03 Revista Litere Se
03 Revista Litere Se
03 Revista Litere Se
www.revistaliterese.com
[email protected]
[email protected]
Índice
6 Evento Multi
7 Concurso de Microcontos
8 Coluna : História da Estória
10 Recursos digitais para a criação de quadrinhos
12 Você quer fazer quadrinhos no Brasil?/
Vida e obra do cartunista mais famoso do Brasil
Agradeço aos escritores que cada vez surgem mais e mais com interesse em participar
de nossas edições. Sentimos muito orgulho de saber que existem muitas pessoas que-
rendo tocar o barco junto de nossa equipe.
É por nossos leitores e escritores que buscamos sempre oferecer o nosso melhor em
cada nova edição.
A Revista Litere-se está de cara nova em todos os sentidos. Todas essas mudanças
tanto no nosso visual como no conteúdo que trazemos a vocês é nossa infinda busca
por evolução e melhora para o escritor e leitor.
Puxe a cadeira, pegue aquela xícara de café e vem com a gente embarcar nesse mundo
dos quadrinhos!
Sintam-se em casa!
Perla de Castro
Editora Chefe
Escritores nesta edição
34 Ana Ferrari
32 Beatriz de Castro
29 Johan Henryque
30 Liliane Oliveira
23 Lisa Hallowey
37 Lisi de Castro
27 Madu Dumont
31 Mickael Alves da Silva
25 Omar Va Elabo
36 Pedro Cotrim
38 Perla de Castro
26 Thais Rocha
22 Washington Soares
Evento Multi
Contato: [email protected]
6
Concurso!!!
7
Coluna: A História da Estória
Curiosidade
Dentre as novas tecnologias que são A nossa segunda entrevistada, Letícia Pusti, é
desenvolvidas mais a cada ano, os quadrinhos e criadora do Another Art Book, que traz tirinhas
mangás também não ficaram fora deste meio sobre problemas do cotidiano, problemas so-
e ninguém melhor para comentar sobre o uso ou fridos pela maioria das pessoas e até mesmo
não desses recursos do que os próprios quadrini- textos de apoio para pessoas que estejam pas-
stas. Para este artigo, convidei três ilustradoras sando por algum tipo de difilcudade. Com uma
para darem sua opinião sobre o que mudou com linguagem leve e algumas brincadeiras. De
o uso dessas técnicas, seja para um lado positivo acordo com esta ilustradora, as novas tecnolo-
ou negativo. A primeira entrevistada, que atende gias para quadrinhos são mais positivas do que
pelo apelido de Haru, é formada em Artes Visuais negativas: “Acho que os recursos mais ajudam
e tem como foco o desenho mangá feito à mão. do que atrapalham, quando atrapalham é mais
As imagens feitas por ela ilustram sua saga de por falta de disciplina. As informações são mui-
livros, tendendo sempre para o estilo do mangá tas e constantes, independente da relevância,
japonês. Segundo ela, os recursos digitais foram por isso é importante saber filtrar. É do meio digi-
muito úteis em um momento importante do tal que surge muito conteúdo para o meu trab-
desenvolvimento do desenho: “Eu sempre gos- alho e é dele que vem 90% (ou mais) do retorno.
tei de fazer linearts, mas tinha dificuldade em Os memes surgem no meio digital, é praticamente
colorir. Nisso, os recursos digitais me ajudaram uma nova forma de se comunicar e se a gente sou-
bastante! Uso o programa Photofiltre para lim- ber usar bem eles, os assuntos em alta, isso pode
par e colorir minhas linearts. Então, desenho as ser revertido para atenção ao meu trabalho e a
linearts à mão, scaneio, e limpo e aplico as cores produção de vários outros artistas também, claro”.
pelo Photofiltre. Isso acelera muito o processo
além de deixar os desenhos mais padroniza-
dos”. Ela diz que embora esteja iniciando nesse
modo de criação de quadrinhos, indica o Photo-
filtre que é um programa gratuito e mais simples
que diversos outros disponíveis no mercado.
