Introdução Horticultura
Introdução Horticultura
Introdução Horticultura
INTRODUÇÃO À HORTICULTURA
1. Definições
Hortaliça: produtos (folhas, frutos, raízes, tubérculos, caules, etc.) proveniente de plantas
cultivadas que:
c) Dessas espécies as mais aptas foram cultivadas em hortas perto das casas e em
consociação junto com as culturas arvenses, para auto-consumo (Apr. 200 espécies)
3. Importância
As hortícolas são de grande importância não só como alimento mas também como
produtos comerciais. As hortaliças podem fornecer uma parte significativa de minerais,
vitaminas e proteinas. Porém, tem que se ter em conta, que as espécies individuais diferem
muito nos valores nutricionais (tabela 1).
As hortaliças, especialmente, de folhas têm valores nutricionais elevadas, enquanto que
as hortaliças de frutos e de tubérculos contêm menos nutrientes, mas são importantes como
estimuladores de apetite devido ao sabor, aroma e cor atractiva. Especialmente na zona
tropical húmida, as hortícolas de folha são fontes importantes de proteinas, porque nesta
zona, as proteinas muitas vezes escasseiam na dieta alimentar.
A maior parte das proteinas no mundo encontram-se nas folhas. O rendimento anual de
uma cultura produtora de folhas, em termos de proteinas, é maior do que qualquer outro
sistema agrícola.
A enzima que cataliza a reacção de fixação do CO2, RuBP carboxilase, representa cerca
da metade da quantidade de proteina solúvel das folhas.
ANV (por 100 g de hortaliça) = proteinas (g) + fibras (g) + (Ca (mg))/100 + (Fe (mg))/2 +
caroteno (mg) + (Vit. C (mg))/40
Por várias razões, as hortícolas são de interesse económico. Onde existem boas
oportunidades de venda, as hortícolas são entre os produtos agrícolas mais rendáveis.
Horticultura para o mercado é feita em todo o mundo, usando instrumentos tradicionais ou
máquinas. São culturas intensivas, e precisa-se de muita experiência considerando
variedades aptas, datas de sementeira, métodos de cultivo, adubação, irrigação e controlo
fitossanitário. As cidades em crescimento do terceiro mundo apresentam um mercado grande
para a venda de hortaliças frescas a nível local. Os países industrializados mostram uma
necessidade crescente de importar hortaliças dos países em desenvolvimento, por causa de
altos custos da mão-de-obra e custos cada vez mais altos para a aquecimento das estufas.
Por causa do custo de transporte, época de produção e a possibilidade limitada de
transportar os vários tipos de hortaliças, as hortaliças desidratadas e também as enlatadas
são muitas vezes de maior interesse para a exportação do que as hortaliças frescas. Desta
maneira, a horticultura pode formar a base de industrias secundárias, que podem criar
empregos e gerar divisas.
Exercícios:
1. Calcula o ANV (por 100g) das hortaliças mencionadas na tabela 1.
2. Calcula o ANV das mesmas hortícolas calculada por m2, usando os dados na tabela 2.
3. Calcula o ANV das mesmas hortícolas calculada por m2, por dia, usando os dados na
tabela 2.
4. Calcula as quantidades das várias hortícolas que um homem adulto tem que consumir
diariamente para satisfazer as suas necessidades em:
a) Caroteno (Vit.A).
b) Vit.C.
c) Ferro.
(As necessidades diárias para um adulto são: 1,5 mg caroteno; 30 mg Vit.C; 9 mg ferro; 46 g
proteinas; 2530 Kcal. Fonte: Grubben,1977).
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Tabela 2. Rendimentos e ciclo de algumas hortícolas
4. Espécies
Exercicio:
1. Também se pode classificar as hortícolas como culturas anuais, bienais ou perenes? Dá
exemplos.
