2 Ano Ensino Medio

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A Segunda Geração

Modernista brasileira:
poesia
Contexto histórico
 1930 – inauguração de um novo período no
Brasil.
- desgaste da política do café com leite;
- Tenentismo e Coluna Prestes;
- crise política das oligarquias;
- quebra da Bolsa de Nova York;
 Início da Era Vargas (1930 a 45)
- busca da conciliação entre os setores agrários e
urbanos.
 Acentuação da tendência à industrialização.
- modernização dos engenhos açucareiros;
 Busca de novos caminhos : filosóficos, sociais,
políticos, existenciais.
Características
 Início: Publicação de Alguma Poesia (Carlos
Drummond de Andrade, em 1930).
Encerramento: 1945.
 Versos livres;
 Liberdade temática;
 Introdução do prosaico, do coloquial e do irônico
no contexto poético;
 Antiacademicismo;
 Engajamento do escritor nas questões do seu
tempo

Características tanto dos poetas da Primeira Geração


Modernista quanto dos poetas de 30,
como Carlos Drummond de Andrade e Murilo Mendes
Características
A Geração de 30:
 Inserção das conquistas e reivindicações da 1ª Geração
Modernista agora com mais amadurecimento em termos
de assimilação do Modernismo.
 Conciliação de elementos da tradição com os novos
tempos.
 Mudança de enfoque quanto à temática nacionalista de
22. A consciência da nacionalidade desenvolve-se e torna-
se uma consciência social mais ampla, que situa a questões
regionais e locais em um contexto universalista.
 Surge a consciência de que a problemática do mundo em
que vivemos é de natureza política, ligada ao capitalismo
(com suas desigualdades e contradições) e a poesia, a arte
precisam denunciar.
 Poetas de cosmovisão – possuem aguda percepção
do tempo em que vivem e da necessidade de
transformá-lo, pelos caminhos escolhidos pela
sensibilidade poética.
 Conclusão: a poesia da Geração de 30 substitui o
caráter radicalmente demolidor da 1ª Geração por
uma perspectiva construtiva, que valoriza o passado
e, ao mesmo tempo, preserva, aprofunda e
amadurece as conquistas de 22.

CONCILIAÇÃO CONSTRUÇÃO

UNIVERSALISMO
Principais poetas da Segunda Geração
Modernista
Carlos Drummond de Andrade,
o poeta da escavação do real
 A mais viva expressão entre a Geração de 22 e a de 30.
 Trajetória poética dividida em três fases.
POEMA DE SETE FACES
Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.

O bonde passa cheio de pernas:


pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus,
pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.

O homem atrás do bigode


é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.
Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.

Mundo mundo vasto mundo,


se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.

Eu não devia te dizer


mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.

Carlos Drummond de Andrade.


Alguma poesia (1930)
POEMA DE SETE FACES
Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra Fragmentação da realidade,
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida. reconstruída como um
poliedro de sete faces, que são
As casas espiam os homens as sete estrofes;
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul, Texto descontínuo, caótico,
não houvesse tantos desejos. apresentando pequenos
quadros, como flashes
O bonde passa cheio de pernas:
instantâneos das vivências do
pernas brancas pretas amarelas.
sujeito lírico.
Para que tanta perna, meu Deus,
pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.
Características da estrutura
O homem atrás do bigode
estético-formal que aproxima o
é sério, simples e forte.
poema do Cubismo.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.
POEMA DE SETE FACES
Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
As casas espiam os homens Refere-se ao nascimento
que correm atrás de mulheres. do poeta. Um anjo o
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.
condena a ser gauche
(desajeitado,
O bonde passa cheio de pernas: inadequado) na vida.
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus,
pergunta meu coração. Diferentemente dos
Porém meus olhos anjos convencionais,
não perguntam nada. belos e luminosos, esse
O homem atrás do bigode
anjo é torto e vive nas
é sério, simples e forte. sombras.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.
POEMA DE SETE FACES
Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
A partir da 2ª estrofe, o
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
mundo vai sendo descrito
As casas espiam os homens também como “torto”, isto é,
que correm atrás de mulheres. desencontrado: homens e
A tarde talvez fosse azul, mulheres se desejam,
não houvesse tantos desejos. provavelmente sem se
encontrar, e as pessoas se
O bonde passa cheio de pernas: mostram fragmentadas,
pernas brancas pretas amarelas. vistas em movimento.
Para que tanta perna, meu Deus,
pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada. Esse cenário se apresenta por
meio de METONÍMIA
O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.
POEMA DE SETE FACES
Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres. Surge a imagem de um
A tarde talvez fosse azul,
homem solitário (o eu
não houvesse tantos desejos.
poético) e quase sem
O bonde passa cheio de pernas: amigos, escondido atrás
pernas brancas pretas amarelas. de uma máscara (óculos e
Para que tanta perna, meu Deus, bigode) de seriedade que
pergunta meu coração. o converte em estereótipo
Porém meus olhos do respeito e da
não perguntam nada.
incomunicabilidade.
O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.
Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.

