Apostila Penal 2 Fase OAB CEISC
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OAB 2ª FASE
DIREITO PENAL
PROF. NIDAL
AHMAD
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DIREITO PENAL OAB
Prof. Nidal Ahmad 2ª Fase
ÍNDICE
01 AULA INTRODUTÓRIA.......................................................................................................4
02 DO FATO TÍPICO E CONDUTA............................................................................................9
03 DA RELAÇÃO DE CAUSALIDADE......................................................................................19
04 DO CRIME DOLOSO E CULPOSO......................................................................................25
05 DA CONSUMAÇÃO E TENTATIVA......................................................................................29
06 DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ............................................33
07 CRIME IMPOSSÍVEL.........................................................................................................36
08 ERRO DE TIPO..................................................................................................................38
09 DESCRIMINANTES PUTATIVAS.......................................................................................42
10 ERRO PROVOCADO POR TERCEIRO E ERRO DE TIPO ACIDENTAL.................................45
11 PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA (CRIME BAGATELA) E SÚMULA VINCULANTE Nº 24
STF...................................................................................................................................48
12 ESTADO DE NECESSIDADE..............................................................................................53
13 LEGÍTIMA DEFESA...........................................................................................................57
14 ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL E EXERCÍCIO REGULAR DO DIREITO........63
15 INIMPUTABILIDADE........................................................................................................66
16 FALTA DE POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE......................................................68
17 INEXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA.....................................................................72
18 DA DECADÊNCIA E PEREMPÇÃO......................................................................................75
19 DA RENÚNCIA E DO PERDÃO...........................................................................................79
20 PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA........................................................................82
20.1 PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA EM ABSTRATO........................................82
20.2 PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA RETROATIVA..........................................82
20.3 PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA INTERCORRENTE OU SUPERVENIENTE À
SENTENÇA CONDENATÓRIA............................................................................................83
21 PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA...................................................................85
22 CAUSAS SUSPENSIVAS E INTERRUPTIVAS DA PRESCRIÇÃO.........................................87
23 DA FIXAÇÃO DA PENA.....................................................................................................98
24 REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO DE PENA.............................................................105
25 PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS..............................................................................108
26 DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DA EXECUÇÃO DA PENA (SURSIS).............................111
27 CONCURSO DE PESSOAS...............................................................................................114
28 CONCURSO DE CRIMES.................................................................................................128
29 ERRO NA EXECUÇÃO (aberratio ictus) E RESULTADO DIVERSO DO PRETENDIDO
(aberratio criminis).......................................................................................................................134
30 CRIMES CONTRA A PESSOA...........................................................................................137
30.1 HOMICÍDIO...........................................................................................................137
30.2 INDUZIMENTO AO SUICÍDIO................................................................................140
30.3 INFANTICÍDIO.......................................................................................................142
30.4 ABORTO.................................................................................................................145
30.5 LESÃO CORPORAL.................................................................................................147
31 CRIMES CONTRA A HONRA...........................................................................................150
31.1 CALÚNIA................................................................................................................150
31.2 DIFAMAÇÃO...........................................................................................................150
31.3 INJÚRIA.................................................................................................................150
32 FURTO............................................................................................................................154
33 ROUBO...........................................................................................................................159
34 EXTORSÃO E EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO.........................................................164
34.1 EXTORSÃO.............................................................................................................164
34.2 EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO......................................................................166
35 DANO E APROPRIAÇÃO INDÉBITA................................................................................169
35.1 DANO.....................................................................................................................169
35.2 APROPRIAÇÃO INDÉBITA.....................................................................................171
36 ESTELIONATO E RECEPTAÇÃO.......................................................................................173
36.1 ESTELIONATO........................................................................................................173
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36.2 RECEPTAÇÃO.........................................................................................................175
37 ESCUSAS ABSOLUTÓRIAS.............................................................................................178
38 CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL.......................................................................181
38.1 ESTUPRO................................................................................................................181
38.2 ESTUPRO DE VULNERÁVEL....................................................................................183
38.3 AÇÃO PENAL..........................................................................................................185
39 PECULATO......................................................................................................................187
40 CONCUSSÃO E EXCESSO DE EXAÇÃO............................................................................190
40.1 CONCUSSÃO...........................................................................................................190
40.2 EXCESSO DE EXAÇÃO.............................................................................................191
41 CORRUPÇÃO PASSIVA...................................................................................................192
42 PREVARICAÇÃO.............................................................................................................194
43 CORRUPÇÃO ATIVA E DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA.......................................................195
43.1 CORRUPÇÃO ATIVA...............................................................................................195
43.2 DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA..................................................................................197
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01 AULA INTRODUTÓRIA
TEORIA DO CRIME
De acordo com o seu conceito analítico, o crime constitui um fato típico, antijurídico
(ilícito) e culpável.
FATO TÍPICO
CRIME
ILÍCITO CULPÁVEL
Nesse sentido, para fins de 2ª fase da OAB, focaremos o estudo nas causas
excludentes da tipicidade, ilicitude e culpabilidade, destacando, ainda, algumas causas de exclusão de
punibilidade.
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QUANTO À CONDUTA
MOVIMENTOS REFLEXOS
ESTADO DE INCONSCIÊNCIA
NEXO CAUSAL
CAUSAS RELATIVAMENTE INDEPENDENTES
CRIME IMPOSSÍVEL
DESCRIMINANTES PUTATIVAS
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
SÚMULA VINCULANTE 24
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ESTADO DE NECESSIDADE
LEGÍTIMA DEFESA
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INIMPUTABILIDADE
Dependência ou intoxicação involuntária decorrente de uso de drogas (art. 45 Lei 1
FALTA DE
POTENCIAL Erro de Proibição (art.
CONSCIÊNCIA DA21 CP)
ILICITUDE
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Art. 107 CP
Ressarcimento do dano antes do recebimento da denúncia no crime de estelionato mediante emissão de cheque sem
171, § 2º, VI – Súmula 554 STF)
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1) DA TIPICIDADE
CONDUTA
NEXO DE CAUSALIDADE
2.1) CONDUTA
A) CONCEITO
B) AUSÊNCIA DE CONDUTA
VONTADE é o querer ativo, apto a levar o ser humano a praticar um ato, livremente.
O ato voluntário deve ser espontâneo, isto é, proceder de uma tendência própria e interior à vontade; se
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não, é coagido e forçado.
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Ocorre(“vis
a) Coação física irresistível quando o sujeito pratica o movimento em consequência de força corporal
exercida sobre ele. Quem atua obrigado por uma força irresistível não age voluntariamente. Neste caso, o
agente é mero instrumento realizador da vontade do coator.
Assim, não havendo vontade, não há conduta. Não havendo conduta, não há fato
típico. Não havendo fato típico, não há crime. Logo, o fato praticado pelo coagido fisicamente é atípico. Não
responde por nenhum crime.
Portanto, existe o fato típico, pois a ação é juridicamente relevante, mas não se há
falar em culpabilidade, aplicando-se a regra do art. 22, 1ª parte (causa de exclusão da culpabilidade).
Em síntese:
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b) Movimentos
Os atos reflexos não dependem da vontade, uma vez que são reações motoras,
secretórias ou fisiológicas, produzidas pela excitação de órgãos do corpo humano.
c) Estados de Consciência “é o resultado da atividade das funções mentais. Não se trata de uma
faculdade do psiquismo humano, mas do resultado do funcionamento de todas elas”.
A doutrina tem catalogado como exemplos de estados de inconsciência a hipnose, o sonambulismo a narcolepsia.
Conduta
Hipnose
Narcolepsia
Ação ou Omissão
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Então, o crime consiste em o sujeito amoldar a sua conduta à descrição legal por
ter deixado de observar o mandamento proibitivo determinado pela norma. Ele não cumpre o dever de
agir contido implicitamente na norma incriminadora.
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco
Ex: Abandono
pessoal, à criança abandonada material
ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e
iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública:
Art.
Pena244. Deixar,desem
- detenção, um justa
a seiscausa,
meses,deouprover
multa.a subsistência do cônjuge, ou de
filho menor de 18 (dezoito) anos ou inapto para o trabalho, ou de
Parágrafo único - A pena é aumentada de metade,ascendente inválido
se da ou resulta
omissão maior de 60
lesão
(sessenta) anos, não lhes proporcionando os recursos necessários
corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte. ou faltando ao pagamento de pensão
alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada; deixar, sem justa causa, de socorrer descendente
ou ascendente, gravemente enfermo:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa, de uma a dez vezes o
maior salário mínimo vigente no País.
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DEVER DE AGIR
MANDAMENTAL
CRIME DE MERA CONDUTA
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De fato, para que alguém responda por crime comissivo por omissão é
preciso que tenha o dever jurídico de impedir o resultado, previsto no artigo 13, § 2º:
É um dever legal, decorrente de lei, aliás, o próprio texto legal o diz. Dever esse
que aparece numa série de situações, como, por exemplo, o dever de assistência que se devem
mutuamente os cônjuges, que devem os pais aos filhos, etc.
Ex: Art. 1.634. Compete aos pais, quanto à pessoa dos filhos menores:
I - dirigir-lhes a criação e educação;
II - tê-los em sua companhia e guarda;
III - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para casarem;
b) De outra forma, assumir a responsabilidade
IV - nomear-lhes de impedirouo documento
tutor por testamento resultado autêntico, se o outro dos
pais não lhe sobreviver, ou o sobrevivo não puder exercer o poder familiar;
V - representá-los, até aos dezesseis anos, nos atos da vida civil, e assisti-los,
após essa idade, nos atosAem que forem
doutrina nãopartes, suprindo-lhes
fala mais em dever o consentimento;
contratual, uma vez que a posição de
VI - reclamá-los de quem ilegalmente os detenha;
garantidor pode advir de situações emque
VII - exigir quelhes
nãoprestem
existe relação jurídica
obediência, entre easos
respeito partes. O importante
serviços é que
próprios de sua
o sujeito se coloque em posição idade de garante da não-ocorrência do resultado, haja contrato ou não,
como nas hipóteses em que voluntariamente assume encargo sem mandato ou função tutelar.
Ex: Art. 1.566. São deveres de ambos os cônjuges:
I - fidelidade recíproca;
II - vida em comum, no domicílio
conjugal; III - mútua assistência;
IV - sustento, guarda e educação dos filhos;
V - respeito e consideração mútuos.
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Ex:
- vizinha – filho
- médico de plantão
Nucci: Alguém joga outro na piscina, por ocasião de um trote acadêmico, sabendo que a vítima não sabe nadar. Fica obriga
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DEVER DE AGIR
NÃO HÁ NORMA ESPECÍFICA DESCREVENDO A OMISSÃO
+ RESPONDE PELO RESULTADO GERADO
IMPEDIR O RESULTADO
c) com seu
b) de outra forma, assumiu a
a) tenha por lei obrigação de comportament
o
responsabilidade de impediranterior,
o resultado
criou
cuidado, proteção ou vigilância o
risco da
ocorrência
do
resultado.
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Dever de Descre
agir ve
condu
Norma penal
específica
Crime de Mandamenta
CRIME mera l
OMISSIVO conduta
PRÓPRIO
Não admite
tentativa
Qualificador
Não responde a
pelo resultado
AÇÃO Majorante
CONDUTA
OMISSÃO
Não há
CRIME norma
específica
Dever de
OMISSIVO descrevend Art. 13, b)
agir
IMPRÓPRIO + §2º CP Garantid
impedir o a) Lei
Responde c)
pelo
resultado
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ABSOLUTAMENTE
CONCAUSA INDEPENDENTE
RELATIVAMENTE
DEPENDENTE
Teve origem na conduta
PREEXISTENTE
ABSOLUTAMENTE
CONCOMITANTE
PREEXISTENTE
RELATIVAMENTE CONCOMITANTE
SUPERVENIENTE
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Todavia, pode ocorrer que, aliada à conduta do agente, outra causa contribua para
o resultado. É a chamada concausa.
I) CONCEITO
Além disso, por serem independentes, tais causas atuam como se tivessem por si
sós produzido o resultado, situando-se fora da linha de desdobramento causal da conduta.
a) Preexistentes
Ex: “A” desfecha um tiro de revólver em “B”, que vem a falecer pouco depois, não em conseqüência dos ferimentos recebid
b) Concomitantes
São as causas que não têm nenhuma relação com a conduta e produzem o
resultado independentemente desta, no entanto, por coincidência, atuam exatamente no instante em que a
ação é realizada.
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Ex: “A” fere “B” no mesmo momento em que este vem a falecer exclusivamente
c)Supervenientes
Ex: “A” ministra veneno na alimentação de “B” que, quando está tomando a
refeição,
III) vem a falecer em
CONSEQUÊNCIAS consequência
DAS de um desabamentoINDEPENDENTES
CAUSAS ABSOLUTAMENTE ou posterior atropelamento.
é resolvido pelo caput do art. 13: Há exclusão da causalidade decorrente da conduta. Ou seja, o
agente responde somente por aquilo que deu causa.
Nos exemplos, a causa da morte não tem ligação alguma com o comportamento
do agente. Em face disso, ele não responde pelo resultado morte, mas sim pelos atos praticados antes de
sua produção. Isso porque ocorreu quebra do nexo causal.
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I) CONCEITO
Como são causas independentes, produzem por si sós o resultado, não se situando
dentro da linha de desdobramento causal da conduta. Por serem, no entanto, apenas relativamente
independentes, encontram sua origem na própria conduta praticada pelo agente.
Aqui não há, de regra, uma quebra do nexo causal, mas uma soma entre as
causas, que, ao final, conduzem ao resultado lesivo.
a)Preexistentes
Ex: “A” desfere um golpe de faca na vítima, que é hemofílica e vem a morrer em
face da conduta, somada à contribuição de seu peculiar estado fisiológico. No caso, o golpe isoladamente
b)Concomitantes
seria insuficiente para produzir o resultado fatal, de modo que a hemofilia atuou de forma independente,
São as causas que atuam exatamente no instante em que a ação é realizada.
produzindo por si só o resultado.
Ex: considera-se o ataque à vítima, por meio de faca, que, no exato momento da
agressão, sofre ataque cardíaco, vindo a falecer, apurando-se que a soma desses fatores (causas) produziu
a morte, já que a agressão e o ataque cardíaco, considerados isoladamente, não teriam o condão do
produzir o resultado morte.
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c)Supervenientes
Ex. A vítima de um atentado é levada ao hospital e sofre acidente no trajeto, vindo, por esse motivo, a falecer. A causa é in
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DOLO
PREVISÃO RESULTADO
EVENTUAL
ASSUME O RISCO
ACEITA RESULTADO
NEGLIGÊNCIA
MODALIDADES IMPRUDÊNCIA
IMPERÍCIA
CULPA
PREVISÃO RESULTADO
considera QUE O RESULTADO NÃO VAI OCORRER
CONSCIENTE
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I) ESPÉCIES DE DOLO
a) Dolo direto
No dolo direto o agente quer o resultado representado como fim de sua ação. A
vontade do agente é dirigida à realização do fato típico.