Ouvi essa frase no final dos anos 80 quan- vários eventos Nerds/Geeks existentes. E se o
do pedi um conselho a um artista experiente. autor não conseguir o financiamento, ainda tem
Numa época de transição antes da internet, os editoras que editam uma quantidade mínima
profetas do fim do mundo pareciam fazer senti- de vinte revistas. Isso sem contar que vermos
do. Algumas editoras estavam fechando, muitos cada vez mais grupos locais, alguns dando caras
artistas estavam desesperados e ninguém tinha regionais ás suas produções, outros apenas di-
bola de cristal para prever que nossa conversa vulgam seu lugar de origem, mas todas garan-
viraria futuro do pretérito. Poderia ter sido o tem a diversidade típica da cultura brasileira.
fim, mas não foi. Surgiram coletivos de artistas,
editoras independentes que publicaram uma Você quer fazer quadrinhos no Brasil?
nova leva de artistas, estúdios e agentes que ne- Se joga! Vivemos um bom momento em que
gociavam contratos com editoras do exterior e as supostas dificuldades de se fazer quadrinhos
a internet, o que não só mudou a forma como caíram por terra. Não dependemos de uma edi-
nos comunicamos como a forma como produzi- tora poderosa que seleciona uma suposta elite,
mos e divulgamos nossas ideias. Como bons ci- o que permite o surgimento de diferentes tra-
dadãos do mundo, passamos a consumir RPG, ços e narrativas e com um computador razoável
Mangá e “quadrinho europeu” da mesma for- você pode não só produzir seus próprios quadri-
ma que consumíamos tudo que já vinha pra cá. nhos como divulgá-los e até comercializá-los.
12
Vida e obra do cartunista mais famoso do Brasil
Maurício Araújo de Sousa, cartunista e empresário Em 2008, foi lançada a “Turma da Mônica
brasileiro, nasceu no dia 27 de outubro de 1935, Jovem”, com os personagens da turma do
em Santa Isabel, São Paulo, é filho dos poetas,
limoeiro agora com 15 anos, no original os
Petronilha Araújo de Sousa e Antônio Mauricio de
Sousa. personagens principais tem apenas 7 anos.
Maurício é mundialmente famoso por ser o cria- Essa versão vendeu mais de um milhão e
dor da adorada e inesquecível, “Turma da Môni- meio de exemplares, só as quatro primei-
ca”, tendo ganhado diversos prêmios por seu tra- ras edições. Ao todo, a turma já chegou a
balho, mais recentemente foi homenageado no 50 países, com mais de um bilhão de revis-
Jabuti 2015, sendo agraciado com um troféu feito
tas publicadas.
especialmente para ele.
O cartunista começou ilustrando pôsteres e car- Os prêmios recebidos pelo autor incluem,
tazes para os comerciantes de Mogi das Cruzes, a medalha dos Direitos Humanos em 1998,
onde viveu a maior parte de sua infância. Em que recebeu em mãos do presidente da
1956, mudou-se para a capital, e foi trabalhar época. Antes disso, em 1971, ganhou pela
para o Jornal da Manhã, local em que trabalhou revista Mônica, o Prêmio Gran Guinigi. No
por cinco anos, escrevendo reportagens policiais
mesmo ano recebeu o Trófeu Yellow Kid,
e fazendo ilustrações.
Em 1959, criou seu primeiro personagem, Bidu, o considerado o oscar dos quadrinhos. Tam-
cão do Franjinha. Foi uma tiragem em quadrinhos bém foi premiado com os, Prêmio de Liter-
semanais pelo Jornal da Manhã com “Bidu e Fran- atura Infantil da ABL em 1999, a Medalha
jinha”. Em seguida, outros personagens de Vermeil em 2008, etc. E em 2011 pelo
conhecidos foram surgindo, “Cebolinha”, “Piteco”, conjunto da obra ganhou o Prêmio Pulci-
“Chico Bento”, “Horácio”, “Astronauta”, entre out-
nella.
ros. A primeira revista da “Mônica” foi publicada
em 1970, pela Editora Abril, com mais de 200 mil
exemplares. Sousa migrou com seus personagens
para a Editora Globo em 1986, e em 2006 foi para
a Panini, sua editora atual.
