TEOLOGIA

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO À DISTANCIA

Trabalho de campo
Nome do estudante: Horácio Vasconcelos Mocoua
Código: 708224562

Curso: Licenciatura em Ensino de Matemática

Disciplina: Fundamentos de Teologia Católica

Frequência: 2º Ano

Turma: C

Nome do Docente: Pé Diamantino Andrade

Nampula, Setembro de 2023


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Índice
1. Introdução........................................................................................................................ 4

2. Objectivos........................................................................................................................ 4

2.1 Geral .............................................................................................................................. 4

2.2 Específicos .................................................................................................................... 4

3. Teologia ........................................................................................................................... 5

3.1 Conceito de teologia ..................................................................................................... 5

3.2 Diferentes fases da reflexão teológica .......................................................................... 5

3.2.1 Teologia patrística .................................................................................................. 5

3.2.2 Teologia escolástica medieval ................................................................................ 7

3.2.3 Teologia anti-moderna – da Idade Média até Vaticano II ...................................... 8

3.2.4 A teologia hoje ....................................................................................................... 9

4. Conclusão ...................................................................................................................... 11

5. Bibliografia.................................................................................................................... 12
1. Introdução

Ao longo de séculos, a Igreja Católica muitas vezes viu-se imersa no mesmo e


multifacetado problema: a afirmação de uma identidade diante da existência de grupos
dissidentes. Antes mesmo de tornar-se a Igreja Católica, reivindicando para si o epíteto
“universal”, a Igreja Cristã já se encontrava nesse enfrentamento.

As inúmeras transformações ocorridas ao longo da Antiguidade Tardia 3 modificaram o


cenário do mundo romano e, posteriormente, ocidental. O estabelecimento da Igreja Cristã
nesse período ocorre em consonância com essas transformações.

Diversas redefinições da identidade cristã, iniciadas no século IV com o I Concílio de


Niceia e que se estenderam por boa parte da Antiguidade Tardia foram importantes para a
afirmação Igreja Cristã enquanto Igreja Católica. Para garantir a legitimidade de suas
definições e doutrina, a Igreja apoiou-se na sucessão apostólica e na herança dos mártires.
Assim, afirmou ser a legítima interpretadora da mensagem de Cristo, sucessora direta dos
primeiros apóstolos e herdeira da fé proclamada pelos cristãos perseguidos dos primeiros
séculos.

O presente trabalho tem como objectivo fazer uma síntese em torno da história da teologia,
desde a época patrística até o Vaticano II e os nós existentes até os dias actuais.

2. Objectivos

2.1 Geral

Descrever os acontecimentos históricos que marcaram a teologia desde a época


patrística até o Vaticano II e os dias actuais.
2.2 Específicos

Caracterizar os ideais teológicos da época patrística e os seus principais marcos


históricos;

Identificar e descrever as fases da teologia escolástica medieval;

Compreender os marcos da teologia anti-moderna até o vaticano II e os seus traços


nos dias actuais.

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3. Teologia

3.1 Conceito de teologia

Para se compreender a história da teologia precisamos primeiro desvendar a origem e o


significado da palavra. Etimologicamente a palavra teologia= teo + Deus +
λοΥiα = discurso sobre Deus; arte de dirigir o espírito na investigação da verdade do
discurso sobre Deus. Portanto, pode se definir a teologia como a ciência de coisas divinas
ou ciência de Deus (Silva, 2016).

Trata-se de um estudo sistemático sobre Deus, ou seja, a sua essência, seus atributos e sua
existência. Esse estudo pode ser feito a partir de diferentes teologias (cristã, judaica,
islâmica, etc.) (Silva, 2016).

3.2 Diferentes fases da reflexão teológica

Existem diferentes estilos de reflexão teológica, tanto no que se refere ao conteúdo, como
ao género literário. Assim, podemos distinguir diferentes estilos de acordo com a época.

3.2.1 Teologia patrística

A Patrística, gênese da literatura cristã, representa a expressão da fé dos denominados


Santos Padres da Igreja, teólogos de excepcional saber e de reconhecida santidade.
Construtores da teologia católica e mestres da doutrina cristã, floresceram entre os séculos
II e VIII (Sousa & Silva, 1988).

Melchior Cano assim os caracteriza:

Ortodoxia doutrinária;
Santidade de vida;
Reconhecimento, ao menos indireto, por parte da igreja;
Antiguidade.
Alguns autores restringem a Patrística até a época do Concílio de Calcedônia (451),
enquanto a maioria a prolonga até os séculos VII e VIII. Costuma-se, portanto, distinguir
m. Patrística três períodos (SOUSA & SILVA, 1988):

1. Do século II ao Concílio de Nicéia (325);

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2. Daí, fase do apogeu, até o Concílio de Calcedônia (451);
3. Período de transição para c. Escolástica. Séculos VII e VIII.
A época patrística compreende o período de seis séculos, desde a geração posterior aos
apóstolos até a geração dos que prepararam a teologia medieval. O objectivo do discurso
teológico dessa época era de esclarecer a identidade da fé cristã no seu encontro com as
culturas, helénica, romana e mesmo a judaica

Vencido o paganismo (Edito de Constantino, 313) a Igreja concentra a sua atividade nas
próprias doutrinas. As heresias surgidas então, como o arianismo, o maniqueísmo, o
pelagianismo, o donatismo, o nestorianismo e outras, ensejaram o despontar dos apologistas
da fé no campo filosófico quanto no teológico (Sousa & Silva, 1988).

