Uniteste 4 Bimestre

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(PUC) A confusão era geral.

No meio dela, Capitu olhou alguns instantes para o


cadáver tão fixa, tão apaixonadamente fixa, que não admira lhe saltassem algumas
lágrimas poucas e caladas... As minhas cessaram logo. Fiquei a ver as dela; Capitu
enxugou-as depressa, olhando a furto para a gente que estava na sala. Redobrou de
carícias para a amiga, e quis levá-la; mas o cadáver parece que a tinha também.
Momento houve em que os olhos de Capitu fitaram o defunto, quais os da viúva, sem o
pranto nem palavras desta, mas grandes e abertos, como a vaga do mar lá fora, como
se quisesse tragar também o nadador da manhã.
O trecho acima, do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis, autoriza o narrador
a caracterizar os olhos da personagem, do ponto de vista metafórico, como
A) olhos de viúva oblíqua e dissimulada, apaixonados pelo nadador da manhã.
B) olhos de ressaca, pela força que arrasta para dentro.
C) olhos de bacante fria, pela irrecusável sensualidade e sedução que provocam.
D) olhos de primavera, pela cor que emanam e doçura que exalam.

(Enem-2011) Abatidos pelo fadinho harmonioso e nostálgico dos desterrados, iam


todos, até mesmo os brasileiros, se concentrando e caindo em tristeza; mas, de
repente, o cavaquinho de Porfiro, acompanhado pelo violão do Firmo, romperam
vibrantemente com um chorado baiano. Nada mais que os primeiros acordes da
música crioula para que o sangue de toda aquela gente despertasse logo, como se
alguém lhe fustigasse o corpo com urtigas bravas. E seguiram-se outra notas, e outras,
cada vez mais ardentes e mais delirantes. Já não eram dois instrumentos que soavam,
eram lúbricos gemidos e suspiros soltos em torrente, a correrem serpenteando, como
cobras numa floresta incendiada; eram ais convulsos, chorados em frenesi de amor:
música feita de beijos e soluços gostosos; carícia de fera, carícia de doer, fazendo
estalar de gozo.
AZEVEDO, A. O Cortiço . São Paulo: Ática, 1983 (fragmento).

No romance O Cortiço (1890), de Aluísio Azevedo, as personagens são observadas


como elementos coletivos caracterizados por condicionantes de origem social, sexo e
etnia. Na passagem transcrita, o confronto entre brasileiros e portugueses revela
prevalência do elemento brasileiro, pois
A) destaca o nome de personagens brasileiras e omite o de personagens portuguesas.
B) exalta a força do cenário natural brasileiro e considera o do português inexpressivo.
C) mostra o poder envolvente da música brasileira, que cala o fado português.
D) destaca o sentimentalismo brasileiro, contrário à tristeza dos portugueses.

"[...] Dito isto, expirei às duas horas da tarde de uma sexta-feira do mês de agosto de
1869, na minha bela chácara de Catumbi. Tinha uns sessenta e quatro anos, rijos e
prósperos, era solteiro, possuía cerca de trezentos contos e fui acompanhado ao
cemitério por onze amigos. Onze amigos! Verdade é que não houve cartas nem
anúncios. Acresce que chovia — peneirava uma chuvinha miúda, triste e constante, tão
constante e tão triste, que levou um daqueles fiéis da última hora a intercalar esta
engenhosa ideia no discurso que proferiu à beira de minha cova: — “Vós, que o
conhecestes, meus senhores, vós podeis dizer comigo que a natureza parece estar
chorando a perda irreparável de um dos mais belos caracteres que têm honrado a
humanidade. Este ar sombrio, estas gotas do céu, aquelas nuvens escuras que cobrem
o azul como um crepe funéreo, tudo isso é a dor crua e má que lhe rói à Natureza as
mais íntimas entranhas; tudo isso é um sublime louvor ao nosso ilustre finado.
[...]”
ASSIS, Machado. Memórias Póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar,
1994.
Memórias Póstumas de Brás Cubas é o romance com o qual Machado de Assis
inaugura o Realismo no Brasil, cujo narrador protagonista conta as suas memórias
depois de morto, sendo também o responsável pela caracterização das demais
personagens.
As narrativas machadianas fazem, com frequência, um jogo temporal, oscilando as
ações entre o cronológico e o psicológico.
Considerando o texto base, é correto afirmar que o fragmento apresenta:
A) Não apresenta marca de tempo, nem cronológico, muito menos psicológico.
B) Marcas exclusivamente do tempo psicológico, constituindo-se um tempo interno
e individual, com influência de emoções e sentimentos.
C) Não apresenta marcas do tempo cronológico.
D) Marcas do tempo cronológico, pois é o tempo real, aquele marcado pelo
calendário e pelo relógio.