Ex: o agente desfere golpes de faca na vítima com intenção de matá-la. O dolo se
projeta
b) Dolo de forma direta no resultado morte.
eventual
O agente não quer o resultado, pois se assim fosse haveria dolo direto. Ele antevê
o resultado e age. A vontade não se dirige ao resultado (o agente não quer o evento, mas sim à conduta,
prevendo que esta pode produzir o resultado). Percebe que é possível causar o resultado e, não obstante,
realiza o comportamento. Entre desistir da conduta e causar o resultado, prefere que este se produza.
I) CONCEITO
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que, com um resultado suscetível de constituir o fato delituoso, não apresenta características do ‘cuidado a
observar-se nas relações com os demais’, é ação típica do crime culposo”.
a) Imprudência
B) Negligência
Ex. médico que deixa de tomar as cautelas devidas de assepsia em uma sala de cirurgia, demonstrando sua nítida inaptidão
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QUESTÃO 4 - 2010-03
Caio, professor do curso de segurança no trânsito, motorista extremamente qualificado, guiava seu
automóvel tendo Madalena, sua namorada, no banco do carona. Durante o trajeto, o casal começa a
discutir asperamente, o que faz com que Caio empreenda altíssima velocidade ao automóvel. Muito
assustada, Madalena pede insistentemente para Caio reduzir a marcha do veículo, pois àquela velocidade
não seria possível controlar o automóvel. Caio, entretanto, respondeu aos pedidos dizendo ser perito em
direção e refutando qualquer possibilidade de perder o controle do carro. Todavia, o automóvel atinge um
buraco e, em razão da velocidade empreendida, acaba se desgovernando, vindo a atropelar três pessoas
que estavam na calçada, vitimando-as fatalmente. Realizada perícia de local, que constatou o excesso de
velocidade, e ouvidos Caio e Madalena, que relataram à autoridade policial o diálogo travado entre o casal,
Caio foi denunciado pelo Ministério Público pela prática do crime de homicídio na modalidade de dolo
eventual, três vezes em concurso formal. Recebida a denúncia pelo magistrado da vara criminal vinculada
ao Tribunal do Júri da localidade e colhida a prova, o Ministério Público pugnou pela pronúncia de Caio, nos
exatos termos da inicial.
Na qualidade de advogado de Caio, chamado aos debates orais, responda aos itens a seguir, empregando
os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso.
a) Qual(is) argumento(s) poderia(m) ser deduzidos em favor de seu constituinte? (Valor: 0,4)
b) Qual pedido deveria ser realizado? (Valor: 0,3)
c) Caso Caio fosse pronunciado, qual recurso poderia ser interposto e a quem a peça de interposição
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05 DA CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
I) CONCEITO
Portanto, o Iter criminis é o conjunto de fases pelas quais passa o delito. É o caminho
do crime. Compõe-se das seguintes etapas:
a) COGITAÇÃO
b) ATOS PREPARATÓRIOS
c) EXECUÇÃO
d) CONSUMAÇÃO
a) Cogitação
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b) Atos preparatórios
a aquisição de arma para a prática de um homicídio ou a de uma chave falsa para o delito de furto; e o estudo do local ond
Ex. aquele que, desejando cometer uma falsidade, fabrica aparelho próprio para
isso, responde pelo crime do art. 291 (petrechos para falsificação de moeda). É punido não porque realizou
ato preparatório (a fabricação do instrumento) da falsidade futura, mas porque realizou a conduta descrita
no dispositivo citado.
c) Execução
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d) Consumação
I) CONCEITO
O legislador, no art. 14, II, estabelece essa divisão ao fazer referência ao início da
execução. Não obstante isso, a dúvida persiste, uma vez que o conteúdo de significado da mencionada
expressão gera sérias divergências ao ser aplicado concretamente.
Para esta teoria, exige-se a existência de uma ação que penetre na fase executória
do crime. Uma atividade que se dirija no sentido da realização de um tipo penal.
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Iniciada a execução de um crime, ela pode ser interrompida por dois motivos:
CRIME CULPOSO
CRIMES PRETERDOLOSOS
CONTRAVENÇÕES PENAIS
CRIMES UNISSUBSISTENTES
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA
ARREPENDIMENTO EFICAZ
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6.1) CONCEITO
O agente, nesse caso, já fez tudo o que podia para atingir o resultado, mas
resolve interferir para evitar a sua consumação.
Ex: se estava tentando matar “A”, esgota toda sua potencialidade lesiva e depois
6.2) CONSEQUÊNCIA
leva a vítima ao hospital, que, submetida a uma intervenção cirúrgica, acaba sobrevivendo, responderá
unicamente pelas lesões Diz a última
corporais parte do artigo 15 que, não obstante a desistência voluntária e o
causadas.
arrependimento eficaz, o agente responde pelos atos já praticados. Desta forma, retiram a tipicidade
dos atos somente com referência ao crime cuja execução o agente iniciou.
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QUESTÃO 2 - IX EXAME
Wilson, extremamente embriagado, discute com seu amigo Junior na calçada de um bar já vazio pelo
avançado da hora. A discussão torna-se acalorada e, com intenção de matar, Wilson desfere quinze facadas
em Junior, todas na altura do abdômen. Todavia, ao ver o amigo gritando de dor e esvaindo-se em
sangue, Wilson, desesperado, pega um taxi para levar Junior ao hospital. Lá chegando, o socorro é
eficiente e Junior consegue recuperar-se das graves lesões sofridas.
Analise o caso narrado e, com base apenas nas informações dadas, responda, fundamentadamente, aos
itens a seguir.
A) É cabível responsabilizar Wilson por tentativa de homicídio? (Valor: 0,65)
B) Caso Junior, mesmo tendo sido socorrido, não se recuperasse das lesões e viesse a falecer no dia
seguinte aos fatos, qual seria a responsabilidade jurídico-penal de Wilson? (Valor: 0,60)
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TENTATIVA
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E
ARREPENDIMENTO EFICAZ RESPONDE PELOS ATOS PRATICADOS
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CRIME IMPOSSÍVEL
FATO ATÍPICO
7.1) CONCEITO
Ocorre quando o meio empregado pelo agente, pela sua própria natureza, é
absolutamente incapaz de produzir o resultado.
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Ex: uma porção de açúcar é ineficaz para matar uma pessoa normal, mas apta a
eliminar um diabético.
Ocorre quando inexiste o objeto material sobre o qual deveria recair a conduta,
ou quando, pela sua situação ou condição, torna impossível a produção do resultado visado pelo agente.
Obs: a impropriedade
Ex: “A”, pensando quenão pode
seu ser relativa,
desafeto está apois nessedesfere
dormir, caso haverá tentativa.
punhaladas, vindo
a provar-se que já estavaHá
morto;
impropriedade relativa do objeto quando:
ataque:
QUESTÃO 3 – IX EXAME
Mário está sendo processado por tentativa de homicídio uma vez que injetou substância venenosa em
Luciano, com o objetivo de matá-lo. No curso do processo, uma amostra da referida substância foi
recolhida para análise e enviada ao Instituto de Criminalística, ficando comprovado que, pelas condições de
armazenamento e acondicionamento, a substância não fora hábil para produzir os efeitos a que estava
destinada. Mesmo assim, arguindo que o magistrado não estava adstrito ao laudo, o Ministério Público
pugnou pela pronúncia de Mário nos exatos termos da denúncia.
Com base apenas nos fatos apresentados, responda justificadamente.
A) O magistrado deveria pronunciar Mário, impronunciá-lo ou absolvê-lo sumariamente? (Valor: 0,65)
B) Caso Mário fosse pronunciado, qual seria o recurso cabível, o prazo de interposição e a quem deveria
ser endereçado? (Valor: 0,60)
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DOLO
CULPA
Invencível
Essencial
EXCLUSÃO DO DOLO
Vencível
ERRO DE TIPO
Erro do Objeto
art. 73 CP
Aberratio Criminis
art. 74, CP
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8.1) CONCEITO
Ex: No crime de homicídio temos os seguintes elementos: matar + alguém. O erro sobre qualquer desses elementos pode
OEx:
erro
Nodecrime
tipo sempre exclui
de lesão o dolo,
corporal seja invencível
seguida ou ovencível,
de aborto, podendo,
sujeito não no por
responde
entanto, dependendo
este crime do caso
se desconhecia o concreto,
estado delevar à punição
gravidez por crime
da vítima. culposo,
É que neste se previsto
caso em lei.
ele supõe inexistente uma
circunstância
8.2) ERRO DEdoTIPO
crime (o estado de gravidez da vítima), subsistindo o tipo fundamental doloso (lesão
ESSENCIAL
corporal leve).
É o erro que incide sobre as elementares e circunstâncias do tipo.
Daí no nome erro essencial: incide sobre situação de tal importância para o tipo
que, se o erro não existisse, o agente não teria cometido o crime, ou, pelo menos, não naquelas
circunstâncias.
A) INVENCÍVEL (OU Ocorre quando não pode ser evitado pela normal diligência . Qualquer pessoa,
empregando a diligência ordinária exigida pelo ordenamento jurídico, nas condições em que se viu o sujeito,
incidiria em erro.
Ex. o agente se embrenha em mata virgem e fechada, distante de qualquer centro urbano, com a intenção de caçar capiv
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O erro de tipo essencial invencível exclui o dolo e a culpa, pois o sujeito não
age dolosa ou culposamente.
Ex. Suponha-se que o agente vá caçar em mata próxima a zona urbana, onde
costumam passar pessoas, e efetua um disparo de arma de fogo contra um vulto pensando ser um animal,
atingindo, na verdade, uma pessoa que passava pelo local, matando-a. No caso, não obstante ter se
O erro de tipo essencial vencível exclui o dolo, mas não a culpa, desde que
verificado o erro de tipo, o erro, pelas circunstâncias, não era plenamente justificável, porquanto o agente
previsto em lei o crime culposo.
agiu com imprudência, sem o devido cuidado objetivo, devendo responder por homicídio culposo.
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QUESTÃO 1 - V EXAME
Antônio, pai de um jovem hipossuficiente preso em flagrante delito, recebe de um serventuário do Poder
Judiciário Estadual a informação de que Jorge, defensor público criminal com atribuição para representar o
seu filho, solicitara a quantia de dois mil reais para defendê-lo adequadamente. Indignado, Antônio, sem
averiguar a fundo a informação, mas confiando na palavra do serventuário, escreve um texto reproduzindo
a acusação e o entrega ao juiz titular da vara criminal em que Jorge funciona como defensor público. Ao
tomar conhecimento do ocorrido, Jorge apresenta uma gravação em vídeo da entrevista que fizera com o
filho de Antônio, na qual fica evidenciado que jamais solicitara qualquer quantia para defendê-lo, e
representa criminalmente pelo fato. O Ministério Público oferece denúncia perante o Juizado Especial
Criminal, atribuindo a Antônio o cometimento do crime de calúnia, praticado contra funcionário público em
razão de suas funções, nada mencionando acerca dos benefícios previstos na Lei 9.099/95. Designada
Audiência de Instrução e Julgamento, recebida a denúncia, ouvidas as testemunhas, interrogado o réu e
apresentadas as alegações orais pelo Ministério Público, na qual pugnou pela condenação na forma da
inicial, o magistrado concede a palavra a Vossa Senhoria para apresentar alegações finais orais.
Em relação à situação acima, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos
apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso.
a) O Juizado Especial Criminal é competente para apreciar o fato em tela? (Valor: 0,30)
b) Antônio faz jus a algum benefício da Lei 9.099/95? Em caso afirmativo, qual(is)? (Valor: 0,30)
c) Antônio praticou crime? Em caso afirmativo, qual? Em caso negativo, por que razão? (Valor: 0,65)
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9.1) CONCEITO
Logo, é possível que o sujeito, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias
do caso concreto, suponha encontrar-se em estado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento do
dever legal ou em exercício regular do direito. Quando isso ocorre, aplica-se o disposto no art. 20, § 1º, 1ª
parte.
9.2) ESPÉCIES
a) LEGÍTIMA DEFESA
b) ESTADO DE NECESSIDADE
Os efeitos são os mesmos do erro de tipo, já que a descriminante putativa por erro
de tipo não é outra coisa senão erro de tipo essencial incidente sobre tipo permissivo.
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Assim, se o erro for vencível, o agente responde por crime culposo, já que o
dolo será excluído, da mesma forma como sucede com o erro de tipo propriamente dito; se o erro for
inevitável, excluir-se-ão o dolo e a culpa e não haverá crime.
O agente tem perfeita noção de tudo o que está ocorrendo. Não há qualquer
engano acerca da realidade. Não há erro sobre a situação de fato. Ele supõe que está diante da causa que
exclui o crime, porque avalia equivocadamente a norma: pensa que esta permite, quando, na verdade, ela
proíbe; imagina que age certo, quando está errado; supõe que o injusto é justo.
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O dolo não pode ser excluído, porque o engano incide sobre a culpabilidade e não
sobre a conduta (por isso, erro de proibição). Se o erro for inevitável, o agente terá cometido um crime
doloso, mas não responderá por ele; se evitável, responderá pelo crime doloso com pena diminuída de 1/6
a 1/3.
ERRO
EVITÁVEL
CRIME DOLOSOResponderá com pena diminuída de 1/6 a 1/3
9.3) CONSEQUÊNCIAS
Se vencível, fica excluído o dolo, podendo o sujeito responder por crime culposo.
(matar o vigia pensando ser o ladrão).
Existe o erro provocado quando o sujeito a ele é induzido por conduta de terceiro.
A provocação pode ser dolosa ou culposa.
Responde pelo crime a título de dolo ou culpa, de acordo com o elemento subjetivo
A posição do terceiro provocador é a
do induzimento.
a) Tratando-se de erro invencível, não responde pelo crime cometido, quer a título
A posição do provocado é a seguinte:
de dolo, quer de culpa.
Agente provocado pratica uma conduta por causa de um terceiro que o provoca. O agente provocado que
Erro
provocado por
terceiro
Terceiro
provocador Ex: Agente provocador entrega veneno no copo para o agente provocado dar à
Provocado
(autoria mediata)
Terceiro
provocador
responde pelo Segue nas regras
crime à título do erro de tipo
de dolo ou
culpa
Se for vencível,
Se for invencível, o exclui-se o dolo e o
sujeito não responde sujeito responde por
pelo crime, seja a culpa, se houver
título de dolo ou previsão na
culpa modalidade culposa
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Nos termos do art. 20, § 3º, 2ª parte, reza o seguinte: “Não se consideram, neste
caso” (erro sobre pessoa), “as condições ou qualidades da vítima, senão as de pessoa contra quem o agente
queria praticar o crime”. Significa que no tocante ao crime cometido pelo sujeito não devem ser
considerados os dados subjetivos da vítima efetiva, mas sim esses dados em relação à vítima virtual
(que o agente pretendia ofender).
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Exs:
O agente pretende cometer homicídio contra Pedro. Coloca-se de atalaia e, pressentindo a aproximação de um vulto e sup
o agente pretende praticar um homicídio contra o próprio irmão. Põe-se de emboscada e, percebendo a aproximação de u
SUJEITO ERRA A IDENTIDADE DA PESSOA. ATINGE UMA PESSOA SUPONDO TRATAR- SE DE OUTRA A QUEM PRETENDIA OFENDE
SUJEITO ERRA O OBJETO O QUAL PRETENDE ATINGIR. RESPONDE PELO CRIME.
