Atividade Avaliativa Romantismo
Atividade Avaliativa Romantismo
Atividade Avaliativa Romantismo
“O amor purifica e dá sempre um novo encanto ao prazer. Há mulheres que amam toda a vida; e o
seu coração, em vez de gastar-se e envelhecer, remoça como a natureza quando volta a primavera.
— Se elas uma só vez tivessem a desgraça de se desprezar a si próprias no momento em que um
homem as possuía; se tivessem sentido estancarem-se as fontes da vida com o prazer que lhes
arrancavam à força da carne convulsa, nunca mais amariam assim. O amor é inexaurível e remoça,
como a primavera; mas não ressuscita o que já morreu”.
ALENCAR, José de. Lucíola. 5 ed. São Paulo: FTD, 1999,
p. 98.
CAPÍTULO II
A primeira vez que vim ao Rio de Janeiro foi em 1855.
Poucos dias depois da minha chegada, um amigo e companheiro de infância, o Dr. Sá,
levou-me à festa da Glória; uma das poucas festas populares da corte. Conforme o costume, a
grande romaria desfilando pela Rua da Lapa e ao longo do cais, serpejava nas faldas do outeiro, e
apinhava-se em torno da poética ermida, cujo âmbito regurgitava com a multidão do povo.
Era ave-maria quando chegamos ao adro; perdida a esperança de romper a mole de gente
que murava cada uma das portas da igreja, nos resignamos a gozar da fresca viração que vinha do
mar, contemplando o delicioso panorama da baía e admirando ou criticando as devotas que também
tinham chegado tarde e pareciam satisfeitas com a exibição de seus adornos.
Enquanto Sá era disputado pelos numerosos amigos e conhecidos, gozava eu da minha
tranquila e independente obscuridade, sentado comodamente sobre a pequena muralha, e
resolvido a estabelecer ali o meu observatório. Para um provinciano recém-chegado à corte, que
melhor festa do que ver passar-lhe pelos olhos, à doce luz da tarde, uma parte da população desta
grande cidade, com os seus vários matizes e infinitas gradações?
Todas as raças, desde o caucasiano sem mescla até o africano puro; todas as posições,
desde as ilustrações da política, da fortuna ou do talento, até o proletário humilde e desconhecido;
todas as profissões, desde o banqueiro até o mendigo; finalmente, todos os tipos grotescos da
sociedade brasileira, desde a arrogante nulidade até a vil lisonja, desfilaram em face de mim,
roçando a seda e a casimira pela baeta ou pelo algodão, misturando os perfumes delicados às
impuras exalações, o fumo aromático do havana às acres baforadas do cigarro de palha.
— É uma festa filosófica essa festa da Glória! Aprendi mais naquela meia hora de
observação do que nos cinco anos que acabava de esperdiçar em Olinda com uma prodigalidade
verdadeiramente brasileira.
A lua vinha assomando pelo cimo das montanhas fronteiras; descobri nessa ocasião, a
alguns passos de mim, uma linda moça, que parara um instante para contemplar no horizonte as
nuvens brancas esgarçadas sobre o céu azul e estrelado. Admirei-lhe do primeiro olhar um talhe
esbelto e de suprema elegância. O vestido que o moldava era cinzento com orlas de veludo
castanho e dava esquisito realce a um desses rostos suaves, puros e diáfanos, que parecem vão
desfazer-se ao menor sopro, como os tênues vapores da alvorada. Ressumbrava na sua muda
contemplação doce melancolia e não sei que laivos de tão ingênua castidade, que o meu olhar
repousou calmo e sereno na mimosa aparição.
— Já vi esta moça! disse comigo. Mas onde?...
Ela pouco demorou-se na sua graciosa imobilidade e continuou lentamente o passeio
interrompido. Meu companheiro cumprimentou-a com um gesto familiar; eu, com respeitosa cortesia,
que me foi retribuída por uma imperceptível inclinação da fronte.
