As Finalidades Da Educaçaaao 075850

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Introdução
O presente trabalho referente a cadeira de Fundamentos de Pedagogia, que tem
como tema: o carácter histórico – social da educação – caso de Moçambique. Onde vai
se debruçar acerca dos primeiros momentos e depois da independência que foram
considerados como momentos de voluntarismo e de pouca planificação, que abrangiam
vários sectores do país, e devido às dificuldades ou falta de pessoas qualificadas e falta
de reorganização do aparelho do estado. O trabalho tem como objetivos:
Objectivo geral:
 Compreender o carácter histórico – social da educação – caso de Moçambique.
Objetivos específicos:
 Conceituar as formações sócio-políticas e carácter/função da educação;
 Descrever as finalidades e objectivos da educação em diferentes momentos
históricos em Moçambique;
 Explicar os desafios da educação contemporânea.

Metodologia
Os métodos ou as técnicas usadas para a realização obedecem as normas de
elaboração de trabalho científico desta Universidade Rovuma que está em vigor (Norma
APA) e obedece a seguinte ordem: capas, introdução, desenvolvimento, conclusão e a
respectiva bibliografia.
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1. As formações sócio – políticas e o carácter/função da educação

1.1. Conceitos básicos

1.1.1. Formação
Formação é um processo de devir humano. Mediante o qual o indivíduo natural
deve um ser cultural. Uma pessoa é bom lembrar que o sentido dessa categoria
envolve um complexo conjunto de dimensões que verbo formar tenta expressar:
constituir, compor, ordenar, fundar, criar, instruir-se, colocar-se ao lado de,
desenvolver-se, dar-se um ser. É relevante observar que o seu sentido mais rico é
aquele do verbo reflexivo, como que indicando que é uma acção cujo agente só
pode ser o próprio sujeito (Ngoenha, 2006).

1.1.2. Sócio – política


Segundo Marshall (2006), “algo que podemos considerar como essencialmente
problemático (o surgimento de instâncias de igualdade em uma sociedade
desigual) acaba sendo desproblematizado, vindo a ser tratado como se fosse a
coisa mais natural do mundo”.
Sócio político, pode significar problemas de âmbito social e de âmbito político
de um grupo ou de uma sociedade.

1.2. As formações sócio políticas e seu carácter


A formação sócio – política consiste em um projecto do desabafo social que
busca trabalhar conteúdos que vão além dos muros da sala de aulas. É fundamentada no
processo de formação de estudante para desempenhar actividades políticas que
intensificam a relação entre o aprender, o pensar e o fazer.
Segundo Domingos, (2015, p. 229), “Moçambique tem uma história complexa
de formação sociopolítica, marcada pela influência de diferentes grupos étnicos e
colonizadores, bem como pela luta pela independência e pela construção de uma nação
pós-colonial”.

1.2.1. Carácter/função da educação

1.2.1.1.Carácter formal
Educação entendida como um processo de desenvolvimento de capacidade
intelectual da criança e do ser humano, tem um significado tão amplo e abrangente que,
em geral prescinde de adjetivos. No entanto, para que esse processo e a discussão que
dele apresentamos estejam melhores compreendidos, algumas distinções ou
adjetivações devem ser feitas a educação com reconhecimento oficial, oferecidas nas
escolas, sem cursos com níveis, graus, programas, currículos e diplomas, costuma ser
chamado de educação formal. E uma instituição muito antiga, cuja a origem está ligada
ao desenvolvimento de nossa civilização e ao a servo de conhecimento por ela gerado.
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1.2.1.2. Carácter informal


