Aquisição Fonológica Da Criança Apostila PDF

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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA

Carla Ferrante

AQUISIO FONOLGICA EM CRIANAS DE 3 a 8 ANOS DE


CLASSE SCIO ECONMICA ALTA

Rio de Janeiro
2007
1

Carla Ferrante

AQUISIO FONOLGICA EM CRIANAS DE 3 a 8 ANOS


DE CLASSE SCIO ECONMICA ALTA

Dissertao apresentada ao Mestrado


Profissional em Fonoaudiologia da Universidade
Veiga de Almeida, como requisito parcial para
obteno do Grau de Mestre. rea de
concentrao: Processamento e Distrbios da
Fala, da Linguagem e da Audio.

Orientadora: Profa. Dra. Mnica M. de Britto Pereira


Co - orientador: Prof. Dr. John Van Borsel

Rio de Janeiro
2007
2

F373a Ferrante, Carla


Aquisio fonolgica em crianas de 3 a 8 anos de
classe scio econmica alta / Carla Ferrante, 2007.
100p; 30 cm.
Dissertao (Mestrado) Universidade Veiga de
Almeida, Mestrado em Fonoaudiologia, Linguagem, Rio
de Janeiro, 2007.
Orientao: Mnica Medeiros de Britto Pereira
Co-orientao: John Van Borsel
1. Fonoaudiologia 2. Aquisio de linguagem. 3.
Crianas. I.Pereira, Mnica Medeiros de Britto (orientador).
II. Van Borsel, John (co-orientador). III. Universidade
Veiga de Almeida, Mestrado Profissionalizante em
Fonoaudiologia, Linguagem. IV. Ttulo.
CDD 616.855
3

CARLA FERRANTE

AQUISIO FONOLGICA EM CRIANAS DE 3 a 8 ANOS DE


CLASSE SCIO ECONMICA ALTA

Dissertao apresentada ao Mestrado


Profissional em Fonoaudiologia da Universidade
Veiga de Almeida, como requisito parcial para
obteno do Grau de Mestre. rea de
concentrao: Processamento e Distrbios da
Fala, da Linguagem e da Audio.

Aprovada em 05 de julho de 2007.

BANCA EXAMINADORA

Profa. Mnica Medeiros de Britto Pereira Doutora em Lingustica


Universidade Veiga de Almeida - UVA

Prof. Domingos Svio Ferreira de Oliveira Doutor em Letras


Universidade Veiga de Almeida - UVA

Prof. John Van Borsel Doutor em Neurolingustica


Gent Universiteit - Ugent

Maria Lcia Novaes Menezes - Doutora em Cincias


Instituto Fernandes Figueira FIOCRUZ
4

AGRADECIMENTOS

A professora Mnica M. de Britto Pereira, pelas orientaes, pela dedicao e

principalmente por acreditar no meu potencial;

Ao professor John Van Borsel pelo suporte nas anlises estatsticas;

Aos meus pais, meus irmos e meu noivo que vivenciaram comigo este

processo de crescimento;

A amiga Andra Verssimo Reis Costa que esteve ao meu lado desde o incio;

A oportunidade de ter feito grandes amizades como a de Christina Sales,

Denise Guapyass, Fanni Hamphreis, Josane Custdio, Maria Thereza Kalil, Mnica

Karl e Regina Coeli no Mestrado da Universidade Veiga de Almeida.


5

RESUMO

O presente estudo teve como objetivo investigar o processo de aquisio


fonolgica em uma populao de crianas com desenvolvimento normal com vistas a
estabelecer parmetros de normalidade que sirvam de orientadores da avaliao
fontica e fonolgica FONOFON. Fizeram parte da pesquisa 240 crianas, de ambos
os sexos, com idades entre 03 e 08 anos. Foram realizadas anlises relativas ao
inventrio fontico, processos fonolgicos e percentual de consoantes corretas. Os
dados foram analisados em relao faixa etria e sexo. A anlise dos resultados
permitiu concluir que aos 3 anos de idade os fonemas /p/, /b/, /t/, /d/, /k/, //, /m/, e
/n/ j esto adquiridos e estabilizados no sistema fonolgico das crianas. Os
fonemas /f/, /v/, /s/, / /, /t /, /d /, /z/, / /, // e // tambm so adquiridos nesta
faixa etria apesar de ter sido encontrada uma grande variabilidade de produo
entre as crianas. A aquisio do fonema // ocorre inicialmente na posio de onset
simples (4 anos) e posteriormente na posio de onset complexo (5 anos), a
aquisio do fonema /l/ em onset simples ocorre aos 3 anos e em onset complexo
aos 4 anos e o fonema /R/ em onset simples adquirido na faixa etria de 3 anos e
na posio de coda aos 4 anos. Com relao ao total de fonemas adquiridos,
concluiu-se que desde a faixa etria de 3 anos, muitas crianas possuem o inventrio
fontico completo havendo, porm, uma grande variabilidade entre as crianas. No
que se refere aos processos fonolgicos, foi possvel tambm concluir que aos 3, 4 e
5 anos os processos de reduo de encontro consonantal, lateralizao e
apagamento de consoante final foram os processos fonolgicos mais utilizados. A
mettese foi o segundo processo mais utilizado na faixa etria de 6 anos,
aparecendo em terceiro lugar na faixa etria de 7 anos. Em relao ao nmero de
processos fonolgicos utilizados por faixa etria, aos 3 anos de idade as crianas
utilizaram um mnimo de dois de processos fonolgicos e a partir da faixa etria de 4
anos o nmero mnimo de processos fonolgicos utilizados estabilizou-se em zero e
o nmero mximo de processos fonolgicos diminuiu gradativamente de acordo com
o aumento da faixa etria, assim como a mdia. Com relao ao PCC e ao PCC-R,
concluiu-se que a mdia do percentual de consoantes corretas tem um crescimento
significativo e gradual de acordo com o aumento da faixa etria. O PCC mdio obtido
aos 3 anos foi 85,65%, aos 4 anos = 92,85%, aos 5 anos = 96,69%, aos 6 anos =
99,12%, chegando a 99,78% na faixa etria de 7 anos. O PCC-R mdio obtido aos 3
anos foi 86,16%, aos 4 anos = 93,85%, aos 5 anos = 97,17%, aos 6 anos = 99,59% e
aos 7 anos = 99,78%. Em relao varivel sexo, no foi observada nenhuma
diferena estatisticamente significante em nenhuma das anlises realizadas nesta
pesquisa.

Palavras-chave: Fonoaudiologia, crianas, aquisio de linguagem.


6

ABSTRACT

The participants of this study were 240 children of both genders, aged between
3 and 8 years. Analyses performed looked at the phonetic inventory, phonological
processes and the percentage of consonants correct. Data were analysed with
respect to age and gender. The results allow to conclude that at the age of 3 the
phonemes /p/, /b/, /t/, /d/, /k/, //, /m/, and /n/ are already acquired and stabilized in
the phonological system of the children. Also the phonemes /f/, /v/, /s/, / /, /t /, /d /,
/z/, / /, // and // are already acquired at that age although we found a great
production variability between children. The acquisition of the phoneme.. //. occurs
initially in simple onset (age 4) and afterwards in complex onset (age 5), the
acquisition of the phoneme /l/ in simple onset occurs at age 3 and in complex onset
at age 4 and the phoneme /R/ in simple onset is acquired at age of 3 and in final
position at the age of 4. As to the total number of phonemes acquired, it can be
concluded that from the age of 3 many children have a complete phonetic inventory,
there is a great variability between children. Also with regard to phonological
processes it can be concluded that at the age of 3, 4 and 5 years the processes
cluster reduction, lateralization, and final consonant deletion are the ones that are
most frequently used. Metathesis is the second most frequently used process at the
age of 6 and occurs on the third place at the age of 7. Concerning the number of
phonological processes used at each age, 3 year old children use a minimum of two
processes and from the age of 4 onward the number of processes drops to zero,
while the maximum number of processes used gradually decrease with increasing
age, just like the mean number of processes used. As far as PCC and PCC-R is
concerned, the mean percentage of consonants correct increases significantly and
gradually with increasing age. The mean PCC obtained was 85,65% at the age of 3 ,
92,85% at age 4, 96,69% at age 5, 99,12% at age 6, and 99,78% at age 7. The mean
PCC-R obtained was 86,16% at age 3, 93,85% at age 4, 97,17% at age 5, 99,59% at
age 6 and 99,78% at age 7. With regard to gender, not a single significant difference
was found for any of the analyses performed in the current study.

Key-words: Speech-Language Pathology, children, language acquisition.


7

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Traos distintivos. p, 21


Quadro 2 Processos fonolgicos. p, 48
8

LISTA DE GRFICOS

Grfico 1 Mnimo, mximo e mdia de fonemas adquiridos por faixa etria. p, 53


Grfico 2 Mnimo, mximo de mdia de processos fonolgicos por faixa etria. p,
62
Grfico 3 Mdia de ocorrncia dos processos fonolgicos mais utilizados por faixa
etria. p, 68
Grfico 4 PCC por faixa etria. p, 71
Grfico 5 PCC-R por faixa etria. p, 73
9

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Participantes da pesquisa. p, 43


Tabela 2 Mnimo, mximo e mdia de fonemas adquiridos X faixa etria. p, 52
Tabela 3 Mnimo, mximo e mdia de fonemas adquiridos X sexo. p, 53
Tabela 4 Mnimo, mximo e mdia de produes corretas de cada som. p, 54
Tabela 5 Mnimo, mximo e mdia de produes corretas do fonema /z/ X faixa
etria. p, 55
Tabela 6 Mnimo, mximo e mdia de produes corretas do fonema / / X faixa
etria. p, 56
Tabela 7 Mnimo, mximo e mdia de produes corretas do fonema // X faixa
etria. p, 56
Tabela 8 Mnimo, mximo e mdia de produes corretas do fonema // X faixa
etria. p, 56
Tabela 9 Mnimo, mximo e mdia de produes corretas do fonema // X faixa
etria. p, 56
Tabela 10 Mnimo, mximo e mdia de produes corretas do fonema /R/ X faixa
etria. p, 56
Tabela 11 Mnimo, mximo e mdia de produes corretas do fonema /l/ X faixa
etria. p, 57
Tabela 12 Mnimo, mximo e mdia de produes corretas do fonema // em onset
simples. p, 57
Tabela 13 Mnimo, mximo e mdia de produes corretas do fonema // em onset
complexo. p, 57
Tabela 14 Mnimo, mximo e mdia de produes corretas do fonema /R/ em
onset simples. p, 58
Tabela 15 Mnimo, mximo e mdia de produes corretas do fonema /R/ em
posio de coda. p, 58
Tabela 16 Mnimo, mximo e mdia de produes corretas do fonema /l/ em onset
simples. p, 58
Tabela 17 Mnimo, mximo e mdia de produes corretas do fonema /l/ em onset
complexo. p, 58
Tabela 18 Total de crianas X // onset simples. p, 59
Tabela 19 Total de crianas X // onset complexo. p, 59
Tabela 20 Total de crianas X /R/ onset simples. p, 60
Tabela 21 Total de crianas X /R/ coda. p, 60
Tabela 22 Total de crianas X /l/ onset simples. p, 60
Tabela 23 Total de crianas X /l/ onset complexo. p, 60
Tabela 24 Mnimo, mximo e mdia de processos fonolgicos X faixa etria. p, 61
Tabela 25 Mnimo, mximo e mdia de processos fonolgicos X sexo. p, 62
Tabela 26 Mnimo, mximo e mdia de ocorrncia de cada processo fonolgico na
faixa etria de 3 anos 3 anos e 11 meses. p, 63
10

Tabela 27 Mnimo, mximo e mdia de ocorrncia de cada processo fonolgico na


faixa etria de 4 anos 4 anos e 11 meses. p, 64

Tabela 28 Mnimo, mximo e mdia de ocorrncia de cada processo fonolgico na


faixa etria de 5 anos 5 anos e 11 meses. p, 65
Tabela 29 Mnimo, mximo e mdia de ocorrncia de cada processo fonolgico na
faixa etria de 6 anos 6 anos e 11 meses. p, 66
Tabela 30 Mnimo, mximo e mdia de ocorrncia de cada processo fonolgico na
faixa etria de 7 anos 7 anos e 11 meses. p, 67
Tabela 31 Dados estatsticos da anlise dos processos fonolgicos. p, 69
Tabela 32 PCC X faixa etria. p, 70
Tabela 33 PCC X sexo. p, 71
Tabela 34 PCC-R X faixa etria. p, 72
Tabela 35 PCC-R X sexo. p, 73
11

LISTA DE ABREVIATURAS

ACONSF Apagamento do Consoante Final


ACRESC Acrscimo
AFR Africao
ANT Anteriorizao
APAGLIQ Apagamento de Lquida em Onset Simples
APOC Apcope
ASILAT Apagamento de Slaba tona
ASSIM Assimilao
CCV- estrutura silbica composta por consoante + consoante + vogal = encontro
consonantal
CV - estrutura silbica composta por consoante + vogal
CVC- estrutura silbica composta por consoante +vogal +consoante
DESAF Desafricao
ENS Ensurdecimento
EPENT Epntese
LAT Lateralizao
MET Mettese
MONOT Monotongao
PLOS Plosivizao
POST Posteriorizao
REC Reduo de Encontro Consonantal
RED Reduplicao
SEMIV Semivocalizao
SONOR Sonorizao
V estrutura silbica composta por uma vogal apenas
VC- estrutura silbica composta por vogal + consoante
12

SUMRIO

RESUMO
ABSTRACT
LISTA DE QUADROS
LISTA DE GRFICOS
LISTA DE TABELAS
LISTA DE ABREVIATURAS
1 INTRODUO, p. 13
2 REVISO DE LITERATURA, p. 17
2.1 AQUISIO FONOLGICA, p. 17
2.1.1 Aquisio de plosivas e nasais, p. 19
2.1.2 Aquisio de fricativas, p. 20
2.1.3 Aquisio de lquidas, p. 23
2.1.4 Aquisio da estrutura silbica, p. 25
2.2 PROCESSOS FONOLGICOS, p. 28
2.3 PERCENTUAL DE CONSOANTES CORRETAS, p. 41
3 METODOLOGIA, p. 43
3.1 PARTICIPANTES, p. 43
3.2 MATERIAL, p. 44
3.3 PROCEDIMENTO, p. 48
3.4 COLETA DOS DADOS, p. 48
3.5 ANLISE DOS DADOS, p. 49
3.5.1 Inventrio Fontico, p. 49
3.5.1.1 Total de fonemas adquiridos por faixa etria e sexo, p. 49
3.5.1.2 Produo correta de cada fonema nas diferentes estruturas
silbicas por faixas etrias e sexo, p. 49
3.5.2 Anlise dos Processos Fonolgicos, p. 49
3.5.2.1 Nmero de processos fonolgicos utilizados nas diferentes faixas
etrias e sexo, p. 50
3.5.2.2 Anlise de ocorrncia de cada processo fonolgico por faixa
etria e sexo, p. 50
3.5.3 Percentual de Consoantes Corretas PCC e PCC-R, p 50
3.5.3.1 Percentual de Consoantes Corretas, p. 50
3.5.3.2 Percentual de Consoantes Corretas Revisado, p. 50
4 RESULTADOS, p. 51
4.1 INVENTRIO FONTICO, 52
4.1.1 Total de fonemas adquiridos, p 52
4.1.2 Produes corretas de cada fonema, p 54
4.2 PROCESSOS FONOLGICOS, p 61
4.2.1 Nmero de processos fonolgicos utilizados, p. 61
4.2.2 Anlise de ocorrncia de cada processo fonolgico por faixa etria e
sexo, p. 63
13

4.3 PERCENTUAL DE CONSOANTES CORRETAS PCC E PCC-R, p. 70


4.3.1 PCC Percentual de consoantes corretas, p. 70
4.3.2 PCC-R Percentual de consoantes corretas revisado, p. 72
5 DISCUSSO, p. 74
6 CONCLUSO, p. 82
7 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS, p. 85
8 APNDICES, p. 90
14

1 INTRODUO

A avaliao uma das principais ferramentas do fonoaudilogo. Como

qualquer ferramenta, se usada adequadamente, pode acelerar o trabalho a ser

desenvolvido. Nos distrbios de fala-linguagem, uma avaliao abrangente leva a um

diagnstico acurado, identificao da etiologia e de condies agravantes,

fornecendo uma base para a interveno. Uma avaliao descuidada acarreta em

perda de tempo e energia, levando ocasionalmente a decises diagnsticas

inadequadas e a um planejamento de interveno ineficiente (MOTA, 2001).

