Modelo Fraude Energia Elética
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II - DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA
Afirma a Demandante que, ao entrar no aplicativo da CELPE pelo seu celular, deparou-
se com diversos contratos em seu nome junto à acionada. Ao realizar a pesquisa de dívidas em
cada contrato, surpreendeu-se com débitos exorbitantes em seu nome, os quais, nunca teve
ciência, totalizando o montante de aproximadamente R$ 26.948,03 (Vinte e seis mil, novecentos
e quarenta e oito reais e três centavos) em contas em aberto, demonstrado no vídeo instrutório
em anexo.
Assim, desesperada a parte autora informou que não realizou nenhuma contratação, e
que DESCONHECE A ORIGEM DESSE CONTRATO, e solicitou que fossem canceladas as
dívidas, bem como, os contratos em seu nome. Entretanto, a acionada permanece inerte e
continua a realizar cobranças indevidas a autora.
Dessa forma, percebe-se a má-fé da Requerida em realizar um contrato que jamais foi
contratado, bem como, realizar diversas cobranças à parte autora. Logo, não restam dúvidas
acerca da má procedimentabilidade da acionada.
Por fim, é necessário ressaltar, que a requerente por inúmeras vezes tentou resolver o
problema administrativamente, contudo, a acionada sempre se exime de sua responsabilidade.
Por este motivo, com a certeza de que foi lesada em seus direitos personalíssimos
pela empresa-Demandada, vem, a Demandante, bater as portas do Poder Judiciário para ser
declarado a inexistência do débito e ser indenizado como de JUSTIÇA!
A pretensão da parte autora tem guarida em lei e jurisprudência, conforme se
demonstrará a seguir.
IV – DO DIREITO
Logo, o direito a ser aplicado na espécie é o presente no CDC, não havendo dúvidas a
este respeito.
“O conflito entre as partes está na incerteza da relação jurídica, que a ação visa a
desfazer, tomando certo aquilo que é incerto, desfazendo a dúvida em que se encontram as
partes quanto a relação jurídica. A ação meramente declaratória nada mais visa do que a
declaração da existência ou inexistência de uma relação jurídica. Basta a declaração da
existência ou inexistência da relação jurídica para que a ação haja atingido sua finalidade”.
In casu, a requerente visa demonstrar que jamais realizou qualquer tipo de contrato
com a requerida, não tendo dado causa, bem como não contribuído para a ocorrência do evento
danoso, sendo a mesma inteiramente responsável por sua conduta negligente, já que é indevida
toda e qualquer cobrança, visto que jamais foi solicitado/contratado o serviço da CELPE pela
parte autora.
Com a complexidade cada vez maior das relações contratuais, decorrente da evolução
das relações sociais e dos meios de comunicação, o operador do Direito deve, cada vez mais,
empregar a extensão dos efeitos das normas constitucionais às relações privadas.
A primeira norma constitucional a ser apontada como objeto de ofensa por ato do réu é
a dignidade da pessoa humana (Art. 1º, III, da CF).
A dignidade da pessoa humana confere uma proteção ao indivíduo que vai muito além
do plano da eficácia, mas deve atingi-lo em palco de efetividade (eficácia social), neste último
aspecto, especialmente, perante outros particulares. Isto é, não só o Estado possui o dever de
observância deste fundamento da República, mas também o próprio particular.
Não é difícil perceber que houve uma prestação defeituosa do serviço, com falha na
segurança do seu “modo de fornecimento”, não sendo verificada de forma correta a possível
documentação acostada ao, também, possível instrumento contratual, se é que existente.
Por este motivo, deve ser declarado inexistente o contrato realizado entre a parte
autora e a acionada, bem como, deve ser determinado que a acionada realize o cancelamento
de todos os débitos emitidos em nome da autora referentes ao contrato em questão.
A Constituição Federal protege a honra, dignidade, imagem e bom nome dos cidadãos,
o que se pode extrair principalmente da análise do inciso X do seu art. 5º, segundo o qual “são
invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a
indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”.
Sobre o tema, Carlos Roberto Gonçalves leciona que o dano moral decorre do
sentimento de dor, angústia, desgosto, aflição e humilhação que sofre a vítima de um efeito
danoso. Para sua configuração, o autor entende ser necessária a reunião de três elementos,
quais sejam: a conduta ilícita do ofensor, a ocorrência de um dano, e o nexo de causalidade
entre a conduta e a lesão.
