Ling Teor Aval Tera Mod3
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Portal Educação
CURSO DE
Aluno:
AN02FREV001/REV 4.0
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CURSO DE
MÓDULO III
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são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.
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MÓDULO III
6 AVALIAÇÃO DA LINGUAGEM
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Portanto, quanto mais precocemente forem detectadas as alterações de
linguagem, menos interferências nas relações com o outro a criança poderá
apresentar.
1
Regina Freire – A abordagem dialógica: uma proposta social em fonoaudiologia. PUC/SP, 1990 –
tese de doutorado.
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Viola apresenta também outro modelo sugerido por Spinelli (1994), que
articula os dados médicos com os sociais e os emocionais, chamado modelo
relacional. Citando o autor, Viola menciona que os fatores patológicos “são parte
importante, mas referidos à linguagem, no que ela revela do sujeito e da família.”
Assim:
Para a autora, este modelo, uma vez que privilegia o sujeito e sua
subjetividade, considerando os diferentes fatores envolvidos no seu sintoma, seria o
melhor modelo para atender a demanda fonoaudiológica. Ou seja, é importante
saber os dados médicos/patológicos, porém, os dados sobre o sujeito, sua relação
com o mundo devem ser levados em consideração. Este modelo relacional, para
Viola (1996, p. 135)
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predeterminados e acolher a queixa do cliente nos aspectos apresentados por ele,
buscando contextualizá-la biopsicosocialmente.” Assim é possível neste primeiro
encontro:
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7) É o momento de dar alguma devolutiva? O terapeuta tem condição
de elaborar algum conteúdo agora?
8) Quais comportamentos o terapeuta deve observar melhor? O que o
terapeuta deve solicitar de exames complementares?
9) A utilização de algum recurso técnico para examinar ou orientar o
cliente/família poderia contribuir para a formação do vínculo profissional?
Com estes aspectos em mente, a primeira entrevista não pode ser regida
por um questionário pronto, e sim com um terapeuta espontâneo, que saiba
aproveitar o que a família está contando, e fazer perguntas que contribuam para
conhecer o paciente em questão e com isso compreender melhor o que o traz ao
consultório.
Fecho este tópico com a transcrição de Minuchin e Fishman (1990) citado
por Viola (1996, p. 134):
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Hage (2001, p. 12) destaca que
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comunicativos não verbais na esfera do fenômeno da linguagem.” (HAGE, 2001, p.
13-14).
Para entender melhor esse complexo investigativo que é a avaliação de
linguagem, apresentamos como leitura complementar o texto de Simone Hage
“Avaliação da linguagem na ausência da oralidade”, (ANEXO A).
Vimos, então, no texto de Hage transcrito acima, que a autora apresenta
vários trabalhos sobre avaliação, dividindo-as em:
Testes formais com foco de análise sobre a emissão e compreensão das
estruturas linguísticas que podem ser:
Forma clássica de avaliação com testes formais: ITPA, TEPSI, TIPITI,
TACL, NSST, PPVT, Templin, MLU – para a autora todos estes testes
“desconsideram a linguagem como uma atividade comunicativa e discursiva”,
(HAGE, ano, p. XX) podendo somente ser aplicadas se a criança tem algum nível de
compreensão e/ou emissão linguística. Estes testes geralmente são analisados
estatisticamente.
Método observacional: é interessante, pois se obtêm dados “que se
aproximam mais das reais possibilidades comunicativo-linguísticas do paciente.”
(HAGE, 2001)
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desenvolvimento e observação comportamental.” Se a criança é oralizada, os dois
primeiros procedimentos podem ser utilizados, verificando assim “a organização dos
diferentes níveis linguísticos [...] fonologia, sintaxe, semântica e pragmática, ou
ainda, os processos psicolinguísticos envolvidos com a produção e compreensão da
linguagem oral.” As escalas de desenvolvimento e a avaliação observacional “podem
ser utilizadas desde o nascimento e se aplicam aos diversos aspectos do
desenvolvimento infantil.” (ZORZI; HAGE, 2004, p. 12).
