Aula 6 - História Da Música II

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 10

Aula 6 - História da Música II - (22, 29 de março de 2012)

Principais esquemas formais na música barroca:

Rever na apostila IV a forma do gênero da Suíte barroca.

A “Ouverture” que se originou no “Ballet de Cour” francês cristalizou-se também como


uma forma musical a partir do período do barroco médio (1630-1680). A “ouverture”
francesa, igualmente às danças que precedia, teve em um princípio uma forma
“bipartita” com uma cadência na dominante, que separava a primeira parte lenta,
geralmente com ritmo pontilhado, da segunda parte rápida, com ritmo ternário e textura
fugada. Somente no barroco tardio o retorno ao início do movimento converteu-se em
uma característica comum, fazendo da “ouverture” uma forma “tripartita”.

Coincidindo com a evolução das partes em movimentos, a ordem dos movimentos


adquiriu um caráter regular nas formas cíclicas. A “Sonata de chiesa”, como já foi visto,
cristalizou-se em uma forma de quatro movimentos: lento-rápido-lento-rápido. Esta
forma não somente se encontra na forma da sonata em trio e na sonata para solista, mas
também nos “Concerti Grossi”, na forma do “Concerto de Chiesa”. Por outro lado,
como vimos anteriormente, a suíte, principalmente na Alemanha, assumiu a
característica de uma forma em quatro movimentos: “allemande”, “courante”,
“sarabande” e “giga”, que podia ser ampliada com a inserção de outras danças.

O “concerto” representou a forma mais evoluída em três movimentos, com sequência


rápido-lento-rápido. Esta forma não deve ser considerada como uma redução da forma
da “sonata de chiesa”. A pauta do “concerto” apareceu igualmente em muitas sonatas e
na abertura da ópera napolitana. O movimento característico do concerto consistia em
uma alternância mais ou menos periódica de “tutti” e solo (T S T S T S T). Não eram
sequências fixas nem o número de “tutti” e nem sua ordem tonal.

A interpretação no barroco:

Quando se fala em interpretação na música barroca há de se levar em consideração que


nesse período a notação da partitura e a partitura da interpretação não sempre
coincidiam. A notação não era mais que um perfil esquemático da composição. O
intérprete improvisador tinha de preencher e ornamentar seu contorno estrutural. Esta
prática serve de testemunho dos íntimos laços de união entre o compositor e o
intérprete, e entre a composição e a improvisação, cujo resultado é a quase total
impossibilidade de se obter uma distinção entre elas. A divisão do trabalho não havia
evoluído até o ponto no qual se reconhecera a interpretação e a composição como
pertencentes a campos especializados e separados, como acontece hoje em dia. É
significativo que os grandes virtuosos do barroco, como por exemplo, Domenico

1
Scarlatti, G. F. Handel e J.S.Bach, fossem também grandes compositores representantes
do período.

Na música barroca existe um código de interpretação, em parte recolhido em livros, mas


também em parte não escrito, que deve ser conhecido e respeitado para conseguir uma
representação fiel e não distorcida da sua música. Os livros sobre interpretação,
ornamentação, realização do baixo contínuo e outros temas relacionados com a música
oferecem uma enorme quantidade de informações que são uma ajuda para mostrar a
aplicação estilisticamente correta do código. Há de se levar em conta, da mesma forma,
o contraste estilístico nas diferentes fases do barroco, entre a primeira fase, a fase
central e a tardia. Isto quer dizer, por exemplo, que a realização de um baixo aplicado à
música de Bach, segundo a prática do contínuo de Monteverdi, seria tão equivocada
como se esta fosse realizada segundo a prática de Carl Philip Emanuel Bach (1714-
1788), um dos filhos de Johann Sebastian, e famoso compositor, conhecido como o
Bach de Hamburgo. Igualmente, os diversos estilos de ornamentação refletem fielmente
as três fases da música barroca.

No exemplo acima, temos a realização de uma ornamentação de cadência,


correspondente ao primeiro período do barroco. Estas ornamentações recebiam o nome
de diminuições. A primeira variação da cadência começa com o chamado ritmo
lombardo e acaba com um trinado escrito na sua totalidade; a segunda variação inicia-se
com uma passagem livre e acaba com um trêmolo escrito também em sua totalidade.

Na interpretação da música barroca francesa, ou ao estilo francês, deve-se saber que as


passagens uniformes de colcheias tocavam-se como se a primeira de cada duas tivesse
ponto, prática chamada de “notes inegales”. Lully insistia em que esta regra devia
observar-se com meticulosidade. Junto com a técnica de arco francesa, com golpes de
arco curtos e precisos, esta característica fez com que sua orquestra tivesse uma
uniformidade brilhante e uma precisão de técnica de arco tal que se converteu na
admiração de toda a Europa.

Deve-se observar também que na época barroca não havia lugar para o vibrato
continuado da corda, que enfeita a técnica moderna nos instrumentos de arco. O vibrato,
igual que o “crescendo”, era uma ornamentação especial que se indicava por um signo
próprio. Utilizava-se em momentos especiais e com discrição. Por outro lado, a forma
de segurar o violino na época não permitiria o uso amplo do vibrato.

