que vou gostar. Parece tão chato! Ih! ...
Desanimei!
 Acho que eles não gostaram de nada. Parecem até que estão com sono! E
aquele capetinha ali? Já vi que vai dar trabalho!

Reflita e responda a cada uma das colocações e relate a que


conclusões você chegou referente ao texto.

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CONSTRUÇÃO DA
APRENDIZAGEM

1
Conhecimento

Compreender as dimensões da aprendizagem humana.

Habilidade

Identificar as dimensões da aprendizagem humana no cotidiano.

Atitude
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19
Estabelecer um parâmetro de aprendizagem articulando a teoria e a prática
profissional.

1.1 Reflexões sobre o ato de ensinar/aprender

Educar alguém é uma das missões mais complexas e mais belas do


ser humano, pois ela envolve muitas dimensões do desenvolvimento, variáveis
sociais, além de proporcionar, mais que formação, a “trans-formação” do ser.
A educação se dá em uma realidade que sofre alterações constantes
com relação à tecnologia, ideologia, comportamento e, principalmente, em
relação a valores.
Vale ressaltar que uma das características que têm preocupado as
pessoas que atuam na formação de crianças e jovens é a velocidade
vertiginosa com que essas alterações estão acontecendo neste momento da
história da humanidade.
É preciso, talvez, nos determos na base constituinte da vida humana e
compreender nossas potencialidades para que possamos saber agir, com mais
simplicidade e muita criatividade.
Estamos nos referindo a nossa constituição biofisiológica. Um aspecto
que não muda, e acreditamos que é nele que deva se apoiar grande parte da
ação educativa é o potencial exploratório de toda criança, ou seja, sua
curiosidade natural.
É essa força instintiva que faz a criança, em seus primeiros contatos
com o contexto, colocar toda sua energia para manter seus níveis de equilíbrio
e de satisfação de suas necessidades. Quando tem poucos dias de vida, o
choro é seu instrumento mais usado pela criança; sua boca é usada para
explorar tudo, até que possa usar os dedos quando quiser conhecer algo novo.
Mais tarde, ela adquire outras habilidades para seguir explorando o mundo.
O impulso para satisfazer as necessidades, para sentir prazer e para
conhecer, já vem com a criança, o trabalho dos pais, cuidadores e educadores
é saber como intervir para estimular este potencial e oferecer-lhes conteúdos
que possam lhes orientar em seu caminho de socialização.

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Rubem Alves (1933-2014) foi um dos educadores que mais escreveu
sobre a simplicidade do ato de ensinar, apostando no aspecto biológico e
natural da aprendizagem. Segundo ele, o ato de ensinar se assemelha ao ato
de cozinhar porque está implícito que quando existe fome todo o organismo se
empenha na ação de saciá-la e o faz da melhor forma possível. Ele trata esse
tema, especificamente, em seu livro Estórias de quem gosta de ensinar (1993).
Para ele, aprender carrega em si um prazer semelhante ao ato de
cozinhar e ao ato de comer. Em seu livro Ao professor com o meu carinho,
ele faz a seguinte referência:
Adélia Prado me ensina pedagogia. Diz ela: “Não quero faca nem
queijo: quero é fome.” O comer começa na fome de comer queijo. Se
não tenho fome, é inútil ter queijo. Mas se tenho fome de queijo e não
tenho queijo, eu dou um jeito de arranjar queijo...
Sugeri, faz muitos anos, que, para entrarem numa escola, alunos e
professores deveriam passar por uma cozinha. Os cozinheiros bem
que podem dar lições aos professores. (ALVES, 2004, p.51).

Em outras palavras, ensinar, ação constituinte do ato de aprender,


requer a habilidade de despertar a fome, ou melhor, a curiosidade do aprendiz.
É saber dar-lhe o estímulo para aprender e não simplesmente dar-lhe o
conteúdo pronto. Afinal, isto não é aprendizagem, é transferência e repetição.

Porque a Educação é vista como um processo de formação?

1.2 A Educação como processo de formação

O pensamento está ligado diretamente à ação do ser humano no


mundo globalizado não se limitando ao campo cognitivo abrangendo a
criatividade, imaginação, expressão corporal, verbal, atitudes, sentimentos,
sonhos e valores.
Os estudos da Psicologia da Aprendizagem permitem conhecer e
compreender o desenvolvimento e comportamento humano auxiliando os

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futuros professores a propiciarem meios facilitadores para a construção da
aprendizagem de crianças e adolescentes.
O pensamento está, portanto, ligado a reflexões, ou seja, a perguntas e
decisões por meio de experiências vivenciadas no cotidiano e obviamente a
qualidade dessas experiências entre o adulto e seu aprendiz. Cabe ao
educador propiciar oportunidades para a criança pensar, levantar hipóteses e
assim construir e modificar seu pensamento sobre o mundo que a rodeia.
O que muitas vezes cria obstáculos à construção do pensamento da
criança é o modelo de educação que o adulto recebeu em dizer à criança tudo
o que ele deve fazer, ou que ela precisa, impedindo muitas vezes a criatividade
e a percepção de mundo fazendo a criança aprender somente o que o
professor deseja e não o que ela necessita de acordo com a fase de
desenvolvimento que se encontra.
A partir dessa primeira reflexão o professor rompendo com paradigmas
e perguntando a si mesmo se está aberto a mudanças, sentir-se-á mais
satisfeito com a possibilidade de apresentar oportunidades para a verdadeira
construção do ensino – aprendizagem e por consequência do seu pensamento
e do pensamento da criança que estiver em interrelação com ele.

Você sabe qual a missão da escola em relação ao ensino


aprendizagem?

A escola tem a missão de propiciar além da socialização um espaço


para construção de novos saberes, troca de ideias, invenções, novos sonhos,
brincadeiras, onde cabe ao professor propiciar este espaço de construção.
Com esta nova visão sobre educação estaremos contribuindo para a
construção de uma sociedade realmente democrática onde o respeito pela
opinião, ideia, palavra, voz, disposição em compartilhar com o outro sem receio
da crítica, utilizando suas capacidades, habilidades e competências.
Sabe-se que pensar é uma forma de aprender, pois, se tem um
objetivo diante dos objetos de conhecimento como nos propõe Piaget (1980) e
assim ao nos apropriarmos destes objetos pela experiência, pela exploração e

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participação ativa os mesmos terão significado para quem aprende, pois terão
aplicabilidade na vida.
É o que Raths (2000, p.15) chama de “aprendizagem intencional”, pois
a criança está amadurecendo ao se apropriar do que é novo, inédito
transformando-se em aprendizagem por meio do brincar, do lúdico que é a
linguagem da criança.
Uma criança diante do inédito, pela exploração concentra-se na
atividade levantando inúmeras hipóteses próprias antes de decidir qual a
melhor alternativa. Cabe ao educador acompanhar a evolução do raciocínio da
criança e não interromper a construção de seu pensamento porque as
alternativas demandam tempo. Esse tempo é o da criança e como somos seres
únicos e singulares, cada um tem seu próprio ritmo e a interferência na
sequência do raciocínio pode causar obstáculos na construção do pensamento
e por consequência na aprendizagem.

1.3 Operações do pensamento

Todo conteúdo contém uma lógica interna para assimilação, para isso
utilizamos os processos mentais ou operações do pensamento. Vamos
entender as operações do pensamento.

1.3.1 Comparação

Quando a criança compara os objetos brincando está ocorrendo a


construção do pensamento. Examina dois ou mais brinquedos com a intenção
de observar as relações entre eles procurando os pontos em comum ou de
discordância. Dessa maneira se apropria das estruturas fundamentais para
operações matemáticas.

É por meio das comparações concretas desde a Educação Infantil tão


importante que se chegará a complexidade das abstrações.

1.3.2 Observação

23
A criança é uma grande observadora, desde o nascimento à fase inicial
do ingresso na escola, (Educação Infantil e Ensino Fundamental) manifesta um
comportamento heterônomo, em que as regras de conduta são ditadas por
outras pessoas que não ela mesma. O adulto é seu referencial maior, portanto
além de participar ativamente, observa cuidadosamente tudo ao seu redor.
Animais que brincam, a mãe que faz um bolo, a letra da professora para tentar
copiar igual, a maneira do pai se expressar, o corte de cabelo do jogador de
futebol de sua preferência, entre outras coisas.

As observações provocam na criança mudança de comportamento e


aprendizagem estabelecendo comparações, classificações e adaptações
orientadas por objetivos a serem atingidos.

1.3.3 Classificação

Quando a criança classifica ou separa as coisas com as quais está


brincando está colocando em grupo possibilitando a categorização, portanto,
está construindo seu pensamento.

A classificação proporciona a análise e síntese, componentes


fundamentais à construção e interpretação de textos, pois análise é a
mensagem que se encontra em cada parágrafo lido ou escrito e síntese é a
mensagem principal de um texto.

1.3.4 Interpretação

“Interpretar é um processo que o ser humano utiliza para atribuir


sentido às suas experiências”. Para melhor compreensão da afirmação o ser
humano desde pequeno se apropria do mundo através de suas percepções,
sensações, movimentos e atitudes, experimentando, vendo, tocando, sentindo,
ouvindo, estabelecendo a diferença de peso, tamanho, forma, cor, textura,
entre outros.

Interpretar para o Jean Piaget é o que a criança faz ao assimilar uma


informação nova. A interpretação ou a assimilação consiste em trazer para si

24
alguns aspectos mais significativos de determinada informação, em detrimento
de outros.

Observe como muitos alunos universitários têm dificuldade em fazer


resenhas críticas, ou em construir seus próprios textos. Em sua história
escolar, a maioria não vivenciou a possibilidade de criar conhecimento. Muitos
não foram estimulados a pensar sobre o que estavam ouvindo, ou vendo, ou a
dar significados, opiniões e muito menos de discordar do professor. A maioria
foi orientada a reproduzir o pensamento de seus “mestres”.

Você está disposto a romper com modelos pragmáticos de educação e


propiciar que crianças se tornem construtoras de seus conhecimentos
mediados por você?

Para que você possa responder de modo substancial a esta questão é


preciso conhecer e estudar alguns autores que são referências quando
tratamos da psicologia da aprendizagem. Destacamos Jean Piaget (1896-
1980), Levi Vigotsky (1896-1934) e Paulo Freire (1921-1997).

As categorias destacadas neste tópico apontam para a teoria de J.


Piaget, chamada de epistemologia genética, que explica sua principal questão
sobre como o ser humano constrói o conhecimento.

Observando crianças, especialmente seus próprios filhos, Piaget


percebeu que, para que haja determinado tipo de aprendizagem, a criança
deve estar em um estágio de desenvolvimento motor e psíquico apropriado.
Além disso, observou que estes estágios são progressivos e subsequentes.
Portanto, não há como acontecerem de modo regressivo ou alternado.

Com base em La Taille (1992), destacamos algumas noções basilares


em Piaget. Os estágios do desenvolvimento piagetianos são: sensório-motor
(crianças de 0-2 anos); pré-operatório (de 2-7 anos) e operatório (de 7 anos -
em diante). O estágio operatório se divide em operatório concreto (de 7-11) e
operatório formal (de 11 em diante). A aprendizagem infantil envolve o
amadurecimento das funções motoras, o desenvolvimento da compreensão do

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objeto permanente e da capacidade de realizar operações mentais
interiorizadas.

Assim, enquanto a criança interage com o contexto, constrói o


conhecimento, por isso essa teoria é considerada interacionista.

Os conceitos de assimilação, acomodação e equilibração são


fundamentais para orientar a prática pedagógica. Os três processos acontecem
em sintonia e tem como culminância o aprendizado.

ASSIMILAÇÃO ACOMODAÇÃO

Escolher Modificar a
elementos do organização
contexto e mental para
trazê-los para receber os
si. elementos
novos.

EQUILIBRAÇÃO

Buscar o equilíbrio
perdido durante a
acomodação.

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27
28
CONCEITUAÇÃO
DE
APRENDIZAGEM

2
Conhecimento

Compreender o conceito de aprendizagem e conhecer o ciclo vital.

Habilidade

Identificar as mudanças de comportamento da criança.