Mundo mundo vasto mundo,


se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução. Nesse mundo de
Mundo mundo vasto mundo, aparências, o sujeito
mais vasto é meu coração. poético, na quinta estrofe,
apela para Deus, embora
Eu não devia te dizer de antemão se saiba
mas essa lua
mas esse conhaque abandonado.
botam a gente comovido como o diabo.

Carlos Drummond de Andrade.


Alguma poesia (1930)
Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.

Mundo mundo vasto mundo,


se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração. Esta estrofe sintetiza a
postura irônica e
Eu não devia te dizer desencantada do sujeito
mas essa lua poético em relação ao
mas esse conhaque mundo, à poesia e ao
botam a gente comovido como o diabo. próprio sentimento.

Carlos Drummond de Andrade.


Alguma poesia (1930)
Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.

Mundo mundo vasto mundo,


se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.Lembram o Romantismo,
Mundo mundo vasto mundo, dominado pela
mais vasto é meu coração. subjetividade e
sentimentalismo, em que o
Eu não devia te dizer mundo real não importa,
mas essa lua mas as reações
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo. emocionais, o coração, do
indivíduo.

Carlos Drummond de Andrade.


Alguma poesia (1930)
Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus Proximidade com o
se sabias que eu era fraco.
“poema-piada” e
utilização de linguagem
Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo coloquial e prosaica.
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.

Eu não devia te dizer


mas essa lua Recursos típicos da
mas esse conhaque primeira geração
botam a gente comovido como o diabo. modernista interrompem,
ironicamente, o fluxo
lírico iniciado na 5ª
Carlos Drummond de Andrade.
Alguma poesia (1930)
estrofe.
Mundo grande
Não, meu coração não é maior que o mundo.
É muito menor.
Nele não cabem nem as minhas dores.
Por isso gosto tanto de me contar.
Por isso me dispo,
por isso me grito,
por isso frequento os jornais, me exponho cruamente nas livrarias:
preciso de todos.

Meus amigos foram às ilhas.


Ilhas perdem o homem.
Entretanto alguns se salvaram e
trouxeram a notícia
que o mundo, o grande mundo está crescendo todos os dias,
entre o fogo e o amor.

Então, meu coração também pode crescer.


Entre o amor e o fogo,
entre a vida e o fogo,
meu coração cresce dez metros e explode.
-Ó, vida futura! Nós te criaremos.
Carlos Drummond de Andrade.
Sentimento do mundo (1930)
Mundo grande
Não, meu coração não é maior que o mundo.
É muito menor.
Nele não cabem nem as minhas dores. Ecoa o poema pré-
Por isso gosto tanto de me contar. romântico de Tomás
Por isso me dispo, Antônio Gonzaga
por isso me grito,
por isso frequento os jornais, me exponho cruamente nas livrarias:
preciso de todos.

Meus amigos foram às ilhas.


