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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

MESTRADO PROFISSIONAL EM MATEMÁTICA

JAILSON PIMENTEL

O ENSINO DE GEOMETRIA POR MEIO DE


CONSTRUÇÕES GEOMÉTRICAS

Vitória, ES

2013
Dados Internacionais de Catalogação-na-publicação (CIP)

(Biblioteca Central da Universidade Federal do Espírito Santo, ES, Brasil)

Pimentel, Jailson, 1971-

P644e O ensino de geometria por meio de construções geométricas


/ Jailson Pimentel. – 2013.

129 f. : il.

Orientador: Etereldes Gonçalves Júnior.

Dissertação (Mestrado Profissional em Matemática) –


Universidade Federal do Espírito Santo, Centro de Ciências
Exatas.

1. Construções geométricas. 2. Régua de cálculo. 3.


Compasso. 4. GeoGebra (Software). I. Gonçalves Junior,
Etereldes. II. Universidade Federal do Espírito Santo. Centro de
Ciências Exatas. III. Título.

CDU: 51
JAILSON PIMENTEL

O ENSINO DE GEOMETRIA POR MEIO DE


CONSTRUÇÕES GEOMÉTRICAS

Dissertação apresentada ao curso de


Mestrado Profissional em Matemática,
oferecido pela Universidade Federal
do Espírito Santo como exigência
parcial para a obtenção do título de
Mestre em Matemática.

Orientador: Prof. Dr. Etereldes


Gonçalves Júnior.

Vitória, ES

2013
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pela vida e pelas oportunidades de escolha que me concedeu. Aos
meus pais, pois, apesar de todas as dificuldades, me incentivaram para que eu
conseguisse chegar a esse nível de formação. Aos meus professores, por tudo que
me ensinaram, principalmente aqueles que acreditaram na minha capacidade. Aos
meus alunos, que me fazem buscar mais por meio de seus questionamentos. Aos
meus irmãos e amigos, pela credibilidade, carinho e paciência. Em especial a minha
irmã Sildete Pimentel, professora de Língua Portuguesa, pela minuciosa correção
gramatical e ortográfica, ao meu amigo Flavio Corsini Lirio pela grande ajuda na
formatação e ao meu orientador, o professor Dr. Etereldes Gonçalves Júnior pela
análise cuidadosa e criteriosa deste trabalho, cujas orientações foram de grande
relevância para a conclusão do mesmo.
RESUMO

O objetivo deste trabalho consiste em desenvolver uma alternativa metodológica


para o ensino de Geometria a partir do nono ano do ensino fundamental, com o
propósito de despertar no aluno motivação por meio de mecanismos dinamizadores
do pensamento lógico dedutivo. Neste sentido, será considerado relevante o ensino
de Geometria baseado em construções geométricas com régua e compasso, já que
os livros didáticos, em geral, abandonaram esse método de ensino de Geometria no
nono ano. Enfocaremos também algumas construções utilizando os recursos
práticos do software GeoGebra. Este trabalho será composto e desenvolvido em
duas etapas. A primeira será composta por um questionário, o qual contemplará
uma revisão dos conteúdos considerados pré-requisitos para a segunda parte. A
segunda será formada pelas construções geométricas com régua e compasso,
objeto principal desse trabalho, além de construções utilizando os recursos práticos
do software GeoGebra. Para isso, utilizaremos uma linguagem simples, detalhando
passo a passo a construção de cada figura. Contudo, nos limitaremos a figuras
planas. A proposta de continuidade do assunto contempla as construções através de
planificações de uma figura em três dimensões. Em geral, a disciplina Desenho
Geométrico não está contemplada na grade curricular das escolas públicas. Com
isso, os alunos, principalmente do ensino fundamental, acreditam que o compasso
serve apenas para traçar círculos, sendo que ele também pode ser utilizado como
um instrumento de medida. Espera-se que este trabalho não só contribua para um
entendimento teórico como também na melhoria das práticas pedagógicas nas aulas
de Geometria, visto que os conteúdos e metodologias usadas aqui são destinados
principalmente para auxílio dos professores de Matemática da educação básica.

Palavras-chave: Construções geométricas, régua, compasso, GeoGebra.


ABSTRACT

The purpose of this work is to develop an alternative methodology for teaching


Geometry beginning in ninth grade level, with the purpose of awakening in student
motivation through mechanisms that enhance deductive logical thinking. In this
sense, geometry teaching based on geometric constructions with ruler and compass
will be considered relevant, as textbooks generally abandoned this geometry
teaching method in ninth grade. We will also focus some elaborations using the
resources of practical software Geogebra. This work will be made and developed in
two stages. The first one will consist of a questionnaire, which will include a review of
the contents considered prerequisites for the second part. The second and main
stage of this work is formed by geometric constructions with ruler and compass, and
then elaborations using the practical features of the software Geogebra. For this, we
will use a simple language, detailing step by step the construction of each geometric
picture. However, we will limit ourselves to plane figures. The continuity proposal of
the subject reaches the constructions through flat pattern of a picture in three
dimensions. In general, the discipline “Geometric Drawing” is not present in the
public schools curriculum. Thus, students, particularly the ones from elementary
school, believe that the measure serves only to draw circles, and it can also be used
as a measuring instrument. It is hoped that this work will not only contribute to an
understanding of theoretical as well as the improvement of teaching practices in
geometry classes, since the contents and methodologies used here are intended,
primarily, to help mathematics teachers of basic education.

Keywords: Geometric constructions, ruler, compass, Geogebra


LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Segmentos congruentes ...................................................................... 1139


Figura 2: Ponto médio de um segmento ................................................................. 40
Figura 3: Mediatriz de um segmento ....................................................................... 42
Figura 4: Triângulo qualquer ................................................................................... 44
Figura 5: Duplicação do número de lados de um polígono ..................................... 46
Figura 6: Triângulo equilátero .................................................................................. 48
Figura 7: Quadrado ................................................................................................. 51
Figura 8: Quadrado ................................................................................................. 53
Figura 9: Hexágono regular ..................................................................................... 56
Figura 10: Octógono regular .................................................................................... 59
Figura 11: Construção do lado do decágono ........................................................... 60
Figura 12: Decágono regular ................................................................................... 63
Figura 13: Demonstração do decágono .................................................................. 63
Figura 14: Pentágono regular .................................................................................. 64
Figura 15: Dodecágono regular ............................................................................... 66
Figura 16: Pentadecágono regular .......................................................................... 68
Figura 17: Heptadecágono regular .......................................................................... 75
Figura 18: Quadrado circunscrito ............................................................................ 77
Figura 19: Triângulo equilátero circunscrito ............................................................. 78
Figura 20: Hexágono regular circunscrito ................................................................ 80
Figura 21: Retângulo de ouro .................................................................................. 82
Figura 22: Pentagrama ............................................................................................ 83
Figura 23: Círculo que passa por três pontos do plano ........................................... 86
Figura 24: Ângulo de 60° .......................................................................................... 91
Figura 25: Ângulo de 30° .......................................................................................... 91
Figura 26: Ângulo de 45° ......................................................................................... 93
Figura 27: Bissetriz de um ângulo ........................................................................... 95
Figura 28: Segmentos congruentes ...................................................................... 103
Figura 29: Triângulo equilátero .............................................................................. 105
Figura 30: Quadrado ............................................................................................. 106
Figura 31: Hexágono regular ................................................................................. 108
Figura 32: Octógono regular .................................................................................. 110
Figura 33: Decágono regular ................................................................................. 112
Figura 34: Pentágono regular ................................................................................ 113
Figura 35: Pentadecágono regular ........................................................................ 116
Figura 36: Heptadecágono regular ........................................................................ 123
LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Relação dos livros analisados ............................................................... 197

Quadro 2: Análise dos livros didáticos .................................................................. 198

Quadro 3: Ferramentas do GeoGebra .................................................................. 100


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 11

CAPÍTULO 1 ............................................................................................................. 17

VISÃO GERAL DO TRABALHO ........................................................................... 17

1.1 Um breve histórico acerca do ensino de Geometria ............................................ 18

1.2 Problema ............................................................................................................. 19

1.3 Justificativa .......................................................................................................... 19

1.4 Objetivos ............................................................................................................. 21

1.5 Público alvo ......................................................................................................... 22

1.6 Pré-requisitos ...................................................................................................... 22

1.7 Materiais utilizados .............................................................................................. 23

1.8 Método de abordagem ........................................................................................ 24

1.9 Recomendações metodológicas ......................................................................... 25

1.10 Dificuldades previstas........................................................................................ 26

1.11 Análises de livros didáticos ............................................................................... 26

CAPÍTULO 2 ............................................................................................................. 31

CONSTRUÇÕES DE FIGURAS GEOMÉTRICAS PLANAS COM RÉGUA E


COMPASSO .......................................................................................................... 31

2.1 Descrição do processo ........................................................................................ 32

2.2 Primeiras construções ......................................................................................... 38

2.3 Construções de polígonos ................................................................................... 42

2.4 Construção de Polígonos regulares construtíveis .............................................. 44

2.5 Polígonos circunscritos........................................................................................ 75

2.6 Construção de outras figuras planas ................................................................... 80


CAPÍTULO 3 ............................................................................................................. 96

CONSTRUÇÕES GEOMÉTRICAS UTILIZANDO OS RECURSOS PRÁTICOS DO


GEOGEBRA .......................................................................................................... 96

3.1 Descrição do processo ........................................................................................ 97

3.2 Segmentos congruentes.................................................................................... 101

3.3 Polígonos regulares .......................................................................................... 103

3.4 Possíveis continuações e desdobramentos ...................................................... 124

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 126

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 127


11

INTRODUÇÃO

O ensino de Matemática tem sofrido muitas modificações ao longo dos


séculos devido às dificuldades, de um modo geral, no entendimento do seu vasto
conteúdo. Esta disciplina sempre esteve presente em todos os trajetos traçados pela
humanidade, uma vez que a matemática figura em praticamente tudo que se tem
conhecimento. Seus conceitos proporcionam uma contribuição significativa e
necessária para o avanço tecnológico e para o desenvolvimento da mente humana.
Seu aprendizado se inicia nos primeiros anos de vida e muitas vezes a própria
natureza nos proporciona intuitivamente o conhecimento matemático. "Só quem
pode surgir com o novo é o novo. E o novo são as crianças. Com elas, poderão vir
as respostas que não encontramos" (D’ AMBROSIO, Entrevista em 26/02/2009 à
revista: Educar para crescer, Editora Abril).

“Olhar, classificar, comparar são princípios da Matemática. Se


alguém estender uma mão cheia de balas e outra com poucas para
que uma criança escolha, ela reconhece a diferença de quantidades
e vai optar pela mão cheia. Isso é uma aplicação cotidiana e prática
da Matemática.” (D’ AMBROSIO, 2003).

Ensinar Matemática somente por meio de conceitos e propor uma extensa


lista de exercícios não é suficiente para o aprendizado. É necessário contextualizar
boa parte dos conteúdos e atividades diariamente. “Pensar em números é abstrato,
diferente de pensar em balas. O ensino da Matemática assumiu a postura de se
encaminhar para o abstrato e se libertar do espontâneo. É daí que vem o
distanciamento entre as crianças e a Matemática.” (D’ AMBROSIO, 2003)
Quando nos referimos a atividades contextualizadas, entendemos que
“contextualizar é situar um fato dentro de uma teia de relações possíveis em que se
encontram os elementos constituintes da própria relação considerada” (SILVA &
SANTO, 2004, p.3).
Uma das principais mudanças se refere à necessidade de se contextualizar
suas aplicações de modo que os problemas estejam relacionados com o cotidiano
de cada um, respeitando as diversas realidades daqueles que estudam Matemática.
Por ser tão abstrata, contextualizá-la é uma forma mais interessante e de melhor
entendimento, facilitando a sua visualização e os resultados obtidos, sendo que em
12

muitas ocasiões é relevante o uso de materiais concretos. Os jogos também são de


grande importância na busca de um aprendizado e desenvolvimento da Matemática
de um modo mais prazeroso. A utilização desses jogos torna a aula mais atrativa e
desperta o interesse e a curiosidade acerca do conteúdo. Isso faz com que os
alunos apreciem essa disciplina, principalmente aqueles que possuem um maior
grau de dificuldade.
Alguns casos requerem a utilização de softwares que dispõem de
mecanismos que possibilitam o manuseio e experimentos de objetos matemáticos,
permitindo assim a visualização do comportamento de sequências, que favorecem o
entendimento e as conclusões que, em muitos casos, requerem uma generalização.
As planilhas eletrônicas, por exemplo, representam bem esses fatos, além da
facilidade de manuseio. Outra ferramenta importante é o software GeoGebra, que
oferece recursos de geometria dinâmica, álgebra e cálculo em um mesmo programa.
É claro que esses métodos somente funcionam à medida que os professores forem
capacitados e as unidades escolares dispuserem de tal software, de modo que todos
os membros da unidade tenham acesso a esse recurso tão interessante.
Dentre os assuntos abordados na Matemática, acreditamos que a Geometria
seja, sem dúvida, o mais complicado de se ensinar e isso pode até gerar certa
rejeição nos professores de contemplar seus conteúdos no plano de curso anual de
Matemática do ensino fundamental. É preciso criar incentivos e cursos de
capacitação para que os professores de Matemática estejam atualizados e tenham
conhecimento de novas tecnologias aliadas ao ensino de Geometria.
As obras antigas de Matemática no Brasil introduziam os conteúdos de
Geometria apenas em suas últimas páginas e de forma isolada das outras áreas. Já
os livros atuais, ou pelo menos a maioria deles, já conseguem interagir e unificar os
conteúdos das diversas áreas da Matemática, além de contemplar o estudo de
Geometria nas páginas iniciais dos livros didáticos. Ainda assim, muitos professores
continuam dando pouca importância à Geometria, tanto à plana quanto à espacial,
deixando uma grande fragilidade na formação básica do estudante, sendo que em
alguns casos o prejuízo é irreparável.
Em particular, o ensino de Geometria, apesar da sua grande relevância e
utilidade no dia a dia, vem sendo abandonado até mesmo nos anos iniciais do
Ensino Fundamental, como mencionado por Passos, citado por Pereira (2001, p.
53).
13