O distrbio articulatrio, caracterizado pela alterao dos nveis fontico e/ou

fonolgico da linguagem um dos distrbios fonoaudiolgicos de maior ocorrncia

na populao infantil. Segundo Graa (2004) a prevalncia das alteraes fonticas

de 15,8% e das alteraes fonolgicas de 18,9%, para Andrade (1997) as

alteraes fonticas e fonolgicas tem prevalncia de 7,4% na populao infantil. O

distrbio articulatrio pode prejudicar os aspectos sociais e escolares da vida da

criana se no diagnosticado e tratado no tempo adequado. Este diagnstico, no

entanto, no sempre bvio, uma vez que, so poucos os estudos j desenvolvidos

sobre aquisio fonolgica em crianas falantes do Portugus Brasileiro acarretando


15

em falta de parmetros de normalidade, em relao idade de aquisio dos sons,

que possam auxiliar o fonoaudilogo em sua avaliao. Alm disso, o grau de

complexidade de uma avaliao fontica / fonolgica grande, envolvendo anlises

lingsticas no apenas elaboradas como tambm muitas vezes cansativas. Dentro

deste contexto, o fonoaudilogo muitas vezes por falta de ferramentas no tem

condies de realizar uma boa avaliao, o que conseqentemente o levar a um

procedimento teraputico com limitaes.

So poucos os autores que j desenvolveram exames em Portugus

buscando avaliar os aspectos fonticos e fonolgicos da linguagem infantil.

A Avaliao Fonolgica da criana, dos autores Yavas, Hernandorena e

Lamprecht (1992), foi criado com o objetivo de eliciar a amostra mais representativa

da fala da criana atravs da nomeao espontnea. O material composto por

cinco desenhos temticos para a estimulao de 125 itens que formam a lista de

palavras desta avaliao. Estas palavras foram escolhidas de forma a serem

capazes de apresentar: 1. uma representao equilibrada do sistema fonolgico

adulto, 2. mais de uma ocorrncia dos mais diferentes tipos de alvos possveis e 3.

sons em diferentes posies nas palavras e em palavras distintas quanto estrutura

silbica e quanto ao nmero de slabas. Nesta avaliao so consideradas quatro

posies em relao estrutura da slaba e da palavra: incio de slaba incio de

palavra, incio de slaba dentro da palavra, final de slaba dentro da palavra e final de

slaba final de palavra. Este exame tem seu foco nos desvios fonolgicos de

crianas.

O Exame Fontico Fonolgico REALFA, da autora Regina Elly Alves Faria

(1994), composto por um fichrio evocativo com 69 estmulos visuais,


16

confeccionados mo, em preto e branco. Este teste tem como objetivo fazer um

levantamento dos desvios persistentes na organizao fontica - fonolgica da fala

do examinado e a anlise feita de acordo com o sistema de oposio entre os

fonemas, divididos em sistema de emisso, sistema de ressonncia, sistema

articulatrio e critrio acstico.

O ABFW Teste de Linguagem Infantil nas reas de Fonologia, Vocabulrio,

Fluncia e Pragmtica (2000), como as prprias autoras o descrevem, um teste

genrico para a determinao de um perfil global das reas da linguagem abrangidas

pelo teste. A avaliao de Fonologia do ABFW tem como objetivo verificar o

inventrio fontico da criana bem como as regras fonolgicas usadas, que

abrangem os fonemas produzidos contrastivamente, sua distribuio, e ainda o tipo

de estrutura silbica observada. A anlise fonolgica dos resultados do teste toma

por base os processos fonolgicos observados durante o desenvolvimento das

crianas falantes do Portugus. Para a testagem do sistema fonolgico so usadas

duas provas: a imitao e a nomeao. A prova de imitao compreende 39

vocbulos e a prova de nomeao 34 figuras. O teste admite dois tipos de anlise, a

tradicional e a dos processos fonolgicos. A primeira permite a elaborao do

inventrio fontico referente s posies de slaba inicial e final, sendo registrados os

acertos, as substituies, as omisses, as adies e as distores. importante

ressaltar que nesta avaliao apenas so referidas as posies de slaba inicial e

final, sendo que a posio final se refere posio incio de slaba meio de palavra.

Observamos, portanto, que as avaliaes fonticas fonolgicas disponveis

no mercado brasileiro verificam os tipos de ocorrncias omisso, substituio,

distoro e acerto mais freqentes e os processos fonolgicos observados. Nesta


17

pesquisa pretendemos padronizar os dados de aquisio fontica e fonolgica para a

construo de uma avaliao, onde teremos dados objetivos (inventrio fontico,

nmero de fonemas adquiridos por idade, percentual de consoantes corretas,

processos fonolgicos comuns durante o desenvolvimento fonolgico, nmero de

processos fonolgicos presentes por idade) para que o fonoaudilogo possa

diagnosticar com mais facilidade se a criana est ou no atrasada no

desenvolvimento fonolgico e se precisa ou no de terapia. comum, por exemplo,

o fonoaudilogo se confrontar com a dvida de tratar ou no uma criana de 4,6

anos que ainda no produz o fonema // em encontro consonantal. Neste caso

dados objetivos em relao ao total de crianas da mesma faixa etria que ainda no

produzem este som podem ajud-lo a resolver se esta criana deve ou no ser

tratada. Algumas dessas anlises como nmero de fonemas adquiridos por idade e

nmero de processos fonolgicos observados por idade no so encontradas nos

outros exames e so em nossa opinio importantes para o diagnstico.

Neste sentido, o presente estudo tem por objetivo investigar o processo de

aquisio fonolgica em uma populao de crianas com desenvolvimento normal

com vistas a estabelecer parmetros de normalidade que sirvam de orientadores da

avaliao fontica e fonolgica FONOFON.


18

2 REVISO DE LITERATURA

2.1 AQUISIO FONOLGICA

O surgimento da linguagem expressiva ocorre durante os primeiros anos de

vida da criana, perodo em que os fonemas so adquiridos e estabelecidos quanto

s posies nas slabas e nas palavras e de acordo com uma cronologia que ao

que parece similar para a maioria das crianas. (KESKE-SOARES, BLANCO, MOTA,

2004)

A aquisio fonolgica envolve a percepo, a produo e tambm a

organizao das regras, ou seja, a criana ao adquirir o fonema, aprende tambm a

sua distribuio tanto nas slabas como nas palavras. Assim, durante o

desenvolvimento a criana aumenta seu inventrio fontico e domina as regras

fonolgicas prprias de seu sistema lingstico considerando os fonemas, a sua

distribuio e o tipo de estrutura silbica onde ocorrem.

Durante a aquisio fonolgica, as crianas devem aprender quais os sons

so usados na sua lngua e de que maneira eles so organizados. (PEREIRA e

MOTA, 2002)
19

Segundo Wertzner (2004) a fase de maior expanso do sistema fonolgico

ocorre entre 1:6 e 4 anos, quando h um aumento do inventrio fontico usado nas

estruturas silbicas mais complexas possibilitando inclusive a produo das palavras

polissilbicas, porm, este perodo caracterizado pela ocorrncia de substituies e

omisses de sons.

Dos quatro aos sete anos, a criana adquire os sons mais complexos, produz

de forma adequada as palavras mais simples e comea a usar palavras mais longas,

estabilizando o sistema fonolgico.

A aquisio do sistema fonolgico de uma lngua, incluindo seu inventrio

fontico e as regras fonolgicas, ocorre gradativamente at os sete anos. Portanto, a

aquisio fonolgica contnua (WERTZNER, 2004).

O desenvolvimento fonolgico implica a aquisio de um sistema de sons

profundamente ligado ao crescimento global da criana em relao ao idioma e

embora seja possvel identificar tendncias gerais, cada criana desenvolve sua

linguagem de forma particular. (LOWE, 1996).

As crianas que no demonstram nos padres de sua fala estar de acordo

com esta cronologia apresentam atrasos ou desvios na aquisio deste aspecto da

lngua e por este motivo devem receber uma ateno especial.


20

2.1.1 Aquisio das Plosivas e das Nasais

Segundo Lamprecht (2004) plosivas e nasais so os primeiros segmentos

consonantais a serem adquiridos pelas crianas com desenvolvimento fonolgico

normal, estando ambos adquiridos antes dos 2 anos de idade.

As plosivas /p/, /b/, /t/, /d/, /k/, // e as nasais /m/ e /n/ esto adquiridas entre

1:6 e 1:8, enquanto o // pode ser adquirido um pouco mais tarde.

Em relao ordem de aquisio das plosivas, h uma tendncia nesta ordem

(Lamprecht, 2004):

1 momento: /p/ ; /t/ ; /k/

2 momento: /p/ ; /b/ ; /t/ ; /d/ ; /k/

3 momento: /p/ ; /b/ ; /t/ ; /d/ ; /k/ ; //

Grunwell (1995) relata que no estgio entre 1:6 2 anos de idade as crianas

j adquiriram os fonemas /p/ ; /b/ ; /t/ ; /d/; /m/, /n/ e //. Apenas no estgio de 2:0

2:6 todas as plosivas esto adquiridas: /p/ ; /b/ ; /t/ ; /d/ ; /k/ ; // junto com as

nasais: /m/, /n/ e //.

Em 2003 os autores McLeod e Bleile realizaram uma reviso de literatura

sobre a aquisio de fala de crianas de lngua inglesa. Segundo este trabalho, o

inventrio fontico de uma criana na faixa etria de 3 anos composto pelos

fonemas /p/, /b/, /t/, /d/, /k/, //, /m/, /n/, /f/, /s/, ou seja, as consoantes plosivas,

nasais e fricativas anteriores desvozeadas.


21

Para Wertzner (2000) todas as plosivas e as nasais j esto adquiridas na

idade de 3 anos e 6 meses.

2.1.2 Aquisio de Fricativas

De acordo com a literatura, as fricativas seguem as plosivas e as nasais na

ordem de aquisio segmental das lnguas naturais. Essa classe de sons

caracteriza-se por conter tanto fonemas de aquisio inicial (/f/ e /v/), como fonemas

de aquisio mais tardia (/s/, /z/, / /, / /).

Para melhor compreenso desta sesso necessrio uma breve exposio

da teoria dos traos distintivos (Chomsky e Halle, 1968), na qual os fonemas so

classificados tanto por suas propriedades articulatrias (por exemplo, [anterior])

como por suas propriedades acsticas (por exemplo: [soltura retardada]. (SILVA,

2001)

No quadro abaixo pode ser encontrada a definio dos traos distintivos

relevantes para o Portugus Brasileiro, segundo Silva (2001):


22

Quadro 1: Traos distintivos


Trao distintivo Definio
Consonantal Um som [+consonantal] quando produzido com uma obstruo significativa
no trato vocal.
Silbico Um som [+silbico] quando constitui um ncleo de uma slaba.
Soante Um som [+soante] quando produzido com a configurao do aparelho
fonador de maneira que seja possvel o vozeamento espontneo.
Contnuo Um som [+contnuo] quando a constrio principal do trato vocal permite a
passagem do ar durante todo o perodo de sua produo.
Soltura Retardada Um som [+soltura retardada] quando produzido com uma obstruo no trato
vocal bloqueando a passagem da corrente de ar seguida pelo escape desta
corrente de ar provocando turbulncia.
Nasal Um som [+nasal] quando produzido com o abaixamento do vu palatino
permitindo o escape do ar atravs do nariz.
Lateral Um som [+lateral] quando durante a sua produo o ar escapa lateralmente.
Anterior Um som [+anterior] quando produzido com uma obstruo localizada na
parte anterior regio alveopalatal.
Coronal Um som [+coronal] quando produzido com o levantamento da lmina da
lngua a um ponto superior posio neutra.
Alto Um som [+alto] quando produzido com o levantamento do corpo da lngua a
uma posio acima daquela verificada na posio neutra.
Recuado Um som [+recuado] quando produzido com a retrao da lngua da posio
neutra.
Arredondado Um som [+arredondado] quando produzido com uma aproximao do orifcio
labial.
Baixo Um som [+baixo] quando produzido com o abaixamento do corpo da lngua a
uma posio abaixo daquela verificada na posio neutra.
Vozeado Um som [+vozeado] quando durante a sua produo as cordas vocais
permanecem vibrando.
Tenso Um som [+tenso] quando produzido com um gesto exato e preciso que
envolve considervel esforo muscular.

Lamprecht (2004) afirma que as fricativas labiais so as primeiras a serem

adquiridas na classe das fricativas. O /v/ encontra-se adquirido aos 1:8 e o /f/ aos

1:9. As coronais /s/, /z/, / /, / / so as de aquisio mais tardia na classe das

fricativas. O /s/ encontra-se adquirido aos 2:6, o /z/ aos 2:0, o / / aos 2:10 e o / / aos

2:6. Assim como ocorre com o /f/ e /v/, o fonema sonoro adquirido antes do seu

co-ocorrente surdo.

Portanto, segundo Lamprecht (2004), a ordem de aquisio das fricativas :

Labiais /v/ , /f/ > Coronais [+anterior] /z/ , /s/ , Coronais [-anterior] / /, / /.
23

Estudo feito por Oliveira (2003) sobre a aquisio das fricativas /f/, /v/, / /, / /

foi composto por 96 crianas entre 1:0 e 7:1 anos e as variveis consideradas nesta

pesquisa foram: faixa etria, tonicidade, contexto precedente, contexto seguinte e

posio na palavra. Quanto faixa etria, foi constatado que o fonema /f/ est

adquirido pela criana a partir de 1 ano e 9 meses, o fonema /v/ com 1 ano e 8

meses, o fonema / / aos 2:10 e o fonema / / aos 2:6. Quanto posio na palavra,

para os fonemas /f/, /v/ e / / a posio de onset medial (incio de slaba dentro da

palavra) foi a que se mostrou mais favorvel produo correta enquanto que para

/ / a posio mais facilitadora produo foi o onset absoluto (incio de slaba incio

da palavra).

Segundo Grunwell (1995) as fricativas /s/ e /f/ so adquiridas no estgio de

2:6 3:0 enquanto a fricativa / / e a africada /t / so adquiridas no estgio que vai

dos 3:0 aos 3:6 e finalmente no estgio que vai dos 3:6 aos 4:6 as fricativas /z/, / / e

a africada /d / aparecem no inventrio fontico das crianas.

McLeod e Bleile (2003), observaram que na faixa etria de 3 anos a 3 anos e

11 meses somente as fricativas /s/ e /f/ j esto adquiridas. Na faixa etria de 4

anos a 4 anos e 11 meses, as fricativas /f/, /v/, /s/, /z/ e / / j fazem parte do

inventrio fontico das crianas, mas somente na faixa etria de 5 anos a fricativa

/ / aparece como adquirida.


24

2.1.3 Aquisio de Lquidas

A aquisio das lquidas laterais /l/, // e das lquidas no-laterais // e /R/ do

portugus brasileiro marcada por ser de domnio mais tardio. Alm disso, nela

observa-se, com grande intensidade, o uso diversificado de processos fonolgicos

durante o desenvolvimento. O que talvez justifique essa aquisio tardia, tanto no

portugus brasileiro como em outros sistemas lingsticos, o fato de esta classe ser

bastante complexa, tanto do ponto de vista articulatrio quanto do fonolgico.

(LAMPRECHT, 2004).

A classe das lquidas a ltima a ser adquirida no Portugus e, dentro desse

grupo de sons, as laterais so adquiridas antes das no-laterais. A primeira lquida

lateral a se estabilizar na fala das crianas o /l/, a qual dominada antes do

surgimento da primeira lquida no-lateral /R/. O mesmo ocorre com os fonemas // e

//, sendo o primeiro dominado antes do segundo. (LAMPRECHT, 2004).

O /l/ a primeira lquida a ser dominada pelas crianas, e sua aquisio

bem mais estvel e inicial do que a de //. A consoante /l/ a consoante prototpica

da classe das lquidas, pois capaz de substituir, durante o processo de aquisio

fonolgica, qualquer das outras lquidas, em todas as posies da slaba e da

palavra. A lateral alveolar /l/ adquirida primeiro em posio de onset absoluto

como em /lata/, aos 2:8 e, alguns meses depois, dominada em onset medial,

como em /bala/, aos 3:0. (HERNANDORENA E LAMPRECHT, 1997).


25

A aquisio de // bem mais tardia do que a aquisio de /l/. Hernandorena

e Lamprecht (1997) postulam a idade de 4:0 para a aquisio deste som. Ainda

segundo os autores, a lquida /R/ est dominada aos 3:4 3:5, tanto em onset

absoluto quanto em onset medial. Esta lquida a primeira a ser adquirida entre as

no-laterais.

A lquida no-lateral // na posio de onset simples, como em /baata/,

est adquirida aos 4:2, sendo, portanto um fonema de aparecimento tardio no

desenvolvimento fonolgico. (HERNANDORENA E LAMPRECHT, 1997).