Ilhas perdem o homem.
Entretanto alguns se salvaram e
trouxeram
Eu a notícia
tenho um coração maior
que o mundo, o grande mundo estáque o mundo,
crescendo todos os dias,
entre otu
fogo e o amor.
formosa, Marília, bem o sabes;
Um coração, e basta,
Então, meu
Ondecoração
tu mesmatambém
cabes pode crescer.
Entre o amor e o fogo, Tomás Antônio Gonzaga
entre a vida e o fogo,
meu coração cresce dez metros e explode.
-Ó, vida futura! Nós te criaremos.
Carlos Drummond de Andrade.
Sentimento do mundo (1930)
Mundo grande
Não, meu coração não é maior que o mundo.
É muito menor.
Nele não cabem nem as minhas dores.
Por isso gosto tanto de me contar. Características formais:
Por isso me dispo,
por isso me grito,
assim como
por isso frequento os jornais, me exponho cruamente naso livrarias:
“Poema
preciso de todos. de sete faces” os versos
são livres e a estrofação
Meus amigos foram às ilhas. irregular.
Ilhas perdem o homem.
Entretanto alguns se salvaram e Contudo, não apresenta
trouxeram a notícia a fragmentação da
que o mundo, o grande mundo está crescendo todos os dias,
entre o fogo e o amor. realidade em pequenos
quadros instantâneos,
Então, meu coração também pode crescer.típica do movimento
Entre o amor e o fogo, cubista.
entre a vida e o fogo,
meu coração cresce dez metros e explode.
-Ó, vida futura! Nós te criaremos.
Carlos Drummond de Andrade.
Sentimento do mundo (1930)
Mundo grande
Não, meu coração não é maior que o mundo.
É muito menor.
Nele não cabem nem as minhas dores.
Por isso gosto tanto de me contar.
Por isso me dispo,
por isso me grito, Não há individualismo, nem
por isso frequento os jornais, me exponho cruamente nas livrarias:
recusa à expressão dos
preciso de todos.
sentimentos.
Meus amigos foram às ilhas.
Ilhas perdem o homem. O eu lírico afirma que a vida
Entretanto alguns se salvaram e será melhor na medida em que
trouxeram a notícia o coração (os sentimentos)
que o mundo, o grande mundo está crescendo todos os dias,
entre o fogo e o amor. cresça tanto que abarque o
mundo.
Então, meu coração também pode crescer.
Entre o amor e o fogo,
entre a vida e o fogo,
meu coração cresce dez metros e explode.
-Ó, vida futura! Nós te criaremos.
Carlos Drummond de Andrade.
Sentimento do mundo (1940)
Mundo grande
Não, meu coração não é maior que o mundo.
É muito menor.
Nele não cabem nem as minhas dores.
Por isso gosto tanto de me contar.
Por isso me dispo,
por isso me grito,
por isso frequento os jornais, me exponho cruamente nas livrarias:
preciso de todos. ANTÍTESES. Podem se referir à
época em que o poema foi
Meus amigos foram às ilhas. escrito, a Segunda Guerra
Ilhas perdem o homem. Mundial. No contexto, o fogo
Entretanto alguns se salvaram e significa destruição, ódio,
trouxeram a notícia
morte, contrastando
que o mundo, o grande mundo está crescendo com o
todos os dias,
entre o fogo e o amor. amor, a vida.

Então, meu coração também pode crescer.


Entre o amor e o fogo,
entre a vida e o fogo,
meu coração cresce dez metros e explode.
-Ó, vida futura! Nós te criaremos.
Carlos Drummond de Andrade.
Sentimento do mundo (1940)
Mundo grande
Não, meu coração não é maior que o mundo.
É muito menor.
Nele não cabem nem as minhas dores.
Por isso gosto tanto de me contar.
Por isso me dispo,
por isso me grito, Mostra que o sujeito lírico
por isso frequento os jornais, me exponho cruamente nas livrarias:
antevê a criação de uma vida
preciso de todos.
melhor e mais humana, por
Meus amigos foram às ilhas. meio da luta entre os
Ilhas perdem o homem. opostos: de um lado a
Entretanto alguns se salvaram e
trouxeram a notícia guerra, a destruição, a morte;
que o mundo, o grande mundo está crescendo todos
de outro, os dias, o
a esperança,
entre o fogo e o amor. amor, a vida.
Então, meu coração também pode crescer.
Entre o amor e o fogo,
entre a vida e o fogo,
meu coração cresce dez metros e explode.
-Ó, vida futura! Nós te criaremos.
Carlos Drummond de Andrade.
Sentimento do mundo (1940)
Mundo grande
Não, meu coração não é maior que o mundo.
É muito menor.
Nele não cabem nem as minhas dores.
Por isso gosto tanto de me contar.
Por isso me dispo,
por isso me grito,
por isso frequento os jornais, me exponho cruamente nas livrarias:
preciso de todos.

Meus amigos foram às ilhas.


Ilhas perdem o homem. CONCLUSÃO:
Entretanto alguns
Na 2ª Geração se salvaram
Modernista, o epoeta se propõe a fazer uma poesia
trouxeram a notícia
que oparticipe
que mundo, o diretamente da realidade,
grande mundo buscando
está crescendo transformá-la
todos os dias,
entre o fogo e o amor.
para que se torne mais digna e humana.

Então, meu coração também pode crescer.


Entre o amor e o fogo,
entre a vida e o fogo,
meu coração cresce dez metros e explode.
-Ó, vida futura! Nós te criaremos.
Carlos Drummond de Andrade.
Sentimento do mundo (1940)
Primeira fase
“mundo mundo vasto mundo/
mais vasto é meu coração”

 Eu > que o mundo. (fase “gauche”)


 Sente-se um ―gauche‖, um desajeitado.
 Desencanto em relação ao mundo.
 Expressa o ―orgulho mineiro‖.
 Poesia concentrada no homem.
 Ironia e humor (que não faz rir).
 Emoção contida, represada.
 Poema de sete faces.