3. (ENEM) No trecho abaixo, o narrador, ao descrever a personagem, critica sutilmente


um outro estilo de época: o Romantismo.
“Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos; era talvez a mais
atrevida criatura da nossa raça, e, com certeza, a mais voluntariosa. Não digo que já
lhe coubesse a primazia da beleza, entre as mocinhas do tempo, porque isto não é
romance, em que o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e
espinhas; mas também não digo que lhe maculasse o rosto nenhuma sarda ou
espinha, não. Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço,
precário e eterno, que o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da
criação.”
(ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro:
Jackson,1957.)
A frase do texto em que se percebe a crítica do narrador ao romantismo está transcrita
na alternativa:
A) … o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas …
B) … era talvez a mais atrevida criatura da nossa raça …
C) bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e
eterno, …
D) … o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da criação.

Junto dela pôs-se a trabalhar a Leocádia, mulher de um ferreiro chamado Bruno,


portuguesa pequena e socada, de carnes duras, com uma fama terrível de leviana
entre suas vizinhas.
Seguia-se a Paula, uma cabocla velha, meio idiota, a quem respeitavam todos pelas
virtudes de que só ela dispunha para benzer erisipelas e cortar febres por meio de
rezas e feitiçarias. Era extremamente feia, grossa, triste, com olhos desvairados,
dentes cortados à navalha, formando ponta, como dentes de cão, cabelos lisos,
escorridos e ainda retintos apesar da idade. Chamavam-lhe “Bruxa”.
Depois seguiam-se a Marciana e mais a sua filha Florinda.
A primeira, mulata antiga, muito séria e asseada em exagero: a sua casa estava
sempre úmida das consecutivas lavagens. Em lhe apanhando o mau humor punha-se
logo a espanar, a varrer febrilmente, e, quando a raiva era grande, corria a buscar um
balde de água e descarregava-o com fúria pelo chão da sala. A filha tinha quinze anos,
a pele de um moreno quente, beiços sensuais, bonitos dentes, olhos luxuriosos de
macaca. Toda ela estava a pedir homem, mas sustentava ainda a sua virgindade e não
cedia, nem à mão de Deus Padre, aos rogos de João Romão, que a desejava apanhar
a troco de pequenas concessões na medida e no peso das compras que Florinda fazia
diariamente à venda.
(O cortiço, 2007.)
É correto afirmar que o narrador do texto assemelha-se a
A) um pintor atento às cores, às luzes e as sombras, dedicado a formalizar com
inspiração as sensações que o mundo lhe imprime.
B) um historiador preocupado com o caráter documental do que escreve, atento à
relevância histórica dos fatos narrados.
C) um ourives, construindo um universo de personagens de maneira equilibrada, de
modo a valorizar o objeto artístico como se fosse uma joia.
D) um cientista em um laboratório a dissecar e classificar os diversos aspectos dos
personagens como se fossem objetos de uma análise científica.

QUESTÃO 1 - O texto acima é:


A) uma carta
B) um convite.
C) uma carta-convite.
D) nenhuma das alternativas

QUESTÃO 2 - Assinale a caracterização INCORRETA da Festa Junina feita pelo texto:


A) é uma manifestação folclórica.
B) faz parte de nossa cultura viva.
C) já existe há muitas gerações de brasileiros.
D) acontece de variadas e diferentes formas.

QUESTÃO 3 - NÃO é um argumento para convencer os destinatários do texto a


participarem da Festa Junina:
A) montar barraquinhas e fazer comidas típicas.
B) conhecer uma manifestação cultural brasileira.
C) resgatar e recordar momentos de satisfação vividos.
D) doar material escolar para instituições carentes.

QUESTÃO 4 - Releia, com atenção, a passagem a seguir:


“O ingresso? Um verdadeiro ato de cidadania. Vamos arrecadar material escolar para
ser doado a instituições carentes.” NÃO é uma intenção da pergunta “O ingresso?”,
feita na passagem acima:
A) chamar a atenção para o fato de que será cobrado um ingresso.
B) tornar o texto uma conversa bastante informal com o leitor.
C) reforçar a idéia de que o ingresso é algo bastante simples e bom.
D) prever de maneira bem objetiva uma possível dúvida dos leitores.

QUESTÃO 5 -
Qual é a variação linguística utilizada por Chico Bento?
A) gíria.
B) formal.
C) informal
D) nenhuma das alternativas

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