Atitude

29
30
Estabelecer um parâmetro de aprendizagem;

Fornecer aos estudantes a base da Psicologia na aprendizagem humana.

2.1 Aprendizagem: conceitos e reflexões

Aprendizagem é tema central na atividade do professor. Pode-se dizer


que todo trabalho do professor se resume na questão do ensino/aprendizagem,
que se constituem mutuamente. Podemos inclusive dizer que se não houve
aprendizagem não houve ensino, assim como, no comércio, se o freguês não
chegou a comprar o comerciante não pode dizer que vendeu.

Costuma-se definir a aprendizagem dizendo que se trata de uma


mudança de comportamento, e aqui precisamos entender comportamento no
sentido mais amplo que esta palavra pode ter. Realmente, a criança que, entra
na classe de alfabetização sem conseguir fazer leitura e depois de um período
passa a ler um pequeno texto apresenta uma modificação. Quem não resolvia
uma operação aritmética e passa a resolver, apresenta uma modificação. Os
exemplos podem multiplicar-se. Aprendeu: quem adquire a habilidade de
nadar, de preparar certo prato culinário, quem adquire novas informações ou
quem passa a nutrir certo sentimento por determinada pessoa.

É importante conhecer o pensamento de alguns autores sobre o tema.


Cavaco et al. (2009, p. 3) destacam que Tolman traz a perspectiva de
intencionalidade da aprendizagem afirmando que esta requer o foco em um
objetivo. Ou seja, se o aprendiz tem a intenção de aprender o conteúdo poderá
ser assimilado mais facilmente. Sprinthall A. N. e Sprinthall C. R. tratam do fato
de que há momentos propícios e momentos não propícios para que a criança
aprenda. Portanto, a aprendizagem poderá ser facilitada ou dificultada ou até
ser prejudicial ao desenvolvimento da criança.

J. Piaget, biólogo e epistemólogo suíço e maior referência sobre como


se dá a construção do conhecimento, afirma que

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“[...] o desenvolvimento cognitivo infantil faz-se por estádios [estágios]
de desenvolvimento, ou seja, a natureza e a forma das
aprendizagens mudam ao longo do tempo mostrando que cada nova
aprendizagem advém da maturação de uma estrutura anterior e da
“abertura” de uma nova estrutura” (CAVACO et al., 2009, p. 3).

Vale ressaltar que o termo, ‘mudança de comportamento’, não se


aplica somente às aprendizagens cognitivas ou referentes a conteúdos
teóricos, geralmente avaliados através de provas. Aprendizagem é fenômeno
do dia-a-dia, que ocorre do início ao fim da vida.

Não é qualquer mudança comportamental, no entanto, que será


considerada aprendizagem. É importante excluir, entre outros casos:

 As mudanças decorrentes de maturação, por exemplo: a criança que


passa a mexer em certos objetos simplesmente porque agora já anda ou
alcança o lugar onde estão;

 As mudanças que têm curta duração e que advêm de eventuais


alterações fisiológicas e motivacionais, por exemplo: a pessoa que,
cansada após um dia de trabalho, não consegue concentrar-se numa
atividade; ou que manifesta reações de comportamento ocasionadas por
determinados medicamentos, como por exemplo, ficar sonolenta; ou
ainda, a pessoa que manifesta euforia pelo recebimento de notícia muito
boa.

Cavaco et al. (2009, p. 2), cita que Feldman S. R. reserva o termo


aprendizagem àquelas mudanças provenientes de algum tipo de treinamento,
como o que ocorre nas aprendizagens escolares. Treinamento supõe
repetições, exercícios e prática.

Em certos casos, porém, uma única ocorrência parece ser suficiente


para modificar o comportamento do indivíduo. Após um acidente
automobilístico, é possível que uma pessoa não consiga nem mesmo entrar em
um automóvel, por conta do sofrimento vivido.

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A aprendizagem também acontece por observação. Mesmo não
vivenciando propriamente a experiência, a criança aprende com o adulto só por
observá-lo atentamente!

Para completar a definição, resta mencionar um aspecto. Quem


aprende está sujeito a esquecer. Entretanto, um esquecimento rápido demais
pode indicar excessiva fragilidade da aprendizagem, ou, para ser mais incisivo,
pode indicar simplesmente que não chegou a haver aprendizagem.

Se houve atenção no momento do contato com a informação nova, em


geral há a retenção da informação, ou seja, a função memória é ativada e o
conteúdo poderá ser resgatado quando necessário. Lembrar é uma forma de
demonstrar que houve aprendizado.

2.2. Aprendizagem e o ciclo vital

Quando pensamos em aprendizagem, tendemos a pensar em crianças


ou em situações de formação escolar/educacional. Porém, ela ultrapassa fases
de crescimento e pode acontecer em todas as situações do cotidiano.

A aprendizagem está muito vinculada ao desenvolvimento, uma não


acontece sem a outra. A forma como esses processos vão acontecendo recebe
influência direta da fase da vida em que o sujeito se encontra.

Erik Erikson (1902-1994), psicanalista alemão, em sua teoria conhecida


como Ciclo Vital afirma que o desenvolvimento é algo contínuo. Como
esclarece Papalia et al., (2006), o ser humano se desenvolve de modo vitalício,
multidirecional e sob condições sócio-históricas.

A teoria eriksoniana trata do ser humano em sua totalidade orgânica e


existencial identificando fases e destacando em cada uma, sua crise
específica.

O desenvolvimento humano é descrito por Erik Erikson 1972 como


momentos de conflitos internos e externos, que ele designa como

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“crises”, que o sujeito tem de suportar para ressurgir de cada etapa
com um sentimento cada vez maior de unidade interior, ou seja, com
sua estrutura egóica mais fortalecida. (BOSSI; SANTOS; ARDANS -
BONIFACINO, 2010, p. 2).

Na infância é notória a celeridade, qualidade e variedade de ambos os


processos (aprendizagem e desenvolvimento). Por isso é tão importante que
dediquemos a esta fase cuidados especiais, como presença de profissionais da
educação competentes, materiais pedagógicos de qualidade e diversidade de
conteúdos de acordo com a idade das crianças.

A adolescência, mal compreendida pela maioria das pessoas, traz em


si um turbilhão de alterações que são impulsionadas pela produção hormonal
que nesta fase se diversifica e aumenta substancialmente. Os sujeitos passam
por transformações estruturais de modo rápido e profundo nas dimensões
físicas, fisiológicas, psicológicas e, consequentemente, sociais.

A fase adulta se caracteriza pela tendência a estabilidade e a


necessidade de realização pessoal e profissional, aplicação de conhecimentos,
e de produção que possam lhe garantir reconhecimento e condições de
sustento individual e familiar.

Na velhice a dimensão biológica do desenvolvimento perde qualidade,


mas a dimensão psicológica e a sabedoria podem ganhar muito.

Erikson (1972, apud BOSSI, SANTOS e ARDANS-BONIFACINO,


2010) organiza e caracteriza seu o ciclo vital da seguinte forma:

1-Confiança básica versus desconfiança básica- corresponde ao momento em que a

criança é separada da mãe no nascimento, ao mesmo tempo em que depende

totalmente da função materna para viver.

2- Autonomia versus vergonha e dúvida- fase em que a criança passa a controlar os

esfíncteres e se sente mais autônoma. Todavia, se há controle exagerado da pessoa

que faz a função materna a criança se sentirá envergonhada e insegura.

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3- Iniciativa versus culpa- fase na qual a criança tem mais habilidade com a linguagem,

tem mais mobilidade e curiosidade, especialmente, sobre as diferenças sexuais. As

manifestações de curiosidade geralmente são reprimidas e algumas mal entendidas

pelos adultos o que gera sentimentos de inadequação e culpa.

4- Diligência (ou Produtividade) versus inferioridade - corresponde a idade escolar,

momento em que o aumento de atividades e exigências solicitadas a criança, pode

gerar o sentimento de incapacidade para apresentar os resultados esperados pelos

adultos.

5- Identidade versus confusão de identidade – Corresponde à adolescência: auto

descoberta, singularidade, definição de espaço. Atributos que podem ser conquistados

de modo contestador e/ou agressivo. Busca da diferenciação dos adultos.

6- Intimidade versus isolamento – corresponde ao adulto jovem: realizações mais

íntimas como o amor, paternidade, maternidade e realização de sonhos. O sujeito

busca em si a força para vencer.

7- Generatividade versus estagnação – corresponde ao adulto maduro: momento em

que ainda não sendo idoso, já criaram os filhos, muitas vezes não trabalham mais e

tendem a proteger os mais jovens, os orientando em suas vidas.

8- Integridade versus desespero- corresponde à velhice, momento em que as

realizações existenciais já foram efetivadas (ou não) e que a pessoa se sentindo

realizada ou não, visualiza com mais frequência o fim de sua vida.

A cada etapa da vida, o sujeito apresenta características


biopsicossociais diferenciadas, todavia, em todas há aprendizado e
desenvolvimento. Sem dúvida, conhecer como funciona o aspecto mental e
psicológico das pessoas nos permite agir com efetividade nas atividades de
ensino.

35
2.3 Pensando sobre a infância

Algumas pessoas que pensam em trabalhar com crianças e desejam


ter boas condições de trabalho para atendê-las da melhor forma possível,
certamente ficariam surpresas se soubessem que em outros lugares, em outros
tempos, a infância nem existia. Vamos explicar:

Entender o que é a infância implica em fazer um breve resgate histórico


sobre o tema. Há algum tempo atrás as crianças, na cultura ocidental, eram
considerados seres inferiores, pois, não tendo a mesma força dos adultos, não
podiam ajudar nos trabalhos na agricultura e pecuária.

Logo que ganhavam um pouco mais de peso e estatura passavam a ter


responsabilidades em casa e a fazer as mesmas tarefas dos adultos na lida.
No período pós-revolução industrial também eram incluídas em tarefas nas
fábricas na companhia dos pais ou dos irmãos mais velhos.

Suas roupas eram cópias em miniaturas das roupas dos adultos e


chegavam a frequentar os mesmos ambientes, como bares e até prostíbulos,
tendo assim seu desenvolvimento biopsicossocial comprometido.

Na verdade, apesar de serem crianças, socialmente eram tratadas


como adultos. E assim, com a infância roubada aprendiam antes da hora a ser
adultos.

Em outro momento da história, a infância passou a ser considerada


uma fase de preparação para a vida adulta. A família, a igreja e as instituições
de ensino passaram a protegê-la com o intuito de organizar a vida social.

Mas hoje como será que a infância é considerada?

Mais recentemente, a infância passou a ser considerado um forte grupo


de consumo. A sociedade capitalista investe maciçamente em produtos de
todas as áreas para todas as idades da infância. Por um lado, essa estratégia
fortalece a ideologia capitalista, mas, por outro, garante mais atenção à
infância.

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Além disso, leis, estudos, programas e projetos voltados inteiramente
para a proteção às crianças foram criados e são efetivados em muitos lugares
do mundo, muito embora existam muitos países em que o tempo parou e a
infância continua desprotegida.

É através da educação que poderemos garantir o direito das crianças de


serem crianças, dando-lhes liberdade e limite, respeitando sua individualidade
e o tempo de cada uma crescer em seu próprio ritmo até a vida adulta.

Só há aprendizagem quando a criança é o sujeito de sua ação


confrontando a realidade do mundo que a rodeia dando significado aos objetos
que se apropriou pela experiência e participação ativa com aplicabilidade na
vida.

A aprendizagem é que permite à criança exprimir e desenvolver suas


competências reais, implicando na compreensão do que faz e do motivo
porque faz. Significa: aprender para si mesmo; fazer seu; assimilar, portanto, é
um processo ativo que modifica ou transforma o comportamento do ser
humano de forma duradoura dando oportunidade da livre expressão por meio
de inúmeras linguagens.

No entanto, conhecendo a realidade da criança, o professor pode


compreendê-la melhor e a partir desse conhecimento organizar melhor seu
trabalho, valorizar as suas diversas formas de expressão, quer escrita (desde
as garatujas até a escrita formal), como também a linguagem corporal, musical,
dentre outras que auxiliarão e enriquecerão a construção do saber sobre a
leitura e a escrita. A aprendizagem está, portanto, diretamente relacionada à
conduta, pois é aprendendo que se reformula a maneira de atuar no mundo e
sobre ele.