No Ensino Médio, a aprendizagem dos conceitos novos de Geometria


normalmente é comprometida em decorrência de um ensino precário ou ausente
dessa disciplina no ensino fundamental, como citado acima. Assim, em muitos casos
são necessárias demonstrações de fórmulas matemáticas e até teoremas. Também
é importante proporcionarmos uma infinidade de atividades de revisão para então se
iniciar os conteúdos de Geometria da série em andamento.
Para Filho & Brito (2006), a Geometria deverá estar contextualizada nestes
acontecimentos diários.
Torna-se necessária a intensificação das pesquisas e desenvolvimentos de
metodologias alternativas para o ensino de Geometria dando mais relevância a uma
escola voltada para a aprendizagem mais dinâmica. Através de projetos
incentivadores, é possível criar meios de motivação para os alunos que, em muitos
casos, poderão aprender por si próprios certos conteúdos e, com grupos de estudos
extraclasses, poderão, democraticamente, confraternizar suas ideias entre si para
finalmente levar as dúvidas ou questionamentos para as aulas regulares. Dessa
forma, o restante da turma, junto com o professor, manifesta sugestões e propõe
soluções e discussões a respeito do assunto em questão.
De acordo com Fainguelernt (1999), o estudo da Geometria é de fundamental
importância para o desenvolvimento do pensamento espacial e o raciocínio ativado
pela visualização, necessitando recorrer à intuição, à percepção e à representação,
que são habilidades essenciais para a leitura do mundo e para que a visão da
Matemática não fique distorcida.
A utilização de recursos computacionais pode se tornar um poderoso aliado
para a necessária mudança de conceitos ultrapassados e abrir possibilidades para
uma visão inovadora de ensino e aprendizagem baseada na perspectiva
construtivista, mediante exploração intuitiva de conceitos matemáticos que estimule
o gosto pelo aprender, desenvolver e construir o conhecimento matemático.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN - (1999, p.251) voltados para a
Matemática definem que:

Em seu papel formativo, a Matemática contribui para o


desenvolvimento de processos de pensamento e a aquisição de
atitudes, cuja utilidade e alcance transcendem o âmbito da própria
Matemática, podendo formar no aluno a capacidade de resolver
problemas genuínos, gerando hábitos de investigação,
proporcionando confiança e desprendimento para analisar e
14

enfrentar situações novas, propiciando a formação de uma visão


ampla e científica da realidade, a percepção da beleza e da
harmonia, o desenvolvimento da criatividade e de outras
capacidades pessoais.
No que diz respeito ao caráter instrumental da Matemática no Ensino
Médio, ela deve ser vista pelo aluno como um conjunto de técnicas e
estratégias para serem aplicadas a outras áreas do conhecimento,
assim como para a atividade profissional.

Compreender a Matemática nos ajuda a enxergar o mundo de um modo mais


crítico e suas práticas e aplicações cotidianas nos fornecem argumentações
necessárias para entender melhor a realidade em que vivemos.
Quando o aluno tem um estudo adequado de Geometria este desenvolve
“habilidades de visualização, desenho, argumentação lógica e de aplicação na
busca de soluções para problemas” (PCN, 2002, p.257).
Comparar o mesmo conteúdo em tempos distintos ilustra significativamente a
evolução tecnológica e as contribuições proporcionadas pela Matemática,
resgatando e comparando os aspectos culturais e metodológicos no decorrer de seu
desenvolvimento.
Ainda de acordo com o PCN (1999, p. 259), saber relacionar etapas da
História da Matemática com a evolução da humanidade, além de utilizar
adequadamente calculadoras e computador, reconhecendo suas potencialidades e
limitações são algumas das competências e habilidades a serem desenvolvidas em
Matemática.
Nossa experiência em sala de aula nos faz perceber que ensinar Matemática
para o ensino fundamental é ainda mais complicado, visto que os alunos não têm
maturidade para perceber a importância de se aprender Matemática.
De acordo com Lima (2007), o currículo de Matemática adotado no Ensino
Médio brasileiro é essencialmente determinado pelos exames de ingresso nos
cursos superiores.
Apesar de reconhecer que um dos principais objetivos dos professores é a
preparação dos alunos da educação básica para ingressar na universidade, é
importante ressaltar que um aprendizado de qualidade requer não só uma
aprovação num concurso como também uma visão crítica e detalhada do que se
aprende e do que se aplica no dia a dia. Seja no mercado de trabalho ou num curso
de graduação, o que se aprendeu será, em muitas ocasiões, pré-requisito até
mesmo para aplicações em situações comuns em seu convívio social.
15

Percebe-se, com o passar dos tempos, que a metodologia de ensino


tradicional não consegue atrair as atenções dos estudantes, enquanto a tecnologia
evolui e está mais presente na vida de todos. Seria uma concorrência desleal propor
ao aluno que estude Matemática através de atividades comuns sabendo que em
casa tem um aparelho de videogame e outros softwares de jogos nas mais variadas
situações. A própria televisão, de modo crescente, traz programações que
evidenciam a prostituição, a corrupção e a impunidade de forma banalizada,
enquanto os programas educativos possuem um espaço cada vez menor e em
horários que poucos têm disponibilidade de assistir. Os meios de comunicação
procuram confundir a mente dos jovens e adolescentes com programação de baixa
qualidade, afastando ainda mais o interesse dos nossos jovens por políticas sociais,
econômicas, educacionais e outras. Nosso trabalho busca chamar a atenção desses
personagens, mediante atividades prazerosas que contribuam para a um
aprendizado de Geometria de forma simplificada e com recurso computacional que
facilite o manuseio e visualização dos resultados obtidos. Devemos viabilizar as
incontáveis aplicações da Matemática como na música, numa mesa de bar com os
amigos, nas cantigas de roda e em várias práticas do nosso dia a dia, buscando
enfatizar os acontecimentos de acordo com as necessidades do momento oportuno
da aplicação.

“A Matemática ajuda a estruturar o pensamento e o raciocínio


dedutivo, além de ser uma ferramenta para tarefas específicas em
quase todas as atividades humanas” (PCN, 1999, p. 256).

Alguns jogos matemáticos ajudam na compreensão dos conteúdos estudados


e a entender os resultados obtidos. Além disso, materiais concretos como o
tangram, o geoplano e outros dispositivos contribuem para um ensino mais eficaz e
empolgante dessa disciplina tão necessária que é, sem dúvida, a que tem maior
participação no desenvolvimento cognitivo e no despertar de pensamento crítico do
mundo que nos cerca.
Um exemplo bem interessante é o software GeoGebra, que possui recursos
relevantes para se trabalhar Álgebra, Geometria, Cálculo e gráficos de funções.
Assim, procuraremos desenvolver um trabalho que permita, sempre que possível,
promover atividades que podem ser desenvolvidas e analisadas com o auxílio do
16

GeoGebra. É importante lembrar que esse software é acessível a todos, já que ele é
gratuito e está disponível na versão em português.
Sabemos que esses recursos computacionais por si só não vão resolver os
problemas de falta de conhecimento dos alunos no que se refere à Matemática.
Temos que estar sempre utilizando o livro didático, sem desprezar propostas de
cálculos e desenvolvimentos de atividades diárias manualmente. Esses recursos são
ferramentas complementares, ainda que intensifiquemos o seu uso nas aulas
regulares. Segundo Mendes (2009, p. 10),

”Torna-se necessário, portanto, abordar a Matemática enquanto uma


atividade referente à efetivação de um pensamento ativo que busca
construir soluções para os processos lógico-interrogativos surgidos
no dia a dia” [...] “Para que nossas finalidades sejam alcançadas nas
atividades escolares é necessário abordarmos a transversalidade da
Matemática e sua perspectiva transdisciplinar, pois o saber
matemático é constituído de um emaranhado cognitivo no qual se
evidenciam linhas e nós que configuram as diversas manifestações
do pensamento humano acerca das possibilidades de investigação,
compreensão e explicação da realidade”.

O presente trabalho foi organizado em três capítulos. O primeiro capítulo trata


das questões teórico-metodológicas que contribuíram para o desenvolvimento do
trabalho proposto. O segundo capítulo tem o propósito de ensinar Geometria por
meio de construções geométricas com régua e compasso. O terceiro capítulo
proporciona algumas construções geométricas com os recursos didáticos do
GeoGebra, além de sugerir uma continuidade no ensino de Geometria mediante
planificações de sólidos geométricos com o uso de régua e compasso.
17

CAPÍTULO 1

VISÃO GERAL DO TRABALHO


18

1.1 Um breve histórico acerca do ensino de Geometria

A Geometria é certamente uma das mais antigas áreas do conhecimento.


Surgiu das necessidades do dia a dia do homem em demarcar seus terrenos e até
mesmo as marcações nas cavernas, feitas desde a idade da pedra. Documentos
sobre as civilizações egípcia e babilônica comprovam bons conhecimentos do
assunto, geralmente ligado à astrologia. Alguns gregos como Arquimedes, Apolônio
e Euclides desenvolveram trabalhos significativos, dos quais se pode destacar a
obra “Os Elementos” de Euclides, datado do século V a.C., que serve de referência
para os estudos de Geometria até os dias de hoje.
Os padrões geométricos tornaram-se necessários para medir comprimentos
ou volumes de objetos, sendo que esses não apresentavam boa precisão, pois
utilizavam partes do corpo e, em geral, as pessoas têm tamanhos diferenciados. Tal
método de medição deu origem a unidades de medidas como o dedo, o pé e a mão.
Os nomes de “vara”, “braça” e “cúbito” recordam também este costume. Para a
edificação de casas de madeira para agricultores indianos ou de habitantes
europeus eram estabelecidas regras para a construção ser feita segundo linhas
retas e ângulos retos.
Muitos desses padrões geométricos sempre foram levados a sério pela
humanidade, como a cozedura e a pintura de cerâmica, o entrelaçamento de juncos,
a tecelagem de cestos e têxteis. Mais tarde, a produção de metais contribuiu para a
noção de plano e relações espaciais. As formas da dança devem ter desempenhado
um papel importante. A maneira ou arte de dispor objetos num período da idade da
pedra caracterizava-se pelo desenvolvimento da agricultura e a domesticação de
animais. O uso da congruência, da simetria e da semelhança disponibilizou
argumentos matemáticos de tal relevância a ponto de contribuir para o
desenvolvimento da Geometria, da construção civil, da astronomia e de outras
ciências.
Os povos antigos, mesmo aqueles cuja estrutura social era bem precária,
tinham conhecimento dos movimentos da terra em torno do sol, das estrelas e da
lua. O uso do calendário lunar tem origem muito antiga na história da humanidade e
está ligado às variações de vegetação com as fases da lua. Alguns povos primitivos
usavam as constelações para se guiarem na navegação. Dessa astronomia resultam
19

alguns conhecimentos sobre as propriedades da esfera, das direções angulares, dos


círculos e até mesmo de figuras mais complicadas.
Como mencionado no livro de STRUIK algumas aplicações exigiam
resultados mais precisos em suas medidas. Com isso, criou-se o sistema
internacional de medidas, no qual o metro é unidade padrão de comprimento. Os
instrumentos de medidas de comprimento são bem variados e destinados a algumas
áreas específicas, de acordo com a precisão desejada.
Na antiguidade já se observava o uso de construções geométricas como
recursos para o desenvolvimento da Matemática. Muitos problemas, que até hoje
são de grande complicação, podem ser solucionados por meio de construções
geométricas, que nos fornece argumentações bem relevantes facilitando a
compreensão durante as etapas de resolução.
A Geometria está presente na construção civil, nos esportes, na navegação,
na informática, nos meios de comunicação e em diversas áreas do conhecimento
que atuam em nossa vida.

1.2 Problema

Depois de mais de dezoito anos de experiência como professor de


Matemática, ainda percebo o tamanho da dificuldade, tanto de minha parte para
ensinar quanto para os alunos aprenderem Geometria, principalmente no ensino
fundamental. Imaginamos que isso ocorra com boa parte dos professores dessa
disciplina.
Diante de tal situação, surgiu a necessidade de uma reflexão sobre minhas
práticas pedagógicas ao longo desses anos. Muitas vezes, durante as aulas, parecia
que estava falando para mim mesmo, pois estava diante de uma turma na qual
poucos alunos conseguiam compreender as explicações e até mesmo sentir prazer
em estar ali atentos às aulas. Esse fato nos leva à seguinte reflexão: como ensinar
Geometria de forma prazerosa e simplificada?

1.3 Justificativa

A grande aplicação da Matemática exerce uma pressão enorme no seu


aprendizado. Por esse motivo este trabalho apresenta uma proposta pedagógica na
20

busca da construção do conhecimento, sendo esta desenvolvida por meio de


ferramentas simples como régua e compasso, que permitem a confecção de
elementos geométricos de forma acessível. As construções também serão efetuadas
com o software GeoGebra. Trata-se de uma metodologia que permite ao aluno uma
maior interação dos conteúdos envolvidos, tendo claramente a ideia de que a
realidade presente na vida social está sendo representada e interpretada durante o
processo de ensino aprendizagem e que ele é o ator principal.
Para Vergnaud, citado por Pais (2001), o sentido de um conceito para o aluno
está ligado à resolução de problemas adequados ao seu nível de conhecimento,
pois através dela é lançada a base inicial para que a compreensão do conceito se
estabeleça e assim possa passar para o estado mais abstrato, para o saber escolar
até atingir o saber científico.

“Entender o mundo que vemos e fazê-lo ter sentido é parte muito


importante da nossa evolução. Em razão disso a percepção ou
intuição espacial é uma ferramenta extraordinariamente poderosa e é
isso que torna a geometria parte tão poderosa da Matemática – não
apenas para aquilo que é obviamente geométrico, mas também para
aquilo que não se apresenta dessa forma. Tentamos colocar essas
coisas em forma geométrica porque isso permite o uso de nossa
intuição”. (Leite, 2009).

Neste trabalho, estudaremos o Desenho Geométrico com ênfase em


construções de figuras com o uso de régua e compasso e também com os recursos
do GeoGebra.
Certas circunstâncias foram determinantes na escolha do tema a ser
desenvolvido. O trabalho consiste em ensinar Geometria com o uso de régua e
compasso, favorecendo assim a compreensão dos alunos e facilitando as práticas
cotidianas em sala de aula. O GeoGebra fornece o apoio necessário para a
verificação dos resultados obtidos, portanto o trabalho será feito com o uso desse
software na construção de algumas figuras.
Nossa meta principal consiste na melhoria do ensino de Geometria nas
escolas de ensino fundamental. Trata-se de uma proposta de ensino que valorize os
conhecimentos preexistentes dos alunos, buscando aprimorá-los, com o intuito de
fazer as devidas correções e promover aplicações contextualizadas de acordo com a
realidade local desse grupo.
21

1.4 Objetivos

Este trabalho tem como principal objetivo o aprendizado de Geometria para


os alunos do nono ano do ensino fundamental. Ocorre que a proposta de se
construir figuras planas com régua e compasso e também com os recursos práticos
do GeoGebra são alternativas metodológicas de aplicarmos conceitos geométricos
de um modo mais eficiente. Espera-se que, no decorrer das atividades, os alunos
percebam que cada etapa de construção se dá por meio de um modelo matemático
pelo qual utilizamos algumas propriedades da Geometria Euclidiana. O propósito é
construir uma figura de forma sequencial, permitindo em cada etapa a visualização
dos conceitos utilizados, garantindo assim uma maneira de criar certa autonomia no
aluno. Assim, ele pode atingir um estágio do conhecimento que lhe permita construir,
sem a ajuda do professor, outras figuras planas com propriedades semelhantes às
utilizadas neste trabalho.