Há muito mais a aprender e desde muito cedo: a língua materna, tarefas
domesticas, normais de comportamentos, rezar, caçar, pescar, cantar e dançar –
sobreviver. Para tanto, sempre existiu, também desde muito cedo, uma educação
informal, a escola da vida de mil milênios de existência. No carácter informal não há
lugar, horários ou currículos. Os conhecimentos são partilhados em meios a uma
interação sócio cultural que tem, como única condição necessária insuficiente, existir
quem saiba e quem queira ou precise saber.
2. Finalidades da educação em Moçambique
A educação constitui um direito fundamental de cada cidadão e é instrumento
central para melhoria das condições da vida e a elevação de nível técnico e cientifico
dos trabalhadores. Ela é o meio básico para intervenção e compreensão nas tarefas do
desenvolvimento social, na luta pela paz e conciliação nacional.
A educação como produto duma cultura sempre visa responder as necessidades
das pessoas proprietários desta cultura. Por isso, lançando um olhar profundo e
longo sobre a educação (ensino) que se desenvolveu em Moçambique desde o
período colonial até hoje, posso dizer que ela não pretendeu responder a mesma
necessidade, pôs os conhecimentos, as habilidades e os valores que vem a ser
transmitidos pela educação (Reboul, 2000).

2.1.Finalidades da educação em Moçambique

2.1.1. Educar para civilizar o indígena


A “civilização” foi um fim que a educação procurou alcançar no período colonial.
O projecto educativo no período colonial, concretamente durante o Estado novo
de Salazar tinha como meta a civilização dos africanos. Este civilização deve ser
vista em duas dimensões: dum lado, comportava a desmoçambicanização das
mentes indígenas, e do outro lado a integração dos moçambicanos na cultura e
na civilização portuguesa (Tavares, 2011).

2.1.1.1. Educar para emancipar


A independência e administração políticas dos moçambicanos foram as ideias
que nortearam a FRELIMO para a luta de libertação nacional no período que decorreu
entre 1964 a 1975, ano da independência de Moçambique, que inaugura se uma nova
fase da história política, econômica e cultural no povo nativo.
Segundo Mazula, “a ideologia de “Formar o Homem Novo” foi a palavra de
ordem nos discursos políticos dos dirigentes da FRELIMO, logo após proclamação da
independência”.
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2.1.1.2.Educar para desenvolver as competências


Devido a dissolução da antiga União Soviética 1989 e ao conflito interno entre a
RENAMO (Resistencia Nacional de Moçambique) e a FRELIMO (Frente de
Libertação de Moçambique), notou-se a saída do país do socialismo e sua
consequente adesão ao Liberalismo em 1990 Beira (Castiano & Ngoenha, 2013).

3. Educação nos diferentes momentos históricos de Moçambique


Desde os primeiros momentos depois da independência foram considerados
como momentos de voluntarismo e de pouca planificação, que abrangiam vários
sectores do país, e devido às dificuldades ou falta de pessoas qualificadas e falta de
reorganização do aparelho do estado, cada área funcionava quase em depender das
demais áreas, embora dados surgimento a política básica da FRELIMO. O governo
tinha conhecimento de que era importante fazer um planejamento para o
desenvolvimento das suas próprias políticas da governação, donde, em 1977, foi
instalada a comissão nacional de planejamento (CNP) que coordenaria os trabalhos dos
diferentes ministérios.