2.4 Ação do professor na formação de vínculos

A relação professor-estudante é fundamental que nos faz voltar ao


passado e analisar o que vivemos constatando a intensidade de emoções que

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passamos. Essa relação é tema discutido em diversos Cursos de Pedagogia,
porém sua discussão restringe-se a dissertar e refletir, mas a prática continua a
mesma.

Só refletir um pouco auxilia o professor a compreender a dinâmica das


relações estabelecidas em sala de aula das influências sociais. Há
necessidade de propiciar vivências que comprovem as influências nas relações
das dimensões sociais que reproduzem na escola um modelo social vigente.

No entanto, a escola é parte do sistema social e, portanto, professor,


estudante, família e comunidade com suas histórias, cultura, valores, crenças,
sonhos e desejos precisam se conhecer para compreender saberes e valorizar
habilidades e competências estabelecendo-se assim o verdadeiro vínculo que
autoriza a aprendizagem.

Entende-se por professor e estudante os papéis sociais que ambos


podem desempenhar em sala de aula, proporcionando um espaço de
construção do saber. Na sala de aula, a educação resulta da convivência
social entre estudante e professor.

Segundo Paulo Freire (1991, p.68) o educador já não é o que apenas


educa, mas o que enquanto educa, é educado, em diálogo com o educando
que, ao ser educado, também educa.

O diálogo estabelece o relacionamento entre pessoas que ensinam e


aprendem, podendo, atuar criticamente para transformar a realidade. Para “ser
no mundo”, é necessário estar no mundo com possibilidade de liberdade e não
contra ela.

A interação professor e estudante é dinâmica. Muitos vínculos são


formados, extintos e reestruturados num processo que afeta os dois sujeitos
envolvidos de maneira significativa. Um dos aspectos mais importantes neste
tema é a formação de vínculos afetivos entre professores e estudantes.

38
2.5. Alguns princípios norteadores
Um dos maiores educadores brasileiros, Paulo Freire (1921-1997),
usou de extrema sensibilidade e competência para nos despertar e nos instigar
a sermos verdadeiros educadores. Para ele ser educador é antes de tudo amar
as pessoas e amar o mundo. Educar é proporcionar ao ser humano o
reencontro com sua humanidade perdida. Em essência ensinar/aprender é um
ato natural, simples (complexo, no sentido de rico) e prazeroso.

Entre tantos ensinamentos construídos, Freire (2004) fala em seu livro


Pedagogia da Autonomia que não há docência (ensino) sem discência
(aprendiz) e que ensinar não é transferir conhecimento, é uma especificidade
humana.

Estudaremos no nosso curso esse autor e suas ideias


transformadoras, mas, por enquanto, veremos alguns cuidados mais gerais que
o educador deve ter em sua prática educativa.

1) Despertar a atenção do aluno: A atenção está, diretamente,


ligada ao interesse. Despertar a atenção requer, do educador, a capacidade
de, conhecendo bem seus alunos, saber quais seus interesses e saber como
(metodologia) associar os conteúdos que deverão ser trabalhados a estes
interesses. Essa dica serve para aprendizes de qualquer idade, mas pode ser
mais necessário com crianças e adolescentes. É preciso explorar recursos
variados como, atividades práticas coletivas, pesquisas, sites recomendados,
notícias para debate, letras e melodias de músicas, filmes, vídeos e outras
formas de arte. Nunca usar apenas “saliva e giz”.

39
Vejamos uma situação que mostra o que um professor não deve
fazer:

“Tocou a sineta. O professor de História


entrou na sala, mas a discussão entre
os alunos continuou, intensa e
apaixonada... Dois alunos dessa sala
do Colégio de Genebra são espanhóis.
Na noite anterior, general Franco havia
ordenado a execução de três bascos
oposicionistas, o que provocou reações
no mundo inteiro. Os alunos viram-se
para o professor e pedem sua opinião,
sua ajuda para compreenderem o que
se passava: “Agora silêncio, calem a
boca que está na hora de começar a
aula de História...”

(Harpper, Babette e outros. Cuidado, escola! 8ª ed. São Paulo, Brasiliense, 1982. p.63)

2) Facilitar, para cada estudante, o estabelecimento e o alcance de


seus objetivos de aprendizagem: Como dissemos inicialmente, a criança vive
a heteronomia, os outros lhe dizem o que devem fazer e querer. O educador
precisa relativizar esse conceito e, aos poucos, estimular-lhe a autonomia.
Devemos considerar os planos de educação e os planejamentos pedagógicos,
mas podemos incentivar nossos alunos a descobrir o que eles querem
aprender dentro do conteúdo proposto.

Se as crianças e jovens são diferentes, seus interesses também


poderão ser. Ao estudar ciência, por exemplo, alunos podem ter objetivos

40
diferentes para satisfazer sua curiosidade, uns podem querer entender a
origem da vida, uns podem desejar conhecer melhor a vida animal e outros
como funciona o corpo humano.

Respeitados os objetivos do aluno, não acontecerá o que Romain


Rolland denuncia:

“(...) afinal de contas, não entender nada já é um hábito. Três quartas


partes do que se diz e do que me fazem escrever na escola: a
gramática, ciências, a moral e mais um terço das palavras que leio,
que me ditam, que eu mesmo emprego – eu não sei o que elas
querem dizer. Já observei que nas minhas redações as que eu menos
compreendo são as que levam mais chance de serem classificadas
em primeiro lugar. (Apud: Harper, Babette e outros. Op. Cit., p. 51)

3) Avaliar de forma constante e recíproca: A avaliação também é


ação de aprendizagem. E não se restringe a um momento estanque de prova,
seminário, etc. A cada aula é possível se verificar o nível de compreensão dos
alunos.

A avaliação não deve ser feita unilateralmente, os alunos também


podem e devem expressar suas avaliações sobre o professor e a aula. A
autoavaliação da aprendizagem também deve ser estimulada. Em uma sala de
aula todos são aprendizes, inclusive o professor e a avaliação é a condição
basilar para ajustes, melhoramentos e avanços na aprendizagem.

Pesquisas mostram que alunos que receberam comentários


pertinentes em suas provas sobre seus desempenhos aumentaram o interesse
pela matéria, passaram a confiar mais no professor e, consequentemente,
melhoraram a aprendizagem.

4) Estimular discussões e debates: Criar atividades como roda de


conversas, júris, círculo de cultura onde os alunos possam dizer o que pensam
e perguntar o que gostariam de saber. Qualquer tema a ser estudado poderá
ser adaptado a estes métodos de aprendizagem, cabe ao professor usar sua
criatividade ou buscar orientação. A participação estimula o interesse pelo
assunto. Veja este exemplo:

41
“Em classe, fizemos a lista de
ações que o aprendizado da
língua exige. Com relação à língua
falada, andei perguntando a meus
alunos o que é que a escola fez
para ensiná-los a falar. A resposta
de Alan foi espontânea:
Mandaram a gente calar a boca”.

(Fonvieille, R. apud: Harper, Babette e outros. op. cit., p. 47)

42
43
44
TEORIAS DA
APRENDIZAGEM

3
Conhecimento

Compreender as teorias da aprendizagem.

Habilidade

Distinguir e diferenciar as teorias da aprendizagem.

45
46
Atitude

Desenvolver estas teorias de forma prática.

Acreditamos que a aprendizagem tem um aspecto volitivo, todavia isso


não é por si um determinante. É possível que alguém aprenda algo porque é
sua vontade aprender. Em sendo a vontade a essência do interesse, da
atenção e da motivação, o aprendiz tende a ter sucesso no aprendizado.
Portanto, quando se quer é possível aprender. Mas nem sempre é assim, e
nem sempre é assim com todas as pessoas.

Há pessoas que querem aprender, mas não conseguem. Os motivos


podem ser variados, desde problemas de visão, falta de interesse no assunto,
problemas com a didática e até dificuldades relacionais. Também não basta
que a pessoa que ensina queira que a pessoa a ser ensinada aprenda. Há
ainda pessoas que demonstram mais facilidade do que outras em aprender
sobre qualquer assunto.

Essa diversidade de situações é uma das características que torna


esse tema tão rico e instigante e, muitas vezes, o que gera tantos insucessos
escolares.

Agora você vai conhecer os elementos que interagem entre si no


processo de aprendizagem.

É fácil verificar que nesse processo há três elementos que interagem


entre si: o objeto do aprendizado, a pessoa que aprende e a aprendizagem.

Objeto do Pessoa que Aprendizagem


aprendizado aprende
(Resultado)
(motivação e
estímulo)

47
Partindo de diferentes bases epistemológicas e concepções teóricas,
muitos estudiosos do comportamento humano se detiveram na observação e
pesquisa do tema e chegaram a conclusões diferentes sobre o que é
fundamental para compreender o processo de aprendizagem.

É necessário esclarecer que todas as teorias têm formas diferentes de


compreender e explicar o sujeito e o processo de aprendizagem, não
encerrando em nenhuma delas a verdade absoluta. Cabe, portanto, àquele que
estuda o tema ter a habilidade de utilizá-las de acordo com afinidades
conceituais e aplicá-las da melhor forma em seu contexto.

Aqui apresentaremos cinco dessas teorias: teoria do condicionamento


ou comportamental, teoria da Gestalt, teoria de campo, teoria cognitiva e teoria
fenomenológica.

3.1 - Teoria do condicionamento ou comportamento

A teoria comportamental também conhecida como Behaviorismo, tem


como base a teoria evolucionista de Charles Darwin, e entre seus grandes
estudiosos estão I. P. Pavlov (1849-1936), John B. Watson (1878-1958), e B. F.
Skinner (1904-1990).

Você vai entender os dois tipos de comportamentos.

Essa teoria compreende o comportamento humano como ação


estimulada pelo contexto ou ação que modifica o contexto. Dessa forma, as
repostas ou comportamentos podem ser de dois tipos: comportamento
reflexo ou respondente e comportamento operante.

48
Comportamento Reflexo: É inato, já nascemos sabendo manifestá-lo
e não envolve um processo de aprendizagem. No comportamento reflexo, o
estímulo pode ser entendido como todo e qualquer fator que gere uma
resposta na pessoa. Portanto, estímulo (S) sempre implica uma resposta (R),
ou seja, S R.
O comportamento reflexo é uma forma natural, podemos até dizer
biológica do corpo se comportar para poder proteger-se e, sobretudo,
sobreviver. Quando o recém-nascido entra em contato com o seio da mãe
(estímulo) sua ação imediata é sugar (resposta). O comportamento “sugar” não
foi ensinado, a criança já sabia.
Outro exemplo de comportamento reflexo é quando puxamos nosso
braço rapidamente ao levarmos um choque na mão. Não pensamos ou
aprendemos isso, apenas fazemos como uma reação natural do corpo para se
defender do perigo.
Comportamento Operante: “comportamento que produz alterações no
ambiente e é afetado por essas alterações” (MOREIRA & MEDEIROS, 2007, p.
86). O sujeito age e gera uma mudança no seu contexto, que por sua vez lhe
influencia. Um comportamento emitido ou resposta (R) gera uma alteração no
contexto, ou seja, uma consequência (C). Então, podemos dizer que R.........C.
Se o comportamento tem uma consequência, as pessoas podem
controlar suas ações para se beneficiar ou não se prejudicar por causa delas.
Por exemplo: se estudar regularmente e com dedicação (resposta), o aluno
aprenderá e receberá boas notas (consequências).
Ou o aluno poderá tentar se beneficiar de uma forma menos ética,
como nos quadrinhos abaixo:

49
http://scienceblogs.com.br/psicologico/tag/quadrinhos/

Seja reflexo ou operante, ambos os comportamentos podem ser


condicionados, ou seja, podem ser produzidos de acordo com o interesse de
quem os está controlando.
O condicionamento reflexo, mas conhecido como condicionamento
plavioano, consiste em fazer um emparelhamento entre dois estímulos até que
um seja substituído pelo outro. Por exemplo, um estimulo que provoca a
salivação em um cachorro faminto é a visualização de pedaço suculento de
carne. Mas, se ao mesmo tempo (emparelhamento) for apresentado o
alimento e emitido o som de uma sirene, e se isso for feito várias vezes
seguidas, com o passar do tempo, mesmo não sendo mostrado o pedaço de
carne, e sendo apresentado só o som da sirene, o cachorro salivará.
O condicionamento operante é utilizado em várias situações e
contextos, mas as escolas e os pais de um modo geral o utilizam,
frequentemente, para alcançar seus objetivos com as crianças.
Condicionar é dar condição para que determinada ação aconteça ou
que deixe de acontecer. Vejamos dois exemplos:

 Quando na escola, os alunos recebem um prêmio pelas boas


notas alcançadas. O prêmio é considerado um reforço, os
alunos estão sendo condicionados, através do reforço, a
estudar;
 Quando uma criança é proibida de brincar no “pula, pula” porque
bateu no irmãozinho, está recebendo uma punição que o fará
evitar bater no irmão para não perder sua diversão preferida.