Geral
 Analisar a relação entre a comunicação e a execução das
aplicações matemáticas em situações de problemas envolvendo
Geometria.

Específicos
 Utilizar o GeoGebra para auxiliar na execução e interpretação de
resultados;
 Relacionar algebricamente e geometricamente os resultados
obtidos, inclusive em outras áreas do conhecimento;
 Utilizar corretamente instrumentos como régua e compasso;
 Reconhecer o compasso como um instrumento de medida;
 Perceber o compasso como o principal e mais eficiente instrumento
manual de traçar segmentos de mesma medida;
 Reconhecer a circunferência como o lugar geométrico cujos pontos
são equidistantes de um ponto fixo que é o centro dela;
 Trabalhar adequadamente os comandos e procedimentos básicos
do GeoGebra.
22

1.5 Público-alvo

Esse trabalho é destinado a professores da educação básica que lecionam a


partir do sexto ano do ensino fundamental e pode ser aplicado também para os
alunos do ensino médio, visto que se trata de uma metodologia diferenciada da
convencional de se ensinar Geometria, utilizando seus conceitos básicos. Algumas
atividades somente serão acessíveis a alunos que cursaram ou estão cursando o
nono ano.

1.6 Pré-requisitos

É necessário que os alunos saibam resolver operações com frações,


equações do 1º grau e do 2º grau, expressões algébricas, algumas definições de
polígonos, teorema de Pitágoras e trigonometria no triângulo retângulo para
entender algumas aplicações das atividades desenvolvidas.
As etapas de construção de figuras planas requerem a compreensão de
alguns conceitos geométricos, pois não se trata de limitar o aluno a simplesmente
produzir figuras mecanicamente, e sim aprender Geometria por meio de
propriedades geométricas.
Nesse trabalho, construiremos algumas figuras planas, utilizando régua e
compasso e outras com os comandos do software GeoGebra. Entretanto, é
necessário que o leitor saiba responder à maioria das atividades propostas no
primeiro questionário relacionado abaixo para entender melhor os procedimentos
usados passo a passo para a confecção de todas as figuras planas feitas aqui.

Questionário 1:
a) Qual é a definição de polígono?
b) O que é um polígono convexo?
c) Defina paralelogramo.
d) O que é um retângulo?
e) O que é um quadrado?
f) O que é um losango?
g) O retângulo é um paralelogramo? E o paralelogramo é um retângulo?
Justifique!
23

h) O que é circunferência?
i) O que é círculo?
j) Defina segmento de reta.
k) O que é uma mediatriz de um segmento de reta?
l) O que é bissetriz de um ângulo?
m) Qual a principal função da régua?
n) Pra que serve o compasso?
o) Dada uma reta e um ponto fora dela, quantas retas existem que sejam
paralelas à reta dada e que passam por esse ponto dado? Quantas
perpendiculares a essa reta passam por esse ponto?
p) O que é um triângulo equilátero?
q) O que é um polígono regular?
r) O quadrado é um polígono regular?
s) O losango é um polígono regular?
t) O retângulo é um polígono regular?
u) Quantas dimensões têm uma figura no plano?
v) Qual é a intersecção entre duas retas no plano?
w) Qual é a intersecção entre uma reta e uma circunferência no plano?

Neste caso, o professor tem um papel essencial de exercer um


acompanhamento criterioso relativo às pesquisas e resultados encontrados de cada
aluno, sendo também necessária a correção de todas as atividades e, se possível,
exemplificar cada caso. Para isso, ele deverá dispor de aproximadamente quatro
aulas, desde que os alunos realizem as pesquisas anteriormente. Esse questionário
foi sugerido como apoio às atividades relacionadas nos capítulos 2 e 3, que definem
o que se espera deste trabalho de dissertação.

1.7 Materiais utilizados

Régua, lápis, borracha, compasso e uma lixa de unha (para definir a ponta do
grafite).
A régua é indicada simplesmente para traçar linhas retas e o compasso para
o traçado de círculos que por sua vez, indica uma medida constante. No entanto, o
uso de materiais de boa qualidade e um compasso bem aferido contribui para um
24

resultado mais preciso. Em relação ao lápis não há exigências e sim uma ponta
(grafite) bem definida.
Para as atividades do capítulo 3 são necessários computadores equipados
com o software GeoGebra.

1.8 Método de abordagem

Os avanços tecnológicos se devem ao grande desenvolvimento da


Matemática em toda a sua história. Ainda assim, essa disciplina essencial assusta a
muitos e nos faz perceber, a cada dia, a necessidade de concretizar o ensino de
Matemática. Nesse trabalho, com atividades individuais e em grupo,
apresentaremos, em sua maioria, questões que serão baseadas principalmente na
confecção de figuras planas. As atividades referentes às planificações de sólidos
geométricos são propostas de um trabalho futuro. No capítulo 2 as atividades serão
desenvolvidas mediante construções com régua e compasso, enquanto que no
capítulo 3 as construções serão feitas por meio do software GeoGebra, que permite,
de forma dinâmica, a visualização dos resultados dos problemas propostos.
Segundo o PCN (1999, p.253),

“O aluno deve perceber a Matemática como um sistema de códigos e


regras que a tornam uma linguagem de comunicação de ideias e
permite modelar a realidade e interpretá-la”.

A compreensão da Geometria está ligada a uma gama de fatores de caráter


metodológico. Segundo Eduardo Wagner (2009) as construções geométricas
tiveram início na Grécia antiga e continuam até hoje a ter grande importância na
compreensão da Matemática elementar.

“Seus problemas desafiam o raciocínio e exigem sólido


conhecimento dos teoremas de Geometria e das propriedades das
figuras e não é exagero dizer que não há nada melhor para aprender
Geometria do que praticar as construções geométricas” (Wagner,
2009, p.1).

Os conceitos e definições de conteúdos de Geometria têm caráter teórico e


apresentam grande importância na compreensão e execução das atividades
25

existentes aqui. Contudo, são de extrema importância as aplicações práticas desses


elementos na construção do conhecimento geométrico.

1.9 Recomendações metodológicas

As atividades podem ser desenvolvidas individualmente ou em dupla,


de modo que todos possam participar da execução. Acreditamos que grupos com
mais de dois alunos não favoreçam a participação efetiva de todos. Assim, pode
ocorrer de um componente do grupo realizar as atividades e os demais, somente
observarem como simples expectadores. O tempo necessário para planejamento
das atividades do capítulo 2 é de oito aulas (extraclasse), incluindo a organização
dos grupos, orientações, correção das atividades e plano de ação, podendo haver
pequenas variações para mais ou para menos. Já para o capítulo 3, é necessário
que os alunos tenham um contato inicial com o software de, no mínimo, três aulas
sob orientação do professor através de tarefas simples, somente para conhecer o
programa, além de aproximadamente quatro aulas (extraclasse) destinadas ao
planejamento das construções geométricas. Para as construções das figuras com
régua e compasso, sugerimos uma aula para cada figura para que todos os alunos
tenham tempo suficiente para construir e tirar dúvidas sobre os procedimentos e
instrumentos utilizados durante o decorrer das aulas. No Geogebra, para as figuras
mais simples, poderemos construir duas por aula, enquanto que as mais complexas,
apenas uma por aula.
Muitos livros didáticos de desenho geométrico trazem, de forma simplificada,
passo a passo orientações dos procedimentos e materiais adequados para se
trabalhar em sala de aula as construções geométricas, inclusive a partir do 6º ano do
ensino fundamental. No caso da rede pública de ensino, a aquisição dos livros deve
ser contemplada no Projeto Político Pedagógico (PPP), pois esse tipo de material
não é distribuído pelo MEC por não ser uma disciplina obrigatória. É claro que essa
realidade poderia ser diferente caso o plano de curso anual destinasse uma
sequência de aulas de Matemática para construções geométricas. Ainda que essa
proposta seja significativa, levaria algum tempo para ser colocada em prática, visto
que grande parte dos professores ainda não está capacitada para trabalhar com
esses recursos. Neste caso, necessitariam de cursos de capacitação ou formação
26

continuada em construções geométricas que, é claro, gerará certo custo que não
depende só dos professores.

1.10 Dificuldades previstas

Esperam-se grandes dificuldades no início da execução das atividades, que


serão minimizadas no decorrer do processo. Sabemos claramente que algumas
definições de polígonos não são de conhecimento dos alunos, que geralmente
chegam ao nono ano com uma defasagem muito grande de conteúdos. Ocorre que
muitas vezes temos que revisar os conteúdos dos anos anteriores para enfim
trabalhar os destinados à série atual, causando um atraso no que foi planejado e
provocando uma correria no final do ano letivo. Isso nos leva a diversos fatores que
dificultam ainda mais o trabalho do professor e o aprendizado dos alunos. Esse
problema é ainda maior quando se trata da Geometria, considerando que boa parte
dos professores do ensino fundamental simplesmente ignora ou trabalha seus
conceitos de forma inadequada. O uso do compasso também exigirá atividades
específicas para facilitar o seu manuseio de forma correta. Para isso, o professor
que aplicará a atividade deverá aferir o compasso de modo que a ponta seca e a
ponta de grafite estejam sempre no mesmo nível, ou seja, de mesmo tamanho e que
a ponta de grafite esteja lixada obliquamente a parte de fora.
A borracha deve ser macia e de tamanho médio. Sugerimos que seja de cor
branca ou verde. A régua deve ser de preferência de plástico transparente e com
bom acabamento em sua lâmina, permitindo assim o traçado de um segmento de
reta uniforme.

1.11 Análises de livros didáticos

A Análise de Livros Didáticos de Matemática é um ponto de partida pra quem


quer desenvolver um bom trabalho durante todo o ano letivo. Este tema é muito
comum nos trabalhos direcionados à Educação Matemática. Consideramos o livro
didático um dos mais importantes componentes do cotidiano escolar em todos os
níveis de ensino. Sua análise, sem dúvida, é de grande contribuição para o
entendimento de uma parte do processo educativo. O surgimento do Programa
Nacional do Livro Didático (PNLD) possibilitou o acesso aos livros didáticos para
27

todos os alunos das escolas públicas da educação básica no Brasil. Esses livros, em
alguns casos, são a única fonte de ensino e pesquisa desses educandos que ainda
não estão inseridos na inclusão digital.
Percebemos boa evolução na formação dos professores nas últimas décadas,
entretanto a defasagem ainda é enorme, visto que a proporção dos profissionais na
área específica de Matemática ainda é insuficiente. Em decorrência disso, os
professores, na maioria das ocasiões, não utilizam adequadamente o livro didático.
Diante desse quadro, torna-se necessária uma pesquisa com base na elaboração de
um livro didático e suas correspondências pedagógicas. Para refletir acerca destes
aspectos, analisamos duas coleções de livros didáticos de Matemática do oitavo e
nono ano, a fim de visualizar os seus componentes, como eles são tratados,
direcionados, construídos e trabalhados. É importante ressaltar que as duas obras
de nossa análise estão de acordo com as condições adequadas segundo o PNLD
(2010).

Quadro 1: Relação dos livros analisados


Coleção Autores Editora Ano
Marília Ramos Centurión
1. Matemática na José Jakubovic Scipione 2010
medida certa Marcelo Lellis

Joamir Roberto de Souza


2. Vontade de saber Patricia Rosana Moreno Pataro FTD 2009
Matemática

A análise será feita com base nas seguintes atribuições:

A1 - Linguagem clara e de fácil compreensão.


A2 - São apresentadas possibilidades de discutir diferentes estratégias de cálculo,
mediante o uso de calculadoras, cálculo mental e, em alguns casos, com uso de
algoritmos.
A3 - Apresenta exemplificações e atividades contextualizadas.
A4 - Retrata em seus conteúdos aspectos algébricos e geométricos de forma
homogênea.
A5 - Contempla construções geométricas com régua e compasso.
28

A6 - Utiliza demonstrações em boa parte dos conteúdos.


A7 - Há atividades que incentivam a experimentação, valorizam estratégias pessoais
de resolução e possibilitam ao aluno desenvolver o pensamento lógico e autônomo.
Quadro 2: Análise dos livros didáticos

Atribuição Coleção 1 Coleção 2


A linguagem é clara, A linguagem é clara e de fácil
A1 porém exige orientação compreensão na maioria dos
para o seu entendimento. conteúdos.
A obra propõe atividades A calculadora é utilizada para uma
que contemplam esses ou duas atividades na maioria das
requisitos de forma sessões e as atividades exigem, em
A2 gradativa. alguns casos, o uso de algoritmo.
Existe também um número razoável
de atividades que visam ao cálculo
mental.
Contextualiza as Algumas unidades são bem
A3 atividades em número contextualizadas, porém o número é
insuficiente. bem reduzido em outras.
Utiliza bastante a Utiliza de forma significativa a
A4 Geometria para enfatizar Geometria para tratar de conteúdos
conceitos algébricos. e conceitos algébricos.
Utiliza construções Utiliza construções geométricas com
geométricas com régua e régua e compasso no oitavo ano
compasso somente no como também com transferidor.
oitavo ano, já no nono ano Apresenta construções de bissetriz,
A5 ele só problematiza uma ponto médio, desigualdade
situação cuja figura é triangular, dentre outros. No nono
dada. ano ele se limita a construir um
exemplo de simetria rotacional.
As demonstrações são As demonstrações são limitadas a
A6 limitadas a alguns casos. alguns casos.
Ao final de cada unidade As atividades oferecem, de forma
são propostos desafios gradativa, um grau de dificuldade
29

que visam contemplar previsto para a execução das


A7 esse requisito. tarefas, mas pouco valorizam as
estratégias do aluno, além de
oferecer pequena contribuição para o
pensamento lógico e autônomo.

