Neves. 2006

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 125

FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE

PÓS-GRADUAÇÃO EM OCEANOGRAFIA BIOLÓGICA

VARIAÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DA
MACROFAUNA BENTÔNICA NA PRAIA DO
CASSINO, EXTREMO SUL DO BRASIL

LUCIANO PEYRER DAS NEVES

Dissertação apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em
Oceanografia Biológica da
Fundação Universidade Federal do
Rio Grande, como requisito parcial
à obtenção do título de MESTRE.

Orientador: Profº Dr. Carlos Emílio Bemvenuti

RIO GRANDE
Março 2006
2
Dedico esse trabalho à
minha família e à minha
noiva Andresa.
AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradeço o professor e amigo Dr. Carlos Emílio Bemvenuti

pela oportunidade e por todo conhecimento adquirido nesses dois anos, além da

paciência em discutir todas as minhas infinitas dúvidas científicas.

À minha mãe Marli, meu pai Elias, minha irmã Luciana e à minha noiva

Andresa por todo apoio, carinho e por sempre acreditarem na minha capacidade.

Ao laboratorista Nilton Araújo pela ajuda e por me ensinar tantas coisas sobre o

incrível mundo bentônico, além do seu bom humor que torna o ambiente sempre

descontraído.

Ao professor Dr. Ricardo Roberto Capítoli pelas sugestões e ajuda na realização

de diversos gráficos e também pelas conversas sobre diversos temas, incluindo o bom e

velho futebol.

À professora Drª. Cristina Zardo e sua orientada Letícia pelo auxílio na

identificação dos insetos.

Ao Sr. Alcione pelo fornecimento dos dados meteorológicos proveniente da

Praticagem da Barra de Rio Grande.

Ao amigo Pedro Pereira (Patú) por toda ajuda na caracterização morfodinâmica

da praia estudada, além das diversas sugestões que contribuíram para a realização deste

trabalho.

Ao Pedro de Sá (Truta) pela força, discussões, amizade e pelas boas prosas e

risadas ao longo das diversas horas despendidas ao lado da lupa.

3
Aos amigos do laboratório Luciana, Michel, André, Fred, Leonardo, Rafael e

Aline, pela colaboração e por tornarem o laboratório um ambiente de fácil convívio.

Tenho certeza que sem a ajuda de vocês esse trabalho não seria o mesmo.

Aos meus amigos, Fernanda, André Beal, Marcos, Jorginho, Loreta, Juliana,

Gabriela, Katryana, Sheila, Priscila, Mateus, Jeison, Jefferson, Afrânio, Carlos, Marcio,

Juli, André (Recife), Juliano, Samantha, Indianara, Camila, Luis, Koike, Bruno, Renato,

entre muitos outros, por todos os momentos de descontração e por muitas vezes serem

minha família.

4
ÍNDICE

RESUMO........................................................................................................................07
ABSTRACT....................................................................................................................09
INTRODUÇÃO GERAL................................................................................................11
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................14

CAPÍTULO 1 - ZONAÇÃO DA MACROFAUNA BENTÔNICA NA PRAIA DO


CASSINO, EXTREMO SUL DO BRASIL.

1. INTRODUÇÃO........................................................................................................ 19
2. METODOLOGIA..................................................................................................... 22
2.1. Área de Estudo..............................................................................................22
2.2. Amostragem..................................................................................................23
2.3. Dados Ambientais.........................................................................................25
2.4. Análises Estatísticas......................................................................................26
3. RESULTADOS.........................................................................................................28
3.1. Variáveis Ambientais....................................................................................28
3.2. Macroinvertebrados Bentônicos...................................................................32
4. DISCUSSÃO.............................................................................................................40
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................50

CAPÍTULO 2 - DISTRIBUIÇÃO HORIZONTAL DA MACROFAUNA


BENTÔNICA NA PRAIA DO CASSINO, EXTREMO SUL DO BRASIL.

1. INTRODUÇÃO.........................................................................................................58
2. METODOLOGIA......................................................................................................60
2.1. Área de Estudo..............................................................................................60
2.2. Amostragem..................................................................................................61
2.3. Dados Ambientais.........................................................................................62
2.4. Análises Estatísticas......................................................................................63
3. RESULTADOS.........................................................................................................64

5
3.1. Variáveis Ambientais....................................................................................64
3.2. Macroinvertebrados Bentônicos...................................................................67
4. DISCUSSÃO.............................................................................................................75
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGÁFICAS.........................................................................81

CAPÍTULO 3 - VARIABILIDADE TEMPORAL DA MACROFAUNA


BENTÔNICA NA PRAIA DO CASSINO, EXTREMO SUL DO BRASIL.

1. INTRODUÇÃO.........................................................................................................88
2. METODOLOGIA......................................................................................................91
2.1. Área de Estudo..............................................................................................91
2.2. Amostragem..................................................................................................92
2.3. Dados Ambientais.........................................................................................94
2.4. Análises Estatísticas......................................................................................94
3. RESULTADOS.........................................................................................................96
3.1. Variáveis ambientais.....................................................................................96
3.2. Macroinvertebrados Bentônicos...................................................................99
4. DISCUSSÃO...........................................................................................................105
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................113
CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................120
ANEXOS.......................................................................................................................123

6
RESUMO

A zonação (distribuição vertical), distribuição horizontal e também a variabilidade

temporal da macrofauna bentônica na praia do Cassino, Rio Grande do Sul, Brasil, foi

estudada durante o período de um ano (junho 2004 a maio de 2005) com base em

coletas mensais. Para isso escolheu-se 3 locais, com 50 m de distância um do outro,

sendo que em cada local foram fundeadas 3 transversais 2 m eqüidistantes. Cada

transversal se estendeu desde a base das dunas primárias até aproximadamente 1m de

profundidade no infralitoral. A distância dos níveis de coleta em cada transversal foi de

20 m até o limite superior da zona de varrido, a partir do qual a distância foi de 10 m. A

zonação mostrou-se variável ao longo do ano, sendo que esta variabilidade foi

principalmente reflexo da maior instabilidade da zona inferior da praia, que

compreendeu o mesolitoral inferior e a zona de arrebentação interna. Isto ficou

evidenciado sazonalmente, com a formação de distintos grupos faunísticos de acordo

com a peculiaridade de cada estação do ano. A formação destes grupos foi fortemente

influenciada pelas flutuações das densidades, decorrentes dos recrutamentos e da

sobreposição da distribuição dos organismos, em função da elevação do nível da água

devido às ressacas. Não ficou evidenciada variação espacial horizontal da comunidade

bentônica dentro de uma escala de 50 m e 100 m, provavelmente em conseqüência da

ausência de sangradouros próximo ao local estudado. Numa escala de centenas de

metros ou quilômetros, seria esperada variação na distribuição horizontal do

macrozoobentos, em função de fatores como regime de ondas, características do

sedimento e morfologia praial. A variação temporal da abundância da macrofauna

bentônica, constatada no presente trabalho, pode ser atribuída a efeitos positivos

decorrentes dos picos de recrutamento e migração de determinadas espécies para a zona

7
de varrido e a efeitos negativos como a migração de algumas espécies para águas mais

profundas, a mortalidade por causas naturais (embancamento e ação dos predadores) e

antrópicas (extrativismo e o trânsito de veículos). Entre estes atribuímos ao

recrutamento a responsabilidade pela expressiva elevação da abundância da macrofauna

bentônica, enquanto o embancamento, ou seja, o aprisionamento dos organismos nas

partes superiores da praia, provavelmente seja o principal responsável pelas abruptas

quedas nas abundâncias do macrozoobentos.

8
ABSTRACT

The zonation (vertical distribution), longshore distribution as well as the temporal

variability of the macroinfauna on Cassino beach, Rio Grande do Sul, Brazil, were

studied during one year (from June 2004 to May 2005) on a monthly basis sampling.

For that, 3 sites were chosen 50 m apart from each other. On each site 3 transects, 2 m

apart from each other were anchored. Each transect extended from the base of the

primary dunes to approximately 1 m depth into the infralittoral. The distances to the

sampling levels in each transect were 20 m to the upper limit of the swash zone, from

which the distances were of 10 m. The zonation pattern was variable over the year, and

this variability was mainly due to the large instability of the lower levels of the beach,

which includes the lower intertidal and the inner surf zone. This was highlighted

seasonally, with the formation of different faunal groups in according to the peculiarity

of each season. These clustering were strongly influenced by fluctuations in the

macrobenthos densities, caused mainly by recruitments and superimposing organism

distribution due to the water level elevation during storms. Longshore variation of the

macroinfauna community was not highlighted in a 50 m to 100 m range, probably

because the absence of streams in the studied area. In a hundred or kilometer scale,

macroinfauna longshore variation would be expected, as a consequence of the wave

regime, characteristics of the sediment and beach morphology. The temporal variation

of the macroinfauna abundance can be attributed to positive effects such as recruitment

peaks and migration of certain species to the swash zone and to negative effects like the

migration of some species into the deeper waters, mortality for natural causes (stranding

and predator action) and human disturbance (harvesting and vehicles traffic). Among

these, we consider recruitment as the main factor causing expressive temporal

9
increasing of the macroinfauna abundance, while stranding (the imprisonment of the

organisms on the upper parts of the beach) is probably the main factor responsible for

the abrupt drops in the abundance of the benthic macroinfauna.

10
INTRODUÇÃO GERAL

Praias arenosas estão presentes em todas as costas, latitudes e climas ao redor do

mundo, tendo uma grande amplitude de tamanhos, morfologias, graus de exposição e

condições oceanográficas, junto com alta diversidade em características bióticas (Rodil

& Lastra, 2004). A distribuição, abundância e diversidade da macrofauna praial têm

sido relacionadas a fatores físicos, dos quais a ação das ondas, o tamanho dos grãos de

areia e a inclinação da praia são considerados os mais importantes (McLachlan, 1983).

Além dos fatores físicos, também existem fatores biológicos que estruturam as

comunidades bentônicas de praias arenosas. Esta estruturação é o resultado de

propriedades como disponibilidade e busca pelo alimento, efeitos da reprodução na

dispersão e assentamento, modos de locomoção e padrões de agregação, competição

intra e interespecífica e efeitos da predação (Knox, 2000). Estes ambientes têm sido

caracterizados como fisicamente severos, exibindo heterogeneidade espacial e temporal

(Brown & McLachalan, 1990).

As exigências ou tolerâncias peculiares de cada espécie aos diferentes fatores

ecológicos, resultam em uma distribuição vertical dos organismos em faixas ou zonas

características, sendo isto conhecido como zonação. A zonação da macrofauna em praias

não é tão óbvia como nos costões rochosos, onde a distribuição da macrofauna paralela a

linha da costa é facilmente observada. Nas praias, ao contrário, a maioria dos organismos

não está visível na superfície, estando a quase totalidade da fauna abrigada no interior do

sedimento (Gianuca, 1987).

Diversos estudos foram realizados em praias arenosas a fim de verificar a

distribuição da macrofauna ao longo de um gradiente vertical (Defeo et al., 1992;

11
Jaramillo et al., 1993; Souza & Gianuca, 1995; Veloso et al., 1997; Borzone & Souza,

1997; Barros et al., 2001; Veloso et al., 2003; Degraer et al., 2003). Porém, um aspecto

menos abordado nos estudos desenvolvidos em praias arenosas é o da distribuição

horizontal dos organismos. Esta deve ser considerada, pois é comum a distribuição da

macrofauna em manchas (Giménez & Yanicelli, 2000).

Vários trabalhos que caracterizaram as comunidades bentônicas de praias

arenosas foram restritos a um curto período amostral, não sendo possível avaliar a

variação temporal do macrozoobentos a partir desses trabalhos (Jaramillo, 1978;

McLachlan, 1990; Defeo et al., 1992; Jaramillo & McLachlan, 1993; James &

Fairweather, 1996; Borzone et al., 1996; Hernandez et al., 1998). No entanto, existem

trabalhos que se preocuparam em analisar a variação temporal, sendo esta variação

ligada à diversos fatores, como temperatura (Leber 1982), morfodinâmica praial

(Jaramillo et al., 1996), períodos de ressurgência (Dexter, 1979) e recrutamentos

(Veloso et al., 1997; Borzone & Souza, 1997; Souza & Gianuca, 1995).

No Brasil trabalhos realizados por Veloso et al. (1997), Veloso & Cardoso

(2001), Veloso et al. (2003), Souza & Gianuca (1995), Borzone et al. (1996), Borzone

& Souza (1997) e Barros et al. (2001) se preocuparam em caracterizar a distribuição

vertical (zonação) e/ou a variabilidade temporal do macrozoobentos. Todos estes

trabalhos se concentraram nos estados do Rio de Janeiro e Paraná, porém no Rio Grande

do Sul poucos estudos foram realizados a fim de caracterizar a macrofauna bentônica de

praias arenosas, exceto os de Gianuca (1983 e 1987) e Borzone & Gianuca (1990) que

realizaram trabalhos sobre a composição e distribuição do macrozoobentos nos distintos

níveis da praia. No entanto, o presente trabalho é o primeiro estudo com amostragens

quantitativas replicadas entre o supralitoral e o limite inferior do mesolitoral, cujo

12
propósito é verificar a distribuição vertical (zonação), horizontal e variação temporal da

macrofauna bentônica durante as quatro estações do ano na Praia do Cassino, RS,

Brasil.

13
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARROS, F; BORZONE, CA & ROSSO, S. 2001. Macroinfauna of six beaches near

Guaratuba bay, southern Brazil. Brazilian Archives of Biology and Technology,

44:351-364.

BORZONE, CA & GIANUCA, NM. 1990. A zonação infralitoral em praias arenosas

expostas. II Simpósio sobre Ecossistemas da Costa Sul e Sudeste Brasileira, Publ.

ACIESP, São Paulo, 3:280-287.

BORZONE, CA; SOUZA, J R B & SOARES, A G. 1996. Morphodynamic influence

on the structure of inter and subtidal macrofaunal communities of subtropical

sandy beaches. Revista Chilena de Historia Natural, 69: 565-577.

BORZONE, CA & SOUZA, JRB. 1997. Estrutura da macrofauna bentônica no supra,

meso e infralitoral de uma praia arenosa do sul do Brasil. Oecologia

Brasiliensis, volume III: 197-212

BROWN, AC & MCLACHLAN, A. 1990. Ecology of Sandy Shores. Elsevier,

Amsterdam 328 pp.

DEFEO, O; JARAMILLO, E; & LYONNET, A. 1992. Community structure and

intertidal zonation of the macroinfauna on the Atlantic coasts of Uruguay.

Journal of Coastal Research, 8:830-839.

DEGRAER, S; VOLCKAERT, A & VINCX, M. 2003. Macrobenthic zonation patterns

along a morphodynamical continuum of macrotidal , low tide bar/rip and ultra-

dissipative sandy beaches. Estuarine, Coastal and Shelf Science, 56:459-468.

DEXTER, DM. 1979. Community structure and seasonal variation in interttidal

panamanian sandy beaches. Estuarine and Coastal Marine Science, 9:543-558

14
GIANUCA, NM. 1983. A preliminary account of the ecology of sandy beaches in

southern Brazil. In: McLachlan, A. & Erasmus, T. (eds), Sandy Beaches as

Ecosystems. W Junk Publishers, 413-420.

GIANUCA, NM. 1987. Zonação e produção nas praias arenosas do litoral sul e sudeste

do Brasil. Simpósio de Ecossistemas da Costa Sul e Sudeste Brasileira – síntese

dos conhecimentos, Cananéia, SP, 1: 313-332.

GIMÉNEZ, L & YANNICELLI, B. 2000. Longshore patterns of distribution of

macroinfauna on a uruguayan sandy beach:an analysis at different spatial scales

and of their pottential causes. Marine Ecology Progress Series, 199:11-125.

HERNANDEZ, C; CONTRERAS, SH; GALLARDO, JA & CANCINO, JM. 1998.

Community structure of the macroinfauna along a sandy beach of central Chile:

Lenga, Bahia San Vicente. Revista Chilena de Historia Natural, 71(3):303-311

JAMES, RJ & FAIRWEATHER, PG. 1996. Spatial variation of intertidal macrofauna

on a sandy ocean beach in Australia. Estuarine, Coastal and Shelf Science 43:81-

107.

JARAMILLO, E. 1978. Zonación y estrutura de la comunidad macrofaunística en

playas de arena del sur de Chile (Mehuín, Valdivia). In: ANKEL, WE;

BRUNDIN, L; BÜCHERL, W; MARCUS, EB; GERY, J; IILIES, J; KILIAN,

EF; KOEPCKE, HW & WYGODZINSKY, PW (eds). Studies on Neotropical

Fauna and Environment. Swers & Zeitlinger B.V Publishers, 71-92.

15
JARAMILLO, E & MCLACHLAN, A. 1993. Community and population responses of

the macroinfauna to physical factors over a range of exposed sandy beaches in

south-central Chile. Estuarine, Coastal and Shelf Science, 37:615-624

JARAMILLO, E; MACLACHLAN, A & COETEZEE, P. 1993. Intertidal zonation

patterns of macroinfauna over a range of exposed sandy beaches in south-central

Chile. Marine Ecology Progress Series, 101: 105-117.

JARAMILLO, E; STEAD, R; QUIJON, P; CINTRERAS ,H & GONZALEZ, M. 1996.

Temporal variability of the sand beach macroinfauna in south-central Chile.

Revista Chilena de Historia Natural,69:641-653.

KNOX ,GA. 2000. The Ecology of Sea Shores. CRC Press, New York, 555 pp.

LEBER, KM. 1982. Seasonality of macroinvertebrates on a temperate , high wave

energy sandy beach. Bulletin of Marine Science, 32(1): 86-98.

MCLACHLAN, A. 1983. Sandy beaches ecology – a review. In: MCLACHLAN A &

ERASMUS T. (eds). Sandy Beaches as Ecosystems. W Junk, Publishers, 321-

380.

MCLACHLAN, A. 1990. Dissipative beaches and macrofauna communities on exposed

intertidal sands. Journal of Coastal Research, 6: 57-71.

RODIL, IF & LASTRA M. 2004. Environmental factors affecting benthic macrofauna

along gradient of intermediate sandy beaches in northern Spain. Estuarine,

Coastal and Shelf Science, 61:37-44.

SOUZA, JBR & GIANUCA, NM. 1995. Zonation and seasonal variation of the

intertidal macrofauna on a sandy beach of Paraná State, Brazil. Scientia Marina,

59 (2): 103-111.

16
VELOSO, VG; CARDOSO, RS & FONSECA, DB. 1997. Spatio-temporal

characterization of intertidal macrofauna at prainha beach (Rio de Janeiro State).

Oecologia Brasiliensis, volume III: 213-225.

VELOSO, VG & CARDOSO, RS. 2001. Effect of morphodynamics on the spatial an

temporal variation of macrofauna on three sandy beaches, Rio de Janeiro state,

Brazil. J.Mar.Biol.Ass.U.K., 81:339-375.

VELOSO, VG; CAETANO, CHS & CARDOSO, RS. 2003. Composition, structure and

zonation of intertidal macroinfauna in relation to physical factors in microtidal

sandy beaches in Rio de Janeiro state, Brazil. Scientia Marina.,67:393-402.

17
CAPÍTULO 1

ZONAÇÃO DA MACROFAUNA BENTÔNICA


NA PRAIA DO CASSINO, EXTREMO SUL DO
BRASIL

18
1. INTRODUÇÃO

As praias são ambientes dinâmicos onde elementos como ventos, água e areia

interagem, tendo como resultado processos hidrodinâmicos e deposicionais complexos

(Brown & McLachlan, 1990). De acordo com Wright & Short (1983) estes ambientes

compreendem uma porção subaérea e outra subaquática. Short & Wright (1983)

propuseram uma classificação das praias em 3 principais tipos, sendo estes: dissipativo,

intermediário e reflectivo.

As exigências ou tolerâncias peculiares de cada espécie aos diferentes fatores

ecológicos, resultam em uma distribuição vertical dos organismos em faixas ou zonas

características, sendo isto conhecido como zonação. A zonação da macrofauna em praias

não é tão óbvia como nos costões rochosos, onde a distribuição da macrofauna paralela a

linha da costa é facilmente observada. Nas praias, ao contrário, a maioria dos organismos

não está visível na superfície, estando a quase totalidade da fauna abrigada no interior do

sedimento (Gianuca, 1987).

Apesar da dificuldade de se identificar a zonação em praias arenosas, diversos

esquemas têm sido propostos. Entre estes, Dahl (1952) baseando-se na distribuição de

crustáceos propôs uma divisão universal em três zonas, designadas respectivamente

como: subterrestre, ocupada por anfípodes talitrídeos em regiões temperadas e

caranguejos do gênero Ocypode em regiões tropicais; mesolitoral caracterizada por

isópodes cirolanídeos; e infralitoral, caracterizada por uma fauna mais diversificada,

que inclui anomuros Hippidae nas regiões tropicais e anfípodes Haustoridae,

Phoxocephalidae e Oedicerotidae nas regiões temperadas. Salvat (1964) propôs um

esquema de zonação que divide as praias em quatro zonas, baseando-se em fatores

19
físicos, estas zonas são: areia seca, retenção, ressurgência e saturação. Apesar da

existência de propostas, um esquema geral de zonação ainda não foi resolvido (Raffaelli

et al., 1991).

Tem sido verificado que o padrão de zonação da macrofauna muda de acordo

com o tipo de praia, sendo que o número de zonas aumenta de praias reflectivas para

praias dissipativas (Defeo et al., 1992a; Jaramillo et al., 1993; McLachlan & Jaramillo,

1995).

No Brasil, Veloso et al. (2003) estudaram a macroinfauna do mesolitoral de 15

praias localizadas no estado do Rio de Janeiro e verificaram não ser possível apresentar

apenas um único esquema de zonação para estas praias, pois houve o reconhecimento

de duas ou três zonas biológicas, sendo que as praias reflectivas apresentaram um

padrão mais estável de duas zonas. Anos antes Veloso et al. (1997), a partir de coletas

mensais em uma única praia, verificaram importante variação temporal e espacial da

macrofauna bentônica.

No estado do Paraná, Souza e Gianuca (1995) observaram em uma praia arenosa

que o padrão de quatro zonas faunística foi persistente ao longo do ano. Ainda no

Paraná, Borzone et al. (1996), com base em um estudo que analisou a influencia da

morfodinâmica sobre a comunidade bentônica de 10 praias, reconheceram 4 zonas

faunísticas seguindo o esquema proposto por Salvat (1964). Já Borzone & Souza (1997)

estudaram uma praia e verificaram que a zonação desta ajustou-se parcialmente ao

esquema de Salvat (1964), porém evidenciou-se variação temporal nos padrões de

zonação, sendo este mais relacionado à estabilidade do sedimento do que aos níveis de

maré. Barros et al. (2001) baseando-se em dos dados de seis praias, mostraram que o

20
padrão de zonação da macrofauna ajustou-se melhor ao esquema de Salvat (1964), com

pequena diferença entre os dados do inverno e verão.

A costa uruguaia junto com o Rio Grande do Sul constitui biogeograficamente o

denominado “Setor Riograndense-Uruguayo”, pela similaridade da composição

faunística das praias arenosas (Escofet et al., 1979). Nesta região, Brazeiro & Defeo

(1996) acompanharam a zonação da macrofauna na Barra do Chuy (Uruguai) durante

um ano e a partir da média de distribuição da macrofauna identificaram 3 zonas entre as

dunas e os níveis mais baixos da zona de varrido. Estes autores identificaram,

entretanto, uma importante variação na zonação dos organismos durante as estações do

ano, o que reforça a necessidade de um acompanhamento temporal da macrofauna

bentônica.

Nas praias do extremo sul do Brasil apesar de terem sido realizados trabalhos

sobre a composição e distribuição do macrozoobentos (Gianuca, 1983, 1987; Borzone

& Gianuca, 1990), há uma evidente carência de abordagens que contemplem

amostragens quantitativas com replicação entre o supralitoral e o limite inferior do

mesolitoral. Recentemente, Neves (2004) analisou a dinâmica diária da distribuição

quantitativa do macrozoobentos no litoral norte do Rio Grande do Sul. No presente

trabalho, objetiva-se verificar a distribuição vertical da macrofauna bentônica durante as

quatro estações do ano numa praia arenosa no litoral sul do Rio Grande do Sul.

21
2. METODOLOGIA

2.1. Área de Estudo

As praias arenosas do extremo sul do Brasil são expostas, com pouco declive, com

ação das ondas de moderada a forte, apresentando estados morfodinâmicos entre

dissipativos e intermediários (Gianuca, 1988; Borzone & Gianuca, 1990). Nas

proximidades da Barra de Rio Grande as praias apresentam características dissipativas

(Calliari & Klein, 1993) enquanto que na área em estudo apresentam característica

intermediária (Pereira, 2005). No extremo sul do país a maior parte da costa é

caracterizada por praias arenosas largas, declividade suave, zona de arrebentação bem

desenvolvida (Garcia & Gianuca, 1998) e areia fina abundante (Borzone & Gianuca,

1990). As marés astronômicas são insignificantes, sendo os fatores meteorológicos os

principais responsáveis pelas variações do nível da água (Calliari & Klein, 1993). O local

de estudo (52º 14’ 040 W e 32º 15’ 554 S) está localizado na praia do Cassino a 17,2 Km

ao sul do molhe oeste (Fig. 1).

Figura 1: Localização da área estudada.

22
Na denominação da zonação foi utilizada a nomenclatura proposta por Gianuca

(1998) para a praia do Cassino. Nesta, o nível supralitoral compreende uma zona sob o

efeito do spray marinho, que somente é inundada pela água do mar durante eventos

extremos como marés e tempestades. O mesolitoral corresponde a zona inundada pelas

marés, tendo no seu limite inferior a zona de varrido, a qual está submetida ao avanço

(“swash”) e recuo (“backwash”) das ondas. O limite superior do infralitoral foi

denominado de zona de arrebentação interna, a qual se caracteriza por fundos arenosos

rasos e turbulentos entre o inferior do varrido e aproximadamente 2 m de profundidade.

2.2. Amostragem

As coletas dos macroinvertebrados bentônicos foram realizadas mensalmente

durante o período de 12 meses (junho de 2004 a maio de 2005). Foram escolhidos 3 locais,

com 50 m de distância um do outro. Foram demarcadas 3 transversais, 2 metros

eqüidistantes em cada local. Cada transversal se estendeu desde a base das dunas primárias

até cerca de 1 m de profundidade no infralitoral, sendo entre 7 e 8 níveis de coleta

distribuídos ao longo de cada transversal. Nas transversais a distância entre os níveis foi de

20 m até a zona do varrido superior, a partir do qual a distância foi de 10 m (Fig. 2). A

menor distância entre os níveis das partes inferiores da praia foi devido ao maior número

de espécies e organismos que tendem a se concentrar nesta área (Gianuca, 1983; Degraer

et al., 2003).

As amostras biológicas foram coletadas utilizando-se um tubo extrator de 20 cm de

diâmetro (0,031416 m2), enterrado no sedimento a 20 cm de profundidade, pois estudos

prévios mostraram que a maior parte da abundância do macrozoobentos é encontrada nos

primeiros 15-20 cm de profundidade dentro do sedimento (Bally, 1983). A forma de coleta

usada esta dentro dos padrões comumente utilizados para amostragem em praias arenosas

23
(Schoeman et al., 2003). Estas amostras foram peneiradas em uma malha de nylon de 0,5

mm de abertura de poro (Holme & McIntyre, 1984) e o material retido fixado em solução

de formaldeído a 10 %. Em laboratório os organismos foram quantificados e identificados

até o menor nível taxonômico possível sob um microscópio estereoscópio.

Figura 2: Esquema do desenho amostral a partir do qual foi coletada a macrofauna


bentônica.

Na área em estudo efetuou-se ainda a quantificação mensal do número de tocas do

“caranguejo fantasma” Ocypode quadrata, sendo estas localizadas principalmente no

supralitoral. Partindo das bases das dunas primárias foram estabelecidas linhas paralelas à

praia com 100 m de comprimento. Estas linhas foram fundeadas na a área de ocorrência

das tocas do O. quadrata com 5 m de distância uma da outra. Através da disposição

24
continua de um quadrado de 1x1m registrou-se a densidade de tocas ao longo de cada

linha.

Recrutas e adultos do bivalve Mesodesma mactroides foram definidos como os

organismos com comprimentos de concha respectivos de 1-10 mm (Defeo et al., 1992b), e

> 43 mm (Masello & Defeo, 1986), enquanto os juvenis possuíram comprimento entre

10,1 – 42,9 mm. Já recrutas, juvenis e adultos do bivalve Donax hanleyanus foram

definidos como organismos de, respectivamente, 1-5 mm, 5,5-15 mm e >15 mm de

comprimento (de Alava, 1993 apud Defeo & de Alava, 1995).

Para analisar a variação espacial da macrofauna bentônica, as amostras

pertencentes a cada nível, por local, foram somadas mensalmente.