Nesse período, o cristianismo vê-se às voltas com o imenso desafio de traduzir para a
cultura helénica, a sua boa nova. Necessita também justificar-se diante daqueles que,
utilizando a filosofia grega, consideram o cristianismo e a fé cristã algo secundário ou de
pouco valor. Após o período das perseguições, com o reconhecimento do império romano a
Igreja corre dois riscos helenizar a sua doutrina (por uma união entre fé e pensamento
grego) e secularizar-se (entrando nas estruturas do império pelo caminho das honras,
privilégios, apoio do poder político).

A teologia da época patrística teve como o ponto de partida a experiência intensa do


mistério proclamado, celebrado e vivido, exercitada na leitura do texto sagrado e das
realidades mundanas (UCM, 2014).

A teologia era feita pelos bispos, sacerdotes e leigos (homilias, textos litúrgicos,
comentários de textos de escritura, catequese...). no inicio do século III, formam-se “escolas
teológicas”, sendo que as mais conhecidas foram Antioquia (exegese literal de Escritura),
Alexandria (exegese espiritual “sentido”).

Ademais, o escopo principal dos Santos Padres consistia em defender o Cristianismo das
nascentes heresias que tentavam contraditar o dogma e contaminar a pureza da fé . Então, já
o velho paganismo recolhia contra a nova religião todas as forças que ainda lhe restavam,
opondo-lhe o Cristianismo, ora o sangue dos mártires, ora palavra dos apologistas.

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Expositores do dogma, recorrem à razão todas as vezes que esta lhes serve de esteio à
doutrina, usando assim as mesmas armas da filosofia adversária (Sousa & Silva, 1988).

Características teológicas: teologia bíblica, litúrgica, cristológica, eclesial, inculturada e


plural.

A teologia patrística teve como limitações: a pouca atenção ao concreto histórico fraco
traço profético devido ao compromisso com o poder temporal, progressiva des
escatologização e des-historização da teologia; Deficiência do instrumento teológico
utilizado (o seu dualismo neoplatônico, o rigor ético de outras correntes como por exemplo
os epicureus,...e cépticos.

3.2.2 Teologia escolástica medieval

A teologia escolástica medieval atravessou oito (8) séculos, três (3) fases importantes: A
dialéctica (Sto. Anselmo) a grande escolástica e a escolástica tardia (UCM, 2014).

1) Fase – A teologia se limita a leitura e comentário da Palavra de Deus. Pouco a


pouco (VIII – X) esta maneira de fazer teologia é influenciada pelas mudanças
significativas verificadas na sociedade e na igreja. O surgimento de associações,
corporações, ordens religiosas, movimento das ordens mendicantes e também
universidades vai influenciar positivamente a maneira de fazer teologia.
Do século X – XII, mas concretamente de 1120-1160, o pensamento de
Aristóteles é redescoberto e sua metodologia é posta em relevo – usa-se a sua
dialéctica (“Sicet nom”) = recolhem-se argumentos aparentemente contraditórios,
discute-se a questão e depois se tiram conclusões. Santo Anselmo (1033- 1109)
une a teologia monástica agostiniana, favorável a absoluta suficiência de fé, ao
pensamento especulativo dialéctico. Trabalha para transformar a verdade criada
em verdade sabida, pensada e expressa. A fé em busca da inteligência (fides
quarens intellectum) conclusões deduzíveis.
2) Fase – Em 1054, temos o primeiro grande cisma Ocidente/ Oriente com
Miguel Cerulário. A teologia Oriental não assimila a dialética, ela conserva o
aspeto contemplativo e simbólico, privilegiando a dimensão apofática, misteriosa,
o silêncio da teologia.

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Daí surge Tomás de Aquino, a figura mais alta da escolástica, que combina rigor
teórico, criatividade e ousadia. Desenvolve uma teologia obediente à revelação que
responde às exigências da epistemologia de Aristóteles e por conseguinte ela é
chamada ciência. A suma teologia durante séculos foi texto base da elaboração
teológica.

3) Fase – Com Tomás de Aquino saímos do credere- crer para compreender (da
patrística) e passamos ao crer e compreender. A elaboração sistematizante do
pensamento é feito por via da relação afirmação, negação e síntese – o movimento
de pensamento é uma elipse e não um círculo. Temos um duplo foco da teologia:
ciência que Deus comunica e ciência que o homem alcança pela reflexão
autónoma, ela conjuga o ponto de vista de Deus e o ponto de vista do homem,
concilia fé e razão.

3.2.3 Teologia anti-moderna – da Idade Média até Vaticano II

Essa fase da teologia compreendeu um período de cinco (5) séculos. É uma época
caracterizada por mudanças sócias rápidas e profundas, capitalismo mercantil, trocas
culturais, a formação da supremacia da razão e do individualismo racional,
desenvolvimento da arte e do humanismo. Verifica-se uma crescente separação entre
império e papado, entre a Igreja e a política (UCM, 2014).