Coleção 1

O livro retrata as figuras planas e espaciais, comparando-as com objetos do


nosso cotidiano. Utiliza aspectos históricos determinando as evoluções das
aplicações dos conceitos matemáticos. Realiza construções geométricas apenas no
livro do oitavo ano que são: construção de um triângulo conhecendo-se os lados,
ponto médio de um segmento, mediatriz de um segmento e bissetriz de um ângulo.
O problema é que não direciona o ensino de Geometria com base nas construções
geométricas com régua e compasso para o nono ano, série em que poderia explorar
a construção de polígonos regulares.

Coleção 2

O livro trata de aplicações de ângulos e polígonos nas práticas do dia a dia.


Utiliza, em alguns casos, as construções geométricas com régua e compasso para o
oitavo ano, dentre as quais, temos: a construção da bissetriz, a condição de
existência de um triângulo (desigualdade triangular), o ponto médio de um
segmento, a mediatriz de um segmento, o incentro, o ortocentro, o baricentro de um
triângulo e uma circunferência circunscrita a um triângulo. As construções são
providas de boa ilustração e uma sequência bem definida, passo a passo,
proporcionando fácil compreensão. Contudo, o livro do nono ano não está
contemplado com construções geométricas com régua e compasso e sim um
exemplo de construção de uma figura por simetria rotacional.

Conclusão
30

Os livros analisados não abrangem a construção de polígonos. Estão


limitados à construção do triângulo como único polígono. O aluno deve chegar ao
ensino médio com alguns conhecimentos essenciais relacionados à Geometria. As
construções geométricas com régua e compasso servem de grande contribuição
para o entendimento e aprofundamento da Geometria com base nos seus conceitos,
propriedades e aplicações.
Segundo o PCN (1999) o trabalho com conceitos geométricos propicia uma
boa aprendizagem de números e medidas através do estímulo, observação de
semelhanças e diferenças entre figuras e percepção de regularidades. Ainda,
segundo o PCN (1999), o estudo do espaço e forma deve ser explorado por meio de
construções geométricas com o uso de régua e compasso para visualizações e
aplicações das propriedades das figuras, além de contribuir para o entendimento
relacionado à posição, localização e deslocamentos no plano ou num sistema de
eixos coordenados.
A necessidade de aquisição de métodos eficazes e atraentes para o ensino
de Geometria nos faz refletir, a cada aula lecionada, se estamos no rumo certo.
Propor atividades rotineiras só resulta num cansaço mental ao perceber a falta de
entusiasmo por parte dos alunos. É claro que, num ano letivo em que chegamos a
lecionar 200 aulas numa única turma, é inevitável que tenhamos aulas comuns. O
que não pode ocorrer é deixar com que todas as aulas sejam sacrificantes na
interpretação dos alunos.
O questionário desse capítulo destina-se a atualização de conhecimentos
necessários para um bom acompanhamento das atividades a serem desenvolvidas
nos capítulos 2 e 3 e a aplicação dele é muito importante.
31

CAPÍTULO 2

CONSTRUÇÕES DE FIGURAS GEOMÉTRICAS PLANAS COM RÉGUA E


COMPASSO
32

Inicialmente, faremos uma rápida descrição, propondo orientações por meio


de uma sequência didática para as atividades a serem desenvolvidas ao longo
desse capítulo. Descrevemos essas etapas com o intuito de preparar o leitor para
que, com isso, possa fornecer informações prévias das construções geométricas
com régua e compasso.

2 Construções com régua e compasso

O desenvolvimento das atividades será estabelecido de forma gradativa, de


acordo com as dificuldades esperadas. Assim, descreveremos os principais
conceitos e detalhamentos das etapas de construção de cada figura. Utilizaremos
várias folhas de papel A4 ou ofício (folhas não pautadas), lápis comum, régua e
compasso. As dicas a seguir facilitarão a compreensão das sequências de
construções que faremos com régua e compasso nesse capítulo.

2.1 Descrição do processo

Com o propósito de melhorar a aplicabilidade das construções, não utilizaremos


uma unidade de medida específica como o centímetro ou o decímetro. Vamos usar a
letra ”u” para representar uma unidade de medida qualquer. Assim, quando
queremos, por exemplo, uma medida 4 u, traçamos um segmento de reta e nele
marcamos, com o uso de um compasso, 4 segmentos no qual cada um mede u.

2.1.1 Construção de segmentos congruentes

Disponha de uma folha de papel A4 ou ofício. Trace nela uma reta (pode ser
horizontal) de uma margem à outra. Queremos traçar 4 segmentos de mesma
medida. Cada segmento, conforme a construção existente aqui mede u. Neste caso,
utilizaremos um compasso com abertura de medida u (à sua escolha).

2.1.2 Construção do ponto médio de um segmento

Dividir o segmento de reta AB ao meio parece ser tarefa fácil, mas com certa
precisão exigem-se alguns cuidados. Quando centramos um compasso em A com
33

abertura de qualquer medida estamos produzindo uma circunferência cujo raio é a


própria abertura do compasso. Assim, quando centramos o compasso em B com a
mesma abertura, teremos outra circunferência de mesmo raio que a anterior, ou
seja, as medidas são constantes. O que nós queremos então é uma abertura do
compasso em que hajam pontos comuns às duas circunferências. Logo, ajustando o
compasso com abertura maior que a metade do segmento AB (condição para que
haja interseção), teremos dois pontos de interseção entre essas circunferências. A
reta que passa por esses dois pontos (mediatriz do segmento AB) intersectará o
segmento AB no ponto médio.

2.1.3 Construção da mediatriz de um segmento

A reta já foi construída no item anterior.


Definição: mediatriz é uma reta que passa pelo ponto médio de um segmento
de reta, perpendicularmente a ele. Em outras palavras, é o lugar geométrico no
plano equidistante de dois pontos fixos, que são os pontos extremos de um
segmento de reta.

2.1.4 Construção de um triângulo qualquer

A construção do triângulo requer três aberturas do compasso, sendo uma


para cada lado a ser construído. Para isso, devemos sempre traçar um segmento de
reta com tamanho maior que cada um dos lados. Esse segmento será suporte de
um dos lados do triângulo. É importante lembrar que o comprimento do segmento de
reta é a distância entre as duas pontas do compasso (abertura do compasso).

2.1.5 Construção de um triângulo equilátero

Basta seguirmos as mesmas ideias do item anterior. A diferença é que, neste


caso, as aberturas do compasso devem ser iguais, já que o triângulo equilátero
possui os três lados de mesma medida.

2.1.6 Construção de um quadrado


34

O processo é bem trabalhoso, portanto, é importante ficar atento a cada


detalhe da construção. Para se iniciar a construção, sempre traçamos uma reta que
será suporte de um dos lados do quadrado e nela marcamos um ponto (esse ponto
deve estar a uma distância à direita da margem, pois iremos expandir a construção
nos dois lados desse ponto). Como o quadrado é um retângulo, temos que traçar
uma reta perpendicular à reta dada passando por um ponto (ponto de intersecção).
A fim de agilizar a construção, consideraremos que esse ponto seja um dos vértices
do quadrado. A reta procurada pode ser obtida repetindo o método usado para
construir a mediatriz de um segmento de reta. Com isso já temos as duas retas
perpendiculares passando por um dos vértices do quadrado.

2.1.7 Construção de um hexágono regular

O hexágono regular é construído de modo mais prático quando é inscrito


numa circunferência, pois o lado do hexágono tem a mesma medida do raio dessa
circunferência. Neste caso, basta usar o compasso com abertura igual ao raio da
circunferência e a partir de um ponto qualquer da circunferência podemos centrar o
compasso e marcar seguidamente os outros cinco pontos.

2.1.8 Construção de um retângulo de ouro

A razão entre os lados de um retângulo de ouro é constante, portanto todos


eles são semelhantes. Para a construção do retângulo de ouro utilizaremos alguns
procedimentos vistos anteriormente como ponto médio de um segmento e o traçado
de um círculo intersectando uma reta num determinado ponto.

2.1.9 Construção de um pentágono regular

Construiremos o pentágono regular inscrito numa circunferência e novamente


utilizaremos a mediatriz de um segmento de reta, assim como traçados de círculos.
O pentágono será construído a partir de um decágono, pois consideramos a
construção do decágono mais simples.

2.1.10 Construção de um pentagrama


35

O pentagrama era um símbolo muito utilizado pelos pitagóricos há mais de


dois mil anos. Ele tem a forma de uma estrela, que disposta numa circunferência
possui os mesmos vértices do pentágono regular. Para obtê-lo, basta traçar as
diagonais do pentágono regular.

2.1.11 Construção de um quadrado circunscrito

As diagonais do quadrado se intersectam no ponto médio de ambas. Este


ponto médio é o centro do quadrado e, consequentemente, o centro da
circunferência circunscrita a ele. A circunferência é circunscrita a um polígono
quando pertence ao interior do polígono e todos os seus lados são tangentes a ela.

2.1.12 Construção de um triângulo equilátero circunscrito

Num triângulo equilátero, a interseção das alturas, das medianas e das


bissetrizes se dá no mesmo ponto. Esses pontos são, respectivamente, o ortocentro,
o baricentro e o incentro desse triângulo. O ponto referido é o centro do círculo
tangente aos lados do triângulo dado. Se o triângulo não fosse equilátero, o centro
do círculo interior a ele seria o incentro.
Como o triângulo é equilátero, a mediatriz de um lado passará no vértice
oposto a ele. Assim, poderemos novamente utilizar o mesmo procedimento para a
construção da mediatriz de um segmento para cada lado (na verdade dois já são
suficientes, pois queremos a interseção entre eles).

2.1.13 Construção de um hexágono regular circunscrito

Como o hexágono é regular, o círculo será tangente aos lados, passando


pelos pontos médios deles. Logo, basta determinar o ponto médio de um dos lados e
traçar o círculo. O centro desse círculo é facilmente obtido quando traçamos dois
círculos de mesmo raio e centro em dois vértices do hexágono.

2.1.14 Construção de um círculo passando por três pontos não colineares do


plano
36

Com dois pontos do plano temos um segmento de reta. Já sabemos que a


mediatriz é o conjunto de todos os pontos do plano, equidistantes dos extremos
desse segmento. Quando traçamos o outro segmento formado por um desses dois
pontos com o terceiro ponto e fazemos o mesmo procedimento, encontramos um
ponto equidistante desses três pontos que, pela definição de circunferência, é o seu
centro. O raio será a distância do centro até um dos pontos dados inicialmente.

2.1.15 Construção dos ângulos de 30°, 45° e 60°

Apresentaremos aqui a construção de um triângulo retângulo que possui dois


desses ângulos internos (30° e 60°). A trigonometria no triângulo retângulo nos
fornece um bom argumento para esse cálculo. Temos que o seno de 30° é ½. Isso
quer dizer que o cateto oposto tem a metade da medida da hipotenusa. Logo, basta
construir um triângulo retângulo que tem um dos catetos medindo a metade da
hipotenusa. O outro cateto é determinado preenchendo a figura (ligando os vértices).
Já o ângulo de 45° é obtido quando traçamos a diagonal de um quadrado, gerando
assim dois triângulos retângulos isósceles.

2.1.16 Construção da bissetriz de um ângulo

Definição: Bissetriz é uma reta que divide o ângulo ao meio (em duas regiões
simétricas).
Quando traçamos um círculo de centro no vértice de um ângulo, obtemos dois
pontos de intersecção entre o círculo e as semirretas que formam esse ângulo.
Esses dois pontos são equidistantes do vértice, pois são pontos de uma
circunferência de centro no vértice do ângulo dado. A bissetriz coincide com a
mediatriz do segmento formado por esses dois pontos.

2.1.17 Construção de um octógono regular

Quando um polígono possui mais de quatro lados é conveniente construí-lo


inscrito em uma circunferência. O octógono pode ser construído tendo como partida
um quadrado que possui a metade do seu número de vértices. Se considerarmos
um lado qualquer do quadrado inscrito numa circunferência, imagine o arco dessa
37

circunferência que liga os dois extremos desse lado. Basta obter o ponto médio
desse arco em relação a esses pontos extremos, que teremos mais um vértice do
octógono regular. Repetindo o processo, encontraremos os demais vértices. É
importante notar que, como o ponto obtido é o ponto médio de dois vértices que
compõem um lado do quadrado, sua distância a cada vértice é a mesma, o que
resulta num polígono regular.

2.1.18 Construção de um decágono regular

Construiremos inicialmente um lado do decágono para que, por meio dessa


medida, possamos traçar os demais lados com abertura fixa do compasso.

2.1.19 Construção de um dodecágono regular

Utilizamos a mesma ideia da construção do octógono regular, partindo de um


hexágono regular. Neste caso, o dodecágono tem o dobro do número de vértices
que o hexágono.

2.1.20 Construção de um pentadecágono regular

Esta figura será desenvolvida de um modo simples, utilizando a relação entre


os ângulos internos do triângulo equilátero e do decágono. Neste caso é importante
estar atento às aplicações dos seguintes conceitos: traçados de círculos, ponto
médio e mediatriz de um segmento e segmentos congruentes.

2.1.21 Construção de um heptadecágono regular

Esta figura é direcionada a pessoas que tenham um conhecimento razoável


de conceitos geométricos e práticas de construção. É claro que o GeoGebra permite
uma execução mais prática e mais simples quando comparamos com régua e
compasso. Quando você conhece os principais comandos, o processo de
construção é simplificado. Utilizaremos os conceitos de ponto médio, razão de
segmentos, traçados de retas e círculos.
38

É importante ressaltar que todas as figuras existentes aqui neste trabalho


foram construídas com o uso do software GeoGebra. Contudo, nesse capítulo, o uso
do GeoGebra tem o mero intuito de ilustrar os procedimentos com praticidade, já
que as construções são destinadas a trabalhos de confecções manuais com o uso
de régua e compasso. Suas medidas não são necessariamente as indicadas,
entretanto seguem um padrão de proporcionalidade. No capítulo 3 as construções
foram feitas com os comandos e procedimentos do GeoGebra de forma simplificada,
com etapas progressivas, permitindo passo a passo a visualização dos resultados e
desenvolvimentos.
O GeoGebra possui muitos recursos, que permitem a construção das figuras
propostas aqui de forma mais rápida e de fácil manuseio, porém estamos
direcionando essas atividades em dois moldes, sendo um para todas as realidades
locais, ou seja, inclusive aquelas escolas que não possuem um laboratório de
informática, mas quadro, giz e instrumentos simples e de baixo custo como régua e
compasso. O outro é direcionado para aquelas que dispõem um laboratório de
informática e buscam resultados mais profundos.
Observação: Nesse capítulo, quando dizemos: trace um círculo de centro A
(ou centrado em A) e raio de 5 u, é o mesmo que dizer: fixe a ponta seca do
compasso na marca zero da régua e abra o compasso até a marca de medida u
(medida que julgar adequada ao seu trabalho) e marque 5 vezes essa marca num
segmento de reta para que o comprimento seja de 5 u, depois ajuste o compasso na
referida medida e trace o círculo.
Em determinadas construções vamos utilizar a seguinte frase: “ocultando
alguns detalhes”. Isso ocorre com o propósito de reduzir o número de linhas (figuras)
feitas nas etapas anteriores. Com régua e compasso queremos dizer: “apague com
uma borracha algumas figuras para melhor visualização das próximas etapas”.