Família ALLIACEAE
Família AMARANTHACEAE
Família CHENOPODIACEAE
Família COMPOSITAE
Família CRUCIFERAE
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Família CUCURBITACEAE
Família GRAMINEAE
Família LEGUMINOSAE
Família LILIACEAE
Família MALVACEAE
Família SOLANACEAE
Família TETRAGONIACEAE
Família UMBELLIFERAE
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5. Produção
6. Ecofisiologia
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Tabela 4. Adaptação das culturas hortícolas a factores ambientais
#
Fonte: FAO, 1988.
@
Fonte: Rehm, Espig (+ temperaturas baixas; ++ temperaturas intermediarias; +++
temperaturas altas)
* - não tolerante (pH mínimo 6,0)
- tolerante (pH mínimo 5,5)
- muito tolerante (pH mínimo 5,0)
** Conductividade eléctrica (milimhos/cm, 25C) da água de irrigação, com perda de
rendimento esperada de 25%.
Na maioria das espécies hortícolas o fotoperíodo não joga um papel muito importante
no rendimento, com excepção da cebola e da batata reno. Porém, algumas espécies de
hortícolas são sensíveis ao fotoperíodo no processo de floração, que tem consequências
para a produção de sementes, (quais ?) (ver tabela 5). Muitas espécies exigem uma boa
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quantidade de luz solar para um bom desenvolvimento, enquanto que outras toleram sombra
e por isso podem ser cultivadas em consociação, por exemplo, com fruteiras (alface,
espinafres, feijão verde, pepino e rabanete).
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Tabela 6. Profundidade das raízes de algumas hortícolas
7. Cultivo
7.1. Sementeira
Muitas hortícolas têm sementes pequenas e por isso, costuma-se exprimir o peso da
semente na unidade de peso de mil sementes (PMS), em gramas, ao contrário, nas culturas
arvenses, costuma-se usar o peso de cem sementes (PCS), em gramas.
Nos países quentes recomenda-se a sementeira das espécies de semente pequena em
alfobres ou caixas em vez de semear directamente no lugar definitivo, porque a camada
superior do solo (1-2 cm) é altamente aquecida e seca rapidamente, por isso, a germinação
fica negativamente afectada. Com espécies que têm que ser semeadas directamente, como
a cenoura e a beterraba pode-se utilizar, por exemplo, uma cobertura morte de capim, para
que a superfície do solo fique suficientemente húmido e fresco durante vários dias. Também
pode-se usar equipamento de irrigação com micro aspersão e regar alguns minutos por dia
para obter uma boa germinação. Espécies de semente grande, como o quiabo, os feijões e a
abóbora, normalmente não têm problemas com a sementeira directa. Em períodos quentes e
secos recomenda-se uma irrigação completa do solo antes da sementeira, e uma sementeira
mais profunda do que a normal, logo depois da secagem da superfície do solo. Desta
maneira as sementas encontram humidade suficiente para germinar e as plântulas não vão
encontrar dificuldades em quebrar a superfície do solo que é poroso (fofo). Ao contrário,
quando se semeia menos profundo, uma segunda irrigação, pouco antes da germinação,
podia ser necessária e como consequência a camada superficial pode formar uma crosta.
Especialmente no caso de espécies com uma germinação epigeia as plântulas não
conseguem quebrar a crosta em muitos dos casos.
Quando se semeia em alfobres pode-se obter uma boa germinação com uma irrigação
diária e com as plântulas sombreadas, também para as espécies que se semeiam
superficialmente. Porém, é necessário que as plântulas recebam luz solar em pleno quanto
mais cedo possível, para fortalecer-lhes para o transplante. Em climas quentes o transplante
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é sempre um choque severo. Nos primeiros dias, as plântulas podem ser socorridas
cobrindo-as com capas de papel, ou ervas ou materiais semelhantes até as plantas terem o
sistema radicular bem fixo ao solo. A cultivação em blocos de solo, vasos pequenos de
germinação ou caixas é altamente recomendável porque dessa forma as raízes ficam dentro
do solo durante o transplante e o crescimento pode continuar sem interrupção. Há espécies
em que a única maneira de transplantar é o uso de recipientes, por exemplo, todos os tipos
de abóbora.