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Nesta avaliação, o fonoaudiólogo pode ter como foco as produções da
criança, a troca comunicativa que a originou, a atividade dialógica entre a criança
que está sendo avaliada e seu interlocutor. Neste enfoque, a análise da atividade
comunicativa entre a criança e seu interlocutor é mais fidedigna. Este procedimento
avaliativo, não é dirigido, e sim, envolve situações de brincadeiras livres (contexto
não estruturado) e situações ditas “provocadoras” de comunicação (contexto
estruturado). Na brincadeira livre podem ser utilizados: uma caixa de surpresa,
bichinhos de brinquedo, caminhão/carros de brinquedo, um jogo de memória,
soldadinhos, animais de plástico, utensílios domésticos em miniatura, roupas de
boneca, bonecas.
No contexto estruturado, o avaliador cria “situações para ‘induzir’ a criança a
iniciar uma atividade comunicativa”. Casby e Cumpata (1986, apud HAGE, 2001, p.
47) apresentam algumas sugestões:
Essas são algumas sugestões para poder entender como seria um contexto
estruturado; em cima desses exemplos, outras situações poderão ser criadas
dependendo da idade da criança.
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Hage (2001) salienta que alguns aspectos são importantes de serem
analisados nesse processo observacional, quando observamos a linguagem como
atividade:
1) Intencionalidade do comportamento comunicativo por meio da
constatação de algum “comportamento da criança dirigido ao outro, iniciando a
interação ou respondendo a ela.” Quais comportamentos observar? “Contato de olho
e/ou contato físico (cutucar, agarrar, puxar o outro), normalmente associados a
gestos de apontar, vocalizações ou verbalizações; insistência no comportamento;
aguardar uma resposta do outro.” Esses indícios podem ser observados quando
utiliza-se uma “avaliação observacional com foco de análise sobre a interação
criança-clínico ou mesmo criança-mãe (HAGE, 2001, p. 81);
2) Funções dos comportamentos comunicativos – caracterização de
diferenças funcionais no uso da comunicação dita intencional;
3) Meio de comunicação utilizado – observar se a criança se utiliza de
gestos ou vocalizações não identificadas como palavras, ou a associação dos dois.
Uma criança acima de dois anos que apresente predomínio exclusivo desses meios
de comunicação, pode ser indicativo de alteração no desenvolvimento de linguagem;
4) Engajamento da criança na atividade dialógica – se o foco da avaliação
observacional é a interação – importante observar este item –, se o avaliador
constata o não engajamento e tem esta confirmação pelos relatos da família, é
indicativo de algum problema na comunicação, pois, pode-se observar, mesmo
antes de um ano, que os bebês apresentam sinais de participação nas trocas
comunicativas com o adulto;
5) Quando a criança apresenta sinais de participação na atividade
comunicativa – deve-se verificar qual o tipo de participação;
Comentando sobre a avaliação observacional, Hage afirma que para que ela
“possa promover condições semelhantes às condições naturais de comunicação, o
que se pretende selecionar da atividade comunicativa deve estar na cabeça dos
investigadores ou do investigador-interlocutor, e não nas mãos sob a forma de
roteiro a ser seguido. E, mesmo assim, as condições de avaliação nunca serão
literalmente naturais, Para tanto, a avaliação teria que perder o caráter de
‘avaliação’. Ter ‘na cabeça’ o que se pretende eleger da investigação significa que,
antes, o fonoaudiólogo deve eleger um suporte teórico sobre linguagem para,
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depois, proceder à avaliação. Caso contrário, ele se verá diante de um amontoado
de dados, sem saber analisá-los ou interpretá-los.” Para a autora “É imperativo o
domínio de um construto teórico sobre a origem e a constituição desta.” (HAGE,
2001, p. 77-78).
Zorzi (1999) salienta que três aspectos ou áreas de desenvolvimento são
importantes serem avaliadas – capacidades cognitivas, habilidades sociais e níveis
de comunicação.