3.1. Educação tradicional


A educação existe de forma diversa em pequenas sociedades tribais de povos
caçadores, agricultores ou pastores nômadas; em sociedades camponesas, em
países desenvolvidos e industrializados; em mundos sociais sem classes, de
classes, com este ou aquele tipo de conflito entre as suas classes; em tipos de
sociedades e culturas sem Estado, com um estado em formação ou com ele
consolidado entre e sobre as pessoas (Brandão 2013).
Entendo educação tradicional como aquela que acontece nas comunidades, nos
povoados, para inserir aos mais novos na cultura, nos hábitos de uma determinada
comunidade ou tribo. Essa educação pode ocorrer sob forma de ritos de iniciação
(masculino ou feminino), de ritos de passagem ou outras cerimónias. Esses
ensinamentos geralmente passados pelos mais velhos aos mais novos constituem modos
de vida dos grupos sociais que criam e recriam a sua cultura e seus hábitos societais.
A educação tradicional tem em vista a transmissão de conhecimentos e técnicas
acumuladas na prática produtiva, e a inculcação do seu código de valores políticos,
morais, culturais e sociais, ao mesmo tempo que dá uma visão idealista do mundo e dos
fenómenos da natureza.
O ethos, como tudo aquilo que é característico e predominante nas atitudes e
sentimentos dos indivíduos, de um povo, grupo ou comunidade, e que marca
suas realizações ou manifestações culturais, parte do que tenho vindo a escrever
nestes parágrafos, correspondentes ao sistema de inclusão sócio – cultural,
marca profundamente a educação autóctone tradicional da sociedade Macua.
(Bonnet, 2002, p.148).
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Isso mostra que a educação tradicional está relacionada, em cada um dos seus
aspectos, com a vida colectiva em suas múltiplas dimensões. Nessas comunidades, o
trabalho das crianças e adolescentes é concebido como “natural”, como uma atitude de
reciprocidade pelo que recebem da família, mas também como uma forma de
socialização que não se opõe à escola, mas a completa.
Lembre-se que o facto de que os professores transmitem à criança uma
representação negativa do seu trabalho, que entra em contradição com a visão
prevalecente em seu meio cultural, cria tensões e mina sua auto – estima, ao
desqualificar o que para ele é motivo de orgulho (Mazzotti, 2001, p. 71).
Dessa feita, se regista que a construção social do fracasso escolar opera na
relação entre a criança que tem uma “infância de curta duração” e uma escola que tem
como modelo a “infância de longa duração”, o que resulta, nas relações sociais que se
estabelecem, na “escola de curta duração”.
Na perspectiva didáctico – pedagógica, o conhecimento das representações
sociais de nossos alunos e de suas famílias, bem como as nossas representações, pode
ajudar-nos a alcançar uma maior descentração no que se refere à eficácia das práticas
educacionais.
3.1.1. A educação no período Colonial
O projeto de educação moçambicana foi formado e formulado durante a luta de
libertação nacional (1962-1974). Em junho de 1962 foi constituída a Frente de
Libertação de Moçambique (FRELIMO), que tinha como função não apenas
conduzir militarmente a luta pela independência nacional, mais também, iniciar
em simultâneo um processo de construção e consolidação da unidade nacional
numa dimensão político cultural mais abrangente para edificação de um estado-
nação. A educação visionada durante a luta de libertação nacional tratava-se de
uma educação ideológica, enquanto lugar privilegiado da inculcação dos ideiais
da Frelimo (Mondlane, 1993).
Com o golpe militar em Portugal (25 de abril de 1974), o movimento de
libertação (FRELIMO), ficou surpreendido com a abertura do novo regime português
sobre a necessidade de negociações, o que obrigaria a Frelimo a tomar o poder. Quando
o governo de transição toma posse em 1974, colocou como uma das suas prioridades a
instrução, a educação e a cultura de modo que estivessem ao serviço das massas
populares oprimidas pelo regime colonial e negados a estes serviços básicos de qualquer
sociedade. No entanto, o governo foi obrigado a estabelecer prioridades de formação
dos seus quadros.
Com a fundação da FRELIMO, em 25 de Junho de 1962, os nacionalistas
demarcam-se não só do colonialismo, mas também das instituições tradicionais
africanas, em Moçambique. Pois se o facto colonial pressupunha a criação das
instituições que punham em causa o poder e autoridade tradicionais, verificou-se
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também que o movimento nacionalista emergiu num quadro sociológico novo, o


qual não tinha por objectivo resgatar as instituições tradicionais. As associações
cívicas e culturais, os sindicatos e outras agremiações que dissimulavam os
primórdios daquele movimento, não tiveram como referência o quadro das
instituições tradicionais. Todos eles idealizavam uma entidade mais universal: a
nação, no quadro das fronteiras coloniais (Ivala, 2002, p. 98).

Moçambique passou por momentos críticos na era colonial em todos


aspectos, particularmente na educação dos indígenas. Na era colonial muitos mo
çambicanos tiveramdificuldades de ter acesso à educação, visto que, a educação
de qualidade estava reservada para os colonos e seus filhos. O sistema de
educação colonial em Moçambique, era coerente com os objetivos económicos,
políticos e culturais do sistema, onde impôs uma condução que visava a
reprodução de exploração e de opressão e a continuidade das estruturas colonial
capitalistas de dominação. A educação tinha por função modelar o homem
servil, despersonalizando alienado das realidades do seu povo; ela devia
favorecer a formação de um homem tão estranho ao
seu próprio povo que pudesse vir a ser, mais tarde, instrumento do poder colonia
l para adominação dos seus irmãos; também estava confiada a formação de mão-
de-obra barata (Gomez, 1999, p. 59).