Ex: sujeito quer matar o pai e acaba atingindo terceira pessoa; mãe, sob influência do estado puerperal, mata outra criança que não é o
Ex: furto de bijuteria pensando ser de ouro; furto de farinha pensando ser açucar
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Muitas vezes, condutas que coincidem com o tipo, do ponto de vista formal, não
apresentam a menor relevância material. São condutas de pouco ou escasso significado lesivo, de forma
que, nesses casos, tem aplicação o princípio da insignificância, pelo qual se permite excluir, de pronto, a
tipicidade formal, porque, na realidade, o bem jurídico chegou a ser agravado e, portanto, não há injusto a
ser desconsiderado.
Ex: furto de produtos de higiene pessoal avaliados em R$ 2,65. Tentar subtrair uma caixinha de ovos. Subtrair apenas uma
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QUESTÃO 4 – XI EXAME
O Ministério Público ofereceu denúncia contra Lucile, imputando-lhe a prática da conduta descrita no Art.
155, caput, do CP. Narrou, a inicial acusatória, que no dia 18/10/2012 Lucile subtraiu, sem violência ou
grave ameaça, de um grande estabelecimento comercial do ramo de venda de alimentos, dois litros de leite
e uma sacola de verduras, o que totalizou a quantia de R$10,00 (dez reais). Todas as exigências legais
foram satisfeitas: a denúncia foi recebida, foi oferecida suspensão condicional do processo e foi
apresentada resposta à acusação.
O magistrado, entretanto, após convencer-se pelas razões invocadas na referida resposta à acusação,
entende que a fato é atípico.
Nesse sentido, tendo como base apenas as informações contidas no enunciado, responda,
justificadamente, aos itens a seguir.
A) O que o magistrado deve fazer? Após indicar a solução, dê o correto fundamento
legal. (Valor: 0,65)
B) Qual é o elemento ausente que justifica a alegada atipicidade? (Valor: 0,60)
Utilize os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao
caso. A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não pontua.
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SÚMULA VINCULANTE Nº 24
SÚMULA VINCULANTE Nº 24
APÓS ANTES do
lançamento do tributo lançamento do tributo
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QUESTÃO 3 – XV EXAME
A Receita Federal identificou que Raquel possivelmente sonegou Imposto sobre a Renda, causando prejuízo ao
erário no valor de R$27.000,00 (vinte e sete mil reais). Foi instaurado, então, procedimento administrativo,
não havendo, até o presente momento, lançamento definitivo do crédito tributário. Ao mesmo tempo, a
Receita Federal expediu ofício informando tais fatos ao Ministério Público Federal, que, considerando a
autonomia das instâncias, ofereceu denúncia em face de Raquel pela prática do crime previsto no Art. 1º,
inciso I, da Lei nº 8.137/90.
Assustada com a ratificação do recebimento da denúncia após a apresentação de resposta à acusação pela
Defensoria Pública, Raquel o procura para, na condição de advogado, tomar as medidas cabíveis.
Diante disso, responda aos itens a seguir.
A) Qual a medida jurídica a ser adotada de imediato para impedir o prosseguimento da ação penal? (Valor:
0,60)
B) Qual a principal tese jurídica a ser apresentada? (Valor: 0,65)
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a) Estado de necessidade;
b) legítima defesa;
c) estrito cumprimento do dever legal
d) exercício regular de direito.
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I) CONCEITO
Tem como fundamento um estado de perigo para certo interesse jurídico, que
somente pode ser resguardado mediante a lesão de outro.
a) Situação de perigo
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Ex: Tício mora no 3º andar de prédio de sua propriedade. Com ele reside colega
de escritório.
d) inexistênciaComde
a dever
intenção de receber
legal seguro,o Tício ateia fogo no edifício. O incêndio, porém, assume
de enfrentar
rapidamente proporções inesperadas e bloqueia praticamente todas as saídas. Tício, neste momento,
Determina o art. 24, § 1º, que “Não pode alegar estado de necessidade quem
percebendo que o colega usa uma corda para descer pela janela mata o companheiro para pegar a corda e
tinha o dever legal de enfrentar o perigo”. Assim, é indispensável que o sujeito não tenha, em face das
salvar-se. O homicídio do companheiro de escritório não encontra no estado de necessidade causa de
circunstâncias em que se conduz, o dever imposto por lei, de sofrer o risco de sacrificar o próprio interesse
justificação, uma vez que Tício criara o perigo que ensejou a situação aflitiva.
jurídico.
Sempre que a lei impuser ao agente o dever de enfrentar o perigo, deve ele tentar
salvar o bem ameaçado sem destruir qualquer outro, mesmo que para isso tenha de correr os riscos
inerentes
à sua função.
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e) inevitabilidade do comportamento
Significa que o agente não tem outro meio de evitar o perigo ao bem jurídico
próprio ou de terceiro que não praticar o fato necessitado. É inevitável a realização do comportamento lesivo
em face da inevitabilidade do perigo de forma diversa.
Se o perigo pode ser afastado por uma conduta menos lesiva, a prática do
comportamento mais lesivo não configura a excludente.
Ex. alguém se vê atacado por um cachorro feroz, embora possa se salvar fechando um portão, mata o cão. Não pode alega
Não há estado de necessidade quando o sujeito não tem conhecimento de que age
para salvar um interesse próprio ou de terceiro.
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Significa que, embora reconheça que o sujeito estava obrigado a uma conduta
diferente, pelo que não há estado de necessidade e deve responder pelo crime, o juiz deve reduzir a pena.
IV) EXCESSO
danos materiais produzidos em propriedade alheia para extinguir um incêndio e salvar pessoas.
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13.1) CONCEITO
É uma causa de exclusão da ilicitude que consiste em repelir injusta agressão, atual
ou iminente, a direito próprio ou alheio, usando moderadamente dos meios necessários.
13.2) REQUISITOS
Só as pessoas humanas, portanto, praticam agressões. O ataque de animais não enseja a legítima defesa, mas sim estad
Agora, se o agente instiga um cão feroz a atacar a vítima, é permitida a legítima defesa, pois a conduta se trata de uma agr
* Agressão injusta:
Ponto de partida para análise dos requisitos da legítima defesa será a existência de
uma agressão injusta, que legitimará a pronta reação. Somente após constatada a injustiça da agressão
passar-se-á à análise de sua atualidade ou iminência, uma vez que não terá a menor importância a constatação
deste último requisito se se tratar de agressão justa, isto é, legítima. Injusta será a agressão que não estiver
protegida por uma norma jurídica, isto é, não for autorizada pelo ordenamento jurídico.
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Iminente é a que está prestes a ocorrer. Nesse caso, a lesão ainda não começou
a ser produzida, mas deve iniciar a qualquer tempo. Admite-se a repulsa desde logo, pois ninguém está
obrigado a esperar até que seja atingido por um golpe.
b.1) legítima defesa própria: ocorre quando o autor da repulsa é o próprio titular do bem jurídico atacado ou ameaçado.
b.2) legítima defesa de terceiro: ocorre quando a repulsa visa a defender interesse de terceiro.
Qualquer bem jurídico pode ser protegido através da ofensa legítima, não se
fazendo distinção entre bens pessoais ou impessoais (vida, incolumidade pessoal, honra, pudor, liberdade,
patrimônio, tranquilidade doméstica, etc.).
Ex: alguém bate no suicida para impedir que ponha fim à própria vida.
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Ex: se o sujeito tem um pedaço de pau a seu alcance e com ele pode
tranquilamente conter a agressão, o emprego de arma de fogo revela-se desnecessário.
d) moderação na repulsa
É o emprego dos meios necessários dentro do limite do razoável para conter a
agressão. É a razoável proporção entre a defesa empreendida e o ataque sofrido, que merece ser apreciada
no caso concreto, de modo relativo, consistindo na “medida dos meios necessários”.
Encontrado o meio necessário para repelir a injusta agressão, o sujeito deve agir
com moderação, isto é, não empregar o meio além do que é preciso para evitar a lesão do bem jurídico ou
de terceiro. Caso contrário, desaparecerá a legítima defesa ou aparecerá o excesso.
Aquele que se defende tem de conhecer a agressão atual e ter vontade de defesa.
A falta dos requisitos de ordem subjetiva leva à ilicitude da repulsa (fica excluída a legítima defesa).
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a) Excesso doloso
Ex: aquele que mata quando bastava tão-somente a lesão responde por homicídio
doloso.
b) excesso culposo
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ATUAL
AGRESSÃO INJUSTA
IMINENTE
PRÓPRIO
AGRESSÃO A DIREITO
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QUESTÃO 2 VI OAB
Hugo é inimigo de longa data de José e há muitos anos deseja matá-lo. Para conseguir seu intento, Hugo
induz o próprio José a matar Luiz, afirmando falsamente que Luiz estava se insinuando para a esposa de
José. Ocorre que Hugo sabia que Luiz é pessoa de pouca paciência e que sempre anda armado. Cego de
ódio, José espera Luiz sair do trabalho e, ao vê-lo, corre em direção dele com um facão em punho,
mirando na altura da cabeça. Luiz, assustado e sem saber o motivo daquela injusta agressão, rapidamente
saca sua arma e atira justamente no coração de José, que morre instantaneamente. Instaurado inquérito
policial para apurar as circunstâncias da morte de José, ao final das investigações, o Ministério Público
formou sua opinio no seguinte sentido: Luiz deve responder pelo excesso doloso em sua conduta, ou seja,
deve responder por homicídio doloso; Hugo por sua vez, deve responder como partícipe de tal homicídio. A
denúncia foi oferecida e recebida.
Considerando que você é o advogado de Hugo e Luiz, responda:
a) Qual peça deverá ser oferecida, em que prazo e endereçada a quem? (Valor: 0,3)
b) Qual a tese defensiva aplicável a Luiz? (Valor: 0,5)
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A) CONCEITO
O fundamento reside no fato de que não há crime quando o agente pratica o fato
no “estrito cumprimento de dever legal”. Quem cumpre um dever legal dentro dos limites impostos pela lei
obviamente não pode estar praticando ao mesmo tempo um ilícito penal, a não ser que aja fora daqueles
limites.
Quem pratica uma ação em cumprimento de um dever imposto por lei não comete
crime. Ocorrem situação em que a lei impõe determinada conduta e, em face da qual, embora típica, não
será ilícita, ainda que cause lesão a um bem juridicamente tutelado.
Ex: o policial que prende o agente em flagrante ou cumprindo mandado de prisão, embora atinja o seu direito de liberdade
B) ALCANCE DA EXCLUDENTE
Esta excludente dirige-se aos funcionários ou agentes públicos que agem por ordem
da lei.
Não fica excluído, contudo, o particular que exerce função pública (jurado, mesária
da Justiça Eleitoral, etc).
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A) CONCEITO
O exercício de um direito, desde que regular, não pode ser, ao mesmo tempo,
proibido pelo direito.
Regular será o exercício que se contiver nos limites objetivos e subjetivos, formais
e materiais impostos pelos próprios fins do Direito. Fora desses limites, haverá o abuso de direito e estará,
portanto, excluída essa causa de justificação.
Deve-se ter, no entanto, presente que a ninguém é permitido fazer justiça pelas
próprias mãos, salvo quando a lei permite (art. 345 CP).
B) ALCANCE
A CF reza que ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa
senão em virtude de lei (art. 5º, II, CF). Disso resulta que se exclui a ilicitude nas hipóteses em que o
sujeito está autorizado a esse comportamento. Ex: prisão em flagrante por particular.
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c
a) Potencial
b) A imputabilidade do sujeito;
consciência da ilicitude;
EXCLUDENTES DE CULPABILIDADE
art. 21, CP
art. 26, CP
art. 22, CP
Embriaguez completa e acidental
ERRO DE PROIBIÇÃO
Obediência Hierárquica
art. 28, § 1º, CP
art. 22, CP
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15 INIMPUTABILIDADE
Para que seja considerado inimputável não basta que o agente seja portador de
“doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado”. É necessário que, em consequência
desses estados, seja “inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
acordo com esse entendimento” (no momento da conduta).
Nos casos do parágrafo único do art. 26, ingressam as doenças mentais que
não retiram do sujeito a capacidade intelectiva ou volitiva, MAS DIMINUEM essa capacidade, e
outras anormalidades psíquicas que, diminuindo o entendimento e a vontade, não constituem doenças
mentais.
I) CONCEITO
Neste caso, o sujeito não responde pelo crime, em face da ausência de culpabilidade.
A sentença é absolutória.
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pena atenuada, desde que haja redução de sua capacidade intelectiva ou volitiva. A sentença é
condenatória. Aplica-se o disposto no art. 28, § 2º.
DOENÇA MENTAL
art. 26, CP
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INIMPUTABILIDADE
MENORIDADE PENAL
art. 27, CP
DOENÇA MENTAL
Internação
Trat. ambulatorial
Completa
Acidental
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I) CONCEITO
A) ESCUSÁVEL OU
Quando o erro sobre a ilicitude do fato é impossível de ser evitado, valendo-
se o ser humano da sua diligência ordinária, trata-se de uma hipótese de exclusão da culpabilidade.
Ex. um jornal de grande circulação, por engano, divulga que o novo CP foi aprovado, trazendo como excludente de ilicitude
B) INESCUSÁVEL OU
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ERRO DE
PROIBIÇÃO
ESCUSÁVEL
Redução de
Isenção de pena ou INESCUSÁVEL
pena de
INEVITÁVEL 1/6 a 1/3
ou EVITÁVEL
Erro é
impossível de Erro poderia
ser evitado ser evitado
No erro de tipo essencial, previsto no artigo 20 do CP, o agente erra sobre um dos
elementos constitutivos do tipo (que nada mais são do que as expressões que integram o artigo que define
o crime.
Ex: Art. 121 matar alguém: essas duas expressões são elementos que constituem o tipo penal que define o delito de homic
Ex: rapaz mantém conjunção carnal com menina menor de 14 anos de idade, supondo ser ela maior de idade. Errou sobre
Aqui o agente age mediante uma falsa percepção da realidade. Ou seja, nas
circunstâncias do caso concreto, ele não sabe o que faz. Se soubesse, não incorreria no erro, porque tem
ciência da ilicitude da conduta.
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Ex: Holandês, em visita ao Brasil, porta substância entorpecente para consumo pessoal (sabe o que faz....), supondo s
sobre a ilicitude do fato).
a) Agente que porta arma de fogo verdadeira, supondo ser de brinquedo (eis a
falsa percepção da realidade). Há erro de tipo, mais especificamente em relação ao elemento “arma de
fogo”, que constitui o tipo penal que define o delito de porte ilegal de arma de fogo, previsto no artigo 14 da
Lei nº 10.826/2003. O agente não sabe o que faz (portar arma de fogo verdadeira, pois supõe ser de
brinquedo). Se soubesse, não incorreria em erro, porque sabe ou deveria saber que se trata de conduta
ilícita.