Reforço e punição são formas de condicionamento do comportamento,


também conhecida como aprendizagem pelas consequências, que permite que
as pessoas aprendam aquilo que outras querem. Pois farão aquilo que lhe
trouxer consequências agradáveis e não farão aquilo que tenha consequências
desagradáveis.

50
Skinner realizou suas pesquisas sobre sua teoria do condicionamento,
em parte, através de experiências em laboratório com ratos. Dessa forma
sustentou que quando são oferecidos retornos agradáveis o comportamento
desejado pode ser repetido e quando os retornos oferecidos são desagradáveis
o comportamento indesejado pode ser extinto.

Dentro de uma Caixa de Skinner um rato de laboratório aprendeu por


condicionamento operante a pressionar uma barra para obter alimento. Sempre
que a luz vermelha acendia, o animal, que estava sem alimentação há dias,
pressionava a barra e logo recebia uma porção de alimento. Assim ele manteve
o comportamento de pressionar a barra, aprendido por condicionamento.

Essa teoria pode gerar resultados imediatos, mas até que ponto a
aprendizagem por condicionamento é duradoura ou satisfatória? E quando o
ratinho tiver saciado sua forme, continuará a pressionar a barra?

A situação da sala de aula é muito diferente e nem sempre é possível


ou conveniente transferir para seres humanos as descobertas realizadas em
laboratórios, com animais. Ao tratarmos de seres humanos a complexidade
aumenta muito: somos seres de desejos, emoções, valores e não só seres de
necessidades fisiológicas. É fato que alguns alunos se saem bem, mas outros
mais autônomos e criativos não se saem bem em programas de instrução
programada, ou seja, aquelas com base no condicionamento.

3.2 - Teoria da Gestalt

A teoria da Gestalt, ou Teoria da Forma, segundo Ginger (1995, p.17)


desenvolve uma perspectiva unificadora do ser humano, integrando ao mesmo
tempo as dimensões sensoriais, afetivas, intelectuais, sociais e espirituais.
Seus principais estudiosos, ainda conforme Ginger (1995, p. 34), foram Köhler,
Koffka, Goldstein, Ehrenfels e Wertheimer.

51
Gestalt é um termo alemão que não encontra tradução exata na língua
portuguesa, por isso a utilizamos em sua língua original para designar a ação
“de dar forma, dar uma estrutura significante” (GINGER, 1995, p.13).

Para você, o desenho ao lado pode ser descrito como um círculo? Na


verdade, os pontos não estão ligados, a imagem em sua
descrição mais exata não é um círculo, mas você
provavelmente respondeu sim à indagação. O motivo de
percebermos a imagem como um círculo é que nossa mente
tem uma tendência natural a buscar a totalidade harmônica
das situações.

Se você ver um desenho de um rosto sem o nariz, qual será a sua


reação?

A percepção é a principal noção dessa teoria. Ao vermos o desenho de


um rosto sem o nariz nos incomodamos porque a imagem está incompleta e
nossa percepção fica confusa.

É natural que a mente humana busque informações que tenham


significado, que façam sentido e que nos dê a percepção harmônica da
totalidade, por isso muitas vezes fazemos uso da identificação das informações
por semelhanças, como na brincadeira de ver imagens nas nuvens.

A teoria da Gestalt entende que a totalidade é sempre maior que a


soma de suas partes. Em termos de aprendizagem significa que um conteúdo
específico só será mesmo entendido quando houver a organização da
informação em relação a outras informações. Podemos também dizer que o
professor precisa estar atento ao conteúdo apresentado e ao seu contexto,
para que a compreensão se dê de forma plena e coerente.

A todo instante, nas diversas situações do cotidiano nossa mente


seleciona focos de atenção e desprezam outros. O que está em foco
denominamos de figura, e o que compõe o entorno do foco chamamos de

52
fundo. Esses dois conceitos são importantes, mas o que nos interessa é a
relação entre ambos, já que há um revezamento de posições entre eles.

Veja a imagem do lado (Vaso de Rubin). O que você vê? Dois perfis ou
um jarro? Se você vê os perfis, esta será a figura e o jarro, o
fundo. Se ao contrário, você vê o jarro, esta é sua figura e
os perfis, o fundo. Na aprendizagem o mais importante é a
relação entre a figura e o fundo, é na transição constante de
foco que as percepções, descobertas e avanços acontecem.

Podemos dizer que os aspectos principais da teoria da Gestalt


aplicáveis à aprendizagem são: a percepção; a totalidade harmônica; o todo é
sempre maior que a soma das partes; existência de uma relação dinâmica e
constante entre figura e fundo, o aqui-e-agora.

Baseada nas categorias citadas, quando aplicada na educação a teoria


da Gestalt, que pode ser identificada com o nome de Gestalt pedagogia, tem os
seguintes objetivos para que o sujeito aprenda de modo satisfatório:

“(...) autoencontro, autorrealização/autossatisfação, recuperação das


partes perdidas e reprimidas da pessoa, crescimento pessoal,
desenvolvimento potencial humano como um todo,
autorresponsabilidade, estímulo da consciência e concentração sobre
o aqui- e – agora. (SCHERPP, 1981, p 107).

Para os psicólogos gestaltistas, a aprendizagem ocorre,


principalmente, por insight. E o que é insight? Segundo Scherpp (1981, p 259),
“é iluminação, ou tomada de consciência súbita, a partir de uma experiência

53
interna forte”. É um conceito muito simples e facilmente reconhecido no dia-a-
dia das pessoas. O insight é uma espécie de ‘dar-se conta inesperado’. De
repente, descobrimos a solução de um problema, lembramo-nos de algo
perdido ou esquecido, ou compreendemos uma situação ou uma informação.

Esse ‘estalo’ pode acontecer quando estamos buscando respostas ou


quando menos esperamos, em momentos em que a mente está descansada e
não estamos concentrados na informação em questão.

Um exemplo: você está tentando resolver um problema de


matemática há horas, e acaba por deixá-lo de lado. Repentinamente, você
descobre a solução. Outro exemplo: você tem um trabalho da faculdade para
fazer, não sabe como começar, pensa em mil maneiras, mas nenhuma é do
seu agrado. Passado algum tempo, surge uma ideia maravilhosa.

Os exemplos anteriores mostram algumas das características da


aprendizagem por insight: Tudo o que foi vivido anteriormente é subsídio. Há
uma contínua organização e elaboração das vivências. A percepção da
totalidade da situação deixa claro quais são os dados mais significativos e a
resposta, ou o aprendizado aparece quando as informações se conectam e
fazem sentido.

Em relação ao contexto escolar, a Gestalt amplia a aprendizagem,


estimula outras dimensões do ser humano que, sendo uma totalidade
complexa, não pode restringir seu potencial apenas à dimensão cognitiva.

Para entendermos a visão holística e humanista dessa teoria é preciso


saber que ela

“(...) é uma forma de devolver ao homem toda sua dignidade, seu


direito ao respeito em todas as suas dimensões: direito de valorizar
seu corpo e suas sensações, satisfazer suas necessidades vitais
fundamentais, expressar suas emoções, direito de construir sua
unicidade, respeitando a especificidade de cada um (...); direito de
desenvolver-se e realizar-se, sem limitar-se ao ter e ao fazer, de criar

54
seus próprios fins (...), de elaborar seus próprios valores individuais,
sociais e espirituais”. (GINGER, 1995, p. 97)

Como podemos perceber a aprendizagem, nesta perspectiva teórica,


exige uma postura diferenciada do professor, da escola, dos pais, e das
políticas públicas de educação.

Portanto, é preciso refletir se essas dimensões estão incluídas em


nossos objetivos educacionais e como fazer para lhes darmos espaço.

3.3 - Teoria de campo

A teoria de campo tem forte relação com a teoria da Gestalt, foi


formulada por Kurt Lewin (1892-1947), psicólogo alemão – americano, e é
umas das bases teóricas dos estudos sobre processos grupais. Como na
maioria das culturas, a aprendizagem escolar em nosso país se dá em salas
composta por várias pessoas, ou seja, em grupo. Conhecer melhor essa teoria
poderá ser útil na atuação dos educadores.

Para começar precisamos compreender o que é grupo:

“Ele é o resultado de uma integração íntima e de certa forma fusão de


individualidades em um todo comum, de tal modo que a meta e a
finalidade do grupo são a vida em comum, objetivos comuns e um
sentimento de pertencimento, com um sentimento de simpatia e
identidade.” (RIBEIRO, 1994, p.33).

A teoria de campo entende que no grupo a realidade está em constante


movimento, sendo influenciada por subsistemas (indivíduos que fazem parte do
grupo) que também se influenciam mutuamente. Além disso, o campo possui
três aspectos interligados a serem observados.

Ainda segundo Ribeiro (1994, p. 63), o aspecto geográfico é a


realidade em si, o psicológico se refere à significação que determinada
realidade tem para os sujeitos, e o comportamental tem relação com os dois

55
anteriores, o que equivale dizer que os modos de ser e de estar das pessoas
dependem da realidade onde estão inseridas e dos sentimentos e afetos
envolvidos.

Em termos de aprendizagem faz-se necessária a compreensão, por


parte do professor, que o comportamento de determinado aluno nunca é
isolado e, ao mesmo tempo, revela significações psicológicas subjetivas. É
preciso acolher o indivíduo, tentando entender seu comportamento sem perder
de vista a relação comportamento individual - campo. São essas inter-relações
que vão afetar a qualidade da aprendizagem.

Lindgren (op. cit., p. 42) apresenta o seguinte exemplo: "Simone estava


aflita e infeliz no primeiro dia de aula no Jardim de Infância. Ela havia
imaginado a escola como uma experiência agradável e excitante, mas, ao
invés disso, estava confusa, deprimida e ansiosa. Durante os primeiros dias,
ficou grudada à professora, recusou-se a participar dos jogos e atividades e
ficou a maior parte do tempo chupando o dedo, coisa que não fazia desde os
três anos. No começo da segunda semana, entretanto, ela começou a
corresponder às sugestões da professora de que poderia gostar de brincar de
casinha com outras meninas, e, depois de alguns dias, estava gostando do
Jardim de Infância como qualquer outra criança".

Inicialmente, Simone percebeu a escola como uma situação


ameaçadora, cheia de perigos desconhecidos, e manteve-se ansiosa, junto à
professora, como teria permanecido junto à mãe. Quando conseguiu organizar
um quadro da nova situação, desenvolvendo o conceito de si mesma como
aluna de Jardim da Infância, passou a comportar-se mais de acordo com essa
realidade e sentiu-se mais segura. Agiu de maneira correta a professora, que
não fez muita pressão para que Simone participasse intensamente das
atividades junto com outras crianças, pois entendeu que o comportamento de
Simone era normal nos primeiros dias de escola.

A conclusão de Lindgren é a seguinte: "O fato é que o comportamento


da criança é determinado por sua percepção de si própria e do mundo que a

56
rodeia. Se esta percepção se modifica, muda também seu comportamento. Por
mais que o desejam, os professores não podem transmitir conceitos
diretamente às crianças, insistindo, por exemplo, para que se tornem mais
maduras e realistas em suas atitudes. Usualmente, essas sugestões diretas
servem apenas para fortalecer as atitudes imaturas que estão interferindo no
desenvolvimento de conceitos mais realistas e consequentes
comportamentos".