2.3. Dados ambientais

Amostras sazonais de sedimento foram tomadas em cada um dos níveis nos 3

locais. As proporções de areia, silte e argila do sedimento foram determinadas através

do peneiramento (> 0,062 mm de diâmetro) e pipetagem (< 0,062 mm de diâmetro),

conforme Suguio (1973). Durante as coletas mensais da macrofauna bentônica foram

registrados dados de altura (observações visuais) e período médio das ondas

(cronômetro digital), salinidade, temperatura do ar e da água. Através de um referencial

fixo foram obtidos mensalmente o perfil topográfico da praia, sendo este realizado a

partir da transversal central do local 2. Para tal utilizou-se nível topográfico e régua

graduada. Dados horários de velocidade e direção do vento foram fornecidos pela

Praticagem da Barra de Rio Grande.

Para caracterizar o estado morfodinâmico sazonal da praia empregou-se o

parâmetro adimensional de Dean Ω=Hb/WsT, onde Hb é a altura da onda na

arrebentação , Ws é a velocidade de decantação do sedimento e T o período da onda.

25
Valores de Ω inferiores a 1 representam praias reflectivas, praias intermediárias são

classificadas dentro do intervalo de 1 a 6, enquanto praias dissipativas apresentam

valores de Ω superiores a 6 (Short & Wright, 1983).

2.4 Análises estatísticas

Com o propósito de analisar o padrão de zonação e possíveis variações da

distribuição da macrofauna bentônica ao longo do ano, foram feitas análises estatísticas

no programa PRIMER v5 (Plymouth Routines In Multi Ecological Research),

utilizando-se dados quantitativos (Clarke & Warwick, 1994). Para as análises

multivariadas, partindo da soma das amostras de cada nível, por local, foram extraídas

planilhas de similaridade (modo Q) através do índice de dissimilaridade Bray-Curtis.

Os dados de primavera e verão e o total anual foram transformados para √√ devido a

grande diferença na densidade dos indivíduos (Clarke & Green, 1988). O passo seguinte

foi fazer a análise de ordenação MDS (Escalonamento Multi Dimensional), sendo esta

técnica sustentada por alguns autores como sendo a mais robusta, quando comparada a

outras técnicas, para a análise da zonação do macrozoobentos em praias arenosas

(Kenkel & Orloci, 1986; Raffaelli et al., 1991). Posteriormente foi testada a diferença

entre grupos através da análise de similaridade (ANOSIM), com o nível de significância

P<5% e R estatístico >0,5. A análise de porcentagem de similaridade (SIMPER) foi

utilizada para verificação da dissimilaridade entre os grupos formados e também para

verificar a contribuição das principais espécies na formação dos grupos. Os níveis 1 e 2

(supralitoral) não foram considerados nas análises multivariadas por apresentarem

macroinvertebrados bentônicos originados de embancamentos, o que interferiu nas

análises.

26
Com as mesmas planilhas acima referidas, foram também efetuadas análises

univariadas como os índices de diversidade de Shannon-Weaver (H’) e equitatividade

de Pielou (J') para cada nível.

27
3. RESULTADOS

3.1. Variáveis ambientais

A salinidade mínima foi registrada durante a coleta de julho (29) e a máxima em

janeiro (36) e março (36). A temperatura da água na arrebentação interna seguiu a

mesma tendência da temperatura do ar, sendo a mínima registrada nas coletas de julho

(água = 14º C e ar = 15º C) e maio (água = 13,5º C e ar = 15º C), e a máxima em janeiro

(água = 26º C e ar = 30º C). A altura das ondas apresentou maiores valores nos meses

de novembro (1,5 m) e julho (1 m), enquanto o período médio das ondas variou entre 8

e 11,9 segundos (Tab.1).

Tabela 1. Parâmetros abióticos registrados nas coletas mensais da macrofauna


bentônica durante o período de um ano (junho de 2004 a maio de 2005).

Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Janeiro Fevereiro Março Abril Maio
Salinidade 34 29 34 32 30 31 34 36 34 36 35 32
Temperatura ar (ºC) 18 15 17 18 20 24 26 30 22 26 21,5 15
Temperatura água (ºC) 16 14 16 16 20 20 23 26 24 25,5 22 13,5
Altura das ondas (m) 1 0,75 0,5 0,75 1,5 0,5 0,75 0,75 0,5 0,5 0,75
Período médio das ondas (s) 10 8,8 10 11,8 11,9 9,7 11,7 11 8 10,3 11,4

A partir dos valores do Ω foi verificado que a praia estudada apresentou estágio

praial do tipo intermediário durante as quatro estações do ano (Tab. 2). Com relação às

características do sedimento observou-se que na maior parte ele foi classificado como

areia fina, porém em algumas ocasiões o sedimento das partes inferiores da praia foi

classificado como areia média (Tab. 2). A declividade média da praia durante todo

período amostral foi de 1,7º.

28
Tabela 2: Tamanho médio dos grãos (phi) e classificação do sedimento. É
apresentado também o valor do Ω sazonalmente.
Inverno Primavera Verão Outono
Média (phi) Classificação Média (phi) Classificação Média (phi) Classificação Média (phi) Classificação
Nivel 1 Local 1 2,564 Areia fina 2,568 Areia fina 2,764 Areia fina 2,747 Areia fina
Nivel 2 Local 1 2,753 Areia fina 2,562 Areia fina 2,723 Areia fina 2,521 Areia fina
Nivel 3 Local 1 2,499 Areia fina 2,358 Areia fina 2,508 Areia fina 2,77 Areia fina
Nivel 4 Local 1 2,27 Areia fina 2,541 Areia fina 2,546 Areia fina 2,766 Areia fina
Nivel 5 Local 1 2,154 Areia fina 2,332 Areia fina 2,383 Areia fina 2,753 Areia fina
Nivel 6 Local 1 1,889 Areia média 2,188 Areia fina 2,502 Areia fina 2,465 Areia fina
Nivel 7 Local 1 1,774 Areia média 2,214 Areia fina 2,394 Areia fina 2,501 Areia fina
Nível 8 Local 1 *** *** *** *** 2,403 Areia fina 2,375 Areia fina
Nivel 1 Local 2 2,609 Areia fina 2,499 Areia fina 2,565 Areia fina 2,747 Areia fina
Nivel 2 Local 2 2,621 Areia fina 2,691 Areia fina 2,574 Areia fina 2,533 Areia fina
Nivel 3 Local 2 2,342 Areia fina 2,765 Areia fina 2,429 Areia fina 2,723 Areia fina
Nivel 4 Local 2 2,282 Areia fina 2,53 Areia fina 2,423 Areia fina 2,638 Areia fina
Nivel 5 Local 2 2,373 Areia fina 2,363 Areia fina 2,597 Areia fina 2,415 Areia fina
Nivel 6 Local 2 1,733 Areia média 2,467 Areia fina 2,198 Areia fina 2,483 Areia fina
Nivel 7 Local 2 1,987 Areia média 2,513 Areia fina 2,163 Areia fina 2,098 Areia fina
Nível 8 Local 2 *** *** *** *** 1,991 Areia média 2,441 Areia fina
Nivel 1 Local 3 2,523 Areia fina 2,755 Areia fina 2,585 Areia fina 2,576 Areia fina
Nivel 2 Local 3 2,479 Areia fina 2,748 Areia fina 2,719 Areia fina 2,571 Areia fina
Nivel 3 Local 3 2,406 Areia fina 2,787 Areia fina 2,385 Areia fina 2,776 Areia fina
Nivel 4 Local 3 2,293 Areia fina 2,774 Areia fina 2,409 Areia fina 2,75 Areia fina
Nivel 5 Local 3 2,264 Areia fina 2,766 Areia fina 2,508 Areia fina 2,242 Areia fina
Nivel 6 Local 3 1,895 Areia média 2,511 Areia fina 2,37 Areia fina 2,394 Areia fina
Nivel 7 Local 3 1,491 Areia média 2,518 Areia fina 2,346 Areia fina 2,442 Areia fina
Nível 8 Local 3 *** *** *** *** 1,877 Areia média 2,466 Areia fina
Ω 4,956 4,097 3,269 3,131

A praia apresentou constante erosão e acresção ao longo do período estudado,

sendo possível observar isso nos perfis traçados mensalmente (Fig. 3). Os mesmos

foram agrupados de acordo com os meses que compuseram cada estação do ano.
Dunas Dunas
3,5 3,5
3 3
2,5 2,5
2 2
1,5 1,5
m
m

1 1
0,5 0,5
0 0
-0,5 -0,5
-1 -1
0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250
m m

Julho Agosto Setembro Outubro Novembro

Dunas Dunas
3.5 3,5
3 3
2.5 2,5
2 2
1.5 1,5
1
m

1
m

0.5 0,5
0 0
-0.5 -0,5
-1 -1
-1.5 -1,5
0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250
m m

Dezembro Janeiro Fevereiro Março Abril Maio

Figura 3: Perfis mensais da praia durante o período estudado (junho de 2004 a


maio de 2005).

29
A partir dos dados horários de velocidade e direção do vento foi possível

constatar que o vento NE foi o mais freqüente na região em todas as estações do ano,

sendo 26,4 m.s-1 a velocidade máxima registrada na primavera. O vento SW atingiu sua

maior freqüência no inverno e primavera, sendo a velocidade máxima atingida no

outono, chegando a 25,1 m.s-1. (Tab. 3).

Tabela 3: Freqüência, velocidade média e máxima dos ventos nas estações do


ano (junho de 2004 a maio de 2005).

N NE E SE S SW W NW
Freqüencia (%) 5,5 40,8 2,6 6,5 3,6 21,4 8,9 10,7
Inverno Velocidade Média (m.s‫־‬¹) 3,9 8,0 5,9 3,6 4,0 5,3 5,1 3,7
Velocidade Máxima (m.s‫־‬¹) 13,0 22,4 17,4 11,6 13,0 19,7 20,1 19,2
Freqüencia (%) 2,4 37,9 7,1 16,2 9,2 20,2 4,4 2,6
Primavera Velocidade Média (m.s‫־‬¹) 4,7 8,8 6,9 6,1 6,9 6,3 5,0 3,3
Velocidade Máxima (m.s‫־‬¹) 17,0 26,4 17,0 17,4 23,7 24,6 15,6 18,4
Freqüencia (%) 1,6 45,0 13,3 21,2 4,1 9,5 2,1 3,1
Verão Velocidade Média (m.s‫־‬¹) 4,5 9,3 8,0 6,5 7,6 6,4 4,0 4,1
Velocidade Máxima (m.s‫־‬¹) 16,1 21,9 17,0 15,6 17,4 19,7 17,0 17,0
Freqüencia (%) 5,4 36,0 6,1 14,1 9,3 14,0 6,9 8,1
Outono Velocidade Média (m.s‫־‬¹) 3,9 7,5 6,7 5,7 6,9 6,0 4,1 3,6
Velocidade Máxima (m.s‫־‬¹) 19,7 22,8 21,9 18,8 25,5 25,1 18,8 17,0

Na maior parte dos meses o vento NE foi o mais freqüente durante os 7 dias que

antecederam as coletas da macrofauna bentônica. A velocidade máxima desse vento foi

de 26,4 m.s-1, atingida em outubro. O vento SW foi mais freqüente em determinados

meses, principalmente naqueles característicos pelas temperaturas mais baixas, sendo

sua velocidade máxima 25,1 m.s-1, verificada em março (Tab. 4).

30
Tabela 4: Característica do vento nos 7 dias que antecederam as coletas da
macrofauna bentônica (junho de 2004 a maio de 2005).
N NE E SE S SW W NW
Freqüencia (%) 7,1 32,7 0,0 0,0 0,0 9,5 29,2 21,4
Junho Velocidade Média (m.s‫־‬¹) 3,6 5,4 0,0 0,0 0,0 6,1 5,9 3,9
Velocidade máxima (m.s‫־‬¹) 9,8 15,6 0,0 0,0 0,0 16,1 16,6 11,2
Freqüencia (%) 0,6 28,6 0,0 10,6 7,5 45,3 3,1 4,3
Julho Velocidade Média (m.s‫־‬¹) 2,2 7,1 0,0 4,0 6,2 6,2 3,0 2,9
Velocidade máxima (m.s‫־‬¹) 4,9 16,1 0,0 6,7 12,5 13,4 8,1 5,8
Freqüencia (%) 1,2 26,8 4,2 10,1 2,4 41,1 10,1 4,2
Agosto Velocidade Média (m.s‫־‬¹) 2,9 7,8 6,4 3,5 3,0 6,6 3,9 2,4
Velocidade máxima (m.s‫־‬¹) 6,3 19,7 9,0 7,2 6,3 15,6 9,0 4,9
Freqüencia (%) 0,6 14,9 6,0 37,5 26,8 14,3 0,0 0,0
Setembro Velocidade Média (m.s‫־‬¹) 5,8 8,9 7,5 8,9 8,4 8,3 0,0 0,0
Velocidade máxima (m.s‫־‬¹) 12,1 16,1 12,1 17,4 17,4 16,1 0,0 0,0
Freqüencia (%) 1,2 42,9 5,4 5,4 1,8 28,0 14,3 1,2
Outubro Velocidade Média (m.s‫־‬¹) 7,4 11,3 10,8 6,3 6,3 5,5 4,9 4,5
Velocidade máxima (m.s‫־‬¹) 14,8 26,4 17,0 12,5 9,4 13,0 9,4 8,1
Freqüencia (%) 3,0 41,7 9,5 4,8 11,3 14,3 12,5 3,0
Novembro Velocidade Média (m.s‫־‬¹) 2,5 10,4 9,9 3,7 8,2 7,1 5,2 1,4
Velocidade máxima (m.s‫־‬¹) 7,2 21,5 15,2 7,6 23,7 24,6 13,9 4,5
Freqüencia (%) 0,0 18,8 37,1 44,1 0,0 0,0 0,0 0,0
Dezembro Velocidade Média (m.s‫־‬¹) 0,0 9,4 9,7 9,4 0,0 0,0 0,0 0,0
Velocidade máxima (m.s‫־‬¹) 0,0 16,6 15,6 15,2 0,0 0,0 0,0 0,0
Freqüencia (%) 3,6 48,8 11,9 16,1 3,0 10,7 1,8 4,2
Janeiro Velocidade Média (m.s‫־‬¹) 4,2 8,0 7,4 5,0 5,6 8,6 5,4 3,9
Velocidade máxima (m.s‫־‬¹) 11,2 15,2 12,1 12,1 11,6 17,4 11,2 16,1
Freqüencia (%) 4,8 28,6 18,5 20,8 6,0 17,9 1,8 1,8
Fevereiro Velocidade Média (m.s‫־‬¹) 4,1 10,4 11,2 7,5 6,9 6,3 4,0 3,1
Velocidade máxima (m.s‫־‬¹) 11,6 19,2 17,0 13,9 13,4 15,6 7,6 7,2
Freqüencia (%) 4,8 18,5 12,5 35,7 10,1 4,2 4,8 8,9
Março Velocidade Média (m.s‫־‬¹) 5,3 8,5 9,6 7,0 9,2 8,1 4,2 3,5
Velocidade máxima (m.s‫־‬¹) 11,6 22,8 21,9 18,8 25,5 25,1 10,3 8,5
Freqüencia (%) 6,0 23,8 5,4 11,9 10,7 20,2 6,5 15,5
Abril Velocidade Média (m.s‫־‬¹) 2,6 9,1 8,2 9,3 7,7 5,4 3,6 5,9
Velocidade máxima (m.s‫־‬¹) 12,1 20,6 16,6 17,0 17,6 15,6 13,4 17,0
Freqüencia (%) 3,0 16,7 4,8 5,4 1,8 28,6 24,4 15,5
Maio Velocidade Média (m.s‫־‬¹) 4,0 4,7 2,1 5,9 6,6 6,0 5,8 4,6
Velocidade máxima (m.s‫־‬¹) 10,3 9,4 5,8 9,4 13,0 17,9 18,8 15,6

31
3.2. Macroinvertebrados bentônicos

O inverno, caracterizado pelos meses de junho, julho e agosto, apresentou 18

táxons. Dentro dos invertebrados bentônicos a classe Crustacea foi a mais diversa,

seguida pelas classes Polychaeta, Bivalvia, Gastropoda e o filo Nemertea. No nível 4 foi

observado o maior índice médio de diversidade (H’=1,29) e a maior densidade média da

macrofauna, porém o maior número de táxons foi verificado no nível 6 (Tab. 5).

Tabela 5: Densidade média (ind. m-2) e desvio padrão (DP) dos organismos
durante o inverno em cada nível. São apresentados também os índices médios de
diversidade (H’), equitatividade (J’), densidades médias totais e número de espécie de
cada nível.
Inverno 2004
Níveis 1 2 3 4 5 6 7 8
Media DP Média DP Média DP Média DP Média DP Média DP Média DP Média DP
Donax hanleyanus (Bivalvia) 0 0 0 0 0 0 4,72 14,52 201,60 343,74 473,93 878,60 224,00 306,65 244,04 387,24
Mesodesma mactroides (Bivalvia) 0 0 0 0 1,18 6,13 49,51 55,37 269,97 476,02 172,12 277,95 78,99 129,56 120,25 171,99
Euzonus furciferus (Polychaeta) 0 0 24,76 42,64 235,78 273,86 156,80 466,64 2,36 8,50 1,18 6,13 0 0 0 0
Scolelepis gaucha (Polychaeta) 0 0 1,18 6,13 3,54 10,19 350,14 834,73 10,61 24,97 2,36 8,50 0 0 0 0
Hemipodus olivieri (Polychaeta) 0 0 0 0 1,18 6,13 3,54 10,19 3,54 13,49 2,36 8,50 11,79 26,70 14,15 16,78
Sigalion cirriferum (Polychaeta) 0 0 0 0 0 0 0 0 5,89 15,39 3,54 10,19 5,89 12,60 3,54 10,61
Platyischnopidae (Crustacea) 5,89 15,39 4,72 14,52 27,12 40,17 682,60 441,62 239,32 348,84 63,66 130,65 3,54 10,19 3,54 10,61
Phoxocephalopsis sp. (Crustacea) 0 0 0 0 1,18 6,13 463,32 506,40 47,16 83,46 35,37 65,07 60,13 57,44 99,03 99,96
Bathyporeiapus sp. (Crustacea) 9,43 35,11 12,97 28,28 5,89 12,60 18,86 42,58 93,13 143,69 200,42 228,48 108,46 149,89 56,59 44,39
Excirolana armata (Crustacea) 0 0 0 0 35,37 41,72 106,10 61,16 17,68 31,00 1,18 6,13 0 0 0 0
Emerita brasiliensis (Crustacea) 0 0 0 0 0 0 0 0 3,54 10,19 42,44 56,53 5,89 12,60 7,07 21,22
Macrochiridothea sp. (Crustacea) 0 0 0 0 0 0 0 0 10,61 17,66 16,50 34,61 11,79 23,60 3,54 10,61
Pinnixa patagoniensis (Crustacea) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2,36 12,25 0 0 0 0
Excirolana brasiliensis (Crustacea) 0 0 2,36 8,50 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Puelche sp. (Crustacea) 0 0 0 0 0 0 1,18 6,13 0 0 0 0 0 0 0 0
Balloniscus sellowii (Crustacea) 0 0 0 0 1,18 6,13 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Olivancillaria auricularia (Gastropoda) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1,18 6,13 0 0
Nemertea 0 0 0 0 0 0 8,25 18,92 7,07 22,22 5,89 15,39 4,72 14,52 3,54 10,61
Densidades Médias Totais 15,33 39,85 45,98 51,73 312,41 261,45 1845,01 1292,69 912,49 673,21 1023,30 1373,52 516,37 387,98 555,27 458,55
Número de Espécies 2 5 9 11 13 14 11 10
J' *** *** *** *** 0,62 0,31 0,66 0,10 0,57 0,16 0,76 0,16 0,70 0,22 0,70 0,12
H'(loge) 0,07 0,20 0,31 0,42 0,76 0,44 1,29 0,22 1,05 0,40 1,25 0,30 1,19 0,40 1,28 0,19
*** não foi possível calcular a J´

As análises MDS e ANOSIM mostraram a formação de 3 grupos, sendo estes

caracterizados pelos níveis 3, 4 e de 5 a 8 (ANOSIM 3x4 R=0,9 e p=0,1%; 3x5-8 R=0,8

e p=0,1%; 4x5-8 R=0,5 e p=0,1%) (Fig. 4a). Através da análise SIMPER observou-se

que a dissimilaridade entre os grupos 3x4, 3x5-8 e 4x5-8 foi respectivamente de 87%,

96% e 86%. As porcentagens de contribuição dos principais táxons na formação dos

distintos grupos estão referidas na tabela 6.

32
Tabela 6: Porcentagem de contribuição dos principais táxons para a formação
dos distintos grupos durante o inverno, primavera, verão, outono e o ano inteiro (junho
de 2004 a maio de 2005).
Inverno Primavera Verão Outono Anual
Grupos 3
4 5-8 3 4-7 3 4-5 6-7 8 3-4 5-8 3 4-8
Donax hanleyanus (Bivalvia) 34% 15% 73% 16%
Mesodesma mactroides (Bivalvia) 23% 14% 21% 25% 33% 22% 19%
Euzonus furciferus (Polychaeta) 65% 57% 26% 42%
Scolelepis gaucha (Polychaeta) 17% 53% 30%
Platyischnopidae (Crustacea) 53%
Bathyporeiapus sp. (Crustacea) 19% 12%
Excirolana armata (Crustacea) 29%
Emerita brasiliensis (Crustacea) 17%
Phoxocephalopsis sp. (Crustacea) 14%

Na primavera, ou seja, setembro, outubro e novembro, foram coletados 21

táxons. A classe Crustacea foi a que apresentou maior diversidade, seguida pelas classes

Polychaeta, Bivalvia, Gastropoda, Oligochaeta e o filo Nemertea. O nível com maior

índice médio de diversidade foi o 4 (H’=1,02), enquanto que o nível 5 foi o que

apresentou a maior densidade média. O nível 7 foi o que conteve maior número de

táxons (Tab. 7).

Tabela 7: Densidade média (ind. m-2) e desvio padrão (DP) dos organismos
durante a primavera em cada nível. São apresentados também os índices médios de
diversidade (H’), equitatividade (J’), densidades médias totais e número de espécie de
cada nível.

Primavera 2004
Níveis 1 2 3 4 5 6 7
Média DP Média DP Média DP Média DP Média DP Média DP Média DP
Mesodesma mactroides (Bivalvia) 3,54 18,38 0 0 2,36 8,50 76,63 98,41 1183,64 1194,89 2540,58 3312,00 298,27 367,74
Donax hanleyanus (Bivalvia) 0 0 0 0 0 0 40,08 60,90 1307,43 830,70 321,85 508,48 21,22 40,46
Donax gemmula (Bivalvia) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1,18 6,13
Scolelepis gaucha (Polychaeta) 20,04 59,32 28,29 75,08 22,40 38,29 31187,22 46173,01 37770,33 61418,21 6936,78 17581,52 2024,21 5215,19
Euzonus furciferus (Polychaeta) 1,18 6,13 8,25 22,67 318,31 260,55 274,69 325,35 20,04 30,77 0 0 0 0
Hemipodus olivieri (Polychaeta) 0 0 0 0 0 0 23,58 34,86 11,79 20,03 95,49 177,23 81,35 106,43
Sigalion cirriferum (Polychaeta) 0 0 0 0 0 0 1,18 6,13 3,54 10,19 5,89 12,60 7,07 16,12
Grubeulepis bracteata (Polychaeta) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1,18 6,13
Capitella sp. (Polychaeta) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1,18 6,13
Hesionidae (Polychaeta) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1,18 6,13
Bathyporeiapus sp. (Crustacea) 101,39 270,53 145,01 294,44 50,69 102,67 598,89 1231,48 4725,12 14985,79 2738,64 3824,43 2421,51 4674,16
Platyischnopidae (Crustacea) 3,54 10,19 0 0 1,18 6,13 352,50 418,85 754,51 842,02 468,03 474,42 102,57 150,17
Phoxocephalopsis sp. (Crustacea) 2,36 8,50 0 0 9,43 27,66 720,32 792,89 281,76 352,22 176,84 189,00 166,23 245,51
Macrochiridothea sp. (Crustacea) 0 0 0 0 0 0 0 0 2,36 8,50 16,50 29,77 22,40 43,08
Emerita brasiliensis (Crustacea) 0 0 0 0 0 0 0 0 11,79 21,89 11,79 20,03 0 0
Excirolana armata (Crustacea) 0 0 1,18 6,13 25,94 42,37 106,10 109,91 2,36 12,25 1,18 6,13 0 0
Puelche sp. (Crustacea) 0 0 0 0 0 0 1,18 6,13 4,72 19,15 1,18 6,13 2,36 8,50
Excirolana brasiliensis (Crustacea) 1,18 6,13 1,18 6,13 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Olivancillaria auricularia (Gastropoda) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1,18 6,13
Nemertea 0 0 0 0 0 0 17,68 23,91 17,68 35,68 24,76 36,76 27,12 39,19
Oligochaeta 24,76 101,56 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Densidades Médias Totais 157,98 294,99 183,91 319,33 430,31 323,58 33400,06 46611,94 46097,06 59816,95 13339,51 18044,72 5180,19 7301,23
Número de Espécies 8 5 7 12 14 13 16
J' *** *** *** *** 0,66 0,20 0,49 0,32 0,37 0,26 0,49 0,23 0,51 0,21
H'(loge) 0,29 0,33 0,29 0,39 0,72 0,24 1,02 0,64 0,79 0,54 0,97 0,44 1,01 0,48
*** não foi possível calcular a J'

33
Através das análises foi possível verificar a formação de 2 grupos, um formado

pelo nível 3 e outro pelos níveis de 4 a 7 (ANOSIM R=0,8 e p=0,1%) (Fig. 4b). A

diferença entre estes grupos foi de 76 % e as porcentagens dos principais táxons que

formaram cada grupo são apresentadas na tabela 6.

No verão (dezembro, janeiro e fevereiro) foram encontrados 21 táxons. A classe

Crustacea foi a que mostrou maior diversidade, seguida pelas classes Polychaeta,

Bivalvia, Gastropoda, Oligochaeta e o filo Nemertea. O nível com maior índice médio

de diversidade (H’=1,35) e maior número de táxons foi o 6, enquanto que a maior

densidade média foi encontrada no nível 5 (Tab. 8).

Tabela 8: Densidade média (ind. m-2) e desvio padrão (DP) dos organismos
durante o verão em cada nível. São apresentados também os índices médios de
diversidade (H’), equitatividade (J’), densidades médias totais e número de espécie de
cada nível.
Verão 2004 - 2005
Níveis 1 2 3 4 5 6 7 8
Média DP Média DP Média DP Média DP Média DP Média DP Média DP Média DP
Donax gemmula (Bivalvia) 0 0 0 0 1,18 6,13 0 0 0 0 3,54 10,19 56,59 75,60 24,76 21,22
Mesodesma mactroides (Bivalvia) 23,58 69,29 1,18 6,13 53,05 111,67 282,94 366,70 5761,40 12224,50 5614,03 8758,62 2416,79 2171,48 923,10 1129,55
Donax hanleyanus (Bivalvia) 2,36 8,50 0 0 15,33 33,47 156,80 495,72 643,69 796,57 949,03 1444,80 471,57 698,44 116,71 222,82
Hemipodus olivieri (Polychaeta) 0 0 0 0 0 0 1,18 6,13 2,36 8,50 2,36 8,50 4,72 11,52 0 0
Scolelepis gaucha (Polychaeta) 12,97 44,37 17,68 50,97 109,64 206,92 3697,10 5663,47 29184,23 38207,78 1055,14 1836,98 57,77 110,98 7,07 14,04
Sigalion cirriferum (Polychaeta) 0 0 0 0 0 0 0 0 1,18 6,13 4,72 14,52 4,72 14,52 10,61 15,92
Capitellidae (Polychaeta) 0 0 2,36 8,50 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Euzonus furciferus (Polychaeta) 1,18 6,13 0 0 23,58 103,93 97,85 143,69 25,94 51,51 1,18 6,13 0 0 0 0
Phoxocephalopsis sp. (Crustacea) 0 0 0 0 2,36 8,50 51,87 104,89 475,11 852,33 1279,13 1673,80 74,27 155,94 0 0
Emerita brasiliensis (Crustacea) 1,18 6,13 1,18 6,13 0 0 0 0 462,14 624,34 677,88 744,92 24,76 55,37 67,20 80,28
Platyischnopidae (Crustacea) 1,18 6,13 0 0 0 0 17,68 41,72 245,22 345,75 557,63 869,24 103,75 215,27 0 0
Bathyporeiapus sp. (Crustacea) 1,18 6,13 0 0 1,18 6,13 2,36 8,50 121,43 327,37 123,79 119,86 101,39 122,66 14,15 28,07
Excirolana armata (Crustacea) 2,36 8,50 0 0 17,68 35,68 200,42 141,48 91,96 116,56 31,83 81,39 0 0 0 0
Macrochiridothea sp. (Crustacea) 0 0 0 0 0 0 0 0 5,89 25,03 28,29 39,81 67,20 115,89 49,51 71,37
Pinnixa patagoniensis (Crustacea) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1,18 6,13 1,18 6,13 10,61 31,83
Puelche sp. (Crustacea) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3,54 13,49 7,07 20,39 0 0
Arenaeus cribarius (Crustacea) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1,18 6,13 0 0 0 0
Buccinanops duartei (Gastropoda) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2,36 8,50 21,22 35,59
Olivancillaria auricularia (Gastropoda) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1,18 6,13 0 0 3,54 10,61
Oligochaeta 83,70 307,49 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Nemertea 0 0 0 0 0 0 0 0 27,12 42,07 54,23 50,57 29,47 44,08 14,15 16,78
Densidades Médias Totais 129,68 313,12 22,40 50,57 224,00 282,85 4508,20 5686,90 37047,65 46896,91 10389,85 11077,75 3423,59 2655,20 1262,63 1292,68
Número de Espécies 9 4 8 9 13 18 15 12
J' *** *** *** *** *** *** 0,57 0,31 0,49 0,33 0,59 0,17 0,46 0,18 0,47 0,19
H'(loge) 0,26 0,39 0,06 0,19 0,43 0,45 0,89 0,46 1,06 0,70 1,35 0,36 1,05 0,42 0,96 0,31
*** não foi possível calcular a J'

As análises permitiram observar a separação de 4 grupos, quais sejam: nível 3,

níveis 4-5, níveis 6-7 e o último formado pelo nível 8 (ANOSIM 3x4-5 R=0,5 e

p=0,1%; 3x6-7 R=0,8 e p=0,1%; 3x8 R=0,3 e p=7,7%; 4-5 x 6-7 R=0,5 e p=0,1%; 4-

5x8 R=0,8 e p=0,4%; 6-7x8 R=0,6 e p=0,5%) (Fig. 4c). Nota-se que não há diferença

significativa entre os níveis 3 e 8. A provável causa disso foi a abrupta diminuição da

34
densidade de Euzonus furciferus no nível 3, sendo esta espécie característica desse nível

. A diferença entre os grupos 3x4-5, 3x6-7, 4-5x6-7, 4-5x8 e 6-7x8 foram

respectivamente 70%, 83%, 55%, 69% e 49%, e as porcentagens dos principais táxons

responsáveis pela formação de cada grupo estão contidas na tabela 6.