O sistema de ensino colonial foi sofrendo reformas, mas adequadas as


circunstâncias histórico económicas e a conjuntura política internacional. A
formação do indígena e a criação da figura jurídico- político”
assimilado” impunham-se como necessidade de força de trabalho qualificada para a
maior exploração capitalista. Aqui desenvolveu-se o sistema de educação
paralela, para filhos da classe dominante e para indignas (boletim da Republica,
1983), isto é, a educação dividia-se em dois grupos ou seja, em dois ensinos:
«Ensino oficial, destinado aos filhos dos colonos ou dos assimilados e o
rudimentar destinado às indignas» (Mazula, 1995, p. 80).

3.1.1.1. Educação no período Pós-Colonial ou Pós-Independência


De acordo com (Uaciquete & Intanquê & Subuhana, 2010), com a obtenção da
independência do país Moçambique se deparou com uma estrutura patrimonial do
sistema colonial, tanto material como humana, assim como, com uma educação que foi
implementada em zonas libertadas.
Moçambique tornou-se um país independente a 1975. No dia 24 de Julho do
mesmo ano, a educação e outras instituições socioeconómicas consideradas conquistas
do povo foram nacionalizadas. O Estado assumiu inteiramente a responsabilidade da
planificação e gestão da educação. O que o Estado herdou do sistema colonial foi uma
rede escolar, m sistema educacional com objetivos alienantes, enraizado em práticas e
métodos autoritários. Com a nacionalização, o ensino passou a ser laico em seus
objectivos e foi colocado ao serviço de interesse político, animados pela utopia de
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formar o “homem novo”, cidadão ideológica, cientifica, técnica e culturalmente


preparada para realizar as tarefas do desenvolvimento socialista do país.
O projeto de educação moçambicana foi formado e formulado durante a luta de
libertação nacional (1962-1974). Em junho de 1962 foi constituída a Frente de
Libertação de Moçambique (FRELIMO), que tinha como função não apenas
conduzir militarmente a luta pela independência nacional, mais também, iniciar
em simultâneo um processo de construção e consolidação da unidade nacional
numa dimensão político cultural mais abrangente para edificação de um estado-
nação. A educação visionada durante a luta de libertação nacional tratava-se de
uma educação ideológica, enquanto lugar privilegiado da inculcação dos ideiais
da Frelimo (Mondlane, 1993).
Com o golpe militar em Portugal (25 de abril de 1974), o movimento de libertação
(Frelimo), ficou surpreendido com a abertura do novo regime português sobre a
necessidade de negociações, o que obrigaria a Frelimo a tomar o poder. Quando o
governo de transição toma posse em 1974, colocou como uma das suas prioridades a
instrução, a educação e a cultura de modo que estivessem ao serviço das massas
populares oprimidas pelo regime colonial e negados a estes serviços básicos de qualquer
sociedade. No entanto, o governo foi obrigado a estabelecer prioridades de formação
dos seus quadros.
Com a fundação da FRELIMO, em 25 de Junho de 1962, os nacionalistas
demarcam-se não só do colonialismo, mas também das instituições tradicionais
africanas, em Moçambique. Pois se o facto colonial pressupunha a criação das
instituições que punham em causa o poder e autoridade tradicionais, verificou-se
também que o movimento nacionalista emergiu num quadro sociológico novo, o
qual não tinha por objectivo resgatar as instituições tradicionais. As associações
cívicas e culturais, os sindicatos e outras agremiações que dissimulavam os
primórdios daquele movimento, não tiveram como referência o quadro das
instituições tradicionais. Todos eles idealizavam uma entidade mais universal: a
nação, no quadro das fronteiras coloniais. (Ivala, 2002, p. 98).