Dar atenção ao campo em uma sala de aula significa ampliar e ao


mesmo tempo focar a visão para perceber todas as variáveis que influenciam a
aprendizagem de todos os aprendizes e de cada um deles, especificamente.

3.4 - Teoria cognitiva

A teoria cognitiva, elaborada inicialmente por John Dewey e depois por


Jerome Bruner concebe a aprendizagem como solução de problemas. É por
meio da solução dos problemas do dia-a-dia que os indivíduos se ajustam a
seu ambiente. Da mesma forma deve proceder a escola, no sentido de
desenvolver os processos de pensamento do aluno e melhorar sua capacidade
para resolver problemas do cotidiano.

Como a escola pode fazer isso?

É Dewey quem responde: "A criança não consegue adquirir


capacidade de julgamento, exceto quando é continuamente treinada a formar e
a verificar julgamentos. Ela precisa ter oportunidade de escolher por si própria
e, então, tentar pôr em execução suas próprias decisões, para submetê-las ao
teste final, o da ação" (Apud: Lindgren, H. C. Op. cit., p. 253).

Dewey foi um professor preocupado com os problemas práticos do


ensino e defendia o ponto de vista de que a aprendizagem deveria aproximar-
se o mais possível da vida prática dos alunos. Isto é, se a escola quer preparar
seus alunos para a vida democrática, para a participação social, deve praticar a
democracia dentro dela, dando preferência à aprendizagem por descoberta.

57
Vamos observar seis passos característicos do pensamento científico:
apontados por Dewey:

1.º Tornar-se ciente de um problema. Para que um problema


comece a ser resolvido, é preciso que seja transformado numa questão
individual, numa necessidade sentida pelo indivíduo. O que é problema para
uma pessoa pode não ser para outra. Daí a importância da motivação. Na
escola, um problema só será real para o aluno quando sua falta de resolução
constituir fator de perturbação para ele.

2.º Esclarecimento do problema. Este passo consiste na coleta de


dados e informações sobre tudo o que já se conhece a respeito do problema. É
uma etapa importante, que permite selecionar a melhor forma de atacar o
problema, e que pode ser desenvolvida com auxílio de fichas, resumos, etc.,
obtidos de leituras e conversas sobre o assunto.

3.º Aparecimento das hipóteses. Uma hipótese é a suposição da


provável solução de um problema. As hipóteses costumam surgir após um
longo período de reflexão sobre o problema e suas implicações, a partir dos
dados coletados na etapa anterior.

4.º Seleção da hipótese mais provável. Depois de formulada, a


hipótese deve ser confrontada com o que já se conhece como verdadeiro sobre
o problema. Rejeitada uma hipótese, o indivíduo deve partir para outra. Assim,
por exemplo, se o carro não dá partida, posso levantar as seguintes hipóteses:
a bateria está descarregada, falta gasolina, há problemas no platinado, etc.
Essas hipóteses podem ser descartadas, à medida em que o motorista
lembrar-se de que a bateria foi verificada, de que colocou gasolina, de que o
platinado está relativamente novo, etc.

5.º Verificação da hipótese. A verdadeira prova da hipótese


considerada a mais provável só se fará na prática, na ação. Isto é: se a
hipótese final do motorista atribuía o problema do carro ao platinado, o passo
seguinte será verificar o estado da peça. Se o carro não der partida após a
troca do platinado gasto, o indivíduo vai formular nova hipótese e poderá
58
chegar a redefinir seu problema, pois a solução de problemas ocorre em
movimento contínuo, que percorre seguidamente uma série de etapas.

6.º Generalização. Em situações posteriores semelhantes, uma


solução já encontrada poderá contribuir para a formulação de hipótese mais
realista. A capacidade de generalizar consiste em saber transferir soluções de
uma situação para outra.

Da teoria cognitiva emergem algumas considerações importantes.


Vejamos:

 Convém estimular o aluno à solução de problemas que o ensino da sala


de aula seja o mais aproximado possível da realidade em que vive o
aluno, a fim de que ele aprenda na prática e aprenda a refletir sobre a
sua própria ação.

Sobre isso, Lindgren relata um exemplo interessante: "Uma pessoa que


visitava uma turma de quarto ano perguntou às crianças”:

- O que vocês fazem quando, ao andar pelo corredor, veem um


pedaço de papel no chão?

Todas as crianças sabiam a resposta:

- A gente o apanha e põe no cesto do lixo.

“Alguns minutos mais tarde, soou o sinal de recreio e as crianças saíram


depressa para brincar, passando pelo corredor que levava ao pátio. O corredor
estava cheio de papel picado (posto pelo visitante). Havia um cesto de lixo por
perto. Nenhuma criança parou para pegar o papel". (Op. cit.,p. 219)

 Convém que o professor estimule a criança a não ficar na dependência


dos livros, do professor, das respostas dos outros. Convém educá-la
para que ela mesma encontre suas respostas. Para o futuro, é muito
mais educativa uma solução de um problema real, à qual a criança

59
chegou por conta própria, do que a memorização de dez soluções
apresentadas pelo professor.

No entanto, a fim de que o aluno desenvolva seu raciocínio, convém


que seja motivado para isso, que tenha oportunidade de raciocinar. Contribui
nesse sentido a apresentação da matéria em forma de problemas a serem
resolvidos e não em forma de respostas a serem memorizadas.

 Outra contribuição que o professor pode dar para desenvolver o espírito


científico consiste na utilização de uma linguagem acessível ao
estudante, próxima de sua linguagem habitual. Isso é necessário para
que o aluno entenda o problema, saiba do que se trata. Veja o seguinte
exemplo:

"Uma amiga, ao visitar uma escola, recebeu um convite para examinar os alunos de
geografia. Depois de olhar um pouco o livro, perguntou:
- Suponha que você abra um buraco no chão e chegue a uma grande profundidade.
Como seria o fundo do buraco? Seria mais quente ou mais frio que a superfície?

Como ninguém na classe respondeu, a professora disse:

- Eu estou certa de que eles sabem, mas você não perguntou corretamente. Vou
experimentar.

Pegou então o livro e perguntou:

- Em que condição está o interior do globo?

Recebeu a imediata resposta de metade da classe:

- O interior do globo está numa condição de fusão ígnea”.

(James, W. Apud: Mouly, G. J. Op. cit., p. 310).

Esse exemplo mostra que metade dos alunos havia memorizado a


resposta, mas, aparentemente, ninguém havia entendido seu significado.

 O trabalho em grupo favorece o desenvolvimento da capacidade para


solucionar problemas, pois permite a apresentação de hipóteses mais
variadas e em maior número.

60
 A direção autoritária da classe, em que o professor manda e os alunos
só obedecem, prejudica o desenvolvimento do raciocínio: se os alunos
não participam da formulação do problema, é natural que tendam a
atribuir ao professor a responsabilidade pela solução. Os alunos
tornam-se, nesta situação, dependentes das respostas do professor, ao
invés de desenvolverem sua criatividade.

________________
Fonte texto sobre Psicologia Cognitiva: Psicologia da Educação. Curso de Educação Física na FAEFM
http://www.ebah.com.br/content/ABAAAesZcAG/psicologia-educacao?part=5

3.5 - Teoria Fenomenológica

Para entendermos melhor como esta teoria se aplica à aprendizagem,


vejamos este pequeno texto que oferece uma síntese da base filosófica da
fenomenologia.

Fenomenologia

Antes de falar em fenomenologia, é importante entendermos que a


ciência do século XIX foi influenciada pelas ciências naturais, especialmente,
no que se refere à utilização do método objetivo e experimental. Pensar em
objetividade na ciência implica em uma separação clara entre sujeito e o
mundo, entre aquele que faz ciência (sujeito) e seu objeto de estudo (mundo).
Esta certeza quando se trata de ciências humanas, especialmente, da
psicologia, assim como da educação significa que o ser humano passa a ser
considerado um objeto.
Mas, como tratar o ser humano apartado de sua humanidade? A única
forma seria pensar um ser humano desapropriado de sua subjetividade, o que
parece ser uma grande incoerência.
Esta dicotomia sujeito x objeto nega a existência da interdependência
entre objetividade e subjetividade. Trazendo para a educação e, mais

61
especificamente, para a aprendizagem, o sujeito estaria separado do seu
objeto de aprendizagem.
O filósofo Edmund Husserl (1859- 1938) não só discordou da ideia de
que sujeito e objeto sejam puros um em relação ao outro, como propõe a
Fenomenologia como método a ser utilizado pelas ciências humanas. Neste
método, o distanciamento desaparece e há o reconhecimento de um
imbricamento entre ambos.
Husserl usa os conceitos de consciência e de intencionalidade para
deixar clara esta relação de imbricamento. A intencionalidade se refere ao fato
de que a consciência está voltada para algo, que para ela, é dotado de um
sentido. “O homem é um ser consciente e que a consciência é sempre
intencional” (HUSSERL, 1901 apud FORGHIERI, 1984, p.15), ou seja, a
consciência (sujeito) é sempre a consciência de algo (objeto), não há como
separar.
Husserl (1901, apud FORGHIERI, 1984) diz que o fenômeno pode ser
conhecido em sua essência de forma objetiva e categorial.
A forma objetiva é a que atende às necessidades e características das
ciências naturais. Nesta forma, é possível haver um distanciamento entre
sujeito e objeto, a reflexão é o instrumento que norteia a investigação da
verdade. Podemos dizer que esta forma corresponde ao método experimental.
Por forma categorial entendemos como sendo a percepção do próprio
instante vivido em sua imediaticidade e potência. Instante em que não se
pensa sobre o que se vive..., apenas se vive.
É o que acontece antes de se pensar, é a pré-reflexão. Quando não há
cultura, não há passado, nem futuro. Há um presente que é ‘totalidade’, onde o
lugar é a imensidão do espaço de uma existência. “A vivência é o instante
vivido de um mundo vivido” (DILTHEY, 1978, apud GÓIS 1995, p.69). Esta
forma corresponde ao método fenomenológico.
O filósofo Merleau-Ponty (1908-1961) tem um pensamento semelhante
ao de Husserl, no sentido de se contrapor ao pensamento dualista na relação
sujeito x mundo, mas discorda dele no que se refere ao método da redução
fenomenológica. A redução é a suspensão de julgamento, ou distanciamento
entre a pessoa e o objeto com a qual ela entra em contato.
62
Embora seu conceito esteja na direção dos conceitos de Husserl para
M. Ponty sujeito e mundo estão mais que interligados e representam juntos,
mais do que um ser-no-mundo. Sua percepção se aprofunda: é como se sujeito
e mundo fossem constituídos um pelo outro e vice versa, de uma forma tão
irredutível que podemos dizer que o “ser é mundo” ou, usando o termo que ele
mesmo usa, o ser é “mundano”.
A ideia de Merleau-Ponty sobre o ser mundano radicaliza o conceito
de homem e de mundo e da relação entre eles. Como nos diz Leitão (1990) é
um pensamento que vê o ser humano entrelaçado ao mundo e este naquele a
ponto de transcender a pura individualidade.
É como nas pinturas de Cézanne (1939-1906), onde não há contornos
limitando as formas e as cores, o que há é movimento. Para ele a redução
completa é algo improvável, pois temos uma existência permeável ao mundo,
não sabemos ao certo onde começa o ser, onde começa o mundo. Somos
visíveis e vemos. Somos constituídos em fusão, somos uma sustância única,
mas podemos usar nossa capacidade de privilegiar o mundo ou o sujeito de
acordo com a situação, como é caso de uma relação psicoterapêutica ou de
aprendizagem.

Obra de Cézanne. Dahlias1

Portanto, aplicando esta teoria à aprendizagem podemos entender que


aprendiz e aprendizagem tanto estão juntos como se constituem mutuamente.
Não há uma incorporação ou inclusão de conteúdos na mente do aprendiz, mas
uma mistura de limites em que o sujeito é o conteúdo que aprende e o
aprendido forma a identidade do sujeito.