Tambm para Keske-Soares, Blanco e Mota (2004) em crianas com

aquisio normal, as lquidas laterais so adquiridas antes das no-laterais e, dentro

dessas classes, o /l/ precede o //, e o /R/ geralmente aparece antes do //.

Teixeira (2006) realizou um estudo com crianas de 3 a 8 anos e observou

que o fonema // j est adquirido aos 4 anos, porm apresentando uma grande

variabilidade de produo entre as crianas. A produo deste som, para a autora,

demonstrou estar realmente estabilizada aos 7 anos.

So poucos os estudos que pesquisaram a diferena na aquisio fonolgica

de meninos e meninas. Entre eles, Dodd et al (2003) pesquisaram o

desenvolvimento fonolgico de crianas falantes da lngua inglesa da Inglaterra.

Foram avaliadas 684 crianas nas faixas etrias de 3 anos a 6 anos e 11 meses.

Este estudo investigou o efeito da idade, do sexo e da situao scio-econmica no

desenvolvimento fonolgico. Os resultados demonstraram que, em relao ao sexo,

no foi encontrada diferena significativa nas faixas etrias mais baixas, porm, no

grupo de crianas de faixa etria mais alta, as meninas apresentaram melhor


26

preciso na produo dos sons. Neste mesmo artigo, os autores fazem referncia a

outros estudos envolvendo a observao da diferena entre o sexo masculino e o

sexo feminino no desenvolvimento fonolgico infantil. Alguns autores, como

Wellman et al (1931), Poole (1934) e Smit et al (1990) observaram que as meninas

apresentaram melhor desempenho em algum momento do desenvolvimento

fonolgico.

2.1.4 Aquisio da Estrutura Silbica

A estrutura da slaba onde est inserido o fonema pode interferir na sua

produo, muitas vezes observa-se que a criana consegue produzir um som em

uma slaba CV, como o // em /buako/, mas no consegue produzir o mesmo som

em uma slaba CCV, como em /baso/. A percepo da estrutura silbica segue

uma ordem de aquisio, como veremos nos estudos descritos a seguir.

Miranda (1996) afirma que a posio que o fonema // ocupa na slaba fator

fundamental para a sua aquisio. O fonema // em onset simples adquirido

anteriormente ao // em onset complexo, demonstrando a exigncia de um maior

grau de complexidade para a produo do referido som na posio de onset

complexo. (TEIXEIRA, 2006, MIRANDA, 1996)


27

Pesquisa realizada por Bonilha (2003) com 23 crianas entre 1 ano e 1 ano e

5 meses evidenciou que as estruturas silbicas CV e V esto adquiridas desde as

faixas etrias iniciais, apresentando um ndice de produo superior a 80% em, no

mnimo, duas faixas etrias consecutivas. Nesta pesquisa foram constatadas trs

estratgias de reparo: CV > V (/ uva/ > [uva]) ; CV > (/ upeta/ > [peta/]); V

> (/aviaw/ > [viaw/]). A estratgia de reparo V > CV (/aviaw/ > [faviaw])

no foi observada nesta pesquisa.

Com relao estrutura silbica CV, a estratgia de reparo CV > foi a mais

encontrada e ocorreu preferencialmente em posio pr-tnica. J a estratgia de

reparo CV > V foi a mais observada em posio tnica, considerou-se, portanto, que

a aplicao da estratgia de reparo CV > V est relacionada diretamente

dificuldade de realizao de um determinado segmento por parte da criana.

Lowe (1996) define que as slabas CV, VC e CVC esto adquiridas na fase

das 50 primeiras palavras, que abrange o perodo que vai do primeiro enunciado

significativo, aproximadamente aos 12 meses de idade, at o perodo em que a

criana comea a unir duas palavras, aproximadamente aos 18 meses. Algumas

crianas j apresentam a estrutura CVC desde o incio deste estgio, em outras

crianas esta estrutura silbica s aparece mais tarde e no constitui uma parte

significativa da fonologia da criana at depois do estgio das 50 palavras.

Segundo Keske-Soares, Blanco e Mota (2004) as estruturas silbicas so

adquiridas na ordem V e CV > CVC > CCV. Quanto posio na slaba e na palavra

a ordem da aquisio onset medial (incio de slaba dentro da palavra), seguido de


28

coda final (final de slaba final da palavra), onset inicial (incio de slaba incio da

palavra) e coda medial (final de slaba dentro da palavra).

Ribas (2003) pesquisou dados de 134 crianas com desenvolvimento

fonolgico normal entre as idades de 1:0 e 5:3. As primeiras produes corretas de

fonemas em CCV surgiram na amostra da referida pesquisa com crianas na idade

de 1:8. A partir da idade de 2:0 o percentual de produes corretas foi aumentando

gradativamente, porm a produo era muito varivel entre as crianas. A

estabilidade da estrutura silbica CCV no sistema fonolgico dos sujeitos

pesquisados, considerando um percentual maior do que 85% de realizaes como o

alvo em duas faixas etrias seguidas, ocorre aos 5:0 e foi confirmado aos 5:2.

Outra caracterstica observada nesta pesquisa foi que durante todo o curso da

aquisio, os grupos consonantais compostos de plosiva labial tiveram maior

percentual de realizaes corretas e os compostos de plosiva coronal o pior

percentual. No entanto, as crianas mais novas, entre 2:0 e 3:0, realizam de maneira

mais acurada as slabas CCV com plosiva labial e as slabas CCV com plosiva

coronal s foram produzidas, com maior percentual de realizaes corretas, aos 4:0.

Ao longo do percurso do desenvolvimento fonolgico a criana vai adquirindo

os segmentos que esto licenciados em posies silbicas menos complexas, at

que adquire os que esto em posies mais complexas, caracterizando uma ordem

tpica de surgimento e domnio de segmentos e estruturas silbicas. Analisando o

processo de aquisio do onset complexo (como em /baso/) possvel concluir

que a criana lida de maneira diferente com a estrutura silbica mais complexa. No

portugus brasileiro permitido um mximo de duas consoantes na posio de


29

onset, sendo que a primeira obrigatoriamente deve ser uma obstruinte e a segunda

uma lquida. Entre o grupo de onset complexo com a lquida lateral e a lquida no-

lateral existe uma diferena quanto ao nmero de combinaes permitidas e quanto

ao nmero de palavras na lngua portuguesa, pois a slaba CCV com /l/ apresenta 6

combinaes e um nmero reduzido de palavras e a slaba CCV com // apresenta 8

possibilidades e um nmero muito maior de palavras (RIBAS, 2003).

2.2 PROCESSOS FONOLGICOS

Stampe (1979) apresentou o conceito de processo fonolgico, a partir do qual

os erros de fala das crianas comearam a ter um enfoque diferenciado.

Processo fonolgico uma operao mental que se aplica a fala para substituir, em
lugar de uma classe de sons ou seqncia de sons que apresentam uma dificuldade
especfica comum para a capacidade da fala do indivduo, uma classe alternativa
idntica, porm desprovida da propriedade difcil. (p.1)

Os processos fonolgicos constituem mudanas sistemticas de som que

afetam uma classe de sons ou uma seqncia de sons. Os processos so

descries de padres que ocorrem regularmente, observados na fala da criana e

que operam com o objetivo de simplificar os alvos adultos. (LOWE, 1996)

Com base em Wertzner e Consorti (2004), Magalhes (2003), Van Borsel

(2003), Cagliari (2002), Lowe (1996), Grunwell (1995) e Yavas (1992),

descreveremos os processos fonolgicos que ocorrem usualmente no decurso do

desenvolvimento infantil.
30

Os processos fonolgicos so classificados em trs grupos: de estrutura

silbica, de substituio e de assimilao.

Os processos de estrutura silbica descrevem mudanas de som que afetam

a estrutura silbica na produo de uma palavra adulta alvo pela criana. So eles:

1. Simplificao de encontro consonantal:

A simplificao do encontro consonantal o processo atravs do qual um

encontro consonantal transformado em uma forma mais fcil de pronunciar. H

duas maneiras de se simplificar um encontro consonantal. Na primeira, um ou mais

sons de um encontro consonantal podem ser omitidos como na produo de [fox]

ao invs de /floR/ , /pimu/ ao invs de /pimo/, ou ainda [imu] ao invs de

[pimo]. Pode-se denominar esse processo de reduo do encontro

consonantal. A segunda maneira de simplificao se d atravs da insero de uma

vogal entre os dois elementos de um encontro consonantal como em [teej ] ao

invs de /teS/. Esse tipo de simplificao chamado de epntese.

2. Apagamento de slaba tona:

Este processo descreve o apagamento de uma ou mais slabas de uma

palavra, geralmente polissilbica. Normalmente, a slaba menos acentuada

apagada na produo. Exemplo: /aviaw/ > [viaw]

3. Apagamento de consoante final:

O apagamento de consoantes finais envolve o apagamento de uma consoante

final, de maneira que a forma final da slaba termine em uma vogal.


31

Exemplos: /floR/ > [flo], /boRboleta/ > [boboleta]

4. Apcope:

A apcope a adio de um fonema a uma slaba travada.

Exemplo: /naiS/ > [naizi]

5. Mettese:

A mettese ocorre quando h inverso de fonemas dentro da palavra.

Exemplo: /kfe/ > [kfi]

Magalhes (2003) descreve a mettese como um fenmeno fonolgico que

consiste da troca de posio de um ou mais elementos na seqncia da fala.

Segundo o autor, tais elementos, seja uma slaba ou um segmento, passam por este

processo, especialmente na aquisio, em funo da criana estar se adaptando ao

sistema fonottico da lngua, ou mesmo devido a uma reestruturao da nova

gramtica a ser adquirida. Nesse sentido, uma criana que ainda tenha dificuldade

na produo da coda silbica, por exemplo, pode transportar o segmento desta

posio para o onset, ou vice versa. Magalhes (2003) classifica a mettese da

seguinte forma:

a) Mettese intersilbica: este o tipo mais comum e ocorre quando o segmento

troca de slaba. Exemplos: vidro > [vidu]

b) Mettese intrassilbica: nesse caso o segmento passa de onset para coda ou de

coda para onset. Exemplos: terceiro > [teseu], brao > [baxsu]

c) Mettese recproca: ocorre quando duas consoantes trocam de posio entre si.

Exemplo: amarelo > [amalu]


32

6. Monotongao:

A monotongao ocorre quando h a simplificao do ditongo de uma slaba,

transformando-a em CV.

Exemplo: /bolsa/ > [bosa]

7. Apagamento de lquida em onset simples:

Apagamento de consoante lquida em posio de onset simples na palavra.

Exemplo: /pasaio/ > [pasaiu]

8. Acrscimo:

Considera-se acrscimo a adio de um som aleatrio na palavra.

Exemplo: /meza/ > [mleza]

Processos de substituio: Os processos de substituio envolvem mudanas

de sons nas quais uma classe de sons substitui outra. Os nomes destes processos

normalmente refletem a classe de sons substituta.

9. Plosivizao:

Um dos processos de substituio mais comuns a plosivizao. A forma de

plosivizao mais freqentemente observada a substituio de fricativas e

africadas por plosivas.

Exemplo: /ka oRo/ > [katoxu]

10. Africao:

Este processo envolve a substituio de uma fricativa por uma africada.

Exemplo: /ka oRo/ > [kat oxu]


33

11. Desafricao:

Este processo envolve a substituio de uma africada por uma fricativa,

podendo a fricativa ser ou no homorgnica africada.

Exemplo: /tezowa/ > [ izouwa]

12. Anteriorizao

A anteriorizao envolve a substituio de uma consoante velar por uma

consoante mais anterior (geralmente alveolar) ou a substituio de uma consoante

palatal por um som produzido em uma parte mais frente do trato vocal.

Exemplos: /kaRo/ > [taxu], /paaso/ > [palasu]

13. Posteriorizao

Na posteriorizao, um som com o ponto de articulao mais anterior

substitudo por um som com um ponto de articulao posterior.

Exemplo: /bisiklta/ > [bi iklta]

Neste exemplo pode ser observada a substituio da fricativa alveolar /s/ pela

fricativa palatal / /.

14. Ensurdecimento:

O ensurdecimento a substituio de um fonema sonoro (vozeado) por um

fonema surdo (desvozeado).

Exemplo: /vaka/ > [faka]

15. Sonorizao:

A sonorizao a substituio de um fonema surdo (desvozeado) por um

fonema sonoro (vozeado).


34

Exemplo: /masa/ > [maza]

16. Lateralizao:

Substituio de uma consoante lquida vibrante por uma consoante lquida

lateral. Exemplo: /kadeja/ > [kadela]

17. Semivocalizao

A semivocalizao a substituio de consoantes lquidas por glides.

Exemplo: /paaso/ > [payasu]

Processos de assimilao:

A assimilao, ou harmonia sonora, o processo no qual um som total ou

parcialmente adaptado a um som vizinho. Assimilar significa literalmente "tornar

similar".

18. Assimilao sonora: A assimilao um processo no qual um som torna-se

semelhante a (ou influenciado por) outro som na palavra.

A assimilao pode ser total ou parcial. A assimilao total significa que, aps

a mudana de som, o som que muda e o som que influenciou a mudana so o

mesmo. Uma assimilao parcial ocorre quando a mudana de som resulta em dois

sons que se tornaram semelhantes, mas no iguais.

Exemplos: /tako/ > [kaku], /tabej/ > [pabej].


35

19. Reduplicao:

Tambm chamada de duplicao, este processo ocorre quando a criana repete

uma slaba de uma palavra, transformando-a em uma forma polissilbica. A maioria

dos sistemas de classificao categoriza a reduplicao como um processo de

estrutura silbica, mas alguns a consideram um processo assimilatrio (VAN

BORSEL, 2003).

A reduplicao ocorre quando uma slaba repetida.

Exemplo: / upeta/ > [pepeta]

Ribas (2003) pesquisou dados de 134 crianas com desenvolvimento

fonolgico normal entre as idades de 1:0 e 5:3. As estratgias de reparo observadas

nesta pesquisa em relao aquisio do onset complexo foram: reduo do

encontro consonantal, lateralizao, mettese, semivocalizao, substituio da

plosiva e epntese. As crianas desta pesquisa utilizaram consistentemente o

processo fonolgico de reduo de encontro consonantal tanto nos encontros

compostos de lquida lateral como nos de lquida no-lateral, este processo

correspondeu a aproximadamente 40% das estratgias de reparo. A autora observou

que as estratgias de reparo so utilizadas de maneira distinta pelas crianas mais

novas em relao s mais velhas. A variedade e a quantidade de estratgias

empregadas so geralmente maiores entre os sujeitos com idades entre 1:0 e 3:0,

ficando mais restritas e menos usadas nos sujeitos entre 3:2 e 5:3.

Wertzner e Consorti (2004) realizaram uma pesquisa cujo objetivo era

descrever o uso dos processos fonolgicos de simplificao do encontro consonantal


36

e apagamento da consoante final de crianas entre 7:1 e 8:11 anos de ambos os

sexos, freqentando escolas pblicas e privadas. Nesta pesquisa as autoras

consideraram apenas a reduo de encontro consonantal como simplificao do

encontro consonantal. Fizeram parte desta pesquisa 80 sujeitos entre 7:1 e 8:11

anos, residentes na cidade de So Paulo. Os sujeitos foram distribudos em quatro

grupos, cada um com 20 crianas, de acordo com as idades, sendo metade do sexo

feminino e metade do sexo masculino. Dois grupos foram compostos por crianas

que freqentam escolas pblicas e dois grupos escolas privadas. As crianas

selecionadas no tinham queixas de alteraes de linguagem, fala e/ou audio,

bem como alteraes emocionais e/ou cognitivas.

Para a coleta de dados foram utilizadas provas de fonologia do ABFW teste de

Linguagem Infantil (Wertzner, 2000), compostas de uma prova de nomeao e uma

prova de imitao. As autoras concluram que o uso dos processos fonolgicos de

reduo de encontro consonantal e apagamento da consoante final no difere quanto

faixa etria estudada (7:00 8:11) diferindo apenas quanto ao tipo de escola

freqentada pelas crianas. Assim, a chance de uma criana que estuda em escola

pblica apresentar os processos de reduo de encontro consonantal e apagamento

da consoante final maior que a chance de uma criana que estuda em escola

particular.

