Desenho Artístico

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DESENHO

ARTÍSTICO

Juliana Wagner
Revisão técnica:

Sabrina Assmann Lücke


Arquiteta e Urbanista
Mestra em Ambiente e Desenvolvimento
com ênfase em Planejamento Urbano

W133d Wagner, Juliana.


Desenho artístico / Juliana Wagner, Carla Andrea Lopes
Allegretti, Diana Scabelo da Costa Pereira da Silva Lemos;
[revisão técnica: Sabrina Assmann Lücke]. – Porto Alegre:
SAGAH, 2017.
168 p. il. ; 22,5 cm

ISBN 978-85-9502-241-6

1. Arquitetura – Desenhos. I. Alegretti, Carla Andrea


Lopes. II. Lemos, Diana Scabelo da Costa Pereira da Silva.
III.Título.

CDU 744.43

Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin CRB-10/2147

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Composição: noções básicas
e conceitos fundamentais
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Interpretar uma composição por meio dos elementos compositivos


linha, superfície e volume.
„„ Diferenciar as relações formais ao analisar uma composição.
„„ Identificar as relações espaço-formais na leitura de composições.

Introdução
Os elementos compositivos visuais e formais, ou simplesmente formas, estão
presentes em composições de qualquer natureza, seja arquitetônica, artística
ou de design. A escolha dos elementos visuais e sua ordenação no espaço
compositivo qualificam uma boa composição do ponto de vista formal.
Neste capítulo, você irá estudar o que é uma composição e seus
aspectos construtivos, por meio dos elementos compositivos da lin-
guagem visual.

Composição e elementos compositivos


Você sabe o que é uma composição? Composição, segundo o dicionário Pri-
beram, é o todo, proveniente da reunião de partes ou o modo de reunir partes
para formar um todo (PRIBERAM DICIONÁRIO, c2013).
A Figura 1 ilustrando uma paisagem nevada, com um chalé e árvores, é
uma composição, é o todo. Esse todo é composto pelo chão nevado, pelo céu,
pelas árvores e pelo chalé. O chão, o céu, as árvores e o chalé são os elementos
que compõe o todo da paisagem.

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110 Composição: noções básicas e conceitos fundamentais

Figura 1. Paisagem nevada.


Fonte: Dmitry Savin/Shutterstock.com.

Ao transcrever elementos que compõe a paisagem para elementos de


uma composição artística, cada parte que compõe o todo é chamada de ele-
mento compositivo ou forma ou, ainda, elemento visual. Na Figura 2, você
pode observar a tradução das partes que formam a paisagem em elementos
compositivos.

Figura 2. Elementos compositivos da paisagem.

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Composição: noções básicas e conceitos fundamentais 111

O tronco das árvores são as linhas, o chalé é um volume e as paredes e o


telhado do chalé são as superfícies. Na verdade, pode-se dizer que os elementos
compositivos compõem todas as coisas e, se observarmos bem, eles podem
ser percebidos em tudo aquilo que nos rodeia!

Linha, superfície e volume


Segundo a autora Fayga Ostrower (2003) os elementos compositivos da lin-
guagem visual (veja a Figura 3) são cinco:

„„ linha;
„„ superfície;
„„ volume;
„„ luz;
„„ cor.

Figura 3. Elementos compositivos.

Você vai conhecer, a seguir, três desses elementos: a linha, a superfície


e o volume.

Linha

Conforme Ostrower (2003), a linha é um elemento unidirecional, ou seja,


possui uma só dimensão: o comprimento. Observe o exemplo da Figura 4.

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112 Composição: noções básicas e conceitos fundamentais

Figura 4. Linha.

De acordo com o autor Wucius Wong (2010), as formas enquanto linhas podem
ser classificadas em: geométricas, orgânicas, retilíneas, irregulares e outras:

„„ Geométricas: construídas matematicamente.


„„ Orgânicas: com curvas livres e fluidas.
„„ Retilíneas: linhas retas que não se relacionam matematicamente.
„„ Irregulares: associação de linhas retas e curvas que não se relacionam
matematicamente.

Observe os modelos de classificação das linhas na Figura 5.

Figura 5. Tipos de linhas.

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Composição: noções básicas e conceitos fundamentais 113

Superfície

Conforme Ostrower (2003), a superfície é um elemento determinado pela


junção de diferentes linhas ou pela mudança de direção de uma linha reta ou
curva, conforme apresentado na Figura 6. A superfície possui duas dimensões,
a altura e o comprimento.