Em 2004, Zorzi e Hage apresentaram o PROC - Protocolo de Observação
Comportamental que elaboraram para ser utilizado na avaliação do desenvolvimento
comunicativo e cognitivo infantil. Segundo os autores
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Possa promover condições semelhantes às condições naturais de
comunicação, o que se pretende selecionar da atividade comunicativa deve
estar na cabeça dos investigadores ou do investigador-interlocutor, e não
nas mãos sob a forma de roteiro a ser seguido. E, mesmo assim, as
condições de avaliação nunca serão literalmente naturais. Para tanto, a
avaliação teria que perder o caráter de ‘avaliação’. Ter ‘na cabeça’ o que se
pretende eleger da investigação significa que, antes, o fonoaudiólogo deve
eleger um suporte teórico sobre linguagem para, depois, proceder à
avaliação. Caso contrário, ele se verá diante de um amontoado de dados,
sem saber analisá-los ou interpretá-los.
O que avaliar?
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Como avaliar?
Testes padronizados;
Escalas de desenvolvimento;
Observação do comportamento;
Testes não padronizados.
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6.3 AVALIAÇÃO DAS DIMENSÕES DA LINGUAGEM
O que observar?
Objetivos:
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Determinar os expoentes linguísticos utilizados pela criança para
expressar suas intenções comunicativas.
b) Avaliar as habilidades conversacionais:
Verificar a participação da criança em intercâmbios de conversa;
Verificar o grau de envolvimento nos intercâmbios conversacionais – a
criança inicia a conversação, ela limita-se a responder as perguntas do interlocutor,
ela participa ativamente da organização, gestão e desenvolvimento da conversação?
Verificar se a criança tem habilidade para iniciar ou mudar de assunto;
Verificar a habilidade para tomar e ceder turnos;
Verificar o conhecimento dos recursos e estratégias linguísticas e não
linguísticas que a criança usa quando participa da conversação;
Verificar como a criança usa as respostas – o grau de coerência ou
incoerência, enunciados ambíguos ou não;
Verificar a habilidade para fazer autocorreção para superar mal-
entendidos.
c) Conhecer o nível de desenvolvimento ou domínio dos elementos dêiticos.
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Trocas de turno e funções comunicativas.
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FERNANDES, F. D. M. Pragmática. In: ANDRADE, C. R. F; BEFI-LOPES, D. M.; FERNANDES, F. D. M;
WERTZNER, H. F. ABFW: teste de linguagem infantil nas áreas de fonologia, vocabulário, fluência e
pragmática. Carapicuíba: Pró-fono, 2000. cap. 4.
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6) Variabilidade extensiva, mas ausência de progresso.
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Diferenciação entre a pronúncia correta e incorreta de uma palavra. Nesta
prova o examinador deverá falar uma lista de palavras, algumas com a pronúncia
correta outras incorretas, a criança deverá apontar quando estiver incorreta;
Diferenciação entre o som emitido pelo examinador e o produzido pela
criança. O examinador solicita que a criança repita o som que ele produziu, e deve
identificar se produziu igual ou não ao modelo.
Deve ser avaliada por intermédio das produções linguísticas da criança, com
isto pode-se verificar a complexidade semântica que a criança apresenta e se está
compatível com o desenvolvimento normal.
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Befi-Lopes (2000, p. 41-42) salienta que “Dois princípios são básicos para o
estudo do vocabulário infantil – se o significado das palavras utilizadas pelas
crianças é o mesmo daquele que lhe é atribuído pelo adulto e se ele se altera de
acordo com o crescimento infantil.” Complementa, a autora, que não adianta
somente “contar e listar” as palavras utilizadas pela criança, é preciso estudar o
comportamento apresentado pela criança em relação às palavras/vocábulos, “como
é seu comportamento em relação à significação.” Sugere que a avaliação dos
aspectos semânticos-lexicais seja realizada por meio de prova específica de
vocabulário. Apresenta uma lista com nome de figuras divididas em nove campos
conceituais: vestuário, animais, alimentos, meios de transporte, móveis e utensílios;
profissões; locais; formas e cores; brinquedos e instrumentos musicais.3 A criança
deverá responder aos questionamentos O que é isso?; Que cor é esta?; Que forma
é esta? e Quem é ele/ela?