Observou-se durante o outono (março, abril e maio) que 22 táxons foram

presentes. A classe Crustacea foi a mais diversificada, seguida pelas classes Polychaeta,

Bivalvia, Gastropoda, Oligochaeta e o filo Nemertea. O nível com maior índice de

diversidade médio foi o 4 (H’=1,43), enquanto que a maior densidade média foi

registrada no nível 6. Os níveis 5 e 6 abrigaram maior número de táxons neste período

(Tab. 9).

Tabela 9: Densidade média (ind. m-2) e desvio padrão (DP) dos organismos
durante o outono em cada nível. São apresentados também os índices médios de
diversidade (H’), equitatividade (J’), densidades médias totais e número de espécie de
cada nível.
Outono 2005
1 2 3 4 5 6 7 8
Média DP Média DP Média DP Média DP Média DP Média DP Média DP Média DP
Donax hanleyanus (Bivalvia) 4.72 14.52 0 0 33.01 63.34 225.17 331.14 966.72 1463.53 2429.76 2224.40 2193.98 2812.84 940.78 795.75
Mesodesma mactroides (Bivalvia) 0 0 1.18 6.13 252.29 461.94 534.05 824.69 1020.95 2503.57 114.36 173.96 47.16 56.09 26.53 52.64
Donax gemmula (Bivalvia) 0 0 0 0 0 0 0 0 9.43 21.29 120.25 251.15 374.90 765.13 1025.66 2753.08
Euzonus furciferus (Polychaeta) 2.36 8.50 2.36 8.50 478.64 647.09 475.11 1123.69 11.79 30.77 2.36 8.50 0 0 0 0
Scolelepis gaucha (Polychaeta) 0 0 0 0 38.90 98.83 99.03 211.20 3.54 13.49 1.18 6.13 1.18 6.13 0 0
Hemipodus olivieri (Polychaeta) 0 0 0 0 0 0 1.18 6.13 7.07 18.38 14.15 29.72 8.25 14.21 19.45 29.17
Sigalion cirriferum (Polychaeta) 0 0 0 0 0 0 0 0 1.18 6.13 2.36 8.50 4.72 11.52 3.54 10.29
Hyalinoecia sp. (Polychaeta) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1.18 6.13 0 0
Platyischnopidae (Crustacea) 2.36 8.50 0 0 25.94 50.74 460.96 365.64 406.73 540.50 27.12 32.68 3.54 10.19 0 0
Phoxocephalopsis sp. (Crustacea) 0 0 0 0 69.56 130.96 418.52 521.15 127.32 199.18 83.70 99.16 41.26 59.76 33.60 63.17
Bathyporeiapus sp. (Crustacea) 1.18 6.13 3.54 10.19 2.36 8.50 21.22 63.05 43.62 80.50 108.46 109.65 74.27 75.94 79.58 93.44
Emerita brasiliensis (Crustacea) 0 0 0 0 10.61 43.25 8.25 20.88 268.79 709.86 14.15 28.38 5.89 12.60 1.77 7.50
Excirolana armata (Crustacea) 0 0 7.07 20.39 119.07 123.15 75.45 91.81 5.89 17.74 0 0 0 0 0 0
Macrochiridothea sp. (Crustacea) 0 0 0 0 0 0 0 0 21.22 35.31 42.44 44.14 44.80 61.33 53.05 82.43
Puelche sp. (Crustacea) 0 0 0 0 0 0 3.54 10.19 2.36 12.25 9.43 21.29 23.58 51.17 12.38 38.04
Excirolana brasiliensis (Crustacea) 0 0 1.18 6.13 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Arenaeus cribarius (Crustacea) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1.18 6.13 0 0 0 0
Ocypode quadrata (Crustacea) 1.18 6.13 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Buccinanops duartei (Gastropoda) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1.77 7.50
Olivancillaria auricularia (Gastropoda) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1.77 7.50
Nemertea 0 0 0 0 1.18 6.13 3.54 10.19 11.79 23.60 16.50 23.97 5.89 12.60 5.31 12.21
Oligochaeta 3.54 10.19 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Densidades Médias Totais 15.33 23.97 15.33 29.77 1031.56 908.68 2326.01 1840.93 2908.40 3715.27 2987.39 2490.41 2829.41 3530.84 2205.17 3167.57
Número de Espécies 6 5 10 12 15 15 14 13
J' *** *** *** *** 0.61 0.19 0.71 0.07 0.59 0.21 0.43 0.22 0.43 0.19 0.58 0.14
H'(loge) 0.26 0.41 0.32 0.39 0.96 0.36 1.43 0.21 1.24 0.49 0.97 0.50 0.90 0.43 1.17 0.33
*** não foi possível calcular a J'

35
Neste período foi possível constatar a formação de 2 grupos, o primeiro formado

pelas estações 3-4, enquanto o outro reuniu as estações 5 a 8 (ANOSIM R=0,6 e

p=0,1%) (Fig. 4d). A dissimilaridade entre esses grupos foi de 87% e as porcentagens

dos principais táxons responsáveis pela formação dos grupos são apresentadas na tabela

6.

A B
Stress: 0,17 Stress: 0,13
3

C D
Stress: 0,11 Stress: 0,15
3

Figura 4: Análise de ordenação MDS sazonais dos níveis de coleta ao longo das
transversais. Cada análise contém os referentes meses que formaram cada estação do
ano. As letras A, B, C e D referem-se respectivamente ao inverno, primavera, verão e
outono.

36
Com base nas análises realizadas com os dados de todo período amostral, foi

possível distinguir a formação de 2 grupos, um formado pelo nível 3 e outro formado

pelos níveis de 4 a 8 (ANOSIM R=0,6 e p=0,1%) (Fig.5). Estes grupos apresentaram

dissimilaridade de 76%. Na tabela 6 encontram-se as porcentagens de contribuição dos

táxons responsáveis pela formação dos grupos.

Stress: 0,18
3

Figura 5: Análise de ordenação MDS dos níveis de coleta ao longo das


transversais com os dados de todo período amostral (junho de 2004 a maio de 2005).

Os valores médios das densidades por nível dos 10 táxons com maiores

densidades, durante o inverno, primavera, verão e outono, estão contidas

respectivamente nas figuras 6a, 6b, 6c e 6d, enquanto que os valores médios das

densidades por nível dos 10 táxons com maiores densidades durante todo período

amostral é apresentada na figura 7. Nestas figuras é possível observar que grande parte

37
dos organismos se distribuíram, principalmente, entre o limite superior e inferior da

zona de varrido.
A B

C D

Figura 6: Valores médios das densidades por nível dos organismos com maiores
densidades durante as estações do ano. As letras A, B, C e D referem-se
respectivamente ao inverno, primavera, verão e outono (junho de 2004 a maio de 2005).
.

38
Figura 7: Valores médios das densidades por nível dos 10 táxons com maiores
densidades durante todo período amostral (junho de 2004 a maio de 2005).

Maior densidade média de tocas do caranguejo Ocypode quadrata foi verificada

próxima às dunas em todos os meses que foram encontradas tocas desta espécie. Em

direção às partes inferiores da praia notou-se que a densidade média de tocas diminuiu

de acordo com a distância (Fig. 8).


0,4
0,35
0,3
0,25
Tocas m-2

0,2
0,15
0,1
0,05
0
jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai

0-10m 10-20m 20-30m

Figura 8: Densidades médias (tocas m-2) mensais das tocas do caranguejo


Ocypode quadrata de acordo com a distância das bases das dunas primárias (junho de
2004 a maio de 2005).
.

39
4. DISCUSSÃO

Um padrão de 3 zonas foi encontrado baseado nos dados do ano todo, sendo este

caracterizado: pelo supralitoral, onde ocorreu o “caranguejo fantasma” Ocypode

quadrata; o mesolitoral superior caracterizado, principalmente, por Euzonus furciferus e

Excirolana armata; e a última zona compreendeu o mesolitoral inferior e a zona de

arrebentação interna, a qual foi caracterizada, principalmente, pelos migradores mareais

Donax hanleyanus e Mesodesma mactroides, juntamente com Phoxocephalopsis sp. A

fauna do supralitoral pode ser relacionada à zona sub-terrestre de Dahl (1952) e a zona

de areia seca de Salvat (1964). No esquema proposto por Dahl (1952) o mesolitoral,

que corresponde a zona de retenção de Salvat (1964), é caracterizado por isópodes

cirolanídeos, porém neste trabalho além de Excirolana armata encontrou-se também

Euzonus furciferus nesta zona, similarmente ao observado por Gimenez & Yanniccelli

(1997) e Defeo et al. (1992a) nos estudos realizados em praias uruguaias. A terceira

zona faunística encontrada refere-se à zona infralitoral de Dahl (1952), sendo esta

correspondente a zona de ressurgência e saturação de Salvat (1964) (McLachlan, 1990).

Resultado parecido foi obtido a partir de um estudo anual em uma praia uruguaia

com características similares a da praia estudada. Neste estudo foram observadas 3

zonas partindo da média anual da abundância de cada espécie. Porém no estudo

supracitado houve algumas peculiaridades como a ocorrência do anfípode talitrídeo

Pseudorchestoidea brasiliensis no supralitoral (Brazeiro & Defeo, 1996). Na mesma

praia onde o presente trabalho foi conduzido, Gianuca (1983) observou no supralitoral a

ocorrência deste anfípode, porém ele não foi encontrado em qualquer amostra durante o

período estudado.

40
Durante o inverno houve a formação de 4 zonas biológicas, sendo estas: o

supralitoral, onde ocorreu o caranguejo Ocypode quadrata; o mesolitoral superior sendo

principalmente representado por Euzonus furciferus e, em menor grau, por Excirolana

armata; o mesolitoral médio representado especialmente por Platyischnopidae; e a

última zona foi habitada principalmente pelos migradores mareais Mesodesma

mactroides e Donax hanleyanus, representando o mesolitoral inferior junto com a zona

de arrebentação interna.

No geral o padrão de zonação apresentado no inverno encaixa-se, com algumas

particularidades, no padrão geral proposto por Dahl (1952). Nesse período houve a

divisão do mesolitoral, semelhante ao encontrado por James & Fairweather (1996).

Raffaelli et al. (1991) concluíram que até 3 zonas baseadas nas assembléias da

macrofauna puderam ser identificadas dentro do mesolitoral definido por Dahl (1952).

Nesta mesma estação do ano, talvez o esquema proposto por Salvat (1964) também se

encaixe, onde o supralitoral seria a zona de areia seca, o mesolitoral superior a zona de

retenção, o mesolitoral médio corresponderia a zona de ressurgência e o mesolitoral

inferior, junto com a arrebentação interna corresponderia a zona de saturação.

Como dito acima a zonação de inverno apresentou a divisão do mesolitoral, isto

se deveu principalmente ao anfípode Platyischnopidae. Talvez as baixas temperaturas

verificadas nesta época propiciem a distribuição dos anfípodes nesta zona, pois Charvat

(1990) verificou que anfípodes foram mais importantes no infralitroral do que no

mesolitoral, sugerindo que a temperatura mais elevada exclui os anfípodes das partes

altas da praia.

Outro fator que pode justificar a divisão do mesolitoral foi a baixa densidade de

organismos verificados nesta época do ano, sendo isto principalmente reflexo da

41
ausência de recrutamentos. Mesmo que os fatores meteorológicos sejam os principais

responsáveis pelas variações do nível da água na praia estudada (Calliari & Klein,

1993), onde ventos do quadrante sul podem elevar o nível do mar em até 2m (Barletta &

Calliari, 2003), a maior freqüência de ventos sudoeste, que atingiram até 16,1 m.s-1 nos

7 dias que antecederam as coletas, não devem ter ocasionado a sobreposição dos

organismos de forma significativa devido a baixa densidade do macrozobentos no

período.

Em praias dissipativas de regime de micromaré, pequenas mudanças na maré

levam à notórias mudanças na posição da zona de varrido, fazendo com que haja

sobreposição da distribuição das espécies, enquanto em praias reflectivas a posição da

zona de varrido é mais estável, evitando a sobreposição entre as espécies da zona de

varrido e espécies das zonas superiores da praia (Gimenez & Yanicelli, 1997).

Na primavera um padrão de 3 zonas foi encontrado, sendo o supralitoral

composto basicamente por Ocypode quadrata, o mesolitoral superior habitado

principalmente por Euzonus furciferus e o mesolitoral inferior juntamente com a

arrebentação interna foi caracterizado por Bathyporeiapus sp., Scolelepis gaucha e

Mesodesma mactroides. O padrão de zonação encontrado na primavera se encaixa ao

proposto por Dahl (1952), porém a zona de isópodes cirolanídeos, similar ao ocorrido

no mesolitoral superior do inverno, foi habitada na maior parte por Euzonus furciferus.

Defeo et al.(1992a) observou em uma praia dissipativa uruguaia que Excirolana armata

e Euzonus furciferus foram organismos dominantes no mesolitoral, sendo a última

espécie responsável por 44% do total da macrofauna bentônica desta praia.

Provavelmente as altas densidades de Bathyporeiapus sp. e de Scolelepis gaucha

nesta época do ano foram responsáveis pela junção dos níveis, localizados desde o

42
superior da zona de varrido até o último localizado na zona de arrebentação interna,

formando assim uma única e ampla faixa que correspondeu à zona infralitoral de Dahl

(1952).

Em uma praia do Paraná, Bathyporeiapus ruffoi foi um organismo normalmente

bem representado nas zonas inferiores da praia estendendo sua distribuição com alta

abundância no infralitoral, principalmente nos meses de primavera (Borzone & Souza,

1997). Na área em estudo, a ação de ventos sul e sudoeste, que ocorreram nos 7 dias que

antecederam a coleta, chegando a velocidade de até 24,6 m.s-1, elevaram o nível do mar

e devem ter colaborado para o aumento da densidade de Bathyporeiapus sp. no

mesolitoral médio. Neste nível este anfípode sobrepôs sua distribuição de forma

significativa com o poliqueta Scolelepis gaucha, sendo esta última uma espécie que

apresenta maior densidade no mesolitoral com valores podendo chegar a 100 000 m -2 na

primavera e no início do verão (Santos, 1991).

Em praias mais planas as zonas inferiores da praia podem ser freqüentemente

fusionadas e divididas (Defeo & McLachlan, 2005). Jaramillo et al. (1993) verificaram

no Chile que a zona inferior da praia foi mais ampla na maior parte das praias

dissipativas quando comparadas aos demais tipos de praias. Gimenez e Yannicelli

(1997) observaram que mudanças sazonais na direção do vento podem ser responsáveis

pela variação na posição da zona de varrido, podendo ocorrer a sobreposição das

espécies ampliando a zona inferior da praia. Além disso, McLachlan (1990) verificou

que espécies que habitam as zonas inferiores da praia podem estender suas distribuições

para o infralitoral, possivelmente sendo isso uma outra justificativa para possível maior

amplitude da zona inferior da praia.

43
Um padrão de zonação diferenciado foi encontrado no verão onde foram

identificadas até 5 zonas, quais sejam: supralitoral, composto principalmente por

Ocypode quadrata; mesolitoral superior representado, sobretudo, por Scolelepis gaucha

e Excirolana armata; mesolitoral médio composto, principalmente, por Scolelepis

gaucha e Mesodesma mactroides; mesolitoral inferior habitado majoritariamente pelos

migradores mareais Mesodesma mactroides e Donax hanleyanus, juntamente com

Bathyporeiapus sp. e por fim a zona de arrebentação interna foi caracterizada por

Mesodesma mactroides e Emerita braziliensis.

As análises estatísticas não evidenciaram diferenças significativas entre os níveis

que caracterizaram o mesolitoral superior e a arrebentação interna, isto foi devido

principalmente às baixas densidades de ambos os níveis. Um fator relevante para essa

não diferenciação foi a baixa densidade de Euzonus furciferus no mesolitoral superior,

sendo que esta zona foi bem caracterizada por esta espécie nas demais estações do ano.

Percebeu-se nesta época do ano que E. furciferus apresentou maior abundância em um

nível abaixo do mesolitoral superior, mesmo assim sua abundância não foi alta. A maior

abundância neste nível pode ser reflexo de um substrato com maior umidade, o que

favorece a sobrevivência dos organismos desta espécie nesta época, onde a incidência

do sol e a temperatura são maiores do que nas demais estações do ano.

Observa-se que durante os meses de verão, um maior número de pessoas

freqüenta a praia, juntamente com um maior trânsito de veículos, exatamente na zona

onde ocorre o poliqueta. Estes fatores podem ter influenciado para uma menor

densidade de Euzonus furciferus observada neste período.

Jaramillo et al. (1996) não observaram evidências de impacto humano sobre a

macrofauna bentônica de uma praia arenosa do Chile, porém Gianuca (1983) ressaltou

44
que veículos de todos os tipos, incluindo caminhões utilizados por pescadores, afetam a

macrofauna na praia onde o presente estudo foi realizado.

Por outro lado a baixa densidade do nível que compreendeu a arrebentação

interna reflete a turbulência desta zona, onde as condições hidrodinâmicas são severas

levando a instabilidade do substrato. Janssen & Mulder (2005), a partir de um estudo

em praias holandesas, observaram baixa diversidade de espécies juntamente com baixos

valores de abundância na zona de arrebentação.

A possível segregação das outras duas zonas biológicas, que foram o mesolitoral

médio e inferior, foi em parte devido a maior ocorrência de Scolelepis gaucha no

mesolitoral médio. Mesmo havendo sobreposição de recrutas de Mesodesma mactroides

na parte inferior desta zona, tendo esta espécie dois períodos de recrutamento sendo um

entre novembro - janeiro e outro entre fevereiro – abril (Defeo et al., 1992b), a baixa

freqüência de ventos sul e sudoeste não foram suficientes a tal ponto de sobrepor as

espécies e por fim fusionar estas zonas, como ocorrido na primavera. Mesmo havendo

essa separação, estas 2 zonas não foram tão distintas quanto as superiores. McLachlan

(1990) observou que as zonas inferiores da praia, em relação às localizadas nos níveis

superiores, foram menos pontualmente definidas, mas ainda sim evidentes.

No geral podemos comparar o padrão de zonação do verão ao proposto por

Salvat (1964). Sendo assim, o supralitoral, o mesolitoral superior, o mesolitoral médio e

o mesolitoral inferior corresponderiam respectivamente a zona de areia seca, a zona de

retenção, a zona de ressurgência e a zona de saturação de Salvat (1964). A zona de

arrebentação interna foi bem evidente nesta época, ficando separada das zonas

inferiores da praia.

45
Similar ao verificado no padrão de zonação do verão, Barros et al. (2001) e

Borzone et al. (2003) observaram que a zona de ressurgência caracterizou-se por picos

de abundância de Scolelepis squamata.

No outono o padrão de 3 zonas mais uma vez se repetiu, sendo o supralitoral,

composto basicamente por Ocypode quadrata, o mesolitoral superior habitado por

Euzonus furciferus e Mesodesma mactroides e a ultima zona, que compreendeu o

mesolitoral inferior e a zona de arrebentação interna, foi em grande parte caracterizada

por Donax hanleyanus. O padrão encontrado pode ser relacionado ao proposto por Dahl

(1952), porém salienta-se que o esquema de zonação sugerido por este autor baseia-se

apenas na distribuição de crustáceos, sendo que no presente trabalho outras classes,

além da classe Crustacea, foram encontradas nas distintas zonas da praia nas diferentes

estações do ano.

Nessa estação do ano novamente Euzonus furciferus voltou a caracterizar o

mesolitoral superior, estendendo de forma significativa sua distribuição para um nível

abaixo da praia, isto se deveu, sobretudo ao recrutamento do poliqueta que ocorreu

nesta época. Kemp (1988) constatou que os adultos de Euzonus mucronata

restringiram-se ao mesolitoral superior, enquanto os juvenis assentaram dentro e abaixo

desta zona, desta forma pode-se justificar a expansão significativa da distribuição de

Euzonus furciferus durante esta época do ano. Durante o estudo E. furciferus estendeu

sua distribuição principalmente para o nível 4, porém isto ficou evidente apenas nesta

época do ano, já que o recrutamento ressaltou a abundância desta espécie neste nível.

O recrutamento de Donax hanleyanus no outono foi o maior responsável pela

formação da ampla zona inferior da praia. Cardoso & Veloso (2003) registraram

maiores abundâncias desta espécie durante o inverno e outono, onde os recrutas foram

46
encontrados principalmente na zona de varrido. No presente trabalho a zona inferior da

praia no outono compreendeu em quase sua totalidade a zona de varrido, sendo habitada

em grande parte por recrutas de Donax hanleyanus, concordando com o observado no

trabalho supracitado.

Em resumo a zonação da praia do Cassino mostrou-se variável ao longo do

tempo, porém, com base nos dados do ano inteiro, pode-se sugerir um padrão geral de

zonação, sendo da seguinte forma: supralitoral caracterizado, principalmente, por

Ocypode quadrata; mesolitoral superior caracterizado, sobretudo, pelo poliqueta

Euzonus furciferus, e por fim uma zona inferior ampla e mais variável, compreendendo

o mesolitoral inferior juntamente com a arrebentação interna, sendo esta zona

totalmente influenciada pela ação das marés meteorológicas e caracterizada por diversas

espécies.

As duas zonas superiores (supralitoral e mesolitoral superior) foram as mais

estáveis durante o trabalho. Brazeiro & Defeo (1996) observaram que o supralitoral foi

a zona que apresentou maior estabilidade ao longo do tempo, sendo isto também

observado no presente trabalho. Esta estabilidade foi também registrada no mesolitoral

superior, principalmente, devido à distribuição e a ocorrência de Euzonus furciferus

nesta zona. Borzone et al. (1996) concluíram que zonas biológicas podem ser mais

evidentes na presença de espécies sedentárias do que na presença de espécies

migradoras. Sendo Euzonus furciferus um poliqueta que cava tocas com mais de 10 cm

de profundidade no interior do sedimento (Gandra, 2005) é possível esperar uma maior

estabilidade desta zona.

A maior variabilidade do macrozoobentos na zona inferior da praia, que

compreendeu o mesolitoral inferior e a zona de arrebentação interna, ficou evidenciada

47
sazonalmente, com a formação de distintos grupos faunísticos de acordo com a

peculiaridade de cada estação do ano.

No inverno a formação de dois grupos na zona inferior da praia foi devido

principalmente a baixa densidade dos organismos, refletindo a ausência de

recrutamento. Mesmo tendo ocorrido fortes ventos de SW nos dias que antecederam as

coletas, com a conseqüente elevação do nível do mar, a baixa densidade do

macrozoobentos pode ter impedido a sobreposição das espécies de forma significativa,

o que resultou na formação de dois grupos. Na primavera a alta densidade de indivíduos

nos níveis inferiores da praia aliado aos fortes ventos, que provavelmente elevaram o

nível do mar, foram os fatores responsáveis pela sobreposição expressiva das espécies,

resultando na formação de um único grande grupo.

Durante o verão, os recrutamentos juntamente com condições hidrodinâmicas

mais amenas, podem ter sido responsáveis pela formação de três grupos na zona inferior

da praia. Mesmo com as altas densidades do macrozoobentos, provavelmente, a baixa

freqüência dos ventos S e SW durante os 7 dias que antecederam as coletas, não foram

suficientes para ocasionar a sobreposição das espécies. Nesta época a separação do

grupo correspondente a zona de arrebentação interna ficou mais evidente, em função

dos maiores valores de densidade na zona de varrido, refletindo o recrutamento dos

migradores mareais. No outono ocorreu novamente a formação de um único grupo na

zona inferior da praia, refletindo o recrutamento de um migrador mareal (Donax

hanleyanus) na zona de varrido.

De um modo geral, a variabilidade espacial dos agrupamentos do

macrozoobentos na zona inferior da praia, nas distintas estações do ano, foi fortemente

influenciada pelas flutuações das densidades decorrentes dos recrutamentos bem como

48
das migrações de juvenis e adultos da infauna. Outro fator que influenciou na

distribuição vertical do macrozoobentos foi a sobreposição das distribuições dos

integrantes do macrozoobentos devido a elevação do nível da água durante as ressacas.

49
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BALLY, R. 1983. Intertidal zonation on sandy beaches of the west coast of South

Africa. Cahiers de Biologie Marine, 24: 85-103.

BARLETTA, RC & CALLIARI, LJ 2003. An assesment of the atmospheric and wave

aspects determining beach morphodynamic characteristics along central coast of

RS state, southern Brazil. Journal of Coastal Research (special issue), 35: 300-

308

BARROS, F; BORZONE, CA & ROSSO, S. 2001. Macroinfauna of six beaches near

Guaratuba bay, southern Brazil. Brazilian Archives of Biology and Technology,

44:351-364.

BORZONE, CA & GIANUCA, NM. 1990. A zonação infralitoral em praias arenosas

expostas. II Simpósio sobre Ecossistemas da Costa Sul e Sudeste Brasileira, Publ.

ACIESP, São Paulo, 3:280-287.

BORZONE, CA; SOUZA, J R B & SOARES, A G. 1996 Morphodynamic influence

on the structure of inter and subtidal macrofaunal communities of subtropical

sandy beaches. Revista Chilena de Historia Natural, 69: 565-577.

BORZONE, CA & SOUZA, JRB. 1997. Estrutura da macrofauna bentônica no supra,

meso e infralitoral de uma praia arenosa do sul do Brasil. Oecologia

Brasiliensis, volume III: 197-212

BORZONE, CA; MELO, SG; REZENDE KV; VALE, R E KRUL, R. 2003.

Macrobenthic intertidal communities from wave to tide dominated beach

enviroments. A case study in two brazilian beaches. Journal of Coastal research

(special issue), 35:472-480.

50
BRAZEIRO, A & DEFEO, O. 1996. Macroinfauna zonation in microtidal sandy

beaches: is possible to identify patterns in such variable environments? Estuarine,

Coastal and Shelf Science. 42: 523-536.

BROWN, AC & MCLACHLAN, A. 1990. Ecology of Sandy Shores. Elsevier,

Amsterdam, 328 pp.

CALLIARI, LJ & KLEIN, AHF. 1993. Características morfodinâmicas e

sedimentológicas das praias oceânicas entre Rio Grande e Chuí, RS. Pesquisas,

Porto Alegre, 20:48-56.

CARDOSO, RS & VELOSO, VG. 2003. Population dynamics and secondary

production of the wedge clam Donax haleyanus (Bivalvia:Donacidae) on a high-

energy subtropical beach of Brazil. Mairne Biology, 142:153-162

CHARVAT, DL; NELSON WG & ALLENBAUGH, TA. 1990. Composition and

seasonality of sand-beach amphipod assemblages of the east coast of Florida.

Journal of crustacean biology, 10 (3): 446-454.