Lamprecht (1990) constatou que a ocorrncia de mettese se d

majoritariamente entre as crianas mais velhas, o que seria explicada, como uma

estratgia das crianas que j superaram em parte, ou esto superando, dificuldades

de estrutura silbica e por isso no apagam, mas transpem os componentes dessas

estruturas numa ttica de dupla evitao: evitao de estrutura problemtica, o que


37

est de acordo com a viso natural assumida, e evitao do apagamento puro e

simples. O envolvimento freqente da lquida neste processo ocorre devido ao fato

de que esses sons integram as estruturas silbicas mais complexas do portugus,

isto , CCV e CVC. Alm disso, so sons de aquisio tardia, portanto s podero

estar envolvidos em processos realizados por crianas maiores. Entende-se que a

relevncia do envolvimento do // nos processos de mettese est diretamente

associada estrutura silbica complexa em que esse som quase sempre aparece e

no poca de aquisio de um ou de outro segmento qualquer.

Lamprecht (2004) observou que quando o /f/ e o /v/ no foram produzidos

corretamente pelas crianas, duas estratgias de reparo foram utilizadas: omisso ou

substituio do segmento. No caso das omisses, pode ser observada a omisso do

segmento ou da slaba portadora do segmento. Tanto para o /f/ como para o /v/, a

maioria dos casos de omisso envolveu a slaba pretnica. Nos casos das

substituies, foram observadas as substituies do valor do trao [sonoro]

(exemplo: /aviaw/ > [afiaw]); substituies do valor do trao [contnuo] (exemplo:

/faka/ > [taka]); substituies de ponto (exemplo: /faka/ > [saka]) e

substituies por semivogal (exemplo: /livo/ > [liyu]). Dentre as substituies

referidas, a mais encontrada nesta pesquisa foi a que envolve o trao [contnuo]. E a

menos encontrada foi a substituio por semivogal.

Assim como para /f/ e /v/, quando /s/, /z/, / /, / / no so produzidos

corretamente pelas crianas, ocorre a omisso do fonema ou a substituio por outro

fonema. No caso das omisses, pode ocorrer a omisso do segmento ou a omisso


38

da slaba portadora do segmento. As slabas mais atingidas por omisso do

segmento na aquisio dessas fricativas so as pr-tnicas e as tnicas.

Com relao s omisses, para o fonema /s/ foram encontradas omisses em

slabas pr-tnicas, para o fonema /z/, o nico caso de omisso encontrado envolveu

a slaba postnica, as omisses que ocorreram com o fonema / / envolveram a

slaba pretnica, e o fonema / / foi o nico que apresentou omisso de slaba tnica,

os demais casos de omisso envolvendo o fonema / / ocorreram em slabas pr-

tnicas.

Alm das omisses de segmentos e de slabas, as crianas utilizam

substituies como estratgias de reparo. O fonema /s/ preferencialmente

substitudo por / /. Outra substituio freqente a de /s/ para [t], na qual a fricativa

produzida como uma plosiva, havendo uma mudana do trao [contnuo]. O

fonema /z/ preferencialmente substitudo por [ ]. Tambm freqente a mudana

do trao [sonoro] (/z/ > /s/).

As substituies em relao aos fonemas / / e / / ocorreram em maior

nmero do que para /f/, /v/, /s/, /z/, tendo sido preferencialmente substitudo por [s]

e [z] respectivamente.

Em pesquisa realizada por Oliveira (2003) foram observadas algumas

omisses e substituies envolvendo os fonemas fricativos. Foram 33 casos de

omisses de slabas com fricativos, sendo 10 omisses de slabas que continham o

fonema /v/, 09 com o fonema / /, 09 com o fonema / / e 05 com o fonema /f/.


39

Em relao aos fonemas /f/ e /v/, a substituio que mais ocorreu foi a

substituio envolvendo o trao [contnuo]. Esta substituio correspondeu a 3% do

corpus em relao ao fonema /f/ e 4% para o fonema /v/. Tambm foram

observadas substituies do trao [sonoro] e substituies dos fonemas /f/ e /v/ por

uma semivogal. No caso dos fonemas / / e / / as substituies ocorreram em maior

nmero do que para /f/ e /v/. Os fonemas / / e / / foram preferencialmente

substitudos por /s/ e /z/. Esta substituio, em que ocorre somente mudana no

trao [anterior] correspondeu a 22% do corpus em relao ao fonema / / e a 18% em

relao ao fonema / /. Outra substituio freqente envolvendo / / e / / a

substituio envolvendo o trao [contnuo], em relao ao fonema / / esta

substituio correspondeu a 11% do corpus e para / / a 5%. As substituies

envolvendo o trao [sonoro] e trao de ponto no atingiram mais de 2% do corpus

desta pesquisa.

Keske-Soares, Blanco e Mota (2004) realizaram uma pesquisa com uma

populao composta por 77 sujeitos com desvio fonolgico, sendo 26 (33,77%) do

sexo feminino e 51 (66,23%) do masculino, cuja mdia de idade era de 5:5. De

acordo com a anlise dos resultados, as autoras observaram que o percentual de

consoantes substitudas foi maior do que o percentual de consoantes omitidas na

maioria dos indivduos, indicando que as substituies so mais freqentes do que

as omisses na populao estudada. A ocorrncia de processos incomuns, ou seja,

que no so comumente observados no desenvolvimento infantil, foi menor do que a


40

de processos comuns tanto na anlise pelo percentual de consoantes substitudas

quanto na anlise pelo percentual de consoantes omitidas e entre os processos

comuns, a ocorrncia de processos que ocorrem inicialmente durante o

desenvolvimento fonolgico foi sempre menor do que a ocorrncia de processos

tardios, exceto nos grupos mais comprometidos.

Pena-Brooks e Hedge (2000) observaram que alguns processos fonolgicos

desapareciam antes dos trs anos de idade. So eles: apagamento da slaba tona,

apagamento da consoante final, reduplicao, anteriorizao e assimilao. De

acordo com as autoras, os processos fonolgicos que s desaparecem aps os trs

anos de idade so: reduo de encontro consonantal, epntese, semivocalizao,

plosivizao e despalatalizao.

Wertzner e Oliveira (2002) realizaram um estudo com 20 crianas com

diagnstico de distrbio fonolgico e um dos objetivos da pesquisa era observar o

uso dos processos fonolgicos. As autoras concluram que os valores do desvio

padro foram altos em relao mdia de produtividade obtida, o que mostra que a

ocorrncia dos processos entre os sujeitos variou bastante. Os processos que

apresentaram maior variabilidade foram: reduo do encontro consonantal,

ensurdecimento de fricativas e simplificao de lquidas. De uma forma geral, os

processos com maior porcentagem de ocorrncia foram os que tiveram maior desvio

padro, o que sugere que existem diferenas entre os sujeitos quanto ao uso dos

processos. Nesta pesquisa, foi observado que o processo de simplificao de

lquidas foi comum a todos os sujeitos, os processos de reduo de encontro

consonantal, ensurdecimento de fricativas e anteriorizao foram usados por parte


41

dos sujeitos, enquanto o processo fonolgico posteriorizao no foi observado por

nenhum dos sujeitos.

Segundo McLeod e Bleile em 2003, os processos fonolgicos encontrados em

crianas de 3 anos a 3 anos e 11 meses, falantes do ingls so: reduo de encontro

consonantal, apagamento de consoante final, apagamento de slaba tona,

anteriorizao, plosivizao, semivocalizao e assimilao. Na faixa etria de 4

anos so encontrados apenas trs processos fonolgicos, reduo de encontro

consonantal, apagamento de slaba tona e semivocalizao. Na faixa etria de 5

anos os processos fonolgicos utilizados so: epntese, mettese e desafricao. A

partir dos 6 anos, as crianas com desenvolvimento fonolgico normal no fazem

mais uso de processos fonolgicos.

Wertzner (2000) pesquisou a produtividade dos processos fonolgicos de

acordo com a idade. Segundo estes dados, a idade prevista para a eliminao do

uso dos processos fonolgicos de apagamento de slaba, assimilao, plosivizao

de fricativas, posteriorizao de velares, anteriorizao de velares e simplificao de

lquidas a faixa etria de 2 anos a 3 anos e 6 meses. Aos 4 anos e 6 meses h a

eliminao dos processos de posteriorizao e anteriorizao de palatal. As autoras

relatam que 7 anos a idade prevista para a eliminao do uso dos processos de

reduo de encontro consonantal e apagamento de consoante final pelas crianas

com desenvolvimento normal.


42

2.3 PERCENTUAL DE CONSOANTES CORRETAS (PCC)

Com o objetivo de obter uma medida mais objetiva de severidade, Shriberg e

Kwiatkowski (1982) desenvolveram um sistema mtrico que considera a

porcentagem de consoantes corretas (PCC) como um ndice de grau de prejuzo.

Alm de ser um modo objetivo de determinar a severidade de uma desordem, o PCC

tambm pode proporcionar para os clnicos um critrio quantitativo sobre a eficcia

de um plano teraputico. (PENA-BROOKS, HEDGE, 2000)

Em 1997 Shriberg et al. revisaram o PCC e propuseram algumas variaes,

uma delas, O PCC-R (PCC revisado) que no considera nenhum tipo de distoro

como erro.

Wertzner e Dias (2000) realizaram um estudo com o objetivo de obter o ndice

PCC em crianas de 3 a 5:6 anos de idade sem queixa de distrbios fonolgicos.

Esta pesquisa foi realizada com 40 crianas distribudas em 5 grupos de diferentes

faixas etrias. Em cada grupo havia 4 crianas do sexo masculino e 4 crianas do

sexo feminino. Na prova de nomeao o PCC mdio obtido foi: G1 (3 a 3:6) =

79,77%, G2 (3:7 a 4) = 86,95%, G3 (4:1 a 4:6) = 86,67%, G4 (4:7 a 5) = 91,16% e G5

(5:1 a 5:6) = 93,45%.

McLeod e Bleile (2003) fazem referncia aos ndices de PCC encontrados por

James Van Doom e McLeod (2002) em crianas com desenvolvimento fonolgico

normal: 3 anos 3 anos 11 meses = 76,41%, 4 anos 4 anos 11 meses = 82,45%, 5

anos 5 anos 11 meses = 88,36%, 6 anos 6 anos 11 meses = 90,76% e 7 anos

7 anos 11 meses = 90,99%.


43

Teixeira (2006) realizou um estudo com crianas de 3 a 8 anos e analisou o

PCC em relao ao fonema //. As mdias encontradas de acordo com as faixas

etrias foram: 3 anos = 43,33%; 4 anos = 82,62%; 5 anos: 73,12%; 6 anos: 88,87% e

aos 7 anos = 97,29%.

Papp e Wertzner (2006) realizaram uma pesquisa com 25 crianas com

distrbios fonolgicos com e sem histria de transtorno de fala e linguagem no

ncleo familiar e verificaram a diferena do ndice de gravidade PCC-R em relao

ao histrico familiar. As autoras observaram que o grupo de crianas com histria de

problemas de fala e linguagem no ncleo familiar apresentou maior variabilidade nos

ndices de PCC-R. A mdia de PCC-R encontrada no grupo com histria foi 69% e a

mdia do grupo sem histria familiar foi 72,50%. Este estudo concluiu que os ndices

de PCC-R no diferenciaram o distrbio fonolgico em relao ao histrico familiar.


44

3 METODOLOGIA

3.1 PARTICIPANTES

Foram avaliadas 240 crianas, de ambos os sexos, com idades entre 03 e 08

anos. As crianas foram divididas em 05 grupos, de forma que cada grupo fosse

composto de 48 crianas, sendo 24 meninas e 24 meninos:

Tabela 1: Participantes da pesquisa


3 anos 3 anos 11 meses G1 24 meninas e 24 meninos
4 anos 4 anos 11 meses G2 24 meninas e 24 meninos
5 anos 5 anos 11 meses G3 24 meninas e 24 meninos
6 anos 6 anos 11 meses G4 24 meninas e 24 meninos
7 anos 7 anos 11 meses G5 24 meninas e 24 meninos

Os participantes eram estudantes de duas escolas particulares que aceitaram

participar do estudo e que podem ser consideradas como representativas da classe

mdia alta do estado do Rio de Janeiro. Foram includas na pesquisa apenas as

crianas que no apresentassem nenhum problema auditivo, neurolgico ou de

fala/linguagem, de acordo com a indicao das professoras e coordenadoras

pedaggicas. As crianas que estavam em tratamento fonoaudiolgico foram

excludas da amostra.
45

3.2 MATERIAL

FASE 1-

Para o desenvolvimento do instrumento da pesquisa, inicialmente foi realizado

um estudo piloto para o qual foram confeccionados 06 diferentes corpora de palavras

e aplicados em crianas de 4 a 10 anos, estudantes de escolas pblicas do Rio de

Janeiro e Minas Gerais, que no apresentassem nenhum problema relacionado

fala e/ ou linguagem.

Visando investigar a melhor forma de apresentao das figuras, alguns

exames utilizaram figuras retiradas de revistas e outros utilizaram desenhos feitos

mo. Aps a aplicao destes exames, observamos que as figuras retiradas de

revistas facilitam a nomeao espontnea, pois so mais fidedignas imagem real.

Para compor os diferentes corpora foram observados critrios relativos

estrutura sonora e freqncia da palavra no vocabulrio infantil. Muitas vezes uma

palavra possui uma estrutura sonora que permite avaliar a produo de um ou mais

fonema pela criana, mas no uma palavra utilizada no vocabulrio infantil, de

forma que para que sua produo ocorra no momento da avaliao so necessrias

muitas pistas. Na maioria dos casos as crianas no conseguiam acertar somente

com as pistas fornecidas pelos examinadores, o que gerava a necessidade de

imitao da palavra pronunciada pelo examinador. o caso, por exemplo, da palavra

frutas, que possui uma estrutura sonora que permite avaliar a produo do grupo

consonantal /fr/ no muito freqente em nosso idioma. Ao olhar a figura das frutas,

as crianas nomeavam as frutas isoladamente (banana, ma, etc) e a palavra

frutas no era produzida nem com o fornecimento das pistas. Este foi um dos
46

motivos para a excluso de palavras da avaliao, e devido a isso determinamos

ento que nenhum substantivo que designe um grupo de outros substantivos faria

parte do corpus final (animais, frutas, etc).

Por fim foram selecionadas 79 palavras, respeitando os critrios de posio do

som na palavra e na estrutura silbica (onset simples inicial, onset simples medial,

onset complexo inicial, onset complexo medial, coda medial e coda final) e a

freqncia no vocabulrio infantil, de acordo com Pinheiro (1994) . O aspecto relativo

extenso da palavra tambm foi contemplado na confeco final do corpus.

(apndice 1)

As avaliaes foram realizadas sempre por dois examinadores, em sala

silenciosa e com o uso de gravadores analgicos para a anlise dos resultados.

FASE 2-

Com base nas observaes feitas durante as coletas de dados realizadas com

os diferentes corpora e posteriormente atravs de anlise das gravaes por duas

examinadoras chegou-se ao corpus final de 79 palavras apresentadas em fotografias

digitais ou impressas em papel fotogrfico, tamanho 15X21. A opo pelas

fotografias deu-se com o objetivo de facilitar o reconhecimento e a nomeao

espontnea pela criana. O material tambm foi desenvolvido em formato de slides

para ser aplicado com o uso de um CD no computador.

O protocolo de anotao dos dados (apndice 2) foi composto por palavras e

suas respectivas notaes fonolgicas. No referido protocolo o examinador

transcreve foneticamente a palavra pronunciada de maneira incorreta pela criana,

respeitando as variaes dialetais, marcando com um i no caso de imitao do


47

modelo dado pelo examinador e anotando na coluna trocas / omisses o som

omitido e/ou a substituio ocorrida. Neste mesmo protocolo esto listados todos os

processos fonolgicos e para cada palavra existem clulas em branco que

representam os processos fonolgicos possveis de ocorrncia. Desta forma, o

examinador deve marcar com um x o processo fonolgico que corresponda

produo feita pela criana.

A apresentao das palavras no protocolo foi feita por sorteio de forma que a

organizao ficasse aleatria, para no dar pistas criana quanto ao som inicial de

cada palavra.

O protocolo de anlise do PCC desta avaliao (apndice 3) foi desenvolvido

respeitando os procedimentos sugeridos pelos autores Shriberg, Kwiatkowski (1982).

(PENA-BROOKS e HEDGE, 2000; WERTZNER, AMARO, TERAMOTO, 2005)

listados abaixo:

1) Coletar e Gravar uma amostra de fala contnua de pelo menos 50 - 100 palavras.

2) Critrios de excluso:

- Considerar s consoante planejada em palavras, excluir a adio de uma

consoante antes de uma vogal;

- A segunda ou sucessiva repetio de uma consoante no deve ser includa. S a

primeira produo deve ser marcada;

- Palavras que so parcialmente ou completamente ininteligveis devem ser

excludas da amostra.