3
Ver lista completa e o protocolo de registro de respostas em BEFI-LOPES, D. M. Vocabulário. In:
ANDRADE, C. R. F; BEFI-LOPES, D. M; FERNANDES, F. D. M; WERTZNER, H. F. ABFW: teste de
linguagem infantil nas áreas de fonologia, vocabulário, fluência e pragmática. Carapicuíba: Pró-fono, 2000.
cap. 2.
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Segundo a autora, também é importante observar o que a criança compreende,
mesmo quando ela não produza.
Para Acosta et al (2003, p. 77-78), o primeiro desenvolvimento sintático,
observa-se entre 12-18 meses, quando surgem as primeiras palavras funcionais;
entre 18-24 meses surgem os enunciados de dois elementos; por volta de 30-36
meses ocorre uma expansão gramatical em que as frases vão ficando mais
complexas, podendo chegar até quatro elementos. Com três anos e meio “observa-
se que as crianças já aprenderam os recursos essenciais de sua língua”. Até os seis
anos, espera-se que a criança apresente estruturas sintáticas mais complexas,
praticamente finalizando o desenvolvimento morfossintático, o que se observa a
partir desta idade é o aperfeiçoamento das regras gramaticais.
Para avaliação desta dimensão também se utilizam testes padronizados
(ainda não temos disponíveis em português); utilização de escalas de
desenvolvimento e a observação do comportamento e testes não padronizados.
Os testes não padronizados são os mais empregados por meio da coleta de
fala espontânea em que se podem observar os tipos de construções sintáticas
utilizadas corretamente, complexidade dos sintagmas4 nominais e verbais, as
orações que contêm erros ou omissões sintáticas, a variedade de estruturas
utilizadas, a extensão média das produções, a estrutura interna das orações
emitidas, as diferentes classes de formas de palavras utilizadas e como são
tratadas. A produção induzida é um procedimento habitualmente utilizado. Acosta et
al (2003) sugere que para facilitar a produção verbal pode-se usar algumas
estratégias: interpretação ou descrição de imagens que representem ações,
completar frases, descrição de objetos ou figuras de objetos. A seguir, modelo de
desenho temático proposto por Yavas, Hernandorena e Lamprecht (1991) para
avaliação fonológica.
4
Unidade sintática composta de um núcleo e de outros termos que a ele se unem, formando uma locução.
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FONTE: Yavas, Hernandorena e Lamprecht: Avaliação fonológica da criança, 1991.
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A avaliação dos aspectos linguísticos da criança deve ser um processo
minucioso, devemos ter em mente que quanto mais detalhes conseguimos observar,
avaliar – melhor será o planejamento terapêutico que vamos elaborar. Uma
avaliação adequada não necessariamente necessita de protocolos, testes ou
materiais sofisticados, mas sim, saber o que e como avaliar. Se a avaliação puder
ser gravada, muito melhor, pois teremos material para comparações futuras e
observar o progresso ou não da terapia.
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ANEXO A - AVALIAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA EM CRIANÇAS SEM ORALIDADE
OBSERVAÇÃO COMPORTAMENTAL
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A observação comportamental é um procedimento em que se analisa o
comportamento geral da criança, incluindo os comunicativos, em contextos naturais
e não estruturados. Em geral, procura-se observar pelo que a criança se interessa,
para onde olha, se presta atenção à fala ou atividade do outro, o que pega, como
manipula os objetos. A observação comportamental pode fazer parte de qualquer
processo de avaliação, independente de se estar diante de crianças, de se ter
oralidade, ou mesmo, de se estar avaliando linguagem. É o procedimento que
melhor detecta as funções comunicativas da linguagem, sendo extremamente útil
para entender a natureza complexa dos processos de aquisição de linguagem
(PÉREZ, 1995). Também é o procedimento que possibilita a avaliação de linguagem
enquanto atividade, enquanto ação sobre o outro, independente da oralidade
(HAGE, 1996).