“Em minha casa, todos contavam histórias, princi- Esses personagens tão aclamados pelo público
palmente minha vó Dita, que mesmo analfabeta, vivem, nas histórias, no bairro do Limoeiro, local
envolvia as crianças de Mogi das Cruzes, com sua onde protagonizam muitas de suas aventuras. Os
narrativa. Em comum com o Sítio do Picapau Am- mais conhecidos são: Cascão, o mais “sujinho” da
arelo, o universo da vó Dita tinha raízes no folclore turma, ele odeia tomar banho, o Cebolinha, bas-
e na fantasia”, conta Mauricio. Seu contato com tante engenhoso com seus planos infalíveis, um
a literatura infantil veio desde cedo como vemos de seus objetivos é derrotar a Mônica, mas sem-
em seu relato. Atualmente, é considerado um dos pre acaba apanhando de seu coelhinho Sansão. A
maiores formadores de leitores no Brasil, sua in- Magali, muito meiga e extremamente comilona,
fluência literária, em mais de 50 anos de trabal- e a personagem título, a maravilhosa, incrível,
ho, atinge milhares de crianças de todas as faixas líder do grupo, Mônica, sempre lembrada por seu
etárias. E Ele continua “Como Lobato, eu acredito comportamento marrento e dentes avantajados.
na força da literatura para construirmos o Brasil E esses são só alguns dos integrantes da Turma
que todos queremos. Acredito que um país se faz da Mônica, Mauricio conseguiu criar personagens
de crianças e histórias. Como o jabuti nas Reina- muito ricos, com suas diversidades estéticas e cul-
ções de Narizinho, temos a condição de vencer turais, tornando uma tarefa, quase impossível,
obstáculos e alcançar nossos objetivos como na- para o leitor não se identificar com pelo menos
ção. E não tenho dúvidas de que este Plano In- um de seus personagens.
falível começa nas páginas dos livros, que podem
ser antecedidas pelas histórias das avós, como
aconteceu comigo e com Chico Bento. Ou pelos Por, Emily Del-Vecchio
quadrinhos dos gibis, como acontece com
milhões de crianças brasileiras”.
Para o seu trabalho com a turma, Mauricio buscou
inspirações bem cotidianas. O paulista é pai de 10
filhos, e todos influenciaram alguns de seus per-
sonagens, inclusive a “Mônica”, que é inspirada
em sua filha, Mônica Spada e Sousa. Os demais
são, “Magali” inspirada em Magali Spada e Sousa,
“Nimbus” em Mauro Takeda e Sousa, “Do contra”
em Maurício Takeda e Sousa, “Maria Cebolinha”
em Mariângela Spada e Sousa, “Marina” em Ma-
rina Takeda e Sousa, as gêmeas “Vanda e Valéria”, Fonte* Folha de São Paulo.
em Vanda e Valéria Signorelli e Sousa, o “Profes-
sor Spada” em Maurício Spada e Sousa, e o mais
recente integrante do grupo é o “Marcelinho”
criado em 2015, inspirado no seu filho mais novo,
Marcelo Pereira de Sousa. O mais legal na con-
strução desses personagens é que eles possuem
traços das personalidades dos irmãos Sousa,
como o personagem “Do Contra” que é baterista,
Mauricio também toca bateria, e “Marina” quem
tem o seu lado artista nos quadrinhos, fora dos gi-
bis, a filha, Marina trabalha com o seu pai na parte
de artística do estúdio.
Entrevista
Ana Recalde é do Mato Grosso do Sul e residente
do Rio de Janeiro.
Começou como quadrinista no lançamento da
revista Patre Primordium, em 2009. Em 2011
iniciou a webcomic Beladona, que no final de
2014 se tornou livro através de financiamento
coletivo e ganhou o Troféu HQMix como melhor
webquadrinho de 2014. Também participou de
várias coletâneas como Quadrinhópole, Petisco
Apresenta, Clássicos Revisitados: Monstros Noir
e Feitiço da Vila. Atualmente é editora do selo
Pagu Comics.
13
Como você analisa o mercado editorial de Eu acredito que minha história influencia sim nas
quadrinhos nacionais e fazendo um balanço dos escolhas que eu faço como editora, assim como o
últimos cinco anos podemos ser otimistas para gosto pessoal. É complicado investir seu trabalho
o que vem pela frente? em uma obra que não se acredita. Eu sou muito
apaixonada por todos os títulos da Pagu. Mas eu
Ana Recalde : Em relação às artistas e editoras também sempre busco expandir os meus horizon-
eu fico otimista. Podemos ver dentro do próprio tes como editora e consumidora. Não dá pra parar
FIQ o crescimento de lançamentos. Outra forma de conhecer e pesquisar. Levar os quadrinhos a
fácil de medir é olhar para artistas brasileiros no sério e de forma profissional envolve dedicação,
Artist’s Alley da CCXP. Na primeira edição faltou até para apurar o próprio gosto e senso estético.