CLARKE, KR & GREEN, RH. 1988. Statistical design and analysis for a ‘biological

effects’ study. Marine Ecology Progress Series, 46:213-226

CLARKE, K.R. & R.M. WARWICK. 1994. Changes in marine communities: an

approach to statistical analysis and interpretation. Plymouth. NERC. 187 p.

DAHL, E. 1952. Some aspects of the ecology and zonation of the fauna of sandy

beaches. Oikos, 4:1-27.

DEFEO, O; JARAMILLO, E; & LYONNET, A. 1992a. Community structure and

intertidal zonation of the macroinfauna on the Atlantic coasts of Uruguay.

Journal of Coastal Research, 8:830-839.

51
DEFEO , O; ORTIZ, E & CASTILLA, JC. 1992b. Growth, mortality and recruitment of

the yellow clam Mesodesma mactroides on uruguayan beaches. Marine Biology,

114:429-437.

DEFEO, O & DE ALAVA, A. 1995. Effects of human activities on long-term trends in

sandy beach populations:the wedge clam Donax hanleyanus in Uruguay. Marine

ecology Progress Series, 123:73-82.

DEFEO, O & MACLACHLAN, A. 2005. Patterns, processes and regulatory

mechanisms in sandy beach macrofauna: a multi-scale analysis. Marine Ecology

Progress Series, 295:1-20.

DEGRAER, S; VOLCKAERT, A & VINCX, M. 2003. Macrobenthic zonation patterns

along a morphodynamical continuum of macrotidal , low tide bar/rip and ultra-

dissipative sandy beaches. Estuarine, Coastal and Shelf Science, 56:459-468.

ESCOFET, A; GIANUCA, NM; MAITIA, S & SCARABINO, V. 1979. Playas

arenosas Del Atlântico Sudoccidental entre los 29ºY 43ºLS: Consideraciones

generales y esquema biocenologico. Memórias Del Seminário sobre Ecologia

Bentónica y Sedimentacion de la Plataforma Continental del Atlántico Sur.

UNESCO, Montevideo, 254-258.

GANDRA, MS. 2005. Efeitos do petróleo sobre a associação de macroinvertebrados

bentônicos de praias arenosas do extremo sul do Brasil. Tese de mestrado,

Universidade Federal do Rio Grande, Brasil, 88pp.

52
GARCIA, VMT & GIANUCA, N. 1998. A praia e a zona de arrebentação. In: U

Seeliger, C Odebrecht & JP Castello (eds.). Os ecossistemas costeiro e marinho

do extremo sul do Brasil. Editora Ecoscientia, Rio Grande. 184-189.

GIANUCA, NM. 1983. A preliminary account of the ecology of sandy beaches in

southern Brazil. In: McLachlan, A. & Erasmus, T. (eds), Sandy Beaches as

Ecosystems. W Junk Publishers, 413-420.

GIANUCA, NM. 1987. Zonação e produção nas praias arenosas do litoral sul e sudeste

do Brasil. Simpósio de Ecossistemas da Costa Sul e Sudeste Brasileira – síntese

dos conhecimentos, Cananéia, SP, 1: 313-332.

GIANUCA, NM. 1988. Recursos naturais das praias arenosas do sul do Brasil. Inf

UNESCO Cienc Mar .Montevideo, 47:89-94.

GIANUCA NM, 1998. Invertebrados bentônicos da praia. In: U Seeliger, C Odebrecht

& JP Castello (eds.). Os ecossistemas costeiro e marinho do extremo sul do

Brasil. Editora Ecoscientia, Rio Grande. 127-130.

GIMÉNEZ L &YANNICELLI, B. 1997. Variability of zonation patterns in temperate

microtidal Uruguayan beaches with different morphodynamic types. Marine

Ecology Progress Series. 160:197-207.

HOLME, NA & MC INTYRE, AD. 1984. Methods for the study of marine benthos.

Blackwell Scientific Publications, New York.

JAMES, RJ & FAIRWEATHER, PG. 1996. Spatial variation of intertidal macrofauna

on a sandy ocean beach in Australia. Estuarine, Coastal and Shelf Science 43:81-

107.

JANSSEN, G & MULDER, S. 2005. Zonation of macrofauna across sabdy beaches and

surf zones along the Dutch coast. Oceanologia, 47(2) 265-282.

53
JARAMILLO, E; MACLACHLAN, A & COETEZEE, P. 1993. Intertidal zonation

patterns of macroinfauna over a range of exposed sandy beaches in south-central

Chile. Marine Ecology Progress Series, 101: 105-117.

JARAMILLO, E; CONTRERAS, H & QUIJON, P. 1996. Macroinfauna and human

disturbance in a sandy beach of south-central Chile. Revista Chilena de Historia

Natural, 69:655-663.

KEMP, PF. 1988. Production an life history of a deposit-feeding polychaete in an

atypical enviroment. Estuarine, Coastal an Shelf Science, 26:437-446.

KENKEL, NC & ORLOCI , L. 1986. Applying metric and nonmetric multidimensional

scaling to ecological studies: some new results. Ecology, 67:919-928.

MASELLO, A & DEFEO, O. 1986. Determinación de la longitud de primera madurez

sexual en Mesodesma mactroides (Deshayes 1854). Com. Soc. Malac. Uruguay,

6: 387-392.

MCLACHLAN, A. 1990. Dissipative beaches and macrofauna communities on exposed

intertidal sands. Journal of Coastal Research, 6: 57-71.

MCLACHLAN, A. & JARAMILLO, E. 1995. Zonation on sandy beaches.

Oceanography and Marine Biology – An Annual Review, 33:305-335.

NEVES, FM. 2004. Distribuição espacial e temporal da macrofauna bentônica de três

praias arenosas do litoral norte do Rio Grande do Sul. Tese de mestrado,

Universidade Federal do Rio Grande, Brasil, 91 pp.

54
PEREIRA, PS. 2005. Variabilidade da orla oceânica do Rio Grande do Sul e suas

implicações na elaboração de planos de contingência: aspectos morfodinâmicos,

sedimentológicos e geomorfológicos. Tese de mestrado, universidade Federal do

Rio Grande, Brasil, 160pp.

RAFFAELLI, D; KARAKASSIS , I & GALLOWAY, A. 1991. Zonation schemes on

sandy shores: A multivariate approach. J. Exp. Mar. Biol. Ecol. , 148: 241-253.

SALVAT, B. 1964. Les conditions hydrodynamiques interstitielles de sediments

meubles intertidaux et la repartition verticale de la faune endogee. Cahiers de

Recherche de la Academie de Science de Paris, 259:1576-1579.

SANTOS, PJP. 1991. Morphodynamical influence of temporary freshwater stream on the

population dynamics of Scolelepis gaucha (polychaeta: Spionidae) on a sandy beach

in southern Brazil. Bulletin of Marine Science, 48(3): 657-664.

SCHOEMAN, DS; WHEELER, M & WAIT, M. 2003. The relative accuracy of standard

estimators for macrofaunal abudance and species richness derived from selected

intertidal transect designs used to sample exposed sandy beaches. Estuarine, Coastal

and Shelf Science, 58: 5-16.

SHORT, AD & WRIGHT, LD. 1983. Physical variability of sandy beaches. In:

MCLACHLAN, A & ERAMUS, T. (eds.) Sandy beaches as ecosystems. W

Junk Publishers, 133-144.

SOUZA, JBR & GIANUCA, NM. 1995. Zonation and seasonal variation of the

intertidal macrofauna on a sandy beach of Paraná State, Brazil. Scientia Marina,

59 (2): 103-111.

SUGUIO, K. 1973. Introdução a Sedimentologia. São Paulo, EDUSP 317 pp.

55
VELOSO, VG; CARDOSO, RS & FONSECA, DB. 1997. Spatio-temporal

characterization of intertidal macrofauna at prainha beach (Rio de Janeiro State).

Oecologia Brasiliensis, volume III: 213-225.

VELOSO, VG; CAETANO, CHS & CARDOSO, RS. 2003. Composition, structure and

zonation of intertidal macroinfauna in relation to physical factors in microtidal

sandy beaches in Rio de Janeiro state, Brazil. Scientia Marina.,67:393-402.

WRIGHT, LD & SHORT, AD. 1983. Morphodynamics of beaches an surf zones in

Australia. In: KOMAR, PD (ed), Hand Book of Coastal Processes and Erosion.

Boca Raton: CRC Press, 35 – 64.

56
CAPÍTULO 2

DISTRIBUIÇÃO HORIZONTAL DA
MACROFAUNA BENTÔNICA NA PRAIA DO
CASSINO, EXTREMO SUL DO BRASIL

57
1. INTRODUÇÃO

Praias arenosas expostas estão entre os ambientes mais dinâmicos, onde as

ondas, ventos e marés estão constantemente movimentando o sedimento (McLachlan,

1983). Estes ambientes têm sido caracterizados como fisicamente severos, exibindo

heterogeneidade espacial e temporal (Brown & McLachlan, 1990). Esta

heterogeneidade está relacionada a fatores físicos, como ação das ondas, tamanho dos

grãos de areia e a inclinação da praia (McLachlan,1983). Além dos efeitos físicos,

fatores biológicos como disponibilidade e busca pelo alimento, efeitos da reprodução na

dispersão e assentamento, modos de locomoção e padrões de agregação, competição

intra e interespecífica e efeitos da predação, também são responsáveis pela estruturação

das comunidades bentônicas de praias arenosas (Knox, 2000).

Diversos estudos foram realizados em praias arenosas a fim de verificar a

distribuição da macrofauna através de um gradiente vertical (Defeo et al., 1992;

Jaramillo et al., 1993; Souza & Gianuca, 1995; Borzone & Souza, 1997; Veloso et al.,

1997; Barros et al., 2001; Veloso et al., 2003; Degraer et al., 2003).

Um aspecto menos abordado nos estudos desenvolvidos em praias arenosas é o

da distribuição horizontal dos organismos. Esta deve ser considerada, pois é comum a

distribuição da macrofauna em manchas (Gimenez & Yanicelli, 2000), que podem ser

geradas pela combinação de fatores bióticos e abióticos (Defeo & McLachlan, 2005).

Variação horizontal tem sido documentada para populações e comunidades,

sendo esta variação atribuída a diversos fatores. Alguns autores identificaram

significativa diferença na distribuição das espécies e tamanho dos indivíduos entre as

baías e as cristas das cúspides praiais (McLachlan & Hesp, 1984; James, 1999; Gimenez

58
& Yannicelli, 2000). Schoeman & Richardson (2002) verificaram que o estado

morfodinâmico da praia e interações intraespecíficas regulam a distribuição horizontal

do bivalve Donax serra. Donn (1987) observou que a abundância de recrutas de Donax

serra foi maior próximo a foz dos rios, porém resultado inverso foi encontrado por

Schoeman & Richardson (2002). A variação horizontal pode também ser resultante da

modificação na granulometria e exposição às ondas (McLachlan, 1996; James &

Fairweather, 1996). Gimenez & Yanicelli (2000) constataram que a distribuição em

manchas de alguns táxons do supralitoral refletiu a quantidade de água contida no

sedimento.

A construção de canais de drenagem, exploração comercial do macrozoobentos,

engordamento da praia e a construção de barreiras são perturbações antrópicas que

influenciam na variabilidade horizontal da macrofauna em praias arenosas (Lercari et

al., 2002; Lercari & Defeo, 2003; Defeo & de Alava, 1995; Peterson et al., 2000).

Estudos sobre a composição e distribuição vertical do macrozoobentos no

mesolitoral e infralitoral da praia já foram feitos nas praias do extremo sul do Brasil

(Gianuca, 1983; 1987; Borzone & Gianuca, 1990). Porém, ainda não existem trabalhos

com o acompanhamento temporal da variação horizontal da macrofauna bentônica nesta

região. Desta forma, objetiva-se acompanhar a abundância e a distribuição horizontal do

macrozoobentos e relacioná-la com os parâmetros ambientais.

59
2. METODOLOGIA

2.1. Área de Estudo

As praias arenosas do extremo sul do Brasil são expostas, com pouco declive, com

ação das ondas de moderada a forte, apresentando estados morfodinâmicos entre

dissipativos e intermediários (Gianuca, 1988; Borzone & Gianuca, 1990). Nas

proximidades da Barra de Rio Grande as praias apresentam características dissipativas

(Calliari & Klein, 1993) enquanto que na área em estudo apresentam característica

intermediária (Pereira, 2005). No extremo sul do país a maior parte da costa é

caracterizada por praias arenosas largas, declividade suave, zona de arrebentação bem

desenvolvida (Garcia & Gianuca, 1998) e areia fina abundante (Borzone & Gianuca,

1990). As marés astronômicas são insignificantes, sendo os fatores meteorológicos os

principais responsáveis pelas variações do nível da água (Calliari & Klein, 1993). O local

de estudo (52º 14’ 040 W e 32º 15’ 554 S) está localizado na praia do Cassino a 17,2 Km

ao sul do molhe oeste (Fig. 1).

Figura 1: Localização da área estudada.

60
2.2. Amostragem

As coletas dos macroinvertebrados bentônicos foram realizadas mensalmente

durante o período de 12 meses (junho de 2004 a maio de 2005). Foram escolhidos 3 locais,

com 50 m de distância um do outro. Foram demarcadas 3 transversais, 2 metros

eqüidistantes em cada local. Cada transversal se estendeu desde a base das dunas primárias

até cerca de 1 m de profundidade no infralitoral, sendo entre 7 e 8 níveis de coleta

distribuídos ao longo de cada transversal. Nas transversais a distância entre os níveis foi de

20 m até a zona do varrido superior, a partir do qual a distância foi de 10 m (Fig. 2). A

menor distância entre os níveis das partes inferiores da praia foi devido ao maior número

de espécies e organismos que tendem a se concentrar nesta área (Gianuca, 1983; Degraer

et al., 2003).

Figura 2: Esquema do desenho amostral a partir do qual foi coletada a macrofauna


bentônica.

61
As amostras biológicas foram coletadas utilizando-se um tubo extrator de 20 cm de

diâmetro (0,031416 m2), enterrado no sedimento a 20 cm de profundidade, pois estudos

prévios mostraram que a maior parte da abundância do macrozoobentos é encontrada nos

primeiros 15-20 cm de profundidade dentro do sedimento (Bally, 1983). A forma de coleta

usada esta dentro dos padrões comumente utilizados para amostragem em praias arenosas

(Schoeman et al., 2003). Estas amostras foram peneiradas em uma malha de nylon de 0,5

mm de abertura de poro (Holme & McIntyre, 1984) e o material retido fixado em solução

de formaldeído a 10 %. Em laboratório os organismos foram quantificados e identificados

até o menor nível taxonômico possível sob um microscópio estereoscópio.

Para analisar a variação espacial horizontal do macrozoobentos e com o propósito

de evitar ruídos causados pela variação espacial vertical, as amostras pertencentes a cada

transversal, dentro de cada zona faunística pré-estabelecida no capítulo 1, excluindo o

supralitoral, foram somadas sazonalmente. Ressalta-se que a variação horizontal do

macrozoobentos nas zonas biológicas que compreenderam a zona de arrebentação interna

e o mesolitoral superior do verão não foi verificada, pois ambas as zonas apresentaram

baixas densidades neste período.

2.3. Dados ambientais

Amostras sazonais de sedimento foram tomadas em cada um dos níveis nos 3

locais. As proporções de areia, silte e argila do sedimento foram determinadas através

do peneiramento (> 0,062 mm de diâmetro) e pipetagem (< 0,062 mm de diâmetro),

conforme Suguio (1973). Durante as coletas mensais da macrofauna bentônica foram

registrados dados de altura (observações visuais) e período médio das ondas

(cronômetro digital), salinidade, temperatura do ar e da água. Dados horários de

62
velocidade e direção do vento foram fornecidos pela Praticagem da Barra de Rio

Grande.

Para caracterizar o estado morfodinâmico sazonal da praia empregou-se o

parâmetro adimensional de Dean Ω=Hb/WsT, onde Hb é a altura da onda na

arrebentação, Ws é a velocidade de decantação do sedimento e T o período da onda.

Valores de Ω inferiores a 1 representam praias reflectivas, praias intermediárias são

classificadas dentro do intervalo de 1 a 6, enquanto praias dissipativas apresentam

valores de Ω superiores a 6 (Short & Wright, 1983).

2.4. Análises estatísticas

A análise da distribuição horizontal do macrozoobentos foi efetuada sobre cada

uma das zonas faunísticas determinadas no capítulo I. Foram efetuadas análises

multivariadas através do programa PRIMER v5 (Plymouth Routines In Multi Ecological

Research) utilizando dados quantitativos (Clarke. & Warwick, 1994). Partindo da soma

sazonal das amostras pertencentes a cada transversal, dentro de cada zona faunística, foram

extraídas planilhas de similaridade (modo Q) através do índice de dissimilaridade Bray-

Curtis. O passo seguinte foi fazer a análise de ordenação MDS (Escalonamento Multi

Dimensional). Posteriormente foi testada a diferença entre grupos através da análise de

similaridade (ANOSIM), com o nível de significância P<5% e R estatístico > 0,5.

Foram gerados gráficos de abundâncias sazonais com os 7 táxons mais

abundantes. Essa abundância referiu-se ao número de indivíduos capturados

sazonalmente dentro de cada local.

Ressalta-se que os níveis 1 e 2, ambos compreendendo o supralitoral, foram

excluídos por possuírem invertebrados bentônicos oriundos de embancamentos.

63
3. RESULTADOS

3.1. Variáveis ambientais

A salinidade mínima foi registrada durante a coleta de julho (29) e a máxima em

janeiro (36) e março (36). A temperatura da água na arrebentação interna seguiu a

mesma tendência da temperatura do ar, sendo a mínima registrada nas coletas de julho

(água = 14º C e ar = 15º C) e maio (água = 13,5º C e ar = 15º C), e a máxima em janeiro

(água = 26º C e ar = 30º C). A altura das ondas apresentou maiores valores nos meses

de novembro (1,5 m) e julho (1 m), enquanto o período médio das ondas variou entre 8

e 11,9 segundos (Tab.1). Durante os 7 dias que antecederam as coletas do

macrozoobentos foi observada maior precipitação média na primavera (23,5 mm),

enquanto a mínima foi observada no verão (2,9 mm).

Tabela 1: Parâmetros abióticos registrados nas coletas mensais da macrofauna


bentônica durante o período de um ano (junho de 2004 a maio de 2005).
Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Janeiro Fevereiro Março Abril Maio
Salinidade 34 29 34 32 30 31 34 36 34 36 35 32
Temperatura ar (ºC) 18 15 17 18 20 24 26 30 22 26 21,5 15
Temperatura água (ºC) 16 14 16 16 20 20 23 26 24 25,5 22 13,5
Altura das ondas (m) 1 0,75 0,5 0,75 1,5 0,5 0,75 0,75 0,5 0,5 0,75
Período médio das ondas (s) 10 8,8 10 11,8 11,9 9,7 11,7 11 8 10,3 11,4

A partir dos valores do Ω foi verificado que a praia estudada apresentou estágio

praial do tipo intermediário durante as quatro estações do ano. Com relação às

características do sedimento observou-se que na maior parte ele foi classificado como

areia fina, porém em algumas ocasiões o sedimento das partes inferiores da praia foi

classificado como areia média (Tab. 2). A declividade média da praia durante todo

período amostral foi de 1,7º, sendo a máxima de 3,3 º observada em fevereiro.

No inverno observou-se pouca variação no tamanho médio dos grãos do

sedimento entre os locais, enquanto na primavera a granulometria média foi menor nos

64
locais 2 e 3 quando comparada com o local 1, já no verão e outono esse padrão foi

inverso. (Fig. 3).

2.5

2
phi

1.5

0.5

0
Inverno Primavera Verão Outono

Local 1 Local 2 Local 3

Figura 3: Variação do tamanho médio dos grãos de areia entre os diferentes


locais, nas distintas estações do ano (junho de 2004 a maio de 2005).

Tabela 2: Tamanho médio dos grãos (phi) e classificação do sedimento. É


apresentado também o valor do Ω sazonalmente.
Inverno Primavera Verão Outono
Média (phi) Classificação Média (phi) Classificação Média (phi) Classificação Média (phi) Classificação
Nivel 3 Local 1 2,499 Areia fina 2,358 Areia fina 2,508 Areia fina 2,77 Areia fina
Nivel 4 Local 1 2,27 Areia fina 2,541 Areia fina 2,546 Areia fina 2,766 Areia fina
Nivel 5 Local 1 2,154 Areia fina 2,332 Areia fina 2,383 Areia fina 2,753 Areia fina
Nivel 6 Local 1 1,889 Areia média 2,188 Areia fina 2,502 Areia fina 2,465 Areia fina
Nivel 7 Local 1 1,774 Areia média 2,214 Areia fina 2,394 Areia fina 2,501 Areia fina
Nível 8 Local 1 *** *** *** *** 2,403 Areia fina 2,375 Areia fina
Nivel 3 Local 2 2,342 Areia fina 2,765 Areia fina 2,429 Areia fina 2,723 Areia fina
Nivel 4 Local 2 2,282 Areia fina 2,53 Areia fina 2,423 Areia fina 2,638 Areia fina
Nivel 5 Local 2 2,373 Areia fina 2,363 Areia fina 2,597 Areia fina 2,415 Areia fina
Nivel 6 Local 2 1,733 Areia média 2,467 Areia fina 2,198 Areia fina 2,483 Areia fina
Nivel 7 Local 2 1,987 Areia média 2,513 Areia fina 2,163 Areia fina 2,098 Areia fina
Nível 8 Local 2 *** *** *** *** 1,991 Areia média 2,441 Areia fina
Nivel 3 Local 3 2,406 Areia fina 2,787 Areia fina 2,385 Areia fina 2,776 Areia fina
Nivel 4 Local 3 2,293 Areia fina 2,774 Areia fina 2,409 Areia fina 2,75 Areia fina
Nivel 5 Local 3 2,264 Areia fina 2,766 Areia fina 2,508 Areia fina 2,242 Areia fina
Nivel 6 Local 3 1,895 Areia média 2,511 Areia fina 2,37 Areia fina 2,394 Areia fina
Nivel 7 Local 3 1,491 Areia média 2,518 Areia fina 2,346 Areia fina 2,442 Areia fina
Nível 8 Local 3 *** *** *** *** 1,877 Areia média 2,466 Areia fina
Ω 4.956 4.097 3.269 3.131

A partir dos dados horários de velocidade e direção do vento foi possível

constatar que o vento NE foi o mais freqüente na região em todas as estações do ano,

sendo 26,4 m.s-1 a velocidade máxima registrada na primavera. O vento SW atingiu sua

maior freqüência no inverno e primavera, sendo a velocidade máxima atingida no

outono, chegando a 25,1 m.s-1. (Tab. 3).

65
Tabela 3: Freqüência, velocidade média e máxima dos ventos nas estações do
ano (junho de 2004 a maio de 2005).
N NE E SE S SW W NW
Freqüencia (%) 5,5 40,8 2,6 6,5 3,6 21,4 8,9 10,7
Inverno Velocidade Média (m.s‫־‬¹) 3,9 8,0 5,9 3,6 4,0 5,3 5,1 3,7
Velocidade Máxima (m.s‫־‬¹) 13,0 22,4 17,4 11,6 13,0 19,7 20,1 19,2
Freqüencia (%) 2,4 37,9 7,1 16,2 9,2 20,2 4,4 2,6
Primavera Velocidade Média (m.s‫־‬¹) 4,7 8,8 6,9 6,1 6,9 6,3 5,0 3,3
Velocidade Máxima (m.s‫־‬¹) 17,0 26,4 17,0 17,4 23,7 24,6 15,6 18,4
Freqüencia (%) 1,6 45,0 13,3 21,2 4,1 9,5 2,1 3,1
Verão Velocidade Média (m.s‫־‬¹) 4,5 9,3 8,0 6,5 7,6 6,4 4,0 4,1
Velocidade Máxima (m.s‫־‬¹) 16,1 21,9 17,0 15,6 17,4 19,7 17,0 17,0
Freqüencia (%) 5,4 36,0 6,1 14,1 9,3 14,0 6,9 8,1
Outono Velocidade Média (m.s‫־‬¹) 3,9 7,5 6,7 5,7 6,9 6,0 4,1 3,6
Velocidade Máxima (m.s‫־‬¹) 19,7 22,8 21,9 18,8 25,5 25,1 18,8 17,0

Na maior parte dos meses o vento NE foi o mais freqüente durante os 7 dias que

antecederam as coletas da macrofauna bentônica. A velocidade máxima desse vento foi

de 26,4 m.s-1, atingida em outubro. O vento SW foi mais freqüente em determinados

meses, principalmente naqueles característicos pelas temperaturas mais baixas, sendo

sua velocidade máxima 25,1 m.s-1, verificada em março (Tab. 4).

Tabela 4: Característica do vento nos 7 dias que antecederam as coletas da


macrofauna bentônica (junho de 2004 a maio de 2005).
N NE E SE S SW W NW
Freqüencia (%) 7,1 32,7 0,0 0,0 0,0 9,5 29,2 21,4
Junho Velocidade Média (m.s‫־‬¹) 3,6 5,4 0,0 0,0 0,0 6,1 5,9 3,9
Velocidade máxima (m.s‫־‬¹) 9,8 15,6 0,0 0,0 0,0 16,1 16,6 11,2
Freqüencia (%) 0,6 28,6 0,0 10,6 7,5 45,3 3,1 4,3
Julho Velocidade Média (m.s‫־‬¹) 2,2 7,1 0,0 4,0 6,2 6,2 3,0 2,9
Velocidade máxima (m.s‫־‬¹) 4,9 16,1 0,0 6,7 12,5 13,4 8,1 5,8
Freqüencia (%) 1,2 26,8 4,2 10,1 2,4 41,1 10,1 4,2
Agosto Velocidade Média (m.s‫־‬¹) 2,9 7,8 6,4 3,5 3,0 6,6 3,9 2,4
Velocidade máxima (m.s‫־‬¹) 6,3 19,7 9,0 7,2 6,3 15,6 9,0 4,9
Freqüencia (%) 0,6 14,9 6,0 37,5 26,8 14,3 0,0 0,0
Setembro Velocidade Média (m.s‫־‬¹) 5,8 8,9 7,5 8,9 8,4 8,3 0,0 0,0
Velocidade máxima (m.s‫־‬¹) 12,1 16,1 12,1 17,4 17,4 16,1 0,0 0,0
Freqüencia (%) 1,2 42,9 5,4 5,4 1,8 28,0 14,3 1,2
Outubro Velocidade Média (m.s‫־‬¹) 7,4 11,3 10,8 6,3 6,3 5,5 4,9 4,5
Velocidade máxima (m.s‫־‬¹) 14,8 26,4 17,0 12,5 9,4 13,0 9,4 8,1
Freqüencia (%) 3,0 41,7 9,5 4,8 11,3 14,3 12,5 3,0
Novembro Velocidade Média (m.s‫־‬¹) 2,5 10,4 9,9 3,7 8,2 7,1 5,2 1,4
Velocidade máxima (m.s‫־‬¹) 7,2 21,5 15,2 7,6 23,7 24,6 13,9 4,5
Freqüencia (%) 0,0 18,8 37,1 44,1 0,0 0,0 0,0 0,0
Dezembro Velocidade Média (m.s‫־‬¹) 0,0 9,4 9,7 9,4 0,0 0,0 0,0 0,0
Velocidade máxima (m.s‫־‬¹) 0,0 16,6 15,6 15,2 0,0 0,0 0,0 0,0
Freqüencia (%) 3,6 48,8 11,9 16,1 3,0 10,7 1,8 4,2
Janeiro Velocidade Média (m.s‫־‬¹) 4,2 8,0 7,4 5,0 5,6 8,6 5,4 3,9
Velocidade máxima (m.s‫־‬¹) 11,2 15,2 12,1 12,1 11,6 17,4 11,2 16,1
Freqüencia (%) 4,8 28,6 18,5 20,8 6,0 17,9 1,8 1,8
Fevereiro Velocidade Média (m.s‫־‬¹) 4,1 10,4 11,2 7,5 6,9 6,3 4,0 3,1
Velocidade máxima (m.s‫־‬¹) 11,6 19,2 17,0 13,9 13,4 15,6 7,6 7,2
Freqüencia (%) 4,8 18,5 12,5 35,7 10,1 4,2 4,8 8,9
Março Velocidade Média (m.s‫־‬¹) 5,3 8,5 9,6 7,0 9,2 8,1 4,2 3,5
Velocidade máxima (m.s‫־‬¹) 11,6 22,8 21,9 18,8 25,5 25,1 10,3 8,5
Freqüencia (%) 6,0 23,8 5,4 11,9 10,7 20,2 6,5 15,5
Abril Velocidade Média (m.s‫־‬¹) 2,6 9,1 8,2 9,3 7,7 5,4 3,6 5,9
Velocidade máxima (m.s‫־‬¹) 12,1 20,6 16,6 17,0 17,6 15,6 13,4 17,0
Freqüencia (%) 3,0 16,7 4,8 5,4 1,8 28,6 24,4 15,5
Maio Velocidade Média (m.s‫־‬¹) 4,0 4,7 2,1 5,9 6,6 6,0 5,8 4,6
Velocidade máxima (m.s‫־‬¹) 10,3 9,4 5,8 9,4 13,0 17,9 18,8 15,6

66
3.2. Macroinvertebrados bentônicos

Durante o inverno 18 táxons foram computados, sendo a classe Crustacea a que

apresentou o maior número de representantes. Neste período 3 zonas biológicas foram

observadas, sendo estas formadas respectivamente pelos níveis 3, 4 e 5-8. Com base nas

abundâncias dos 10 principais táxons pôde-se observar que o local 1 da zona que

abrangeu o nível 3 foi o que apresentou maior abundância. Já o local 3 da zona que

compreendeu o nível 4 e da zona que abrigou os níveis 5-8 foi o que apresentou maior

abundância (Tab. 5).