Neste sentido, conforme estabelece o art. 186 do Código Civil, “aquele que, por ação
ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda
que exclusivamente moral, comete ato ilícito”.
Sendo assim, é de inteira justiça que seja reconhecido à parte autora o direito básico
(Art. 6, VI do CDC) de ser indenizada pelos danos sofridos, em face da conduta negligente do
réu em firmar contrato não assinado pela requerente, danos esses de natureza moral que são
presumidamente reconhecidos.
O dano, no caso acima descrito, é evidente, haja vista que a REQUERIDA REALIZOU
UM CONTRATO SEM AUTORIZAÇÃO DA PARTE AUTORA, BEM COMO, CONTINUA A
REALIZAR COBRANÇAS A PARTE AUTORA, POR UM DÉBITO INDEVIDO. E POR FIM, A
PARTE AUTORA NÃO CONTRATOU, LOGO, NÃO RESTAM DÚVIDAS ACERCA DA FALHA
DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO DA ACIONADA.
Assim, o nexo causal entre a conduta e o dano está presente, tendo em vista que o
abalo emocional sofrido pela Demandante. E ainda, vale ressaltar, que só o silencio das rés, já
deve ser penalizado, pois primeiro se pratica a ilegalidade e depois seus prepostos “se fingem de
mortos” e não resolvem nada.
Não é possível que tal atitude seja considerada normal, pois o que se verifica neste
caso é que a parte autora foi enganada e a ré e seus prepostos, mesmo informados, agem como
se nada tivesse acontecido.
Em tal seara, cumpre ao Juiz a árdua e importante tarefa de estipular uma quantia para
compensar o abalo moral sofrido pelo ofendido.
No caso sob enfoque, atentando para a repercussão dos fatos, natureza e extensão do
dano, bem como, para as condições do ofensor e da ofendida, mormente à situação econômico
financeira, a fim de que haja compensação pela dor sofrida, a indenização deve ser arbitrada em
valor a apurar ficando como sugestão o valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), sendo o valor de
R$ 10.000,00 (dez mil reais) a título de indenização pelo dano moral do tipo satisfatório e o valor
de R$ 10.000,00 (dez mil reais) a título de indenização pelo dano moral do tipo punitivo,
preventivo e pedagógico.
O Código de Defesa do Consumidor em seu artigo 6º, inciso VIII, contempla dentre os
direitos básicos inerentes ao consumidor, à facilitação da defesa de seus direitos, inclusive a
inversão do ônus da prova ao seu favor, quando a critério do juiz, for verossímil a alegação ou
quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiência.
No presente caso, a parte autora possui o direito de ter invertido o ônus da prova, uma
vez que ela na qualidade de consumidora, constitui a parte hipossuficiente da relação, haja vista
que não possui o conhecimento técnico da ré, enquanto fornecedoras de produtos. Deste modo,
a parte autora merece, desde já, ter acolhido o pedido de inversão do ônus da prova.
Excelência, pela leitura da narração dos fatos até aqui escritos e pela veracidade das
informações trazidas que podem ser constatadas pela análise dos documentos em anexo, não
resta dúvidas sobre a configuração da ilegalidade da conduta da empresa-Demandada, como
merece ser, a pretensão da Demandante, totalmente acolhida para que, no mérito, seja julgado
totalmente procedente o pedido aqui posto.
Dessa forma, por qualquer lado que se análise a questão proposta, a conclusão é de
que a Demandante foi lesada pela Demandada e por isso merece ter sua pretensão acolhida e
seus pedidos deferidos, inclusive o de tutela antecipada, uma vez que, devidamente
fundamentado.
iii) a PAGAR DANOS MORAIS no valor global que sugere de R$ 20.000,00 (vinte
mil reais) à Demandante pela dor sofrida com atualização monetária e juros a partir da data do
evento danoso.
F - A condenação ainda da empresa-Demandada no pagamento de honorários
advocatícios no importe de 20% (vinte por cento) do valor de condenação, custas processuais e
demais cominações legais, caso haja incidência da segunda parte do art. 55 da Lei nº. 9.099/95.
Protesta por todos os meios de prova em direito admitidos, especialmente pela juntada
de documentos, depoimento pessoal da empresa-Demandada, e oitiva de testemunhas, sem
prejuízo de outras provas eventualmente cabíveis.
OAB/BA n. 56.314