Se o erro de tipo for invencível, exclui-se o dolo e a culpa e o fato será atípico; se
o erro de tipo for vencível, exclui-se o dolo e o sujeito responde pelo delito na modalidade culposa, se tiver
previsão legal, conforme prevê o artigo 20 do CP. Como, no caso, não existe delito de porte ilegal de arma
de fogo na modalidade culposa, o fato será atípico.
b) Cidadão americano, em visita ao Brasil, porta uma arma de fogo, supondo ser
conduta lícita, já que nos Estados Unidos, especificamente na região em que reside, tal conduta é permitida.
Trata-se de erro de proibição, uma vez que o agente sabe exatamente o que está fazendo (portar arma de
fogo verdadeira), mas supõe que sua conduta é permitida pelo direito, quando, na verdade, é ilícita. Se o
erro de proibição for inevitável, haverá isenção de pena e, por consequência, exclusão da culpabilidade; se
for evitável, o agente responde pelo delito previsto no artigo 14 da Lei nº 10.826/2003, com redução da
pena de 1/6 a 1/3, nos termos do artigo 21 do Código Penal.
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ERRO DE TIPO
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RRO FOR INEVITÁVEL, HÁ ISENÇÃO DE PENA
1/3
DIREITO PENAL
SE ERRO FOR EVITÁVEL, HÁ REDUÇÃO DA PENA DE 1/6 A OAB
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Quando o sujeito pratica o fato sob coação física irresistível, não praticará
crime por ausência de conduta, aplicando-se o disposto no art. 13, “caput”, do CP. Trata-se de causa
excludente da tipicidade.
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art. 22, CP
INEXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA
Obediência Hierárquica
art. 22, CP
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4) EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE
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A decadência pode ocorrer por conta da perda do prazo para representação nos
casos de ação penal pública condicionada à representação ou para o oferecimento da queixa-crime nos
casos de ação penal privada.
18.1) DA AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA - Art. 100, § 1º, segunda parte
I) CONCEITO
É aquela cujo exercício se subordina a uma condição. Essa condição tanto pode ser
a manifestação de vontade do ofendido ou de ser representante legal (representação), como também a
requisição do Ministro da Justiça. É o que dispõe o art. 100, § 1º, do CP.
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O prazo flui para o representante legal a partir do momento que ele veio a saber
quem é o autor do ilícito penal. Quando a vítima é menor de 18 anos, portanto, o prazo para representar ou
ingressar com queixa-crime corre somente para o representante legal.
A peça inicial da ação penal privada é a queixa, que não se confunde com a notitia
criminis ou com o requerimento de instauração de inquérito policial.
II) TITULAR
São o ofendido ou seu representante legal (art. 100, § 2º). Na técnica do CP, o
autor denomina-se querelante e o réu, querelado.
Sendo o ofendido menor de 18 anos, o direito de queixa pode ser exercido pelo
seu representante legal. Se não tiver representante legal, o juiz deverá nomear um curador especial para o
fim de oferecer a queixa.
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PRAZO DECADENCIAL
Artigo 10 CP
18.3) AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA – Art. 103, “caput”, parte final e § 3º,
do CP
A ação penal privada subsidiária é proposta nos crimes de ação pública, condicionada
ou incondicionada, quando o MP deixar de fazê-lo no prazo legal. É a única exceção prevista na própria CF à
regra da titularidade exclusiva do MP sobre a ação penal pública.
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6 meses
Não tem cabimento nos casos de arquivamento do inquérito policial ou das peças
de informação e quando o Promotor Público requer, tratando-se de indiciado solto, a devolução dos autos à
autoridade policial no sentido de realização de diligencias imprescindíveis para o oferecimento da denúncia.
INCONDICIONADA
(Denúncia)
PÚBLICA
CONDICIONADA
(Denúncia+Representação)
AÇÃO PENAL
Exclusiva
PRIVADA
(Queixa-crime)
Personalíssima
Art. 236, do CP
Subsidiária da Pública
Art. 29 e 30, do CP
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19 DA RENÚNCIA E DO PERDÃO
19.1) DA RENÚNCIA
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O perdão pode ser concedido por procurador com poderes especiais (arts. 50 e 56
do CPP).
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ESSA: DECLARAÇÃO ASSINADA PELO OFENDIDO, REPRESENTANTE LEGAL OU PROCURADOR COM PODERES ESPECIAIS
SÓ EXISTE NA AÇÃO PENAL EXCLUSIVAMENTE PRIVADA
TÁCITA: PRÁTICA DE ATO INCOMPATÍVEL COM A VONTADE DO OFENDIDO DE INICIAR A AÇÃO PENAL PRIVADA
APÓS TRÂNSITO EM
JULGADO DA SENTENÇA CONDENATÓRIA NÃO É
MAIS ADMISSÍVEL
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DA PRESCRIÇÃO (IMPORTANTÍSSIMO)
A prescrição penal é a perda da pretensão punitiva ou executória do Estado pelo
decurso do tempo sem o seu exercício.
Ex., Suponha-se que um sujeito cometa um crime de lesão corporal leve (pena
de 03 meses a 01 ano), Ex. nãocalúnia
se descobrindo
(art. 138).a Máximo
autoria. da
Se pena
o Estado, dentro
abstrata: 02 de 04 Prazo
anos. anos, prescricional
não exercer dao
direito de punitiva:
pretensão punir, opera-se
04 anosa(art.
extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva. Aplica-se o
109, V).
No CONCURSO DE CRIMES (concurso material, formal e continuado), a prescrição
disposto no art. 109.
atinge a pretensão punitiva em relação a CADA INFRAÇÃO CONSIDERADA ISOLADAMENTE (art. 119).
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§ 2º - A prescrição, de que trata o parágrafo anterior, pode ter por termo inicial
data anterior à do recebimento da denúncia ou da queixa. (Redação dada pela Lei
nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 1o A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado para a
acusação ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada, não
podendo, em nenhuma hipótese, ter por termo inicial data anterior à da denúncia
ou queixa. (Redação dada pela Lei nº 12.234, de 2010).
§ 2o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 12.234, de 2010). (Revogado pela Lei
nº 12.234, de 2010).
Nos termos do §1º do art. 110, a prescrição depois da sentença condenatória com
trânsito em julgado para a acusação, ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada. Por
seu turno, rezava o § 2º, que a prescrição, de que trata o parágrafo anterior, poderia ter por TERMO
INICIAL DATA ANTERIOR À DO RECEBIMENTO DA DENÚNCIA OU QUEIXA. Precisamente, a instituição da
prescrição retroativa estava no último parágrafo.
Ocorre, contudo, que, com a edição da Lei nº 12.234/2010, que alterou a redação
do artigo 110 do CP, a prescrição da pretensão punitiva retroativa não mais subsiste, vigorando, portanto,
somente aos fatos praticados antes da alteração, em face do princípio da irretroatividade da lei mais
severa.
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Como visto, nos termos do que dispõe o art. 109, caput, do CP, a prescrição da
pretensão punitiva, salvo a exceção do § 1º do art. 110, é regulada pelo máximo da sanção privativa de
liberdade.
Há, porém, no art. 110, § 1º, uma primeira exceção: caso em que, não obstante
TRATAR-SE DE PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA, TRANSITANDO EM JULGADO a sentença
condenatória para a ACUSAÇÃO, ou SENDO IMPROVIDO o seu recurso, a partir da sua publicação
começa a correr prazo prescricional regulado pela PENA CONCRETA.
tempo já houver sido proposta a ação penal.(Redação dada pela Lei nº 12.650, de 2012)
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A) CONCEITO
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condição, entretanto, na contagem do prazo leva-se em conta a data em que transitou em julgado
para a acusação.
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Nos termos do art. 116, I, a prescrição não corre enquanto não resolvida, EM
OUTRO PROCESSO, questão de que depende o reconhecimento da existência do crime (questão prejudicial,
tratada nos arts. 92 a 94 do CPP).
A incidência das causas do art. 117, salvo a do inciso V, faz com que seja extinto o
prazo decorrido antes da interrupção, recomeçando a correr a prescrição por inteiro (§ 2º).
II - PELA PRONÚNCIA
A pronúncia também interrompe a prescrição (art. 117, II). A decisão do juiz tem
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força de interromper a prescrição, ainda que o réu venha a ser absolvido no Júri.
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VI - PELA REINCIDÊNCIA.
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+ de 08 anos
05
04 PPPA 10
2000 05
2008
+ de 08 anos
05 06 PPPA 08
04 03 05
2000 2002 2010
RECOMEÇA
CONTAGEM
05 06 05
04 06
03 04
2000 03
2002 2006
2010
+ de 08 anos
RECOMEÇA CONTAGEM
89 PPPA
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PRESCRIÇÃO PRETENSÃO PUNITIVA EM CONCRETO RETROATIVA
ANTES 05/05/10 OK.
Sentença condenatória
Não PPPA
Transitou em julgado MP (Não pode reformatio in pejus)
Pena aplicada (DADO CONCRETO)Novo parâmetro para calcular prescrição.
05 06 07 TJMP
04 05 08
(MP não recorreu)
PPPR
05 06 07 TJMP
04 05 08
(MP não recorreu)
90
PPPR
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SUPERVENIENTE
05 06 07 TJMP 07
04 05 08 (MP não recorreu) 08
2000 2002 2004 2008
+ de 04 anos
PPPS
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PRESCRIÇÃO PRETENSÃO EXECUTÓRIA
TJMP TJSPC
05
06 07 15 10 15
04
2000 05 08 08 09 08
2002 2004 2004 2006 2008
+ de 04 anos
PPE
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QUESTÃO 4 – XV EXAME
No dia 06/07/2010, Júlia, nascida em 06/04/1991, aproveitando-se de um momento de distração de
Ricardo, subtraiu-lhe a carteira. Após recebimento da denúncia, em 11/08/2011, e regular processamento
do feito, Júlia foi condenada a uma pena privativa de liberdade de 01 ano de reclusão, em sentença
publicada em 08/10/2014. Nem o Ministério Público nem a defesa de Júlia interpuseram recurso, tendo o
feito transitado em julgado em 22/10/2014.
Sobre esses fatos, responda aos itens a seguir.
A) Diante do trânsito em julgado, qual a tese defensiva a ser alegada em favor de Júlia para impedir
o cumprimento da pena? (Valor: 0,75)
B) Quais as consequências do acolhimento da tese defensiva? (Valor: 0,50)
O examinando deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere
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V EXAME DA OAB
Em 10 de janeiro de 2007, Eliete foi denunciada pelo Ministério Público pela prática do crime de furto
qualificado por abuso de confiança, haja vista ter alegado o Parquet que a denunciada havia se valido da
qualidade de empregada doméstica para subtrair, em 20 de dezembro de 2006, a quantia de R$ 50,00 de
seu patrão Cláudio, presidente da maior empresa do Brasil no segmento de venda de alimentos no varejo. A
denúncia foi recebida em 12 de janeiro de 2007, e, após a instrução criminal, foi proferida, em 10 de
dezembro de 2009, sentença penal julgando procedente a pretensão acusatória para condenar Eliete à pena
final de dois anos de reclusão, em razão da prática do crime previsto no artigo 155, §2º, inciso IV, do
Código Penal. Após a interposição de recurso de apelação exclusivo da defesa, o Tribunal de Justiça
entendeu por bem anular toda a instrução criminal, ante a ocorrência de cerceamento de defesa em razão
do indeferimento injustificado de uma pergunta formulada a uma testemunha. Novamente realizada a
instrução criminal, ficou comprovado que, à época dos fatos, Eliete havia sido contratada por Cláudio havia
uma semana e só tinha a obrigação de trabalhar às segundas, quartas e sextas-feiras, de modo que o
suposto fato criminoso teria ocorrido no terceiro dia de trabalho da doméstica. Ademais, foi juntada aos
autos a comprovação dos rendimentos da vítima, que giravam em torno de R$ 50.000,00 (cinquenta mil
reais) mensais. Após a apresentação de memoriais pelas partes, em 9 de fevereiro de 2011, foi proferida
nova sentença penal condenando Eliete à pena final de 2 (dois) anos e 6 (seis) meses de reclusão. Em suas
razões de decidir, assentou o magistrado que a ré possuía circunstâncias judiciais desfavoráveis, uma vez
que se reveste de enorme gravidade a prática de crimes em que se abusa da confiança depositada no
agente, motivo pelo qual a pena deveria ser distanciada do mínimo. Ao final, converteu a pena privativa de
liberdade em restritiva de direitos, consubstanciada na prestação de 8 (oito) horas semanais de serviços
comunitários, durante o período de 2 (dois) anos e 6 (seis) meses em instituição a ser definida pelo juízo de
execuções penais. Novamente não houve recurso do Ministério Público, e a sentença foi publicada no Diário
Eletrônico em 16 de fevereiro de 2011.
Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso concreto acima,
redija, na qualidade de advogado de Eliete, com data para o último dia do prazo legal, o recurso cabível à
hipótese, invocando todas as questões de direito pertinentes, mesmo que em caráter eventual.
(Valor: 5,0)
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Nos termos do artigo 9º, § 2º, da Lei 10.684/2003, extingue-se a punibilidade dos
crimes acima referidos, além do crime previsto no artigo 337-A do Código Penal, quando ocorrer o
pagamento integral dos débitos oriundos de tributos e contribuições sociais, com a consequente
extinção da punibilidade.
QUESTÃO 1 2010/03
Caio, na qualidade de diretor financeiro de uma conhecida empresa de fornecimento de material de
informática, se apropriou das contribuições previdenciárias devidas dos empregados da empresa e por esta
descontadas, utilizando o dinheiro para financiar um automóvel de luxo. A partir de comunicação feita por
Adolfo, empregado da referida empresa, tal fato chegou ao conhecimento da Polícia Federal, dando ensejo
à instauração de inquérito para apurar o crime previsto no artigo 168-A do Código Penal. No curso do
aludido procedimento investigatório, a autoridade policial apurou que Caio também havia praticado o crime
de sonegação fiscal, uma vez que deixara de recolher ICMS relativamente às operações da mesma
empresa. Ao final do inquérito policial, os fatos ficaram comprovados, também pela confissão de Caio em
sede policial. Nessa ocasião, ele afirmou estar arrependido e apresentou comprovante de pagamento
exclusivamente das contribuições previdenciárias devidas ao INSS, pagamento realizado após a instauração
da investigação, ficando não paga a dívida relativa ao ICMS. Assim, o delegado encaminhou os autos ao
Ministério Público Federal, que denunciou Caio pelos crimes previstos nos artigos 168-A do Código Penal e
1º, I, da Lei 8.137/90, tendo a inicial acusatória sido recebida pelo juiz da vara federal da localidade. Após
analisar a resposta à acusação apresentada pelo advogado de Caio, o aludido magistrado entendeu não ser
o caso de absolvição sumária, tendo designado audiência de instrução e julgamento.
Com base nos fatos narrados no enunciado, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos
jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso.
a) Qual é o meio de impugnação cabível à decisão do Magistrado que não o absolvera sumariamente?
(Valor: 0,2)
b) A quem a impugnação deve ser endereçada? (Valor: 0,2)
c) Quais fundamentos devem ser utilizados? (Valor: 0,6)
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* TEORIA DA PENA
O estudo da pena para a 2ª fase do Exame da Ordem guarda estreita relação com
as teses subsidiárias da peça prático processual, além de ser tema recorrente nas questões dissertativas.
