Geol. Estrut. Cap.5 PPT Estrut. Geol. Dobras

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Disciplina: Geologia Estrutural

Cursos: Engenharia de Minas


e de Processamento Mineral

TEMA V:
Estruturas Geológicas - Dobras

Docente: Geól. MSc. Gilberto Rogaciano Goba Sabonete (Eng.)


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5. Estruturas Geológicas - Dobras
5.1 Introdução
• Dobra é uma deformação que resulta do arqueamento sem
perda de continuidade de camadas rochosas, inicialmente
planas com um comportamento dúctil, pela acção de tensões
compressivas e/ou cisalhantes (figura abaixo).

• As dobras formam-se no interior da crusta ou do manto e de


forma lenta e gradual, vão emergindo à superfície devido aos
movimentos tectónicos e à erosão. 2
5.2 Escalas de Dobramentos
• A Escala de dobramento pode ser reunida em três categorias:
1. Macroscópica: dobras dessa categoria possuem dimensões
que geralmente ultrapassam a capacidade de observação
directa, sendo observáveis em mapas, fotos e imagens aéreas.
2. Mesoscópica: inclui dimensões que oscilam desde grandes
afloramentos, cortes e exposições no terreno, até dimensões
da ordem das amostras de mão.
3. Microscópica: as dimensões envolvidas são pequenas,
exigindo o uso de instrumentos especiais, como lupas,
microscópios e outros instrumentos para observação.

• As dobras quer observadas em micro, meso e macro escala,


são nossa janela mais importante para a história local e
regional de deformação no passado. Suas formas trazem
importantes informações sobre o tipo de deformação, a
cinemática e a tectónica de uma área. Além disso elas podem
ter grande importância económica, tanto como armadilhas para
petróleo, como na exploração de minérios e outros recursos
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minerais.
5.3 Mecanismos de Dobramentos

• As dobras podem ser formadas a partir de dois mecanismos


básicos que são a flambagem e cisalhamento.

1. Flambagem (a): esse mecanismo de deformação envolve


compressão das camadas através das suas extremidades e
ocorre em rochas finamente estratificadas, onde o dobramento
é acomodado pelo deslizamento diferencial na superfície de
contacto dos estratos, preservando porém a espessura e o
comprimento das mesmas.

2. Cisalhamento (b): esse mecanismo de deformação envolve


deslizamento de camadas umas sobre as outras durante o
dobramento e ocorre em rochas sem estratificação marcante,
ocasionando deformações na espessura e comprimento.

4
5.3 Mecanismos de Dobramentos (Cont.)

• Dobras podem ser formar também


devido a ocorrência de falha em
algumas partes do maciço rochoso.
• A ocorrência de falha da parte
basal, faz com que haja
encurvamento de uma parte das
camadas na parte superior,
permanecendo as demais na sua
posição original. 5
5.4 Elementos Geométricos de uma Dobra
• Os elementos de dobra que caracterizam a geometria das
dobras são: flanco da dobra ou limbo, charneira, núcleo, plano
axial ou superfície axial, eixo da dobra e crista.

1. Plano ou Superfície Axial: corresponde à superfície (por


vezes imaginária) que passa pelo eixo da dobra que divide a
dobra em dois flancos aproximadamente iguais, com
inclinações opostas. 6
5.4 Elementos Geométricos de uma Dobra (Cont.)

2. Núcleo: conjunto de camadas mais internas da dobra.

3. Flancos da dobra: são superfícies separadas pelo plano axial


que se estendem em ambos os lados da charneira.

4. Eixo da dobra: corresponde à linha imaginária que está na


intersecção dos dois flancos da dobra.

5. Charneira: corresponde a linha que une os pontos de máxima


curvatura de uma dobra ou corresponde à zona de
convergência das camadas de cada flanco.

6. Crista: corresponde ponto mais elevado de uma dobra em


relação à superfície horizontal, podendo ou não coincidir com o
eixo da dobra.

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5.5 Factores que determinam a geometria final de uma dobra

• Segundo Ramsay e Huber (1987), vários factores determinam


a geometria final de uma dobra:

(a) A natureza e composição das camadas dobradas. Cada tipo


de rocha tem características reológicas próprias, dependendo
da composição e do tamanho dos seus minerais.