Na avaliação, por meio de observação comportamental não é possível
padronizar “o que é solicitado x o que é esperado”. Na verdade, quanto mais natural
e contextualizada for a interação, mais confiáveis serão os dados obtidos.
É importante ressaltar que apesar de ser a criança o objetivo da observação,
o foco de análise na avaliação não deve limitar-se aos comportamentos da mesma,
mas abranger a interação da qual emergiram. Assim, no que tange à linguagem,
dentro de uma dimensão mais ampla, o foco de análise abrange as trocas
comunicativas entre a criança e o avaliador. A forma como o avaliador age, reage
nas interações é importante para o entendimento das ações comunicativas da
criança.
Mas, afinal, quais seriam os critérios de análise numa observação
comportamental? Que suporte teórico daria sustentação aos mesmos?
A observação comportamental pode deter-se em dois aspectos do
desenvolvimento infantil, a atividade comunicativa e a atividade lúdica.
ATIVIDADE COMUNICATIVA
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Uma criança que não está fazendo uso da linguagem oral não significa que
não esteja na linguagem. Ao se conceber a linguagem enquanto atividade, um
universo se abre em termos de critérios de análise sobre a avaliação do
comportamento comunicativo infantil. Esses critérios têm sustentação nos estudos
sobre a comunicação pré-verbal (HALLIDAY, 1975; BRUNER, 1978; HARDING,
1983), e têm se mostrado bastante úteis ao se avaliar crianças com alterações de
linguagem que apresentam nenhuma (ou restrita) oralidade (WETHERBY et al.,
1989; WOODYATT e OZANNE, 1992).
A avaliação da atividade comunicativa pode envolver os seguintes critérios
de análise: intencionalidade, funcionalidade, participação em atividade dialógica,
meios de comunicação, habilidades práxicas articulatórias e bucofaciais, nível de
compreensão e postura comunicativa dos pais.
Intencionalidade
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Funcionalidade
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intencionais com a função de obter informação sobre um objeto ou pessoa (função
"informativa").
Meios de comunicação
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da criança naqueles meios de comunicação merece investigação por parte do
clínico.
Gestos representativos, mesmo que não apropriados para a faixa etária,
quando presentes na comunicação infantil, indicam melhor capacidade simbólica em
relação ao uso exclusivo de gestos indicativos, assim como o uso de palavras
referenciais, mesmo que isoladas e esporádicas, em relação ao uso de palavras
contextuais (uso de palavras ligadas ao contexto imediato).
O padrão das vocalizações também é um aspecto importante a ser
observado. A constatação da ausência de vocalizações articuladas é um dos
indicadores de quadro grave de alteração de linguagem em crianças: dispraxia
verbal desenvolvimental. Neste quadro, as vocalizações articuladas demoram a
aparecer, assim como a própria linguagem oral (ALLEN e RAPIN, 1988). Quando
existe oralidade, a fonologia e a sintaxe estão sensivelmente prejudicados (HAGE e
GUERREIRO, 2001). Assim, a identificação deste tipo de distúrbio é imprescindível
para uma intervenção precoce e direcionada às dificuldades da criança. Nestes
casos, quando se demora muito a intervir, a linguagem oral não se constitui.
