Semana 2 - A Arte Paleocristã

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HISTÓRIA DA ARTE 2 | PROF.

GUSTAVO LOPES

semana 2
A ARTE PALEOCRISTÃ
ΧΡΙΣΤΟΣ = Cristos
Unidade I – O fim do mundo clássico
Esta é Basílica de NossaO declínio do Império Romano e seu impacto na arte
A arte paleocristã
Senhora de Nazaré, localizada A arte bizantina
em Belém do Pará e iniciada
em 1909. Em vários aspectos,
seu interior em estilo
neoclássico se aproxima da
arte paleocristã, ou seja, da
arte cristã dos primeiros
séculos dessa religião.
Na igreja paleocristã de São
Paulo Extramuros, localizada
em Roma e iniciada em 386,
encontramos mosaicos,
clerestórios, colunas coríntias
dispostas em colunatas e
naves* (longos espaços
mosaico coluna
coríntia
paralelos que conduzem ao
altar, normalmente separados
nave entre si por colunatas) –
lateral nave central elementos também presentes
na igreja brasileira.

*Igrejas menores podem conter


apenas uma nave.
As primeiras basílicas não tinham função
religiosa, mas civil. É o caso da Basílica de
Constantino e Maxêncio, em Roma.

Basílica de Constantino e Maxêncio


Abóbada de
berço (ou de
canhão)
Na Catedral
Metropolitana de
Belém, iniciada no
período Barroco,
encontramos
abóbadas* de
berço, já presentes
na Basílica de
Constantino e
Maxêncio.

*tetos curvos.
Esta abóbada de aresta
(formada por duas
abóbadas de berço que se
cruzam, formando um “X”),
parte da igreja de São
Francisco de Assis, em
Mariana-MG, remonta
igualmente a abóbadas
romanas antigas. Abaixo,
vemos uma reconstituição
do interior da basílica de
Constantino e Maxêncio.
Nem todos os elementos das primeiras igrejas
perduraram. O átrio, por exemplo, caiu em desuso
com o tempo. Por outro lado, a abside (nicho
semicircular, normalmente localizado na extremidade
leste da igreja), outro elemento comum nas igrejas
paleocristãs, se manteve, como podemos observar
em uma igreja localizada na Asa Norte, em Brasília
(abaixo, à direita). As absides das basílicas
paleocristãs normalmente continham mosaicos.
Na parte superior da abside da basílica de Santa
Pudenziana, em Roma (ao lado), encontramos um
mosaico do século IV, parcialmente restaurado no
século XVI.
abside
átrio abside
Este mosaico se compõe de
tesselas* de vidro colorido.
Diferentemente do que ocorre
nos mosaicos gregorromanos
mais antigos – feitos de tesselas
de pedra e limitados,
normalmente, a branco, preto,
cinza e tons castanhos –, os
mosaicos de vidro permitiam
uma grande variedade
cromática.