Figura 6. Superfície.

Segundo Wong (2010), as formas enquanto superfícies também podem ser


classificadas em geométricas, orgânicas, retilíneas e irregulares, entre outras,
como você pode ver na Figura 7.

Figura 7. Tipos de superfície.

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114 Composição: noções básicas e conceitos fundamentais

Ostrower (2003), por sua vez, classifica as superfícies de acordo com o as-
pecto de suas margens em fechadas ou abertas, como representado na Figura 8.

Figura 8. Classificação das superfícies de acordo com as margens.

Volume

O volume é um elemento formado pelo agrupamento das superfícies, de acordo


com o autor Christian Leborg (2015), e caracteriza-se por três dimensões:
largura, altura e profundidade. Observe o exemplo na Figura 9.

Figura 9. Volume.

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Composição: noções básicas e conceitos fundamentais 115

Segundo Wong (2010), as formas enquanto volumes também podem ser


classificadas em geométricas, orgânicas, retilíneas, irregulares e outras, como
demonstrado na Figura 10.

Figura 10. Classificação do volume.

Relações formais
As relações formais descrevem as características dos elementos compositivos
presentes, dispostos e combinados na composição: quantos são, quais são, são
grandes ou pequenos, e assim por diante.

Semelhanças e diferenças
Ostrower (2003) observa a relação entre os elementos de composição por
meio de semelhanças e diferenças de forma, tamanho, proporção, orientação
e posição, como representado na Figura 11. Algumas diferenças são mais
facilmente identificadas, como as de forma e tamanho.

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116 Composição: noções básicas e conceitos fundamentais

Figura 11. Relações formais.

Ritmo e contraste
Ostrower (2003) também indica que as semelhanças entre os elementos com-
positivos podem originar os ritmos, e as diferenças, os contrastes.
Os ritmos são constituídos por semelhanças repetidas e organizadas. Já os
contrastes se encontram em grandes diferenças, conforme você pode observar
na Figura 12.

Figura 12. Ritmo e contraste.

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Composição: noções básicas e conceitos fundamentais 117

Para haver ritmo em uma composição você precisa se imaginar “dançando” ela. Em
um ritmo de repetição você dançaria um passo para a direita e outro para a esquerda,
conforme representação da Figura 13.

Figura 13. Exemplo de ritmo de repetição.

Em um ritmo alternado, você poderia dançar um passo atrás e dois para frente,
como exemplificado na Figura 14.

Figura 14. Exemplo de ritmo alternado.

Em um ritmo decrescente, você pode se imaginar dançando cada vez mais len-
tamente, até a música acabar, como representado na Figura 15. No ritmo crescente,
acontece o contrário.

Figura 15. Exemplo de ritmo decrescente.

Já para haver contraste em uma composição, ela deve ter o efeito “uau” no espec-
tador, como se ele levasse um susto. Uma pequena diferença não impacta, mas uma
grande, sim (veja a Figura 16).

(a)  (b) 
Figura 16. (a) Pequena diferença. (b) Contraste.
Fonte: Eric Isselee/Shutterstock.com.

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118 Composição: noções básicas e conceitos fundamentais

Relações espaço-formais
São as relações entre os elementos compositivos e o espaço de composição
em que estão inseridos.

Orientação espacial
A orientação espacial refere-se ao peso visual dos elementos de composição
no espaço. Ostrower (2003) entende que linhas pesam menos que superfícies,
superfícies pesam menos que volumes, assim como formas orgânicas pesam
menos que formas geométricas.
Segundo o autor Rudolph Arnheim (2000), a parte inferior do espaço de
composição recebe melhor os elementos compositivos mais pesados, assim
como a lateral esquerda. Por isso, o peso visual dos elementos compositivos
define a orientação espacial. Observe a ilustração da Figura 17.

Figura 17. Relação espaço-formais.

Equilíbrio de simetria
Conforme Ostrower (2003), a simetria ocorre quando em um eixo imaginário
horizontal, vertical ou diagonal pode-se observar o efeito de espelhamento
entre os elementos da composição. No equilíbrio de simetria, a orientação
espacial também é definida pelo peso visual dos elementos compositivos. Veja
a exemplificação disso na Figura 18.

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Composição: noções básicas e conceitos fundamentais 119

Figura 18. Equilíbrio de simetria.