mesa e nosso espaço continua crescendo. Ver
que o investimento vai para outros lugares do
país, fora do sudeste também é empolgante. A Com o debate sobre o Jabuti incluir quadrin-
CCXP Tour tem tudo pra ser um arraso. hos na premiação, muito se falou de alterna-
Muitas editoras pequenas também surgiram tivas que pudessem incentivar o crescimento
nesses cinco anos! Nossa, artistas e editoras es- do mercado de HQ nacional. Qual sua opin-
tão fazendo um grande esforço pro mercado con- ião sobre assunto? Um prêmio exclusivo para
tinuar crescendo de forma saudável, ou seja, com mulheres seria valorização ou segmentação?
aumento dos leitores e de qualidade.
E o que vem pela frente continuará tanto quanto Ana Recalde : O prêmio Jabuti tem muito prestí-
a força de todos esses artistas independentes e gio, então incluir quadrinhos eu vejo como uma
editoras pequenas. Precisamos sempre ir des- boa forma de incentivo. Mas não acredito em
bravando esses espaços de consumidores e apre- um prêmio apenas para mulheres. Se tivéssemos
sentando o quadrinho brasileiro para um público uma diferença muito grande de formação entre
que ainda não o conhece. Mas não tenho grandes artistas mulheres e homens, não seria contra.
ilusões que isso será fácil, além de ser construído Porém, nenhuma das mulheres produzindo hoje,
no agora. Deve ser uma batalha travada todo o devem em nada para nossos colegas homens.
tempo. Os prêmios servem e ajudam muito na divulgação
de uma obra, então participar, ser indicada ou
Como leitora de quadrinhos quais são suas ganhar um prêmio adiciona um crivo ao leitor(a).
referências? E como suas referências e gosto Por isso acredito em investir nos prêmios que te-
pessoal interferem no seu trabalho de editora mos e estimular a diversidade de indicados e cat-
na seleção de novos artistas? egorias. Afinal temos um mercado de quadrinhos
enorme, é realmente impressionante a quanti-
Ana Recalde : Meu pai era colecionador de dade de títulos sendo lançados todos os anos.
quadrinhos, então desde muito cedo eu tive
contato com dois ramos bem interessantes, DC/ O que você pode adiantar sobre as novidades
Marvel e europeus. Lia muito Asterix, Turma da de 2017? E para quem sonha em fazer parte da
Mônica e Batman, ao mesmo tempo. Era uma equipe qual é melhor caminho para ser publi-
infância interessante (risos). Aos 18 anos con- cado pela Pagu Comics?
heci a obra do Neil Gaiman e posteriormente os
trabalhos japoneses. Todas essas influências são Ana Recalde : Nossa, milhares de planos! Bom,
muito vivas dentro da minha cabeça. Gosto tan- primeiro vamos terminar em 2017 os títulos at-
to de Sakura Card Captors quanto de V de Vin- uais da Pagu, completando 5 edições cada. Isso
gança. Depois fui conhecer mesmo o quadrinho vai ser legal de ler, pois é um universo compar-
brasileiro depois de 2009 e aí sim que meus hori- tilhado e vai dar as bases para uma história em
zontes se abriram para novos traços e histórias. conjunto para 2018.
14
Ainda em 2017 vamos publicar diversas autoras
que se inscreveram para a nossa convocatória
em histórias curtas, todas para ser lançadas em
dezembro. Além do lançamento do título novo,
Violeta.