(b) As mudanças nas propriedades reológicas das camadas


durante a formação da dobra. Muitas dobras formam-se sob
um considerável período de tempo, provavelmente da ordem
de milhões de anos de duração. Durante este intervalo de
tempo mudanças nas condições ambientais certamente
ocorrem, levando a modificações mineralógicas tanto na
composição como no tamanho dos minerais, acarretando em
mudanças nas propriedades reológicas dos materiais
envolvidos.
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5.5 Factores que determinam a geometria final de uma dobra

(c) As propriedades mecânicas da interface entre camadas. O


desenvolvimento de dobras é fortemente controlado pela
natureza dos contatos entre camadas individuais: se as
camadas estão efetivamente “coladas” umas nas outras, ou se
estão mecanicamente separadas e, se for o caso, se podem se
mover uma em relação à outra (p.ex. no dobramento flexural).

(d) Espessura de cada camada constituinte do pacote de rocha


(se as camadas são ou não agrupadas em unidades). Estes
seriam, provavelmente, o factor que mais influenciariam na
variedade de formas geométricas e comprimentos de onda
de dobras.

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(e) A natureza dos limites das unidades rochosas que estão
sendo dobradas. Algumas camadas deformam-se sem grande
confinamento lateral externo permitindo o dobramento dos
seus flancos, apesar da resistência oferecida pelo material
hospedeiro. Ex: nos casos em que os contrastes de viscosidade
forem altos, como na formação de dobras pitigmáticas. O
oposto também ocorre, ou seja, uma ou mais camadas podem
ter limites de confinamento rígidos, como por exemplo, nos
dobramentos de sucessões sedimentares que estão recobrindo
embasamento cristalino rígido.

(f) A escala total do pacote de multicamadas a ser dobrado.


Este é um fator importante, pois irá decidir se forças
gravitacionais irão ou não exercer influência na geometria das
dobras. Em dobras com λ menos que 100m, a gravidade não
influencia no controle da forma das dobras, enquanto que
dobras com λ maiores que 30km não podem se formar sòmente
pelo confinamento lateral dos flancos porque as forças de
flambagem são pequenas em relação às forças gravitacionais,
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para levantar antiformes e formar depressões sinformes.
5.6 Classificação Geométrica das Dobras
• Existem diversas classificações de dobras, baseadas em
diferentes critérios de descrição, muitas vezes combinados
entre si. Sendo assim destinguem-se pelo menos duas
categorias descritivas principais: descrição de dobras isoladas
e descrição de sistemas de dobras.

5.6.1 Descrição de sistemas de dobras


• Um grupo de dobras no espaço e geneticamente
relacionadas, denomina-se sistema de dobras.

• De acordo com Machado e Silva (2009), com base na


simetria dos flancos em relação ao plano axial, as dobras
podem ser: simétricas e assimétricas.

• Ainda nos sistemas de dobras, além das dobras simétricas e


assimétricas, também temos as dobras parasitas ou de
arrasto, dobras em kink e Dobras ptigmáticas.
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5.6.1 Descrição de sistemas de dobras (Cont.)
• Dobra simétrica (a): é aquela em que os dois flancos são
iguais entre si e possuem o mesmo ângulo de mergulho.
Caracteriza-se por possuir o plano axial vertical e a charneira
coincide com a crista da dobra.

• Dobra assimétrica (b): é aquela em que um flanco é diferente


do outro com relação ao plano axial. Os dois flancos
mergulham com diferentes ângulos. Caracteriza-se por possuir
o plano axial inclinado e a charneira não coincide com a crista
da dobra.

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Simétrica (a) Assimétrica (b)
5.6.1 Descrição de sistemas de dobras (Cont.)

• Dobras parasitas ou de arrasto: são pequenas dobras que se


desenvolvem nos flancos ou zonas de charneira de dobras
maiores .

• Segundo, Hobbs et al. (1976), possuem similar orientação


dos eixos e dos planos axiais das dobras maiores e são
denominadas de dobras parasitas na forma de Z (no flanco I ou
esquerdo), M (curvatura máxima) e S (no flanco II ou direito).

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5.6.1 Descrição de sistemas de dobras (Cont.)
• Dobras em kinks (a): são aquelas que apresentam flancos
planares e desiguais, com curvaturas formando ângulos
agudos.

