Os Usos Damemoria e Do Patrimonio Cultural Na Sala de Aula
Os Usos Damemoria e Do Patrimonio Cultural Na Sala de Aula
Os Usos Damemoria e Do Patrimonio Cultural Na Sala de Aula
Este artigo abordará a reflexão sobre o uso do patrimônio histórico cultural na aula de
História, especificamente o uso do Relógio central, na cidade de Três Lagoas/MS. A
fundamentação que se objetiva neste artigo se dá pela necessidade e importância acerca da
memória histórica. Uma vez que, monumentos e objetos históricos podem ser utilizados nas
aulas de História, como elementos que remetem à história local ou mesmo a história regional.
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Acadêmica do curso de História do 4º Semestre – Licenciatura da UFMS/CPTL
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Professora adjunta da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, campus de Três Lagoas.
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no ambiente escolar uma possibilidade de leitura da memória coletiva, dos monumentos e das
relações que se estabelecem entre eles, de forma analítica e crítica. Conforme Horta, Grunberg
e Monteiro (1999, p. 6),
Ainda na análise sobre patrimônio cultural, Gonçalves (2002. p.121-122) afirma que:
Assim, relacionar história e memória são elementos presentes nesta análise, pois como
afirma Jacques Le Goff (1994, p 477) a memória, onde cresce a história, que por sua vez a
alimenta, procura salvar o passado para servir o presente e o futuro. Devemos trabalhar de forma
que a memória coletiva sirva para libertação e não para a servidão dos homens. Logo, no
processo de análise e valorização dos monumentos, recorre-se à memória e histórias dos sujeitos
locais, para compreender os processos de identificação, significação que são relacionados ao
monumento. Para Circe Bittencourt (2004, p.168), “a memória é, sem dúvida, aspecto relevante
na configuração de uma história local tanto para historiadores quanto para o ensino”
Jaques Le Goff,3 (1983), aponta ainda a importância do papel da memória nas diferentes
sociedades, já que esta pode atuar em diversas esferas sociais, sejam elas econômicas, políticas
ou culturais, na legitimação de um determinado poder, tradição, ou identidade. Desta maneira,
através do uso do relógio como patrimônio histórico-cultural, pode-se trabalhar com as
diferentes memórias (individual, coletiva e selecionada), num processo em que a “História é
vista como memória social”, como afirma Peter Burke.
Para Horta (1999) há alguns princípios que devem reger a educação patrimonial, para
que seja possível compreender o processo permanente e sistemático do trabalho educacional,
que utiliza o patrimônio cultural como fonte primária de conhecimento e enriquecimento
individual e coletivo.
O ensino da história local a partir do estudo do patrimônio cultural deve acentar-se nas
diversas memórias disseminadas nos mais diferenciados sujeitos sociais para que se possa
apreender delas as diversas versões e olhares que a experiência histórica local se fundamenta e
se constitui, não devendo, sob pena de cair na homogeneidade histórica concebida pela
concepção “oficial” de memória e história e tão cara às gerações de nossos pais, está alicerçada
na visão dominante de apenas um segmento da sociedade ou de determinados indivíduos que
tomaram para si a alcunha de “autênticos repositórios” da memória social.
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De acordo com Barca (2004), nesse modelo de aula o professor terá que assumir-se
como investigador social, para assim adquirir informações sobre o mundo conceitual dos
alunos, não para julgá-los, mas para auxiliá-los na compreensão dos problemas históricos. O
professor, terá o trabalho de desenvolver e organizar atividades intelectualmente desafiadoras
que tendem a problematizar o conhecimento histórico.
Jacques Le Goff em seu livro “História e Memória” faz uma discussão sobre as
diversas formas de produção histórica no decorrer dos tempos, apresentando a questão da
relação “monumento e documento”.
O relógio central de Três Lagoas foi construído em 1936, e é conhecido como o Senhor
do Tempo. Com dez metros de altura é considerado patrimônio histórico três-lagoense, e fica
localizado exatamente no centro da cidade. Relacionando as questões conceituais com este
monumento da cidade transformado em documento histórico, podemos destacar a sua
importância como parte de Três Lagoas, o seu valor identitário local, e sua autenticidade
enquanto documento, documento o qual é um produto da sociedade que o criou. Sendo assim,
“a história é o que transforma os documentos em monumentos”. (LE GOFF, 1990, p. 536)
A partir de então, o professor apresentará aos alunos uma imagem do relógio da década
de sua implantação, a qual se encontra no Núcleo de Documentação Histórica Honório de Souza
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Fonte: Núcleo de Documentação Histórica Honório de Souza Carneiro. Praça da bandeira - Ônibus da Camargo
Correia . Núcleo de Documentação Histórica Honório de Souza Carneiro. 2013. Disponível em:
<http://www.cptl.ufms.br/hist/ndhist/imagens/Digitalizados/img34.jpg>. Acesso em: 15 de outubro. 2013
Como trabalho final, vale ao professor solicitar aos educandos uma redação contando
como foi a experiência de conhecer melhor a história de sua cidade, relatando sobre as
entrevistas e o que modificou seu pensamento depois desta atividade.
Com trabalhos assim é que construímos uma memória histórica mais ativa nas nossas
crianças, fazendo-as pesquisar e ir a fundo, tornando-os objetos da história.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
OLIVEIRA, Almir Félix Batista de. Patrimônio, memória e ensino de história. In.
OLIVEIRA, Margarida Maria Dias de; CAINELLI, Marlenne Rosa; OLIVEIRA, Almir Félix
Batista de.(Org.). Ensino de história: múltiplos ensinos em múltiplos espaços. Natal/RN:
EDFURN, 2008.