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seis articulatórios, sendo atribuído um (1) ponto para cada movimento (bucofacial e
articulatório) executado corretamente e nenhum ponto (0) para aqueles que não
foram executados:
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Valores iguais ou inferiores ao P10 da referida pesquisa foram considerados
indicativos de dispraxia, respeitando as diferentes faixas etárias. A tabela abaixo
registra os valores obtidos por Campos (2000):
TABELA 8
Variável
4a6m a 5a5m 5 2 3 3
5a6m ou mais 5 3 3 4
Nível de compreensão
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olhar, tocar, mover-se em direção a, pegar, dar. Em situações de linguagem dirigida:
assinalar uma figura que represente uma frase ou uma palavra; escolher entre duas
imagens a que represente uma frase ou uma palavra; realizar ações; realizar ações
numa determinada ordem temporal;
2) Qual o tipo de exigência da tarefa solicitada. Nas tarefas de assinalar ou
apontar figura com base na palavra ouvida, exige-se reconhecimento. Nas tarefas de
manipulação de objetos com base numa frase ouvida, exige-se reconstrução. Nas
tarefas de apontar entre duas figuras a que representa a frase ouvida, exige-se
julgamento;
3) Qual a confiabilidade da resposta. Deve-se solicitar ao menos três vezes,
em momentos diferentes, a compreensão de uma determinado significado, pois,
desta forma, afasta-se a possibilidade de afiançar-se apenas numa coincidência.
Dois critérios de análise podem ser considerados ao avaliar a compreensão:
nível de representação e extensão dos enunciados.
As crianças pequenas apresentam um razoável nível de compreensão da
linguagem oral, antes mesmo de começarem a falar. Todavia, a compreensão limita-
se ao contexto imediato, ou ainda, entende comentários ou solicitações quando são
rotineiros e situacionais. Conforme a criança vai se desenvolvendo, seu
entendimento vai ganhando níveis maiores de representação. Obviamente, que a
compreensão da linguagem oral também está ligada ao reconhecimento fonológico,
ao domínio das regras morfossintáticas, a identificação lexical e a capacidade para
entender o propósito do interlocutor. Por esta série de variáveis é tão difícil avaliar a
compreensão de alguém! O não entendimento de uma instrução verbal, de um
comentário passa por uma série de processos perceptuais, cognitivos e
socioculturais. Na condição de adulta e com razoável nível de instrução, me
espanta, às vezes, as minhas dificuldades de compreensão!
Mesmo com todas essas considerações, não se justifica descartar a
avaliação da capacidade de compreensão infantil. Assim, é importante observar se a
compreensão das crianças está ainda fortemente ligada ao contexto imediato, numa
idade onde já esperaria um nível de compreensão mais independente do contexto.
Outro aspecto a se considerar na compreensão da linguagem oral é a
extensão dos enunciados.
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102
Como já foi salientado, a compreensão da linguagem oral também está
relacionada com as habilidades perceptivas auditivas, mais especificamente com a
memória fonológica de curto prazo. Crianças com alterações de linguagem podem
ter a memória fonológica de curto prazo mais limitada em relação às crianças
normais e isso as faz processar mais lentamente as informações linguísticas que
lhes chegam (GATHERCOLE, 1999). Dificuldades de compreensão da linguagem
oral podem, então, estar relacionadas com a dificuldade em processar enunciados
longos e emitidos com rapidez.
Dessa forma, é importante estar atento ao entendimento das crianças a
instruções que envolvam enunciados curtos, longos e mesmo instruções ditas
discursivas, como é o caso da compreensão de estórias e regras de um jogo.
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Nível de interpretação da comunicação da criança. Os pais conseguem
compreender os esforços das crianças em se fazer entendidas? Ou, ao contrário,
compreendem demais, ao ponto da criança fazer uso de meios comunicativos, o
mínimo possível?
Apesar destes aspectos serem relevantes para entender como anda a
postura comunicativa dos pais em relação à criança, é importante lembrar que uma
possível inadequação da atuação familiar pode ser o resultado de uma interação na
qual as dificuldades da própria criança contribuem para uma forma de relação pouco
estimuladora. Em razão das poucas respostas que a criança dá, os pais podem se
sentir pouco incitados a estimular a criança (ZORZI, 1993).