• Dobras em chevron (b): apresentam flancos planares e


iguais, com mesma espessura e com curvaturas formando
ângulos agudos, parecem quebrados.

• Dobras ptigmáticas (c): possuem formato curviplanar,


formam-se sob altas condições de elasticidade, sendo
características de rochas metamórficas como gnaisses e
migmatitos.

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Dobras em kinks (a) Dobra em chevron (b) Dobras ptigmáticas (c)


5.6.2 Descrição de dobras isoladas

• Para descrever e classificar dobras isoladas, utilizam-se os


seguintes componentes:

a) Orientação espacial da dobra, utilizando-se os elementos de


dobra tais como eixo e plano axial.

b) Classificação das dobras com base no Ângulo Interflancos.

c) Classificação das dobras com base na estratigrafia e


disposição espacial.

d) Classificação das dobras com base na natureza do perfil.

e) Classificação de dobras com base na mudança de espessura.

f) Classificação de dobras baseada na isógona de mergulho.


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5.6.2 Descrição de dobras isoladas (Cont.)
a) Orientação espacial da dobra, utilizando-se os elementos
eixo de dobra e plano axial.

• Classificação com base no eixo de dobra (Teixeira et al. 2000)


Essa classificação permite dividir as dobras em três tipos
principais: horizontais, verticais e inclinadas.

• Dobras horizontais (a) quando apresentam eixo horizontal;


Dobras verticais (b) quando apresentam eixo vertical e Dobras
inclinadas (c) quando apresentam eixo inclinado.

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5.6.2 Descrição de dobras isoladas (Cont.)
• Classificação com base no plano Axial (modif. Arthaud 1998).
Essa classificação permite dividir as dobras em três tipos
principais: normais, recumbentes e inclinadas.

• Dobras normais (a): apresentam plano axial vertical.

• Dobras inclinadas (b): apresentam plano axial inclinado.

• Dobras recumbentes ou deitadas (c): apresentam plano axial


essencialmente horizontal.

a) b) c) 17
5.6.2 Descrição de dobras isoladas (Cont.)
b) Classificação das dobras com base no Ângulo Interflancos.
• Esta classificação utiliza os ângulos entre os flancos de uma
dobra. O ângulo formado entre os flancos da dobra, é um dos
parâmetros geométricos mais elementares usados para
descrever a geometria das dobras.

• O tamanho do ângulo entre os flancos mede quão apertada a


dobra está e reflecte a quantidade de compressão do estrato.
• Park (1983), subdivide as dobras em 5 classes: Suaves com
ângulo entre (180° a 120°); Abertas (120° a 70°); Fechadas (70°
a 30°); Apertadas ou cerradas (30o – 0o) e Isoclinal (0o).

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5.6.2 Descrição de dobras isoladas (Cont.)
c) Classificação das dobras com base na estratigrafia e
disposição espacial.

• Classificação de dobras de acordo com a disposição espacial


De acordo com a disposição espacial, as dobras classificam-se
em: antiformes, sinformes e neutras.

• Antiforme (a): dobra com flancos convergindo para cima.


• Sinforma (b): dobra com flancos convergindo para baixo.
• Neutras (c): dobra cujo os flancos não convergem nem para
cima e nem para baixo, mas sim para os lados.

a) b) c)

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5.6.2 Descrição de dobras isoladas (Cont.)
• Classificação de dobras com base na estratigrafia
De acordo com a estratigrafia das camadas (idade relativa dos
estratos) as dobras classificam-se em: anticlinal e sinclinal.

• Anticlinal: quando no núcleo da antiforme, encontram-se as


rochas mais antigas.

Anticlinal Anticlinal simétrica

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Anticlinal assimétrica Anticlinal simétrica deitada
5.6.2 Descrição de dobras isoladas (Cont.)
• Sinclinal: quando no núcleo da sinforme, encontram-se as
rochas mais recentes.

Sinclinal Sinclinal simétrica

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Sinclinal assimétrica Sinclinal simétrica deitada
5.6.2 Descrição de dobras isoladas (Cont.)
d) Classificação das dobras com base na natureza do perfil.
• Isoclinal: os flancos são paralelos entre si e com o plano axial
e mergulham no mesmo sentido e com mesmo valor angular.

Dobra isoclinal Vertical Dobra isoclinal Inclinada Dobra isoclinal Recumbente

• Em leque: são dois


flancos invertidos e com
mergulhos convergentes
(figura ao lado).