2.2 Primeiras construções

2.2.1 Construção de segmentos congruentes

Inicialmente vamos imaginar a situação seguinte: Dada uma reta, traçar 4


segmentos de reta de mesma medida. Vamos supor que cada segmento meça u.
39

 Trace uma reta e nela marque o ponto B, alguns centímetros à direita da


margem da folha, com medida maior que u (raio). Depois trace um círculo de
raio u, com centro em B, obtendo os pontos A e C que são as interseções do
círculo com a reta. Do mesmo modo, trace o círculo de raio u e centro C,
obtendo o ponto D. Finalmente, trace o círculo de raio u e centro D, obtendo o
ponto E.

Nesse caso, os segmentos são constantes, pois representam o raio de cada


círculo. Como os raios são iguais, temos que AB = BC = CD = DE.
O primeiro ponto (B) deve ser marcado na linha traçada com distância maior
do que u de uma das margens e maior do que 3 u da outra (permitindo que o círculo
a ser traçado caiba na folha). Quando centramos o compasso em B e traçamos um
círculo, obtemos os pontos A e C, que são as interseções desse círculo com a reta
dada. Como o compasso tem abertura u, concluímos que a distância que separa um
ponto do outro ao seu lado é de u (tamanhos iguais). O processo se repete e as
distâncias sempre serão iguais, já que a abertura do compasso é fixa (única).

2.2.2 Construção do ponto médio de um segmento de reta


40

 Trace um segmento de reta AB de qualquer tamanho e dois círculos de


mesmo raio, um centrado em A e outro centrado em B, de modo que o raio
seja maior que a metade de AB.

 Os círculos se intersectam nos pontos C e D. Trace o segmento CD,


intersectando AB no ponto M, que é o ponto médio de AB.

Temos que AC = BC, pois correspondem ao raio de cada círculo (que possuem a
mesma medida). O mesmo ocorre com AD = BD. Assim, o quadrilátero ADBC é um
41

losango. Logo, suas diagonais se intersectam perpendicularmente e no ponto médio.


Portanto, AM = BM, ou seja, M é o ponto médio de AB.

2.2.3 Construção da mediatriz de um segmento de reta

 Trace um segmento de reta de extremos A e B e faça dois círculos de mesmo


raio centrados em A e B, obtendo nas interseções os pontos C e D. Esse raio
é maior que a metade do segmento AB.

 Trace a reta CD e teremos AB perpendicular a CD, sendo que CD passa por


M, ponto médio de AB.
42

Observação: É de fundamental importância que o leitor perceba que o ponto


médio de um segmento de reta poderia ser obtido de um modo impreciso se fosse
utilizada apenas a régua. Poderíamos também construir um ângulo reto obtido
diretamente com o uso de um esquadro cujo resultado seria um ângulo próximo de
um reto. Isso torna o compasso um instrumento indispensável para esse tipo de
aplicação.

2.3 Construções de polígonos

2.3.1 Construção de um triângulo qualquer

Vamos construir, com o auxílio de régua e compasso, um triângulo cujos


lados medem: 4 u, 5 u e 6 u.
 Inicialmente traçamos um segmento de reta (pode ser horizontal) e nele
marcamos o ponto A. Com o compasso centrado em A, marcamos o ponto B,
sendo AB = 6 u.
43

 Centramos novamente o compasso em A e traçamos um círculo de raio 5 u.

 Agora traçamos o círculo de raio 4 u, centrado em B.


44

 A interseção desses dois últimos círculos nos dá o ponto C. Assim, temos o


triângulo ABC quando ligamos esses pontos.

2.4 Construção de polígonos regulares construtíveis

Todos os polígonos regulares podem ser inscritos numa circunferência.


Entretanto, nem todo polígono regular é construtível com régua e compasso.
Gauss relacionou o problema das construções de polígonos regulares com as
raízes da equação xn – 1 = 0. Essa equação possui n raízes complexas que podem
ser representadas como pontos de uma circunferência. Nesse caso esses pontos
45

são os vértices do polígono regular inscrito na circunferência de raio 1 centrada na


origem. A verificação sobre a possibilidade de um polígono ser construtível ou não
se deu com o desenvolvimento da Álgebra. Para o heptágono regular (n = 7) Gauss
demonstrou, em 1796, que a construção é impossível.
Gauss mostrou que, quando p é primo, um p-ágono (polígono de p lados)
regular é construtível se, e somente se, p é um primo de Fermat, ou seja, p =

22  1.
n

Alguns exemplos de primos de Fermat são:

n = 0  2  1 = 21  1 = 3  p = 3.
0
2

n=1  2
21
 1 = 2 2  1= 5  p = 5.
2 2  1 = 2 4  1 = 17  p = 17.
2
n=2 

O teorema a seguir é uma generalização do teorema de Gauss.


Teorema: Um polígono regular de k lados pode ser construído com régua e
compasso se, e somente se, k = 2a ou k = 2a p1 p2 p3... pr, onde p1, p2, p3,..., pr são

números primos distintos da forma p = 2  1 (primos de Fermat) e a e b são


b
2

números inteiros não negativos.


Neste caso, temos que toda potência de base 2, maior ou igual a 4, gera o
número de lados de um polígono construtível. Do mesmo modo, qualquer primo de
Fermat ou o produto entre dois ou mais números distintos desse tipo, inclusive por
uma potência de base 2, corresponde ao número de lados de um polígono
construtível com régua e compasso.
Observe que na sequência de 3 a 17 não figura o heptágono regular, pois 7
não é um primo de Fermat. O mesmo ocorre com os polígonos regulares de 11 e 13
lados. O eneágono, que é um polígono de 9 lados, pode ser escrito por 3 . 3 = 9,
porém os primos de Fermat usados não são distintos. O polígono regular de 14
lados também não é construtível, já que é o produto de um número de base 2 por 7,
que não é um primo de Fermat.
Assim, os polígonos regulares construtíveis com régua e compasso possuem
a seguinte sequência de número de lados: 3, 4, 5, 6, 8, 10, 12, 15, 16, 17, 20,...
Vamos a seguir construir alguns polígonos regulares com régua e compasso
que serão desenvolvidos em etapas para facilitar o acompanhamento da construção.
46

Em certas etapas, ocultaremos alguns detalhes a fim de evitar um número excessivo


de figuras sobrepostas. Nesse caso, apague esses detalhes com uma borracha.
Nesse trabalho faremos as construções com régua e compasso dos polígonos
regulares relacionados abaixo de acordo com a seguinte ordem: Triângulo
equilátero, quadrado, hexágono, octógono, decágono, pentágono, dodecágono,
pentadecágono e heptadecágono. É importante ressaltar que o pentágono será
construído tendo como ponto de partida o decágono, já que esse último se trata de
uma construção mais simples que o pentágono. Para isso, utilizaremos a metade
dos vértices (alternados) do decágono para construir o pentágono.

2.4.1 Construções de polígonos a partir de um polígono dado

Dado um polígono regular. Queremos, a partir dele, duplicar o número de


lados desse polígono. Nesse caso, suponha que dispomos de um polígono regular
de n lados. Quando traçamos a mediatriz de cada lado do polígono, obtemos o
ponto médio do arco que liga dois vértices consecutivos (esse ponto será um dos
vértices do novo polígono). Assim, dobraremos o número de lados do polígono e
teremos então um polígono regular de 2 n lados.

Na figura acima, H é ponto médio do arco AB, I é ponto médio do arco BD, G
é ponto médio do arco DC e assim sucessivamente.
47

O processo pode ser feito de modo contrário, ou seja, dispomos de um


polígono de 2 n lados e queremos gerar um novo polígono de n lados. Para isso,
basta utilizarmos os vértices alternados. Assim, escolhemos um vértice qualquer do
polígono e um sentido de giro na circunferência (horário ou anti-horário), marcamos
um vértice e deixamos o próximo sem marcar até completar a volta na circunferência
e o polígono estará pronto.

2.4.2 Construção de um triângulo equilátero de lados medindo 5 u

 Inicialmente, traçamos um segmento de reta (pode ser horizontal). Numa


extremidade deste segmento marcamos o ponto A e traçamos o círculo de
centro em A e raio de 5 u, obtendo assim o ponto B.

 Agora, com centro em B, traçamos um círculo de raio 5 u.


48

 A interseção dos dois círculos nos dá o ponto C e ligando os três pontos


teremos o triângulo equilátero ABC, cujos lados medem 5 u.

Observação: Essa construção deverá ser executada com mais facilidade por
boa parte da turma, já que se trata de uma figura simples e com apenas uma
abertura do compasso.
Rapidamente podemos observar que cada lado do triângulo equilátero
corresponde ao raio de um círculo. Como esse raio representa a abertura de um
compasso cuja medida é fixa, concluímos que os três lados do triângulo possuem a
mesma medida.
49

2.4.3 Construção do quadrado

a) Construção do quadrado de lado 5 u


 Trace uma semirreta e nela marque o ponto H a alguns centímetros à direita
da extremidade (de 3 cm a 5 cm). Em seguida, trace um círculo com centro
em H, de raio de qualquer medida, cujas interseções com o segmento de reta
são os pontos C e D.

 Com centro em C e D, trace dois círculos de mesmo raio que seja maior que
CH, cujas interseções são os pontos E e F.
50

 Trace a semirreta FE e um círculo de raio igual a 5 u, centrado em H, para


obter os pontos G e K, interseção entre esse círculo e as semirretas
perpendiculares.

 Novamente, trace dois círculos de raio 5 u, um centrado em G e outro


centrado em K, cuja interseção é o ponto J.

 Ligamos esses pontos e obtemos o quadrado HGJK.


51

As retas HK e HG são perpendiculares, pois a reta HG é o lugar geométrico


do plano cujos pontos equidistam dos pontos C e D. Sabemos então que H é um
ângulo reto. Os lados são constituídos de mesma medida, pois representam uma
única abertura do compasso. Como os quatro lados são iguais, os ângulos opostos
H e J são de mesma medida. Portanto teremos os quatro ângulos retos e os quatro
lados iguais. Logo temos um quadrado.

b) Construção do quadrado de lado 5 u por outro método

Outro modo de construir um quadrado é inscrevê-lo numa circunferência. Se


quisermos, por exemplo, construir um quadrado de lado 6 u, teremos que sua
diagonal (que é igual ao diâmetro da circunferência onde ele está inscrito) é 6 2 u.

Logo, o raio da circunferência mede 3 2 u. Para viabilizar a execução, vamos


considerar uma circunferência de raio 3 u.
 Trace uma circunferência de raio 3 u e centro no ponto A. Trace uma reta que
passa por A intersectando a circunferência nos pontos B e C.
52

 Trace a mediatriz do segmento BC, que é a reta que passa por A (ponto
médio de BC), perpendicularmente a BC. Para isso, centre dois círculos de
mesmo raio em B e C cujo raio é maior que a metade de BC, obtendo os
pontos D e E, que são as interseções entre os círculos.

 Trace uma reta que passa pelos pontos D e E (mediatriz de BC), obtendo os
pontos F e G, que são as interseções entre a reta DE e a circunferência
inicial.
53

 Finalmente, ligando os pontos das interseções dessas duas retas com a


circunferência inicial, temos o quadrado BFCG.

Os diâmetros BC e GF são perpendiculares e se intersectam no ponto médio


(A) de ambos. Logo, teremos quatro triângulos retângulos isósceles. Assim, pelo
caso LAL, os triângulos são congruentes, os segmentos correspondentes aos lados
são de mesma medida e os vértices B, G, C e F são ângulos retos. Portanto, BGCF
é um quadrado.
Observação: Tanto no primeiro método quanto no segundo é normal que
surjam grandes dificuldades por parte dos alunos e, possivelmente, uma aula de 50
54

minutos não será suficiente pra que todos consigam produzir o quadrado de acordo
com o primeiro método. O quadrado é, dentre as figuras relacionadas até aqui, uma
que oferece grande dificuldade para a construção com régua e compasso seguindo
o primeiro método, porém o resultado final será satisfatório. Pelo menos é o que se
espera no final das atividades propostas.

2.4.4 Construção do hexágono regular de lado medindo 5 u

Lembramos que, a partir do triângulo equilátero, obtemos um hexágono


regular quando duplicamos o número de vértices desse triângulo, no entanto
construiremos o hexágono com um valor do lado definido.
O hexágono regular será construído antes do pentágono regular
simplesmente pela maior facilidade de entendimento de sua construção.
 Trace um círculo de centro O e raio igual a 5 u.
Observação: Quando inscrevemos um hexágono regular numa circunferência,
o lado desse hexágono é igual ao raio da circunferência.

 Marcamos o ponto A em qualquer lugar nessa circunferência e traçamos um


círculo de raio 5 u centrado nesse ponto, obtendo os pontos B e F, que são as
duas interseções entre esse círculo e o círculo inicial.
55

 Repetimos o procedimento centrando círculos de raio 5 u nesses pontos


obtidos, até encontrar os seis pontos no círculo inicial.

 Finalmente, ligamos os pontos e teremos o hexágono ABCDEF.


56

Observação: O hexágono regular é uma das mais simples figuras a serem


construídas com régua e compasso devido às orientações anteriores e
principalmente por usar uma única medida de comprimento, ou seja, todos os
círculos têm o mesmo raio.
Já vimos e justificamos no início dessa unidade que não é possível construir
com régua e compasso os polígonos regulares de 7 e 9 lados.

2.4.5 Construção do octógono regular

Para construirmos um octógono regular, utilizamos o quadrado e seguimos os


passos citados para a duplicação do número de lados de um polígono.
 Considere o quadrado BGCF. Centre dois círculos de mesmo raio nos
vértices B e G, obtendo as interseções H e I desses dois círculos.
57

 Trace a reta HI, obtendo os pontos J e K, que são as interseções com o


círculo inicial.

 Centre um círculo de mesmo raio que os dois últimos no vértice F do


quadrado, obtendo nas interseções os pontos L e M com o círculo centrado
em B.
58

 Trace a reta LM, obtendo as interseções N e O com o círculo inicial.

 Ligando os pontos, teremos o octógono regular.