2
3
4
5
6
7
A música barroca nas Américas:

A música no continente americano dependia na sua totalidade dos materiais que eram
enviados dos países colonizadores. Os missionários espanhóis, que consideravam a
música como uma ferramenta importante para a conversão dos nativos, foram os
primeiros que imprimiram música no continente americano, sendo primeiramente quase
exclusiva do canto gregoriano. Na segunda metade do século XVII, a cidade de Lima
foi um importante centro de atividade musical. Nela, o compositor José Díaz compôs
em solo americano a música para as obras teatrais de Calderón de la Barca, famoso
dramaturgo espanhol do século XVII.

Na América do Norte, o músico profissional mais ilustre que lá trabalhou foi o filho do
grande organista e compositor alemão Johann Pachelbel, Carl Pachelbel (1690-1750).
Sabe-se que ofereceu um concerto público em Nova York em 1736 e que trabalhou
como organista, primeiramente em New Port, Rhode Island, e posteriormente, até a sua
morte em 1750, em Charleston, na Carolina do Sul. Um impressionante “Magnificat”,
para solistas e coro, cuja edição da partitura original encontra-se na Biblioteca Pública
de Nova York, composto no vigoroso estilo do barroco tardio, é uma prova do seu valor
como compositor.

No vice-reino da Nova Espanha, atual México, destacaram-se vários mestres de capela,


como os compositores Antonio de Salazar (1650-1715), autor de missas que trabalhou
na catedral da Cidade do México; Manuel de Zumaya (1678-1755), autor da primeira
ópera de um compositor nascido no continente americano, “La Parténope”, composta
em 1711; Ignacio de Jerusalem (1707-1769), nascido na Itália, violinista e compositor
da Capela da Universidade do México, fundada por ele.

Em Nova Granada, atual Colombia, destacou-se principalmente Juan de Herrera (1660-


1738), maestro de capela em Bogotá, importante compositor de missas.

8
Uma verdadeira catástrofe musical foi produzida na América com a expulsão dos
jesuítas dos territórios espanhóis que também compreendiam as colônias. Este fato
interrompeu abruptamente e de maneira irreversível o magnífico trabalho que, com a
música, realizava-se nas reduções. Apesar de que existem muitos documentos escritos
sobre a rica vida musical que os jesuítas desenvolviam, conservam-se muito poucas
obras, especialmente das reduções guaranis, que foram as mais importantes. Somente
conservam-se algumas obras de Domenico Zipoli (1688-1726), um excelente
compositor italiano que entrou na ordem dos jesuítas para poder trabalhar nas reduções.

Da mesma forma, o Brasil despertou musicalmente no século XVIII. Franciscanos e


jesuítas exerceram uma boa influência no desenvolvimento musical, que se originou
principalmente em Pernambuco e na Bahia. Temos nomes de compositores relevantes,
como Caetano de Mello Jesus, que foi mestre de capela na Bahia e deixou um
importante “Te Deum” (1760); o mulato Luiz Álvares Pinto (1719-1789), nascido na
cidade de Recife. Mas sem dúvida o movimento musical mais importante ocorreu no
estado de Minas Gerais, coincidindo com sua preeminência econômica. Mais de mil
músicos reuniram-se nessa região. Nasce assim um importante movimento no qual se
destaca o maior compositor brasileiro da época colonial, José Joaquim Emerico Lobo de
Mesquita (1746-1805), importante autor de missas e motetes. Outros compositores
importantes foram Marcos Coelho Neto (filho) (1763-1823), que trabalhou
principalmente em Ouro Preto, autor de missas e do famoso “Maria Mater Gratiae”,
umas das peças mais célebres da música colonial brasileira; Francisco Gomes da Rocha
(1746-1808). Supõe-se que sua obra tenha sido numerosa, mas hoje são conhecidas
somente a Novena de Nossa Senhora do Pilar, de 1799, e as Matinas do Espírito
Santo, de 1795; Inácio Parreira Neves (1730-1793), autor, entre muitas outras peças, de
uma obra em língua vernácula: “Oratório ao Menino Deus Para a Noite de Natal”, de
1789; Antonio José da Silva (1705-1739), autor de comédias musicais que tiveram eco
em Lisboa.

Assim, a América entrava de maneira definitiva na história cultural da música do


Ocidente.

- Domenico Zipoli – Sonata para violino e BC, em lá maior.

http://youtu.be/O9d3e-sSgoc

- Domenico Zipoli – Ópera “San Ignacio de Loyola” –

http://youtu.be/ARlTk7UJjbs

9
- Marcos Coelho Neto – “Maria Mater Gratia”.

http://youtu.be/lfm6NKP--4U -Orquestra Sinfônica Brasileira, regência de Eduardo de


Guarnieri.

- José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita – “Antiphona de Nossa Senhora”

http://youtu.be/PolNCZfuIjE - Ars Nova, UFMG

- José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita – “Te Deum”

http://youtu.be/HxXGPYNjyLE - Orquestra de Câmara do Brasil & Ars Barroca

10

Você também pode gostar