3) Determinar Produes Incorretas de Consoante:

- So considerados erros:

(a) apagamentos da consoante alvo;


48

(b) substituies de outro som para uma consoante alvo;

(c) distores de um som alvo;

(d) adio de um som para uma consoante alvo correta ou incorreta

4) Calcular o Percentual de Consoantes Corretas

- O PCC calculado usando a seguinte formula:

Nmero de consoantes correta / Nmero de corretas

Mais as consoantes incorretas X 100 = PCC

Exemplo:

50 consoantes produzidas corretamente / 200 total de consoantes

PCC = 50/200 x 100

PCC = 0,25 x 100

PCC = 25%

Para calcular o PCC-R (PCC revisado), so usados os mesmos

procedimentos do PCC, porm o PCC-R no considera nenhum tipo de distoro

como erro (SHRIBERG, L. D. et. 1997).

Os processos fonolgicos foram classificados em trs grupos: de estrutura

silbica, de substituio e de assimilao e sua classificao foi definida de acordo

com Wertzner e Consorti (2004), Magalhes (2003), Van Borsel (2003), Cagliari

(2002), Lowe (1996), Grunwell (1995) e Yavas (1992), como pode ser visualizado no

quadro abaixo:
49

Quadro 2 Processos Fonolgicos


PROCESSOS DE ESTRUTURA SILBICA: CONCEITO
Reduo de encontro consonantal envolve o apagamento de um ou de todos os membros do
encontro.
Apagamento de slaba tona descreve o apagamento de uma ou mais slabas de uma
palavra, geralmente polissilbica.
Apagamento de consoante final envolve o apagamento de uma consoante final, de maneira
que a forma final da slaba termine em uma vogal.
Epntese insero de uma vogal entre duas consoantes.
Apcope adio de um fonema a uma slaba travada.
Mettese inverso de fonemas dentro da palavra.
Monotongao simplificao do ditongo de uma slaba, transformando-a
em CV.
Apagamento de lquida em onset simples apagamento de consoante lquida em posio de onset
simples na palavra.
Acrscimo adio de um som aleatrio na palavra
PROCESSOS DE SUBSTITUIO: CONCEITO
plosivizao substituio de fricativas e africadas por plosivas.
africao substituio de uma fricativa por uma africada.
desafricao substituio de uma africada por uma fricativa.
anteriorizao substituio de uma consoante (velar ou palatal) por uma
consoante produzida em uma parte mais frente da boca.
posteriorizao substituio de um som com o ponto de articulao mais
anterior por um som com um ponto de articulao
posterior.
ensurdecimento substituio de um fonema sonoro (vozeado) por um
fonema surdo (desvozeado).
sonorizao substituio de um fonema surdo (desvozeado) por um
fonema sonoro (vozeado).
lateralizao substituio de uma vibrante por uma lateral.
semivocalizao substituio de consoantes lquidas por glides.
PROCESSOS DE ASSIMILAO: CONCEITO
assimilao processo no qual um som torna-se semelhante a (ou
influenciado por) um outro som na palavra
reduplicao ocorre quando uma slaba repetida

3.3 PROCEDIMENTO

Esta pesquisa foi aprovada pelo Comit de tica em Pesquisa da

Universidade Veiga de Almeida, sob nmero de resoluo 64/06 e todos os

responsveis pelos participantes assinaram um termo de consentimento livre e

esclarecido (apndice 4) concordando com as normas do estudo.

3.4 COLETA DE DADOS

As avaliaes foram feitas pela pesquisadora, em sala silenciosa e com o

auxlio de gravador digital (Mini Disc Sony) para a anlise dos resultados.
50

A notao fontica (normas do Alfabeto Fontico Internacional - IPA 1993) foi

realizada durante a avaliao e reavaliada posteriormente utilizando a gravao

digital. Os dados foram confrontados com a anlise de um segundo avaliador com

competncia na rea.

Aps a comparao, esclarecidas as divergncias possveis entre as duas

notaes, foi definida a notao final.

3.5 ANLISE DOS DADOS

Com base na notao final foram iniciadas as anlises relativas ao:

3.5.1 Inventrio Fontico Nesta anlise foram definidos os fonemas que

compem o sistema de sons de cada criana. Foi organizado um quadro

para cada criana com a porcentagem de ocorrncia de cada som nas diferentes

estruturas silbicas: onset simples, onset complexo e coda. O som foi considerado

como adquirido quando sua ocorrncia fosse igual ou superior a 75%, padro este

estabelecido como suficiente para determinar a aquisio do fonema (Yavas,

Hernandorena e Lamprecht, 1992; Miranda 1996). Estes dados serviram de

referncia para as anlises dos itens 3.5.1.1 e 3.5.1.2

3.5.1.1 Total de fonemas adquiridos, respeitando a marca de 75%, por faixa

etria e sexo.

3.5.1.2 Produo correta de cada fonema nas diferentes estruturas silbicas

por faixas etrias e sexo.

3.5.2 Anlise dos Processos Fonolgicos - No caso de substituies, acrscimos,

omisses e transposies de sons foi feita a anlise dos processos fonolgicos


51

utilizados por cada criana. Estes dados serviram de referncia para as analise dos

itens 3.5.2.1 e 3.5.2.2.

3.5.2.1 Nmero de processos fonolgicos utilizados nas diferentes faixas

etrias e sexo.

3.5.2.2 Anlise de ocorrncia de cada processo fonolgico por faixa etria e

sexo.

3.5.3 Percentual de Consoantes Corretas PCC e PCC-R

3.5.3.1. PCC - Percentual de Consoantes Corretas Foi levantado o ndice de

consoantes corretas produzidas por cada criana. Os dados foram analisados

posteriormente em relao faixa etria e sexo.

3.5.3.2. PCC-R Percentual de Consoantes Corretas - Revisado Nesta

anlise as distores fonticas no so consideradas como erro. Tambm

neste caso, foi realizada uma anlise em relao faixa etria e sexo.

A anlise estatstica foi realizada no programa SPSS 13.0, utilizando-se os

testes de Kruskal-Wallis e Mann-Whitney.


52

4 RESULTADOS

Os dados do presente estudo foram analisados no programa SPSS 13.0

buscando-se:

1. Descrever o Inventrio Fontico de cada criana. Estes dados serviram de

referncia para as anlises dos itens 1.1 e 1.2.

1.1. Descrever o total de fonemas adquiridos, respeitando a marca de 75% de

produes corretas, e verificar as diferenas por faixa etria (Teste de Kruskal-

Wallis) e sexo (Teste de Mann-Whitney).

1.2. Descrever a produo correta de cada fonema nas diferentes estruturas

silbicas e verificar as possveis diferenas por faixas etrias e sexo (Teste de

Kruskal-Wallis).

2. Analisar a utilizao dos Processos Fonolgicos. Estes dados serviram de

referncia para as analise dos itens 2.1 e 2.2.

2.1. Definir o nmero de processos fonolgicos utilizados nas diferentes faixas

etrias (Teste de Kruskal-Wallis) e sexo (Teste de Mann-Whitney).

2.2. Analisar a ocorrncia de cada processo fonolgico por faixa etria (Teste

de Kruskal-Wallis) e sexo (Teste de Mann-Whitney).


53

3. Descrever os ndices de Produo de Consoantes.

3.1. PCC - Percentual de Consoantes Corretas Definir o percentual de

consoantes corretas produzidas por cada criana e analisar os dados em

relao faixa etria (Teste de Kruskal-Wallis) e sexo (Teste de Mann-

Whitney).

3.2. PCC-R Percentual de Consoantes Corretas Revisado Definir o

percentual de consoantes corretas produzidas por cada criana e analisar os

dados em relao faixa etria (Teste de Kruskal-Wallis) e sexo (Teste de

Mann-Whitney).

4.1 INVENTRIO FONTICO

4.1.1 Total de fonemas adquiridos

Esta seo tem o objetivo de determinar o mnimo, o mximo e a mdia de

fonemas adquiridos por faixa etria e sexo. A Tabela 2 representa a comparao

destes dados por faixa etria.

Tabela 2: Mnimo, mximo e mdia de fonemas adquiridos X faixa etria


IDADE MNIMO MXIMO MDIA DESVIO PADRO
3 anos 3 anos 11meses 13 21 18,46 1,66
4 anos 4 anos 11meses 15 21 19,77 1,52
5 anos 5 anos 11meses 18 21 20,62 0,79
6 anos 6 anos 11meses 19 21 20,92 0,35
7 anos 7 anos 11meses 20 21 20,96 0,21
Chi-Square = 127,181 / dF = 4 / p < 0,001

Na Tabela 2 pode-se observar que o mnimo e a mdia de fonemas adquiridos

aumentaram de acordo com a faixa etria; o mximo de fonemas adquiridos se


54

estabilizou desde a faixa etria de 3 anos, mantendo-se o teto de 21 fonemas

(nmero total de fonemas consonantais do inventrio fontico do Portugus

Brasileiro - dialeto local) e o desvio padro diminuiu gradativamente de acordo com o

aumento da idade, o que demonstra que a variabilidade da produo dos fonemas

entre as crianas diminui com o aumento da idade. Estas diferenas por faixa etria

demonstraram ser significativas.

O Grfico 1 ilustra a Tabela 2: Mnimo, mximo e mdia de fonemas

adquiridos por faixa etria.

Grfico 1: mnimo, mximo e mdia de fonemas adquiridos por faixa etria


MNIMO
25,00
MXIMO
MDIA
DESVIO

20,00
Nmero de fonemas adquiridos

15,00

10,00

5,00

0,00

3,00 4,00 5,00 6,00 7,00

IDADE

A Tabela 3 representa a relao entre o mnimo, o mximo e a mdia de

fonemas adquiridos e os sexos.

Tabela 3: Mnimo, mximo e mdia de fonemas adquiridos X sexo


SEXO MNIMO MXIMO MDIA DESVIO PADRO
feminino 13 21 20,26 1,45
masculino 15 21 20,03 1,41
Z = -1,815 / p = 0,069
55

A Tabela 3 nos permite verificar que no houve diferena entre o mnimo, o

mximo e a mdia de fonemas adquiridos por sexo.

4.1.2 Produes corretas de cada fonema

Esta seo foi dividida em 3 etapas: Primeiramente fez-se a anlise do

mnimo, do mximo e da mdia de produes corretas de cada som. Esta anlise foi

realizada com o total de crianas da pesquisa.

A Tabela 4 representa estes dados.

Tabela 4: mnimo, mximo e mdia de produes corretas de cada som


FONEMA MNIMO MXIMO MDIA DESVIO PADRO
/p/ 93% 100% 99,97% 0,45
/b/ 91% 100% 99,50% 1,62
/t/ 80,5% 100% 98,74% 3,78
/d/ 87,5% 100% 99,79% 1,40
/k/ 80% 100% 99,82% 1,59
// 83,5% 100% 99,70% 1,52
/f/ 25% 100% 99,69% 4,84
/v/ 0% 100% 99,40% 6,54
/s/ 11% 100% 98,84% 7,20
/z/ 0% 100% 97,67% 11,18
/ / 39% 100% 97,87% 8,33
// 0% 100% 99,08% 11,52
/t / 20% 100% 99,50% 5,46
/d / 0% 100% 99,58% 6,45
/m/ 83% 100% 99,86% 1,55
/n/ 75% 100% 99,30% 3,15
// 0% 100% 97,52% 10,66
// 50% 100% 95,62% 14,16
// 0% 100% 80,60% 32,19
/R/ 8,5% 100% 93,07% 15,43
/l/ 4,5% 100% 94,87% 13,17

Na Tabela 4 pode-se verificar que os fonemas /p/, /b/, /t/, /d/, /k/, //, /m/, e /n/

apresentam um mnimo de produes corretas acima de 75%, o que representa que


56

na faixa etria de 3 anos estes sons j esto adquiridos. Os fonemas /f/, /v/, /s/, / /,

/t /, /d / apesar de apresentarem um mnimo de produes que variam entre 0% e

39%, as mdias esto acima de 97,8% e os desvios padro abaixo de 10, o que

indica que o mnimo se refere a um nmero pequeno de crianas que tiveram uma

produo baixa desses sons, no sendo este dado significativo para justificar a

realizao de uma anlise mais detalhada.

Os fonemas /z/, / /, //, //, //, /R/ e /l/ alm de apresentarem um mnimo de

produes em torno de 0% e mdias abaixo dos demais sons, apresentaram desvios

padro acima de 10, o que indica que houve uma grande variabilidade no percentual

de produo destes sons entre as crianas. Por este motivo foram realizadas duas

anlises mais detalhadas, sendo a primeira relativa ao mnimo, o mximo e a mdia

de produes corretas destes sons, por faixa etria e a segunda relativa ao nmero

de crianas que apresentaram produo desses sons acima de 75%.

As Tabelas 5, 6, 7, 8, 9, 10 e 11 representam o mnimo, o mximo e a mdia

de produes corretas dos fonemas /z/, / /, //, //, //, /R/ e /l/, respectivamente,

por faixa etria.

Tabela 5: mnimo, mximo e mdia de produes corretas do fonema /z/ X faixa etria
FONEMA /Z/
IDADE MNIMO MXIMO MDIA DESVIO PADRO
3 anos 3 anos 11meses 0% 100% 92,92% 19,99
4 anos 4 anos 11meses 40% 100% 95,42% 13,83
5 anos 5 anos 11meses 100% 100% 100% 0,000
6 anos 6 anos 11meses 100% 100% 100% 0,000
7anos 7anos 11meses 100% 100% 100% 0,000
57

Tabela 6: mnimo, mximo e mdia de produes corretas do fonema / / X faixa etria


FONEMA //
IDADE MNIMO MXIMO MDIA DESVIO PADRO
3 anos 3 anos 11meses 0% 100% 90,62% 20,38
4 anos 4 anos 11meses 50% 100% 94,79% 13,60
5 anos 5 anos 11meses 100% 100% 100% 0,000
6 anos 6 anos 11meses 100% 100% 100% 0,000
7anos 7anos 11meses 100% 100% 100% 0,000

Tabela 7: mnimo, mximo e mdia de produes corretas do fonema // X faixa etria
FONEMA //
IDADE MNIMO MXIMO MDIA DESVIO PADRO
3 anos 3 anos 11meses 0% 100% 92,42% 18,42
4 anos 4 anos 11meses 67% 100% 98,62% 6,66
5 anos 5 anos 11meses 33% 100% 96,54% 12,36
6 anos 6 anos 11meses 100% 100% 100% 0,000
7anos 7anos 11meses 100% 100% 100% 0,000

Tabela 8: mnimo, mximo e mdia de produes corretas do fonema // X faixa etria
FONEMA //
IDADE MNIMO MXIMO MDIA DESVIO PADRO
3 anos 3 anos 11meses 50% 100% 90,62% 19,72
4 anos 4 anos 11meses 50% 100% 92,71% 17,83
5 anos 5 anos 11meses 50% 100% 97,62% 10,09
6 anos 6 anos 11meses 50% 100% 97,92% 10,09
7anos 7anos 11meses 50% 100% 98,96% 7,22

Tabela 9: mnimo, mximo e mdia de produes corretas do fonema // X faixa etria
FONEMA //
IDADE MNIMO MXIMO MDIA DESVIO PADRO
3 anos 3 anos 11meses 0% 100% 44,62% 33,80
4 anos 4 anos 11meses 0% 100% 73,49% 33,28
5 anos 5 anos 11meses 5,5% 100% 87,25% 29,30
6 anos 6 anos 11meses 54,5% 100% 98,24% 7,30
7anos 7anos 11meses 78% 100% 99,41% 3,23

Tabela 10: mnimo, mximo e mdia de produes corretas do fonema /R/ X faixa etria
FONEMA /R/
IDADE MNIMO MXIMO MDIA DESVIO PADRO
3 anos 3 anos 11meses 8,5% 100% 75,67% 26,05
4 anos 4 anos 11meses 65% 100% 93,01% 9,69
5 anos 5 anos 11meses 80% 100% 96,87% 4,33
6 anos 6 anos 11meses 95% 100% 99,89% 0,72
7anos 7anos 11meses 95% 100% 99,89% 0,72
58

Tabela 11: mnimo, mximo e mdia de produes corretas do fonema /l/ X faixa etria
FONEMA /l/
IDADE MNIMO MXIMO MDIA DESVIO PADRO
3 anos 3 anos 11meses 4,5% 100% 81,85% 22,57
4 anos 4 anos 11meses 64% 100% 95,04% 7,92
5 anos 5 anos 11meses 50% 100% 97,92% 8,48
6 anos 6 anos 11meses 83,5% 100% 99,66% 2,38
7anos 7anos 11meses 94,5% 100% 99,88% 0,79

Como os fonemas //, /R/ e /l/ encontram-se em diferentes posies nas

estruturas silbicas, a seguir pode ser observada a anlise de acordo com cada

posio pesquisada.