Tabela 5: Abundâncias totais dos 10 principais táxons em cada um dos distintos


locais das diferentes zonas biológicas durante o inverno.

Inverno
Bivalvia Crustacea Polychaeta
Mesodesma mactroides

Phoxocephalopsis sp.

Macrochiridothea sp.
Emerita brasiliensis
Bathyporeiapus sp.

Euzonus furciferus
Donax hanleyanus

Excirolana armata

Scolelepis gaucha
Platyischnopidae

Abundância total

Local 1 0 0 3 1 8 0 4 0 80 0 96
Nível 3

Local 2 0 0 0 0 5 0 13 0 65 2 85
Local 3 0 1 2 0 10 0 13 0 55 1 82
Local 1 2 1 13 119 203 0 26 0 103 20 487
Nível 4

Local 2 0 15 2 180 157 0 29 0 21 88 492


Local 3 2 26 1 94 219 0 35 0 9 189 575
Níveis 5-8

Local 1 136 222 130 53 134 19 6 6 2 5 713


Local 2 309 131 71 40 108 13 9 5 1 5 692
Local 3 387 123 156 56 19 14 1 23 0 1 780

Através da análise MDS das 3 zonas faunísticas do inverno não foi possível

evidenciar a formação de grupos, exceto o agrupamento das réplicas do local 3 da zona

67
que compreendeu os níveis 5-8 (Fig. 4). Mesmo assim, a análise de similaridade

ANOSIM não evidenciou qualquer diferença entre os locais de nenhuma das distintas

zonas. (Nível 3: Local 1xLocal 2 R=-0,074 e p=50%; Local 1xLocal 3 R=-0,019 e

p=30% e Local 2xLocal 3 R=-0,148 e p= 70%; Nível 4: Local 1xLocal 2 R=0,148 e

p=30%; Local 1xLocal 3 R=0,148 e p=50% e Local 2xLocal 3 R=-0,185 e p= 60%;

Níveis 5-8: Local 1xLocal 2 R=0,407 e p=20%; Local 1xLocal 3 R=0,667 e p=10% e

Local 2xLocal 3 R=0,481 e p= 10%).

Stress: 0.04 Stress: 0.06

Local 1 Local 1

Local 2 Local 2

Local 3 Local 3

Nível 3 Stress: 0.06 Nível 4


Local 1

Local 2

Local 3

Níveis 5-8

Figura 4: MDS do inverno de cada zona biológica. Cada zona biológica


compreende os 3 locais de coleta e suas devidas réplicas.

Durante a primavera 21 taxóns foram encontrados, sendo verificada, nesta

estação do ano, a formação de duas zonas biológicas, uma formada pelo nível 3 e a

outra formada pelos níveis 4-7. Nesse período a classe Crustacea foi a que apresentou

68
maior número de representantes. Através das abundâncias dos 10 principais táxons

verificou-se que o local 2 de ambas zonas biológicas, foi o que apresentou maior

abundância (Tab. 6).

Tabela 6: Abundâncias totais dos 10 principais táxons em cada um dos distintos


locais das diferentes zonas biológicas durante a primavera.

Primavera
Bivalvia Crustacea Polychaeta
Mesodesma mactroides

Phoxocephalopsis sp.
Bathyporeiapus sp.

Euzonus furciferus

Hemipodus olivieri
Donax hanleyanus

Excirolana armata

Scolelepis gaucha
Platyischnopidae

Abundância total
Nemertea
Local 1 1 0 8 0 1 0 50 0 5 0 65
Nível 3

Local 2 0 0 16 0 15 7 122 0 8 0 168


Local 3 1 0 19 1 6 1 98 0 6 0 132
Níveis 4-7

Local 1 715 511 1601 446 45 220 91 52 24335 20 28036


Local 2 1093 331 4936 541 26 431 93 70 28916 28 36465
Local 3 1669 592 2356 436 22 490 66 58 12842 26 18557

A análise MDS das zonas biológicas da primavera (Fig. 5) não exibiu a

formação de grupos, mas as réplicas do local 1 ficaram mais próximas em ambas zonas

biológicas. Através da análise ANOSIM percebeu-se que não houve diferença

significativa entre os locais das distintas zonas biológicas. (Nível 3:Local 1xLocal 2

R=0,926 e p= 10%; Local 1xLocal 3 R=0,296 e p=10% e Local 2xLocal 3 R=-0,13 e

p=60%; Níveis 4-7: Local 1xLocal 2 R=0 e p= 50%; Local 1xLocal 3 R=0,519 e

p=10% e Local 2xLocal 3 R=0,444 e p=10%;).

69
Stress: 0.01 Stress: 0.01

Local 1 Local 1

Local 2 Local 2

Local 3 Local 3

Nível 3 Níveis 5-7

Figura 5: MDS da primavera de cada zona biológica. Cada zona biológica


compreende os 3 locais de coleta e suas devidas réplicas.

No verão registrou-se 21 táxons tendo sido analisada a variação horizontal da

macrofauna bentônica dentro de 2 zonas biológicas, sendo uma formada pelos níveis 4-

5 e a outra pelos níveis 6-7. A classe Crustacea, novamente, foi a que apresentou maior

número de representantes. O maior valor de abundância, considerando os 10 táxons em

conjunto, foi registrado no local 2 de ambas zonas biológicas (Tab. 7).

Tabela 7: Abundâncias totais dos 10 principais táxons em cada um dos distintos


locais das diferentes zonas biológicas durante o verão.

Verão
Bivalvia Crustacea Polychaeta
Mesodesma mactroides

Phoxocephalopsis sp.

Macrochiridothea sp.
Emerita brasiliensis

Bathyporeiapus sp.

Euzonus furciferus
Donax hanleyanus

Excirolana armata

Scolelepis gaucha
Platyischnopidae

Abundância total
Níveis 6-7 Níveis 4-5

Local 1 496 260 303 33 62 23 83 5 11400 38 12703


Local 2 3080 203 35 146 35 2 93 0 11056 36 14686
Local 3 1551 216 109 213 126 80 72 0 5435 31 7833
Local 1 1804 221 155 166 114 36 0 7 110 0 2613
Local 2 2823 436 357 290 361 57 2 43 396 0 4765
Local 3 2185 548 636 140 86 98 25 31 438 1 4188

70
Por meio da análise MDS correspondente ao verão (Fig. 6), constatou-se que

houve uma tendência de agrupamento das réplicas do local 1 na zona que compreendeu

os níveis 4-5. Esta mesma tendência de agrupamento foi observada nas réplicas do local

2 na zona que abrangeu os níveis 6-7. Mesmo verificando possível formação de grupos,

os resultados da análise ANOSIM mostraram que não houve diferença expressiva entre

os locais das 2 zonas biológicas. (Níveis 4-5: Local 1xLocal 2 R=0,296 e p= 10%; Local

1xLocal 3 R=0,852 e p= 10% e Local 2xLocal 3 R=0,407e p=10%; Níveis 6-7: Local

1xLocal 2 R=0,556 e p= 10%; Local 1xLocal 3 R=0,259 e p= 30% e Local 2xLocal 3

R=0,333e p=30 %).

Stress: 0.01 Stress: 0.03

Local 1 Local 1

Local 2 Local 2

Local 3 Local 3

Níveis 4-5 Níveis 6-7

Figura 6: MDS do verão de cada zona biológica. Cada zona biológica


compreende os 3 locais de coleta e suas devidas réplicas.

No total 22 táxons fizeram parte do outono e 2 zonas biológicas foram pré-

determinadas neste período, sendo estas compostas, respectivamente, pelos níveis 3-4 e

5-8. O maior número de representantes pertenceu a classe Crustacea. Houve maior

abundância, levando em conta os 10 táxons em conjunto, no local 2 em ambas zonas

biológicas.(Tab. 8)

71
Tabela 8: Abundâncias totais dos 10 principais táxons em cada um dos distintos
locais das diferentes zonas biológicas durante o outono.
Outono
Bivalvia Crustacea Polychaeta

Mesodesma mactroides

Phoxocephalopsis sp.

Emerita brasiliensis

Bathyporeiapus sp.

Euzonus furciferus
Donax hanleyanus

Excirolana armata

Scolelepis gaucha
Platyischnopidae

Abundância total
Donax gemmula
Níveis 5-8 Níveis 3-4

Local 1 55 72 0 97 152 8 14 34 34 157 623


Local 2 115 380 0 222 172 5 4 57 46 293 1294
Local 3 49 215 0 94 90 3 2 74 37 359 923
Local 1 1895 252 328 109 62 211 88 2 2 4 2953
Local 2 2175 727 600 184 88 16 73 2 2 2 3869
Local 3 1204 39 80 78 83 19 76 1 1 6 1587

No MDS do outono as réplicas pertencentes ao local 2 da zona biológica que

abrangeu os níveis 3-4 tenderam se agrupar. Essa mesma tendência foi observada nas

réplicas pertencentes ao local 3 da zona biológica que abrigou os níveis 5-8 (Fig. 7).

Mais uma vez a análise ANOSIM verificou que os locais das duas zonas biológicas não

podem ser considerados díspares (Níveis 3-4: Local 1xLocal 2 R=0,519 p=10%; Local

1xLocal 3 R=0,259 e p=20% e Local 2xLocal 3 R=0,593 e p=10%; Níveis 5-8: Local

1xLocal 2 R=0,074 p=40%; Local 1xLocal 3 R=0,963 e p=10% e Local 2xLocal 3

R=0,556 e p=10%;).
Stress: 0.04 Stress: 0.01

Local 1 Local 1

Local 2 Local 2

Local 3 Local 3

Níveis 3-4 Níveis 5-8

Figura 7: MDS do outono de cada zona biológica. Cada zona biológica


compreende os 3 locais de coleta e suas devidas réplicas.

72
O MDS anual (Fig. 8), das duas zonas biológicas pré determinadas, mostrou que

houve uma tendência das réplicas pertencentes a cada local se agruparem na zona que

abrangeu os níveis 4-8, exceto uma das réplicas do local 3 que ficou desagregada.

Notou-se também a proximidade das réplicas do local 2 na zona que abrangeu o nível 3.

Porém, quando foi executada a análise ANOSIM foi percebido que não houve diferença

significativa entre os locais dentro de cada zona biológica. (Nível 3: Local 1xLocal 2

R=0,444 e p=10%; Local 1xLocal 3 R= 0,185 e p=30% e Local 2xLocal 3 R=0,519 e

p=10%; Níveis 4-8: Local 1xLocal 2 R=0,444 e p=20%; Local 1xLocal 3 R= 0,63 e

p=10% e Local 2xLocal 3 R=0,667 e p=10%).

Stress: 0.02 Stress: 0.03

Local 1 Local 1

Local 2 Local 2

Local 3 Local 3

Nível 3 Níveis 4-8

Figura 8: MDS anual de cada zona biológica. Cada zona biológica compreende
os 3 locais de coleta e suas devidas réplicas.

As abundâncias totais sazonais dos principais táxons, dentro de cada um dos

locais de coleta durante as quatro estações do ano, são apresentadas na figura 9. É

possível perceber que há variações expressivas nas abundâncias de alguns táxons entre

os locais de coleta em determinadas épocas do ano.

73
Abundância total Abundância total Abundância total Abundância total
Platyischnopidae Donax hanleyanus Mesodesma mactroides Comunidade

.
Abundância total Abundância total Abundância total Abundância total
Euzonus furciferus Phoxocephalopsis sp. Bathyporeiapus sp. Scolelepis gaucha

durante as estações do ano (junho de 2004 a maio de 2005).


Figura 9: Abundâncias totais sazonais dos principais táxons nos distintos locais

74
4. DISCUSSÃO

Através das análises estatísticas foi possível observar que, durante as diferentes

estações do ano, a praia não mostrou a separação dos locais (escala de 50 e 100m)

dentro das zonas faunísticas pré-determinadas, ou seja, não houve variação significativa

da distribuição da comunidade bentônica paralelo a linha da água.

No inverno ocorreu um agrupamento mais notável das réplicas do local 3 na

zona que abrangeu os níveis 5-8, mesmo assim não ficou estatisticamente comprovada

qualquer diferença deste local com os demais locais desta zona biológica.

McLachlan et al. (1996) observaram em uma das praias tropicais de regime

macromareal da Austrália, que as espécies apresentaram distribuição em manchas, tanto

horizontal quanto verticalmente. Aparentemente em praias de regime macromareal é

esperado que interações biológicas tenham um papel mais importante na organização da

comunidade, pois a estabilidade do substrato propicia um incremento na quantidade de

espécies, conseqüentemente aumentando a complexidade da comunidade e também as

interações entre as espécies (McLachlan et al., 1996). Desta forma, a distribuição da

macrofauna bentônica em manchas, observada pelo autor acima, pode refletir as

características deste tipo de praia, podendo não ocorrer nas praias onde a comunidade é

mais controlada por fatores físicos.

Na primavera foi constatada uma maior aproximação das réplicas do local 1 em

ambas zonas, porém não houve variação horizontal significativa da macrofauna dentro

das zonas biológicas pré-estabelecidas. No Uruguai foi notado que a descarga de água

doce, proveniente de um canal artificial, afetou significativamente a distribuição

horizontal e a abundância da macrofauna bentônica, sendo a salinidade considerada a

75
variável com maior responsabilidade pela variação dos fatores bióticos (Lercari &

Defeo, 2003). Lercari et al. (2002), observaram que os efeitos do canal artificial foram

mais notáveis no inverno do que no verão, respectivamente a época de maior e menor

precipitação. Além disso, Shoeman & Richardson (2002) notaram na África do Sul que

Donax serra possuiu baixa abundância próxima a foz de um rio. Mesmo observando

que na primavera ocorreu maior precipitação média durante os 7 dias que antecederam

as coletas do macrozoobentos, este fato não causou distribuição horizontal diferenciada

da macrofauna bentônica, pois o local estudado não está sujeito a formação de

sangradouros nos períodos de maiores precipitações, nem próximo de sangradouros

constantes. Amostragens em locais sob a influência de sangradouros nos períodos de

maiores precipitações, ou próximos a sangradouros permanentes, provavelmente,

indiquem a ocorrência de variação horizontal do macrozoobentos.

McLachlan (1996), baseado em uma escala espacial de centenas de metros a

quilômetros, estudou os efeitos da mudança no tamanho dos grãos de sedimento sobre a

macrofauna bentônica. O autor concluiu que houve variação horizontal significativa na

estrutura da comunidade bentônica de acordo com o tamanho dos grãos. Defeo et al.

(1992) também encontraram significante diferença na estrutura da comunidade

bentônica relacionada a granulometria do sedimento. Calliari & Klein (1993)

observaram que a variação espacial que ocorre nas praias do extremo sul do Brasil é

principalmente devida a ocorrência de biodetritos aproximadamente 170 km ao sul do

local estudado, além disso, Figueiredo et al. (2003) observaram que os sedimentos

próximos ao molhe oeste da barra de Rio Grande são mais finos, ocorrendo uma

significativa elevação do tamanho médio dos grãos em direção ao sul. No entanto,

Neves (2004) estudando 3 praias localizadas no litoral norte do Rio Grande do Sul

76
observou que a homogeneidade no tamanho dos grãos do sedimento resultou na

similaridade da estrutura da macrofauna bentônica dentro de uma escala de 10 e 20

quilômetros.

Na escala espacial de 50 e 100 m, considerada no presente trabalho, a

semelhança nas características do sedimento entre os locais amostrados, deve ter

contribuído para a pouca variabilidade na distribuição horizontal do macrozoobentos.

Observa-se que, mais do que a escala amostral, a variação horizontal do

macrozoobentos está principalmente relacionada com as características do sedimento.

A análise do verão mostrou que houve tendência das réplicas do local 1 se

agruparem na zona biológica que compreendeu os níveis 4-5, sendo isto também

observado nas réplicas do local 2 dentro da zona que abrangeu os níveis 6-7, porém não

ficou comprovada estatisticamente qualquer diferença significativa entre os locais (50 e

100m). Gimenez & Yannicelli (2000) observaram dentro de uma escala de dezenas de

metros, em uma praia intermediária-dissipativa uruguaia, com declividade de 2,5º a 8º,

que houve diferença significativa na abundância das espécies relacionada ao sistema de

cúspides. A mesma tendência foi verificada por Brazeiro et al. (1998) em uma praia

intermediária de pendente suave no Chile, onde a abundância linear da macrofauna foi

expressivamente maior nas baias do que nas cristas das cúspides. Na Austrália

McLachlan & Hesp (1984) notaram, em uma determinada espécie, que o tamanho dos

indivíduos foi significativamente maior nas cristas do que na baía das cúspides, além da

preferência de algumas espécies pela baía da cúspide. Por outro lado, James (1999), em

uma praia intermediária da Austrália, não encontrou diferença nas abundâncias de

Donax deltoides entre a baia e crista das cúspides, porém indivíduos menores tenderam

a se concentrar nas baías.

77
Em um estudo realizado no Uruguai notou-se que as cúspides foram menos

conspícuas em uma praia dissipativa com declividade suave e constante ao longo do

tempo (média de 2,61º) do que em uma praia intermediária com declividade média de

2,65º, chegando a 8º em determinado período. (Gimenez & Yanicelli 1997). No

presente trabalho a praia foi caracterizada como intermediária, porém possuindo

declividade suave (média de 1,7º), sendo a declividade máxima de 3,3 º registrada em

fevereiro. Desta forma, é esperado que o sistema de cúspides seja menos acentuado

neste tipo de praia, conseqüentemente diminuindo a possibilidade da distribuição da

macrofauna ser afetada por este sistema. Porém, salienta-se que as análises foram

realizadas com base nas propriedades de todas as espécies juntas, podendo cada

população responder de forma diferenciada ao sistema de cúspides.

Durante o outono, mesmo com um maior agrupamento das réplicas do local 2 na

zona biológica que compreendeu os níveis 3-4 e das réplicas do local 3 na zona que

abrangeu os níveis 5-8, não houve diferença significativa entre os locais nas distintas

zonas biológicas. James & Fairweather (1996), em uma praia arenosa da Austrália,

encontraram, em uma escala de centenas de metros, variação da macrofauna bentônica

nas partes inferiores da praia, sendo esta variação relacionada ao gradiente de exposição

às ondas. Além disso, os mesmo autores verificaram variação do macrozoobentos no

mesolitoral desta praia, porém esta variação foi verificada em uma escala espacial

menor, ou seja, 40 a 50 m. Dexter (1984) realizou um estudo temporal na Austrália e

notou que o número de espécies diminuiu quando a exposição às ondas aumentava. Em

direção ao molhe oeste da Barra de Rio Grande, ou seja, mais ao norte do local onde

ocorreu o presente estudo, a energia de onda é notoriamente mais atenuada (com. pes.

Dr. Lauro Julio Calliari, Departamento de Geociências, FURG). Neste local a praia

78
mostrou menor diversidade e abundância de organismos em comparação com a

registrada no presente trabalho (Sá et al. em prep.). Deve-se considerar ainda que essa

área sofre uma maior influência dos molhes da Barra de Rio Grande e encontra-se

submetida a periódicos aportes de lama (Calliari et al,. 2001), os quais também afetaram

a associação macrozoobentônica (Sá et al. em prep.).

Com base nos dados do ano inteiro observou-se na zona que abrangeu os níveis

4-8 que as réplicas pertencentes a cada local tenderam se agrupar, exceto uma

transversal pertencente ao local 3. Isto também foi verificado para as réplicas

pertencentes ao local 2 na zona que abrangeu o nível 3. Porém esta possível separação

dos locais não foi evidenciada estatisticamente. Sendo assim, a distribuição horizontal

do macrozoobentos permaneceu homogênea.

Defeo & de Alava (1995) encontraram marcada variabilidade na abundância e

estrutura populacional de Donax hanleyanus ao longo de 22 km da costa uruguaia. Estes

autores relacionaram esta variação à salinidade e também ao impacto indireto da captura

de Mesodesma mactroides. Defeo (1989) observou que M. mactroides é artesanalmente

coletado por pescadores através do uso de pás, sendo o segundo molusco mais

explorado na costa Atlântica do Uruguai. Tal procedimento de coleta é também

utilizado por pescadores no extremo sul do Brasil, porém esta atividade parece não ter

influenciado de forma significativa a distribuição horizontal da comunidade bentônica

no local estudado.

A partir do discutido verificou-se, no presente trabalho, que não ficou

evidenciada variação espacial horizontal do macrozoobentos. Na área em estudo seria

esperado encontrar variabilidade horizontal da comunidade bentônica numa escala de

dezenas a centenas de metros em situações em que ocorressem sangradouros, enquanto

79
que na escala de quilômetros, devido a variações na morfologia da praia em função do

regime de ondas e/ou das características do sedimento. Deve ser considerado também,

que a partir do local em estudo, alguns quilômetros em direção ao norte, devido a uma

característica peculiar da praia do Cassino, periodicamente ocorrem depósitos de lama,

os quais modificam a distribuição horizontal da macrofauna bentônica (Sá et al. em

prep.).

80
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BALLY, R. 1983. Intertidal zonation on sandy beaches of the west coast of South

Africa. Cahiers de Biologie Marine, 24: 85-103.

BARROS, F; BORZONE, CA & ROSSO, S. 2001. Macroinfauna of six beaches near

Guaratuba bay, southern Brazil. Brazilian Archives of Biology and Technology,

44:351-364.

BORZONE, CA & GIANUCA, NM. 1990. A zonação infralitoral em praias arenosas

expostas. II Simpósio sobre Ecossistemas da Costa Sul e Sudeste Brasileira, Publ.

ACIESP, São Paulo, 3:280-287.

BORZONE, CA & SOUZA, JRB. 1997. Estrutura da macrofauna bentônica no supra,

meso e infralitoral de uma praia arenosa do sul do Brasil. Oecologia

Brasiliensis, volume III: 197-212

BRAZEIRO, A; ROZBACZYLO, N & FARIÑA JM. 1998. Distribución espacial de la

macrofauna en una playa expuesta de Chile central: efectos de la morfodinámica

intermareal. Investigaciones MarinasI, 26:119-126.

BROWN, AC & MCLACHLAN, A. 1990. Ecology of Sandy Shores. Elsevier,

Amsterdam 328pp.

CALLIARI, LJ & KLEIN, AHF. 1993. Características morfodinâmicas e

sedimentológicas das praias oceânicas entre Rio Grande e Chuí, RS. Pesquisas,

Porto Alegre, 20:48-56.

CALLIARI LJ, SPERANSKI, NS, TORRONTEGUY, M & OLIVEIRA, MB. 2001.

The mud banks of Cassino beach, southern Brazil: characteristics, processes and

effects. Journal of Coastal Research, New Zealand: 34:318-325.

81
CLARKE, K.R. & R.M. WARWICK. 1994. Changes in marine communities: an

approach to statistical analysis and interpretation. Plymouth. NERC. 187 p.

DEFEO, O. 1989. Development and management of artisanal fishery for yellow clam

Mesodesma mactroides in Uruguay. Fishbyte, 7:21-25.

DEFEO, O; JARAMILLO, E; & LYONNET, A. 1992. Community structure and

intertidal zonation of the macroinfauna on the Atlantic coasts of Uruguay.

Journal of Coastal Research, 8:830-839.

DEFEO, O & DE ALAVA, A. 1995. Effects of human activities on long-term trends in

sandy beach populations:the wedge clam Donax hanleyanus in Uruguay. Marine

ecology Progress Series, 123:73-82.

DEFEO, O & MACLACHLAN, A. 2005. Patterns, processes and regulatory

mechanisms in sandy beach macrofauna: a multi-scale analysis. Marine Ecology

Progress Series, 295:1-20.

DEGRAER, S; VOLCKAERT, A & VINCX, M. 2003. Macrobenthic zonation patterns

along a morphodynamical continuum of macrotidal , low tide bar/rip and ultra-

dissipative sandy beaches. Estuarine, Coastal and Shelf Science, 56:459-468.

DEXTER, DM. 1984. Temporal and spatial variability in the community structure of

the fauna of four sandy beaches in south-eastern New South Wales.

Aust.J.Mar.Freshw.Res.,35:663-672.

DONN, TE. 1987. Longshore distribution of Donax serra in two log-spiral bays in the

eastern Cape, South África. Marine Ecology Progress Series, 35:217-222.

FIGUEIREDO, AS; CALLIARI, LJ & SPERANSKI, N. 2003. Sedimentologia e

morfodinâmica das praias oceânicas adjacentes às desembocaduras lagunares e

82
fluviais do RS. In: IX Congresso da Associação Brasileira de estudos do

Quartenário, II Congresso do Quarternário dos Países de líguas Iberícas, II

Congresso sobre Planejamento e Gestão das Zonas Costeiras dos Países de

Expressão Portuguesa. Recife, PE.

GARCIA, VMT & GIANUCA, N. 1998. A praia e a zona de arrebentação. In: U

Seeliger, C Odebrecht & JP Castello (eds.). Os ecossistemas costeiro e marinho

do extremo sul do Brasil. Editora Ecoscientia, Rio Grande. 184-189.

GIANUCA, NM. 1983. A preliminary account of the ecology of sandy beaches in

southern Brazil. In: McLachlan, A. & Erasmus, T. (eds), Sandy Beaches as

Ecosystems. W Junk Publishers, 413-420.

GIANUCA, NM. 1987. Zonação e produção nas praias arenosas do litoral sul e sudeste

do Brasil. Simpósio de Ecossistemas da Costa Sul e Sudeste Brasileira – síntese

dos conhecimentos, Cananéia, SP, 1: 313-332.

GIANUCA, NM. 1988. Recursos naturais das praias arenosas do sul do Brasil. Inf

UNESCO Cienc Mar .Montevideo, 47:89-94.

GIMÉNEZ L &YANNICELLI, B. 1997. Variability of zonation patterns in temperate

microtidal Uruguayan beaches with different morphodynamic types. Marine

Ecology Progress Series. 160:197-207.

GIMÉNEZ, L & YANNICELLI, B. 2000. Longshore patterns of distribution of

macroinfauna on a uruguayan sandy beach:an analysis at different spatial scales

and of their pottential causes. Marine Ecology Progress Series, 199:11-125.

HOLME, NA & MC INTYRE, AD. 1984. Methods for the study of marine benthos.

Blackwell Scientific Publications, New York.

83
JAMES, RJ & FAIRWEATHER, PG. 1996. Spatial variation of intertidal macrofauna

on a sandy ocean beach in Australia. Estuarine, Coastal and Shelf Science 43:81-

107.

JAMES, R. 1999. Cusps and pipis on a sandy ocean beach lin New South Wales.

Australian Journal of Ecology, 24:587-592.

JARAMILLO, E; MACLACHLAN, A & COETEZEE, P. 1993. Intertidal zonation

patterns of macroinfauna over a range of exposed sandy beaches in south-central

Chile. Marine Ecology Progress Series, 101: 105-117.

KNOX ,GA. 2000. The Ecology of Sea Shores. CRC Press, New York, 555 pp.

LERCARI, D; DEFEO, O & CELENTANO, E. 2002. Consequences of freshwater

canal discharge on the benthic community and its habitat on an exposed sandy

beach. Marine Pollution Bulletin, 44:1397-1404.

LERCARI, D & DEFEO, O. 2003. Variation of a sandy beach macrobenthic

community along a human-induced environmental gradient. Estuarine, Coastal

and Shelf Science, 58:17-24.

MCLACHLAN, A. 1983. Sandy beaches ecology – a review. In: MCLACHLAN A &

ERASMUS T. (eds). Sandy Beaches as Ecosystems. W Junk, Publishers, 321-

380.

MCLACHLAN, A & HESP, P. 1984.Faunal response to morphology and water

circulation of a sandy beach with cusps. Marine Ecology Progress Series,

19:133-144.

MCLACHLAN, A.1996. Physical factors in benthic ecology: effects of changing sand

particle size on beach fauna. Marine Ecology Progress Series, 131:205-217.

84
MCLACHLAN A, RUYCK A & HACKING, N. 1996. Community structure on sandy

beaches: patterns of richness and zonation in relation to tide range and latitude.

Revista Chilena de Historia Natural, 69:451-467.