_______________
1
Dahlias - Cézanne. Disponível em
http://www.mestresdapintura.com.br/loja/posimpressionismo-paul-cezanne-c-96_98.html.
Acesso em 18/07/2014 às 18:09hs.

63
3.5.1 Fenomenologia e Aprendizagem

Podemos usar a lente da fenomenologia e entender a aprendizagem da


seguinte forma:

1- O aprendiz não está separado do seu objeto de aprendizado


(relação consciência e intencionalidade). A partir do momento que tomamos
consciência (sabemos da existência) de algo, esse algo passa a existir. Isso
implica que o ser está aberto para o mundo, o aprendiz está aberto para
aprender.

2- O momento da aprendizagem é vivencial. O sujeito mais do que


pensa sente que aprendeu. O conteúdo é incorporado e não pensado. Alguém
que está envolvido em descobrir algo apresenta mudanças no ânimo na
fisionomia, e pode apresentar alterações fisiológicas, como diminuição do sono
e da fome.

3- O sujeito que aprende não é tão somente alguém que vive no


mundo. O mundo o constitui e ele constitui o mundo. Não há um
distanciamento, como alguns métodos educacionais nos fazem acreditar. Todo
o conteúdo a ser aprendido faz parte de sua humanidade e não há uma linha
clara que separe o aprendiz das coisas do mundo que ele precisa aprender. Os
conteúdos já estão em contato com o aprendiz basta que o professor o ajude a
reconhecê-los e entendê-los melhor.

Então, o que é possível fazer para facilitar aprendizagem, a partir da


própria experiência da criança? Snygg e Combs, representantes da teoria
fenomenológica, apresentam algumas sugestões (apud: LINDGREN. op. cit., p.
254 e 259):

 Proporcionar aos estudantes oportunidades de pensar por si próprios,


por meio da criação de um clima democrático na sala de aula, de
maneira que os alunos sejam encorajados a expressar suas opiniões e
a participar das atividades do grupo.

64
 Dar a cada estudante a oportunidade de desenvolver os estudos de
acordo com seu ritmo pessoal. O êxito e a aprovação devem ser
baseados nas realizações de cada um.
 A escola deve considerar o impulso universal de todos os seres
humanos no sentido de concretizar suas próprias potencialidades, e não
reprimir tal impulso, prendendo-o à competição artificial e ao sistema
rígido de notas.

65
66
A MOTIVAÇÃO NA
APRENDIZAGEM

4
Conhecimento

Conhecer o conceito e a função da motivação

Habilidade

Identificar o que motiva a aprendizagem das pessoas.

Atitude

67
68
Agir motivado em sua prática como estudante e futuro educador.

4.1. Conceito de Motivação da Aprendizagem

Você sabe o que significa motivação da aprendizagem?

Motivação da aprendizagem significa causar ou produzir aprendizagem


estimulando a criança despertando o interesse ou entusiasmo pela mesma.

MOTIVAÇÃO MOTIVO CAUSA

A psicologia estuda a motivação com o intuito de conhecer o porquê


das ações que são causadas por dois tipos de forças: fisiológicas e as sociais.

Exemplo de forças fisiológicas que levam ao comportamento do ser


humano: fome, sono, doença, entre outros.

Há também forças sociais que levam os seres humanos a agir como,


por exemplo:

O desejo de agradar as pessoas com as quais a criança convive.

Usa-se, portanto, a palavra “motivo” na psicologia quando se refere ao


comportamento humano.

Mas, afinal você sabe o que é motivar?

4.2. Motivo e Incentivo

69
Motivar é uma ação interna. É o indivíduo que busca em seus desejos,
sonhos, habilidades o que o mobiliza para a ação. A motivação é uma força
pessoal que poderá e/ou deverá ser incentivada por ações do mundo externo
(estímulo), como professores, salas de aula, materiais, equipamentos, colegas,
família, dentre outros, para potencializar a ação.

Incentivar ou estimular é qualquer ação externa ao sujeito que poderá


ajudá-lo a desenvolver uma ação. Todavia a grande função do incentivo é fazer
que o sujeito faça contato com aquilo que realmente o mobiliza. O sujeito assim
percebe o que o motiva e age em uma função dessa força que o impele a agir.

Muitas vezes, as pessoas incentivam, estimulam, mas o sujeito não


consegue alcançar o objetivo esperado. Se o incentivo não fizer o sujeito entrar
em contato com o seu motivo para a ação (motivação), de nada adiantará.

No nosso caso, a ação é aprender. Portanto, cada pessoa precisa


identificar o que deseja aprender, saber o que lhe mobiliza, o que quer
descobrir ou resolver para que assim obtenha sucesso.

O termo ‘motivação’, segundo SOUSA (1988), designa o estudo físico-


psicológico interior do estudante; estado de tensão energética resultante em
sua consciência de fortes motivos que o impele a agir, a estudar, a cumprir com
suas tarefas e dedicação.

O professor, portanto, deve conhecer a realidade da criança, suas


aspirações, sua realidade social, seu comportamento, sua história de vida,
todos os aspectos que a envolvem, a fim de criar meios que facilitem sua
aprendizagem, tornando-a significativa e prazerosa.

 Motivos: é toda condição intrínseca que determina uma atividade.


Exemplos de motivos: fome, sede.
 Incentivo: é toda condição extrínseca que estimula uma atividade.
Exemplos de incentivo: prêmio, castigo.

70
Portanto, o motivo é força interna, pertence ao desejo.

O incentivo é força externa capaz de despertar o motivo. Elogio, censura,


punição, prêmios, notas, castigos, entre outros são exemplos de incentivos.

4.4. Aspectos da motivação na aprendizagem

4.3.1 Fatores Positivos:

 Curiosidade (instinto exploratório): a criança saudável possui uma força


que a leva a procurar os sons, as imagens, os objetos em movimento. Ela
busca naturalmente descobrir e interagir com o mundo.
 Desejo de atingir objetivos: toda criança tem desejos (a serem
realizados), sonhos, necessidade e busca satisfazê-los, precisando de um
mediador que a oriente. Ex: o que impulsiona uma criança de 2 (dois) anos
a aprender a abrir uma garrafa de água é a sua sede.
 Consciência de seu dever: a necessidade de que precisa estudar para o
seu próprio crescimento e não para o outro. Essa consciência só acontece
em faixa etária maior, e pode até nem acontecer.
 Desejo de sobressair: necessidade de se destacar por mérito próprio e
não para sobrepor-se aos colegas. Podemos chamar também de desejo de
autorrealização.
 Desejo de ser elogiado: a criança sente prazer em ouvir elogios de seus
professores, de seus pais, amigos, entre outros. Podemos chamar de
desejo de reconhecimento.
 O diálogo abre horizontes: o se humano é um ser social e a forma básica
de interação social é a comunicação, o diálogo entre as pessoas. A
mobilização das crianças para conversar pode ser algo positivo e até
facilitar a aprendizagem, cabe ao educador saber usar esse potencial e não
simplesmente reprimi-lo.

É interessante notar que esses aspectos têm forte relação com a


teoria de Abraham Maslow (1908-1970), psicólogo americano, para quem o

71
ser humano tem de modo hierarquizado cinco necessidades básicas a
serem satisfeitas em toda a sua existência. São consideradas
necessidades primárias as fisiológicas, de segurança, e secundárias as de
socialização, reconhecimento e autorrealização.
Ginger (1995, p.97) destaca que Maslow organizou em 1954 seu
pensamento de modo didático em uma pirâmide conhecida como Pirâmide
das Necessidades organizada, da base ao cume, da seguinte forma:
- Necessidades fisiológicas ou orgânicas (respiração, sede, fome,
excreções, sexo, etc);
- Necessidade de segurança ou de proteção (material e psicológica);
- Necessidades sociais (de amor, família e de participação);
- Necessidade de estima (reconhecimento da competência,
prestígio, sucesso);
- Necessidade de realização pessoal ( de seu potencial, alcance dos
objetivos existenciais).
Apresentamos essa teoria, pois ela esclarece que forças são essas
que constituem a motivação e fortalece seu conceito como um impulso
interno, diríamos até visceral que leva o sujeito a agir.

4.3.2. Motivação- Positiva e Negativa

 Motivação Positiva: são as inclinações pessoais da criança, a sua


competência para determinadas atividades saudáveis e que amplia seu
desenvolvimento. Exemplo: é o caso da criança que gosta de desenhar por
sentir verdadeiro prazer pela pintura.
 Motivação Negativa: são as inclinações que não são adequadas à saúde
e à proteção da própria criança ou de outras pessoas, animais, ou objetos.
Exemplo: uma criança que deseja maltratar um animal. Nesses casos é
bom que pais e professores fiquem atentos ao comportamento dessa
criança.

72
73
74
INTELIGÊNCIAS

5
Conhecimento

Conhecer e conceituar as múltiplas inteligências.

Habilidade

Identificar as diversas inteligências na atuação das pessoas

Atitude

Desenvolver as inteligências múltiplas nos contextos de aprendizagem

75
76
5.1. Inteligência ou Inteligências?

O ser humano, fazendo uso de diversas potencialidades, vem


construindo a história da humanidade e gerando desenvolvimento em todas as
áreas do conhecimento. São suas potencialidades físicas, cognitivas, sociais,
dentre outras, com origem em processos mentais ou psicológicos, que
possibilitam tal desempenho.

A psicologia, enquanto ciência humana estuda a mente, o


comportamento das pessoas e se apoia na compreensão de categorias como
sensação, percepção, atenção, inteligência, memória, linguagem,
aprendizagem e emoção.

É a partir desses processos psicológicos básicos que o ser humano


consegue interagir consigo mesmo e com os outros. Estes são organizados
segundo Levi Vigotsky em dois tipos de funções mentais: as inferiores e as
superiores. São considerados processos psicológicos elementares ou inferiores
aqueles que têm um caráter mais biológico, ou seja, têm um padrão que se
repete e que se apresenta de forma orgânica tanto nos seres humanos como
nos animais. São exemplos de funções mentais inferiores a sensação e a
percepção.

São considerados processos psicológicos superiores, embora não


prescindam do aparato biológico em sua estruturação e desenvolvimento, as
funções ligadas à interação social como linguagem, aprendizagem e a
inteligência. Portanto, estes últimos têm um aspecto de maior variabilidade,
singularidade e se constituem como uma dimensão cultural inerente aos seres
humanos.

Sabemos que há fatores neurológicos, neuronais, fisiológicos ligados à


inteligência, mas o aspecto da interação social nos faz repensar o que, durante
muito tempo fomos levados a acreditar: que existem, dentro do padrão de
normalidade, pessoas que já nascem inteligentes e outras não.

77
Para Binet & Simon, estudiosos que estruturam os primeiros testes de
inteligência, o Quoeficiente de Inteligência - QI conseguia medir a inteligência
de uma pessoa. Para eles a inteligência é constituída como um atributo mental
que pode ser medido através de um teste, que privilegia apenas a cognição.

Mas, se a inteligência, enquanto uma função superior, é influenciada


pela interação sujeito-mundo com seus vários estímulos e se cada sujeito é
único em sua historicidade e subjetividade, podemos admitir que existem tanto
diferentes níveis como diferentes tipos de inteligência.

Nessa direção Howard Gardner desenvolveu sua teoria chamada de


Inteligências Múltiplas que esclarece a diversidade de atributos da inteligência.

"(...) existem evidências persuasivas para a existência de


diversas competências intelectuais humanas relativamente
autônomas abreviadas daqui em diante como 'inteligências
humanas'. Estas são as 'estruturas da mente' do meu título. A
exata natureza e extensão de cada 'estrutura' individual não é
até o momento satisfatoriamente determinada, nem o número
preciso de inteligências foi estabelecido. Parece-me, porém,
estar cada vez mais difícil negar a convicção de que há pelo
menos algumas inteligências, que estas são relativamente
independentes umas das outras e que podem ser modeladas e
combinadas numa multiplicidade de maneiras adaptativas por
indivíduos e culturas." (GARDNER, 1994, p.7 apud STREHL,
2000, p.1).