Quando a causa do atraso do aparecimento da oralidade tem origem
interacional, não são somente os adultos que têm responsabilidade, mas a criança
também, pois ela, provavelmente, não está contribuindo para uma relação de
reciprocidade. Contudo, apesar da criança ter sua parcela de responsabilidade nas
interações pouco eficazes, não é a ela que cabe o papel de modificar as interações,
e sim ao adulto, que, à princípio, tem mais discernimento e maturidade para buscar
relações mais eficazes.
ATIVIDADE LÚDICA
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104
Na criança, as primeiras manifestações da capacidade simbólica, inerente
ao ser humano, ocorrem por meio da linguagem oral e do brincar simbólico. Quando
a linguagem oral não aparece, não é incomum as crianças também apresentarem
atraso na atividade simbólica sobre o brinquedo. Dessa forma, a avaliação
fonoaudiológica deve, sempre, independente de ter uma criança diante de si com
oralidade, incluir a atividade lúdica, considerando a intrínseca relação entre a
capacidade de representar o mundo por intermédio da fala e do faz de conta. Aliás,
esse tipo de avaliação auxilia consideravelmente no diagnóstico diferencial de
crianças com Atraso no Desenvolvimento da Linguagem daquelas com Atraso de
Linguagem como parte de um déficit mais global do desenvolvimento.
Mas quais seriam os critérios de análise da atividade lúdica?
Quando a criança manipula os objetos, é possível observar o tipo e
frequência da ação sobre o brinquedo: se as ações estão restritas a uma
manipulação sensório-motora ou se o brincar já atingiu algum nível simbólico, ou
seja, se a criança dá funcionalidade aos brinquedos, se imita ações que ocorrem no
seu dia a dia, se coordena sequências de ações. É importante verificar também
quais as ações que predominam na atividade infantil: se as sensório-motoras ou as
simbólicas. Outro critério de análise é a forma de manipulação sobre os brinquedos:
se ela é rápida e desinteressada, ou ainda, se a exploração já atingiu um nível de
maior atenção sobre os objetos. Isto pode ser observado quando a criança
experimenta os brinquedos das mais variadas formas (ZORZI, 1993).
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determinadas tarefas que reflitam as condutas específicas que se mostram na
escala.
As escalas são frequentemente utilizadas na avaliação de crianças com
menos de três anos com o intuito de detectar, precocemente, alterações no
desenvolvimento da linguagem, principalmente quando se tem dúvidas sobre a
evolução desse desenvolvimento. Podem-se citar algumas delas: ELM - Early
Language Milestone Scale, (COPLAN, 1982); BSID-II- Bayley Scale Infant
Development, revisada, (BAYLEY, 1993). Todavia, há escalas que podem ser
aplicadas em crianças com mais de três anos.
Uma dessas escalas, bastante utilizada para detecção precoce de
transtornos do desenvolvimento, incluindo alterações do desenvolvimento da
linguagem, é o DDST - Denver Developmental Screening Test. (FRANKENBURG e
DODDS, 1967). Abrange a faixa etária de zero a seis anos de idade, é de fácil
aplicação e pode ser usado por profissionais da área da saúde e/ou da educação.
Baseia-se na observação direta do que a criança pode fazer e no relato dos pais. É
composto de quatro grandes áreas: conduta social, motricidade fina e adaptação,
linguagem e motricidade grossa.
Uma escala semelhante é a de Gesell e Amatruda (1989), que abrange
também a faixa etária de zero a seis anos e pode ser aplicada pelos diversos
profissionais da área da saúde, incluindo o fonoaudiólogo. As áreas avaliadas são:
comportamento adaptativo (ajustes viso-motores para solução de problemas);
comportamento pessoal-social (reações pessoais à cultura social); comportamento
motor grosseiro (postura, equilíbrio, marcha); comportamento motor delicado
(preensão e manipulação dos objetos) e comportamento de linguagem.
Mas quais seriam as vantagens do fonoaudiólogo incluir nos seus
procedimentos de avaliação a aplicação de escalas de desenvolvimento? Algumas,
bem interessantes.