NEVES, FM. 2004. Distribuição espacial e temporal da macrofauna bentônica de três

praias arenosas do litoral norte do Rio Grande do Sul. Tese de mestrado,

Universidade Federal do Rio Grande, Brasil, 91 pp.

PEREIRA, PS. 2005. Variabilidade da orla oceânica do Rio Grande do Sul e suas

implicações na elaboração de planos de contingência: aspectos morfodinâmicos,

sedimentológicos e geomorfológicos. Tese de mestrado, universidade Federal do

Rio Grande, Brasil, 160pp.

PETERSON, CH; HICKERSON DHM & JOHNSON, GG. 2000. Short-term

consequences of nourishment and bulldozing on the dominant large invertebrates

of a sandy beach. Journal of Coastal Research, 16(2) 368-378.

SCHOEMAN, DS & RICHARDSON AJ. 2002. Investigating biotic and abiotic factors

affecting the recruitment of an intertidal clam on an exposed sandy beach using a

generalized model. Journal of Experimental Marine Biology and Ecology,

276:67-81.

SCHOEMAN, DS; WHEELER, M & WAIT, M. 2003. The relative accuracy of standard

estimators for macrofaunal abudance and species richness derived from selected

intertidal transect designs used to sample exposed sandy beaches. Estuarine, Coastal

and Shelf Science, 58: 5-16.

SHORT, AD & WRIGHT, LD. 1983. Physical variability of sandy beaches. In:

MCLACHLAN, A & ERAMUS, T. (eds.) Sandy beaches as ecosystems. W

Junk Publishers, 133-144.

85
SOUZA, JBR & GIANUCA, NM. 1995. Zonation and seasonal variation of the

intertidal macrofauna on a sandy beach of Paraná State, Brazil. Scientia Marina,

59 (2): 103-111.

SUGUIO, K. 1973. Introdução a Sedimentologia. São Paulo, EDUSP 317 pp.

VELOSO, VG; CARDOSO, RS & FONSECA, DB. 1997. Spatio-temporal

characterization of intertidal macrofauna at prainha beach (Rio de Janeiro State).

Oecologia Brasiliensis, volume III: 213-225.

VELOSO, VG; CAETANO, CHS & CARDOSO, RS. 2003. Composition, structure and

zonation of intertidal macroinfauna in relation to physical factors in microtidal

sandy beaches in Rio de Janeiro state, Brazil. Scientia Marina.,67:393-402.

86
CAPÍTULO 3

VARIABILIDADE TEMPORAL DA
MACROFAUNA BENTÔNICA NA PRAIA DO
CASSINO, EXTREMO SUL DO BRASIL

87
1. INTRODUÇÃO

A distribuição, abundância e diversidade da macrofauna praial têm sido

relacionada a vários fatores físicos, dos quais a ação das ondas, o tamanho dos grãos de

areia e a inclinação da praia são considerados os mais importantes (McLachlan, 1983).

Além dos fatores físicos, também existem fatores biológicos que estruturam as

comunidades bentônicas de praias arenosas. Esta estruturação é o resultado de

propriedades como a disponibilidade e busca pelo alimento, efeitos da reprodução na

dispersão e assentamento, modos de locomoção e padrões de agregação, competição

intra e inter-específica e efeitos da predação (Knox, 2000).

Diversos estudos que caracterizaram as comunidades bentônicas de praias

arenosas restringiram-se a um curto período amostral, não sendo possível avaliar a

variação temporal do macrozoobentos a partir desses trabalhos (Jaramillo, 1978;

McLachlan, 1990; Defeo et al., 1992a; Jaramillo & McLachlan, 1993; Borzone et al.,

1996; James & Fairweather, 1996; Hernandez et al., 1998).

Em vários paises, incluindo o Brasil, existem trabalhos que se preocuparam em

analisar a variação temporal da macrofauna em praias arenosas, sendo esta variação

ligada a diversos fatores.

Em relação à variação temporal da macrofauna em praias arenosas Dexter

(1979), com base no estudo de duas praias tropicais, verificou que o número de

indíviduos e espécies estiveram relacionados à estação do ano e também a períodos de

ressurgência. Na Austrália Dexter (1984), a partir de uma amostragem anual, observou

variação na densidade da macrofauna, sendo esta correlacionada às atividades

reprodutivas das espécies mais abundantes. Leber (1982), após 15 meses de amostragem

88
em uma praia dos E.U.A, concluiu que a variação da macrofauna esteve ligada às

mudanças de temperatura. Após 17 meses em duas praias chilenas, Jaramillo et al.

(1996a) demonstraram que no geral padrões de abundância não estiveram ligados com

os fatores físicos, exceto para uma espécie, cuja variação temporal foi vinculada à

morfodinâmica praial.

No estado do Rio de Janeiro, Brasil, Veloso et al. (1997) relataram que a

variação temporal do macrozoobentos está sujeita às atividades reprodutivas e

recrutamentos, não estando estas variações relacionadas a fatores abióticos. Alguns anos

depois Veloso & Cardoso (2001), através da análise de três praias, observaram que uma

delas mostrou maior variação temporal quando comparada às demais. Novamente

Veloso et al. (2003), não verificaram diferenças significativas na densidade e biomassa

da macrofauna de quinze praias estudadas entre o inverno e verão. No Paraná, Souza &

Gianuca (1995) estudaram uma praia durante 1 ano e sugeriram que a variação na

abundância desta praia foi devida principalmente ao recrutamento, enquanto que

mudança na riqueza foi causada pelas espécies que recrutam, mas não continuam na

praia. Partindo do estudo de um ano em uma praia arenosa, também no estado do

Paraná, Borzone & Souza (1997) verificaram que seus dados exibiram marcada

sazonalidade na abundância da macrofauna, sendo estas variações devidas ao

recrutamento das espécies dominantes e também às oscilações populacionais de várias

espécies.

Trabalhos de Gianuca (1983; 1987) e Borzone & Gianuca (1990), analisaram a

composição e distribuição do macrozoobentos nos distintos níveis das praias do sul do

Rio Grande do Sul. Entretanto, até o momento, não foram realizados trabalhos com

amostragens quantitativas replicadas entre o supralitoral e o limite inferior do

89
mesolitoral, com enfoque na variação temporal do macrozoobentos de praias arenosas

no extremo sul do Brasil. Considerando a falta de informações desta natureza na região,

objetiva-se neste trabalho analisar a variação temporal da associação

macrozoobentônica, durante o período de um ano na Praia do Cassino, RS, Brasil.

90
2. METODOLOGIA

2.1. Área de Estudo

As praias arenosas do extremo sul do Brasil são expostas, com pouco declive, com

ação das ondas de moderada a forte, apresentando estados morfodinâmicos entre

dissipativos e intermediários (Gianuca, 1988; Borzone & Gianuca, 1990). Nas

proximidades da Barra de Rio Grande as praias apresentam características dissipativas

(Calliari & Klein, 1993), enquanto que na área em estudo apresentam característica

intermediária (Pereira, 2005). No extremo sul do país a maior parte da costa é

caracterizada por praias arenosas largas, declividade suave, zona de arrebentação bem

desenvolvida (Garcia & Gianuca, 1998) e areia fina abundante (Borzone & Gianuca,

1990). As marés astronômicas são insignificantes, sendo os fatores meteorológicos os

principais responsáveis pelas variações do nível da água (Calliari & Klein, 1993). O local

de estudo (52º 14’ 040 W e 32º 15’ 554 S) está localizado na praia do Cassino a 17,2 Km

ao sul do molhe oeste (Fig.1).

Figura 1. Localização da área estudada.

91
2.2. Amostragem

As coletas dos macroinvertebrados bentônicos foram realizadas mensalmente

durante o período de 12 meses (junho de 2004 a maio de 2005). Foram escolhidos 3 locais,

com 50 m de distância um do outro. Foram demarcadas 3 transversais, 2 metros

eqüidistantes em cada local. Cada transversal se estendeu desde a base das dunas primárias

até cerca de 1 m de profundidade no infralitoral, sendo entre 7 e 8 níveis de coleta

distribuídos ao longo de cada transversal. Nas transversais a distância entre os níveis foi de

20 m até a zona do varrido superior, a partir do qual a distância foi de 10 m (Fig. 2). A

menor distância entre os níveis das partes inferiores da praia foi devido ao maior número

de espécies e organismos que tendem a se concentrar nesta área (Gianuca, 1983; Degraer

et al., 2003).

Figura 2: Esquema do desenho amostral a partir do qual foi coletada a macrofauna


bentônica.

92
As amostras biológicas foram coletadas utilizando-se um tubo extrator de 20 cm de

diâmetro (0,031416 m2), enterrado no sedimento a 20 cm de profundidade, pois estudos

prévios mostraram que a maior parte da abundância do macrozoobentos é encontrada nos

primeiros 15-20 cm de profundidade dentro do sedimento (Bally, 1983). A forma de coleta

usada esta dentro dos padrões comumente utilizados para amostragem em praias arenosas

(Schoeman et al., 2003). Estas amostras foram peneiradas em uma malha de nylon de 0,5

mm de abertura de poro (Holme & McIntyre, 1984) e o material retido fixado em solução

de formaldeído a 10 %. Em laboratório os organismos foram quantificados e identificados

até o menor nível taxonômico possível sob um microscópio estereoscópio.

Na área em estudo efetuou-se ainda a quantificação mensal do número de tocas do

“caranguejo fantasma” Ocypode quadrata, sendo estas localizadas principalmente no

supralitoral. Partindo das bases das dunas primárias foram estabelecidas linhas paralelas à

praia com 100 m de comprimento. Estas linhas foram fundeadas na a área de ocorrência

das tocas do O. quadrata com 5 m de distância uma da outra. Através da disposição

continua de um quadrado de 1x1m registrou-se a densidade de tocas ao longo de cada

linha.

Para analisar a variação temporal da macrofauna bentônica, e com o propósito de

evitar ruídos da variação espacial, as amostras pertencentes a cada transversal foram

somadas mensalmente.

Recrutas e adultos do bivalve Mesodesma mactroides foram definidos como os

organismos com comprimentos de concha respectivos de 1-10 mm (Defeo et al., 1992b), e

> 43 mm (Masello & Defeo, 1986), enquanto os juvenis possuíram comprimento entre

10,1 – 42,9 mm. Já recrutas, juvenis e adultos do bivalve Donax hanleyanus foram

93
definidos como organismos de, respectivamente, 1-5 mm, 5.5-15 mm e >15 mm de

comprimento (de Alava, 1993 apud Defeo & de Alava, 1995).

2.3. Dados ambientais

Amostras sazonais de sedimento foram tomadas em cada um dos níveis nos 3

locais. As proporções de areia, silte e argila do sedimento foram determinadas através

do peneiramento (> 0,062 mm de diâmetro) e pipetagem (< 0,062 mm de diâmetro),

conforme Suguio (1973). Durante as coletas mensais da macrofauna bentônica foram

registrados dados de altura (observações visuais) e período médio das ondas

(cronômetro digital), salinidade, temperatura do ar e da água. Dados horários de

velocidade e direção do vento foram fornecidos pela Praticagem da Barra de Rio

Grande.

Para caracterizar o estado morfodinâmico sazonal da praia empregou-se o

parâmetro adimensional de Dean Ω=Hb/WsT, onde Hb é a altura da onda na

arrebentação, Ws é a velocidade de decantação do sedimento e T o período da onda.

Valores de Ω inferiores a 1 representam praias reflectivas, praias intermediárias são

classificadas dentro do intervalo de 1 a 6, enquanto praias dissipativas apresentam

valores de Ω superiores a 6 (Short & Wright, 1983).

2.4. Análises estatísticas

A fim de analisar a variação temporal da macrofauna bentônica ao longo do ano,

foram feitas análises estatísticas no programa PRIMER v5 (Plymouth Routines In Multi

Ecological Research) utilizando-se dados quantitativos (Clarke & Warwick, 1994).

Partindo da soma das amostras de cada transversal foi extraída uma planilha de

similaridade (modo Q) através do índice de dissimilaridade Bray-Curtis. O passo

seguinte foi fazer a análise de ordenação MDS (Escalonamento Multi Dimensional).

94
Posteriormente foi testada a diferença entre grupos através da análise de similaridade

(ANOSIM), com o nível de significância P<5% e R estatístico > 0,5. A análise de

porcentagem de similaridade (SIMPER) foi utilizada para verificação da contribuição

das principais espécies na formação dos grupos.

Foram gerados gráficos com as abundâncias mensais dos 11 táxons mais

importantes. Essa abundância referiu-se ao número de indivíduos coletados

mensalmente na praia.

Com base na abundância mensal de cada organismo na praia foram efetuadas

análises univariadas como os índices de diversidade de Shannon-Weaver (H’) e

equitatividade de Pielou (J') para cada mês.

95
3. RESULTADOS

3.1. Variáveis ambientais

A salinidade mínima foi registrada durante a coleta de julho (29) e a máxima em

janeiro (36) e março (36). A temperatura da água na arrebentação interna seguiu a

mesma tendência da temperatura do ar, sendo a mínima registrada nas coletas de julho

(água = 14º C e ar = 15º C) e maio (água = 13,5º C e ar = 15º C), e a máxima em janeiro

(água = 26º C e ar = 30º C). A altura das ondas apresentou maiores valores nos meses

de novembro (1,5 m) e julho (1 m), enquanto o período médio das ondas variou entre 8

e 11,9 segundos (Tab.1).

Tabela 1. Parâmetros abióticos registrados nas coletas mensais da macrofauna


bentônica durante o período de um ano (junho de 2004 a maio de 2005).

Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Janeiro Fevereiro Março Abril Maio
Salinidade 34 29 34 32 30 31 34 36 34 36 35 32
Temperatura ar (ºC) 18 15 17 18 20 24 26 30 22 26 21,5 15
Temperatura água (ºC) 16 14 16 16 20 20 23 26 24 25,5 22 13,5
Altura das ondas (m) 1 0,75 0,5 0,75 1,5 0,5 0,75 0,75 0,5 0,5 0,75
Período médio das ondas (s) 10 8,8 10 11,8 11,9 9,7 11,7 11 8 10,3 11,4

A partir dos valores do Ω foi verificado que a praia estudada apresentou estágio

praial do tipo intermediário durante as quatro estações do ano (Tab. 2). Com relação às

características do sedimento observou-se que na maior parte ele foi classificado como

areia fina, porém em algumas ocasiões o sedimento das partes inferiores da praia foi

classificado como areia média (Tab. 2). A declividade média da praia durante todo

período amostral foi de 1,7º.

96
Tabela 2: Tamanho médio dos grãos (phi) e classificação do sedimento. É
apresentado também o valor do Ω sazonalmente.
Inverno Primavera Verão Outono
Média (phi) Classificação Média (phi) Classificação Média (phi) Classificação Média (phi) Classificação
Nivel 1 Local 1 2,564 Areia fina 2,568 Areia fina 2,764 Areia fina 2,747 Areia fina
Nivel 2 Local 1 2,753 Areia fina 2,562 Areia fina 2,723 Areia fina 2,521 Areia fina
Nivel 3 Local 1 2,499 Areia fina 2,358 Areia fina 2,508 Areia fina 2,77 Areia fina
Nivel 4 Local 1 2,27 Areia fina 2,541 Areia fina 2,546 Areia fina 2,766 Areia fina
Nivel 5 Local 1 2,154 Areia fina 2,332 Areia fina 2,383 Areia fina 2,753 Areia fina
Nivel 6 Local 1 1,889 Areia média 2,188 Areia fina 2,502 Areia fina 2,465 Areia fina
Nivel 7 Local 1 1,774 Areia média 2,214 Areia fina 2,394 Areia fina 2,501 Areia fina
Nível 8 Local 1 *** *** *** *** 2,403 Areia fina 2,375 Areia fina
Nivel 1 Local 2 2,609 Areia fina 2,499 Areia fina 2,565 Areia fina 2,747 Areia fina
Nivel 2 Local 2 2,621 Areia fina 2,691 Areia fina 2,574 Areia fina 2,533 Areia fina
Nivel 3 Local 2 2,342 Areia fina 2,765 Areia fina 2,429 Areia fina 2,723 Areia fina
Nivel 4 Local 2 2,282 Areia fina 2,53 Areia fina 2,423 Areia fina 2,638 Areia fina
Nivel 5 Local 2 2,373 Areia fina 2,363 Areia fina 2,597 Areia fina 2,415 Areia fina
Nivel 6 Local 2 1,733 Areia média 2,467 Areia fina 2,198 Areia fina 2,483 Areia fina
Nivel 7 Local 2 1,987 Areia média 2,513 Areia fina 2,163 Areia fina 2,098 Areia fina
Nível 8 Local 2 *** *** *** *** 1,991 Areia média 2,441 Areia fina
Nivel 1 Local 3 2,523 Areia fina 2,755 Areia fina 2,585 Areia fina 2,576 Areia fina
Nivel 2 Local 3 2,479 Areia fina 2,748 Areia fina 2,719 Areia fina 2,571 Areia fina
Nivel 3 Local 3 2,406 Areia fina 2,787 Areia fina 2,385 Areia fina 2,776 Areia fina
Nivel 4 Local 3 2,293 Areia fina 2,774 Areia fina 2,409 Areia fina 2,75 Areia fina
Nivel 5 Local 3 2,264 Areia fina 2,766 Areia fina 2,508 Areia fina 2,242 Areia fina
Nivel 6 Local 3 1,895 Areia média 2,511 Areia fina 2,37 Areia fina 2,394 Areia fina
Nivel 7 Local 3 1,491 Areia média 2,518 Areia fina 2,346 Areia fina 2,442 Areia fina
Nível 8 Local 3 *** *** *** *** 1,877 Areia média 2,466 Areia fina
Ω 4,956 4,097 3,269 3,131

A partir dos dados horários de velocidade e direção do vento foi possível

constatar que o vento NE foi o mais freqüente na região em todas as estações do ano,

sendo 26,4 m.s-1 a velocidade máxima registrada na primavera. O vento SW atingiu sua

maior freqüência no inverno e primavera, sendo a velocidade máxima atingida no

outono, chegando a 25,1 m.s-1. (Tab. 3).

Tabela 3: Freqüência, velocidade média e máxima dos ventos nas estações do


ano (junho de 2004 a maio de 2005).

N NE E SE S SW W NW
Freqüencia (%) 5,5 40,8 2,6 6,5 3,6 21,4 8,9 10,7
Inverno Velocidade Média (m.s‫־‬¹) 3,9 8,0 5,9 3,6 4,0 5,3 5,1 3,7
Velocidade Máxima (m.s‫־‬¹) 13,0 22,4 17,4 11,6 13,0 19,7 20,1 19,2
Freqüencia (%) 2,4 37,9 7,1 16,2 9,2 20,2 4,4 2,6
Primavera Velocidade Média (m.s‫־‬¹) 4,7 8,8 6,9 6,1 6,9 6,3 5,0 3,3
Velocidade Máxima (m.s‫־‬¹) 17,0 26,4 17,0 17,4 23,7 24,6 15,6 18,4
Freqüencia (%) 1,6 45,0 13,3 21,2 4,1 9,5 2,1 3,1
Verão Velocidade Média (m.s‫־‬¹) 4,5 9,3 8,0 6,5 7,6 6,4 4,0 4,1
Velocidade Máxima (m.s‫־‬¹) 16,1 21,9 17,0 15,6 17,4 19,7 17,0 17,0
Freqüencia (%) 5,4 36,0 6,1 14,1 9,3 14,0 6,9 8,1
Outono Velocidade Média (m.s‫־‬¹) 3,9 7,5 6,7 5,7 6,9 6,0 4,1 3,6
Velocidade Máxima (m.s‫־‬¹) 19,7 22,8 21,9 18,8 25,5 25,1 18,8 17,0

97
O vento NE foi o mais freqüente entre os períodos que compreenderam as

coletas. Vento S não foi muito freqüente, porém atingiu altas velocidades

principalmente nos períodos entre as coletas de outubro – novembro e fevereiro – março

(Tab. 4).

Tabela 4: Freqüência, velocidade média e máxima dos ventos nos períodos entre
as coletas da macrofauna bentônica (junho de 2004 a maio de 2005).

N NE E SE S SW W NW
Freqüencia (%) 7.1 34.6 0.5 4.4 3.7 29.0 8.6 12.0
Jun - Jul Velocidade Média (m.s‫־‬¹) 4.3 6.1 2.1 3.3 4.1 5.4 4.5 3.7
Velocidade Máxima (m.s‫־‬¹) 12.5 16.1 4.5 6.7 12.5 19.7 19.7 18.4
Freqüencia (%) 2.2 60.5 3.9 3.9 2.2 20.3 3.9 3.1
Jul - Ago Velocidade Média (m.s‫־‬¹) 4.9 8.4 6.0 7.2 3.6 6.1 4.0 2.6
Velocidade Máxima (m.s‫־‬¹) 13.0 22.4 13.9 3.8 13.0 15.6 10.3 11.6
Freqüencia (%) 3.8 36.5 3.3 14.8 10.5 14.2 6.5 10.4
Ago - Set Velocidade Média (m.s‫־‬¹) 4.4 8.6 7.6 6.9 6.6 5.2 5.6 4.6
Velocidade Máxima (m.s‫־‬¹) 17.0 21.9 17.4 17.4 17.4 16.1 20.1 19.2
Freqüencia (%) 2.3 34.7 6.6 13.6 7.4 27.2 5.6 2.7
Set - Out Velocidade Média (m.s‫־‬¹) 3.7 8.6 7.3 5.9 6.2 5.9 4.3 3.0
Velocidade Máxima (m.s‫־‬¹) 14.8 26.4 17.0 13.9 15.2 19.2 10.3 8.5
Freqüencia (%) 3.5 45.6 5.7 11.4 7.4 3.8 4.4 18.2
Out - Nov Velocidade Média (m.s‫־‬¹) 4.6 9.1 6.8 4.6 6.8 3.2 5.1 6.7
Velocidade Máxima (m.s‫־‬¹) 16.6 21.5 15.2 15.6 23.7 18.4 15.6 24.6
Freqüencia (%) 0.3 35.0 18.4 24.3 6.0 11.4 3.2 1.3
Nov - Dez Velocidade Média (m.s‫־‬¹) 4.5 9.7 8.3 7.4 6.9 6.8 6.0 4.6
Velocidade Máxima (m.s‫־‬¹) 9.0 21.9 15.6 15.2 13.9 16.6 15.6 11.6
Freqüencia (%) 1.7 50.6 11.2 17.2 3.8 8.9 1.5 5.0
Dez - Jan Velocidade Média (m.s‫־‬¹) 4.8 8.7 6.6 5.8 7.2 6.3 5.2 5.0
Velocidade Máxima (m.s‫־‬¹) 16.1 21.5 14.3 15.6 15.2 19.7 17.0 17.0
Freqüencia (%) 2.2 46.1 10.0 15.6 5.8 15.5 2.4 2.4
Jan - Fev Velocidade Média (m.s‫־‬¹) 4.6 10.2 9.2 6.6 7.9 7.8 4.1 3.0
Velocidade Máxima (m.s‫־‬¹) 13.4 21.5 17.0 13.9 17.0 18.4 10.8 12.5
Freqüencia (%) 1.4 35.7 13.1 30.1 7.2 6.4 3.6 2.5
Fev - Mar Velocidade Média (m.s‫־‬¹) 4.6 8.2 7.6 6.4 7.7 6.2 3.0 3.2
Velocidade Máxima (m.s‫־‬¹) 11.6 22.8 21.9 18.8 25.5 25.1 10.3 8.5
Freqüencia (%) 5.3 35.4 7.7 16.8 9.8 13.5 4.6 6.9
Mar - Abr Velocidade Média (m.s‫־‬¹) 3.9 7.9 7.1 5.8 7.1 6.2 4.0 5.0
Velocidade Máxima (m.s‫־‬¹) 15.6 20.6 17.9 17.0 17.6 22.4 13.4 17.0
Freqüencia (%) 6.7 31.6 4.0 10.1 9.6 17.8 10.5 9.7
Abr - Maio Velocidade Média (m.s‫־‬¹) 3.7 6.7 4.7 4.9 6.6 5.8 4.2 3.0
Velocidade Máxima (m.s‫־‬¹) 19.7 19.2 12.1 14.8 19.2 21.9 18.8 15.6

98
3. 2. Macroinvertebrados bentônicos

Um total de 28 táxons foram coletados e identificados neste estudo. O mês que

apresentou maior número de táxons foi janeiro e o menor número foi verificado no mês

de julho, porém este último mês apresentou maior índice de diversidade (H’). A classe

Crustacea foi a que apresentou maior número de táxons, seguida pelas classes

Polychaeta, Bivalvia, Gastropoda, Oligochaeta e o filo Nemertea (Tab. 5)

Tabela 5: Abundância total dos organismos capturados mensalmente na praia. São


apresentados também os valores dos índices de diversidade (H’) e equitatividade (J’)
mensais (junho de 2004 a maio de 2005).

Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Abundância total
Scolelepis gaucha (Polychaeta) 2 67 243 418 590 65145 4461 22217 2278 53 7 62 95543
Euzonus furciferus (Polychaeta) 52 143 162 99 81 348 32 38 57 35 109 681 1837
Hemipodus olivieri (Polychaeta) 3 12 8 21 27 132 3 1 5 11 15 11 249
Sigalion cirriferum(Polychaeta) 5 3 6 5 5 5 4 6 2 4 3 2 50
Capitellidae (Polychaeta) 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 2
Capitella sp. (Polychaeta) 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1
Hyalinoecia sp. (Polychaeta) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1
Hesionidae (Polychaeta) 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 1
Grubeulepis bracteata (Polychaeta) 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1
Mesodesma mactroides (Bivalvia) 33 239 247 764 1970 748 2097 9573 596 660 923 103 17953
Donax hanleyanus (Bivalvia) 223 134 479 305 637 492 458 1339 135 2472 2592 433 9699
Donax gemmula (Bivalvia) 0 0 0 0 1 0 28 27 4 895 109 4 1068
Bathyporeiapus sp.(Crustacea) 33 104 260 321 8100 724 63 106 133 72 129 60 10105
Phoxocephalopsis sp. (Crustacea) 96 179 268 139 586 426 986 452 159 91 131 425 3938
Platyischnopidae (Crustacea) 250 272 350 325 788 314 281 392 112 272 290 224 3870
Emerita brasiliensis (Crustacea) 4 14 28 9 9 2 48 736 225 242 2 18 1337
Excirolana armata (Crustacea) 33 48 55 68 30 18 81 93 118 37 47 92 720
Macrochiridothea sp. (Crustacea) 5 18 11 13 6 16 9 76 15 76 20 26 291
Puelche orensansi (Crustacea) 0 0 1 0 5 3 0 4 5 33 4 3 58
Excirolana braziliensis (Crustacea) 1 0 1 1 1 0 0 0 0 0 0 1 5
Pinnixa patagoniensis (Crustacea) 0 2 0 0 0 0 2 3 0 0 0 0 7
Balloniscus sellowii (Crustacea) 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1
Arenaeus cribarius (Crustacea) 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1 0 2
Megalope Ocypode quadrata (Crustacea) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1
Buccinanops duartei (Gastropoda) 0 0 0 0 0 0 0 7 1 1 0 0 9
Olivancilaria auricularia (Gastropoda) 1 0 0 1 0 0 0 1 1 1 0 0 5
Nemertea 6 15 2 5 29 40 44 36 18 13 13 10 231
Oligochaeta 0 0 0 0 0 21 48 22 1 1 1 1 95
Abundância total mensal 747 1250 2122 2495 12866 68435 8647 35130 3865 4970 4397 2156
Numero de táxons 15 14 16 16 17 16 17 20 18 19 18 17 28
H'(loge) 1,779 2,137 2,081 1,957 1.27 0.2877 1.42 1,033 1,482 1,624 1,351 1,903 1,299
J' 0.657 0.810 0.751 0.706 0.448 0.104 0.501 0.345 0.513 0.551 0.467 0.672 0.390

A análise de ordenação MDS indicou que a associação macrozoobentônica

formou três grupos, o primeiro grupo formado pelos meses junho, julho, agosto,

setembro e maio (6, 7, 8, 9 e 5), o segundo reuniu os meses março e abril (3 e 4) e o

99
terceiro os meses dezembro e fevereiro (12 e 2) Os demais períodos de coleta, não

foram agrupados (Fig.3).

Stress: 0,12
6

Figura 3: MDS temporal da macrofauna bentônica. Os números 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7,


8, 9, 10, 11e 12 referem-se respectivamente aos meses de janeiro, fevereiro, março,
abril, maio, junho, julho, agosto, setembro, outubro, novembro e dezembro (junho de
2004 a maio de 2005).

Foram detectadas significantes diferenças entre todos os grupos e os períodos

restantes através da análise ANOSIM (Tab. 6).