Após buscar identificar eventual tese absolutória, deve o candidato buscar extrair
do enunciado alguma tese subsidiária, ou seja, aquela que, na hipótese de condenação, amenizará a
situação do condenado em termos de pena, regime carcerário e/ou eventuais benefícios, tais como
substituição da pena privativa de liberdade em restritiva de direitos e sursis.
INCISOS Artigo 59 do CP
I PPL
V* SURSIS Artigo 77 do CP
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23 DA FIXAÇÃO DA PENA
Para fins de 2ª fase da OAB, merece destaque a circunstância judicial voltada aos
antecedentes criminais, sobretudo no que se pode considerar fatos desfavoráveis ao réu.
Por antecedentes, deve-se entender os fatos anteriores praticados pelo réu, que
podem ser bons ou maus.
A Súmula 444 do STJ informa o que não pode ser considerado como maus
antecedentes.
De outro 444
Súmula lado,STJ:
consolidou-se
“É VEDADAoA entendimento deINQUÉRITOS
UTILIZAÇÃO DE que, em face do princípio
POLICIAIS E da
presunção de inocência,
AÇÕES PENAIS EM CURSO o juiz
PARAsomente
AGRAVARpoderá considerar como antecedentes criminais desfavoráveis uma
A PENA-BASE”.
sentença penal condenatória transitada em julgado que não induza reincidência, ou seja, que não seja utilizada
na segunda fase da aplicação da pena como circunstância agravante da reincidência, evitando-se, assim, o
“bis in idem”.
ANTECEDENTES CRIMINAIS
Não pode:
Inquérito Policial
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AGRAVANTES ATENUANTES
Artigo 61 e 62 do CP Artigo 65 e 66 do CP
AFASTAR APONTAR
ROL TAXATIVO
OEx:
rolse
das agravantes
o sujeito é taxativo,
pratica homicídio não
por admitindo
motivo fútilampliação.
(art. 121, § 2º, II), não incide a
agravante
B) do art.
CONCURSO DE61, II, “a”, 1ª figura
AGRAVANTES COM(ter sido o crime–cometido
ATENUANTES ART. 67 por motivo fútil), pois a circunstância
genérica funciona como “qualificadora” do homicídio (qualifica o delito).
Em que pese não constar expressamente no artigo 67, a jurisprudência tem
entendido que o fato de o agente ser menor de 21 anos na data do crime deve preponderar sobre todas as
demais.
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I) CONCEITO
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Assim, segundo DAMÁSIO DE JESUS (2010, p. 610), podem ocorrer várias hipóteses:
CRIME CONTR.
REINCIDENTE
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a) do cumprimento da pena;
QUESTÃO 03 XI EXAME
23.2.3) CIRCUNSTÂNCIAS
Ricardo cometeu um delito deATENUANTES (Art. 65) pelo qual foi condenado no dia 29/08/2009, sendo
roubo no dia 10/11/2007,
certo que o trânsito em julgado definitivo de referida sentença apenas ocorreu em 15/05/2010. Ricardo
também cometeu, no diaNo contexto da
10/09/2009, umprova
delitodadeOAB, uma vez
extorsão. identificacondenatória
A sentença eventual circunstância
relativa aoatenuante
delito de
extorsão foi prolatada em 18/10/2010, tendo transitado definitivamente em julgado no dia 07/04/2011.
no enunciado, o candidato deverá desenvolver tese no sentido de que seja reconhecida pelo juiz. APONTAR
Ricardo também praticou, no dia 12/03/2010, um delito de estelionato, tendo sido condenado em
25/05/2011. Tal sentençaAsapenas transitouatenuantes
circunstâncias em julgadosãono de
dia aplicação
27/07/2013.em regra obrigatória, pois o caput
Nesse
do art. sentido,
65 reza: tendo por base apenas
“são circunstâncias queas informações
sempre contidas
atenuam no enunciado, responda aos itens a seguir.
a pena”.
A) O juiz, na sentença relativa ao crime de roubo, deve considerar Ricardo portador de bons ou maus
Vejamos as várias atenuantes:
antecedentes? (Valor: 0,25)
B) O juiz, na sentença relativa ao crime de extorsão, deve considerar Ricardo portador de bons ou maus
antecedentes? Na hipótese, incide a circunstância agravante da reincidência ou Ricardo ainda pode ser
considerado réu primário? (Valor: 0,50)
C) O juiz, na sentença relativa ao crime de estelionato, deve considerar Ricardo portador de bons ou maus
antecedentes? Na hipótese, incide a circunstância agravante da reincidência ou Ricardo ainda pode ser
considerado réu primário? (Valor: 0,50)
Utilize os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso. A simples menção
ou transcrição do dispositivo legal não pontua.
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a) ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (setenta) anos, na data da
sentença
b) o desconhecimento da lei
c) ter o agente cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral
d) ter o agente procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou
minorar-lhe as consequências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano
e) ter o agente cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de
autoridade superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima
g) ter o agente cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o provocou.
São circunstâncias que não estão previstas expressamente em lei e que servem de
meios diretivos para o juiz aplicar a pena.
MAJORANTES MINORANTES
AFASTAR APONTAR
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Na parte
Quando especial,
o CP descreveasuma
causas de aumento
qualificadora, e de diminuição
expressamente da opena
menciona estão
mínimo eo
previstas,
máximo dapor exemplo,
pena nos arts. 121, §§1º e 4º, 122, § único; 127, etc...
agravada.
1ª FASE PENA-BASE
Artigo 59 do CP
ATENUANTES Artigo 65 e 66 do CP
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Fechado
RECLUSÃO Semiaberto
Aberto
Semiaberto
DETENÇÃO
Aberto
a) Quantidade da pena
b) o agente não reincidente, cuja pena seja superior a 04 anos e não exceda a 08,
poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semiaberto;
c) o agente não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 04 anos, poderá,
desde o início, cumpri-la em regime aberto.
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Nesse ponto, merecem, ainda, destaque as súmulas 719 do STF e 440 do STJ.
e) importante: não existe regime inicial fechado na pena de detenção (art. 33,
caput), a qual começa obrigatoriamente em regime semiaberto ou aberto.
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Conforme prevê o artigo 2º, § 1º, da Lei 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos), os
condenados por crimes hediondos, tráfico ilícito de entorpecentes, terrorismo e tortura devem
necessariamente iniciar o cumprimento da pena em regime fechado, mesmo sendo a pena imposta inferior a
08 anos.
Ocorre, contudo, que, no dia 27 de junho de 2012, o STF, por oito votos contra
três, declarou inconstitucional tal dispositivo, por considerar que a obrigatoriedade do regime inicial
fechado viola o princípio constitucional da individualização da pena (HC 111.840/ES e Informativo
670).
REINCIDENTE
REGIME FECHADO + 08 ANOS
Circunstâncias concretas
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São autônomas porque subsistem por si mesmas após a substituição. Isso significa
que não são acessórias à pena de prisão.
As penas restritivas
b) Natureza do crime cometido (art. 44,de direitos são aplicáveis aos crimes cometidos sem violência ou
grave ameaça à pessoa.
Para alguns autores, embora cometidos com violência ou grave ameaça, os crimes
de lesão corporal leve (art. 129), de constrangimento ilegal (art. 146) e de ameaça (art. 147) admitem a
substituição por pena restritiva de direitos, pois se tratam de infrações de menor potencial ofensivo, as quais
comportam transação penal e imposição consensual de pena não privativa de liberdade.
Assim, se, antes mesmo de instaurada a relação processual, tais infrações penais
beneficiam-se de medidas penais alternativas, não há razão para impedi-las na sentença final, quando
transcorrido todo o processo. Não se aplica, portanto, o requisito da não-violência ou da ausência de grave
ameaça, sendo possível a imposição de pena alternativa.
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É necessário que o sujeito não seja reincidente em crime doloso. O texto não trata
a) Réu não reincidente em crime doloso (Art. 44,
de qualquer reincidente. Refere-se ao não reincidente em crime “doloso”, de modo que não há impedimento
à aplicação da pena alternativa quando:
Convém
b) A culpabilidade, os notar que aesses
antecedentes, requisitos
conduta ou aconstituem uma repetição
personalidade ou aindadas os
circunstâncias
motivos
constantes do art. recomendarem
e circunstâncias 59, caput, do CP, salvo duas: comportamento
a substituição. (art. 44, III) da vítima e consequências do crime,
coincidentemente as únicas de natureza objetiva. Assim, o art. 44, III, do CP somente levou em conta as
circunstâncias subjetivas do mencionado art. 59.
PENAS RESTRITIVAS DE
DIREITO
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RESOLUÇÃO Nº 5, DE 2012.
26.1) CONCEITO
26.2) REQUISITOS
I) REQUISITOS OBJETIVOS
a) Qualidade da pena Quanto à qualidade da pena, somente a pena privativa de liberdade, seja
reclusão, seja detenção, admite o sistema. As penas restritivas de direitos e a multa não o permitem (art.
80).
b) Quantidade da
O segundo requisito de ordem objetiva diz respeito à quantidade da pena privativa
de liberdade: não pode ser superior a 02 anos, ainda que resulte, no concurso de crimes, de sanções
inferiores a ela.
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OBS: PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE ATÉ 04 ANOS QUANDO FOR CONDENADO MAIOR DE 7
PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE ATÉ 02 ANOS
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X
SUSPENSÃO CODA SUSPENSÃO COO
NDICIONAL NDICIONAL D
PENA PROCESSO
SUSPENSÃO DO
SUSPENSÃO DA EXECUÇÃO DA PENA POR UM PERÍODO DETERMINADO
CURSO DO
CESSO POR
PROUM
PERÍODO
TERMINAD
DEO
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* CONCURSO DE PESSOAS
27 CONCURSO DE PESSOAS
27.2) AUTORIA
I) CONCEITO
De acordo com a teoria do domínio do fato, autor é quem tem o controle final do
fato. É quem domina o decurso do crime e decide sobre sua prática, interrupção e circunstâncias. O
partícipe não tem o domínio do fato, pois apenas coopera, induz e incita a prática do delito.
Assim, autor é quem realiza a figura típica, mas também quem tem o controle da
ação típica dos demais, dividindo-se entre “autor executor”, “autor intelectual” e “autor mediato”. O partícipe
é aquele que contribui para o delito alheio, sem realizar a figura típica, nem tampouco comandar a ação.
Assim, exemplificando, por essa teoria, o chefe de um grupo de justiceiros, que ordenou a execução, bem
como o agente que diretamente matou a vítima são coautores. (NUCCI, 2012, p. 384).
b) Teoria restritiva
Segundo essa teoria, autor é aquele que pratica a ação descrita no verbo nuclear
do tipo penal, isto é, o que pratica o verbo nuclear do tipo: mata, subtrai, constrange, etc.
Em síntese, autor é aquele que realiza a conduta descrita no tipo penal, ou seja,
executa a ação consubstanciada no verbo núcleo do tipo. O partícipe, por sua vez, apenas coopera com o
delito, induzindo, instigando ou auxiliando materialmente seu autor (ESTEFAM, 2010, p. 281).
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B) TEORIA ADOTADA
Assim, AUTOR é quem realiza a figura típica, isto é, quem executa o crime, enquanto o PA
portanto, a ação descrita no verbo nuclear do tipo.
1
Autoria mediata, em síntese, ocorre quando o agente se vale de outra pessoa, que age sem dolo ou culpa,
para a prática do delito.
2
Guilherme de Souza Nucci; André Estefam; Fernando Capez, Aníbal Bruno, Mirabete, René Ariel Dotti,
dentre outros.
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27.3) PARTICIPAÇÃO
Conforme a teoria restritiva de autoria, partícipe é quem contribui para que o autor
ou coautores realizem a conduta principal, ou seja, aquele que, sem praticar o verbo nuclear do tipo,
concorre de algum modo para a produção do resultado.
A.2) Instigação
Ex: Rafa incute na mente de Iuri a ideia homicida contra Jonas. A característica
Instigar da
da determinação é a inexistência é reforçar uma
resolução ideia jánaexistente.
criminosa pessoa doO autor
agente já a tem
principal. Se em
Iuri mente, sendo
matar Jonas,
apenas reforçada
Rafa responde porpelo partícipe.
homicídio na condição de partícipe.
No caso do exemplo acima, Iuri já tinha em mente matar Jonas. Rafa apenas
reforçou
B) a ideia homicida. Rafa é partícipe do crime de homicídio, enquanto Iuri responde pelo crime na
Material
condição de autor.
Ocorre na forma de auxílio. Considera-se, assim, partícipe aquele que presta ajuda
efetiva na preparação ou execução do delito.
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TEORIA FORMAS
RESTRITIV
MORAL MATERIAL
INDUZIR; INSTIGAR
AUXILIAR
Como a conduta do partícipe não descrita no tipo penal, faz-se necessária uma
norma de extensão que viabilize a adequação típica da conduta do partícipe à norma incriminadora. Trata-se
de uma norma de ligação entre a conduta do partícipe e o tipo penal. E essa norma se encontra no artigo 29
do Código Penal, segundo o qual quem concorrer, de qualquer forma, para um crime por ele responderá.
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da conduta principal para que haja participação punível. Existem diversas teorias acerca do assunto,
destacando-se três.
* Acessoriedade Assim, a participação exige, além da tipicidade do fato principal, a sua ilicitude. Em
outras palavras, se a conduta for típica, mas praticada acobertada por uma excludente de ilicitude, não
De acordo com essa teoria, a participação será punível se a conduta principal se
haverá participação punível.
revestir de tipicidade e antijuridicidade. Ou seja, o fato principal deve ser típico e ilícito. Não é necessário
que o autor seja culpável.Ex: Leocádio instiga Bento a defender-se de uma agressão injusta que está sendo
cometida por Tavinho. Leocádio e Bento não respondem pelo resultado lesivo produzido em Tavinho, pois
agiram em situação de legítima defesa, fato considerado lícito pela legislação penal.
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CONDUTA ACESSÓRIA TEM QUE SER PRATICADA ANTES OU DURANTE À AÇÃO DELITUOSA
CONTRIBUIÇÃO POSTERIOR AO CRIME
PODE CONFIGURAR FAVORECIMENTO
PESSOAL (ART. 348 CP) OU
FAVORECIMENTO REAL (ART. 349 CP)
Todos os que contribuem para a prática do delito cometem o mesmo crime, não
havendo distinção quanto ao enquadramento típico entre autor e partícipe.
Comentando sobre a teoria unitária, NUCCI (2013, p. 389) leciona que “havendo
pluralidade de agentes, com diversidade de condutas, mas provocando-se apenas um resultado, há somente
um delito. Nesse caso, portanto, todos os que tomam parte na infração penal cometem idêntico crime. É a
teoria adotada, como regra, pelo Código Penal (Exposição de Motivos, item 25)”.
Daí decorre o nome da teoria: todos respondem por um único crime (Teoria
unitária).
Assim, para que haja concurso de pessoas, exige-se que cada um dos agentes
tenha realizado ao menos uma conduta relevante. Pode ser em coautoria, onde há duas condutas principais;
ou autoria e participação, onde há uma conduta principal e outra acessória, praticadas, respectivamente, por
autor e partícipe.
