Partsongs e Cantatas No Séc XIX
Partsongs e Cantatas No Séc XIX
Partsongs e Cantatas No Séc XIX
Não se pode falar em partsongs e cantatas no século XIX, sem abordar as novas
concepções dadas a música coral no que se refere a sua divisão. PALISCA & GROUT,
1994, apresentam distinções de formas corais: ou seja, quando o coro é usado como parte
de uma estrutura mais vasta (com orquestra, por exemplo) e aquela em que a escrita
exclusiva para o coro, e o que pretende ser o principal foco de composição.
A categoria no qual encontram-se as partsongs e cantatas é a de formação exclusiva
do coro. Os principais compositores para a música coral são Mendelssohn, que foi também
musicólogo e dedicou-se a divulgar as obras de J. S. Bach, e Brahms, luterano, que tem
como característica de composição ser mais formalista, assim como no classicismo. Estas
razões, juntamente a qual o coro, que não se adaptava com a estética romântica, assim
como a orquestra o fazia, produziu interesses pelo qual os fizeram dedicarem-se a escrever
para esta formação exclusiva: coral.
As partsongs são canções de estilo homofônico para um pequeno grupo vocal, com a
melodia na voz mais aguda, ou outras peças corais mais breves, geralmente com letras
profanas, destinadas a serem cantadas a capella ou com acompanhamento de piano ou
órgão. As cantatas são obras para coro (muitas vezes com uma ou mais vozes solistas) e
orquestra, sobre textos de natureza dramática ou dramático-narrativa, mas destinadas a
serem apresentadas em concertos. Todavia, esta nomenclatura só é dada a obras breves,
menos dramáticas ou sobre temas profanos (PALISCA & GROUT, p. 585.).
O sentimento nacionalista europeu, juntamente com a disseminação das sociedades
do canto e os festivais de música na França e na Alemanha, bem como o interesse pelo
folclore, foram os ingredientes principais para a composição de partsongs. Geralmente
breve, elas eram compostas sobre letras com temas patrióticos, sentimentais e de convívio.
Weber, Schubert, Schumann e quase todos os compositores europeus também escreveram
partsongs para coros de formação masculina, feminina e mixta. Todavia, embora houvesse
1
Trabalho apresentado como nota parcial do IV bimestre.
todo estímulo necessário para esta prática, logo também, o tempo encarregou-se de arquivá-
las no esquecimento.
O mestre no domínio das composições de cantatas, Brahms (PALISCA & GROUT,
1994) em 1870 veio a compor uma das mais belas obras corais de todos os tempos: a
Rapsódia para contralto e coro masculino.
Assim como era o espírito romântico, baseados nos estudos dos antigos compositores
do período Barroco e Idade Média, Carl Orff (1895 – 1981), estudioso de Monteverdi, foi
levado a compor Cármina Burana. A cantata profana mais popular de nossos dias.
Em países cristãos protestantes, a prática de compor partsongs a serviço da igreja, só
houve reforço, pois este trabalho já foi iniciado desde a Reforma de Lutero – que musicava
as músicas folclóricas saxônias à serviço da igreja protestante.
Nos Estados Unidos, as partsongs contribuíram para a catequização dos escravos,
que, por sua vez, os adaptaram a sua maneira de cantar (acredito) e desse modo, somando à
realidade de escravidão, de acordo com seus sofrimentos e esperanças puderam também
contribuir para a História da Música deixando sua marca tão peculiar – os Negro Spirituals.
Fanny Kemble e Frederich Law Olmsted, missionários ingleses em uma de suas visitas aos
Estados Unidos puderam presenciar a formação de possíveis Partsongs. Olmsted entendeu
claramente o que Fanny pôde ouvir considerando como algo “extraordinariamente
primitivo e inexplicável”, porém semelhante ao que ela estava habituada a ouvir na
Inglaterra, em uma audição durante uma viagem de trem.
Esta manifestação popular, porque não dizer nacionalista americana também, além de
sua beleza, expressão e pureza – na minha opinião – desenvolve o contraste de resultados
com o que aconteceu com as partsongs européias através de improvisações, etc. o que fez
viver a música negra até nossos dias. Ao passo que na música coral na Europa possuía
maiores limites estéticos para execução.
Com as cantatas também não foi diferente, nos Estados Unidos, no início do século
XX, algumas companhias começaram a publicar cantatas para pequenas igrejas, ainda com
base nas formas das cantatas do século XIX, influenciados por Mendelssohn. Em 1960, a
nomenclatura Cantata deu lugar a Musicais, por ser atribuídos em forma de cantos
evangelísticos e por sua semalhança com os musicais da Broadway.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
HUSTAD, Donald P.; Jubilate! A música na Igreja. S. R. E. Vida Nova, São Paulo, 2ªed.;
1991;
PALISCA, Claude V; GROUT, Donald J. História da Música Ocidental. Gradiva; Lisboa,
Portugal;1994;
SABLOWSKI, Irving, L; A Música Norte-americana. Rio, Jorge Zahar Ed., 1964;
ROSEN, Charles. A Geração Romântica. Edusp, São Paulo, 2001;
FREDERICO, Denise Cordeiro de Souza. A seleção de cantos para o culto cristão:
critérios obtidos a partir da tensão entre tradição e contemporaneidade na música sacra
cristã ocidental.São Leopoldo: Escola Superior de Teologia, Instituto Ecumênico de Pós-
Graduação, 1998.