As sete inteligências destacadas por Gardner (1994) são:

Inteligência Linguística Capacidade de criar formas de linguagem. Em todas as


sociedades as crianças inventam de modo espontâneo, formas
criativas de se comunicar. Elas criam palavras, gestos e sons
novos e até conceitos inimagináveis.
Inteligência Lógico Capacidade de racionar de modo lógico, rápido e eficiente, sem
Matemática muito esforço. Geralmente, é a inteligência mais valorizada.
Inteligência Espacial Capacidade de se localizar sem utilizar instrumentos/equipamentos
como bússola ou mapas, utilizando-se apenas dos sinais naturais
como estrelas. Ou visualizar imagens na mente em ângulos
diferentes.
Inteligência Musical Capacidade de aprender a tocar diversos instrumentos musicais,
de reconhecer notas musicais com pouco tempo de contato e de
criar composições.

78
Inteligência Corporal Capacidade de percepção gestáltica (aqui e agora) do corpo e de
Cinestésica seus movimentos. É a habilidade de reconhecer quais as
necessidades que devem ser atendidas e as potencialidades a
serem desenvolvidas para uma maior adaptação.
Inteligência Intrapessoal Capacidade de autoconhecimento. Acima de tudo, é a habilidade
de perceber suas emoções, seus desejos, suas fragilidades, quais
potencialidades e principalmente, habilidade de utilizá-las de modo
saudável para si mesmo e, consequentemente, com os outros.
Inteligência Interpessoal Capacidade empática, ou seja, de compreender as intenções,
expectativas e desejos dos outros, mesmo que não sejam
verbalizados e saber utilizar esta compreensão em prol da relação.
É importante notar que essa inteligência terá efetividade se a
inteligência intrapessoal for desenvolvida.

Além destas inteligências, outras são citadas por vários estudiosos.


De modo sucinto, citaremos mais duas: Inteligência Emocional (Daniel
Goleman, 1995) e Inteligência Afetiva (Ruth Cavalcante, 1999).
A Inteligência Emocional enfatiza os aspectos biofisiológicos das
emoções e a possibilidade do controle, por parte do sujeito, das manifestações
de suas emoções. São consideradas emoções básicas humanas: raiva, alegria,
tristeza e medo. Todas elas produzidas, segundo as teorias neuropsicológicas
a partir da fisiologia dos órgãos e da produção de substâncias psicoativas
naturais como os hormônios.
Segundo a teoria da Inteligência Emocional é possível desenvolver a
habilidade de controlar as emoções e utilizá-las de modo proveitoso tanto no
ato de aprender como em outros aspectos de sua vida.
A Inteligência Afetiva se coloca como um facilitador do processo de
aprendizagem e da expressão das formas afetivas com o objetivo de formação
de vínculo. Quanto mais se desenvolverem nas pessoas a habilidade de formar
vínculos, mais prazerosos serão os ambientes e as situações que se
apresentarão e os retornos serão mais satisfatórios.
Especificamente, no ambiente de sala da aula, o clima de confiança
e de cuidado recíproco desbloqueiam as tensões, diminuem o clima de
competição e o medo de errar. Em um clima relaxado, as conexões
neurológicas se dão de forma mais rápida e consistente e o conteúdo é muito
mais facilmente captado pelos alunos.

79
Mas, você sabe a diferença entre emoção e afetividade? Será que
tem o mesmo significado?

Ao falarmos em inteligência emocional e afetiva, é possível que surja


uma confusão entre significados das palavras emoção e afeto ou até uma
tendência a julgá-las sinônimas. Henri Wallon (1879-1962), estudioso da
afetividade e da emoção nos ajuda a compreender os dois termos e a organizar
algumas características de ambas.

A emoção se refere ao sentimento que se dá de forma fortuita, por


algum acontecimento significativo, esperado ou não e gera sensações
corporais perceptíveis como suores, tremores, palpitações, desmaios,
gagueiras, entre outras. A emoção tem um tempo curto de duração e suas
manifestações em termos de sensações sensoriais e físicas tendem a
desaparecer à medida que o tempo vai passando, como, por exemplo, o medo
em uma situação de perigo, a alegria no encontro com grandes amigos.

O afeto ou a afetividade, geralmente, é a transformação de alguma


emoção. Antes do afeto, há a emoção, algo que nos mobiliza e que nos
desperta para estar no presente. É o sentimento que permanece por muito
mais tempo, por exemplo, o amor, a amizade, a solidariedade, a compaixão.
Estes são sentimentos que podem seguir na vida das pessoas até que estas
morram.

A afetividade é mais consistente e vai se nutrindo dos fatos, da


convivência. Suporta situações adversas e distâncias geográficas. Podemos
amar alguém que não nos ame; podemos ser amiga de uma pessoa mesmo
que ela esteja em outro continente.

Para você entender como se dá a aprendizagem requer


compreender que há diversas formas de inteligência e, principalmente, que os
sujeitos são singulares. Cada um com sua subjetividade, historicidade, carga

80
genética e motivações que influenciam sobre maneira seu desempenho escolar
e sua vida de um modo geral.

Ao buscarmos melhores resultados na aprendizagem precisamos


dar atenção a essas teorias e refletir sobre a complexidade e, paradoxalmente,
sobre a simplicidade, ambas, características inerentes do ato de
aprender/ensinar.

81
82
SOCIEDADE E
CULTURA

6
Conhecimento

Conhecer e conceituar sociedade e cultura com suas peculiaridades.

Habilidade

Identificar as fases de desenvolvimento em qualquer cultura.

Atitude

Estabelecer um parâmetro de aprendizagem.

Fornecer aos estudantes subsídios favoráveis ao conhecimento desta área.

83
84
Estabelecer um parâmetro de aprendizagem;

Fornecer aos estudantes subsídios favoráveis ao conhecimento desta área.

O desenvolvimento social deve caminhar no sentido da democracia e


compete a escola e ao professor propiciar a socialização que implica na
decisão em comum acordo na corresponsabilidade pelas regras que as
crianças seguirão.

Entre os fatos sociais compartilhados na escola estão: regras, valores,


normas que variam de grupo para grupo, de comunidade para comunidade, de
acordo com a realidade local onde vivem e convivem.

Segundo Piaget (1980) o ser humano passa pelas seguintes fases


durante o seu desenvolvimento em qualquer cultura:

a) Anomia: Ausência de normas. A criança considera que tudo existe em


função dela, portanto as normas não são necessárias. Tem a ilusão
que tudo é feito por um adulto significativo em prol dela. Por exemplo:
“a árvore foi feita pelo meu pai.”
b) Heteronomia: A norma é feita pelo ‘outro’. Etapa onde a criança
aceita normas; copia as condutas do adulto que mais admira.
c) Autonomia: Capacidade de criar as próprias regras de conduta. O ser
humano atinge quando chega ao período das abstrações tendo
participação ativa na elaboração de regras comuns para o grupo.

85
6.1 Conhecimento

O conhecimento no ser humano é essencialmente ativo. Conhecer um


objeto é agir sobre ele e transformá-lo. Conhecer é, pois, assimilar o real às
estruturas de transformações e elas são elaboradas pela inteligência enquanto
prolongamento da ação. (Piaget, 1970.p.30)

Quanto à aquisição do conhecimento, Piaget admite duas fases:

a) Fase exógena: fase da cópia, da repetição.


b) Fase endógena: fase da compreensão das relações, das
combinações.

6.2. Educação

Para Piaget (1970), a educação é um todo indissociável, considerando-se


dois elementos fundamentais: o intelectual e o moral.

A educação é condição formadora necessária ao desenvolvimento natural


do ser humano. Valores como cooperação, aprender com o erro, solidariedade,
respeito às diferenças, embora tenham valor moral e racional raramente são
assegurados pela autoridade do professor ou pelas lições, informações sociais
que ele possa sugerir ou apresentar, mas pela vida social entre as próprias
crianças.

O respeito mútuo irá aos poucos substituindo a heteronomia característica


de um respeito unilateral, por uma autonomia, considerando-se como dos
pontos de vista e ações entre os membros do grupo.

Uma educação assim concebida é a que procurará levar as crianças


buscar novas soluções, criar situações que exijam o máximo de exploração por
parte deles e estimular as novas estratégias de compreensão da realidade.
(Piaget, 1970)

86
6.3 Escola

A escola deve dar oportunidade a criança de construir seu conhecimento,


de investigação individual, de ação motora, verbal e intelectual que possa,
posteriormente, intervir no processo sócio-cultural possibilitando-lhe todas as
tentativas oferecendo-lhe liberdade de ação em estágio operatório em um
processo de equilíbrio – desequilíbrio. (Piaget,1970)

6.4 Ensino – Aprendizagem

A concepção piagetiana de aprendizagem tem caráter de inúmeras


possibilidades de novas indagações. Aprender implica assimilar o objeto a
esquemas mentais. Esse conceito inclui num processo mais amplo de
estruturas mentais assim construindo a sua Teoria denominada Epistemologia
Genética.

A aprendizagem verdadeira se dá quando a criança elabora seu


conhecimento relacionado com as informações no decorrer do seu
desenvolvimento.

A inteligência é o instrumento de aprendizagem mais necessário. O


ensino, portanto, consiste na organização dos dados da experiência, de forma
a promover um nível desejado de aprendizagem.

6.5 Professor – Aluno

Cabe ao professor criar situações que estabeleçam reciprocidade


intelectual e cooperação ao mesmo tempo moral e racional para os estudantes.
Evitando a rotina, fixação de respostas prontas, o professor colaborará para
que as crianças levantem hipóteses diante de situações novas sem ensinar-
lhes soluções. Nesta proposta ele (professor) provoca desequilíbrios, desafios,

87
orienta a criança e lhe concede ampla margem de autocontrole e possibilidade
de chegar à autonomia.

A criança deve assumir o papel de investigadora, pesquisadora e o


professor o papel de coordenador, orientador, levando-a a “trabalhar” o mais
independente possível.

Explicando melhor com a pesquisa

Caro estudante, sugerimos a leitura do artigo Psicologia e educação:


hoje e amanhã de José Fernando Bitencourt Lomônaco, onde o mesmo busca
nas teorias da psicologia soluções para a educação.

Para complementar o texto acima citado leia outro artigo Facilitar a


aprendizagem: ajudar aos alunos a aprender e a pensar bastante
interessante que expõe as responsabilidades da escola, da família e do próprio
educando na sua maneira de adquirir conhecimentos.

Após a leitura dos artigos escolha um e exponha seus comentários na


sala virtual.

88
Leitura Obrigatória

Sugerimos que você leia o livro intitulado “Novas contribuições da


Psicologia aos processos de Ensino e Aprendizagem” da
autora Eunice Soriano de Alencar, ela apresenta algumas das
mais atualizadas contribuições de competências na leitura,
escrita e compreensão e de conceitos matemáticos com uma
visão crítica da aprendizagem.

ALENCAR, Eunice Soriano de (org). “Novas contribuições da Psicologia


aos processos de Ensino e Aprendizagem”. 4 Ed. São Paulo: Cortez, 2001.
224 p

Após a leitura da obra, faça uma resenha crítica e realize uma


postagem na sala virtual.

89
Pesquisa na Internet

Sinta-se convidado a fazer uma pesquisa na internet sobre as teorias


mais importantes para o processo ensino-aprendizagem. Buscando a
conceituação e a diferenciação de cada uma delas.

A pesquisa deverá se reportar ao Skinner, Freud, Gardner, Piaget,


Wallon e Vigotsky. Objetivando a ampliação de conhecimentos bem como pôr
em prática com as inúmeras descobertas de cada autor. Você vai se deliciar
nessa fantástica viagem ao mundo desses exemplos da psicologia da
aprendizagem.

Após a pesquisa faça um resumo do assunto e comente com seus


colegas na sala virtual

90
Saiba mais

Leia a entrevista com Dra. Eulália H. Maimoni sobre


Doutora e mestre em Psicologia Escolar pela USP, fala da sua
atuação profissional, pela sua opção da Psicologia Escolar/Educacional e
também da sua análise da Psicologia Escolar hoje no Brasil.