— Quem é esta senhora? perguntei a Sá.
A resposta foi o sorriso inexprimível, mistura de sarcasmo, de bonomia e fatuidade, que
desperta nos elegantes da corte a ignorância de um amigo, profano na difícil ciência das
banalidades sociais.
— Não é uma senhora, Paulo! É uma mulher bonita. Queres conhecê-la ?. . .
Compreendi e corei de minha simplicidade provinciana, que confundira a máscara hipócrita do
vício com o modesto recato da inocência. Só então notei que aquela moça estava só, e que a
ausência de um pai, de um marido, ou de um irmão, devia-me ter feito suspeitar a verdade.
Depois de algumas voltas descobrimos ao longe a ondulação do seu vestido, e fomos
encontrá-la, retirada a um canto, distribuindo algumas pequenas moedas de prata à multidão de
pobres que a cercava. Voltou-se confusa ouvindo Sá pronunciar o seu nome:
— Lúcia!
— Não há modos de livrar-se uma pessoa desta gente! São de uma impertinência! disse ela
mostrando os pobres e esquivando-se aos seus agradecimentos.
Feita a apresentação no tom desdenhoso e altivo com que um moço distinto se dirige a
essas sultanas do ouro, e trocadas algumas palavras triviais, meu amigo perguntou-lhe:
— Vieste só?
— Em corpo e alma.
— E não tens companhia
para a volta? Ela fez um
gesto negativo.
— Neste caso ofereço-te a minha, ou antes a nossa.
— Em qualquer outra ocasião aceitaria com muito prazer; hoje não posso.
— Já vejo que não foste franca!
— Não acredita?. .. Se eu viesse por passeio!
— E qual é o outro motivo que te pode trazer à festa da Glória?
— A senhora veio talvez por devoção? disse eu.
— A Lúcia devota!. . . Bem se vê que a não conheces.
— Um dia no ano não é muito! respondeu ela sorrindo.
— É sempre alguma
coisa, repliquei. Sá
insistiu:
— Deixa-te disso; vem conosco.
— O senhor sabe que não é preciso rogar-me quando se trata de me divertir. Amanhã,
qualquer dia, estou pronta. Esta noite, não!
— Decididamente há alguém que te espera.
— Ora! Faço mistério disto?
— Não é teu costume decerto.
— Portanto tenho o direito de ser acreditada. As aparências enganam tantas vezes! Não é
verdade? disse voltando-se para mim com um sorriso.
(...)
ALENCAR, José de. Lucíola. 5 ed. São Paulo: FTD, 1999,
p.14-18.
1. Alencar em sua trilogia “Perfis de Mulheres” aborda diferentes aspectos da sociedade de sua
época. Identifique com uma passagem do trecho acima como o narrador descreve a
desigualdade social da sociedade de 1855 e explique esse processo de desigualdade.
2. Lúcia mostra-se uma personagem de forte personalidade e temperamento, comente sobre as
reações de Paulo e do seu amigo Dr. Sá na apresentação de Lúcia e relacione à posição
feminina da época.
01. (UFPA) Na época da independência do Brasil, quando nosso país precisava auto-afirmar-se
como nação, entrou em vigência entre nós um estilo de época que, pelos ideais de liberdade que
professava através de sua ideologia, se prestava admiravelmente a expressar esses anseios
nacionalistas. Tal estilo foi:
a) Romantismo
b) Barroco
c) Realismo/Naturalismo
d) Modernismo
e) Neoclassicismo
a) A Moreninha;
b) Inocência;
c) Clarissa;
d) Rosa;
e) A Escrava Isaura
03. (U.F.GOIÁS) Em relação à obra Memórias de um Sargento de Milícias pode-se afirmar que:
a) contraste entre o bem e o mal próprio dos romances românticos desaparece na figura do ator
herói;
b) personagem Leonardo nasce malandro feito, como em Macunaíma;
c) Leonardo adquire as características da malandragem por força das circunstâncias;
d) panorama traçado pelo autor é limitado espaço em que as ações se desenvolvem;
e) panorama traçado pelo autor é ampliado espaço em que as ações se desenvolvem.