Primeiro, as escalas foram aplicadas num número grande de crianças e,
dessa forma, fornecem parâmetros de normalidade bastante confiáveis e objetivos.
É importante lembrar que o fonoaudiólogo lida com uma das funções
mentais superiores mais complexas da natureza humana, onde é difícil estabelecer
uma metodologia de avaliação que possa ser utilizada com crianças de diferentes
níveis sociais e de uma ampla faixa etária. A linguagem tem uma natureza altamente
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qualitativa, de difícil quantificação. Assim, instrumentos, um pouco mais objetivos e
que não se restrinjam só a linguagem, quando bem aplicados e bem interpretados,
contribuem para o entendimento das alterações do desenvolvimento infantil,
incluindo o desenvolvimento da linguagem.
Segundo, como as escalas podem ser aplicadas por diferentes profissionais
da área da saúde, este fato dá ao fonoaudiólogo certa autonomia para o diagnóstico
das alterações de linguagem em crianças, pois a escala contribui para evidenciar se
o atraso de linguagem é específico ou faz parte de alterações mais globais do
desenvolvimento. E isso é muito bom, pois fornece subsídios para diagnóstico
diferencial e dirige melhor as possíveis condutas terapêuticas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
IDENTIFICAÇÃO
Nome:
Idade: Data de nascimento:
Nível de escolaridade: Escola:
Encaminhamento:
Motivo do encaminhamento:
Data da avaliação: Realizado por:
Intenção comunicativa
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ausente [ 0]; presente raramente [2]; presente frequentemente [4].
Inicia a conversação/interação
Ausente [ 0]; presente raramente [2]; presente frequentemente [4].
Responde ao interlocutor
ausente [ 0]; presente raramente [2]; presente frequentemente [4].
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Total da pontuação (máximo 15 pontos):
[15] relato de
experiências não
imediatas (o que
aconteceu na escola?
Teve um dia...)
Pontuação máxima (2): Pontuação Máxima (5): Pontuação
Máxima(15):
Nível de pontuação obtido para vocalizações e gestos (máximo=7):
Nível de pontuação obtido para gestos e meios verbais (máximo=20):
[10] linguagem descreve a ação que está sendo realizada e faz referências ao
passado e/ou futuro imediato, sem ultrapassar o contexto imediato;
AN02FREV001/REV 4.0
109
2) COMPREENSÃO VERBAL
AN02FREV001/REV 4.0
110
[10] Atua, de maneira diversificada, sobre dois ou mais objetos ao mesmo
tempo relacionando-os.
Total da pontuação (máximo = 10):
AN02FREV001/REV 4.0
111
Total da pontuação (máximo = 20):
3d) Imitação
Imitação gestual
[ 0 ] Não reage às solicitações;
Imitação sonora
[ 0 ] Não reage às solicitações;
[ 2 ] Imitação de sílabas;
[ 3 ] Imitação de onomatopeias;
[ 5 ] Imitação de palavras;
[ 6 ] Imitação de frases.
Total da pontuação (máximo = 20):
PONTUAÇÃO
Pontuação Pontuação
Aspectos observados máxima alcançada
1. Habilidades comunicativas (expressivas) 70
2. Compreensão da linguagem oral 60
3. Aspectos do desenvolvimento cognitivo 70
Total da pontuação 200
AN02FREV001/REV 4.0
112
[ ] comunicação intencional plurifuncional, ampla participação em atividade
dialógica por meios verbais ligados ao contexto imediato;
[ ] comunicação intencional plurifuncional, ampla participação em atividade
dialógica por meios verbais não ligados ao contexto imediato.
Imitação gestual
[ ] não responde às solicitações;
[ ] imita somente gestos visíveis no próprio corpo;
[ ] imita gestos visíveis e não visíveis no próprio corpo.
Imitação sonora
[ ] não responde às solicitações;
[ ] imita somente sons não verbais;
[ ] imita sons verbais e não verbais.
AN02FREV001/REV 4.0
113