Conheci o conterrâneo Moacy Cirne Poeta conhecido por ser um dos fundadores do
através do texto de um amigo em um site falan- poema-processo ao lado de Wlademir Dias Pino,
do sobre o poema-processo, e fui surpreendida Neide de Sá e Álvaro de Sá entre outros nomes
ao saber que esta vanguarda aconteceu no país (movimento derivado do concretismo que foi a
apenas no Rio de Janeiro e em Natal simulta- mais potiguar das vanguardas), se dedicou as
neamente. Há pouco tempo atrás em conversa narrativas gráficas e a poesia tendo escrito di-
informal com outro amigo descobri que Moacy versos livros sobre essas duas linguagens:
também havia sido o pioneiro em estudos de
quadrinhos no Brasil. E é por esse motivo decidi 1970- A explosão criativa dos quadrinhos|
escrever sobre ele na Litere-se edição especial 1975-Vanguarda: um projeto semiológico| 1979-
sobre HQ’s. A poesia e o poema do Rio Grande do Norte |
1979-Objetos Verbais | 1982- Uma introdução
Moacy Cirne nasceu em São José do Seridó - Na- política aos quadrinhos| 1983-Cinema Pax|
tal / Rio Grande do Norte (1943-2014), foi um 1988-Docemente Experimental |1990- História
poeta/escritor, jornalista, apaixonado por cin- e critica dos quadrinhos brasileiros| 1998-
ema, torcedor do fluminense, artista visual e Rio Vermelho | 2000- Quadrinhos, sedução e
um dos maiores pesquisadores das histórias em paixão|2003- Cinema Cinema | 2004- A inven-
quadrinhos no Brasil introduzindo o gênero nas ção de Caicó | 2006- A escrita dos quadrinhos|
Universidades. Foi professor (aposentado) do 2007- Poemas Inaugurais | 2013- Seridó Seridós,
Departamento Comunicação Social da Univer- foi o último livro lançado com memórias, fotos,
sidade Federal Fluminense, onde lecionou dis- poemas e listas de livros e filmes.
ciplinas sobre histórias em quadrinhos e ficção
cientifica. Editava e distribuía o fanzine de uma
única página, O Balaio Porreta.
16
Sua obra diversificada na linguagem dos quadrin-
hos procurou valorizar em suas análises, publi-
cações nacionais como “O Pererê”, de Ziraldo e
os personagens de Mauricio de Souza. Enquanto
muitos estudiosos relutavam em analisar a nar-
rativa dos quadrinhos, Cirne inovou sendo um
acadêmico da área de comunicação envolvendo
o tema da cultura de massa. Como Marxista ele
se empenhou em defender as produções artísti-
cas em geral como função social, relacionando
o fazer artístico com o materialismo histórico. A
sua contribuição foi muito importante contra o
preconceito de que os quadrinhos era uma lei-
tura superficial por ser dita como “mais fácil”.
“Hail, Midgard! Hail, filhos de Midgard! Hail a O suspense toma conta quando, por meio de
todos os Deuses!” uma votação da assembleia local, decidem
fechar os portões para que a praga não se alas-
Hail, meus queridos amantes das terras gélidas tre. Mas, enquanto os portões são fechados e
e de seus grandes guerreiros e das grandiosas a temperatura despenca, fica claro para todos
sagas!! que a verdadeira ameaça está dentro das mural-
has… Gunborg, um líder local, começa uma bru-
Trago a vós mais uma história dos povos nórdi- tal campanha de intimidação. Boris, o forasteiro
cos! com uma teoria sobre doenças contagiosas,
tenta resistir a ele. Os doentes são banidos e a
O que os senhores estão para ler retrata tensão só vai aumentando. Seria realmente a
a era em que estes povos dominavam as terras mortal praga o maior problema dos setecentos
de gelo, um conto muito bem explorado e cheio nórdicos do Volga?
de detalhes. Uma série da linha Vertigo, escrita
por Brian Wood (ZDM – Terra de Ninguém). Violência, fome, frio, mortes e motim. Brian
Wood explora de maneira criativa e incontes-
Na série Vikings (Northlanders) nos é mostrada tável a Era Viking sem falar nos estudos de anos
a difícil vida dos nórdicos, suas ideologias, siste- que realizou pra conceber estas obras de arte.
mas de comercio, navegações. Você não vera elmos com chifres ou homens
que só pensam em comer e realizar pilhagens.
Em A Viúva do Inverno (que traz as edições 21 São histórias meticulosamente bem escritas,
à 28 de Northlanders), acompanhamos uma co- com a linha de pensamento em seguir os pa-
munidade nórdica aos redores do rio Volga, por drões da época, porém, com histórias e perso-
volta de 1.020 d.C; que é assolada por uma pra- nagens fictícias.
ga, onde todos ou pelo menos em maioria, são A Viúva do Inverno é um conto de suspense nar-
adeptos da ideologia cristã (após anos de guer- rado pelo ponto de vista de uma solitária mãe e
ras), mas que ainda em seus íntimos, guardam sua filha de oito anos, que lutam para se manter
as antigas tradições e crenças pagãs. Hilda é a vivas em meio à adversidade.