04. (UM-SP) O gosto pela expressão dos sentimentos, dos sonhos e das emoções que agitam
seu mundo interior, numa atitude individualista e profundamente pessoal, marcou os autores do:
a) movimento realista
b) movimento árcade
c) movimento romântico
d) movimento barroco
e) movimento naturalista.
a) "(...) No Guarani o selvagem é um ideal, que o escritor intenta poetizar, despindo-o da crosta
grosseira de que o envolveram os cronistas..."
b) "(...) Os tupis desceram para serem absorvidos. Para se diluírem no sangue da gente nova.
Para viver subjetivamente e transformar numa prodigiosa força a bondade do brasileiro e o seu
grande sentimento de humanidade."
c) "(...) Criaturas de Deus, de bons corpos e bom espírito, ainda sem religião e educáveis no bem
ou no mal. Seria fácil trazê-las de sua virtude natural à virtude consciente do Cristianismo, para
sua eterna salvação."
d) "(...) Era Peri. Altivo, nobre, radiante da coragem invencível e do sublime heroísmo de que já
dera tantos exemplos, o índio se apresentava só em face de duzentos inimigos fortes e sequiosos
de vingança."
e) "(...) contra o índio de tocheiro. O índio filho de Maria, afilhado de Catarina de Médicis e genro
de Antônio de Mariz."
06. (FUVEST-SP) "A identificação da natureza com o sofrimento humano, a tragédia perene do
amante rejeitado, o jovem andarilho condenado à vida errante em sua curta eternidade, a solidão
do artista. E, enfim, a resignação e a reconciliação – ressentidas um pouco, por certo."
a) barrocos.
b) arcádicos.
c) românticos.
d) simbolistas.
e) parnasianos.
09. (UFES) Em relação ao romance Lucíola, de José de Alencar, só não é correto dizer que:
a) analisa o drama íntimo de uma mulher, dividida entre o amor conjugal e a riqueza material.
b) é escrito em forma de cartas, que serão reunidas e publicadas pela senhora que aparece no
texto.
c) narrador em 1ª pessoa retrata um perfil de mulher aparentemente mundana e frívola.
d) protagonista relata, através de sua visão romântica, a sina da prostituição de Lúcia.
e) autor revela aspectos negativos dos costumes burgueses do Rio de Janeiro de cem anos atrás.
a) Gonçalves Dias.
b) Castro Alves.
c) Gonçalves de Magalhães.
d) Casimiro de Abreu.
e) Álvares de Azevedo.
a) natural do Ceará, escreveu obras indianistas como A Confederação dos Tamoios e Ubirajara.
b) poeta gaúcho, destacou-se, dentro do Romantismo, pela poesia lírica e sentimental como, por
exemplo, Lira dos Vinte Anos e A Noite na Taverna.
c) poeta maranhense, um dos principais representantes do Romantismo, escreveu poesias
sentimentais e poemas de enaltecimento do índio como, por exemplo, Timbiras.
d) natural de Minas Gerais, foi um dos representantes do Pré-Modernismo ao escrever
Inspirações do Claustro.
e) poeta paulista, pertencente ao Parnasianismo, ficou famoso com a obra Conferências
Literárias.
a) uma forma de apresentar o índio em toda a sua realidade objetiva; o índio como elemento
étnico da futura raça brasileira.
b) um meio de reconstruir o grave perigo que o índio representava durante a instalação da
capitania de São Vicente.
c) um modelo francês seguido no Brasil; uma necessidade de exotismo que em nada difere do
modelo europeu.
d) um meio de eternizar liricamente a aceitação, pelo índio, da nova civilização que se instalava.
e) uma forma de apresentar o índio como motivo estético; idealização com simpatia e piedade;
exaltação da bravura, do heroísmo e de todas as qualidades morais superiores.