120
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Assim, se Tereza Cristina simplesmente diz que vai concorrer no homicídio a ser
cometido por Ferdinand não há participação. Agora, se Tereza Cristina instiga Ferdinand a matar, ocorrendo
pelo menos tentativa de homicídio, existe participação.
Exige-se
C) DO LIAME SUBJETIVO homogeneidade
E NORMATIVO de elemento
(Vínculo subjetivo-normativo.
subjetivo e normativo entre Significa
os que autor e
partícipe devem agir com o mesmo elemento subjetivo (dolo+dolo) ou normativo (culpa+culpa).
121
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ÉEx:
uma exemplar
Alguém divisão
planeja de trabalho
a realização daconstituída de várias
conduta típica, atividades, enquanto
ao executá-la, convergentes,
um
contudo, a um mesmo objetivo típico: subtração de coisa alheia móvel. Respondem todos por um único
desvia a atenção da vítima, outro lhe subtrai os pertences e ainda um terceiro encarrega-se de evadir-se do tipo
penal, qualoseja,
local com furto.
produto do furto.
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MESMA FINALIDADE
DOLO + DOLO
A participação por omissão ocorre quando o agente tem o dever jurídico de evitar
o resultado, ao tomar ciência de que terceira pessoa pretende praticar um crime, omite-se, mesmo podendo
evitar a execução do delito, admitindo que o resultado criminoso se produza.
Conforme leciona Nucci (2013, p. 391), “pode ocorrer a participação por omissão
Ex: Um policial visualizado uma pessoa desconhecida estuprando uma mulher.
em um crime, desde que a pessoa que se omitiu tivesse o dever de evitar o resultado. Portanto, o bombeiro
Mesmo sendo possível evitar a execução do delito e ciente do seu dever de agir, o policial conscientemente
que, tendo o dever jurídico de agir para combater o fogo, omite-se deliberadamente, pode responder como
se omite, admitindo à conduta do estuprador. O desconhecido será autor do delito de estupro e o policial
partícipe do crime de incêndio”.
partícipe por omissão, pois tinha o dever jurídico de impedir o resultado (art. 13, § 2º, “a”).
b) Coautoria e participação em crimes omissivos
123
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ativa na produção do resultado, colaborando na prática delituosa induzindo, auxiliando ou instigando outrem
a descumprir a conduta exigida no tipo legal.
Quando pai e mãe combinam não alimentar o filho de pouca idade para que ele
morra
QUESTÃOde fome,
4 – Xhá coautoria, pois ambos têm o dever jurídico de evitar o resultado e este só ocorre em
EXAME
27.8) PUNIBILIDADE
decorrência da omissão DO CONCURSO
recíproca. DE PESSOAS
De resolvem
nada E COMUNICABILIDADE
adiantaria, paraemalcançar o fim DAS ELEMENTARES
almejado, que umacessoE
deles
Erika e Ana Paula, jovens universitárias, passar o dia uma praia paradisíaca e, de difícil
(feito através
CIRCUNSTÂNCIAS
deixasse de umaDO
de alimentar trilha),
filho,bastante
o CRIME deserta
mas o outro e isolada,
o fizesse. tão isolada
Haverá que não
participação, porhásua
qualquer estabelecimento
vez, por parte daquele
comercial no local e nem mesmo sinal de telefonia celular. As jovens chegam bastante cedo e, ao
que não tempercebem
chegarem, o dever jurídico
que de evitar
além delas ohá
resultado,
somente mas que incentiva na
o detentorAna
deste deverdecide
a se omitir.
A ressalva “na medida da suaum salva-vidas
culpabilidade” feitapraia.
aos limites Paula darnoum
da culpabilidade art.
mergulho no mar, que estava bastante calmo naquele dia. Erika, por sua vez, sem saber nadar, decide
29 diz respeito somente à graduação da pena para os agentes que praticaram o mesmo crime.
puxar assunto com o salva-vidas, Wilson, pois o achou muito bonito. Durante a conversa, Erika e Wilson
percebem que têm vários interesses em comum e ficam encantados um pelo outro. Ocorre que, nesse
Portanto, todos respondem pelo mesmo crime (teoria monista ou unitária).
intervalo de tempo, Wilson percebe que Ana Paula está se afogando. Instigado por Erika, Wilson decide
não efetuar
Todavia, o salvamento,
a unidade criminosa quenão
era importa
perfeitamente possível. Ana
necessariamente naPaula, então,
aplicação de acaba
pena morrendo
idêntica a afogada.
todos os que
Nesse sentido,
contribuíram paraatento(a)
a prática apenas aopois
do crime, casocada
narrado, indique
um deverá a responsabilidade
responder na medida dajurídico-penal de Erika e
sua culpabilidade.
Wilson. (Valor: 1,25)
O examinando deve fundamentar corretamente sua resposta. A simples menção ou transcrição do
dispositivo legal não pontua.
124
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O partícipe que houver tido “participação de menor importância” poderá ter sua
pena reduzida de um sexto a um terço, nos termos do art. 29, § 1º.
Esse dispositivo cuida da hipótese de o autor principal cometer delito mais grave
que o pretendido pelo partícipe ou coautor.
De fato, a solução dada pelo CP leva à punição de “A” pelo delito de lesões
Ex. “A” determina “B” a espancar “C”. “B” mata “C”. Segundo o art. 29, § 2º, “A”
corporais, que foi o crime desejado, cuja pena será elevada até a metade se o homicídio for previsível.
responde por crime de lesão corporal, cuja pena deve ser aumentada até metade se a morte da vítima lhe
era previsível.
Aumenta-se até a
Causa de diminuição de metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave.
pena de 1/6 a 1/3
125
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126
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Obs.: o mero “sim” ou “não”, desprovido de justificativa ou mesmo com a indicação de justificativa
127
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28 CONCURSO DE CRIMES
Concurso
Concurso Material
Formal
Concurso Continuado
de 1 ação ou omissão
02 (ou mais) crimes
Nos termos do art. 69, caput, quando o agente realiza o concurso real de crimes,
“aplicam-se cumulativamente as penas em que haja incorrido”. Portanto, no concurso material as penas são
cumuladas, somadas.
A) CONCEITO
Ocorre o concurso formal (ou ideal) quando o agente, mediante uma só ação
ou omissão, pratica dois ou mais crimes (art. 70, caput). Difere do concurso material pela unidade de
conduta. Ex. o agente, com um só tiro ou um golpe só, ofende mais de uma pessoa;
128
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Está previsto na primeira parte do artigo 70. Ocorre quando o agente pratica duas
ou mais infrações penais através de uma única conduta. Resulta de um único desígnio. O agente, por meio
de um só impulso volitivo, dá causa a dois ou mais resultados.
Ex: o agente dirige um carro em alta velocidade e acaba por atropelar e matar três
C) CONCURSO FORMAL IMPERFEITO – Art. 70, segunda parte
pessoas.
129
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D) APLICAÇÃO DA PENA
Se for homogêneo, aplica-se a pena de qualquer dos crimes, acrescida de 1/6 até a
metade.
ESPÉCIE,
de 1 ação ou omissão
02 (ou mais) crimes CONDIÇÕES DE TEMPO,
LUGAR
CRITÉRIO EXASPERAÇÃO DA PENA e MODO DE EXECUÇÃO
A) CONCEITO
B) REQUISITOS
Pluralidade
Crimes de Condutas
da mesma Espécie
Condições de Tempo
Condições de Lugar
Maneira de Execução
130
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a) PLURALIDADE DE CONDUTAS
O mesmo agente deve praticar duas ou mais condutas. Se houver uma conduta,
ainda que desdobrada em vários atos ou vários resultados, o concurso poderá ser formal.
São os que estiverem previstos no mesmo tipo penal. Nesse prisma, tanto faz
sejam figuras simples ou qualificadas, dolosas ou culposas, tentadas ou consumadas.
c) CONDIÇÕES DE TEMPO
Deve haver uma conexão temporal entre as condutas praticadas para que se
configure a continuidade delitiva. Deve existir, em outros termos, uma certa periodicidade que permita
observar-se um certo ritmo, uma certa uniformidade, entre as ações sucessivas, embora não se possam
fixar, a respeito, indicações precisas.
Deve existir entre os crimes da mesma espécie uma conexão espacial para
caracterizar o crime continuado.
e) MANEIRA DE EXECUÇÃO
131
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pelo sujeito aproveitando-se das mesmas relações e oportunidades ou com a utilização de ocasiões nascidas
da primitiva orientação.
Mesmo que o crime seja contra vítimas diferentes, se não houver violência – real
ou ficta – contra a pessoa, não haverá a continuidade específica, mesmo que haja violência contra a coisa.
D) APLICAÇÃO DA PENA
* Crime continuado comum: aplica-se a pena do crime mais grave, aumentada de 1/6 até 2/3.
* crime continuado específico: Aplica-se a pena do crime mais grave aumentada até o triplo.
- Se, da aplicação da regra do crime continuado, a pena resultar superior à que restaria se somadas as
penas, aplica-se a regra do concurso material.
132
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Modo Execução
CONCURSO DE CRIMES
Concurso Material
art. 69, CP
Pluralidade De Condutas
Pluralidade De Condutas
Concurso Formal Cúmulo Material
art. 70, CP
Formal Imperfeito Cúmulo Material
133
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I) CONCEITO
Existe a aberratio ictus com resultado único quando em face de erro na conduta
causal um terceiro vem a sofrer o resultado, que pode ser lesão corporal ou morte.
a) a vítima efetiva (não visada) sofre lesão corporal: o agente responde por tentativa de homicídio
(como se a vítima virtual tivesse sofrido a lesão).
A lesão corporal culposa sofrida pela vítima efetiva fica absorvida pela tentativa de
homicídio.
b) a vítima efetiva morre: na realidade haveria uma tentativa de homicídio contra a vítima virtual e um
homicídio contra a vítima efetiva. No entanto, o CP vê uma unidade de crime, um só crime de homicídio
doloso (como se o agente tivesse matado a vítima virtual).
Nos dois casos, de acordo com o que preceitua o art. 73, 1ª parte, in fine, deve
ser atendido ao disposto no art. 20, § 3º, 2ª parte.
134
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Ex: O agente pretende matar o próprio pai, que se acha conversando com Pedro,
estranho. Atira e mata o terceiro (Pedro). Sobre o fato incide a circunstância agravante.
Ex. Suponha-se que o agente, pretendendo matar Tício, venha também a atingir
29.2) RESULTADO
Caio. Podem ocorrerDIVERSO DO PRETENDIDO (aberratio criminis) – Art. 74
vários casos:
a) O agente mata Tício e Caio: na realidade, haveria um crime de homicídio doloso em relação a Tício e
um homicídio culposo em relação a Caio. O agente responde por um crime de homicídio doloso (pena mais
grave que a imposta ao homicídio culposo) aumentada a pena de 1/6 até metade.
RELAÇÃO PESSOA X OBJETO RELAÇÃO OBJETO X PESSOA
b) O agente fere Tício e Caio: haveria tentativa de homicídio contra Tício e uma lesão corporal culposa
em relação a Caio. Solução: responde por tentativa de homicídio, aumentando a pena de 1/6 até metade.
c) o agente mata Caio e fere Tício: na realidade, há dois crimes: homicídio culposo contra Caio e
tentativa de homicídio contra Tício. COMO O AGENTE MATOU CAIO (VÍTIMA EFETIVA), É COMO SE
TIVESSE MATADO TÍCIO (VÍTIMA VIRTUAL). Aplica-se a regra do concurso formal: pena de HOMICÍDIO
acrescida de 1/6 até metade.
135
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A) CONCEITO
Significa desvio do crime. Enquanto na aberratio ictus, o agente quer atingir uma
pessoa e ofende outra (ou ambas). Na aberratio criminis, o agente quer atingir um bem jurídico e ofende
outro (de espécie diversa).
B) ESPÉCIES
Ex: o agente joga uma pedra contra uma vidraça e acaba acertando uma pessoa,
1º)
em Com
vez dounidade
vidro. simples ou resultado único:
Só atinge o bem jurídico diverso do pretendido. Ou seja, o agente quer atingir uma
coisa e atinge uma pessoa. Responde pelo resultado produzido a título de culpa (homicídio ou lesão corporal
culposos).
O agente quer atingir uma coisa, vindo a ofender esta e uma pessoa. Responde
por dois crimes: dano (art. 163) e homicídio ou lesão corporal culposa em concurso formal (concurso entre
crime doloso e culposo). Aplica-se a pena do crime mais grave com o acréscimo de 1/6 até metade (regra
do concurso formal de crimes – art. 70).
QUESTÃO 02 X EXAME
Maria, mulher solteira de 40 anos, mora no Bairro Paciência, na cidade Esperança. Por conta de seu
comportamento, Maria sempre foi alvo de comentários maldosos por parte dos vizinhos; alguns até
chegavam a afirmar que ela tinha “cara de quem cometeu crime”. Não obstante tais comentários, nunca
houve prova de qualquer das histórias contadas, mas o fato é que Maria é pessoa conhecida na localidade
onde mora por ter má índole, já que sempre arruma brigas e inimizades. Certo dia, com raiva de sua
vizinha Josefa, Maria resolve quebrar a janela da residência desta. Para tanto, espera chegar a hora em
que sabia que Josefa não estaria em casa e, após olhar em volta para ter certeza de que ninguém a
observava, Maria arremessa com força, na direção da casa da vizinha, um enorme tijolo. Ocorre que
Josefa, naquele dia, não havia saído de casa e o tijolo após quebrar a vidraça, atinge também sua nuca.
Josefa falece instantaneamente.
Nesse sentido, tendo por base apenas as informações descritas no enunciado, responda
justificadamente: É correto afirmar que Maria deve responder por homicídio doloso consumado? (Valor:
136
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30.1) HOMICÍDIO
I) CONCEITO
O crime de homicídio por ser praticado por ação ou omissão, como, por exemplo,
no caso da mãe que deixa de alimentar o filho, causando-lhe a morte.
De outro lado, se o revólver estava carregado com balas velhas ou que falham,
Ex: o agente buscar ceifar a vida da vítima com simulacro de arma de fogo (arma
que podem ou não disparar, o meio utilizado é relativamente ineficaz para produzir o resultado, podendo,
de brinquedo); se a perícia constatar que a arma era totalmente inapta a desferir disparos por algum
nesse caso, caracterizar a tentativa de homicídio.
defeito; arma descarregada, sem que haja munição para carregá-la ao alcance do agente.
III) HOMICÍDIO PRIVILEGIADO – Art. 121, § 1º
O art. 121, § 1º, do CP, descreve o homicídio privilegiado como o fato de o sujeito
cometer o delito impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta
emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima. Neste caso, o juiz pode reduzir a pena de 1/6 a
1/3.
137
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Será motivo de relevante valor moral aquele que, em si mesmo, é aprovado pela
ordem moral, pela moral prática, como, por exemplo, a compaixão ou piedade ante o irremediável
sofrimento da vítima.
A última figura típica privilegiada descreve o homicídio cometido pelo sujeito sob o
domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação do ofendido.