3.2. Antes do Sistema Nacional de Educação (1975–1982)


Para Cuamba, et all (2019, p. 37), neste período registraram-se os seguintes
factos:
 A nacionalização da educação a 24 de Julho de 1975, e a consequente suspensão
de todas as formas do sistema do ensino colonial português;
 A proclamação do direito à educação para todos os moçambicanos, pela
Constituição da República Popular de Moçambique (20 de Junho de 1975) e a
consequente massificação do acesso à educação em todos os níveis de ensino;
 A introdução de um currículo educacional transitório do sistema colonial
português para o nacional (1975);
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 A criação dos centros de formação de professores primários e a consequente


abolição das instituições portuguesas vocacionadas à formação de professores
(1975).

4. A política Nacional da educação


A política nacional da educação é de assegurar o acesso à educação a um número
cada vez maior de utentes e de melhorar a qualidade dos serviços prestados em todos os
níveis e tipos de ensino. Portanto pretende-se massificar o acesso da população à
educação e fornecer uma educação de qualidade comum conteúdo apropriado e um
processo de ensino – aprendizagem que promova a evolução contínua dos
conhecimentos, habilidades, atitudes e valores de modo a satisfazer os anseios da
sociedade.
4.1. Política da Educação Colonial (1845-1974)
Em 2 de abril de 1845, durante a Monarquia Constitucional Portuguesa, surgiu a
primeira Regra de Ensino Colonial. Depois de alguns meses, em 14 de Agosto
do mesmo ano, foi promulgado um Decreto para distinguir entre Ensino
Colonial e Metropolitano, e escolas públicas foram estabelecidas na Colônia
(Almeida, 1999, p. 88).
Segundo Almeida (1999, p. 115), “em 1846, foi promulgado o primeiro
regulamento legal sobre as organizações de ensino fundamental no exterior, e depois de
1854, Marquez estabeleceu as primeiras escolas primárias”.
No entanto, esses decretos e actos legislativos não transcendem a função, cabe
torná-los
aplicáveis.

4.1.1.Política de Educação pós-Independência antes da introdução do Sistema


Nacional de Ensino (1975-1982)
Após a guerra com o colonialismo português e a Independência em 1975, a
Educação de Moçambique foi nacionalizada. Contudo, o governo da época não
tinha como garantir o nível da educação ofertada no país, pois não havia
recursos humanos qualificados ou infraestrutura adequada. Ou seja, embora
todas as crianças tenham passado a ter direito a um ensino formal, a ter direito
legal à Escola, a qualidade da Educação que o novo governo pode oferecer
certamente não é tão boa quanto a fornecida pelo sistema colonial português e
por outras instituições privadas, como as escolas católicas e protestantes
(Ngoenha, 2014).
Mesmo com a “Independência Nacional” (1975), o país ainda apresenta a
estrutura hereditária, material e humana do sistema colonial, bem como um projeto
educacional que vem sendo implementado nas chamadas “áreas libertadas”. No campo
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da Educação, a rede escolar é naturalmente incapaz de atender às necessidades da


maioria da população e há escassez de professores/as em meio à gestão deficitária, o
que contrasta fortemente com a liberdade de escolarização da maioria da população. Por
um lado, a educação formal altamente seletiva está à beira do abismo há muitos anos.
Por outro, nesta fase, especialmente com a iniciativa popular de abertura de escolas,
registra-se o crescimento explosivo de escolas acompanhando a participação em larga
escala em campanhas de alfabetização.

4.2. O surgimento da Lei nº 18/2018


Esta lei traz as seguintes alterações ao SNE:
 Introdução da educação pré-escolar;
 O ensino primário em seis classes;
 O ensino bilíngue como modalidade do ensino primário;
 O ensino básico obrigatório gratuito de nove classes;
 O ensino secundário de seis classes;
 O ensino à distância como modalidade do ensino secundário e superior;
 O perfil de ingresso para formação de professores;
 A Educação Inclusiva em todos os níveis de ensino;
 A educação vocacional.