13. (U.F. Juiz de Fora-MG) Em relação ao Romantismo brasileiro, todas as afirmações são
verdadeiras. Exceto:
a) lusófoba e nacionalista.
b) de influência inglesa.
c) atéia e influenciada pelo positivismo.
d) carente de bons poetas.
a) do culto à natureza
b) do cientificismo
c) da arte pela arte
d) do culto ao "bom selvagem"
e) do mal-do-século.
17. (FMU/FIAM-SP) O homem de todas as épocas se preocupa com a natureza. Cada período a
vê de modo particular. No Romantismo, a natureza aparece como:
a) Romantismo, como estilo, não é modelado pela individualidade do autor; a forma predomina
sempre sobre o conteúdo.
b) Romantismo é um movimento de expressão universal, inspirado nos modelos medievais e
unificado pela prevalência de características comuns a todos os escritores da época.
c) Romantismo, como estilo de época, consistiu basicamente num fenômeno estético-literário
desenvolvido em oposição ao intelectualismo e à tradição racionalista e clássica do século XVIII.
d) Romantismo, ou melhor, o espírito romântico, pode ser sintetizado numa única qualidade: a
imaginação. Pode-se creditar à imaginação a capacidade extraordinária dos românticos de
criarem mundos imaginários.
e) Romantismo caracterizou-se por um complexo de características, como o subjetivismo, o
ilogismo, o senso de mistério, o exagero, o culto da natureza e o escapismo.
20. (Cesgranrio-RJ) O próprio Romantismo produziu uma literatura em desacordo com certas
tônicas do movimento. Através da ironia, autores românticos revelam irreverência muitas vezes
feroz.
Assinale a opção em que o autor se mantém dentro dos preceitos mais conhecidos da escola
romântica, tais como a glorificação do ideal e do sublime e o desapego ao mundo material:
a) "Dos prazeres do amor as primícias,/ De meu pai entre os braços gozei;/ E de amor as
extremas delícias/ Deu-me um filho, que dele gerei." (Bernardo Guimarães)
b) "Como dormia! Que profundo sono!.../ tinha na mão o ferro do engomado.../ Como roncava
maviosa e pura!.../ Quase caí na rua desmaiado!" (Álvares de Azevedo)
c) "(Damas da nobreza) – Não precisa aprendê/ Quem tem pretos p'herdá/ e escravidão
p'escrevê;/ Basta tê/ Burra d'ouro e casá." (Sousândrade)
d) "Porque Deus pôs em meu peito/ Um tesouro de harmonia:/ Deu-me a sina de seus anjos,/
Deu-me o dom da poesia.' (Junqueira Freire)
e) "Nem há de negá-lo – não há doce lira/ Nem sangue de poeta ou alma virgem/ Que valha o
talismã que no oiro vibra!" (Álvares de Azevedo)
21. (UFSCar-SP) Assinale a opção que melhor preencha a lacuna existente no seguinte texto:
"Segundo a interpretação de Karl Mannehim, o ..... expressa os sentimentos dos descontentes
com as novas estruturas: a nobreza, que já caiu, e a pequena burguesia que ainda não subiu: de
onde, as atitudes saudosistas ou reivindicatórias que pontuam todo o movimento."
a) Realismo
b) Romantismo
c) Modernismo
d) Impressionismo
e) Arcadismo
24. (UCP-PR) "O público gostava de obras que lhe permitissem auto-identificar-se com as
personagens, que lhe fornecessem meios de esquecer, com a leitura, a monotonia da vida
regulada pelos estreitos horizontes burgueses."
a) barroca
b) simbolista
c) modernista
d) romântica
e) parnasiana
25. (UFV-MG) A ficção romântica é repleta de sentimentalismos, inquietações, amor como única
possibilidade de realização, personagens burgueses idealizados, culminando sempre com o
habitual "... e foram felizes para sempre".