100
Tabela 6: Resultado da análise de similaridade (ANOSIM) entre os grupos e os
demais períodos (P<5% e R estatístico > 0,5). Os números 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10,
11e 12 referem-se respectivamente aos meses janeiro, fevereiro, março, abril, maio,
junho, julho, agosto, setembro, outubro, novembro e dezembro (junho de 2004 a maio
de 2005).
R p
5,6,7,8 e 9 vs 10 0,89 0,1%
5,6,7,8 e 9 vs11 0,998 0,1%
5,6,7,8 e 9 vs 12 e 2 0,729 0,1%
5,6,7,8 e 9 vs 1 0,998 0,1%
5,6,7,8 e 9 vs 3 e 4 0,668 0,1%
10 vs 11 1 0,1%
10 vs 12 e 2 0,765 0,1%
10 vs 1 1 0,1%
10 vs 3 e 4 0,973 0,1%
11 vs 12 e 2 0,91 0,1%
11 vs 1 0,752 0,1%
11 vs 3 e 4 1 0,1%
12 e 2 vs 1 0,721 0,1%
12 e 2 vs 3 e 4 0,854 0,1%
1 vs 3 e 4 1 0,1%

O poliqueta Scolelepis gaucha foi o principal organismo que caracterizou o

grupo que abrangeu os meses dezembro e fevereiro como também os meses novembro e

janeiro, porém a diferença na abundância deste organismo foi o principal responsável

pela separação deste grupo dos demais meses. Já os grupos que compreenderam os

meses de maio a setembro e março e abril, foram formados na maior parte,

respectivamente, pelo anfípode Platyischnopidae e pelo bivalve Donax hanleyanus

(Tab. 7).

Tabela 7: Resultado da análise SIMPER. Aqui são apresentados os principais


organismos que contribuíram para formação dos os grupos e demais períodos. Os
números 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11 e 12 referem-se respectivamente aos meses de
janeiro, fevereiro, março, abril, maio, junho, julho, agosto, setembro, outubro,
novembro e dezembro (junho de 2004 a maio de 2005).

5,6,7,8 e 9 10 11 12 e 2 1 3e4
Platyischnopidae 25,19%
Donax hanleyanus 19,20% 67,96%
Mesodesma mactroides 16,51% 22,60% 21,67% 12,19%
Bathyporeiapus sp. 57,18%
Scolelepis gaucha 95,56% 51,48% 69,20%
Phoxocephalopsis sp. 13,58%

101
Scolelepis gaucha foi o organismo com maior abundância ao longo do estudo,

no total 95 543 indivíduos foram coletados. Mesodesma mactroides (Bivalvia),

Bathyporeiapus sp. (Crustacea) e Donax hanleyanus também apresentaram altos valores

de abundância durante o período, sendo estes valores respectivamente 17 953, 10 105 e

9 699 indivíduos coletados (Tab. 5).

A variabilidade temporal das abundâncias das populações indicou que Scolelepis

gaucha, Mesodesma mactroides, Bathyporeiapus sp., Phoxocephalpsis sp.,

Platyischnopidae e Emerita brasiliensis (Crustacea) apresentaram maiores abundâncias

entre a primavera e verão (Fig. 4). Por outro lado, Euzonus furciferus (Polychaeta),

Donax gemmula (Bivalvia) e Donax hanleyanus, mostraram maiores abundâncias no

outono. A ocorrência de Excirolana armata (Crustacea) foi mais errática, apresentando

vários picos durante o estudo (Fig. 4).

O mês com maior abundância do conjunto da macrofauna bentônica foi

novembro, com um total de 68 435 indivíduos coletados, sendo o menor valor

registrado em junho, com 747 indivíduos coletados (Fig. 4).

102
80000
Scolelepis gaucha Mesodesma mactroides
Comunidade 10000 Bathyporeiapus sp.
70000

60000
8000

Abundância total
Abundância total

50000

Abundância
Abundância

6000
40000

30000
4000

20000

2000
10000

0 0
Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abril Maio Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abril Maio

Donax hanleyanus Platyischnopidae


Phoxocephalopsis sp. 1000 Donax gemmula
2400

800

1800
Abundância total

total
Abundância

Abundância

600
Abundância

1200
400

600
200

0 0
Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abril Maio Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abril Maio

800 140
Euzonus furciferus Excirolana armata
Emerita brasiliensis Macrochiridothea sp.
700
120

600
100

500
Abundânciatotal
Abundância total

80
Abundância

Abundância

400

60
300

200 40

100 20

0
0
Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abril Maio Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abril Maio

Figura 4. Abundâncias totais dos principais organismos coletados na praia nos


distintos meses (junho de 2004 a maio de 2005).
.

103
A maior densidade média de tocas do caranguejo Ocypode quadrata foi

verificada em março (0,2125 tocas m-2), enquanto que em julho, agosto, setembro,

outubro, dezembro e maio não foram encontradas tocas (Fig. 5).

0,25

0,2

0,15
Tocas m-2

0,1

0,05

0
Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai

Figura 5: Densidades médias mensais das tocas do caranguejo Ocypode


quadrata durante o período de um ano (junho de 2004 a maio de 2005).
.

104
4. DISCUSSÃO

As flutuações na abundância do total de organismos ao longo dos doze meses de

coleta foram fortemente influenciadas pelos períodos de recrutamento do

macrozoobentos, entretanto os dois principais picos de ocorrência foram devido a

presença de um elevado número de exemplares adultos e juvenis do poliqueta

Scolelepis gaucha no mesolitoral.

Scolelepis gaucha foi a espécie que mostrou os maiores valores de abundância,

tendo sido dominante entre novembro e fevereiro, com picos de abundância nos meses

de novembro e janeiro. Em dezembro e fevereiro observou-se que a abundância deste

organismo, apesar de inferior a registrada nos meses de pico, entretanto, atingiu valores

mais elevados que a dos demais táxons. A dominância deste gênero também foi

observada por Barros et al. (2001) no Paraná, onde Scolelepis squamata abrangeu ao

redor de 70 % do total da abundância da macrofauna em duas praias arenosas no

inverno e verão. Santos (1991) verificou que Scolelepis gaucha foi o poliqueta com

maior abundância no mesolitoral da praia do Cassino, alcançando uma densidade de até

100 000 m-2 também na primavera e início do verão. Borzone et al. (1996), no verão, e

Degraer et al. (2003), no final do verão e início do outono, observaram que Scolelepis

squamata foi a espécie dominante em diversas praias.

Mesodesma mactroides teve seu maior pico de abundância em janeiro, sendo

também verificado um elevado número de organismos em dezembro. Além disso,

ocorreram outros dois picos, sendo um em outubro, e outro menor, em abril. Os picos de

janeiro, dezembro e abril foram decorrentes dos recrutamentos do bivalve. Defeo et al.

105
(1992b) identificaram dois períodos de recrutamento para a espécie, sendo um entre

novembro - janeiro e outro entre fevereiro - abril.

Para a elevada abundância de M. mactroides, registrada em outubro, a principal

contribuição foi de exemplares juvenis e adultos, que até então estavam praticamente

ausentes na praia. A este respeito, Cascarón (1959) mencionou que no inverno a maior

parte da população de juvenis e adultos de M. mactroides se concentra no infralitoral,

sendo que na primavera realiza uma migração até o mesolitoral, onde permanece entre o

verão e início do outono. Durante trabalhos realizados com M. mactroides na costa de

Mar del Plata, Argentina, na década de 1970 o Dr. Ricardo Capítoli (Laboratório de

Ecologia de Invertebrados Bentônicos – Departamento de Oceanografia - FURG)

também observou este movimento migratório da espécie durante a primavera.

Informações obtidas junto aos pescadores que fazem a extração de mariscos na praia do

Cassino, também mencionam que ocorre um aumento da quantidade de juvenis e

adultos do marisco branco durante a primavera na zona de varrido.

A expressiva ocorrência do anfípode Bathyporeiapus sp. foi o principal

responsável pela abundância do macrozoobentos no mês de outubro. Borzone & Souza

(1997) verificaram em uma praia do Paraná que Bathyporeiapus ruffoi apresentou alta

abundância em setembro e novembro, porém outubro não foi amostrado no trabalho

citado. Esta espécie foi bem representada nas estações do mesolitoral inferior,

estendendo sua distribuição, com alta abundância, para o infralitoral (Borzone & Souza,

1997). Leber (1982) observou nos E.U.A, em uma latitude de 34º40’, que 2 espécies de

anfípodes prevaleceram no início do inverno, ou seja em temperaturas mais amenas.

Charvat (1990) verificou na Florida, EUA, que anfípodes foram mais importantes no

106
infralitroral do que no mesolitoral, sugerindo que temperaturas mais elevadas excluíram

os anfípodes das partes altas da praia.

Recrutas de Donax haleyanus foram os grandes responsáveis pela formação do

grupo que abrangeu os meses de março e abril. Cardoso & Veloso (2003) encontraram

maiores abundância desta espécie no inverno e outono, enquanto Defeo & de Alava

(1995) verificaram comumente que picos de recrutamento foram registrados entre

fevereiro e maio, coincidindo com o encontrado no presente estudo. Outro fato

interessante é que o pico de recrutamento desta espécie foi após o pico de recrutamento

de Mesodesma mactroides. Verificou-se em um estudo realizado no Uruguai que a

variação no recrutamento de Donax hanleyanus pode ser explicada pela diminuição de

juvenis e adultos de Mesodesma mactroides (De Alava, 1993 apud Defeo, 1996b). Este

resultado dá indícios de que há competição interespecífica entre ambos, fato que pode

estar relacionado com descontinuidade temporal dos recrutamentos de M. mactroides e

D. hanleyanus registradas no presente trabalho. Além disso, o fato de que os recrutas e

adultos de D. hanleyanus e recrutas e juvenis de M. mactoides ocorrem em

profundidades similares no sedimento (Defeo et al., 1986), aumentam as chances de

uma interação competitiva por espaço entre estas populações.

A formação do grupo que abrangeu os meses de maio, junho, julho, agosto e

setembro foi devido a freqüência de Platyischnopidae e, principalmente, as baixas

abundâncias dos demais táxons registradas nestes meses. Além da ausência de

recrutamentos neste período, a migração de algumas espécies para águas mais

profundas pode ser um outro fator que contribui para esta baixa abundância. Leber

(1982) observou que Donax parvula migrou para o infralitoral durante o inverno,

enquanto Cascarón (1959) verificou a mesma tendência para Mesodesma mactroides.

107
Euzonus furciferus foi a única espécie que recrutou no período que compreendeu

os menores valores de abundância da macrofauna bentônica, tendo o pico de maior

abundância concentrado em maio. Na Praia do Matadeiro, Santa Catarina, Blankensteyn

& Vilela (em prep.) estudaram a dinâmica populacional de Euzonus furciferus durante o

período de um ano e identificaram um período principal de recrutamento entre maio a

agosto. Este resultado concorda com o encontrado no presente trabalho. Kemp (1988)

verificou no Oregon, E.U.A, que o recrutamento de Euzonus mucronata ocorreu no

início do verão. A diferença de aproximadamente 13º de latitude do local onde foi

desenvolvido o trabalho no Oregon, com a dos realizados na região sul do Brasil,

permite inferir que o período de recrutamento de ambas espécies pode ocorrer em

épocas com características ambientais semelhantes, sendo a temperatura a principal

delas.

Um dos organismos típicos do supralitoral, o caranguejo Ocypode quadrata,

apresentou oscilações na densidade de tocas ao longo do ano, não sendo verificada altas

densidades durante todo período estudado, além disso, houve meses que nenhuma toca

foi encontrada. Durante o estudo foi observado que através da ação dos ventos as tocas

podem ser facilmente encobertas pela areia, podendo a baixa densidade de tocas ser

reflexo deste processo. Alberto & Fontoura (1999) estudando uma praia do Rio Grande

do Sul, observaram que variações de temperatura, direção e intensidade dos ventos e do

nível de alcance das ondas interferem diretamente nas atividades de Ocypode quadrata,

a ponto de, em condições adversas, nenhum sinal desta espécie ser observado na praia.

De forma geral pôde-se verificar que a maior parte dos recrutamentos dos

diversos táxons ocorreu, principalmente, no período que compreendeu a primavera e

outono, alterando assim a abundância da macrofauna bentônica.

108
Haynes & Quinn (1995), partindo de um estudo realizado numa região

temperada, em Cape Paterson, Victoria, Austrália, encontraram significante variação

temporal nas densidades e número de espécies, relacionando este acontecimento às

mudanças nas densidades de espécies comuns do mesolitoral. Souza & Gianuca (1995),

trabalhando numa praia arenosa sub-tropical no Paraná, observaram que a abundância

total da macrofauna foi significativamente maior no verão do que no inverno. Por outro

lado, Veloso et al. (2003) não verificaram diferença significativa na densidade e

biomassa da macrofauna bentônica entre os períodos de verão e inverno numa praia

tropical (Rio de Janeiro). É provável que a diferença na latitude das praias com reflexos,

principalmente, nas variações de temperatura, represente o principal fator abiótico

determinante da variação sazonal do macrozoobentos.

O acompanhamento temporal mostrou que, geralmente 30 dias após a ocorrência

dos picos de abundância, ocorriam abruptas reduções na abundância de diversas

espécies do macrozoobentos. Donax hanleyanus foi a única espécie que manteve dois

picos consecutivos de abundância (março e abril), mas também neste caso, um mês

após, verificou-se uma marcada diminuição do número de indivíduos.

Há alguns fatores que podem ser responsáveis pela queda abrupta na abundância

dos táxons. Um destes fatores é a pressão de predação exercida sobre a macrofuana

bentônica. Em estudo realizado nos E.U.A os mais óbvios predadores na praia foram

siris, peixes e pássaros, estes se alimentaram dos migrantes mareais e foram mais

abundantes durante os meses de verão (Leber, 1982). Gianuca (1983) verificou na praia

do Cassino, que diversas espécies de peixes se alimentavam da macrofauna bentônica

na zona de arrebentação durante a maré alta, acompanhados por siris e gastrópodes.

Durante a maré baixa as aves foram os principais predadores, sendo algumas residentes

109
enquanto outras migrantes. O cronograma de migração de algumas aves determina que a

chegada dos bandos coincida com o pico de abundância da macrofauna bentônica no

extremo sul do Brasil (Vooren, 1998).

O maior número de banhistas e conseqüente maior trânsito de veículos na praia,

principalmente nos meses mais quentes do ano, podem também ser fatores que exercem

importantes efeitos sobre os recrutas e juvenis da macrofauna bentônica, podendo afetar

a abundância destes. Jaramillo et al.(1996b), no litoral chileno, não verificou efeito

significativo da presença de banhistas sobre a macrofauna bentônica, porém Gianuca

(1983) observa que uma ameaça que afeta as populações do mesolitoral, especialmente

os juvenis e cavadores superficiais, é o uso das partes úmidas e mais compactas da praia

por veículos de todos os tipos, incluindo os caminhões de pescadores.

A alta abundância de bivalves pode também desempenhar um papel importante

na alta mortalidade destes indivíduos e conseqüente queda abrupta na abundância de

suas populações. McLachlan (1998) estudou a interação de duas espécies de bivalves e

verificou que a alta densidade de uma espécie afetou a velocidade de enterramento de

ambas. Se a velocidade de enterramento de um animal diminuir, será maior a chance do

mesmo ser predado por aves e peixes na zona de arrebentação. Além disso, esta

alteração no tempo de enterramento pode aumentar a probabilidade de transporte

passivo pela zona de varrido, sujeitando o animal ao risco de ficar preso nas partes

superiores da praia, podendo resultar na sua deposição em um ambiente desfavorável.

O pico de Mesodesma mactroides observado em outubro, sendo reflexo da

migração do infralitoral para o mesolitoral (Cascarón, 1959), pode ter sido afetado

principalmente pelo aprisionamento destes indivíduos nas partes superiores da praia.

Talvez a alta abundância destes indivíduos e posterior aumento no tempo de

110
enterramento facilitaram o transporte passivo e conseqüente embancamento nas partes

superiores da praia. Mesmo os ventos do quadrante sul não sendo freqüentes no período

entre as coletas de outubro e novembro, a sua alta velocidade de até 23,7 m/s pode ter

elevado o nível do mar causando o aprisionamento de diversos indivíduos desta

população.

É sabido que no local estudado fatores meteorológicos são os principais

responsáveis pelas variações do nível da água (Calliari & Klein, 1993), onde ventos do

quadrante sul podem elevar o nível do mar em até 2 m (Barletta & Calliari, 2003). Na

Argentina fortes ventos do quadrante sul deixam depositados muitos organismos sem a

possibilidade de retornar as zonas inferiores da praia. Este fenômeno é comum em

Mesodesma mactroides, podendo ocorrer grandes depósitos desta espécie sem a

possibilidade de voltar à água (Ramírez et al., 2004).

Defeo (1989) observou que M. mactroides é artesanalmente coletado por

pescadores através do uso de pás, sendo o segundo molusco mais explorado na costa

Atlântica do Uruguai. A coleta de M. mactroides através do uso de pás causa dano

colateral nas classes não exploradas, principalmente a quebra de suas conchas. (Brazeiro

& Defeo, 1999). Além disso, esta técnica pode também afetar a sobrevivência de

indivíduos jovens através da perturbação do sedimento (Defeo, 1996a; Defeo, 1993

apud Brazeiro & Defeo, 1999). Tal procedimento de coleta é também utilizado por

pescadores no extremo sul do Brasil, sendo assim a mortalidade de indivíduos de todas

as classes pode também ser conseqüência deste tipo de captura utilizada.

As variações temporais na abundância do macrozoobentos na praia do Cassino

podem ser atribuídas a efeitos positivos decorrentes dos picos de recrutamento e

migração das espécies para zona de varrido, como a efeitos negativos decorrentes da

111
migração de algumas espécies para águas mais profundas, a mortalidade por causas

naturais (embancamento e ação dos predadores) e antrópicas (extrativismo e o trânsito

de veículos). Dentre os efeitos positivos, para a maioria dos organismos, o recrutamento

pode ser considerado o principal fator responsável pelos expressivos aumentos na

abundância da macrofauna bentônica. Por outro lado o embancamento, ou seja, o

aprisionamento dos organismos nas partes superiores da praia, provavelmente seja o

principal condicionante das abruptas quedas nas abundâncias do macrozoobentos.

112
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALBERTO, RMF& FONTOURA, NF. 1999. Distribuição e estrutura etária de Ocypode

quadrata (Fabricius, 1787) (Crustacea, Decapoda, Ocypodidae) em um praia

arenosa do litoral sul do Brasil. Rev. Brasil. Biol., 59 (1) 95-108.

BALLY, R. 1983. Intertidal zonation on sandy beaches of the west coast of South

Africa. Cahiers de Biologie Marine, 24: 85-103.

BARLETTA, RC & CALLIARI, LJ 2003. An assesment of the atmospheric and wave

aspects determining beach morphodynamic characteristics along central coast of

RS state, southern Brazil. Journal of Coastal Research (special issue), 35: 300-

308

BARROS, F; BORZONE, CA & ROSSO, S. 2001. Macroinfauna of six beaches near

Guaratuba bay, southern Brazil. Brazilian Archives of Biology and Technology,

44:351-364.

BORZONE, CA & GIANUCA, NM. 1990. A zonação infralitoral em praias arenosas

expostas. II Simpósio sobre Ecossistemas da Costa Sul e Sudeste Brasileira, Publ.

ACIESP, São Paulo, 3:280-287.

BORZONE, CA; SOUZA, J R B & SOARES, A G. 1996. Morphodynamic influence

on the structure of inter and subtidal macrofaunal communities of subtropical

sandy beaches. Revista Chilena de Historia Natural, 69: 565-577.

BORZONE, CA & SOUZA, JRB. 1997. Estrutura da macrofauna bentônica no supra,

meso e infralitoral de uma praia arenosa do sul do Brasil. Oecologia

Brasiliensis, volume III: 197-212

113
BRAZEIRO, A & DEFEO, O. 1999. Effects of harvesting and density dependence on

the demography of sandy beach populations: the yellow clam Mesodesma

mactroides. Marine Ecology Progress Series, 182:127-135.

CALLIARI, LJ & KLEIN, AHF. 1993. Características morfodinâmicas e

sedimentológicas das praias oceânicas entre Rio Grande e Chuí, RS. Pesquisas,

Porto Alegre, 20:48-56.

CARDOSO, RS & VELOSO, VG. 2003. Population dynamics and secondary

production of the wedge clam Donax haleyanus (Bivalvia:Donacidae) on a high-

energy subtropical beach of Brazil. Mairne Biology, 142:153-162

CASCARÓN, S. 1959. La almeja amarilla (Mesodesma (T.) mactroides Deshayes) de la

costa de la provincia de Buenos Aires. AGRO Publ. Téc., 1(3): 1-66.

CHARVAT, DL; NELSON WG & ALLENBAUGH, TA. 1990. Composition and

seasonality of sand-beach amphipod assemblages of the east coast of Florida.

Journal of crustacean biology, 10 (3): 446-454.

CLARKE, K.R. & R.M. WARWICK. 1994. Changes in marine communities: an

approach to statistical analysis and interpretation. Plymouth. NERC. 187 p.

DEFEO, O; LAYERLE, C & MASELLO, A. 1986. Spatial and temporal structure of

the yellow clam Mesodesma mactroides (Deshayes, 1854) in Uruguay. Medio

ambiente (Chile), 8:48-57.

DEFEO, O. 1989. Development and management of artisanal fishery for yellow clam

Mesodesma mactroides in Uruguay. Fishbyte, 7:21-25.

114
DEFEO, O; JARAMILLO, E; & LYONNET, A. 1992a. Community structure and

intertidal zonation of the macroinfauna on the Atlantic coasts of Uruguay.

Journal of Coastal Research, 8:830-839.

DEFEO , O; ORTIZ, E & CASTILLA, JC. 1992b. Growth, mortality and recruitment of

the yellow clam Mesodesma mactroides on uruguayan beaches. Marine Biology,

114:429-437.

DEFEO, O & DE ALAVA, A. 1995. Effects of human activities on long-term trends in

sandy beach populations:the wedge clam Donax hanleyanus in Uruguay. Marine

ecology Progress Series, 123:73-82.

DEFEO, O. 1996a. Experimental management of an exploited sandy beach bivalve

population. Revista Chilena de Historia Natural, 69:605-614.

DEFEO, O. 1996b. Recruitment variability in sandy beach macroinfauna: much to learn

yet. Revista Chilena de Historia Natural, 69:615-630.

DEGRAER, S; VOLCKAERT, A & VINCX, M. 2003. Macrobenthic zonation patterns

along a morphodynamical continuum of macrotidal , low tide bar/rip and ultra-

dissipative sandy beaches. Estuarine, Coastal and Shelf Science, 56:459-468.

DEXTER, DM. 1979. Community structure and seasonal variation in interttidal

panamanian sandy beaches. Estuarine and Coastal Marine Science, 9:543-558

DEXTER, DM. 1984. Temporal and spatial variability in the community structure of

the fauna of four sandy beaches in south-eastern New South Wales.

Aust.J.Mar.Freshw.Res.,35:663-672.

115
GARCIA, VMT & GIANUCA, N. 1998. A praia e a zona de arrebentação. In: U

Seeliger, C Odebrecht & JP Castello (eds.). Os ecossistemas costeiro e marinho

do extremo sul do Brasil. Editora Ecoscientia, Rio Grande. 184-189.

GIANUCA, NM. 1983. A preliminary account of the ecology of sandy beaches in

southern Brazil. In: McLachlan, A. & Erasmus, T. (eds), Sandy Beaches as

Ecosystems. W Junk Publishers, 413-420.

GIANUCA, NM. 1987. Zonação e produção nas praias arenosas do litoral sul e sudeste

do Brasil. Simpósio de Ecossistemas da Costa Sul e Sudeste Brasileira – síntese

dos conhecimentos, Cananéia, SP, 1: 313-332.

GIANUCA, NM. 1988. Recursos naturais das praias arenosas do sul do Brasil. Inf

UNESCO Cienc Mar .Montevideo, 47:89-94.

HAYNES, D & QUINN, GP. 1995. Temporal and spatial variability in community

structure of a sandy intertidal beach, Cape Paterson, Victoria, Australia. Marine

and Freshwater Research, 46(6):931-942.

HERNANDEZ, C; CONTRERAS, SH; GALLARDO, JA & CANCINO, JM. 1998.

Community structure of the macroinfauna along a sandy beach of central Chile:

Lenga, Bahia San Vicente. Revista Chilena de Historia Natural, 71(3):303-311

HOLME, NA & MC INTYRE, AD. 1984. Methods for the study of marine benthos.

Blackwell Scientific Publications, New York.

JAMES, RJ & FAIRWEATHER, PG. 1996. Spatial variation of intertidal macrofauna

on a sandy ocean beach in Australia. Estuarine, Coastal and Shelf Science 43:81-

107.

116
JARAMILLO, E. 1978. Zonación y estrutura de la comunidad macrofaunística en

playas de arena del sur de Chile (Mehuín, Valdivia). In: ANKEL, WE;

BRUNDIN, L; BÜCHERL, W; MARCUS, EB; GERY, J; IILIES, J; KILIAN,

EF; KOEPCKE, HW & WYGODZINSKY, PW (eds). Studies on Neotropical

Fauna and Environment. Swers & Zeitlinger B.V Publishers, 71-92.

JARAMILLO, E & MCLACHLAN, A. 1993. Community and population responses of

the macroinfauna to physical factors over a range of exposed sandy beaches in

south-central Chile. Estuarine, Coastal and Shelf Science, 37:615-624

JARAMILLO, E; STEAD, R; QUIJON, P; CINTRERAS ,H & GONZALEZ, M. 1996a.

Temporal variability of the sand beach macroinfauna in south-central Chile.

Revista Chilena de Historia Natural,69:641-653.

JARAMILLO, E; CONTRERAS, H & QUIJON, P. 1996b. Macroinfauna and human

disturbance in a sandy beach of south-central Chile. Revista Chilena de Historia

Natural, 69:655-663.

KEMP, PF. 1988. Production an life history of a deposit-feeding polychaete in an

atypical enviroment. Estuarine, Coastal an Shelf Science, 26:437-446.

KNOX ,GA. 2000. The Ecology of Sea Shores. CRC Press, New York, 555 pp.

LEBER, KM. 1982. Seasonality of macroinvertebrates on a temperate , high wave

energy sandy beach. Bulletin of Marine Science, 32(1): 86-98.

MASELLO, A & DEFEO, O. 1986. Determinación de la longitud de primera madurez

sexual en Mesodesma mactroides (Deshayes 1854). Com. Soc. Malac. Uruguay,

6: 387-392.

117
MCLACHLAN, A. 1983. Sandy beaches ecology – a review. In: MCLACHLAN A &

ERASMUS T. (eds). Sandy Beaches as Ecosystems. W Junk, Publishers, 321-

380.

MCLACHLAN, A. 1990. Dissipative beaches and macrofauna communities on exposed

intertidal sands. Journal of Coastal Research, 6: 57-71.

MCLACHLAN, A. 1998. Interactionsbetween two species of Donax on a high energy

beach:an experimental approach. J.Moll.Stud.,64:492-495.

PEREIRA, PS. 2005. Variabilidade da orla oceânica do Rio Grande do Sul e suas

implicações na elaboração de planos de contingência: aspectos morfodinâmicos,

sedimentológicos e geomorfológicos. Tese de mestrado, universidade Federal do

Rio Grande, Brasil, 160pp.

RAMÍREZ, CF; MIANZAN, H & CHIAVERANO, L. 2004. Varamientos e arribazones.

In:BOSCHI, EE & COUSSEAU, MB (eds.). La Vida Entre Mareas: Vegetales y

Animales de Las Costas de Mar Del Plata, Argentina. INIDEP, 59-64.

SANTOS, PJP. 1991. Morphodynamical influence of temporary freshwater stream on the

population dynamics of Scolelepis gaucha (polychaeta: Spionidae) on a sandy beach

in southern Brazil. Bulletin of Marine Science, 48(3): 657-664.

SCHOEMAN, DS; WHEELER, M & WAIT, M. 2003. The relative accuracy of standard

estimators for macrofaunal abudance and species richness derived from selected

intertidal transect designs used to sample exposed sandy beaches. Estuarine, Coastal

and Shelf Science, 58: 5-16.

SHORT, AD & WRIGHT, LD. 1983. Physical variability of sandy beaches. In:

MCLACHLAN, A & ERAMUS, T. (eds.) Sandy beaches as ecosystems. W

Junk Publishers, 133-144.

118
SOUZA, JBR & GIANUCA, NM. 1995. Zonation and seasonal variation of the

intertidal macrofauna on a sandy beach of Paraná State, Brazil. Scientia Marina,

59 (2): 103-111.

SUGUIO, K. 1973. Introdução a Sedimentologia. São Paulo, EDUSP 317 pp.

VELOSO, VG; CARDOSO, RS & FONSECA, DB. 1997. Spatio-temporal

characterization of intertidal macrofauna at Prainha beach (Rio de Janeiro state).

Oecologia Brasiliensis, volume III: 213-225.

VELOSO, VG & CARDOSO, RS. 2001. Effect of morphodynamics on the spatial an

temporal variation of macrofauna on three sandy beaches, Rio de Janeiro state,

Brazil. J.Mar.Biol.Ass.U.K., 81:339-375.