5. Desafios da educação na idade contemporânea


Muito embora se verifique o desenvolvimento no sector da educação nos últimos
anos, pode-se reconhecer que o referido sector ainda enfrenta vários, até então
baixas taxas de escolaridade no ensino secundário e superior, o pais enfrenta
ainda as baixas taxas de conclusão, a desigualdade do gênero as deficiências nas
infra –estruturas, a baixa qualidade de educação, falta de recursos humanos,
estes e outros pontos não citados são os problemas que a área da educação
enfrenta em Moçambique (Ngoenha, 2013, p. 41).

O conceito de educação contemporânea enfrenta mudanças cada vez mais


profundas, uma vez que acompanha as demandas do mercado profissional, a realidade
social e as transformações do mundo. E a velocidade com que essas mudanças
acontecem é reflexo dos avanços tecnológicos, que, nos últimos tempos, vêm gerando
uma revolução em todos os sectores e também no segmento educacional.
Apesar de todos os instrumentos legais, a concretização do processo inclusivo, no
sistema de educação do país, configura-se como um grave problema devido à não
materialização das políticas estabelecidas. Esse problema é causado pela ausência do
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que está recomendado, previsto e/ou determinado, no que se refere a sua estrutura física,
curricular e humana, para atender, de modo qualificado, os estudantes que estão em
processo de inclusão. A limitação de oportunidades dificulta o processo de
aprendizagem, evidenciando a desigualdade e a discriminação. Nas escolas de
Moçambique, a estrutura física é inadequada e os recursos humanos com formação são
escassos. Essas deficiências podem ser consideradas como elementos limitadores para
efetivação das políticas de inclusão escolar recomendadas pelo estado na tentativa de
responder às recomendações internacionais.
Evidências mostram que o movimento nacionalista em Moçambique se
desenvolveu, sobretudo, numa minoria, predominantemente urbana, composta de
intelectuais e assalariados, indivíduos que se afirmavam destribalizados, de entre eles
assimilados e mulatos, um sector marginal da população. Dessa feita, a exclusão das
estruturas sociopolíticas e culturais tradicionais autóctones (incluindo o seu sistema
educativo) passou a fazer parte do processo da criação do Estado moderno, iniciado com
a colonização portuguesa.
As estruturas tradicionais eram apresentadas como anti-revolucionárias, para
além de serem retrógradas. Esse procedimento veio a emperrar os esforços que eram
desenvolvidos no campo da educação. As expectativas populares conheceram um
esfriamento, uma vez que o projecto político adoptado a partir de 1975 era outro e não
era intrínseco à sua vida e à sua expectativa.
Neste tipo de projeto, o processo educativo não atende às multiplas demandas de
uma sociedade marcada pela diferença cultural, tampouco acolhe os sujeitos
hibridos que a compõem. Como se pode verificar, há um distanciamento entre as
politicas educativas viradas para a erradicação do analfabetismo e as práticas
educativas (Esteban, 2010).