Após a leitura da entrevista com a Dra. Eulália H. Maimoni, realize uma


postagem sobre a sua percepção em relação a atuação profissional como
Psicóloga Educacional e poste na sala virtual.

91
Vendo com os olhos de ver

Sugerimos o Filme “Mãos talentosas – A história


de Bem Carson”, dirigido por Thomas Carter. Nos remete
a história verídica de uma pessoa comum com dificuldades
de aprendizagem que consegue ultrapassar todas as suas
limitações e torna-se um maior e melhor neurocirurgião do
mundo.

Assista ao vídeo Vida Maria que trará a você uma visão do aprender no
sertão nordestino. Quando falamos em psicologia da
aprendizagem apenas vemos o cotidiano da cidade, porém
esta obra artística relata a falta de incentivo dos pais no
aprendizado. Assista e estabeleça o senso crítico do ensino
aprendizagem.

Filme divertido e de muita criatividade. A


história de um garotinho com dislexia, mas que sua família e as
pessoas ao redor não sabiam, mas quando um dito professor
entrou em sua vida, mudou para sempre a história desse garoto
bem como o de sua família. Extraiu do menino um talento que
ele já tinha, mas que não era estimulado. Bem o restante você
saberá se assistir.

92
Recomendamos a você ouvir a entrevista bem interessante e
descontraída que ocorreu no Programa do Jô Soares com a pedagoga Patrícia
Lins com o tema Metodologia Ativa, parte I e continuadamente a parte II.

Esta conversação se torna importante para você que cursa Pedagogia. A


mesma inicia nos reportando a origem do pedagogo, vem exemplificando e
afirmando que “A inteligência se aprende”, traz uma abordagem ampla sobre
vários temas do meio social aos novos paradigmas da escola.

Após assistir aos vídeos escolha um, faça um texto explanando a


relação do vídeo com a aprendizagem.

93
Revisando

Vimos que educar é uma ação muito complexa e maravilhosa, pois


proporciona a transformação do ser. A educação sofre constantes alterações
com relação a tecnologias, ideologias, comportamentos, etc. O indivíduo
quando surge no mundo vem com uma força instintiva. O impulso para
satisfazer as necessidades, para sentir prazer e para conhecer já vem com a
criança, mas para que ela possa seguir o caminho da socialização precisa ser
orientada.

O ato de ensinar é uma ação prazerosa. Pode até ser comparado com
o ato de cozinhar e de comer. Em outras palavras ensinar requer a habilidade
de despertar a fome, o interesse, a curiosidade do aprendente.

O adulto não precisa sempre dizer o que a criança deve fazer, pois ele
poderá estar impedindo sua espontaneidade. Partindo desse pressuposto o
professor deve propiciar um espaço agradável de construção do saber. O
educador deve levantar hipóteses, dar oportunidade para que a criança venha
pensar, construir e modificar seu pensamento sobre o mundo que a rodeia.

Vimos as operações do pensamento como: comparação, observação,


classificação e interpretação. A aprendizagem é definida como uma mudança
de comportamento. A partir do momento que a pessoa aprende há uma
mudança de comportamento. Vale ressaltar que mudança de comportamento
não se aplica a aprendizagem cognitiva, mas a todos os aspectos da vida,
como físico, afetivo, social, espiritual entre outros e ocorre do início ao fim da
vida.

Vimos também que o ciclo vital mostra que o desenvolvimento


acontece em fases de modo contínuo. Cada uma delas com suas
especificidades como, por exemplo: de acordo com a idade da criança a

94
presença de profissionais qualificados, materiais pedagógicos de qualidade e
diversidade de conteúdos são fundamentais.

Quem pretende trabalhar com crianças deve conhecer sobre como as


crianças eram tratadas no passado, eram tratadas como seres inferiores, mas
quando cresciam um pouco tinham a responsabilidade de realizar as tarefas
dos adultos, portanto eram consideradas cópias de adultos em miniaturas.

Hoje, a criança através das leis e da educação, tem o direito de ser


criança com liberdade e limite respeitando sua individualidade e o tempo de
cada uma crescer em seu próprio ritmo.

Só há aprendizado quando quem aprende é o sujeito da ação


interagindo com a realidade do mundo que a rodeia. A aprendizagem permite à
criança expressar e desenvolver suas competências e habilidades.

Para que isso ocorra o professor deve manter uma relação de diálogo
com os alunos, assim essa interação proporciona um espaço de construção do
saber. Um dos aspectos mais importantes neste tema é a formação de vínculos
afetivos entre professores e estudantes.

O educador deve despertar a atenção do aluno, facilitar o


estabelecimento e o alcance de seus objetivos de aprendizagem, avaliar de
forma constante e recíproca, estimular discussões e debates e saber acolher
as dúvidas, medos e erros dos aprendentes (e seus também).

É possível que alguém aprenda algo porque é de sua vontade


aprender, mas nem sempre é assim com todas as pessoas. Existem pessoas
que querem aprender, mas não conseguem. Os motivos podem ser variados
como, problemas com a didática, problemas de visão e falta de interesse sobre
aquele determinado assunto, dentre outros. Há elementos que interagem entre
si no processo de aprendizagem como o objeto do aprendizado, a pessoa que
aprende e a aprendizagem e que, bem orientados, podem diminuir as
dificuldades.

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Vimos cinco teorias da aprendizagem: teoria do condicionamento ou
comportamental, teoria da gestalt, teoria de campo, teoria cognitiva e a teoria
fenomenológica.

A teoria do condicionamento ou comportamental tem o comportamento


como objeto de estudo. Essa teoria compreende o comportamento humano
como ação estimulada pelo contexto ou ação que modifica o contexto. Dessa
forma, as respostas ou comportamentos podem ser de dois tipos:
comportamento reflexo e comportamento operante.

O comportamento reflexo é aquele que já nascemos com ele, não


envolve um processo de aprendizagem e comportamento operante é aquele
que produz alterações no ambiente e é afetado por essas alterações. Ambos
os comportamentos podem ser condicionados.

A teoria da gestalt desenvolve uma perspectiva ampla e unificadora do


ser humano, integrando sua humanidade nas dimensões sensoriais, afetivas,
intelectuais, sociais e espirituais.

A teoria de campo é uma das bases teóricas dos estudos sobre


processos grupais. Como na maioria das culturas, a aprendizagem escolar em
nosso país se dá em salas composta por várias pessoas, ou seja, em grupo,
conhecer melhor essa teoria poderá ser útil na atuação dos educadores.

A teoria cognitiva concebe a aprendizagem como soluções de


problemas conforme destacam John Dewey e Jerome Bruner. É por meio da
solução dos problemas do dia-a-dia que os indivíduos se ajustam a seu
ambiente. Da mesma forma deve proceder a escola, no sentido de desenvolver
os processos de pensamento do aluno e melhorar sua capacidade para
resolver problemas do cotidiano.

Com base nos filósofos Edmund Husserl, Merleau-Ponty a teoria


fenomenológica pode nos ajudar a entender a aprendizagem no sentido que: o
objeto de aprendizado não está separado do sujeito; o momento da
aprendizagem é vivencial, ou seja, o sujeito mais do que pensa, ele sente o

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que aprendeu; e o sujeito que aprende não é tão somente alguém que vive no
mundo, mundo o constitui e ele constitui o mundo.

Aprendemos que motivação é uma força interna que indivíduo usa para
realizar aquilo que deseja. Esta força o mobiliza para a ação. Incentivar ou
estimular é qualquer ação externa ao sujeito que poderá ajudá-lo a desenvolver
uma ação. Muitas vezes pessoas são incentivadas, mas não conseguem
alcançar o objetivo esperado. Se o incentivo não fizer o sujeito entrar em
contato com o seu motivo para a ação (motivação), de nada adiantará.

Como estamos falando em aprendizagem, a ação é aprender, o


professor deve conhecer a realidade da pessoa que aprende para criar meios
que facilitem sua aprendizagem, tornando-a prazerosa.

Quanto aos aspectos da motivação na aprendizagem vimos fatores


naturais e necessários como: curiosidade, desejo de atingir os objetivos,
consciência, desejo de destaque, desejo de elogio ou reconhecimento e
diálogo. Neste contexto a motivação positiva refere-se às inclinações positivas
da criança para determinadas atividades saudáveis.

Já a motivação negativa refere-se às inclinações que não são


adequadas à saúde e à proteção da própria criança ou de outras pessoas.
Neste segundo caso, deve haver uma certa atenção e orientação de
profissionais qualificados como psicopedagogos e psicólogos.

Vimos que a psicologia, enquanto ciência humana estuda a mente, o


comportamento das pessoas e se apoia na compreensão de categorias como
sensação, percepção, atenção, inteligência, memória, linguagem,
aprendizagem e emoção.

Os processos psicológicos básicos são organizados em dois tipos de


funções mentais, as inferiores e as superiores. Segundo Levi Vigotsky, as
funções mentais inferiores são a sensação e a percepção e as funções mentais
superiores estão ligadas a interação social, como o pensamento, a linguagem e
a inteligência.

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Há vários tipos de inteligência, destacamos a inteligência emocional e a
inteligência afetiva. A emocional desenvolve habilidade de controlar as
emoções e a inteligência afetiva se coloca como facilitadora do processo de
aprendizagem em todos os aspectos que envolvem o ser. Além de outras
diferenças, a emoção se refere ao sentimento que ocorre de forma ocasional e
passageira, e o afeto é um sentimento mais duradouro advindo da
transformação de alguma emoção.

Cabe ao professor criar situações facilitem a aprendizagem acolhendo


seus alunos sem preconceito e com afeto. Procurado perceber suas
potencialidades e dificuldades, estimulando as primeiras e orientando na
superação das segundas.

O plano de aula é um instrumento importante e indispensável que deve


ser elaborado, evitando a rotina, fixação de respostas prontas. O professor
precisa estimular que seus alunos levantem hipóteses diante de situações
novas sem ensinar-lhes soluções prontas.

O verdadeiro educador provoca desequilíbrios, desafios, mas orienta e


apoia seu aluno e lhe fortalece para que possa desenvolver seu
autoconhecimento, o conhecimento do mundo e a possibilidade de viverem
com autonomia.

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Autoavaliação

1. Comente o pensamento de Rubem Alves sobre aprendizagem. E você, o


que pensa sobre o ato de aprender?

2. Qual a definição mais comum para aprendizagem?

3. Segundo Jean Piaget, quais são os estágios do desenvolvimento do ser


humano? Fale um pouco sobre os processos de assimilação,
acomodação e equilibração.

4. Escreva sobre o pensamento de Erik Erikson sobre aprendizagem e


descreva as oito fases do ciclo vital.

5. Descreva como era vista a infância no passado e como ela é


considerada nos dias de hoje?

6. Descreva a postura que o educador precisa ter em sua prática


educativa.

7. Cite e comente os princípios norteadores do processo


ensino/aprendizagem.

8. A Teoria do Condicionamento ou Comportamental compreende o


comportamento humano como ação estimulada pelo contexto ou ação
que modifica o contexto. Cite e descreva, com suas palavras, os dois
tipos de comportamentos identificados por esta teoria.

9. A Teoria da Gestalt se baseia em vários conceitos para compreender a


aprendizagem: Percepção, insight, relação figura x fundo, visão holística
e humanista. Comente cada um deles.

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10. O que podemos entender sobre Teoria de Campo? Pense e escreva
como ela pode ser usada em uma sala de aula.

11. John Dewey, estudioso da Teoria Cognitiva, apontou seis passos


característicos do pensamento científico. Cite-os fazendo seus
comentários.

12. A Teoria Fenomenológica diz que não há separação entre o sujeito e o


mundo. O que significa isso quando se pensa em aprendizagem?

13. Qual a diferença entre motivação e incentivo/estímulo?

14. Quais são as inteligências destacadas por Howard Gardner (1994)? O


que você entendeu sobre cada uma delas?

15. Qual a diferença de emoção e afetividade?

16. Escreva um pouco sobre o seu processo de aprendizagem neste


módulo. Como você sentiu? Quais dificuldades você encontrou? Como
as superou? Quais as facilidades? Você sente que aprendeu porquê?

100
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