As Tabelas 12 e 13 representam o mnimo, o mximo e a mdia de produes

corretas do fonema // em cada faixa etria nas posies de onset simples e onset

complexo, respectivamente.

Tabela 12: mnimo, o mximo e a mdia de produes corretas do fonema // em onset simples
FONEMA //
IDADE MNIMO MXIMO MDIA DESVIO PADRO
3 anos 3 anos 11meses 0% 100% 59% 41,30
4 anos 4 anos 11meses 0% 100% 79,73% 34,83
5 anos 5 anos 11meses 0% 100% 88,42% 28,58
6 anos 6 anos 11meses 78% 100% 99,54% 3,17
7anos 7anos 11meses 100% 100% 100% 0,000
Chi-Square = 80,701 / df = 4 / p< 0,001

Tabela 13: mnimo, o mximo e a mdia de produes corretas do fonema // em onset complexo
FONEMA //
IDADE MNIMO MXIMO MDIA DESVIO PADRO
3 anos 3 anos 11meses 0% 100% 30,25% 33,35
4 anos 4 anos 11meses 0% 100% 67,25% 36,01
5 anos 5 anos 11meses 0% 100% 86,08% 30,70
6 anos 6 anos 11meses 9% 100% 96,93% 13,62
7anos 7anos 11meses 56% 100% 98,81% 6,47
Chi-Square = 133,412 / df = 4 / p< 0,001

As Tabelas 14 e 15 representam o mnimo, o mximo e a mdia de produes

corretas do fonema /R/ em cada faixa etria nas posies de onset simples e na

posio de coda, respectivamente.


59

Tabela 14: mnimo, o mximo e a mdia de produes corretas do fonema /R/ em onset simples
FONEMA /R/
IDADE MNIMO MXIMO MDIA DESVIO PADRO
3 anos 3 anos 11meses 17% 100% 86,62% 23,65
4 anos 4 anos 11meses 83% 100% 99,06% 4,25
5 anos 5 anos 11meses 100% 100% 100% 0,000
6 anos 6 anos 11meses 100% 100% 100% 0,000
7anos 7anos 11meses 100% 100% 100% 0,000
Chi-Square = 63,359 / df = 4 / p< 0,001

Tabela 15: mnimo, o mximo e a mdia de produes corretas do fonema /R/ em posio de coda
FONEMA /R/
IDADE MNIMO MXIMO MDIA DESVIO PADRO
3 anos 3 anos 11meses 0% 100% 64,71% 32,84
4 anos 4 anos 11meses 30% 100% 86,73% 19,20
5 anos 5 anos 11meses 60% 100% 93,75% 8,66
6 anos 6 anos 11meses 90% 100% 99,79% 1,44
7anos 7anos 11meses 90% 100% 99,79% 1,44
Chi-Square = 94,792 / df = 4 / p< 0,001

As Tabelas 16 e 17 representam o mnimo, o mximo e a mdia de produes

corretas do fonema /l/ em cada faixa etria na posio de onset simples e onset

complexo, respectivamente.

Tabela 16: mnimo, o mximo e a mdia de produes corretas do fonema /l/ em onset simples
FONEMA /l/
IDADE MNIMO MXIMO MDIA DESVIO PADRO
3 anos 3 anos 11meses 9% 100% 95,25% 15,83
4 anos 4 anos 11meses 73% 100% 99,06% 4,25
5 anos 5 anos 11meses 100% 100% 100% 0,000
6 anos 6 anos 11meses 100% 100% 100% 0,000
7anos 7anos 11meses 100% 100% 100% 0,000
Chi-Square = 19,907 / df = 4 / p< 0,001

Tabela 17: mnimo, o mximo e a mdia de produes corretas do fonema /l/ em onset complexo
FONEMA /l/
IDADE MNIMO MXIMO MDIA DESVIO PADRO
3 anos 3 anos 11meses 0% 100% 68,46% 37,14
4 anos 4 anos 11meses 55% 100% 91,02% 13,17
5 anos 5 anos 11meses 0% 100% 95,83% 16,95
6 anos 6 anos 11meses 67% 100% 99,31% 4,76
7anos 7anos 11meses 89% 100% 99,77% 1,56
Chi-Square = 79,889 / df = 4 / p< 0,001
60

Considerando a mdia de 75%, pode-se observar que a aquisio do fonema

// ocorre inicialmente na posio de onset simples (4 anos) e posteriormente na

posio de onset complexo (5 anos). O mesmo ocorre com os fonemas /l/ e /R/. A

aquisio do fonema /l/ em onset simples ocorre aos 3 anos e em onset complexo

aos 4 anos, o fonema /R/ em onset simples adquirido na faixa etria de 3 anos e na

posio de coda aos 4 anos.

Aps a anlise referente faixa etria, foi realizada a comparao destes

dados por sexo e no foi encontrada nenhuma diferena significativa.

Na terceira etapa desta seo, foi realizada a anlise referente ao total de

crianas que apresentaram ndices de produo dos referidos sons acima de 75%

por faixa etria e sexo. As Tabelas 18, 19, 20, 21, 22 e 23 representam as anlises

por faixa etria, dos fonemas // em onset simples, // onset complexo, /R/ em onset

simples, /R/ em coda, /l/ em onset simples e /l/ em onset complexo,

respectivamente.

Tabela 18: total de crianas X // onset simples


IDADE Porcentagem de crianas Nmero de crianas
3 anos 3 anos 11meses 56,3% 27
4 anos 4 anos 11meses 77,1% 37
5 anos 5 anos 11meses 87,5% 42
6 anos 6 anos 11meses 100% 48
7anos 7anos 11meses 100% 48
Chi-Square = 48,338 / df = 4 / p < 0,001

Tabela 19: total de crianas X // onset complexo


IDADE Porcentagem de crianas Nmero de crianas
3 anos 3 anos 11meses 16,7% 8
4 anos 4 anos 11meses 54,2% 26
5 anos 5 anos 11meses 83,3% 40
6 anos 6 anos 11meses 97,9% 47
7anos 7anos 11meses 97,9% 47
Chi-Square = 110,437 / df = 4 / p < 0,001
61

Tabela 20: total de crianas X /R/ onset simples


IDADE Porcentagem de crianas Nmero de crianas
3 anos 3 anos 11meses 81,3% 39
4 anos 4 anos 11meses 100% 48
5 anos 5 anos 11meses 100% 48
6 anos 6 anos 11meses 100% 48
7anos 7anos 11meses 100% 48
Chi-Square = 37,403 / df = 4 / p < 0,001

Tabela 21: total de crianas X /R/ coda


IDADE Porcentagem de crianas Nmero de crianas
3 anos 3 anos 11meses 50% 24
4 anos 4 anos 11meses 83,3% 40
5 anos 5 anos 11meses 97,9% 47
6 anos 6 anos 11meses 100% 48
7anos 7anos 11meses 100% 48
Chi-Square = 74,343 / df = 4 / p < 0,001

Tabela 22: total de crianas X /l/ onset simples


IDADE Porcentagem de crianas Nmero de crianas
3 anos 3 anos 11meses 93,8% 45
4 anos 4 anos 11meses 97,9% 47
5 anos 5 anos 11meses 100% 48
6 anos 6 anos 11meses 100% 48
7anos 7anos 11meses 100% 48
Chi-Square = 8,644 / df = 4 / p = 0,071

Tabela 23: total de crianas X /l/ onset complexo


IDADE Porcentagem de crianas Nmero de crianas
3 anos 3 anos 11meses 64,6% 31
4 anos 4 anos 11meses 85,4% 41
5 anos 5 anos 11meses 93,8% 45
6 anos 6 anos 11meses 97,9% 47
7anos 7anos 11meses 100% 48
Chi-Square = 38,652 / df = 4 / p < 0,001

Ao verificar as Tabelas 18, 19, 20, 21, 22 e 23, pode-se observar que estes

dados reforam as idades de aquisio descritas anteriormente para os referidos

sons nas diferentes posies.

Assim como nos itens anteriores, foram realizadas as anlises em relao ao

sexo e no foi encontrada nenhuma diferena estatisticamente significante.


62

4.2 PROCESSOS FONOLGICOS

4.2.1 Nmero de processos fonolgicos utilizados

A anlise desta seo foi realizada atravs da contagem do nmero de

processos fonolgicos utilizados por cada criana. Posteriormente esses dados

foram analisados e comparados por faixa etria e sexo.

A Tabela 24 representa o nmero de processos fonolgicos utilizados por

cada faixa etria.

Tabela 24: Mnimo, mximo e mdia de processos fonolgicos X faixa etria


IDADE MNIMO MXIMO MDIA DESVIO PADRO
3 anos 3 anos 11meses 2 11 5,79 2,32
4 anos 4 anos 11meses 0 9 3,64 2,54
5 anos 5 anos 11meses 0 7 2,02 1,79
6 anos 6 anos 11meses 0 3 0,42 0,71
7 anos 7 anos 11meses 0 3 0,25 0,60
Chi-Square = 153,503 / dF = 4 / p < 0,001

De acordo com a Tabela 24 pode-se observar que a partir da faixa etria de 4

anos o nmero mnimo de processos fonolgicos utilizados estabilizou-se em zero e

o nmero mximo de processos fonolgicos utilizados diminuiu gradativamente de

acordo com o aumento da faixa etria, assim como a mdia e o desvio padro. Estes

resultados so estatisticamente significantes.

Grfico 2 ilustra a Tabela 24: Mnimo, mximo e mdia de processos

fonolgicos por faixa etria.


63

Grfico 2: Mnimo, mximo e mdia de processos fonolgicos por faixa etria


MNIMO
12,00
MXIMO
MDIA
DESVIO

10,00
Nmero de processos fonolgicos

8,00

6,00

4,00

2,00

0,00

3,00 4,00 5,00 6,00 7,00

IDADE

A Tabela 25 representa a comparao entre o nmero de processos

fonolgicos utilizados em relao ao sexo.

Tabela 25: Mnimo, mximo e mdia de processos fonolgicos X sexo


SEXO MNIMO MXIMO MDIA DESVIO PADRO
feminino 0 11 2,13 2,55
masculino 0 11 2,72 2,89
Z = -1,416 / p = -0,157

Como se pode observar, no houve diferena estatisticamente significante

entre o nmero de processos fonolgicos utilizados em relao ao sexo.


64

4.2.2 Anlise de ocorrncia de cada processo fonolgico por faixa etria e sexo

Nesta seo foi realizada a anlise do mnimo, mximo e mdia de

ocorrncias de processos fonolgicos por faixa etria e posteriormente por sexo. As

Tabelas 26, 27, 28, 29 e 30 representam estes dados por cada faixa etria,

separadamente. A Tabela 26 representa o mnimo, o mximo e a mdia de

ocorrncias de processos fonolgicos na faixa etria de 3 anos.

Tabela 26: mnimo, mximo e mdia de ocorrncia de cada processo fonolgico na faixa etria de
3 anos 3 anos e 11 meses
PROCESSO FONOLGICO MNIMO MXIMO MDIA DESVIO PADRO
REC 0% 100% 44,92% 37,20
ASILAT 0% 24,49% 2,29% 4,20
ACONSF 0% 63,16% 18,52% 18,47
EPENT 0% 6,25% 0,19% 1,00
APOC 0% 0% 0% 0
MET 0% 20,45% 2,74% 4,42
MONOT 0% 53,85% 9,61% 12,94
APAGLIQ 0% 41,38% 5,03% 8,56
ACRESC 0% 2,53% 0,05% 0,36
PLOS 0% 4,11% 0,08% 0,59
AFR 0% 0% 0% 0
DESAF 0% 0% 0% 0
ANT 0% 20% 2,54% 4,66
POST 0% 24,73% 1,12% 3,83
ENS 0% 9,68% 0,33% 1,45
SONOR 0% 0% 0% 0
LAT 0% 73,68% 19,68% 25,83
SEMIV 0% 28,12% 1,17% 4,67
ASSIM 0% 9,46% 1,43% 2,18
RED 0% 2,86% 0,06% 0,41

A Tabela 26 nos permite verificar que os trs processos fonolgicos mais

utilizados nesta faixa etria so: reduo de encontro consonantal, lateralizao e

apagamento de consoante final, com mdias de ocorrncia de 44,92%, 19,68% e

18,52%, respectivamente.

Alguns processos fonolgicos no foram encontrados em nenhuma criana

desta faixa etria, so eles: apcope, africao, desafricao e sonorizao.


65

A Tabela 27 representa o mnimo, o mximo e a mdia de porcentagem de

ocorrncias de cada processo fonolgico na faixa etria de 4 anos.

Tabela 27: mnimo, mximo e mdia de ocorrncias de cada processo fonolgico na faixa etria de
4 anos 4 anos e 11 meses
PROCESSO FONOLGICO MNIMO MXIMO MDIA DESVIO PADRO
REC 0% 75% 15,23% 20,41
ASILAT 0% 8,16% 0,34% 1,28
ACONSF 0% 31,58% 6,62% 9,07
EPENT 0% 6,25% 0,32% 1,33
APOC 0% 0% 0% 0
MET 0% 9,09% 2,03% 2,74
MONOT 0% 15,38% 1,28% 3,66
APAGLIQ 0% 20,69% 1,00% 3,41
ACRESC 0% 1,26% 0,03% 0,18
PLOS 0% 1,37% 0,03% 0,20
AFR 0% 0% 0% 0
DESAF 0% 85,71% 2,08% 12,50
ANT 0% 12,73% 0,98% 2,83
POST 0% 12,90% 0,71% 2,08
ENS 0% 11,29% 0,37% 1,70
SONOR 0% 0% 0% 0
LAT 0% 76,31% 12,39% 20,05
SEMIV 0% 0% 0% 0
ASSIM 0% 5,40% 0,90% 1,45
RED 0% 0% 0% 0

Na Tabela 27 pode-se observar que os trs processos fonolgicos mais

utilizados na faixa etria de 4 anos so os mesmos da faixa etria de 3 anos, ou seja,

reduo de encontro consonantal, lateralizao e apagamento de consoante final,

com mdias 15,23%, 12,39% e 6,62%, respectivamente.

Nesta faixa etria cinco processos fonolgicos no foram utilizados: apcope,

africao, sonorizao, semivocalizao e reduplicao.

A Tabela 28 representa o mnimo, o mximo e a mdia de porcentagem de

ocorrncia de cada processo fonolgico na faixa etria de 5 anos.


66

Tabela 28: mnimo, mximo e mdia de ocorrncias de cada processo fonolgico na faixa etria de
5 anos 5 anos e 11 meses
PROCESSO FONOLGICO MNIMO MXIMO MDIA DESVIO PADRO
REC 0% 100% 5,14% 17,98
ASILAT 0% 4,08% 0,34% 0,88
ACONSF 0% 21,05% 3,07% 4,45
EPENT 0% 15,62% 0,32% 2,25
APOC 0% 0% 0% 0
MET 0% 11,36% 2,13% 2,87
MONOT 0% 7,69% 0,16% 1,11
APAGLIQ 0% 3,45% 0,07% 0,50
ACRESC 0% 0% 0% 0
PLOS 0% 0% 0% 0
AFR 0% 0% 0% 0
DESAF 0% 0% 0% 0
ANT 0% 1,82% 0,11% 0,44
POST 0% 1,07% 0,13% 0,36
ENS 0% 0% 0% 0
SONOR 0% 0% 0% 0
LAT 0% 71,05% 6,08% 19,14
SEMIV 0% 9,37% 0,26% 1,42
ASSIM 0% 4,05% 0,36% 0,77
RED 0% 0% 0% 0

A Tabela 28 nos permite verificar que o processo de lateralizao foi o

processo fonolgico mais utilizado, com mdia de 6,08% de ocorrncia na faixa

etria de 5 anos. Em seguida os processos mais utilizados so: reduo de encontro

consonantal e apagamento de consoante final com mdias de 5,14% e 3,07%,

respectivamente.

Nesta faixa etria houve um aumento do nmero de processos fonolgicos

no utilizados. Oito processos fonolgicos no foram utilizados por nenhuma criana

da faixa etria de 5 anos: apcope, acrscimo, plosivizao, africao, desafricao,

ensurdecimento, sonorizao e reduplicao.

A Tabela 29 representa o mnimo, o mximo e a mdia de porcentagem de

ocorrncia de cada processo fonolgico na faixa etria de 6 anos.