O texto legal exige, ainda, que o impulso emocional e o ato dele resultante sigam-
Ex: Decidiram-se jurados e tribunais pela ocorrência de homicídio privilegiado na
se imediatamente à provocação da vítima, ou seja, tem de haver a imediatidade entre a provocação injusta
conduta de réu cuja filha menor fora seduzida e corrompida por seu ex-empregador; do que fora
e a conduta do sujeito.
provocado e mesmo agredido momentos antes pela vítima.
IV) HOMICÍDIO PRIVILEGIADO-QUALIFICADO
B) MOTIVO FÚTIL
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b) Negligência
c) Imperícia Ex. deixar criança de tenra idade no interior de um veículo, que, algum tempo
depois, morre asfixiada. Imperícia é a falta de aptidão para o exercício de arte ou profissão. A imperícia
pressupõe que o fato tenha sido cometido no exercício da arte ou profissão.
Somente ao autor do homicídio culposo pode-se aplicar a clemência, desde que ele
tenha sofrido com o crime praticado uma consequência tão séria e grave que a sanção penal se torne
desnecessária.
Ex. o pai que provoca a morte do próprio filho, num acidente fruto de sua
30.2) INDUZIMENTO
imprudência, AO SUICÍDIO
já teve punição mais do–que
ART. 122 A dor por ele experimentada é mais forte do que
severa.
Ato Executório da vítima
qualquer
A) pena
Conceito deque se lhe pudesse aplicar. Por isso, surge a hipótese do perdão. O crime existiu, mas a
suicídio
punibilidade é afastada. Se o “réu” executar é homicídio
É a morte voluntária, que resulta, direta ou indiretamente, de um ato positivo ou
negativo, realizado pela própria vítima, a qual sabia dever produzir este resultado.
Para que haja o delito de participação em suicídio é necessário que a vítima tenha
capacidade de resistência. TRATANDO-SE DE ALIENADO MENTAL E CRIANÇA, A AUSÊNCIA DE VONTADE
VÁLIDA FAZ COM QUE O DELITO SEJA DE HOMICÍDIO.
140
DIREITO PENAL OAB
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B) Consumação e tentativa
b) Se a vítima é menor
Ex: É o caso, por exemplo, de o sujeito induzir a vítima a suicidar-se para ficar
com
Em segundo lugar, a pena é agravada quando a vítima é menor. Qual a idade para
a herança.
efeito da qualificadora?
141
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QUESTÃO 3
Há muito tempo Maria encontra-se deprimida, nutrindo desejos de acabar com a própria vida. João,
sabedor dessa condição, e querendo a morte de Maria, resolve instigá-la a se matar. Pondo seu plano em
30.3) INFANTICÍDIO
prática, – Art.
João visita Maria todos123
os dias e, quando ela toca no assunto de não tem mais razão para viver,
que deseja se matar, pois a vida não faz mais sentido, João a estimula e a encoraja a pular pela janela.
Um belo dia, logo após ser instigada por João, Maria salta pela janela de seu apartamento e, por pura
sorte,
I) sofre apenas alguns arranhões, não sofrendo qualquer ferimento grave. Considerando apenas os
CONCEITO
fatos apresentados, responda, de forma justificada, aos seguintes questionamentos:
Trata-se
A) João cometeu algum crime? de homicídio
(valor: 0,65) cometido pela mãe contra seu filho, nascente ou recém-
nascido,
B) Caso sob a influência
Maria do estado
viesse a sofrer puerperal.
lesões corporais de natureza grave em decorrência da queda, a condição
jurídica de João seria alterada? (valor: 0,60)
O infanticídio ocorre quando a ação é praticada durante o parto ou logo após.
Antes de iniciado o parto existe o aborto e não infanticídio.
142
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AÇÃO NO PARTO
ABORTO
Não incidem as agravantes previstas no art. 61, II, “e” e “h”, do CP (crime
cometido contra descendente e contra criança), vez que integram a descrição do delito de infanticídio. Caso
incidissem, haverá bis in idem.
A ação nuclear é o verbo matar, assim como no delito de homicídio, que significa
destruir a vida alheia, no caso, a eliminação da vida do próprio filho pela mãe.
A ação física, todavia, deve ocorrer durante ou logo após o parto, não obstante a
superveniência da morte em período posterior.
Admite-se a forma omissiva, visto que a mãe tem o dever legal de proteção,
cuidado e vigilância em relação ao filho.
Ex: Mãe, sob influência do estado puerperal, percebe que o filho está morrendo sufocado com o leite materno e nada faz p
alterações psíquicas e físicas, que chegam a transtornar a mãe, deixando-a sem plenas condições de
entender o que está fazendo.
considerada incapaz de compreender o caráter ilícito da sua conduta ou de se determinar conforme esse
entendimento. No caso, incido o disposto no artigo 26 do Código Penal, podendo ser inimputável ou semi-
imputável, conforme o caso.
a) Sujeito ativo
O tipo penal exige qualidade especial do sujeito ativo. Entretanto, isso não impede
que terceiro responda por infanticídio diante do concurso de agentes.
b) Sujeito passivo
Trata-se de crime material. Diante disso, admite-se a tentativa, desde que a morte
não ocorra por circunstâncias alheias à vontade da autora.
Ex: a genitora, ao tentar sufocar a criança com um travesseiro, tem a sua conduta
impedida por terceiros.
144
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30.4) ABORTO
É a própria mulher quem executa a ação material do crime, ou seja, ela própria
emprega os meios ou manobras abortivas em si mesma.
Em tese, a gestante e o terceiro deveriam responder pelo delito do art. 124. Contudo,
o CP prevê uma modalidade especial de crime para aquele que provoca o aborto com o consentimento da
gestante (art. 126).
a) DISSENTIMENTO PRESUMIDO
Para o CP, quando a vítima não é maior de 14 anos ou é alienada mental, não possui
consentimento válido, levando à consideração de que o aborto deu-se contra a sua vontade.
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b) DISSENTIMENTO REAL
Para que se caracterize a figura do aborto consentido (art. 126), é necessário que
o consentimento da gestante seja válido, isto é, que ela tenha capacidade para consentir. Ausente essa
capacidade, o delito poderá ser outro (art. 125).
146
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b) PERIGO DE VIDA
Portanto, o tipo só admite o preterdolo, uma vez que, se houver dolo quanto ao
perigo de vida, o agente responderá por tentativa de homicídio.
Não se exige que seja uma debilidade perpétua, bastando que tenha longa duração.
d) ACELERAÇÃO DE PARTO:
Ex. perda de um dos dedos (membro); perder a visão num dos olhos (sentido);
perda de um dos rins é debilidade permanente
Significa antecipar e não perda
o nascimento dade função,
criança poisdo
antes seprazo
trata normal
de órgão duplo. pela
previsto
medicina. Nesse caso, é indispensável o conhecimento da gravidez pelo agente.
Se, em virtude da lesão corporal praticada contra a mãe, a criança nascer morta,
terá havido lesão corporal gravíssima (art. 129, § 2º, V).
147
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b) ENFERMIDADE INCURÁVEL
d) DEFORMIDADE PERMANENTE
e) ABORTO:
Ex. perda de orelhas, mutilação grave do nariz, entre
outros.
Nesta hipótese, o agente, ao lesionar a vítima, não quer nem mesmo assume o risco
do advento do resultado agravador aborto.
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O evento morte não deve ser querido nem eventualmente, ou seja, não deve ser
compreendido pelo dolo do agente, senão será de homicídio.
A morte é imputada ao agente a título de culpa, pois não previu o que era
plenamente previsível ou decorrente de caso fortuito, responderá o agente tão-só pelas lesões corporais.
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Já a calúnia escrita admite a tentativa. Ex. o sujeito remete uma carta caluniosa e
ela se extravia. O crime não atinge a consumação, por intermédio do conhecimento do destinatário, por
circunstâncias alheias à vontade do sujeito.
Dizer que uma pessoa é caloteira configura uma injúria, ao passo que espalhar o
fato de que ela não pagou aos credores “A”, “B” e “C”, quando as dívidas X, Y e Z venceram configura a
difamação.
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A injúria, quando cometida por escrito, admite a tentativa; quando por meio verbal,
não.
a) IMUNIDADE JUDICIÁRIA
Exige-se que haja uma relação processual instaurada, pois é esse o significado da
expressão “irrogada em juízo”, além do que o autor da ofensa precisa situar-se em local próprio para o
debate processual.
Esta causa de exclusão diz respeito à liberdade de expressão nos campos literário,
artístico e científico, permitindo que haja crítica acerca de livros, obras de arte ou produções científicas de
toda ordem, ainda que sejam pareceres ou conceitos negativos.
c) IMUNIDADE FUNCIONAL
a) Regra
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Nos crimes contra a honra, a regra é a de que ação penal privada da vítima ou do
seu representante legal.
b) Exceções
b.1) Resultando na vítima lesão física (injúria real com lesão corporal), apura-se o crime mediante ação
penal pública incondicionada. No entanto, com o advento da Lei 9.099/95, alguns autores entendem que se
trata de ação penal pública condicionada a representação, já que é a prevista para os crimes de lesão
corporal leve.
b.2) Será penal pública condicionada à representação no caso de o delito ser cometido contra funcionário
público, no exercício das funções (art. 141, II) e condicionada à requisição do Ministro da Justiça no caso do
nº I do art. 141 (contra o Presidente da República ou Chefe de Governo Estrangeiro).
CRIME
DIFAMAR
FATO
DIFAMAÇÃO
Art. 139 CP OFENSIVO REPUTAÇÃO
EXCEÇÃO VERDADE
INTELECTUAIS E FÍSICOS
INJÚRIA
Art. 140 CP EXPRESSÃO NEGATIVA
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B) Que argumento poderá ser formulado pelo advogado de Enrico para evitar sua punição? (Valor: 0,65)
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I) CONCEITO
A tentativa é admissível. Ocorre sempre que o sujeito ativo não consegue, por
circunstâncias alheias à sua vontade, retirar o objeto material da esfera de proteção e vigilância da vítima,
submetendo-a à sua própria disponibilidade.
CONSUMAÇÃO
INVERSÃO DA POSSE
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* abuso de confiança
* Mediante fraude
É o ardil, artifício, meio enganoso empregado pelo agente para diminuir, iludir a
vigilância da vítima e realizar a subtração. São exemplos de fraude: agente que se disfarça de empregado de
empresa telefônica e logra entrar em residência alheia para furtar, ou agente que, a pretexto de realizar
compras em uma loja, distrai a vendedora, de modo a lograr apoderar-se dos objetos.
* Mediante FRAUDE
escalada Desviar vigilância
ESCALADA
* Mediante destreza Empregar esforço acima do normal
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Chave falsa é qualquer instrumento de que se sirva o agente para abrir fechaduras,
tendo ou não formato de chave.
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Violênci
Grave ameaça
I) AÇÃO NUCLEAR
b) Grave ameaça
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AGRESSÃO
a) Roubo próprio
ANTES DURANTE
PRÓPRIO
OU
DEPOIS SUBTRAÇÃO
IMPRÓPRIO
b) Roubo impróprio
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A arma de brinquedo não serve para majorar a pena, uma vez que não causa à
vítima maior potencialidade lesiva. Pode, no entanto, gerar grave ameaça e, justamente por isso, servir para
configurar o tipo penal do roubo, na figura simples.
Pode haver concurso material entre roubo majorado e quadrilha armada, pois os
bens jurídicos são diversos. Enquanto o tipo penal de roubo protege o patrimônio, o tipo da quadrilha ou
bando guarnece a paz pública.
A pena é agravada se a vítima, regra geral por dever de ofício (caixeiro viajante,
empresa de segurança especialmente contratada para o transporte de valores), realiza serviço de transporte
de valores (dinheiro, joia, etc).
161
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É uma das hipóteses de delito qualificado pelo resultado, que se configura pela
presença de dolo na conduta antecedente (roubo) e dolo ou culpa na conduta subsequente (lesões corporais
graves).
O roubo qualificado pelas lesões corporais de natureza grave não se inclui no rol
dos crimes hediondos, ao contrário do crime de latrocínio.
162
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Ruth voltava para sua casa falando ao celular, na cidade de Santos, quando foi abordada por Antônio, que
afirmou: “Isso é um assalto! Passa o celular ou verá as consequências!”. Diante da grave ameaça, Ruth
entregou o telefone e o agente fugiu em sua motocicleta em direção à cidade de Mogi das Cruzes,
consumando o crime. Nervosa, Ruth narrou o ocorrido para o genro Thiago, que saiu em seu carro, junto
com um policial militar, à procura de Antônio. Com base na placa da motocicleta anotada por Ruth, Thiago
localizou Antônio, já em Mogi das Cruzes, ainda na posse do celular da vítima e também com uma faca em
sua cintura, tendo o policial efetuado a prisão em flagrante. Em razão dos fatos, Antônio foi denunciado pela
prática do crime previsto no Art. 157, § 2º, inciso I, do Código Penal, perante uma Vara Criminal da comarca
de Mogi das Cruzes, ficando os familiares do réu preocupados, porque todos da região sabem que o
magistrado, em atuação naquela Vara, é extremamente severo. A defesa foi intimada a apresentar resposta
à acusação.
Considerando que o flagrante foi regular e que os fatos são verdadeiros, responda, na qualidade de
advogado(a) de Antônio, aos itens a seguir.
A) Que medida processual poderia ser adotada para evitar o julgamento perante a Vara Criminal de Mogi
das Cruzes? Justifique. (Valor: 0,65)
B) No mérito, caso Antônio confesse os fatos durante a instrução, qual argumento de direito material
poderia ser formulado para garantir uma punição mais branda do que a pleiteada na denúncia? Justifique.
(Valor: 0,60)
163
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mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e
EXTORSÃO
A) AÇÃO NUCLEAR
B) CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
164
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165
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Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço d
Pena - reclusão, de oito a quinze anos.
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO
O fato é definido como “sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para
outrem, qualquer vantagem como condição ou preço de resgate”.
É crime hediondo.
B) CONSUMAÇÃO
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b) se resulta morte
A Lei 8.072/90, que instituiu os crimes hediondos, houve por bem criar, no Brasil, a
delação premiada, que significa a possibilidade de se reduzir a pena do criminoso que entregar o(s)
comparsa(s) a qualquer autoridade capaz de levar o caso à solução almejada, causando a liberação da
vítima (delegado, juiz, promotor, entre outros).
167
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CONSUMAÇÃO SE
CRIME PERMANENTE
ROLONGA
PONO TEMP
SEQUESTRO
FORMAS QUALIFICADAS
RATICADO
PR PO
BANDO OU QUADRILHA
168
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DANO
A) AÇÃO NUCLEAR
Destruir quer dizer arruinar, extinguir ou eliminar. Inutilizar significa tornar inútil
ou imprestável alguma coisa aos fins para os quais se destina. Deteriorar é a conduta de quem estraga ou
corrompe alguma coisa parcialmente.
Basta a vontade de destruir, não sendo exigível o fim especial de causar prejuízo
É o dolo. Não há a forma culposa, nem se exige qualquer elemento subjetivo do
ao ofendido, pois a figura penal não faz referência expressa a nenhum elemento subjetivo do tipo.
tipo específico (dolo específico).