59

2.4.6 Construção do decágono regular

Vamos considerar inicialmente um decágono regular de lado x, inscrito em


uma circunferência de raio unitário. Como o polígono possui 10 vértices, temos 10
360
triângulos isósceles congruentes. O ângulo A vale 36° = . A figura abaixo ilustra
10
bem esse fato. Os outros dois ângulos do triângulo ACD medem cada um, nesse
caso, 72° e, portanto, a bissetriz do ângulo D divide o triângulo ACD em dois
triângulos isósceles. Marcamos o ponto B no raio AC do círculo, dividindo-o em dois
segmentos cujas medidas são x e 1 – x.
60

Temos que os triângulos ACD e BCD são semelhantes (caso AAA), logo
1 x
teremos a proporção 
x 1 x
Dessa proporção temos a equação do 2º grau x2 = 1 – x, ou seja, x2 + x – 1 =

5 1  5 1
0 cujas raízes são x’ = e x’’ = onde essa última é negativa e por esse
2 2
motivo será desconsiderada. Assim, é possível construir o decágono regular,
transportando-se a corda de comprimento x para a circunferência. A primeira raiz,
como já mostramos nesse trabalho, é o número de ouro, cuja construção com régua
e compasso será feita sem muito trabalho.
A construção se dará do seguinte modo:
 Trace um círculo de centro O e diâmetros AC e BD, perpendiculares se
intersectando no ponto O.
61

 Marque M, ponto médio de OD. Trace um círculo de raio AM centrado em M,


obtendo o ponto E na interseção desse círculo com o segmento BO.

 O segmento OE corresponde à medida do lado do decágono. Portanto, trace


um círculo de raio OE centrado em A, obtendo os pontos F e G nas
interseções com o círculo inicial.
62

 Repita o processo para obter os demais lados do decágono traçando círculos


de raio OE até contornar o círculo inicial.

 Ligando os pontos relativos aos centros desses círculos, teremos o decágono


regular.
63

É fácil notar que AM = EM, pois correspondem ao raio do círculo centrado em


M. O triângulo AOM é retângulo em O. Na figura abaixo temos um círculo de raio 1 e
centro na origem.

5 1 5 1
Temos também que OE = EM – OM = AM – OM =  = que é a
2 2 2
raiz positiva da equação x2 + x – 1 = 0, ou seja, a medida do lado do decágono.

2.4.7 Construção do pentágono regular


64

Para construirmos o pentágono, utilizaremos o decágono como ponto de


partida. Nesse caso o decágono é um polígono de 2 n lados e queremos obter um
polígono de n lados.
 Considere os vértices de um decágono regular (etapa 4 da construção da
figura 12). Para obtermos o pentágono, basta escolhermos um ponto inicial e
ligarmos os pontos alternados a partir dele e teremos o pentágono regular.

Já sabemos que o polígono regular de 11 lados não é construtível com régua


e compasso. O mesmo ocorre com os polígonos regulares de 13 e 14 lados.

2.4.8 Construção do dodecágono regular (polígono de 12 lados)

Essa construção se dá por meio da duplicação do número de lados do


hexágono regular.
 Considere o hexágono regular (figura 9). Ocultaremos os círculos
desnecessários para melhorar a visualização da figura.
65

 Temos três pares de lados paralelos. Nesse caso, obtemos as mediatrizes de


três lados consecutivos. Para traçar a mediatriz do lado AB, centre o
compasso em A e B traçando círculos de mesmo raio, sendo o raio maior que
a metade de AB. Marque as interseções desses círculos nos pontos G e H.
Trace a reta GH.

 Repita o processo para os lados BC e CD, traçando círculos de mesmo raio


que os anteriores. Trace as retas das interseções desses pares de círculos.
66

 Marque os seis pontos de interseção entre essas três retas com o círculo
inicial e teremos os outros seis vértices do dodecágono, sendo que os
vértices do hexágono completam o polígono procurado. Para isso, basta
ligarmos esses pontos.
Ocultaremos o hexágono permitindo uma melhor visualização do dodecágono.

2.4.9 Construção do pentadecágono (polígono de 15 lados)


67

Considere uma circunferência de centro A e raio AC. O arco que liga dois
360
vértices consecutivos mede  24°. Podemos imaginar duas construções no
15
mesmo círculo, utilizando um vértice comum para o triângulo equilátero e o
decágono, que são figuras já construídas. Nesse caso, podemos utilizar a relação
24° = 60° – 36° para obter a medida do lado do pentadecágono. Assim, de acordo
com a figura abaixo, um dos lados do pentadecágono (BD) já está construído, como
queríamos mostrar.

Na figura acima, temos os seguintes ângulos: CAB = 60°, CAD = 36° e DAB =
24°.

 Concluímos que BD é a medida do lado do pentadecágono. Assim, basta


traçarmos círculos de raio BD centrados nos pontos B e D para obtermos
mais dois lados. Repetindo o processo até completar o círculo inicial, teremos
todos os vértices do polígono.
68

 Ligando esses vértices, teremos o pentadecágono regular.

2.4.10 Construção do heptadecágono (polígono de 17 lados)

Essa figura é destinada exclusivamente a professores, pois se trata de uma


sequência extremamente trabalhosa que construiremos no GeoGebra, mas pode ser
construída com régua e compasso. O processo terá uma quantidade muito grande
69

de figuras parciais e, em algumas etapas, ocultaremos os detalhes do item anterior


para evitar o número excessivo de linhas, que comprometeria a visualização da
construção. Apesar de usar os recursos práticos do GeoGebra, a linguagem será a
mesma para construções com régua e compasso.

 Trace um círculo de centro O e raio de qualquer medida. Trace uma reta que
passa por O, intersectando o círculo nos pontos B e C.

 Trace, passando por O, a reta perpendicular a BC. Marque os pontos A e D


na interseção desta reta com o círculo.
70

 Trace duas retas tangentes ao círculo, passando pelos pontos B e D, se


intersectando no ponto E.

 Marque o ponto F em ED, tal que FD = ED/4. Com régua e compasso, trace o
ponto médio do ponto médio. No GeoGebra basta habilitar a opção “círculo
dados centro e raio”, clicar em D e digitar ED/4. Trace um círculo de raio OF
centrado em F obtendo os pontos G e H na interseção desse círculo com a
reta ED.
71

 Trace o círculo centrado em G de raio OG, obtendo na interseção com a reta


ED o ponto I (à direita de G). Trace o círculo de raio OH centrado em H e
marque o ponto J (à direita de H) de interseção com a reta ED.

 Trace um círculo de raio DI centrado em E, intersectando a reta ED no ponto


K (à direita de E) e outro círculo de raio DJ centrado em E, intersectando a
reta BE no ponto L (acima de E).
72

 Trace uma reta perpendicular à reta ED, passando por K e outra


perpendicular a BE, passando por L, cuja interseção é o ponto M. Trace o
segmento BM e marque o ponto N, ponto médio de BM.

 Trace um círculo de raio MN centrado em N, intersectando a reta ED nos


pontos P e Q e o círculo inicial nos pontos B e R. Antes disso, vamos ocultar
alguns detalhes permitindo uma melhor visualização da figura.
73

 Trace um círculo de raio EP centrado em O, intersectando a reta OC no ponto


S (à direita de O). Marque T, ponto médio de OS.

 Trace uma reta perpendicular à reta OS, passando por T, intersectando o


círculo inicial no ponto U. Assim, CU é a medida de um dos lados do
74

heptadecágono. Vamos ocultar alguns detalhes para melhorar a visualização


da figura.

 Como CU é a medida de cada lado do heptadecágono, basta traçarmos


círculos de raio CU centrados em U e C. Repetimos o processo até
contornarmos o círculo. Vamos ocultar alguns detalhes para melhorar a
visualização da etapa.
75

 Finalmente, ligando os vértices encontrados, teremos o heptadecágono


regular, ou seja, um polígono regular de 17 lados inscrito numa
circunferência.

Essa figura foi desenvolvida tendo como referência o trabalho: “O problema


da construção de polígonos regulares de Euclides a Gauss”, produzido pelo
Professor Assistente Hermes Antônio Pedroso e pela Professora Doutora Juliana
Conceição Precioso do Departamento de Matemática - Campus de São José do Rio
Preto – UNESP – IBILCE
A demonstração de que essa construção dá um heptadecágono se encontra
disponível no trabalho citado acima.

2.5 Polígonos circunscritos

2.5.1 Construção do quadrado circunscrito

 Dado o quadrado ABCD, trace as diagonais cuja interseção é o ponto E.


76

 Obtenha o ponto médio M de um dos lados, digamos AB. Para isso, trace dois
círculos de mesmo raio e centrados em A e B, sendo o raio maior que a
metade de AB. Os dois círculos se intersectam nos pontos F e G. Trace o
segmento FG, intersectando AB no ponto M.

 Trace o círculo de centro em E e raio EM.


77

2.5.2 Construção do triângulo equilátero circunscrito

 Dado o triângulo equilátero ABC.

 Trace as mediatrizes dos três lados cuja interseção é o ponto Q. Para isso,
traçamos três círculos de mesmo raio, centrados nos vértices, sendo que o
78

raio é maior que a metade da medida do lado. Os pares de interseções


desses círculos são pontos de cada mediatriz.

 Trace o círculo centrado em Q e raio QD, onde D é o ponto médio de AB.

2.5.3 Construção do hexágono regular circunscrito

 Dado o hexágono regular ABCDEF, trace duas diagonais de vértices opostos


(linhas de simetria), digamos BE e FC, cuja interseção é o ponto G.
79

 Obtenha o ponto médio M de um dos lados, digamos de AB.

 Trace o círculo de centro G e raio GM.


80

2.6 Construção de outras figuras planas

2.6.1 Construção do retângulo de ouro

O retângulo de ouro é conhecido como aquele cujas proporções são as mais


belas. Foi muito utilizado pelos arquitetos, escultores e pintores renascentistas em
suas esculturas e obras clássicas, nas quais as proporções da regra de ouro
estavam presentes.

 Considere o quadrado ABCD.


81

 Prolongue o lado AB (semirreta AB) e trace o círculo de raio MC centrado em


M, sendo M o ponto médio de AB;

 A interseção entre o círculo e a semirreta AB se dá no ponto E e, portanto, AE


é a base do retângulo AEFD, que é o retângulo de ouro.
82

Observação: O ponto F foi obtido pela interseção do prolongamento do lado


DC (semirreta DC) com a reta perpendicular a AE que passa por E.
As proporções desse retângulo são definidas pelas raízes da equação x² – x –
1 = 0.

1 5 1 5
As raízes são: x1  e x2  onde somente a primeira raiz tem
2 2
sentido, pois se trata da razão entre as medidas dos lados do retângulo, enquanto a
outra representa um número negativo. Considere a figura acima.
Seja m a medida do lado do quadrado ABCD e r = MC. O triângulo MBC é
retângulo em B. Logo, pelo Teorema de Pitágoras, teremos:
2
m m2 5m 2 m 5
r  m  
2 2
m 
2
 r .
2 4 4 2

A base do retângulo é AE = AM + ME =
m m m 5 m  m 5 m1 5
r    .
 
2 2 2 2 2
Sua altura é m e a razão entre a base e a altura é de:

AE : EF =

m 1 5 
:m 
 
m 1 5 1 1 5
.   x1  1,618.
2 2 m 2

 1 5
Analogamente, a equação x² + x – 1 = 0 tem como raízes os números x1  e
2
83

 1 5
x2  , onde x1 > 0 e x2 < 0. Nesse caso, x1 = EF : AE  0,618.
2

2.6.2 Construção do pentagrama

Para a construção do pentagrama, utilizamos os mesmos procedimentos do


pentágono regular, ou seja, obtemos os cinco pontos correspondentes aos vértices
do pentagrama, que são os mesmos do pentágono. Finalmente, traçamos todos os
segmentos de reta, não consecutivos, formados por esses pontos.
Já sabemos como construir um pentágono regular. Se quisermos aproveitar
os pontos da circunferência (vértices do pentágono) já feitos anteriormente, basta
traçarmos as diagonais desse pentágono e está pronto o pentagrama.

Ocultando alguns detalhes, o pentagrama fica mais visível.


84

Podemos inserir um novo pentagrama no interior do pentágono MSRQP e o


processo pode ser repetido uma quantidade indeterminada de vezes, mas é claro
que só é possível enxergarmos um número finito de vezes, até porque as linhas
traçadas aqui têm largura significativa e nosso campo de visão tem alcance limitado.
85

2.6.3 Círculo que passa por três pontos não colineares do plano

Agora vejamos a seguinte situação: Dados três pontos não colineares no


plano, obtenha o círculo que passa por esses pontos.
 Dados os pontos A, B e C no plano.

 Trace os segmentos de reta AC e BC.

 Trace as mediatrizes de AC e BC que se intersectam no ponto G. Para isso,


trace três círculos de mesmo raio, com raio maior que a metade de cada
86

segmento. As mediatrizes passam pelos pares de interseções entre esses


círculos.

 Trace o círculo de centro G e raio GA.

Observação: Note que, como A, B e C pertencem à mesma circunferência,


então a distância do centro a qualquer um desses pontos deve ser a mesma, ou
seja, GA = GB = GC = raio da circunferência.
87

2.6.4 Construção dos ângulos de 30° e 60°.

Podemos construir os ângulos de 30° e 60° imaginando a seguinte situação:


1
Sabemos que o sen 30  . Como o triângulo é retângulo, o outro ângulo é de 60°.
2
Sendo o seno o quociente entre o cateto oposto e a hipotenusa, basta construir um
triângulo cujo cateto oposto mede a metade da hipotenusa e o outro cateto é obtido
consequentemente.
 Trace o segmento PQ e marque o ponto A à direita de P. Depois, trace um
círculo de centro em A e raio AP, obtendo o ponto R, que é a interseção
desse círculo com o segmento PQ.

 Trace dois círculos de mesmo raio, um centrado em P e outro centrado em R,


cujo raio é maior que a metade de PR. As interseções desses círculos são os
pontos D e E.
88

 Agora, trace a reta que passa por D e E. Note que o ângulo A é reto.

 Trace agora um círculo de raio 4 u centrado em A, obtendo o ponto B, que é a


interseção desse círculo com a reta que passa por D e E (determinamos o
cateto AB de valor 4 u).
89

 Trace um círculo de raio 8 u, centrado em B, intersectando o segmento PQ no


ponto C (obtemos a hipotenusa BC de valor 8 u).

 Agora é só ligar os pontos A, B e C que teremos o triângulo ABC.


90

 Assim, temos que o ângulo A mede 90°, B mede 60° e C mede 30°.