7.3. Compassos
9.1. Os reguladores
(Ver também a disciplina de Fisiologia Vegetal)
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Citoquininas: induzem a divisão celular e ajudam no fenómeno de mobilização nas
plantas. No processo de germinação de sementes de alface podem substituir a
necessidade de luz e na cultura de batata reno estão envolvidas na indução de
formação de tubérculos. As citoquininas participam na quebra da dominância
apical; quando em maior disponibilidade, promovem o desenvolvimento das
gemas laterais. As citoquininas promovem um retardamento na senescência foliar.
Na planta, as citoquininas são sintetizadas principalmente nas raízes e
transportadas, provavelmente pelo xilema, para outras partes da planta.
Uma citoquinina natural é a zeatina que foi obtida em grãos de milho.
Citoquininas sintéticas: cinetina, BA, PBA.
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9.2. Uso de reguladores de crescimento
a) Indução floral
As vezes as giberelinas (sobretudo GA3) são usadas para induzir a floração em culturas
que necessitam de vernalização ou/e plantas de reacção ao fotoperíodo de dias longos.
Exemplos de culturas hortícolas que precisam ser vernalizadas antes de florir são as couves,
a cenoura, o rabanete e a beterraba. A vernalização pode ser substituida por pulverizações
com giberelinas. Esse tratamento é só eficaz quando as plantas atingem um certo tamanho
mínimo.
Inibidores e retardadores, em baixas concentrações, às vezes são utilizadas para
estimular a floração através da inibição do crescimento do caule. O inibidor hidrazida maléica
pode ser utilizado na cultura do feijão nhemba para aumentar a produção de vagens através
do impedimento da dominância apical.
d) Partenocarpia
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e) Inibição do brotamento
g) Controlo de infestantes
Nos países quentes a armazenagem limitada das hortícolas ainda é um problema mais
sério do que nos países da zona temperada. Pode-se distinguir três tipos de danos causada
por altas temperaturas: desenvolvimento de bolores causado por fungo, perda rápida de
qualidade causada pela respiração e processos bioquímicos de catálise e murcha. As
hortícolas de folha, fonte de hortaliças mais valiosas sob o ponto de vista nutricional,
geralmente são mais susceptíveis a esses três problemas do que as hortícolas de raíz, bolbo
ou fruto. Pode-se tomar as seguintes precauções para reduzir o dano sem entrar em
soluções tecnologicas elevadas (p.e. refrigeração):
Perdas de transpiração podem ser reduzidas borrifando com áqua, ou, no caso de
hortaliças de raíz (cenoura e beterraba) cortar as folhas na altura da colheita e ainda podem
ser usados materiais de embalagem que impedem a evaporação (folhas de bananeira,
laminas de plástico).
A escolha correcta da cultivar joga um papel importante nos problemas de marketing.
No caso de uma fábrica de enlatamento, a fábrica normalmente fornece as sementes. Ao
contrário, no caso de um mercado para o consumo a fresco, cultivares inferiores com boas
características de armazenagem são muitas vezes mais aptas do que cultivares de alta
qualidade. Exemplos: tomate com casca espessa é mais apropriado para o transporte do que
tomate com casca fina; o feijão verde com fios na sutura têm uma camada subepidermica
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mais dura do que o feijão verde sem fios e consequentamente armazena-se melhor. Os
melhoradores têm tambêm que ter em conta estes aspectos.
Evidentemente, hortaliças com um bom aspecto vendem-se mais facílmente do que
hortaliças de boa qualidade.
FAO, (1988). Vegetable production under arid and semi-arid conditions in tropical Africa. FAO
Plant Production and Protection Paper 89. 434 pp.
Grubben, G.J.H., (1977). Tropical vegetables and their genetic resources. IBPGR, Roma. 197
pp.
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Mathai, P.J. (sem ano). Vegetable growing in Zambia. Zambia: Seed Company Limited. 204
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