CONTESTAÇÃO
CONTESTAÇÃO
CONTESTAÇÃO
COMARCA DE
PROCESSO Nº XXXXX.XXXXXX-XX
CONTESTAÇÃO
Assim, o autor procura a gerente de Pessoas Jurídicas que lhe oferece o produto
denominado Empréstimo Capital de Giro Satãder, produto este destinado a pequenos e
médios negócios e, que, consiste numa aplicação de R$50.000,00 (cinquenta mil reais), mais
um cartão de crédito com tarifas e anuidades, taxas de juros compatíveis com o mercado e
prazos para pagamento confortáveis. Dessa forma, após um longo período de esclarecimentos
sobre o produto, bem como, dos termos presentes no contrato, o Sr. Alberto analisa a
proposta e a aceita, adquirindo o produto após a assinatura de contrato eletrônico em 3 (três)
vias.
DA TEMPESTIVIDADE
Oportuno esclarecer, inicialmente, que a presente defesa é tempestiva, uma vez que
esta foi realizada dentro do prazo 15 dias úteis para a sua apresentação, como dispõe o art.
355, CPC.
DAS PRELIMINARES
Como é de conhecimento, o art. 336, CPC, dispõe que o réu deve alegar em sede de
contestação toda a matéria de defesa, sob risco de preclusão. Isto significa que, caso não seja
alegado em momento oportuno ele não poderá mais fazê-lo e por este motivo, o réu deve
expor tanto as razões de fato quanto às razões de direito para impugnar o pedido do autor.
Nesse sentido, o art. 337 e seus incisos, trazem as chamadas preliminares da
contestação, que em sua maioria, são alegações de ordem formal, que podem tanto extinguir
o processo quanto dilatá-lo no tempo, e como o nome mesmo revela, elas devem ser alegadas
antes da discussão do mérito. As preliminares da contestação, no entanto, podem ser de duas
naturezas, peremptórias, que levam à extinção do processo e as dilatórias, ou seja, que
dilatam o processo no tempo.
Assim, como pode ser observado, a petição inicial deve indicar o fato e o fundamento
jurídico do pedido ( art. 282, III, CPC), ou seja, ela deve explicar o porquê do pedido, de
forma que os fundamentos constantes na inicial devem demonstrar de que forma estes
caracterizam o interesse processual imediato, a violação do direito que se está pleiteando em
juízo. Isto significa que o fundamento jurídico é o embasamento que o ordenamento jurídico
dá àquele fato alegado. Dessa forma, temos que o pedido é sempre conclusivo da narrativa
feita, mas não se confunde com os seus fundamentos jurídicos.
Isto posto, considerando que a presente petição não apresenta nexo de causalidade
entre os fatos constitutivos do pedido e a fundamentação jurídica, bem como, apresenta
pedidos genéricos, em atendimento ao disposto no art. 330, I, II, CPC, deve ser reconhecida a
inépcia da inicial sendo declarada extinta a presente ação sem a resolução do mérito.
DO MÉRITO
Nesta secção serão arguidos os fatos e fundamentos jurídicos relativos ao mérito da
lide, caso não seja admitida a preliminar.
Nas operações bancárias como mútuos, descontos, fianças entre outros, o Código de
Defesa do Consumidor é inaplicável, mesmo porque é impossível que o dinheiro ou o crédito
sejam usados por um destinatário final, pois é notório que os valores monetários, por sua
própria natureza, destinam-se à circulação.
Nesse sentido é a lição de Arnoldo Wald, “in verbis“: “A lei também não se aplica às
operações de empréstimos e outras análogas realizadas pelos Bancos, pois o dinheiro e o
crédito não constituem produtos adquiridos ou usados pelo destinatário final, sendo, ao
contrário, instrumento ou meio de pagamento, que circulam na sociedade e em relação aos
quais não há destinatário final a não ser os colecionadores de moedas e o Banco Central,
quando retira a moeda de circulação.”
Como se vê, a Autora não utilizou dos recursos captados junto ao Réu como
destinatária final deles (art. 2° do CDC), e sim como meio para aquisição de bens essenciais
ao desenvolvimento de sua atividade econômica. Consoante os ensinamentos de CLÁUDIA
LIMA MARQUES a característica predominante contida na norma legal em análise, é a sua
restrição quanto à abrangência do termo “destinatário final“.