A liberalização da economia e da educação a partir dos anos 90 fez surgir um


novo tipo de instituições educativas (as escolas privadas) agudizando dessa forma as
desigualdades sociais no sistema de educação em Moçambique.
Com o surgimento das escolas privadas, começa a legitimar escolas para os
filhos das elites (governamentais e económicas), e essas começam a buscar os
seus próprios espaços educacionais para poder garantir a continuidade da
hegemonia política e econômica pelos seus filhos ou parentes, servindo dessa
forma a educação para perpetuar as desigualdades sociais. (Castiano & Ngoenha
& Berthoud, 2005).
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Conclusão
Conclui-se que a formação sócio – política consiste em um projecto do desabafo
social que busca trabalhar conteúdos que vão além dos muros da sala de aulas. É
fundamentada no processo de formação de estudante para desempenhar atividades
políticas que intensificam a relação entre o aprender, o pensar e o fazer. Entretanto, as
normas pedagógicas estabelecidas tinham como objetivo o desenvolvimento dos alunos
através da educação, incluindo a modificação do país, estas normas eram para orientar a
futura organização do Sistema Nacional da Educação em nível do país, que foi aprovado
pela Assembleia Nacional Popular (ANP) através da lei em 1983. No entanto, o governo
foi obrigado a estabelecer prioridades de formação dos seus quadros. A política nacional
da educação é de assegurar o acesso à educação a um número cada vez maior de utentes
e de melhorar a qualidade dos serviços prestados em todos os níveis e tipos de ensino.
Portanto pretende-se massificar o acesso da população à educação e fornecer uma
educação de qualidade comum conteúdo apropriado e um processo de ensino –
aprendizagem que promova a evolução contínua dos conhecimentos, habilidades,
atitudes e valores de modo a satisfazer os anseios da sociedade.
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Bibliografia
Boletim da República, (1983, 1992). 3º Suplemento. Publicação Oficial da República
Popular de Moçambique.
Bonnet, J. A. & Ethos Local e Currículo Oficial. (2002). A educação autóctone
tradicional Macua e o Ensino Básico em Moçambique. Tese de doutorado,
Programa de Pós-Graduação em Educação/Currículo, Pontifícia Universidade
Católica. São Paulo.
Brandão, C. R. (2013). O que é educação? São Paulo. Brasiliense.
Castiano, J. P. Ngoenha, S. E. & Berthoud, G. (2005). A Longa Marcha duma
“Educação para todos” em Moçambique. Maputo. Imprensa Universitária.
Cuamba, H.(2019). Manual de psicopedagogia. Maputo. MINEDH.
Domingos, A. B. (2015). A educação e as organizações democráticas em Moçambique,
experiências revolução popular. Maputo.
Esteban, M. T. (2010). Diferença, aprendizagem e avaliação: perspectiva pós-colonial
e escolarização.
Esteban, M. T. & Afonso, A. J. Olhares e Interfaces: reflexões críticas sobre a
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Gomez, B. M. (1999). Educação Moçambicana - História de um processo (1962-1984).
Maputo. Livraria Universitária.
INDE/MINED, (2003). Plano Curricular de Ensino. INDE/MINED Moçambique.
Intanquê, & Subuhana. (2010). Educação pós independência de Moçambique.
Ivala, A. Z. (2002). O Ensino de História e as Relações entre os Poderes Autóctone e
Moderno em Moçambique, 1975-2000. Tese de doutorado, Programa de Pós-
Graduação em Educação/Currículo, Pontifia Universidade Católica. São Paulo.
Marshall, B. (1985). Educação, Cultura, e Ideologia em Moçambique. Edições:
Afrontamento e Fundamentos bibliográficas de Língua Portuguesa, Escolar.
Ngoenha, S. (2013). A longa marcha duma educação. Porto. Edições: afrontamento.
Ngoenha, S. (2013). Desafios actuais da educação em Moçambique.
Rama, A. (1985). A cidade das letras. Tradução de Emir Sader. São Paulo: Brasiliense.
Reboul, O. (2000). A filosofia da educação. Lisboa. Edições 70.
Tavares, A. (2011). A educação colonial.
15

Índice
Introdução........................................................................................................................3

1. As formações sócio – políticas e o carácter/função da educação.........................4

1.1. Conceitos básicos..................................................................................................4

1.1.1. Formação................................................................................................................4

1.2. As formações sócio políticas e seu carácter........................................................4

1.2.1. Carácter/função da educação...............................................................................4

1.2.1.1.Carácter formal...................................................................................................4

2.1.Finalidades da educação em Moçambique..............................................................5

2.1.1. Educar para civilizar o indígena..........................................................................5

2.1.1.1. Educar para emancipar.....................................................................................5

2.1.1.2.Educar para desenvolver as competências........................................................6

3. Educação nos diferentes momentos históricos de Moçambique.............................6

3.1. Educação tradicional................................................................................................6

3.1.1.1. Educação no período Pós-Colonial ou Pós-Independência.............................8

3.2. Antes do Sistema Nacional de Educação (1975–1982)..........................................9

4. A política Nacional da educação..............................................................................10

4.1.1.Política de Educação pós-Independência antes da introdução do Sistema


Nacional de Ensino (1975-1982)...................................................................................10

4.2. O surgimento da Lei nº 18/2018............................................................................11

5. Desafios da educação na idade contemporânea......................................................11

Conclusão.......................................................................................................................13

Bibliografia.....................................................................................................................14

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