Pessimismo, isolamento, individualismo


e reflexão existencial.
Segunda fase
“mundo mundo vasto mundo/ Se eu me chamasse
Raimundo/ Seria uma rima, não seria uma solução”
 Eu = mundo. (fase social)
 Sente-se abandonado por Deus, sem ilusões ou devaneios,
resolvido a enfrentar o mundo: ―a pedra no meio do caminho‖.
 É o real a sua escolha.
 Ausência de sentido: ―E agora, José?/Você marcha, José!/ José,
para onde?‖
 Consciência da solidão e falta de opções.
 Para o poeta, é preciso unir poesia e vida, homem e mundo,
sonho e realidade, sem deixar de perceber a ―pedra no meio
do caminho‖.
 Desafio maior do poeta: jamais se permitir escapar do real e, ao
mesmo tempo, jamais deixar de ser poeta.

Vontade do poeta de participar e tentar transformar o


mundo. O poeta se solidariza com os problemas do mundo.
Terceira fase
“Não, meu coração não é maior que o mundo./
É muito menor”

 Coração < mundo (poesia filosófica e tempo das


memórias.
 Maturidade humana e poética singular.
 Temas: iniquidades do sistema capitalista, questões
sociais e políticas deflagradas pela guerra,
metalinguagem poética (depuração técnica e
refinamento poética).
 Obra: ―A rosa do povo‖ (1945)

Temas de preocupação universal como a vida e a morte.


Recordações da infância e da família.
No meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento


na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
DE MÃOS DADAS
Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.

Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,


não direi os suspiros
Um ao dos
anoitecer,
poemas a paisagem
mais vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
conhecidos
não fugirei para as ilhas nem de
sereiDrummond.
raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria,
Discute do tempo
o fazer presente,
poético e a os homens
presentes,
a vida presente.
relação do poeta com o
mundo.
DE MÃOS DADAS
Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.

Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,


não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, do tempo presente, os homens
presentes,
a vida presente.
DE MÃOS DADAS
Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.

Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,


não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
Parte de “Sentimento do
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.
Mundo” (1940).
O tempo é a minha matéria, do tempo presente, os homens
presentes, Poemas com visão pessimista
a vida presente. da realidade
DE MÃOS DADAS
Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.

Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,


não direi os suspiros
Chamaaoaanoitecer,
atenção aapresença
paisagemdavista da janela,
não distribuireiideia
entorpecentes ou cartas decom
do COMPROMISSO suicida,
o
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.
outro. Em um mundo de
O tempo é a minha matéria, do tempo presente, os homens
presentes, destruição os homens não devem
a vida presente.
se ausentar, mas, sim, “alimentar-
se de esperanças”.
DE MÃOS DADAS
Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.

Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,


não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas
Versos nemproximidade
livres, serei raptado com
por serafins.
a
O tempo é a minha matéria,característica
fala comum, do tempo presente,
típica os homens
presentes, da Primeira Geração Modernista.
a vida presente.
CONGRESSO INTERNACIONAL DO MEDO

Provisoriamente não cantaremos o amor,


que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio, porque este não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte.
Depois morreremos de medo
e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.
QUADRILHA
João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para o Estados Unidos, Teresa para o
convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto
Fernandes
que não tinha entrado na história.
O que é a lírica moderna?
 O lirismo moderno é aquele em que o poeta ―está preso
à vida‖, não pode deixar de enfrentá-la, porque lhe é
necessário denunciar as suas contradições, suas
desigualdades.
 Há preocupação com o social.
 Obras engajadas.

Características de Drummond que o destacam como um


grande poeta do lirismo moderno:
 A sobriedade
 O humor discreto
 A ironia fina
 A contenção emocional
 A clareza inflexível na percepção minuciosa do real.
Vinícius de Moraes,
o poeta de Eros

 Exploração da musicalidade;
 Poesia inicial marcada pelo simbolismo e elementos
religiosos;
 Mudança para uma perspectiva material da existência;
 Temas: relações amorosas e relação do homem com a
morte;
 Poesia sentimental, delicada, sensorial, ―erótica‖
(paixão);
 SONETO (Camões brasileiro);
 MPB, um dos criadores da Bossa Nova;
 PRINCIPAIS ORBRAS: ―O caminho para a distância,
―Poemas, sonetos e baladas‖ e ―Para viver um grande
amor‖.
SONETO DA FIDELIDADE
De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento


E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure


Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):


Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

Vinicius de Moraes
Cecília Meireles,
a poeta das essências delicadas e sutis
 Sensibilidade alinhada a um misticismo religioso (filosofias
religiosas orientais);
 TEMAS: efemeridade da vida e fragilidade do ser;
 Busca da perenidade no impalpável, no transcendente, no
metafísico;
 Exploração de efeitos de musicalidade e espontaneidade;
 Captação do efêmero, do transitório, da passagem da vida
e do tempo;
 Literatura infantil;
 Linguagem com fortes elementos simbolistas;
 Versos curtos, musicais, imagéticos.
 PRINCIPAL OBRA: ―Romanceiro da Inconfidência‖ – obra
lírico-épica, recriação literária dos personagens e
acontecimentos históricos da Inconfidência Mineira, crítica
social ao tema em tom de lamento, de contemplação
indignada.
MOTIVO
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.

Cecília Meireles
LUA ADVERSA

Tenho fases, como a lua.


Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha.
E roda a melancolia
Fases que vão e vêm, seu interminável fuso!
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário Não me encontro com ninguém
inventou para meu uso. (tenho fases como a lua...)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu...
Renova-te.
Renasce em ti mesmo.
Multiplica os teus olhos, para verem mais.
Multiplica-se os teus braços para semeares tudo.
Destrói os olhos que tiverem visto.
Cria outros, para as visões novas.
Destrói os braços que tiverem semeado,
Para se esquecerem de colher.
Sê sempre o mesmo.
Sempre outro. Mas sempre alto.
Sempre longe.
E dentro de tudo.
Murilo Mendes,
a poeta surrealista
 Escritor multifacetado;
 Trânsito entre o humor da 1ª Geração Modernista para
textos experimentais;
 Elemento-chave: encontro entre Surrealismo e religião;
 Abordagem do universo onírico e alucinatório;
 Linguagem com predomínio da plasticidade;
 Poemas de grande apelo visual;
 Poeta cósmico e social, místico e erótico (tensão entre o
profano e o sagrado;
 Liberdade criativa, um poeta inspirador, dono de um
estilo provocativo.
 PRINCIPAIS OBRAS: Poemas, História do Brasil, Tempo e
eternidade, O Visionário, Mundo enigma.
Pré-história

Mamãe vestida de rendas


Tocava piano no caos.
Uma noite abriu as asas
Cansada de tanto som,
Equilibrou-se no azul,
De tonta não mais olhou
Para mim, para ninguém!
Cai no álbum de retratos.
Murilo Mendes
Mário Quintana,
o poeta da simplicidade
 Temas do cotidiano.
 Reflexões sobre o tempo, o passado e a morte.
 Lirismo ao mesmo tempo encantador, realista e crítico.
 Ternura, melancolia, intimismo, misticismo, humor irônico
(para disfarçar o sentimentalismo), nostalgia da infância,
de pureza - são os motivos de seu mundo poético.
 Profundo humanismo (no conteúdo) e ―difícil
simplicidade‖ (na forma).

Em uma aparente ingenuidade formal


se esconde uma rede de sentidos, elipses,
alusões, sutilezas verbais e rítmicas
que revelam a grandeza desse poeta.
O TEMPO
A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando de vê, já é sexta-feira!
Quando se vê, já é natal...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê passaram 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado...
Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o
relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca
dourada e inútil das horas...
Seguraria o amor que está à minha frente e diria que eu o amo...
E tem mais: não deixe de fazer algo de que gosta devido à falta
de tempo.
Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz.
A única falta que terá será a desse tempo que, infelizmente,
nunca mais voltará.
POEMINHO DO CONTRA
Todos esses que aí estão
Atravancando meu caminho,
Eles passarão...
Eu passarinho!
TIC-TAC
Esse tic-tac dos relógios
é a máquina de costura do
Tempo
a fabricar mortalhas.

DAS UTOPIAS
Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos, se não fora
A presença distante das estrelas!
ESPERANÇA
Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se
E — ó delicioso voo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na
calçada,
Outra vez criança…
E em torno dela indagará o povo:
— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA…
OS POEMAS

Os poemas são pássaros que chegam


não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam voo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem. E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti…
PEQUENO ESCLARECIMENTO

Os poetas não são azuis nem nada, como


pensam alguns supersticiosos, nem sujeitos a
ataques súbitos de levitação. O de que eles
mais gostam é estar em silêncio - um silêncio
que subjaz a quaisquer escapes motorísticos e
declamatórios. Um silêncio... Este impoluível
silêncio em que escrevo e em que tu me lês.

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