protagonista e voz que narra o conto, uma bela Brian Wood (ZDM – Terra de Ninguém) e Lean-
e jovem mulher que teve seu marido levado pela dro Fernandez (Justiceiro MAX) nos brindam
peste. Ela e sua filha precisam sobreviver em com essa aventura épica, que traz uma aborda-
meio à doença contagiosa, ao rigoroso inverno gem criativa e original da Era Viking, marcando
que dura praticamente sete meses sem contar um dos melhores momentos da série Vikings.
os crimes e assassinatos dentro da comunidade. Vikings: A Viúva do Inverno é uma excelente lei-
Wood explora bem as características e personal- tura. E caso você também escute os conselhos
idade dos personagens principais, a ignorância dos Deuses, procure o encadernado da Vertigo
da época em relação às doenças, seguindo sem- e não se arrependerá.
pre suas morais religiosas, o ambiente e tudo
que pode acontecer e tudo com possibilidades
fortes e reais. Além disso, nos banha com a rica Por, Elves Botéri
história da época, com desenhos que ornam
com o tema, de Leandro Fernandez (artista de
Justiceiro Max) que faz jus ao
trabalho.
18
Perfil
20
Coluna: Contra Crítica
21
A Memória
22
Ele confere todos os seus materiais: lápis, borracha, grafite, papel, lápis de cor, régua. Coloca
na mochila, e vai para a aula.
****
Entra no prédio de cabeça baixa. Sobe as escadas e para por um momento no corredor, men-
talizando novamente seu plano. Caminha em direção a sala, e antes de entrar, olha primeiro
ao redor para ver se não havia ninguém pelos corredores, depois olha para a placa um pouco
acima da porta: Aulas de desenho em quadrinho. Um sorriso, meio que de lado, surge em sua
face. Calmo, entra e tranca à porta da sala, disfarçadamente.
“O senhor está atrasado!” – Repreende o professor, sem tirar os olhos da lousa.
Ele ignora as palavras, e vai para seu lugar no fundo da sala. Alguns dos alunos, o encaram
e começam a cochichar. Ele passa por eles. “Isso vai acabar hoje” – ele pensa, esbarrando em
uma das mesas de propósito, derrubando alguns lápis no chão. “Idiota” - diz o rapaz, de olhos
azuis que estava sentado ali. Ele não responde, e continua andando. Chega em sua mesa,
e senta-se, colocando a mochila no chão. O rapaz ainda o encara. E ele, para provocar, lhe
mostra o dedo. O rapaz ia se levantar para tirar satisfação, mas seu amigo que está do lado,
coloca a mão em seu ombro, e faz sinal com a cabeça, em direção ao professor. O rapaz,
então, permanece em seu lugar, voltando sua atenção para a aula. Ele observa, com um ol-
har de deboche. Espera alguns minutos, até ver todos distraídos. Pega sua mochila, e coloca
no colo. Abre o bolso da frente e tira um objeto. Dá um sorriso, e olha em direção ao profes-
sor, que está de costas, desenhando alguns círculos, no quadro, enquanto explica.
“Professor!” – Ele diz, com a voz calma.
O homem vira-se, encarando os alunos:
“Quem me chamou?”
“Eu...”
Bang... Bang...
Os alunos olham assustados. Gritos e desespero. De repente, silêncio...
****
Ele abre o caderno de desenho. Coloca os lápis de forma ordenada na mesa. E antes de
começar a desenhar seu HQ, vai até à frente da sala e ajeita a cena que planejou durante
todo o verão.
Seus “modelos” tem que estar perfeito, nada pode dar errado. Sete corpos banhados de
sangue. O professor sentado em sua mesa, e seus “queridinhos” ao lado, segurando seus ca-
dernos de desenho.
Sempre foi reprovado por aquele ser desprezível. Ele sempre dizia a ele, que seus personagens
não tinham “personalidade”. Que lhe faltava criatividade e talento. Pois iria lhe provar que
tinha muito talento e criatividade. Só era uma pena o professor não poder ver isso, já que
estava no inferno agora.
Claro que isso teria consequências graves, mas deixaria para pensar nisso depois. O impor-
tante naquele momento, era sua concentração em desenhar cada traço, cada detalhe sem
deixar passar nada. Aquilo seria seu legado para o mundo dos quadrinhos.