VELOSO, VG; CAETANO, CHS & CARDOSO, RS. 2003. Composition, structure and

zonation of intertidal macroinfauna in relation to physical factors in microtidal

sandy beaches in Rio de Janeiro state, Brazil. Scientia Marina.,67:393-402.

VOOREN, CM. 1998. Aves marinhas e costeiras. In: U Seeliger, C Odebrecht & JP

Castello (eds.). Os ecossistemas costeiro e marinho do extremo sul do Brasil.

Editora Ecoscientia, Rio Grande. 170-176.

119
CONSIDERAÇÕES FINAIS

 Baseando-se nos dados de todo período amostral, foi possível observar que a

praia estudada apresentou um padrão geral de zonação composto por 3 zonas

biológicas.

 A zonação do macrozoobentos mostrou-se variável ao longo do tempo, sendo

que durante a primavera e outono o esquema de zonação pôde ser comparado,

com algumas particularidades, ao de Dahl (1952), enquanto que nas outras

estações do ano o padrão de zonação da macrofauna bentônica assemelhou-se ao

de Salvat (1964).

 As duas zonas superiores (supralitoral e mesolitoral superior) foram as mais

estáveis durante o período de estudo, enquanto a zona inferior da praia foi mais

variável, ficando isto evidenciado sazonalmente com a formação de distintos

grupos faunísticos de acordo com a peculiaridade de cada estação do ano.

 De um modo geral, a variabilidade espacial dos agrupamentos de

macroinvertebrados bentônicos na zona inferior da praia, nas distintas estações

do ano, foi fortemente influenciada pelas densidades, decorrentes principalmente

dos recrutamentos e da sobreposição na distribuição dos organismos, devido a

elevação do nível da água durante as ressacas.

 Não ficou evidenciada variação espacial horizontal da comunidade bentônica no

presente trabalho. Isto, provavelmente foi conseqüência das características da

praia estudada, onde pouca variação entre os tamanhos dos grãos do sedimento e

ausência de sangradouros, contribuíram para a semelhança da distribuição

horizontal da comunidade bentônica dentro da escala de 50m e 100m.

120
 Na área em estudo seria esperado encontrar variabilidade horizontal da

macrofauna bentônica numa escala de centenas de metros em situações em que

ocorressem sangradouros ou de quilômetros, devido à periódicos depósitos de

lama e/ou variações na morfologia da praia em função do regime de ondas e das

características do sedimento.

 A maior parte dos recrutamentos dos diversos táxons ocorreu no período que

compreendeu a primavera e outono, alterando assim a abundância do

macrozoobentos.

 O aumento da abundância da macrofauna bentônica na praia estudada pode ser

atribuído, principalmente, a picos de recrutamento e a migração de determinadas

espécies para zona de varrido (mesolitoral inferior).

 A queda abrupta nas abundâncias das diversas espécies do macrozoobentos,

geralmente 30 dias após a ocorrência dos seus picos de abundância, refletiu a

migração de algumas espécies para águas mais profundas, mortalidade por

causas naturais (embancamento e ação dos predadores) e ao efeito antrópico

(extrativismo e o trânsito de veículos). Dentro destas causas, provavelmente, o

embancamento é o que exerce o maior efeito na queda da abundância do

macrozoobentos na região.

121
ANEXOS

122
Tabela 1: Densidade média (ind. m-2) e desvio padrão (DP) de todos os táxons
coletados na praia durante o inverno em cada nível. São apresentados também os
índices médios de diversidade (H’) e equitatividade (J’) de cada nível.
Inverno 2004
Níveis 1 2 3 4 5 6 7 8
Media DP Média DP Média DP Média DP Média DP Média DP Média DP Média DP
Donax hanleyanus (Bivalvia) 0 0 0 0 0 0 4.72 14.52 201.60 343.74 473.93 878.60 224.00 306.65 244.04 387.24
Mesodesma mactroides (Bivalvia) 0 0 0 0 1.18 6.13 49.51 55.37 269.97 476.02 172.12 277.95 78.99 129.56 120.25 171.99
Euzonus furciiferus (Polychaeta) 0 0 24.76 42.64 235.78 273.86 156.80 466.64 2.36 8.50 1.18 6.13 0 0 0 0
Scolelepis gaucha (Polychaeta) 0 0 1.18 6.13 3.54 10.19 350.14 834.73 10.61 24.97 2.36 8.50 0 0 0 0
Hemipodus olivieri (Polychaeta) 0 0 0 0 1.18 6.13 3.54 10.19 3.54 13.49 2.36 8.50 11.79 26.70 14.15 16.78
Sigalion cirriferum (Polychaeta) 0 0 0 0 0 0 0 0 5.89 15.39 3.54 10.19 5.89 12.60 3.54 10.61
Platyischnopidae (Crustacea) 5.89 15.39 4.72 14.52 27.12 40.17 682.60 441.62 239.32 348.84 63.66 130.65 3.54 10.19 3.54 10.61
Phoxocephalopsis sp. (Crustacea) 0 0 0 0 1.18 6.13 463.32 506.40 47.16 83.46 35.37 65.07 60.13 57.44 99.03 99.96
Bathyporeiapus sp. (Crustacea) 9.43 35.11 12.97 28.28 5.89 12.60 18.86 42.58 93.13 143.69 200.42 228.48 108.46 149.89 56.59 44.39
Excirolana armata (Crustacea) 0 0 0 0 35.37 41.72 106.10 61.16 17.68 31.00 1.18 6.13 0 0 0 0
Emerita brasiliensis (Crustacea) 0 0 0 0 0 0 0 0 3.54 10.19 42.44 56.53 5.89 12.60 7.07 21.22
Macrochiridothea sp. (Crustacea) 0 0 0 0 0 0 0 0 10.61 17.66 16.50 34.61 11.79 23.60 3.54 10.61
Pinnixa patagoniensis (Crustacea) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2.36 12.25 0 0 0 0
Excirolana brasiliensis (Crustacea) 0 0 2.36 8.50 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Puelche sp. (Crustacea) 0 0 0 0 0 0 1.18 6.13 0 0 0 0 0 0 0 0
Balloniscus sellowii (Crustacea) 0 0 0 0 1.18 6.13 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Olivancillaria auricularia (Gastropoda) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1.18 6.13 0 0
Staphylinidae (Insecta) 5.89 15.39 7.07 36.76 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Chironomidae (Insecta) 1.18 6.13 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Formicidae (Insecta) 1.18 6.13 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Phoridae (Insecta) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1.18 6.13 0 0 0 0
Larva Chironomidae (Insecta) 1.18 6.13 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Arachnida 1.18 6.13 0 0 1.18 6.13 2.36 12.25 0 0 0 0 0 0 0 0
Nemertea 0 0 0 0 0 0 8.25 18.92 7.07 22.22 5.89 15.39 4.72 14.52 3.54 10.61
J' *** *** *** *** 0.62 0.31 0.66 0.10 0.57 0.16 0.76 0.16 0.70 0.22 0.70 0.12
H'(loge) 0.29 0.35 0.36 0.46 0.77 0.44 1.29 0.22 1.05 0.40 1.26 0.29 1.19 0.40 1.28 0.19
*** não foi possível calcular a J´

Tabela 2: Densidade média (ind. m-2) e desvio padrão (DP) de todos os táxons
coletados na praia durante a primavera em cada nível. São apresentados também os
índices médios de diversidade (H’) e equitatividade (J’) de cada nível.
Primavera 2004
1 2 3 4 5 6 7
Av Sd Av Sd Av Sd Av Sd Av Sd Av Sd Av Sd
Mesodesma mactroides (Bivalvia) 3.54 18.38 0 0 2.36 8.50 76.63 98.41 1183.64 1194.89 2540.58 3312.00 298.27 367.74
Donax hanleyanus (Bivalvia) 0 0 0 0 0 0 40.08 60.90 1307.43 830.70 321.85 508.48 21.22 40.46
Donax gemmula (Bivalvia) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1.18 6.13
Scolelepis gaucha (Polychaeta) 20.04 59.32 28.29 75.08 22.40 38.29 31187.22 46173.01 37770.33 61418.21 6936.78 17581.52 2024.21 5215.19
Euzonus furciferus (Polychaeta) 1.18 6.13 8.25 22.67 318.31 260.55 274.69 325.35 20.04 30.77 0 0 0 0
Hemipodus olivieri (Polychaeta) 0 0 0 0 0 0 23.58 34.86 11.79 20.03 95.49 177.23 81.35 106.43
Sigalion cirriferum (Polychaeta) 0 0 0 0 0 0 1.18 6.13 3.54 10.19 5.89 12.60 7.07 16.12
Grubeulepis bracteata (Polychaeta) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1.18 6.13
Capitella sp. (Polychaeta) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1.18 6.13
Hesionidae (Polychaeta) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1.18 6.13
Bathyporeiapus sp. (Crustacea) 101.39 270.53 145.01 294.44 50.69 102.67 598.89 1231.48 4725.12 14985.79 2738.64 3824.43 2421.51 4674.16
Platyischnopidae (Crustacea) 3.54 10.19 0 0 1.18 6.13 352.50 418.85 754.51 842.02 468.03 474.42 102.57 150.17
Phoxocephalopsis sp. (Crustacea) 2.36 8.50 0 0 9.43 27.66 720.32 792.89 281.76 352.22 176.84 189.00 166.23 245.51
Macrochiridothea sp. (Crustacea) 0 0 0 0 0 0 0 0 2.36 8.50 16.50 29.77 22.40 43.08
Emerita brasiliensis (Crustacea) 0 0 0 0 0 0 0 0 11.79 21.89 11.79 20.03 0 0
Excirolana armata (Crustacea) 0 0 1.18 6.13 25.94 42.37 106.10 109.91 2.36 12.25 1.18 6.13 0 0
Puelche sp. (Crustacea) 0 0 0 0 0 0 1.18 6.13 4.72 19.15 1.18 6.13 2.36 8.50
Excirolana brasiliensis (Crustacea) 1.18 6.13 1.18 6.13 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Olivancillaria auricularia (Gastropoda) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1.18 6.13
Larva Diptero (Insecta) 11.79 33.21 1.18 6.13 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Larva Coleoptero (Insecta) 3.54 13.49 3.54 10.19 1.18 6.13 0 0 0 0 0 0 0 0
Chrysomelidae (Insecta) 1.18 6.13 1.18 6.13 2.36 12.25 0 0 1.18 6.13 0 0 0 0
Coccinelidae (Insecta) 0 0 2.36 8.50 3.54 18.38 0 0 0 0 0 0 0 0
Brachycera (Insecta) 0 0 0 0 3.54 13.49 0 0 0 0 0 0 0 0
Curculionidae (Insecta) 1.18 6.13 0 0 2.36 8.50 0 0 0 0 0 0 0 0
Carabidae (Insecta) 0 0 1.18 6.13 2.36 12.25 0 0 0 0 0 0 0 0
Staphylinidae (Insecta) 12.97 25.37 8.25 18.92 10.61 43.25 0 0 0 0 0 0 0 0
Pentatomidae (Insecta) 0 0 0 0 2.36 12.25 0 0 0 0 0 0 0 0
Scarabaeidae (Insecta) 0 0 0 0 1.18 6.13 0 0 0 0 0 0 0 0
Chironomidae (Insecta) 0 0 1.18 6.13 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Formicidae (Insecta) 0 0 0 0 1.18 6.13 0 0 0 0 0 0 0 0
Dytiscidae (Insecta) 0 0 1.18 6.13 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Pleidae (Insecta) 0 0 1.18 6.13 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Cynipidae (Insecta) 0 0 0 0 1.18 6.13 0 0 0 0 0 0 0 0
Pupa de Mosquito (Insecta) 0 0 0 0 1.18 6.13 0 0 0 0 0 0 0 0
Inseto X (Insecta) 0 0 0 0 1.18 6.13 0 0 0 0 0 0 0 0
Mordellidae (Insecta) 0 0 0 0 1.18 6.13 0 0 0 0 0 0 0 0
Inseto AD (Insecta) 0 0 0 0 1.18 6.13 0 0 0 0 0 0 0 0
Nemertea 0 0 0 0 0 0 17.68 23.91 17.68 35.68 24.76 36.76 27.12 39.19
Arachnida 0 0 0 0 1.18 6.13 0 0 0 0 0 0 0 0
Oligochaeta 24.76 101.56 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
J' *** *** *** *** 0.64 0.20 0.49 0.32 0.37 0.26 0.49 0.23 0.51 0.21
H'(loge) 0.53 0.49 0.68 0.38 0.94 0.51 1.02 0.64 0.79 0.54 0.97 0.44 1.01 0.48
*** não foi possível calcular a J'

123
Tabela 3: Densidade média (ind. m-2) e desvio padrão (DP) de todos os táxons
coletados na praia durante o verão em cada nível. São apresentados também os índices
médios de diversidade (H’) e equitatividade (J’) de cada nível.
Verão 2004-2005
Níveis 1 2 3 4 5 6 7 8
Média DP Média DP Média DP Média DP Média DP Média DP Média DP Média DP
Donax gemmula (Bivalvia) 0 0 0 0 1.18 6.13 0 0 0 0 3.54 10.19 56.59 75.60 24.76 21.22
Mesodesma mactroides (Bivalvia) 23.58 69.29 1.18 6.13 53.05 111.67 282.94 366.70 5761.40 12224.50 5614.03 8758.62 2416.79 2171.48 923.10 1129.55
Donax hanleyanus (Bivalvia) 2.36 8.50 0 0 15.33 33.47 156.80 495.72 643.69 796.57 949.03 1444.80 471.57 698.44 116.71 222.82
Hemipodus olivieri (Polychaeta) 0 0 0 0 0 0 1.18 6.13 2.36 8.50 2.36 8.50 4.72 11.52 0 0
Scolelepis gaucha (Polychaeta) 12.97 44.37 17.68 50.97 109.64 206.92 3697.10 5663.47 29184.23 38207.78 1055.14 1836.98 57.77 110.98 7.07 14.04
Sigalion cirriferum (Polychaeta) 0 0 0 0 0 0 0 0 1.18 6.13 4.72 14.52 4.72 14.52 10.61 15.92
Capitellidae (Polychaeta) 0 0 2.36 8.50 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Euzonus furciferus (Polychaeta) 1.18 6.13 0 0 23.58 103.93 97.85 143.69 25.94 51.51 1.18 6.13 0 0 0 0
Phoxocephalopsis sp. (Crustacea) 0 0 0 0 2.36 8.50 51.87 104.89 475.11 852.33 1279.13 1673.80 74.27 155.94 0 0
Emerita brasiliensis (Crustacea) 1.18 6.13 1.18 6.13 0 0 0 0 462.14 624.34 677.88 744.92 24.76 55.37 67.20 80.28
Platyischnopidae (Crustacea) 1.18 6.13 0 0 0 0 17.68 41.72 245.22 345.75 557.63 869.24 103.75 215.27 0 0
Bathyporeiapus sp. (Crustacea) 1.18 6.13 0 0 1.18 6.13 2.36 8.50 121.43 327.37 123.79 119.86 101.39 122.66 14.15 28.07
Excirolana armata (Crustacea) 2.36 8.50 0 0 17.68 35.68 200.42 141.48 91.96 116.56 31.83 81.39 0 0 0 0
Macrochiridothea sp. (Crustacea) 0 0 0 0 0 0 0 0 5.89 25.03 28.29 39.81 67.20 115.89 49.51 71.37
Pinnixa patagoniensis (Crustacea) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1.18 6.13 1.18 6.13 10.61 31.83
Puelche sp. (Crustacea) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3.54 13.49 7.07 20.39 0 0
Arenaeus cribarius (Crustacea) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1.18 6.13 0 0 0 0
Buccinanops duartei (Gastropoda) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2.36 8.50 21.22 35.59
Olivancillaria auricularia (Gastropoda) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1.18 6.13 0 0 3.54 10.61
Staphylinidae (Insecta) 21.22 31.83 27.12 44.76 10.61 19.74 8.25 16.73 7.07 18.38 2.36 8.50 3.54 10.19 0 0
Inseto B (Insecta) 1.18 6.13 2.36 8.50 2.36 8.50 12.97 35.60 8.25 18.92 0 0 0 0 0 0
Larva Diptero (Insecta) 14.15 33.42 2.36 8.50 2.36 12.25 1.18 6.13 0 0 0 0 0 0 0 0
Chironomidae (Insecta) 1.18 6.13 1.18 6.13 2.36 8.50 0 0 2.36 12.25 1.18 6.13 2.36 8.50 0 0
Chrysomelidae (Insecta) 1.18 6.13 1.18 6.13 1.18 6.13 2.36 8.50 1.18 6.13 0 0 0 0 0 0
Formicidae (Insecta) 2.36 8.50 1.18 6.13 0 0 0 0 0 0 1.18 6.13 1.18 6.13 0 0
Scarabaeidae (Insecta) 2.36 12.25 0 0 1.18 6.13 1.18 6.13 0 0 0 0 0 0 0 0
Curculionidae (Insecta) 1.18 6.13 1.18 6.13 1.18 6.13 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Gryllotalpidae (Insecta) 1.18 6.13 0 0 1.18 6.13 0 0 0 0 0 0 1.18 6.13 0 0
Larva Coleoptero (Insecta) 2.36 8.50 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Tenebrionidae (Insecta) 2.36 8.50 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Carabidae (Insecta) 0 0 0 0 1.18 6.13 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Coleóptero (Insecta) 0 0 0 0 0 0 0 0 1.18 6.13 0 0 0 0 0 0
Nematocera (Insecta) 0 0 0 0 0 0 0 0 1.18 6.13 0 0 0 0 0 0
Lygaeidae (Insecta) 1.18 6.13 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Larva Scarabaeidae (Insecta) 1.18 6.13 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Oligochaeta 83.70 307.49 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Arachnida 0 0 0 0 1.18 6.13 1.18 6.13 0 0 0 0 1.18 6.13 0 0
Nemertina 0 0 0 0 0 0 0 0 27.12 42.07 54.23 50.57 29.47 44.08 14.15 16.78
J' *** *** *** *** *** *** 0.54 0.29 0.48 0.33 0.58 0.17 0.45 0.17 0.47 0.19
H'(loge) 0.73 0.53 0.56 0.5 0.84 0.63 0.94 0.47 1.08 0.70 1.35 0.36 1.07 0.43 0.96 0.31
*** não foi possível calcular a J'

Tabela 4: Densidade média (ind. m-2) e desvio padrão (DP) de todos os táxons
coletados na praia durante o outono em cada nível. São apresentados também os índices
médios de diversidade (H’) e equitatividade (J’) de cada nível.
. 1 2 3 4
Outono 2005
5 6 7 8
Média DP Média DP Média DP Média DP Média DP Média DP Média DP Média DP
Donax hanleyanus (Bivalvia) 4.72 14.52 0 0 33.01 63.34 225.17 331.14 966.72 1463.53 2429.76 2224.40 2193.98 2812.84 940.78 795.75
Mesodesma mactroides (Bivalvia) 0 0 1.18 6.13 252.29 461.94 534.05 824.69 1020.95 2503.57 114.36 173.96 47.16 56.09 26.53 52.64
Donax gemmula (Bivalvia) 0 0 0 0 0 0 0 0 9.43 21.29 120.25 251.15 374.90 765.13 1025.66 2753.08
Euzonus furciferus (Polychaeta) 2.36 8.50 2.36 8.50 478.64 647.09 475.11 1123.69 11.79 30.77 2.36 8.50 0 0 0 0
Scolelepis gaucha (Polychaeta) 0 0 0 0 38.90 98.83 99.03 211.20 3.54 13.49 1.18 6.13 1.18 6.13 0 0
Hemipodus olivieri (Polychaeta) 0 0 0 0 0 0 1.18 6.13 7.07 18.38 14.15 29.72 8.25 14.21 19.45 29.17
Sigalion cirriferum (Polychaeta) 0 0 0 0 0 0 0 0 1.18 6.13 2.36 8.50 4.72 11.52 3.54 10.29
Hyalinoecia sp. (Polychaeta) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1.18 6.13 0 0
Platyischnopidae (Crustacea) 2.36 8.50 0 0 25.94 50.74 460.96 365.64 406.73 540.50 27.12 32.68 3.54 10.19 0 0
Phoxocephalopsis sp. (Crustacea) 0 0 0 0 69.56 130.96 418.52 521.15 127.32 199.18 83.70 99.16 41.26 59.76 33.60 63.17
Bathyporeiapus sp. (Crustacea) 1.18 6.13 3.54 10.19 2.36 8.50 21.22 63.05 43.62 80.50 108.46 109.65 74.27 75.94 79.58 93.44
Emerita brasiliensis (Crustacea) 0 0 0 0 10.61 43.25 8.25 20.88 268.79 709.86 14.15 28.38 5.89 12.60 1.77 7.50
Excirolana armata (Crustacea) 0 0 7.07 20.39 119.07 123.15 75.45 91.81 5.89 17.74 0 0 0 0 0 0
Macrochiridothea sp. (Crustacea) 0 0 0 0 0 0 0 0 21.22 35.31 42.44 44.14 44.80 61.33 53.05 82.43
Puelche sp. (Crustacea) 0 0 0 0 0 0 3.54 10.19 2.36 12.25 9.43 21.29 23.58 51.17 12.38 38.04
Excirolana brasiliensis (Crustacea) 0 0 1.18 6.13 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Arenaeus cribarius (Crustacea) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1.18 6.13 0 0 0 0
Ocypode quadrata (Crustacea) 1.18 6.13 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Buccinanops duartei (Gastropoda) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1.77 7.50
Olivancillaria auricularia (Gastropoda) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1.77 7.50
Coccinelidae (Insecta) 1.18 6.13 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Staphylinidae (Insecta) 14.15 28.38 2.36 8.50 2.36 8.50 2.36 8.50 0 0 0 0 0 0 0 0
Larva Coleoptero (Insecta) 11.79 33.21 1.18 6.13 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Coleóptero (Insecta) 0 0 0 0 1.18 6.13 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Scarabaeidae (Insecta) 0 0 1.18 6.13 4.72 19.15 68.38 324.10 1.18 6.13 2.36 8.50 0 0 0 0
Larva Diptero (Insecta) 7.07 25.49 0 0 2.36 12.25 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Entomobryidae (Insecta) 0 0 1.18 6.13 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Chrysomelidae (Insecta) 1.18 6.13 0 0 1.18 6.13 1.18 6.13 0 0 0 0 0 0 0 0
Formicidae (Insecta) 1.18 6.13 0 0 1.18 6.13 0 0 0 0 1.18 6.13 0 0 0 0
Curculionidae (Insecta) 1.18 6.13 1.18 6.13 0 0 1.18 6.13 0 0 0 0 0 0 0 0
Hydrometra sp. (Insecta) 0 0 0 0 2.36 8.50 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Syrphidae (Insecta) 1.18 6.13 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Inseto A2 1.18 6.13 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Inseto A4 0 0 0 0 1.18 6.13 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Nemertea 0 0 0 0 1.18 6.13 3.54 10.19 11.79 23.60 16.50 23.97 5.89 12.60 5.31 12.21
Arachnida 1.18 6.13 2.36 8.50 1.18 6.13 5.89 15.39 2.36 8.50 0 0 0 0 0 0
Oligochaeta 3.54 10.19 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
J' *** *** *** *** 0.61 0.14 0.70 0.06 0.58 0.21 0.43 0.23 0.43 0.19 0.58 0.14
H'(loge) 0.776 0.53 0.6 0.5 1.09 0.27 1.50 0.23 1.25 0.49 0.98 0.49 0.90 0.43 1.17 0.33
*** não foi possível calcular a J'

124
Tabela 5: Abundâncias totais de todos os táxons capturados mensalmente na praia.
São apresentados também os valores dos índices de diversidade (H’) e equitatividade
(J’) mensais.
Táxons Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Abundância Total
Scolelepis gaucha (Polychaeta) 2 67 243 418 590 65145 4461 22217 2278 53 7 62 95543
Euzonus furciferus (Polychaeta) 52 143 162 99 81 348 32 38 57 35 109 681 1837
Hemipodus olivieri (Polychaeta) 3 12 8 21 27 132 3 1 5 11 15 11 249
Sigalion cirriferum(Polychaeta) 5 3 6 5 5 5 4 6 2 4 3 2 50
Capitellidae (Polychaeta) 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 2
Capitella sp. (Polychaeta) 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1
Hyalinoecia sp. (Polychaeta) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1
Hesionidae (Polychaeta) 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 1
Grubeulepis bracteata (Polychaeta) 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1
Mesodesma mactroides (Bivalvia) 33 239 247 764 1970 748 2097 9573 596 660 923 103 17953
Donax hanleyanus (Bivalvia) 223 134 479 305 637 492 458 1339 135 2472 2592 433 9699
Donax gemmula (Bivalvia) 0 0 0 0 1 0 28 27 4 895 109 4 1068
Bathyporeiapus sp.(Crustacea) 33 104 260 321 8100 724 63 106 133 72 129 60 10105
Phoxocephalopsis sp. (Crustacea) 96 179 268 139 586 426 986 452 159 91 131 425 3938
Platyischnopidae (Crustacea) 250 272 350 325 788 314 281 392 112 272 290 224 3870
Emerita brasiliensis (Crustacea) 4 14 28 9 9 2 48 736 225 242 2 18 1337
Excirolana armata (Crustacea) 33 48 55 68 30 18 81 93 118 37 47 92 720
Macrochiridothea lilianae (Crustacea) 5 18 11 13 6 16 9 76 15 76 20 26 291
Puelche orensansi (Crustacea) 0 0 1 0 5 3 0 4 5 33 4 3 58
Excirolana braziliensis (Crustacea) 1 0 1 1 1 0 0 0 0 0 0 1 5
Pinnixa patagoniensis (Crustacea) 0 2 0 0 0 0 2 3 0 0 0 0 7
Balloniscus sellowii (Crustacea) 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1
Arenaeus cribarius (Crustacea) 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1 0 2
Megalope Ocypode quadrata (Crustacea) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1
Buccinanops duartei (Gastropoda) 0 0 0 0 0 0 0 7 1 1 0 0 9
Olivancilaria auricularia (Gastropoda) 1 0 0 1 0 0 0 1 1 1 0 0 5
Staphylinidae (Insecta) 4 0 7 2 16 9 29 32 7 6 9 3 124
Scarabaeidae (Insecta) 0 0 0 0 1 0 2 2 0 0 66 0 71
Larva de Diptero (Insecta) 0 0 0 3 1 7 8 7 2 5 2 1 36
Inseto B (Insecta) 0 0 0 0 0 0 21 2 0 0 0 0 23
Larva deColeoptero (Insecta) 0 0 0 0 3 4 0 1 1 2 8 1 20
Chrysomelidae (Insecta) 0 0 0 3 2 0 6 0 0 1 2 0 14
Chironomidae (Insecta) 0 0 1 0 0 1 5 3 1 0 0 0 11
Formicidae (Insecta) 1 0 0 0 1 0 3 1 1 1 1 1 10
Curculionidae (Insecta) 0 0 0 1 2 0 2 1 0 0 3 0 9
Coccinelidae (Insecta) 0 0 0 1 4 0 0 0 0 0 1 0 6
Carabidae (Insecta) 0 0 0 0 3 0 1 0 0 0 0 0 4
Gryllotalpidae (Insecta) 0 0 0 0 0 0 2 1 0 0 0 0 3
Brachycera (Insecta) 0 0 0 0 3 0 0 0 0 0 0 0 3
Coleóptero (Insecta) 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 1 0 2
Pentatomidae (Insecta) 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 2
Tenebrionidae (Insecta) 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 2
Hydrometra sp. (Insecta) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 2
Phoridae (Insecta) 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1
Nematocera (Insecta) 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1
Larva de Chironomidae (Insecta) 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1
Dytiscidae (Insecta) 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1
Pleidae (Insecta) 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1
Cynipidae (Insecta) 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1
Pupa de Mosquito (Insecta) 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1
Inseto X (Insecta) 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1
Mordellidae (Insecta) 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1
Inseto AD (Insecta) 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1
Lygaeidae (Insecta) 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1
Larva de Scarabaeidae (Insecta) 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1
Inseto A4 (Insecta) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1
Entomobryidae (Insecta) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1
Inseto A2 (Insecta) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1
Syrphidae (Insecta) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1
Nemertea 6 15 2 5 29 40 44 36 18 13 13 10 231
Oligochaeta 0 0 0 0 0 21 48 22 1 1 1 1 95
Arachnida 4 0 0 0 1 0 3 0 0 0 10 1 19
H'(loge) 1.842 2.137 2.099 1.98 1.293 0.2891 1.475 1.042 1.497 1.637 1.45 1.92 1.316
J' 0.6255 0.8096 0.7262 0.6406 0.3766 0.1 0.4336 0.3128 0.4917 0.5221 0.4307 0.6307 0.3254
Número de espécies 19 14 18 22 31 18 30 28 21 23 29 21 57

125

Você também pode gostar