67

Tabela 29: mnimo, mximo e mdia de ocorrncias de cada processo fonolgico na faixa etria de
6 anos 6 anos e 11 meses
PROCESSO FONOLGICO MNIMO MXIMO MDIA DESVIO PADRO
REC 0% 75% 2,15% 11,02
ASILAT 0% 2,04% 0,04% 0,29
ACONSF 0% 0% 0% 0
EPENT 0% 0% 0% 0
APOC 0% 0% 0% 0
MET 0% 4,54% 0,52% 1,17
MONOT 0% 7,69% 0,16% 1,11
APAGLIQ 0% 6,90% 0,14% 0,99
ACRESC 0% 0% 0% 0
PLOS 0% 0% 0% 0
AFR 0% 0% 0% 0
DESAF 0% 0% 0% 0
ANT 0% 1,82% 0,04% 0,26
POST 0% 0% 0% 0
ENS 0% 0% 0% 0
SONOR 0% 0% 0% 0
LAT 0% 5,26% 0,11% 0,76
SEMIV 0% 0% 0% 0
ASSIM 0% 1,35% 0,03% 0,19
RED 0% 0% 0% 0

A anlise da Tabela 29 nos permite verificar que o processo de reduo de

encontro consonantal foi o processo fonolgico mais utilizado na faixa etria de 6

anos, com mdia de 2,15% de ocorrncia. Os demais processos tiveram mdias de

ocorrncias em torno de 0,05%, com exceo do processo de mettese cuja mdia

foi de 0,52%, sendo segundo processo mais utilizado nesta faixa etria.

Nesta faixa etria doze, dos vinte processos fonolgicos no foram utilizados,

so eles: apagamento de consoante final, epntese, apcope, acrscimo,

plosivizao, africao, desafricao, posteriorizao, ensurdecimento, sonorizao,

semivocalizao e reduplicao.

A Tabela 30 representa o mnimo, o mximo e a mdia de porcentagem de

ocorrncias de cada processo fonolgico na faixa etria de 7 anos.


68

Tabela 30: mnimo, mximo e mdia de ocorrncia de cada processo fonolgico na faixa etria de
7 anos 7 anos e 11 meses
PROCESSO FONOLGICO MNIMO MXIMO MDIA DESVIO PADRO
REC 0% 6,25% 0,39% 1,53
ASILAT 0% 0% 0% 0
ACONSF 0% 5,26% 0,11% 0,76
EPENT 0% 21,88% 0,45% 3,16
APOC 0% 0% 0% 0
MET 0% 6,82% 0,38% 1,27
MONOT 0% 0% 0% 0
APAGLIQ 0% 0% 0% 0
ACRESC 0% 0% 0% 0
PLOS 0% 0% 0% 0
AFR 0% 0% 0% 0
DESAF 0% 0% 0% 0
ANT 0% 0% 0% 0
POST 0% 0% 0% 0
ENS 0% 0% 0% 0
SONOR 0% 0% 0% 0
LAT 0% 0% 0% 0
SEMIV 0% 0% 0% 0
ASSIM 0% 1,35% 0,06% 0,28
RED 0% 0% 0% 0

Na faixa etria de 7 anos, como se pode observar pela Tabela 30, apenas

cinco, dos vinte processos fonolgicos da pesquisa, foram utilizados pelas crianas:

epntese, reduo de encontro consonantal, mettese, apagamento de consoante

final e assimilao, com mdias de ocorrncias abaixo de 0,50%.

O Grfico 3 ilustra as mdias de ocorrncia dos processos fonolgicos mais

utilizados por faixa etria.


69

Grfico 3: mdia de ocorrncia dos processos fonolgico mais utilizados por faixa etria.

REC (Reduo de
50,00 encontro
consonantal)
ASILAT
(Apagamento de
slaba tona)
40,00 ACONSF
(Apagamento de
consoante final
MET (Mettese)
LAT (Lateralizao)

30,00
Mdias

20,00

10,00

0,00

3,00 4,00 5,00 6,00 7,00

IDADE

A Tabela 31 representa os dados da anlise estatstica de cada processo

fonolgico por faixa etria e sexo.


70

Tabela 31: dados estatsticos da anlise dos processos fonolgicos


PROCESSO FONOLGICO Faixa etria Sexo
Chi-Square p z p
REC 128,883 <0,001 -1,213 0,225
ASILAT 51,087 <0,001 -0,661 0,508
ACONSF 98,596 <0,001 -1,189 0,234
EPENT 3,719 0,445 0,380 0,704
APOC 0,000 1,000 0,000 1,000
MET 33,373 <0,001 -2,356 0,018
MONOT 80,148 <0,001 -0,474 0,636
APAGLIQ 64,418 <0,001 -1,230 0,219
ACRESC 3,013 0,556 -1,417 0,156
PLOS 3,013 0,556 -1,417 0,156
AFR 0,000 1,000 0,000 1,000
DESAF 8,033 0,090 -1,417 0,156
ANT 52,595 <0,001 -1,187 0,235
POST 30,886 <0,001 0,000 1,000
ENS 14,222 0,007 -0,328 0,743
SONOR 0,000 1,000 0,000 1,000
LAT 88,296 <0,001 -1,091 0,275
SEMIV 14,100 0,007 -0,357 0,721
ASSIM 41,377 <0,001 -1,646 0,100
RED 4,000 0,406 -1,000 0,314

Ao observar os dados da Tabela 31 verifica-se que os processos fonolgicos

que obtiveram significncia estatstica em relao faixa etria so: reduo de

encontro consonantal, apagamento de slaba tona, apagamento de consoante final,

mettese, monotongao, apagamento de lquida em onset simples, anteriorizao,

posteriorizao, lateralizao e assimilao. Os outros processos fonolgicos no

apresentaram diferena estatisticamente significante o que pode ser justificado pela

no ocorrncia destes processos em algumas ou em todas as faixas etrias, como

o caso dos processos de apcope, africao e sonorizao que no foram utilizados

por nenhuma criana da pesquisa.

Em relao ao sexo, nenhum processo fonolgico apresentou diferena

estatisticamente significante.
71

4.3 PERCENTUAL DE CONSOANTES CORRETAS PCC E PCC-R

4.3.1 PCC Percentual de Consoantes Corretas

Nesta seo foi feito o levantamento do ndice de consoantes corretas

produzidas por cada criana. Aps esta anlise foi feita uma comparao entre as

faixas etrias e posteriormente entre os sexos.

A Tabela 32 representa o clculo do PCC por faixa etria.

Tabela 32: PCC X faixa etria.


IDADE MNIMO MXIMO MDIA DESVIO PADRO
3 anos 3 anos 11meses 62,24% 97,92% 85,65% 8,04
4 anos 4 anos 11meses 75,10% 100% 92,85% 6,37
5 anos 5 anos 11meses 81,74% 100% 96,69% 4,82
6 anos 6 anos 11meses 84,65% 100% 99,12% 2,68
7 anos 7 anos 11meses 95,85% 100% 99,78% 0,66
Chi-Square = 150,260 / dF = 4 / p < 0,001

Na Tabela 32 pode-se observar que o mnimo e a mdia do PCC aumentaram

de acordo com a faixa etria e o mximo alcanou o teto de 100% a partir da faixa

etria de 4 anos. O desvio padro diminuiu de acordo com o aumento da idade das

crianas, o que significa que a variabilidade entre as crianas da mesma faixa etria

diminui com o aumento da idade. Estes dados so estatisticamente significantes.

O Grfico 4 ilustra a Tabela 32: PCC por faixa etria.


72

Grfico 4: PCC por faixa etria


MNIMO
100,00
MXIMO
MDIA
DESVIO

80,00

60,00
PCC

40,00

20,00

0,00

3,00 4,00 5,00 6,00 7,00

IDADE

A Tabela 33 representa a relao entre o PCC e os sexos.

Tabela 33: PCC X sexo


SEXO MNIMO MXIMO MDIA DESVIO PADRO
Feminino 62,24% 100% 95,24% 7,30
masculino 67,63% 100% 94,39% 7,38
Z= -0,689 / p = 0,491

De acordo com estes resultados podemos observar que no houve diferena

estatisticamente significante em relao ao PCC entre os sexos.


73

4.3.2 PCC-R Percentual de Consoantes Corretas Revisado

Nesta seo foi feito o levantamento do ndice de consoantes corretas

produzidas por cada criana. Aps esta anlise foi feita uma comparao entre as

faixas etrias e posteriormente entre os sexos.

A Tabela 34 representa a comparao do PCC-R por faixa etria.

Tabela 34: PCC-R X faixa etria.


IDADE MNIMO MXIMO MDIA DESVIO PADRO
3 anos 3 anos 11meses 62,24% 98,75% 86,16% 8,15
4 anos 4 anos 11meses 75,10% 100% 93,85% 6,31
5 anos 5 anos 11meses 81,74% 100% 97,17% 4,80
6 anos 6 anos 11meses 89,63% 100% 99,50% 1,56
7 anos 7 anos 11meses 95,85% 100% 99,78% 0,66
Chi-Square = 151,614 / dF = 4 / p < 0,001

Na Tabela 34 pode-se observar que o mnimo e a mdia do PCC-R

aumentaram de acordo com a faixa etria, o mximo alcanou o teto de 100% a

partir da faixa etria de 4 anos e o desvio padro diminuiu com o aumento da idade

das crianas. Estes dados so estatisticamente significantes.

O Grfico 5 ilustra a Tabela 34: PCC-R por faixa etria


74

Grfico 5: PCC-R por faixa etria


MNIMO
100,00
MXIMO
MDIA
DESVIO

80,00

60,00
PCC-R

40,00

20,00

0,00

3,00 4,00 5,00 6,00 7,00

IDADE

A Tabela 35 representa a relao entre o PCC-R e os sexos.

Tabela 35: PCC-R X sexo


SEXO MNIMO MXIMO MDIA DESVIO PADRO
Feminino 62,24% 100% 95,24% 7,05
masculino 67,63% 100% 94,72% 7,28
Z = -1,109 / p = 0,267

De acordo com estes resultados podemos observar que no houve diferena entre o

PCC-R e os sexos.
75

5 DISCUSSO

Os dados encontrados neste estudo evidenciaram que aos 3 anos de idade os

fonemas /p/, /b/, /t/, /d/, /k/, //, /m/, e /n/ j esto adquiridos e estabilizados no

sistema fonolgico das crianas.

Ao verificar os dados referentes ao fonema //, observa-se que o mnimo de

produo correta deste som estabilizou-se em 50% em todas as faixas etrias. Este

dado pode ser justificado pela ocorrncia de apenas duas palavras (passarinho e

caminho) com o fonema // na avaliao. Muitas crianas omitiram o referido

fonema quando produziram a palavra caminho, provavelmente pelo fato desta

palavra ter um som nasal antes do fonema //. A mdia de produo correta obtida

na faixa etria de 3 anos foi de 90,62%, chegando a 98,96% na faixa etria de 7

anos. Isto nos permite concluir que aos 3 anos, este fonema tambm est adquirido.

Nossos achados encontram respaldo nos estudos de Lamprecht (2004), que

afirma que todas as plosivas e nasais esto adquiridas antes dos 2 anos de idade, de

Wertzner (2000), que observou que aos 3 anos e 6 meses todas as plosivas e nasais

esto adquiridas e de Grunwell (1995), que observou que no estgio entre 1:6 e 2
76

anos as crianas j adquiriram os fonemas /p/, /b/, /t/, /d/, /m/, e /n/ e aos 2 anos e 6

meses todas as plosivas e nasais esto adquiridas. Ainda McLeod e Bleile (2003)

relatam que aos 3 anos o inventrio fontico das crianas composto pelos fonemas

/p/, /b/, /t/, /d/, /k/, //, /m/, /n/, // /f/ e /s/ ou seja, consoantes plosivas, nasais e

fricativas anteriores desvozeadas.

Nossos resultados demonstraram que os fonemas /f/, /v/, /s/, / /, /t /, /d /,

/z/ e / / tambm esto adquiridos nesta faixa etria apesar de ter sido encontrada

uma grande variabilidade de produo entre as crianas.

Dados semelhantes foram encontrados por Oliveira (2003) e Lamprecht (2004)

que afirmam que as labiais so as primeiras a serem adquiridas na classe das

fricativas, estando o /v/ adquirido aos 1:8 e o /f/ aos 1:9, o fonema / / aos 2:10 e o

fonema / / aos 2:6. Em outro estudo (Lamprecht, 2004) foi observado que o fonema

/s/ encontra-se adquirido aos 2:6 e o /z/ aos 2:0. Tambm para Grunwell (1995) as

fricativas /s/ e /f/ so adquiridas no estgio de 2:6 3:0 enquanto a fricativa / / e a

africada /t / so adquiridas no estgio que vai dos 3:0 aos 3:6 e finalmente no

estgio que vai dos 3:6 aos 4:6 as fricativas /z/, / / e a africada /d / aparecem no

inventrio fontico das crianas.

Estudos de McLeod e Bleile (2003), demonstraram, no entanto dados

diferentes, talvez por ter sido realizado com crianas falantes da lngua inglesa.

Neste estudo na faixa etria de 3 anos a 3 anos e 11 meses somente as fricativas /s/

e /f/ j esto adquiridas. J as fricativas /f/, /v/, /s/, /z/ e / / j fazem parte do
77

inventrio fontico das crianas apenas na faixa etria de 4 anos a 4 anos e 11

meses. A fricativa / / aparece como adquirida somente na faixa etria de 5 anos

Em relao aquisio das lquidas, observamos em nosso estudo que a

aquisio do fonema // ocorre inicialmente na posio de onset simples (4 anos) e

posteriormente na posio de onset complexo (5 anos). O mesmo ocorre com o

fonema /l/, o qual aparece em onset simples aos 3 anos e em onset complexo aos 4

anos. J o fonema /R/ em onset simples adquirido na faixa etria de 3 anos e na

posio de coda aos 4 anos. Os dados tambm demonstram que o fonema //

encontra-se adquirido aos 3 anos, apesar da grande variabilidade observada na

produo deste som entre as crianas.

Lamprecht (2004) observou dados semelhantes em seu estudo, concluindo

que a classe das lquidas a ltima a ser adquirida no Portugus e que dentro desse

grupo de sons, as laterais so adquiridas antes das no-laterais. Em outro estudo

(HERNANDORENA E LAMPRECHT,1997), foi observado que o /l/ adquirido

primeiro em posio de onset absoluto, aos 2:8 e aos 3:0 dominado em onset

medial. A lquida /R/ est dominada aos 3:4 3:5, tanto em onset absoluto quanto

em onset medial, o fonema // adquirido aos 4:0 e a lquida no-lateral // na

posio de onset simples est adquirida aos 4:2. Em nossos resultados tambm

encontramos dados semelhantes, pois mesmo havendo encontrado a produo do

// aos 3 anos, foi observado grande variabilidade entre as crianas desta faixa

etria.
78

Nossos dados tambm encontram respaldo em Keske-Soares, Blanco e Mota

(2004) onde foi observado que as lquidas laterais so adquiridas antes das no-

laterais e, dentro dessas classes, o /l/ precede o //, e o /R/ geralmente aparece

antes do //.

Em relao ao //, nossos resultados apresentam dados semelhantes

Miranda (1996) e Teixeira (2006), em relao posio na estrutura silbica e a

idade de aquisio.

Com relao ao total de fonemas adquiridos, observamos que desde a faixa

etria de 3 anos, muitas crianas possuem o inventrio fontico completo (com os 21

fonemas consonantais do inventrio fontico do Portugus Brasileiro dialeto local)

havendo, porm, uma grande variabilidade entre as crianas, variabilidade esta, que

diminui gradativamente de acordo com o aumento da faixa etria. No encontramos

dados similares na literatura para discusso deste aspecto.

Em relao aos processos fonolgicos, os dados desta pesquisa demonstram

que aos 3 anos de idade, os processos de reduo de encontro consonantal,

lateralizao e apagamento de consoante final foram os processos fonolgicos mais

utilizados, sendo 44,92%, 19,68% e 18,52% as respectivas mdias. Estes processos

foram os mais utilizados tambm na faixa etria de 4 anos, tendo uma diminuio

gradativa nas mdias de acordo com o aumento das idades. Nas crianas da faixa

etria de 5 anos, observamos predominantemente processos de lateralizao,

reduo de encontro consonantal e apagamento de consoante final. Tais dados

evidenciam a dificuldade encontrada pelas crianas na produo das lquidas e nas

estruturas silbicas mais complexas.


79

Encontramos suporte para nossos resultados nos estudos de Ribas (2003),

com exceo dos processos de semivocalizao e epntese que no foram

freqentemente observados nas crianas pesquisadas. Tambm Pena-Brooks e

Hedge (2000) observaram que os processos fonolgicos de reduo de encontro

consonantal, epntese e semivocalizao s desaparecem aps os trs anos de

idade, reforando nossas concluses.