Ele admira a cena com um sorriso de satisfação. Vira-se para ir até sua carteira, quando ouve
um barulho. Olha para trás e vê um dos alunos mexendo-se. É aquele metidinho, “filhinho de
papai” de olhos azuis, que o chamou de idiota. Ele olha em sua direção. Os olhos do rapaz
estão arregalados de pavor.
celular e escolhe uma música: Dance Macabre – Scalene. Deixa o som invadir o ambiente.
Fecha os olhos, por um momento. Suspira, abrindo-os novamente, e começa a desenhar
sua obra de arte.
23
Ele olha sério para sua vítima, admirando o medo estampado naquele rosto todo sujo de
sangue. “A bala deve ter passado de raspão, e ele apenas deve ter desmaiado” - ele pensa. E
antes que o rapaz pudesse ter qualquer tipo de reação, ele tira o revólver do bolso do mo-
letom e dá um tiro certeiro no meio da testa. Os olhos azuis do rapaz se fecham para sem-
pre. Novamente, ele volta para perto dos cadáveres e ajeita a cena de novo. “Pronto, agora
sim está tudo certo” - diz, guardando a arma novamente. Retorna para sua mesa, pega seu
celular e escolhe uma música: Dance Macabre – Scalene. Deixa o som invadir o ambiente.
Fecha os olhos, por um momento. Suspira, abrindo-os novamente, e começa a desenhar sua
obra de arte.
24
Confidência
Múltiplas vertentes
derramam meus sentimentos…
Minha razão, decadente
impede-me de sintetizar tudo
que reside cá, por dentro
25
Pour Elise
Adentrou o palco sem ver. Não era a escuridão, ou a velha técnica de olhar o
infinito fingindo encarar a plateia. Não. Sua visão estava embaçada pelas pequenas
poças que se formavam embaixo de seus olhos. Toda a plateia lhe parecia uma única
massa disforme de seres respirantes. Aquilo importava? Não, não importava.
Posicionou-se em seu lugar no palco. Os braços delicadamente sobrepostos e
sustentados, a perna esquerda esticada atrás en croisé. A entrada delicada de Pour
Elise começou e passou então a se mover ao som dela, a contagem de oito um mero
fundo em sua mente, guiando seu tempo e seus passos.
Talvez fosse uma boa coisa, não conseguir enxergar a plateia. O que veria lá, afi-
nal? Entre as pessoas com rostos de admiração e paixão pela dança haveria o rosto
daquela pessoa.
Nunca achara Pour Elise uma música triste – era delicada demais, mimosa de-
mais para ser triste. Mas não agora. As notas pareciam rasgar sua carne por dentro,
passando por todos os outros órgãos até chegar ao coração. Será que ainda batia, ou
estava tão dormente que nem se percebia?
Graças ao treinamento impecável e ensaios intermináveis, seu corpo sabia
exatamente o que fazer, para onde ir, qual movimento executar. Ainda bem. As lágri-
mas rolavam por seu rosto, quentes, paralisadoras. Mas a expressão era impecável.
Será que as pessoas na primeira fileira conseguiam perceber seu choro? Provavelmente
não. Era um palco grande, e a coreografia fazia que estivesse sempre em movimento.
A música parou. Congelou-se em sua pose final por um momento. Sorriu ao
receber seus aplausos e se aproximou para agradecer ao caloroso público. Reconheceu
o rosto entre a multidão, um círculo nítido em meio ao borrão, longe, quase na saída.
Abriu um sorriso triste, mas não havia lágrimas nos olhos. Claro que não.
Levantou-se do agradecimento e saiu do palco. Em sua mente, apenas música
ecoava.
Pour Elise. Pour Elise.
26
Então, chegamos lá
28
Existência
Eu floresço em ti
30
Variáveis verdades
31
Heroína sem Quadrinhos
Depois daquele dia, os meus ideais ficavam cada vez mais confusos. Não
sabia o que era certo e errado mais e tive que permanecer forte nas múltiplas
vezes em que vi colegas se tornarem cada vez mais corruptos e se venderem.