DA VIGÊNCIA CONTRATUAL
Nesse sentido, cumpre esclarecer que o contrato firmado foi assinado pelas partes, e,
em não sendo objeto de coação, erro ou dolo, o instrumento firmado entre as partes foi
legalmente constituído, de forma que a alegação da parte autora sobre a unilateralidade da
ação do banco não se sustenta.
Além disso, Excelência, é importante ressaltar que no presente caso, é a parte autora
que procura o banco a fim de adquirir um empréstimo e é somente após os esclarecimentos
dos termos constantes no contrato, bem como, a avaliação por parte da autora quanto a
viabilidade do contrato para sua realidade financeira que esta adquire o empréstimo. Assim,
em razão da natureza do pacto celebrado entre as partes, o autor sempre teve conhecimento
de sua obrigação em adimplir com as faturas do cartão, bem como, com as parcelas do
empréstimo e, no entanto, escolheu não fazê-lo.
Dessa forma, considerando que a parte autora tendo conhecido detalhadamente sobre
os termos constantes no contrato e manifestado sua vontade através da assinatura do contrato,
não há que se falar em vício contratual, de forma que este encontra-se plenamente válido e
apto a produzir seus efeitos.
Ocorre, entretanto, que como comprovado em inicial, a parte autora tinha pleno
conhecimento dos termos presentes no contrato, e é só após a análise quanto à viabilidade do
contrato para sua realidade financeira que o autor celebra o contrato. Dessa forma, vemos que
há uma concordância da parte autora quanto aos termos do contrato, de forma que não pode,
em hipótese alguma, alegar a existência de unilateralidade do banco na ação de transferência
do saldo presente na conta corrente.
No contrato celebrado entre as partes resta claro que em caso de não pagamento da
fatura na data de seu vencimento ou cancelamento do cartão por inadimplemento, há a
autorização para que o emissor do cartão possa debitar da conta-corrente do titular do cartão
o valor mínimo correspondente aos gastos por ele efetuados, caso haja saldo para tanto. Em
não havendo saldo, prevê, ainda, aludido pacto, a possibilidade do débito ser feito de forma
parcelada, de acordo com o saldo existente na conta do titular, até que atinja o valor do débito
mínimo, ou dos gastos totais.
Nesse sentido, esclarecemos que essa operação de débito direto do valor mínimo da
fatura consiste em uma ferramenta utilizada apenas quando o cliente não realiza, por conta
própria, o pagamento do montante devido no prazo contratual assinalado, sequer do valor
mínimo expressamente acordado para manter o fluxo do contrato de cartão de crédito.
Convém esclarecer ainda que a quantia retirada pelo banco equivale ao pagamento mínimo
das faturas atrasadas pelo autor, de forma que a prática do pagamento mínimo como opção do
titular do cartão é reconhecida como válida pelo Banco Central do Brasil desde a edição da
Resolução nº 3919/2010.
Dessa forma vemos que não há que se falar em abusividade da cláusula constante no
contrato firmado entre as partes.
Segundo Carlos Roberto Gonçalves, Dano moral é o que atinge o ofendido como
pessoa, não lesando seu patrimônio. É lesão de bem que integra os direitos da personalidade,
como a honra, a dignidade, a intimidade, a imagem (…) e que acarreta ao lesado (…) tristeza,
vexame e humilhação (…) (GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, volume
4: responsabilidade civil – 7. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2012, versão digital, p. 353) ”.
Nesse sentido convém esclarecer que, enquanto na tutela de urgência busca-se inibir
qualquer dano que a demora na prestação da tutela jurisdicional possa causar, seja por via
assecuratória (tutela cautelar) ou via antecipatória (tutela antecipada), na tutela de evidência,
busca-se conceder um direito incontroverso da parte.
O art. 300, CPC esclarece que a tutela de urgência será concedida quando houver
elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou de risco ao
resultado útil do processo, uma vez que pauta-se na necessidade da prestação da tutela
jurisdicional evitar um prejuízo à parte. Dessa forma, considerando que o autor baseia-se em
premissas não comprovadas como se fossem fatos incontroversos, bem como, justifica seu
interesse em fundamentos genéricos e abstratos, deve ser afastada a tutela provisória do
presente caso.
DOS PEDIDOS
Advogado
OABRJ nºXXXXXXXXX