Ocultando alguns detalhes, teremos mais explicitamente os ângulos de 30° e


60°.
91

Observação: A posição da figura acima é a mesma em que se encontrava no


triângulo (etapa 7). O mesmo ocorre com a figura abaixo. Isso não interfere no
resultado obtido.

2.6.5 Construção do ângulo de 45°

Para construir o ângulo de 45°, o processo é mais direto.


 Considere o quadrado ABCD. Trace uma de suas diagonais, digamos AC.
92

 Teremos o triângulo retângulo isósceles ABC, retângulo em B.

 Como a diagonal do quadrado está contida na bissetriz de cada ângulo


formado pelo vértice do quadrado, os ângulos internos do triângulo medem
90°, 45° e 45°.
93

Ocultando alguns detalhes, teremos mais explicitamente o ângulo de 45°.

2.6.6 Construção da bissetriz de um ângulo

Vamos supor que tenhamos o ângulo AOB com vértice no ponto O e


queremos obter a bissetriz desse ângulo.
 Dados os pontos A, O e B no plano, aleatoriamente, trace as semirretas OA e
OB.
94

 Marquemos o ponto C em qualquer lugar de um dos segmentos, digamos que


em AO. Trace um círculo de centro O e raio CO obtendo o ponto D, que é a
interseção do círculo com o segmento BO.

 Trace dois círculos de mesmo raio (cuja medida é maior que a metade de
CD), um com centro em C e outro com centro em D, obtendo os pontos E e F,
que são as interseções desses círculos.
95

 Escolha um dos pontos, digamos o ponto E, e trace a reta OE, que é a


bissetriz do ângulo AOB.

Observação: É claro que, se a escolha fosse o ponto F, a reta seria a mesma.


Isso pode ser verificado facilmente, já que a reta OE (bissetriz) contém os pontos O,
E e F, ou seja, os três pontos são colineares.
96

CAPÍTULO 3

CONSTRUÇÕES GEOMÉTRICAS UTILIZANDO OS RECURSOS PRÁTICOS DO


GEOGEBRA
97

Inicialmente, faremos uma rápida descrição, propondo orientações por meio


de uma sequência didática para as atividades a serem desenvolvidas ao longo
desse capítulo. Descrevemos essas etapas com o intuito de preparar o leitor para
que, com isso, possamos fornecer informações prévias das construções geométricas
utilizando os recursos operacionais do software GeoGebra.

3 Construções utilizando os recursos práticos do GeoGebra

3.1 Descrição do processo

3.1.1 Segmentos congruentes

É uma construção bem simples. O GeoGebra possui um comando que


determina um segmento de comprimento fixo. Basta clicar na área de trabalho e
digitar a medida desejada do segmento. O segmento será horizontal, da esquerda
para a direita.

3.1.2 Triângulo equilátero

Esta construção é de simples execução e se enquadra no mesmo processo


utilizado com régua e compasso. A única diferença é que com o GeoGebra podemos
iniciá-la com um lado do triângulo já no primeiro passo, quando habilitamos a opção
“segmento com comprimento fixo”.

3.1.3 Quadrado

A construção do quadrado no GeoGebra é rápida quando habilitamos o


comando “reta perpendicular”, pois, ela também é mediatriz do segmento que
compõe o diâmetro.

3.1.4 Pentágono regular


98

Para construir o pentágono, partiremos de um decágono regular inscrito numa


circunferência. Neste caso, os procedimentos serão os mesmos usados para
construção com régua e compasso.

3.1.5 Hexágono regular

Mesmo procedimento usado para construção com régua e compasso.


Consiste apenas em traçar círculos de mesmo raio, já que o lado do hexágono
regular é igual ao raio da circunferência circunscrita nele.

3.1.6 Octógono regular

Assim como nas construções com régua e compasso, partiremos de um


quadrado para construir o octógono regular. O que diferencia é a rapidez com que o
GeoGebra executa as etapas de construção. Quando queremos traçar o ponto
médio de um lado, por exemplo, temos que traçar dois círculos de mesmo raio
(sendo esse raio maior que a metade da medida do lado) e o segmento que liga as
interseções. E, finalmente, obter o ponto de interseção do segmento com o lado, que
é o ponto médio procurado. Com o GeoGebra, basta habilitar a opção “ponto médio
ou centro”, clicar nos dois pontos e o ponto médio é gerado.

3.1.7 Decágono regular

A mesma ideia usada para a construção com régua e compasso.

3.1.8 pentadecágono regular

A mesma ideia usada para a construção com régua e compasso.

3.1.9 Heptadecágono regular

A mesma ideia usada para a construção com régua e compasso.

Sugestões
99

Essas atividades podem ser aplicadas a uma turma de nono ano mediante
uma explicação prévia sobre algumas definições de polígonos e manuseio de régua
e compasso. Os alunos construirão, com o auxílio do professor, as figuras
geométricas sugeridas aqui neste trabalho. Sempre vale lembrar que o
conhecimento pré-existente dos alunos do ensino fundamental é muito pequeno, por
isso, em muitos casos, torna-se necessária uma atenção individual em várias etapas
do desenvolver das tarefas. A previsão é de que devemos dispor de duas aulas para
trabalhar as definições das figuras aqui presentes e pelo menos uma aula para se
instruir o uso do software GeoGebra.
Sugerimos que sejam destinadas pelo menos 25 aulas anuais para se
trabalhar construções geométricas com alunos de nono ano do ensino fundamental,
com o propósito de despertar no aluno uma motivação maior para estudar
Geometria e também melhorar o seu aprendizado, pois se trata de um método
gostoso de estudar e bem eficiente quanto aos resultados obtidos.
Caso o professor queira construir todas as figuras produzidas aqui, tanto com
régua e compasso quanto com o GeoGebra, ele necessitará de aulas adicionais
para as construções das figuras e 6 aulas para preparação e orientação aos alunos,
além de aproximadamente 12 aulas de planejamento.
As construções com os recursos didáticos do GeoGebra requerem pelo
menos 10 aulas, permitindo um contato maior dos alunos com o software.
Construir uma figura no GeoGebra garante maior agilidade e precisão nos
resultados obtidos. Isso se dá por meio de ferramentas que possibilitam construções
e verificações dos passos efetuados. Algumas figuras requerem uma sequência de
construções com muitas etapas quando se usa régua e compasso. Já no GeoGebra,
além das construções necessitarem de um número menor de etapas, é possível
ocultar alguns detalhes feitos em fases anteriores, melhorando a visualização da
etapa atual. Neste caso, construiremos nesta unidade figuras com o uso das
principais ferramentas do GeoGebra, com o intuito de tornar pública e acessível
mais uma opção para os professores da educação básica trabalharem em sala de
aula ou simplesmente conhecerem os recursos e aplicações desse software tão
prático e completo. Nossa meta é, não só despertar no professor de Matemática
maior interesse ou curiosidade num estudo mais detalhado do GeoGebra, como
também explorar outros recursos mais avançados que ele oferece.
100

Para que você conheça um pouco do funcionamento do GeoGebra, listamos


no quadro abaixo algumas figuras (ícones) com seus respectivos comandos e
procedimentos. Estas informações estão presentes no software, basta passar a seta
com o mouse sobre as figuras e os comandos e seus procedimentos estarão
visíveis.

Quadro 3: Ferramentas do GeoGebra

COMANDOS FIGURAS PROCEDIMENTOS


Mover Clique sobre o objeto construído e o
movimente na área de trabalho
Novo Ponto Clique na área de trabalho e o ponto
fica determinado
Ponto médio ou centro Clique sobre dois pontos e o ponto
médio deles fica determinado
Reta definida por dois Clique em dois pontos da área de
pontos trabalho e a reta é traçada na direção
dos pontos
Segmento definido por Clique em dois pontos da área de
dois pontos trabalho e o segmento é traçado
ligando esses pontos
Segmento com
Clique em um ponto da área de
comprimento fixo
trabalho e dê a medida do segmento
Polígono Clique em três ou mais pontos
fazendo do primeiro também o último
ponto. Fica determinado o polígono
Retas perpendiculares Clique numa reta e num ponto e a
reta perpendicular fica determinada

Retas paralelas Clique numa reta e num ponto e a


reta paralela fica determinada

Mediatriz Selecione um segmento ou dois


pontos e a mediatriz fica determinada

Bissetriz Clique em três pontos, o segundo


ponto determina a bissetriz

Círculo definido pelo Clique em um ponto e arraste o


centro e um de seus mouse para determinar o raio e o
pontos círculo
101

Círculo dados centro e Clique em um ponto e informe a


raio medida do raio para determinar o
círculo

Ângulo Clique em três pontos e o ângulo fica


determinado

Ângulo com amplitude fixa Clique em dois pontos e informe a


abertura do ângulo

Reflexão com relação a Clique no ponto a ser refletido e na


uma reta reta que servirá de base para reflexão

Inserir texto Clique na área de trabalho e insira o


texto

Relação entre dois objetos Clique em dois objetos e verifique a


igualdade, ou não, desses objetos

Deslocar eixos Arraste a figura completa na área de


trabalho com o mouse

Exibir/esconder objeto Clique sobre o objeto que se deseja


esconder/exibir

Apagar objetos Clique sobre o objeto que se deseja


apagar

3.2 Segmentos congruentes

 Habilitar a opção “segmento com comprimento fixo”. Clicar na área de


trabalho e digitar a medida desejada.
Obs.: Os pontos são obtidos automaticamente e na ordem alfabética, sendo
que o segmento é horizontal. Neste caso, serão os pontos A e B. Caso queira
atribuir outra letra para representar um ponto, clique com o botão direito do
mouse sobre o ponto e escolha a opção renomear. Em seguida, digite a letra
escolhida.
102

 Habilitar a opção “segmento com comprimento fixo”. Clicar no ponto B e


digitar a mesma medida anterior (encontrando o ponto C).

 Habilitar a opção “segmento com comprimento fixo”. Clicar em C e digitar a


mesma medida anterior (encontrando o ponto D). Habilitar a opção “segmento
com comprimento fixo”. Clicar em D e indicar a mesma medida anterior
(obtendo o ponto E). Teremos então os segmentos AB, BC, CD e DE, de
medidas iguais, e assim por diante.
103

O processo continua seguindo os mesmos procedimentos. Essa construção é


de fácil execução, já que utilizamos apenas um comando.

3.3 Polígonos regulares

Caso a medida não seja importante, você pode “habilitar a opção Polígono” e
escolher polígono regular. Basta clicar em dois pontos na área de trabalho, os quais
serão dois dos seus vértices, e digitar o número de lados do polígono.
Vamos então definir a medida do lado ou do raio da circunferência onde o
polígono será inscrito e construir alguns polígonos regulares.
Quando habilitamos uma opção que necessite de usar um ponto, esse é
gerado automaticamente e representado por uma letra maiúscula do nosso alfabeto.
Normalmente essas letras estão ordenadas alfabeticamente. Caso você queira
mudar a letra de determinado ponto, basta clicar no ponto referido com o botão
direito do mouse e clicar em renomear. A partir daí poderá escolher a letra desejada.
Já vimos no capítulo anterior que o heptágono não pode ser construído com régua e
compasso, mas com os recursos do Geogebra isso é possível. Ainda assim,
construiremos apenas os polígonos construtíveis nesse capítulo.

3.3.1 Construção do triângulo equilátero


104

 Habilitar a opção “segmento com comprimento fixo”. Clicar na área de


trabalho e escolher a medida do lado do triângulo.

 Habilitar a opção “círculo dados centro e raio”. Clicar no ponto A e digitar AB.
Clicar no ponto B e digitar AB. Habilitar a opção “interseção de dois objetos” e
clicar nos dois círculos.

 Habilitar a opção “polígono”. Clicar nos três vértices do polígono e clicar


novamente no primeiro vértice para fechar o polígono.
Obs.: Devemos escolher um dos pontos obtidos (C ou D). Neste caso,
escolhemos C.
105

3.3.2 Construção do quadrado

 Habilitar a opção “círculo dados centro e raio”. Clicar na área de trabalho e


indicar a medida do raio. Habilitar a opção “reta definida por dois pontos”,
clicar no ponto A (centro do círculo) e num ponto fora do círculo. Habilitar a
opção “interseção de dois objetos”. Clicar na reta e no círculo, obtendo os
pontos B e D.
106

 Habilitar a opção “mediatriz” e clicar nos pontos B e D. Habilitar a opção


“interseção de dois objetos” e clicar nessa reta e no círculo, obtendo os
pontos C e E.

 Habilitar a opção “polígono” e clicar nos quatro pontos. Clicar novamente no


primeiro ponto para fechar o polígono.

3.3.3 Construção do hexágono regular

 Habilitar a opção “círculo dados centro e raio”. Clicar na área de trabalho e


digitar a medida do raio. Habilitar a opção “semirreta definida por dois pontos”
107

e clicar em O e num ponto na área de trabalho (fora do círculo). Habilitar a


opção “interseção de dois objetos” e clicar na semirreta e no círculo.

 Habilitar a opção “círculo dados centro e raio”. Clicar em A e digitar OA.


Habilitar a opção “interseção de dois objetos” e clicar nos círculos de centros
O e A. Renomear as interseções desses círculos por D e E. Habilitar a opção
“círculo dados centro e raio”. Clicar em D e digitar a mesma medida. Clicar em
E e digitar a mesma medida. Habilitar a opção “interseção de dois objetos”.
Clicar nas interseções de cada um desses círculos com o círculo inicial.
Repetir o procedimento até contornar o círculo inicial.
108

 Habilitar a opção “polígono” e clicar nos pontos A, D, F, H, G, E e A


novamente.

3.3.4 Construção do octógono regular

Construímos um octógono quando sucedemos a construção do quadrado.


Neste caso, como o quadrado já foi construído aqui, daremos sequência à
construção do octógono, partindo de um quadrado inscrito numa circunferência.
109

 Habilitar a opção “mediatriz” e clicar nos pontos C e D do lado CD. Clicar nos
pontos D e E, do lado DE. Habilitar a opção “interseção de dois objetos”.
Clicar numa das retas e no círculo e depois clicar na outra reta e novamente
no círculo.

 Habilitar a opção “polígono” e clicar nos oito pontos da circunferência e clicar


novamente no ponto inicial.
110

Observação: Vamos ocultar o quadrado para visualizarmos melhor o


octógono. Para isso, clicar com o botão direito do mouse e escolher a opção
“exibir objeto”.