* Do latim tesserae: pequenos


cubos que compõem os mosaicos.
As partes douradas do mosaico são
formadas por tesselas compostas de
uma folha de ouro muito fina presa
entre duas camadas de vidro.
Para além do seu
valor estético e
técnico, o mosaico
de Santa Pudenziana
é importante do
ponto de vista da
iconografia, ou seja,
do repertório visual
tradicional de uma
cultura, religião ou
assunto. Os quatro
seres alados no alto
do mosaico são um
tema tradicional da
iconografia cristã.
Presentes também no Livro das Aves,
manuscrito do século XIV localizado na
Biblioteca Central da UnB (ao lado), eles
simbolizam os quatro evangelistas. De acordo
com a interpretação mais aceita, o anjo, único
ser de face humana, simboliza Mateus, cujo
Evangelho se inicia pela genealogia humana de
Cristo; a águia, associada ao céu, simboliza
João, cujo Evangelho se inicia com o Verbo
divino; O boi ou touro, associado ao sacrifício
religioso, simboliza a Paixão de Cristo e o
evangelista que se inicia seu livro com um
sacrifício oferecido por Zacarias; o leão
simboliza Marcos, que inicia seu Evangelho pela
pregação de João Batista no deserto,
comparada por São Jerônimo ao rugido de um
leão.
Outros símbolos de importância
central para o cristinanismo
aparecem pela primeira vez na
arte paleocristã. Aqui, em um
mosaico do Mausoléu de Galla
Pacidia, encontramos um
cristograma, semelhante a um “x”
e um “p” cruzados. Na realidade,
tratam-se de dois caracteres
gregos:, “χ”, que tem som de “k”,
e “ρ” , com som de “r” – as duas
primeiras letras do nome de Cristo
em grego (χριστός).
Abaixo da abóbaba há uma parte
semicircular chamada luneta.
Diferente da parte superior da
abside, que tem a forma de uma
meia-cúpula, a luneta é plana.
As folhas de acanto, que
aparecem aqui entrelaçadas
aos cervos, aparecem na arte
ocidental com os gregos e
persistem até o século XX.
Elas se encontram
também no na base
deste mosaico,
estilizadas de modo
diferente. A partir do
do acanto brotam
vinhas – outro
elemento decorativo
de origem grega –
que espiralam pelo
mosaico e que aqui
adquirem um sentido
religioso: simbolizam
o vinho da Eucaristia
e o sangue de Cristo.
Outro legado da Antiguidade pagã à
arte cristã foi a narrativa visual
sequencial, encontrada, por exemplo,
nos afrescos da Vila dos Mistérios
(acima) e no Gênesis de Viena, um
manuscrito do século VI (à esquerda).
Neste tipo de narrativa, personagens
aparecem repetidas vezes em cenas
justapostas, que mostram os eventos
principais de uma história.
Unidade I – O fim do mundo clássico
O declínio do Império Romano e seu impacto na arte
A arte paleocristã
A arte bizantina
A partir do século V
percebem-se mais
facilmente os traços de
uma identidade estilística
própria na arte figurativa
cristã. Nesta Anunciação,
que integra a basílica
romana de Santa Maria
Maggiore, em Roma, a
parte superior do plano
fundo, com céu e nuvens, é
feita de modo tradicional,
mas a área atrás de Virgem
(figura sentada) se torna
um fundo abstrato
dourado, símbolo de
santidade.
No centro deste mosaico do
século V, localizado no
Mosteiro Neoniano, em
Ravena, cristianismo e
paganismo se justapõem.
Enquanto João Batista batiza
Cristo e o Espírito Santo desce
sobre a cena, uma figura mais
difícil de identificar os observa,
à direita. Trata-se de uma
personificação do rio Jordão.
As personificações, originárias da arte grega antiga, são
representações antropomórficas de lugares ou conceitos. Rios eram
normalmente personificados como homens barbados, com um junco
em uma das mãos – como no mosaico cristão que vimos – e uma
cornucópia ou uma hídria (jarro de água) na outra, como no afresco
romano visto aqui.
Nesta tapeçaria do século V encontramos outra
figura pré-cristã. Uma guirlanda com a cruz cristã
ao centro é erguida por uma figura que se parece
com um anjo, mas é, na verdade, uma vitória
alada, de origem
grega antiga.
Essas figuras femininas aladas representavam a deusa
grega Nice (Vitória) ou, como no exemplo anterior,
personificavam a ideia de vitória. Elas comumente traziam
nas mãos guirlandas, medalhões ou coroas de louros, e
coexistiram na arte cristã com as representações de anjos,
cuja aparência inicial era bastante diferente. À esquerda,
uma vitória alada em uma tapeçaria (séculos IV a VI d. C.);
abaixo, Balaão (montado) encontra um anjo barbado e
desprovido de asas em um afresco do século IV.
Com o passar do tempo, anjos alados
ganharam espaço na arte paleocristã. Esta
placa de marfim do século VI, parte de uma
obra conhecida como Díptico Barberini,
contém anjos e vitórias. Você consegue
diferenciá-los?

Descubra mais sobre as suas representações


no podcast da semana!
Para saber mais:

As Representações do Cristo Jovem na Iconografia Paleocristã


https://core.ac.uk/reader/276549680

Da arte romana à arte paleocristã: o sacófago romano de Évora


https://run.unl.pt/handle/10362/5374

O Mausoléu de Galla Placidia


https://www.youtube.com/watch?v=yvnr0wnmoGY (legendas em português nas opções)

O Sarcófago de Junius Bassus


https://smarthistory.org/sarcophagus-of-junius-bassus-2/ (nas opções – ícone de
engrenagem – a última alternativa, “traduzir automaticamente”, tem opção para
português).

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