McLeod e Bleile (2003), encontraram em crianas de 3 anos a 3 anos e 11

meses os processos de reduo de encontro consonantal, apagamento de

consoante final, apagamento de slaba tona, anteriorizao, plosivizao,

semivocalizao e assimilao. Na faixa etria de 4 anos foram encontrados apenas

trs processos fonolgicos, reduo de encontro consonantal, apagamento de slaba

tona e semivocalizao. Na faixa etria de 5 anos os processos fonolgicos

utilizados so: epntese, mettese e desafricao. A partir dos 6 anos, as crianas

com desenvolvimento fonolgico normal no fazem mais uso de processos

fonolgicos. Observa-se nas crianas falantes do ingls, semelhanas em relao

dificuldade na produo de liquidas e estruturas silbicas complexas, pois o

processo de reduo de encontro consonantal tambm neste estudo se fez presente

na maior parte das crianas.

J Wertzner e Oliveira (2002) encontraram muita variabilidade entre as

crianas em relao presena dos processos de reduo de encontro consonantal

e simplificao de lquidas em crianas com distrbio fonolgico.

Nas faixas etrias de 6 e 7 anos foi observado, em nossos informantes,

principalmente a presena dos processos de epntese, reduo de encontro

consonantal e mettese, o que demonstra mais uma vez a dificuldade na estrutura


80

silbica (CCV) e na produo das lquidas. Este achado corroborado pelo estudo

de Wertzner (2000) que afirma que a idade prevista para a eliminao dos processos

de reduo de encontro consonantal e apagamento de consoante final aos 7 anos.

Lamprecht (1990) tambm constatou que a ocorrncia de mettese se d

majoritariamente entre as crianas mais velhas, como uma estratgia das crianas

que j superaram em parte, ou esto superando, dificuldades de estrutura silbica e

por isso no apagam, mas transpem os componentes dessas estruturas. A autora

explica tambm que os sons de aquisio tardia s podero estar envolvidos em

processos realizados por crianas maiores e que a relevncia do envolvimento do //

nos processos de mettese est diretamente associada estrutura silbica complexa

em que esse som quase sempre aparece e no poca de aquisio de um ou de

outro segmento qualquer.

Em relao aos processos de substituio, Lamprecht (2004) observou

processos de posteriorizao, ensurdecimento e plosivizao de fricativas. Oliveira

(2003) observou preferencialmente processos de plosivizao, ensurdecimento e

anteriorizao desta classe de sons. Nossos dados, no entanto, apontam para uma

pequena porcentagem de ocorrncia dos processos de substituio (menos de 2%

aos 3 anos), de forma a no serem considerados como caractersticos do

desenvolvimento fonolgico das crianas estudadas.

Nesta pesquisa foi realizada a anlise do nmero de processos fonolgicos

encontrados por faixa etria. Aos 3 anos de idade, as crianas utilizaram um mnimo

de dois de processos fonolgicos, sendo a mdia 5,79. A partir da faixa etria de 4

anos o nmero mnimo de processos fonolgicos utilizados estabilizou-se em zero e


81

o nmero mximo de processos fonolgicos utilizados diminuiu gradativamente de

acordo com o aumento da faixa etria, assim como a mdia. No encontramos dados

similares na literatura para a discusso deste aspecto.

Em relao ao PCC, os dados encontrados nesta pesquisa evidenciaram que

a mdia do percentual de consoantes corretas tem um crescimento significativo e

gradual de acordo com o aumento da faixa etria. O PCC mdio obtido aos 3 anos

foi 85,65%, aos 4 anos = 92,85%, aos 5 anos = 96,69%, aos 6 anos = 99,12%,

chegando a 99,78% na faixa etria de 7 anos. Nossos dados no divergem muito dos

resultados de Wertzner e Dias (2000), que observaram que para crianas de 3 anos

a 3 anos e 6 meses de idade o PCC mdio obtido foi de 79,77%, para as de 3 anos e

7 meses a 4 anos o PCC mdio foi de 86,95% para as de 4 anos e 1 ms a 4 anos e

6 meses foi de 86,67%, para as de 4 anos e 7 meses a 5 anos foi de 91,16% e na

faixa etria de 5 anos e 1 ms a 5 anos e 6 meses o PCC mdia obtido foi de

93,45%.

Ao comparar com as crianas falantes do ingls do estudo de 2003 de

McLeod e Bleile, em crianas com desenvolvimento fonolgico normal (3 anos 3

anos 11 meses = 76,41%, 4 anos 4 anos 11 meses = 82,45%, 5 anos 5 anos 11

meses = 88,36%, 6 anos 6 anos 11 meses = 90,76% e 7 anos 7 anos 11 meses =

90,99%), observamos ndices maiores de PCC nas crianas brasileiras. J em

relao ao PCC-R, no foram encontrados estudos semelhantes para a comparao

dos dados.

Em relao varivel sexo, no foi observada nenhuma diferena

estatisticamente significante em nenhuma das anlises realizadas nesta pesquisa.


82

Estes dados no esto em concordncia com os estudos de Dodd et al (2003),

Wellman et al (1931), Poole (1934) e Smit et al (1990) que observaram que as

meninas apresentaram melhor desempenho em algum momento do desenvolvimento

fonolgico.
83

6 CONCLUSO

Os dados permitem concluir que aos 3 anos de idade os fonemas /p/, /b/, /t/,

/d/, /k/, //, /m/, e /n/ j esto adquiridos e estabilizados no sistema fonolgico das

crianas desta pesquisa. Os fonemas /f/, /v/, /s/, / /, /t /, /d /, /z/, / / e // tambm

j esto adquiridos nesta faixa etria apesar de ter sido encontrada uma grande

variabilidade de produo entre as crianas pesquisadas. Em relao ao fonema //,

foram encontrados ndices baixos de produo mdia e ndices de produo mnima

estabilizados em 50% nas crianas. Acreditamos que tal resultado pode ser

explicado pelo reduzido nmero de palavras com este fonema no corpus.

Consideramos, portanto o // como um fonema adquirido aos 3 anos de idade.

A aquisio do fonema // ocorreu inicialmente na posio de onset simples (4

anos) e posteriormente na posio de onset complexo (5 anos). O mesmo ocorreu

com o fonema /l/. A aquisio do fonema /l/ em onset simples ocorreu aos 3 anos e

em onset complexo aos 4 anos. J o fonema /R/ em onset simples foi adquirido na

faixa etria de 3 anos e na posio de coda aos 4 anos.


84

Com relao ao total de fonemas adquiridos, pudemos concluir que desde a

faixa etria de 3 anos, muitas crianas j possuam o inventrio fontico completo

(com os 21 fonemas consonantais do inventrio fontico do Portugus Brasileiro

dialeto local) tendo sido observada porm, uma grande variabilidade entre as

crianas, variabilidade esta, que diminuiu gradativamente de acordo com o aumento

da faixa etria.

No que se refere aos processos fonolgicos, os dados desta pesquisa

demonstraram que aos 3 anos de idade os processos mais utilizados foram: reduo

de encontro consonantal, lateralizao e apagamento de consoante final. Estes

processos foram os mais utilizados tambm na faixa etria de 4 anos, tendo uma

diminuio significativa das mdias de acordo com o aumento da idade. J na faixa

etria de 5 anos, o processo de lateralizao foi o mais utilizado, seguido dos

processos de reduo de encontro consonantal e apagamento de consoante final. Na

faixa etria de 6 anos, o processo de reduo de encontro consonantal foi

novamente o mais utilizado, sendo a mettese o segundo processo mais utilizado

nesta faixa etria. J na faixa etria de 7 anos, epntese foi o processo fonolgico

mais utilizado pelas crianas, seguido de reduo de encontro consonantal e

mettese.

Em relao anlise referente ao nmero de processos fonolgicos

encontrados por faixa etria, observamos que aos 3 anos de idade, as crianas

utilizaram um mnimo de dois de processos fonolgicos. A partir da faixa etria de 4

anos o nmero mnimo de processos fonolgicos utilizados estabilizou-se em zero e

o nmero mximo de processos fonolgicos utilizados diminuiu gradativamente de

acordo com o aumento da faixa etria, assim como a mdia.


85

Com relao ao PCC e ao PCC-R, os dados encontrados nesta pesquisa

evidenciaram que a mdia do percentual de consoantes corretas teve um

crescimento significativo e gradual de acordo com o aumento da faixa etria. O PCC

mdio obtido aos 3 anos foi 85,65%, aos 4 anos = 92,85%, aos 5 anos = 96,69%,

aos 6 anos = 99,12%, chegando a 99,78% na faixa etria de 7 anos. O PCC-R mdio

obtido aos 3 anos foi 86,16%, aos 4 anos = 93,85%, aos 5 anos = 97,17%, aos 6

anos = 99,59% e aos 7 anos = 99,78%.

Em relao varivel sexo, no foi observada nenhuma diferena

estatisticamente significante em nenhuma das anlises realizadas nesta pesquisa.


86

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Revista de Atualizao Cientfica. Barueri (SP). v. 17, n. 2, p. 185-194. maio-ago.
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WERTZNER. H. F.; CONSORTI. T. Processos fonolgicos detectados em crianas


de sete a oito anos. Pr-Fono Revista de Atualizao Cientfica. Barueri (SP) v.
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90

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medidas de anlise: porcentagem de consoantes corretas (PCC) e ndice de
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Barueri (SP) v. 13. n. 01, 2001.

WERTZNER H.F.; DIAS, T.A. PCC de crianas sem queixa de distrbios de


comunicao Anais do VIII Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia Recife PE
out. 2000.
91

8 APNDICES

APNDICE 1 Distribuio dos fonemas de acordo com a estrutura silbica e


posio na palavra.

fonema ONSET INICIAL ONSET MEDIAL CODA MEDIAL CODA FINAL total
CV CCV CV CCV CVC CVC
/p/ 4 3 3 2 - - 12
/b/ 6 4 5 2 - - 17
/t/ 2 2 12 2 - - 18
/d/ 1 1 7 3 - - 12
/k/ 10 3 7 2 - - 22
/g/ 4 2 5 1 - - 12
/f/ 1 3 6 1 - - 11
/v/ 2 - 7 1 - - 10
/s/ 2 - 7 - - - 9
/z/ 1 - 4 - - - 5
/S/ 2 - 4 - 3 6 15
/Z/ 2 - 2 - - - 4
/tS/ 1 - 4 - - - 5
/dZ/ 1 - 1 - - - 2
/m/ 5 - 1 - - - 6
/n/ 2 - 6 - - - 8
// - - 3 - - - 3
// - - 2 - - - 2
/r/ - 12 9 11 - - 32
/R/ 3 - 3 - 8 2 16
/l/ 3 6 8 3 - - 20
92

APNDICE 2 - Protocolo de anotao dos dados.

AVALIAO FONTICA FONOLGICA

MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA

Nome: ___________________________________________________________

Data de nascimento: ___________________Idade: ________________________

Data da avaliao: _____________________Avaliador: _____________________

Observaes:

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________
93
94
95
96
97
98

APNDICE 3 Protocolo de anlise do PCC.

fonema ONSET INICIAL ONSET MEDIAL CODA MEDIAL CODA FINAL total
CV CCV CV CCV
/p/ 4 3 3 2 - - 12
Criana
/b/ 6 4 5 2 - - 17
Criana
/t/ 2 2 12 2 - - 18
Criana
/d/ 1 1 7 3 - - 12
Criana
/k/ 10 3 7 2 - - 22
Criana
/g/ 4 2 5 1 - - 12
Criana
/f/ 1 3 6 1 - - 11
Criana
/v/ 2 - 7 1 - - 10
Criana
/s/ 2 - 7 - - - 9
Criana
/z/ 1 - 4 - - - 5
Criana
/S/ 2 - 4 - 3 6 15
Criana
/Z/ 2 - 2 - - - 4
criana
/tS/ 1 - 4 - - - 5
Criana
/dZ/ 1 - 1 - - - 2
Criana
/m/ 5 - 1 - - - 6
Criana
/n/ 2 - 6 - - - 8
Criana
// - - 3 - - - 3
Criana
// - - 2 - - - 2
Criana
/r/ - 12 9 11 - - 32
Criana
/R/ 3 - 3 - 8 2 16
Criana
/l/ 3 6 8 3 - - 20
Criana
99

Nmero de consoantes corretas


Nmero de consoantes incorretas
Total de consoantes da avaliao 241

Frmula para calcular o PCC:

Nmero de consoantes corretas

___________________________________ X 100 = PCC

Nmero de Consoantes corretas + Consoantes incorretas


100

APNDICE 4 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

CARTA PARA OBTENO DO CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARA PESQUISAS


QUE ENVOLVAM: CRIANAS, QUESTIONRIO E AVALIAO

Caro(a) Senhor(a)
Eu, Carla Ferrante, fonoaudiloga, portadora do CIC 083420897-03, RG 10835295-6,
estabelecido(a) na Rua Ibituruna, n 108 , casa 3 / 202, CEP 20271-020, na cidade do Rio de Janeiro,
cujo telefone de contato (21) 2574.8871, vou desenvolver uma pesquisa cujo ttulo Avaliao
Fontica e Fonolgica
Este estudo tem como objetivo validar um instrumento de avaliao fontica e fonolgica e
colaborar para ampliao do conhecimento sobre as alteraes de fala.
Necessito que o Sr.(a). permita a execuo de uma avaliao de fala em seu filho (a) em que
realizarei, os seguintes procedimentos: Cada criana ser solicitada nomear 79 figuras. A avaliao
ser realizada, no Colgio Veiga de Almeida, em uma sala sem rudos e a fala ser gravada com o
auxlio de um gravador digital, para a anlise dos dados.
A participao de seu filho (a) nesta pesquisa voluntria e a avaliao clnica no determinar
qualquer risco, nem trar desconfortos.
Caso seja de interesse dos pais, ser enviado um laudo com os resultados da avaliao e
caso necessrio, os pais recebero orientaes em relao ao desenvolvimento de fala e linguagem.
A participao de seu filho (a) importante para o aumento do conhecimento respeito do
desenvolvimento e produo dos sons da fala, o que pode colaborar nos tratamentos
fonoaudiolgicos, podendo beneficiar outras pessoas ou at mesmo seu filho (a). Com relao ao
procedimento em questo, no existe melhor forma de obter.
Informo que o Sr(a). tem a garantia de acesso, em qualquer etapa do estudo, sobre qualquer
esclarecimento de eventuais dvidas. Se tiver alguma considerao ou dvida sobre a tica da
pesquisa, entre em contato com o Comit de tica em Pesquisa (CEP) da Universidade Veiga de
Almeida, situado na Rua Ibituruna 108 Tijuca, fone 32343024 e comunique-se com o Prof. Dr.
Manoel Jos Gomes Tubino.
Tambm garantida a liberdade da retirada de consentimento a qualquer momento e deixar
de participar do estudo.
Garanto que as informaes obtidas sero analisadas em conjunto com outras pessoas, no
sendo divulgada a identificao de nenhum dos participantes.
O Sr(a). tem o direito de ser mantido atualizado sobre os resultados parciais das pesquisas e
caso seja solicitado, darei todas as informaes que solicitar.
No existir despesas ou compensaes pessoais para o participante em qualquer fase do
estudo, incluindo exames e consultas. Tambm no h compensao financeira relacionada sua
participao. Se existir qualquer despesa adicional, ela ser absorvida pelo oramento da pesquisa.
Eu me comprometo a utilizar os dados coletados somente para pesquisa e os resultados
sero veiculados atravs de artigos cientficos em revistas especializadas e/ou em encontros
cientficos e congressos, sem nunca tornar possvel a sua identificao.
Anexo est o consentimento livre e esclarecido para ser assinado caso no tenha ficado
qualquer dvida.

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Acredito ter sido suficiente informado respeito do estudo Avaliao Fontica e Fonolgica.
Ficaram claros para mim quais so os propsitos do estudo, os procedimentos a serem realizados, as
garantias de confidencialidade e de esclarecimentos permanentes.
Ficou claro tambm que a participao de meu filho (a) isenta de despesas e que tenho
garantia do acesso aos resultados e de esclarecer minhas dvidas a qualquer tempo. Concordo
voluntariamente que meu filho (a) participe deste estudo e poderei retirar o meu consentimento a
101

qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem penalidade ou prejuzo ou perda de qualquer
benefcio que eu possa ter adquirido.

___________________________________ Data_______/______/______
Assinatura do informante
Nome:
Endereo:
RG.
Fone: ( )

Nome do aluno:________________________________________________________

Data de nascimento:_______/________/_______ Turma: _____________________

__________________________________
Assinatura do(a) pesquisador(a)

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