A simetria perfeita, continua a autora, acontece quando nos três eixos


imaginários (horizontal, vertical e diagonal) pode-se observar o efeito de
espelhamento entre os elementos de composição. Na simetria perfeita, quando
os elementos compositivos estão centralizados no espaço, pode-se usar qualquer
orientação espacial, como você pode ver na Figura 19.

Figura 19. Simetria perfeita.

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120 Composição: noções básicas e conceitos fundamentais

Equilíbrio de assimetria
A assimetria ocorre quando em nenhum dos eixos imaginários (horizontal,
vertical e diagonal) é possível observar o efeito de espelhamento entre os
elementos de composição. No equilíbrio de assimetria, a orientação espacial
sempre é definida pelo peso visual dos elementos compositivos. Veja o exemplo
da Figura 20.

Figura 20. Equilíbrio de assimetria.

Movimento visual
Movimento visual, de acordo com a definição de Ostrower (2003), é a capa-
cidade que os elementos visuais obtêm, pela sua ordenação, de fazer com que
os olhos do espectador percorram uma grande parte do espaço compositivo.
Observe um exemplo na Figura 21.

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Composição: noções básicas e conceitos fundamentais 121

Figura 21. Movimento visual.

Os elementos compositivos, suas relações formais e espaço-formais nos dão


uma compreensão racional e material de composição. Eles tornam o espaço
compositivo organizado, formalmente rico e atraente aos olhos, prendendo a
atenção do espectador.

A monografia de conclusão de curso disponível no link a seguir (ZATTERA, 2016) trata


da identificação dos elementos formais e suas relações em uma imagem bidimensional
de capa de livro.

https://goo.gl/hVJ9Ph

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122 Composição: noções básicas e conceitos fundamentais

1. Observe a imagem a seguir, identificando os elementos visuais


da composição. Em seguida, assinale a alternativa correta.

Fonte: Panupong Boonsuebchart / Shutterstock.com.


a) A composição é formada pelo equilíbrio de linhas e superfícies
orgânicas e por volumes e superfícies geométricas.
b) A composição é formada apenas por volumes geométricos.
c) A composição é formada por superfícies e volumes geométricos.
d) A composição não apresenta nenhum elemento visual.
e) A composição contempla somente formas orgânicas.
2. Identifique a alternativa que conceitua a relação formal de ritmo corretamente.
a) Ritmo é constituído pela repetição ordenada de
elementos compositivos semelhantes ou iguais.
b) Qualquer composição com elementos semelhantes
constitui uma composição de ritmo.
c) Ritmo é o mesmo que semelhança.
d) A ordenação é dispensável na composição do ritmo.
e) O ritmo pode ser constituído de elementos compositivos diferentes.
3. Identifique a alternativa que apresenta a relação formal de ritmo.

a) d)

b) e)

c)

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Composição: noções básicas e conceitos fundamentais 123

4. Assinale a alternativa que apresenta uma orientação espacial adequada.

a)

d)
e) Nenhuma das opções de
orientação espacial é adequada,
visto que os pesos visuais
não são equilibrados.

b)

c)
5. Indique a opção em que a composição apresenta a relação espaço-formal
movimento visual.

c)

a)

d)

b) e)

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124 Composição: noções básicas e conceitos fundamentais

ARNHEIM, R. Arte e percepção visual. 13. ed. São Paulo: Pioneira, 2000.
LEBORG, C. Gramática visual. São Paulo: GG BRASIL, 2015.
OSTROWER, F. Universos da arte. 32. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2003.
PRIBERAM DICIONÁRIO. Com.po.si.ção. [S.l.]: Priberam Informática, c2013. Disponível
em: <https://www.priberam.pt/dlpo/composi%C3%A7%C3%A3o>. Acesso em: 28
nov. 2017.
WONG, W. Princípios de forma e desenho. 2. ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2010.
ZATTERA, I. G. Comunicação visual e ilustração: análise da imagem na capa de livro
de literatura de fantasia. 2016. Monografia (Bacharelado)–Universidade de Caxias do
Sul, Caxias do Sul, 2016.

Leituras recomendadas
CHING, F. Arquitetura: forma, espaço e ordem. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013.
CHING, F. Desenho para arquitetos. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2012.
CHING, F.; ECKLER, J. F. Introdução à arquitetura. Porto Alegre: Bookman, 2013.

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Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
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