II) COM EMPREGO DE SUBSTÂNCIA INFLAMÁVEL OU EXPLOSIVA, SE O FATO NÃO CONSTITUI CRIME MAIS
GRAVE
De acordo com o art. 167, a ação penal privada é cabível no crime de dano
simples (caput) e qualificado (somente na hipótese do inciso IV do parágrafo único).
169
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Deteriorar
DANO
FINALIDADE ECONÔMICA
Destruir
Danificar
AÇÃO PENAL
João e Maria iniciaram uma paquera no Bar X na noite de 17 de janeiro de 2011. No dia 19 de janeiro do
corrente ano, o casal teve uma séria discussão, e Maria, nitidamente enciumada, investiu contra o carro de
João, que já não se encontrava em bom estado de conservação, com três exercícios de IPVA
inadimplentes, a saber: 2008, 2009 e 2010. Além disso, Maria proferiu diversos insultos contra João no dia
de sua festa de formatura, perante seu amigo Paulo, afirmando ser ele “covarde”, “corno” e “frouxo”. A
requerimento de João, os fatos foram registrados perante a Delegacia Policial, onde a testemunha foi
ouvida. João comparece ao seu escritório e contrata seus serviços profissionais, a fim de serem tomadas as
medidas legais cabíveis. Você, como profissional diligente, após verificar não ter passado o prazo
decadencial, interpõe Queixa-Crime ao juízo competente no dia 18/7/11.
O magistrado ao qual foi distribuída a peça processual profere decisão rejeitando-a, afirmando tratar-se de
clara decadência, confundindo-se com relação à contagem do prazo legal. A decisão foi publicada dia 25 de
julho de 2011.
Com base somente nas informações acima, responda:
a) Qual é o recurso cabível contra essa decisão? (0,30)
b) Qual é o prazo para a interposição do recurso? (0,30)
c) A quem deve ser endereçado o recurso? (0,30)
d) Qual é a tese defendida? (0,35)
170
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APROPRIAÇÃO INDÉBITA Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
O núcleo do tipo é o verbo “apropriar-se”, que significa fazer sua a coisa alheia.
Tendo o sujeito a posse ou a detenção do objeto material, em dado momento faz mudar o título da posse
ou da detenção, comportando-se como se dono fosse.
B) CAUSAS DE AUMENTO
1º)DE PENA – Art.INDÉBITA
APROPRIAÇÃO 168, § 1º
PROPRIAMENTE DITA: Ocorre quando o sujeito realiza
Iato demonstrativo
- EM DEPÓSITOde que inverteu o título da posse, como a venda, doação, consumo, penhor, ocultação,
NECESSÁRIO;
etc.
O depósito necessário, disciplinado no inciso I do § 1º do art. 168, é apenas
2º) NEGATIVA
aquele conhecido como miserável, ou seja,DElevado
RESTITUIÇÃO: Neste de
pela necessidade caso, o sujeito
salvar a coisa afirma claramente
da iminência ao
de uma
ofendido queou,
calamidade, nãocomo
irá devolver
define oo próprio
objeto material.
CC, “o que se efetua por ocasião de alguma calamidade, como o
incêndio, a inundação, o naufrágio ou o saque” (art. 647). Está excluído, por conseguinte, o depósito legal.
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POSSE DO
OBJETO É
DESVIGIA
APROPRIAÇÃO INDÉBITA
POSSE
APROPRIAR-SE DE OBJETO
INICIALMEN
TE
DETENÇÃO LÍCITA
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36 ESTELIONATO E RECEPTAÇÃO
A) AÇÃO NUCLEAR
B) CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
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C) CONSUMAÇÃO
Se, por outro lado, o agente arrepender-se somente após a consumação do crime,
ou seja, após a recusa do pagamento pelo banco sacado, incidirá a Súmula 554 do STF: “ O pagamento
de cheque emitido sem provisão de fundos, após o recebimento da denúncia, não obsta ao prosseguimento
da ação penal”.
ESTELIONATO OBTER
Art. 171, CP
VANTAGEM INDEVIDA
PREJUÍZO VÍTIMA
FRAUDE ERROINDUZIR
MANTER
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receber, ocultar etc, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime (art. 180, “caput”,
1ª parte).
“caput”, 2ª parte. Constitui o fato de o sujeito influir para que terceiro, de boa fé, adquira, receba ou oculte
coisa produto de crime.
Forma qualificada - § 1º: Tem como elemento subjetivo o dolo, seja direto ou
eventual.
Forma culposa - § 3º: O código refere coisa que, “pela sua natureza, deve
presumir- se obtida por meio criminoso”. A expressão “deve presumir-se” é indicativo de culpa na
modalidade imprudência.
RECEPTAÇÃO ADQUIRIR
Art. 180, CP
Coisa que sabe ser produto de crime
TRANSPORTAR
CONDUZIR
RECEBER
OCULTAR
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37 ESCUSAS ABSOLUTÓRIAS
Consubstancia-se
II) IMUNIDADE RELATIVA – Art. em imunidade penal relativa ou processual, a qual não extingue
a punibilidade, mas tão-somente impõe uma condição objetiva de procedibilidade.
I - se o crime
III) EXCLUSÃO DE IMUNIDADE OUéPRIVILÉGIO
de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de
– Art.
grave ameaça ou violência à pessoa;
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IMUNIDADES
I- do cônjuge desquitado ou judicialmente separado;
se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de grave ameaça ou violência
III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos.
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QUESTÃO 2 - 2010/03
Caio, residente no município de São Paulo, é convidado por seu pai, morador da cidade de Belo Horizonte,
para visitá-lo. Ao dirigir-se até Minas Gerais em seu carro, Caio dá carona a Maria, jovem belíssima que
conhecera na estrada e que, ao saber do destino de Caio, o convence a subtrair pertences da casa do
genitor do rapaz, chegando a sugerir que ele aguardasse o repouso noturno de seu pai para efetuar a
subtração. Ao chegar ao local, Caio janta com o pai e o espera adormecer, quando então subtrai da
residência uma televisão de plasma, um aparelho de som e dois mil reais. Após encontrar-se com Maria no
veículo, ambos se evadem do local e são presos quando chegavam ao município de São Paulo.
Com base no relatado acima, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos
apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso.
a) Caio pode ser punido pela conduta praticada e provada? (Valor: 0,4)
b) Maria pode ser punida pela referida conduta? (Valor: 0,4)
c) Em caso de oferecimento de denúncia, qual será o juízo competente para processamento da ação penal?
(Valor: 0,2)
180
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Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.
ESTUPRO
Com a lei nova, outra inovação substancial diz respeito ao sujeito passivo.
Anteriormente à reforma, o sujeito passivo do crime de estupro era apenas a mulher. Atualmente, o estupro
poderá ter como sujeito passivo homens ou mulheres, quando constrangidos à prática de atos libidinosos de
qualquer natureza.
Atinente ao sujeito ativo, por sua vez, pode ser homem ou mulher,
indistintamente.
C) CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
181
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MESMO
CONTEXTO CRIME ÚNICO
CONJUNÇÃO FÁTICO
CARNAL/
OUTRO ATO
LIBIDINOSO CONTEXTOS
CRIME
FÁTICOS
CONTINUADO
DISTINTOS
Quanto
Duas sãoàs as
lesões graves1ª)
hipóteses: (ouocorrência
gravíssimas), devem
de lesões ocorrer
graves daabrangem
(que conduta. Com isso,
as lesões
deixou claro odecorrentes
gravíssimas) legislador que tais resultados
da conduta devem
do agente. decorrer
2ª) vítima da de
maior conduta, portanto
14 anos e menordadeviolência
18 anosouna grave
data
ameaça
do fato.empregadas contra a vítima.
O parágrafo 2º do artigo 213, por sua vez, prevê o resultado qualificador morte,
também decorrente da conduta. Neste particular, houve redução da pena máxima, que anteriormente era de
25 anos, passando para 20 anos de reclusão.
182
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Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) a
§ 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por
ESTUPRO DE VULNERÁVEL
A) Sujeitos do Crime
A vítima, por sua vez, só pode ser pessoa com menos de 14 anos (caput) ou
portadora de enfermidade ou deficiência mental ou incapaz de discernimento para a prática do ato, ou que,
por qualquer outra causa, sem condições de oferecer resistência (§ 1º).
183
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B) Tipo Subjetivo
O crime é punido a título de dolo, devendo o agente ter ciência de que age em face
de pessoa vulnerável.
ESTUPRO DE VULNERÁVEL
FORMAS QUALIFICADAS
184
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Primeira delas foi a eliminação da ação penal privada em delitos dessa natureza, que
antes era a
regra.
Veja-se que o estupro com resultado lesões graves (gravíssimas) ou morte passou
a ser delito de ação penal pública condicionada à representação. Ora, total impropriedade cometeu o
legislador. Imagine-se aludido delito com resultado morte da vítima.
AÇÃO PENAL
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Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
PECULATO
I) CONCEITO
B) PECULATO- É o denominado peculato próprio. Está previsto na segunda parte do caput do art.
312: “ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio”.
O agente tem a posse da coisa e lhe dá destinação diversa da exigida por lei,
agindo em proveito próprio ou de terceiro.
187
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Estamos agora diante de um crime de furto, só que praticado por funcionário público,
o qual se vale dessa qualidade para cometê-lo. Aqui o agente não tem a posse ou detenção do bem como
no peculato-apropriação ou desvio, mas se vale da facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário
público para realizar a subtração.
PECULATO
APROPRIAÇÃO
POSSE
SUBTRAÇÃO/FURTO
Art. 312, §2º
LEGÍTIMA
188
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OPune-se
funcionário
aqui para ser punido
o funcionário insere-se
público na figura
que por do garante,
negligência, previstaou
imprudência noimperícia
art. 13, §
2º. Assim,para
concorre tema ele o dever
prática de agir,
de crime impedindo o resultado de ação delituosa de outrem. Não o fazendo,
de outrem.
responde por peculato culposo.
Extinção
punibilidade
NEGLIGÊNCIA
CABE REPARAÇÃO DANO
ANTES SENTENÇA
IRRECORRÍVEL
IMPRUDÊNCIA
IMPERÍCIA
DEPOIS SENTENÇA
IRRECORRÍVEL
REDUÇÃO
pena metade
189
DIREITO PENAL OAB
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A) AÇÃO NUCLEAR
Contudo, não pratica esse delito, mas o de extorsão ou roubo, por exemplo, o policial
Ex. carcereiro que exige dinheiro dos presos sob sua custódia. Na hipótese, o
militar que exige vantagem indevida da vítima utilizando-se de violência, ou ameaçando-a gravemente de
simples fato de os presos encontrarem-se sob a guarda daquele gera neles o temor de eventuais
sequestrar seu filho.
represálias.
B) CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
CONCUSSÃO EXIGIR
Art. 316, CP
VANTAGEM INDEVIDA
190
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A) MODALIDADES
* EXIGÊNCIA INDEVIDA:
B) CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
A) EXIGÊNCIA INDEVIDA: Aqui o delito se consuma no momento em que é feita a exigência do tributo
ou contribuição social.
A tentativa é possível.
191
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I) AÇÃO NUCLEAR
a) SOLICITAR: pedir, manifestar que deseja algo. Não há o emprego de qualquer ameaça explícita ou
implícita.
b) RECEBER:O funcionário Aqui ana
aceitar, solicita
entrar proposta
vantagem, parte de obter,
e a vítima
posse. Significa terceiros
pore deliberada
cede diretaa ou
ela indiretamente,
adere o funcionário,
vontade. para siououseja,
parao outrem,
agente
não só aceita
vantagem a proposta como recebe a vantagem indevida.
indevida.
Ao contrário da primeira modalidade, é condição essencial para sua existência que
haja a anterior configuração do crime de corrupção ativa, isto é, o oferecimento de vantagem indevida (art.
333). Sem essa oferta pelo particular, não há como falar em recebimento de vantagem.
c) ACEITAR A PROMESSA DE RECEBÊ-LA: Nessa modalidade típica basta que o funcionário concorde
com o recebimento da vantagem. Não há o efetivo recebimento dela. Deve haver necessariamente uma
proposta formulada por terceiros, à qual adere o funcionário, mediante a aceitação de receber a vantagem.
II) CLASSIFICAÇÃO
192
DIREITO PENAL OAB
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público em razão da função (ainda que esteja fora dela ou antes de assumi-la)
O tipo penal não exige que o funcionário pratique ou se abstenha da prática do ato
funcional. Se isso suceder, haverá mero exaurimento do crime, o qual constitui condição de maior
punibilidade (causa de aumento de pena prevista no § 1º do art. 317).
A tentativa é de difícil ocorrência, mas não é impossível. Basta que haja um iter
criminis a ser cindido. Ex. solicitação feita por carta, a qual é interceptada pelo chefe de repartição.
CORRUPÇÃO SOLICITAR
PASSIVA
Art. 317, CP
CRIME FORMAL RECEBER
ACEITAR PROMESSA
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A) RETARDAR: É atrasar, adiar, protelar, procrastinar, não praticar o ato de ofício dentro do prazo
estabelecido (crime omissivo).
Ex. atendente de cartório judicial que, devendo expedir alvará de soltura, por não
B) DEIXARcom
simpatizar DEo PRATICAR: trata-se
advogado, deixa de mais
de fazê-lo comuma modalidade
a brevidade que omissiva
a medida do crime em estudo. Aqui, no
exige.
entanto, ao contrário da conduta precedente, há o ânimo definitivo de não praticar o ato de ofício.
C) PRATICAR (contra disposição expressa de lei): cuida-se aqui de conduta comissiva, em que o agente
efetivamente executa o ato, só que de forma contrária à lei.
* sentimento pessoal:
PREVARICAÇÃO RETARDAR
Art. 319, CP
CRIME FORMAL DEIXAR DE PRATICAR
PRATICAR
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A) AÇÃO NUCLEAR
OFERECER vantagem indevida, ou seja, propor ou apresentar para que seja aceita;
B) CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
Trata-se de crime formal, uma vez que a consumação se dá com a simples oferta
ou promessa de vantagem indevida por parte do agente ao funcionário público, isto é, independentemente
de ele aceitá-la ou recusá-la. Também não é necessário que o funcionário pratique, retarde ou omita o ato
de ofício de sua competência.
A tentativa é possível.
C) CAUSA DE AUMENTOEx.
DEsuponha-se
PENA – Art. 333, parágrafo
a hipótese em que aúnico
correspondência contendo a oferta de
dinheiro não chega às mãos do funcionário
Eleva-se a pena emdestinatário por terem
1/3 quando, sido apreendida
razão pela polícia.
da promessa ou da vantagem, o
funcionário público efetivamente atrasa ou não faz o que deveria, ou mesmo pratica o ato, infringindo dever
funcional. Nessa hipótese, o crime é material, isto é, exige resultado naturalístico.
Art. 333, CP
PROMETER
CRIME FORMAL
PRATICAR
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A) AÇÃO NUCLEAR
B) CONSUMAÇÃO
Trata-se de crime , ou seja, delito que não exige, para sua consumação,
CRIME FORMAL
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