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5.6.2 Descrição de dobras isoladas (Cont.)
d) Classificação das dobras com base na natureza do perfil.

• Monoclinal ou flexão (c): é uma dobra em que se dá o


encurvamento de apenas uma parte das camadas,
permanecendo as demais na sua posição original. Corresponde
a uma flexão em forma de degraus, passando de suaves
mergulhos a mergulhos fortes.

• Dobra em caixa (d): é um tipo de dobra conjugada,


caracterizada por apresentar estruturas que definem três
lados de um retângulo.

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Dobra monoclinal (c) Dobra em caixa (d)
5.6.2 Descrição de dobras isoladas (Cont.)
e) Classificação de dobras com base na mudança de espessura.
• Dobras paralelas (A): são aquelas em a espessura verdadeira
da camada dobrada, medida perpendicularmente entre o topo e
a base, é constante ao longo da dobra.

• Um caso especial da dobra paralela é a dobra concêntrica é a


dobra concêntrica (C) que é uma dobra paralela onde as
camadas são dobradas em arcos com o mesmo raio.

• Dobras similares (B): são aquelas em a espessura verdadeira


da camada dobrada, medida perpendicularmente entre o topo e
a base, varia decrescendo à medida que se afasta da charneira.
B

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5.6.2 Descrição de dobras isoladas (Cont.)
f) Classificação de dobras baseada na isógona de mergulho.
• Isógonas de mergulho são linhas que unem pontos de mesma
inclinação nas partes internas e externa da superfície dobrada.

• A classificação com base na isógona de mergulho, idealizada


por Ramsay (1967) é puramente descritiva das formas
geométricas, e a partir da qual chega-se às características
genéticas da dobra. De acordo com essa classificação se
individualizam três grupos de dobras, tabela a seguir.

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f) Classificação com baseada na isógona de mergulho (Cont.)

1. Dobras com isógonas convergentes: Classe 1A, 1B e 1C;


2. Dobras com isógonas paralelas: Classe 2; e
3. Dobras com isógonas divergentes: Classe 3.

• Enquanto as dobras dos tipos 1A e 1B se relacionam a


ambientes de níveis crustais rasos, rúpteis, as dobras dos tipos
1C a 3 têm relação com ambientes progressivamente mais
dúcteis.

• Quando um pacote com camadas de diferentes competências


é dobrado, as camadas mais competentes controlam o
dobramento das camadas menos competentes, podendo levar
a formação de dobras da classe 3.

• As dobras da Classe 3, que refletem condições plenamente


dúcteis de formação, podem evoluir para processos de
rompimento de flancos e de transposição, com eventual 26
deformação completa da dobra.
f) Classificação com baseada na isógona de mergulho (Cont.)
• Método de determinação de espessura relativa com base no
perfil de uma camada dobrada.
♦ Trata-se de um método idealizado por Ramsay (1967), na
qual relacionam-se as espessuras relativas da camada na
charneira versus nos flancos, figura abaixo.

• Procedimentos:
1. Tem-se um perfil de uma camada dobrada.
2. Determina-se os eixo hA e hB e as linha de inflexão iA e iB das
superfícies limítrofes da dobra. 27
Procedimentos (Cont.)
3. Trace o plano axial, unindo os pontos hA e hB, que serve de
linha de referência ou linha de inclinação zero.

4. Trace as duas tangentes umas em cada ponto hA e hB, estas


constituem as direcções de referência e a sua inclinação é zero.

5. Meça a espessura ortogonal entre as duas tangentes, para


obter a espessura padrão da zona de curvatura, que
representará a medida da espessura na charneira to.

6. Seleccione um ângulo de mergulho ∝ e construa tangentes a


superfície dobrada e meça a distância ortogonal entre estas
tangentes que representará t∝.
7. Expresse t∝ como proporção de to para obter t’∝ = t∝/to.
8. Expresse t’∝ em função ∝ e plote os valores da figura a
seguir. 28
Procedimentos (Cont.)
9. Classifique a dobra de acordo com o campo em que cai o
ponto plotado.

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• Exemplo: Seja dado o seguinte perfil de uma camada
dobrada, como mostra a figura a baixo, classifique a dobra
usando o método t’∝.

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