3.3.5 Construção do decágono regular

Utilizaremos os mesmos procedimentos adotados na construção com régua e


compasso.
 Habilitar a opção “círculo dados centro e raio”, clicar na área de trabalho e
digitar a medida do raio. Renomear O como o centro do círculo. Habilitar a
opção “reta definida por dois pontos”. Clicar no centro do círculo e num ponto
na área de trabalho (fora do círculo). Habilitar a opção “interseção de dois
objetos” e clicar na reta e no círculo, obtendo os pontos A e B. Habilitar a
opção “mediatriz” e clicar nos pontos A e B. Habilitar a opção “interseção de
dois objetos” e clicar nessa última reta e no círculo, obtendo os pontos C e D.
111

 Habilitar a opção “ponto médio ou centro” e clicar nos pontos O e B, obtendo


M, ponto médio de OB. Habilitar a opção “círculo dados centro e raio”, clicar
em M e digitar MD. Habilitar a opção “interseção de dois objetos” e clicar
nesse último círculo e na reta AO, obtendo o ponto E.

 O segmento OE corresponde à medida do lado do decágono. Portanto, basta


traçarmos círculos de raio OE a partir de um ponto qualquer na circunferência
inicial até contorná-la. Habilitar a opção “círculo dados centro e raio”, clicar em
112

B e digitar OE. Repetir o procedimento para obter os dez vértices do


decágono.

 Habilitar a opção “polígono”, clicar nos dez pontos obtidos sobre o círculo e
novamente no ponto inicial.

3.3.6 Construção do pentágono regular


113

Para construirmos o pentágono, utilizaremos o decágono como ponto de


partida. Neste caso o decágono é um polígono de 2 n lados e queremos obter um
polígono de n lados.
 Considere os vértices de um decágono regular (etapa 3 da construção da
figura 33). Para obtermos o pentágono, basta escolhermos um ponto inicial e
ligarmos os pontos alternados a partir dele e teremos o pentágono regular.
 Habilitar a opção “polígono”, clicar em cinco pontos alternados e novamente
no ponto inicial.

3.3.7 Construção do pentadecágono regular

O pentadecágono possui quinze lados. Neste caso ele é formado pela união
360
entre quinze triângulos isósceles cujo ângulo definido pelo vértice central é de =
15
24°. Os procedimentos serão os mesmos usados com régua e compasso, ou seja,
pela relação 24° = 60° - 36°.
 Habilitar a opção “círculo dados centro e raio”. Clicar na área de trabalho e
digitar a medida do raio. Renomear O como o centro do círculo. Habilitar a
opção “reta definida por dois pontos”. Clicar no ponto O e em outro local fora
do círculo. Habilitar a opção “interseção de dois objetos” e clicar no círculo e
na reta. Habilitar a opção “mediatriz”. Clicar nos pontos A e B obtendo os
pontos C e D nas interseções dessa reta com o círculo.
114

 Habilitar a opção “ponto médio ou centro” e clicar nos pontos O e B.


Renomear de M o ponto gerado. Habilitar a opção “círculo dados centro e
raio”. Clicar no ponto M e digitar MD. Habilitar a opção “interseção de dois
objetos” e clicar no círculo obtido e na reta OA.

 Já sabemos que OE é a medida do lado do decágono. Habilitar a opção


“círculo dados centro e raio”. Clicar no ponto B e digitar OE, obtendo o ponto
115

F na interseção com o círculo inicial. Habilitar a opção “segmento definido por


dois pontos”, clicar em O e em F.

 Para obter o lado do triângulo sabendo que B é um de seus vértices basta


traçarmos um círculo centrado em B e raio OB. Habilitar a opção “círculo
dados centro e raio”. Clicar em B e digitar OB. Habilitar a opção “interseção
de dois objetos” e clicar no círculo obtido e no círculo inicial, obtendo o ponto
G. Habilitar a opção “segmento definido por dois pontos”, clicar em O e em G.
116

 Neste caso, GF é a medida do lado do pentadecágono. Habilitar a opção


“círculo dados centro e raio”. Clicar no ponto G e digitar GF, clicar no ponto F
e digitar GF. Repetir o procedimento até contornar o círculo inicial. Vamos
ocultar alguns detalhes para melhorar a visualização da construção.

 Habilitar a opção “polígono”, clicar em todos os pontos do círculo e


novamente no ponto inicial.

3.3.8 Construção do heptadecágono regular


117

Construiremos o heptadecágono regular no GeoGebra seguindo os mesmos


passos usados na construção com régua e compasso, o que diferencia é a
praticidade com que o GeoGebra executa cada etapa da construção.

 Habilitar a opção “círculo dados centro e raio”. Clicar na área de trabalho e


digitar o raio do círculo. Renomear o centro do círculo com a letra O. Habilitar
a opção “reta definida por dois pontos”. Clicar no ponto O e em outro local
fora do círculo. Habilitar a opção “interseção de dois objetos” e clicar no
círculo e na reta, obtendo os pontos A e B na interseção. Habilitar a opção
“mediatriz” e clicar nos pontos A e B. Habilitar a opção “interseção de dois
objetos” e clicar no círculo e nessa última reta.

 Habilitar a opção “reta perpendicular”. Clicar na reta AB e no ponto A. Clicar


na reta CD e no ponto D. Habilitar a opção “interseção de dois objetos” e
clicar nessas duas retas, obtendo o ponto E.
118

 Habilitar a opção “círculo dados centro e raio”. Clicar no ponto D e digitar


ED/4 (Com régua e compasso, trace o ponto médio do ponto médio). Habilitar
a opção “interseção de dois objetos” e clicar na interseção desse círculo com
o segmento ED obtendo o ponto F. Habilitar a opção “círculo dados centro e
raio”. Clicar no ponto F e digitar OF. Habilitar a opção “interseção de dois
objetos” e clicar nesse último círculo e na reta ED obtendo os pontos G e H.

 Habilitar a opção “círculo dados centro e raio”. Clicar no ponto H e digitar OH.
Habilitar a opção “interseção de dois objetos” e clicar na interseção desse
119

círculo com a reta DH (à direita de H), obtendo o ponto I. Habilitar a opção


“círculo dados centro e raio”. Clicar no ponto G e digitar OG. Habilitar a opção
“interseção de dois objetos” e clicar na interseção desse círculo com a reta
DH (à direita de G), obtendo o ponto J.

 Habilitar a opção “círculo dados centro e raio”. Clicar em E e digitar DI.


Habilitar a opção “interseção de dois objetos” e clicar na interseção desse
círculo com a reta EH (à direita de E), obtendo o ponto K. Habilitar a opção
“círculo dados centro e raio”. Clicar em E e digitar DJ. Habilitar a opção
“interseção de dois objetos” e clicar na interseção desse círculo com a reta EA
(acima de E), obtendo o ponto L.
120

 Habilitar a opção “reta perpendicular”. Clicar na reta EL e no ponto L. Clicar


na reta EK e no ponto K. Habilitar a opção “interseção de dois objetos” e clicar
na interseção dessas duas retas, obtendo o ponto N. Antes disso,
ocultaremos alguns detalhes para melhorar a visualização da etapa.

 Habilitar a opção “segmento definido por dois pontos” e clicar nos pontos A e
N. Habilitar a opção “ponto médio ou centro” e clicar nos pontos A e N,
obtendo M, ponto médio de AN.
121

 Habilitar a opção “círculo dados centro e raio”. Clicar em M e digitar MN.


Habilitar a opção “interseção de dois objetos” e clicar na interseção desse
círculo com a reta ED (à direita de D), obtendo o ponto P. Habilitar a opção
“círculo dados centro e raio”. Clicar em O e digitar EP. Habilitar a opção
“interseção de dois objetos” e clicar na interseção desse círculo com a reta
OB (à direita de B), obtendo o ponto Q. Vamos novamente ocultar alguns
detalhes.
122

 Habilitar a opção “ponto médio ou centro” e clicar nos pontos O e Q, obtendo


o ponto R.

 Habilitar a opção “reta perpendicular”. Clicar na reta OR e no ponto R.


Habilitar a opção “interseção de dois objetos” e clicar na interseção dessa reta
com o círculo inicial (acima de R), obtendo o ponto S.

 Assim, BS é a medida do lado do heptadecágono regular. Logo, basta


traçarmos círculos de raio BS sobre o círculo inicial. Habilitar a opção “círculo
123

dados centro e raio”. Clicar em B e digitar BS. Clicar em S e digitar BS.


Habilitar a opção “interseção de dois objetos” e clicar nas interseções desses
círculos com o círculo inicial. O processo continua até contornarmos o círculo
inicial.

 Habilitar a opção “polígono”, clicar em todos os pontos (sequencialmente) do


círculo e novamente no ponto inicial.

3.4 Possíveis continuações ou desdobramentos


124

Recomendamos a execução dessas atividades com o uso de régua e


compasso e também a construção de todas as figuras propostas aqui, utilizando os
recursos práticos do GeoGebra. É claro que o GeoGebra oferece recursos que
agilizam as construções dessas figuras. Assim, a experiência será mais produtiva
quando efetuarmos o trabalho manualmente e, em seguida, com o uso do
GeoGebra.

3.4.1 Proposta de uma sequência de atividades

É muito importante que o leitor reflita e pesquise as soluções das atividades


propostas referentes às noções básicas de Geometria plana. Em relação à
Geometria espacial, as atividades são sugestões de continuidade das construções
geométricas com o uso de régua e compasso. Assim, como foi conduzido no
questionário 1, é necessário que o professor oriente e acompanhe as pesquisas e
atividades dos alunos e as corrija no questionário 2.

Questionário 2:

a) Defina poliedro.
b) O que é um octaedro?
c) É possível construir um cubo com régua e compasso?
d) Se um cubo tem três dimensões, como o construiríamos em uma folha de
papel de duas dimensões?
e) O que é uma pirâmide?
f) O que é um poliedro regular? Quais são esses poliedros?
g) Qual é a intersecção entre dois planos no espaço?
h) O que é um prisma?
i) Um paralelepípedo é um prisma?
j) O que você entende por planificação de um sólido?

Em relação ao segundo questionário, são atividades que requerem pesquisas


para construções futuras, as quais não faremos aqui por não contemplarem a
proposta inicial. Todavia, são de grande importância para o entendimento da
Geometria espacial.
125

Recomendamos a realização de pesquisa acerca de alguns sólidos


geométricos e suas planificações. Como atividades a serem desenvolvidas em sala
de aula, e que requerem o uso de régua e compasso, propomos as seguintes
planificações:

 Cubo;
 Paralelepípedo qualquer diferente do cubo;
 Prisma triangular reto;
 Prisma hexagonal reto;
 Tetraedro regular;
 Pirâmide de base quadrada;
 Pirâmide de base hexagonal;
 Octaedro regular.
126

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O interesse pelo assunto se deu no início do curso de Mecânica no Instituto


Federal do Espírito Santo (IFES), que na época era conhecido como Escola Técnica
Federal do Espírito Santo (ETFES). No 1º ano do ensino médio, estudava a
disciplina Desenho Técnico e do 2º ao 4º ano, Desenho de Mecânica. Foi o primeiro
contato que tive com o compasso. Fui seduzido logo na primeira aula e essa
disciplina serviu de grande contribuição para o meu entendimento de Geometria. As
aulas eram bastante prazerosas e o meu rendimento, consequentemente, foi muito
bom. Durante esses 18 anos de trabalho, como professor de Matemática, tive a
oportunidade de ensinar aos alunos do 8º e 9º ano um pouco de construções
geométricas com o uso de régua e compasso. Percebi muitas dificuldades no início.
No entanto, no decorrer do processo era fácil de perceber a satisfação dos alunos
diante de atividades diferenciadas e envolventes. Notei grande interesse e bom
desempenho dos alunos, atingindo satisfatório aprendizado em Geometria plana e
espacial, pois construímos polígonos e alguns poliedros como o cubo, o prisma
triangular reto e a pirâmide de base quadrada, sempre evidenciando as
propriedades geométricas aplicadas nas construções.
Esses fatores serviram de inspiração para desenvolver esse trabalho e espero
que ele seja visto com entusiasmo e também estimule alunos e professores para
que a Geometria ganhe mais um aliado que venha despertar um espírito motivador,
agradável e elegante de aprender seus conceitos e aplicações no dia a dia.
127

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Média e Tecnológica.


Parâmetros curriculares nacionais: ensino médio. Brasília, DF, 2002.

BRASIL. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Média e Tecnológica.


Parâmetros curriculares nacionais: ensino médio. Brasília, DF, 1999.

FAINGUELERNT, Estela Kaufman. Educação Matemática: Representação e


Construção em Geometria. Porto Alegre: Artmed, 1999.

FILHO, Joaquim Borges de S.; BRITO, Kleisy Laiana Vieira de. O aprendizado da
geometria contextualizada no ensino médio. 2006. 87f. Monografia (Especialização
em Educação Matemática – Faculdades Integradas IESGO, Formosa – GO, 2006.

GIOVANNI, José Ruy; FERNANDES, Tereza Marangoni; OGASSAWARA, Elenice


Lumico. Desenho Geométrico. Editora FTD, São Paulo, 1996.

LEITE, Paulo Ferreira. Construções Geométricas: Variações sobre um Tema


Clássico - Palestra apresentada em 16/10/2009 no IMECC/UNICAMP em
homenagem aos oitenta anos do Prof. Elon Lages Lima.

LIMA, E. L. Exame de textos: análise de livros de Matemática para o ensino médio.


Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de Matemática, 2001.

LIMA, E. L. Matemática e ensino. Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de


Matemática, 2007. LIMA, E. L. Medida e Forma em Geometria: Comprimento, Área,
Volume e Semelhança. Rio de Janeiro, 1991.

MENDES, Iran Abreu. Matemática e investigação em sala de aula: tecendo redes


cognitivas de aprendizagem. Editora Livraria da Física, São Paulo, 2009 .

PARANÁ SEED. Diretrizes Curriculares Estaduais de Matemática. Curitiba: 2008.

PEREIRA, M. R. de O. A geometria escolar: uma análise dos estudos sobre o


abandono do seu ensino. 2001. 70f. Dissertação (Mestrado em Educação
Matemática) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, PUC, São Paulo,
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PAIS, L. C. Didática da Matemática: uma análise da influência francesa. 2. Ed. Belo


Horizonte: Autêntica, 2001.

SILVA, F. H. S. da SANTO, A. O. do E. Contextualização: uma questão de contexto.


In: VII ENCONTRO NACIONAL DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA, 2010.

STRUIK, Dirk J. História Concisa das Matemáticas. Tradução: João Cosme Santos
Guerreiro. Gradiva publicações ltda., 1989.

WAGNER, Eduardo. Uma introdução às construções geométricas. Rio de Janeiro,


2009.

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