É uma Teologia de defesa cujo ponto mais alto é a celebração do Concílio Vaticano I com
a proclamação do dogma do primado e da infalibilidade papal. A teologia recusa-se a
dialogar com o mundo moderno (UCM, 2014).

Defendia-se o fechamento da Igreja e a negação completa do mundo, entendendo-o como


sendo o “inimigo” responsável por todos problemas sociais e religiosos (Contiero, 2017)

Para quem é feita a teologia nesta época? Para o clérigo religioso ou diocesano. O
Concilio de Trento decretou a criação de seminários para a formação do clero (UCM,
2014).

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Três áreas de desenvolvimento da teologia são identificadas: Fundamental, Moral e
Dogmática (UCM, 2014).

A área da Teologia Fundamental ocupa-se da Apologética (suscitar e testemunhar


a fé);
A Teologia Moral oferece estrutura da vida humana a partir da lei (divina, natural
e positiva);

A Teologia Dogmática, graças ao seu método regre apresenta os pilares da fé


Cristã. A partir de uma tese, busca argumentos racionais que iluminados pela
Sagrada Escritura permitem justificar e fundamentar a fé cristã. É uma Teologia
rigorosa, conceptual, objetiva e uniforme.

3.2.4 A teologia hoje

A teologia mais do que um discurso sobre Deus torna-se um discurso sobre a Palavra
de Deus, cujo objetivo é compreender, aprofundar o seu sentido valendo-se de
instrumentos de compreensão de que o homem dispõe. Mas dado que tais instrumentos
mudam de uma época para a outra, de um continente para o outro segue-se logicamente a
formação de uma grande variedade de discursos sobre Deus, isto é de teologias (UCM,
2014).

Nos nossos dias a Teologia tem em conta um marco importante na Igreja Católica: o
Concílio ecuménico Vaticano II (11/10/1962 – 8/12/1965). A Teologia, valoriza os
esforços, aquisições e orientações deste Concílio, que concebe a fé como dom recebido e
orienta o estudo das realidades divinas à luz da fé, soba orientação do Magistério, fazendo
da Sagrada Escritura a alma da Teologia (UCM, 2014).

Evidencia-se mais nos dias de hoje a concretização do Gaudium et spes: a reconciliação da


igreja católica com o mundo, o chamado “espírito de concílio”, que é fundamentado na
abertura ao mundo moderno a partir do respeito as realidades terrestres, respeito esse que
leva a valorização, ao diálogo e ao aprendizado com o homem moderno, discernindo nesse
processo os pontos positivos da modernidade, mas também os pontos negativos (Mendes,
2012). O ser humano, independentemente do seu credo, raça ou nacionalidade, é

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destinatário da Gaudium et spes. Deste modo, o diálogo proposto pelo Concílio é com toda
a humanidade, acolhida das suas semelhanças e diferenças e é isso que a constituição
pastoral se propôs a demonstrar (Júnior, 2013).

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4. Conclusão

Ao longo do percurso foram apresentadas as ideias centrais da teologia da época patrística,


passando pela teologia escolástica, a teologia anti-moderna e o vaticano II e a identificação
dos traços dessa evolução teológica nos dias actuais.

Diante do exposto, conclui-se que na teologia patrística o objectivo do discurso teológico


dessa época era de esclarecer a identidade da fé cristã no seu encontro com as culturas,
helénica, romana e mesmo a judaica, por outro lado, a teologia escolástica foi marcada pela
negação da dialética e posterior sistematização da teologia por Tomás de Aquino. Já a
teologia anti-moderna até o Vaticano II caracterizou-se por uma transição de recusa da
igreja em dialogar com o mundo moderno para uma nova fase que marcou o vaticano II,
caracterizada pela abertura da igreja e aceitação ao diálogo com o mundo moderno. Para
finalizar, esta abertura trazida no vaticano II espelha-se até os dias actuais em que temos
uma teologia que respeita as realidades terrestres, as semelhanças e diferenças e que
valoriza o diálogo e o aprendizado com o homem moderno.

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5. Bibliografia

Contiero, T.T. (2017). O mundo na Igreja e a Igreja no mundo: reflexões sobre o Concílio
de Vaticano II e a modernidade. Pontifica Universidade Católica de São Paulo: São Paulo.

Júnior, F. A. (2013). Igreja e política: abordagem teológica à luz do Concílio Vaticano II.
Revista Pistis Prax., Curitiba, v. 5, n. 2.

Mendes, V. H. (2012). Vaticano II: a modernidade da igreja em um contexto de mudanças.


Encontros Teológicos no 62, Ano 27, n. 2, 2012, p. 139-163.

Silva, R.F. (2016). Introdução a Teologia. 1 ed. Sobral.

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE. (2014). Manual de Fundamentos de


Teologia. UCM, Beira.

Sousa, V. E, Silva. (1988). Da Patrística à Escolástica. Revista de Letras, Fortaleza, v. 13,


n. 1.

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