Vi muitas coisas que me fizeram duvidar, ou se no final tudo seria entregue à
barbárie e tudo teria sido inútil. Até que um dia, em uma patrulha com um
colega desconhecido, encontramos um homem que estava assaltando uma
mulher e com a nossa chegada, usou-a como escudo para que não
atirássemos. Naquele momento, as palavras do policial que rira de mim volta-
ram a mim e congelei. O meu colega, entretanto, conseguiu atirar na perna do
assaltante e quando ele se dobrava em dor, corri, tirando a moça dos braços
dele, enquanto o meu colega o algemava. Mais tarde, procurei o policial que
estivera comigo e perguntei.
- Por que você atirou na perna dele e não em um ponto vital?
- Não é porque encontramos bandidos todos os dias que temos que nos tornar
como eles. Se um dia eu precisar tirar uma vida pelo bem maior, eu farei, mas
não se eu tiver outras opções.
Eu sorri para aquilo e pude acreditar novamente em nosso heroísmo. Podería-
mos, sim, fazer o que é certo e sempre há um caminho correto a percorrer, por
mais que seja o mais difícil.
33
Farol Vermelho
34
Aquele seria um bom momento para acreditar em destino e pedir para um
ser cósmico fazer com que nossos caminhos se encontrassem de novo.
Talvez nos encontrássemos algum dia em um shopping e ela diria: “você é
o homem simpático do carro ao lado?” para o que eu responderia: “ você é
a mulher simpática do carro ao lado?” e nós dois iriamos rir e então iriamos
tomar um café, e dentro de alguns meses estaríamos morando juntos e eu
estaria escrevendo meus votos de casamento e lembrando desse mesmo dia
em que paramos lado a lado no farol.
35
Des
36
Direção
37
Coração
Relicário
álbuns de foto
Debaixo do assoalho
Pisar nas memórias
Quem sabe elas adentram reverso
Pelas portas dos pés
Talvez faça mais sentido
Pois a cabeça falha não tem mais
juízo
38
Coluna: Escuridão Profunda e Vazia - Uma página sombria
“Se sair do quadrado que desenhei ali no chão da sala, enquanto tomo banho, o
Bode Velho vem te pegar”, diz a mãe.
Ao voltar, soltou um grito desesperado: em vez da filha no quadrante, havia a mar-
ca de um casco de bode.
39
Coluna: O lado agridoce da Poesia
Corrompida
40
Entrevista
Muito em breve a Luva Editora lançará sua primeira obra de Ficção Científica, o livro
Anacrônico, do autor Antony Magalhães. Enquanto o livro está em produção, confira
uma breve entrevista com Antony, em que ele fala sobre sua carreira, o Anacrônico e
mais.
42
Lançamento Luva Editora
43
Coluna : Contos, onde eu os encontro?
Vermelho Tomate
Seus olhos arderam diante daquele tom vermelho que cobriu a sua vista, as risadas invadiram
a sua mente, ele ficou desorientado e tropeçando nos próprios sapatos de bico largo caiu com
o rosto colado no assoalho de madeira. Mas o show tinha de continuar então ele enxugou o
salgado das lágrimas misturado ao molho rubro e disse – Nossa está muito temperado! – en-
quanto elevava o rosto para observar aquela plateia que se degustava de suas lagrimas – do
jeitinho que eu gosto – comentou lambendo os lábios e fingindo alegria apesar do líquido ver-
melho que borrava sua maquiagem. As vaias que se seguiram também não o intimidaram, ele
contou aquela anedota do “bêbado dançarino” e ouviu de alguém da plateia – conta aquela
do palhaço patético!
– e foi o seu fim, ele se viu em silêncio no meio da piada como se tivesse levado uma picada
de abelha (alérgico que era) – você acha que é fácil? – disse em resposta aquele estranho que
sequer conseguia localizar naquela sala pequena mas escura de bar – ficar aqui me expondo
apenas para tentar fazer você rir?
E assim mais uma noite terminava e ele voltava para casa de ressaca moral imaginando se
adiantava seguir esse caminho. Seu apartamento era tão pequeno que apesar de sua baixa
estatura ele tinha de se agachar. Foi imediatamente ao banheiro se encarar. O rosto sempre
cuidadosamente pintado maculado com aquele tom vermelho, foi aos poucos tirando a ca-
mada de tinta revelando o humano por de tras do artista lembrou que a sua mãe como toda
a boa genitora elogiava a sua aparência. Ele costumava ser um rapaz alegre na adolescência
do tipo que ria dos próprios problemas até que surgiu um que lhe quebrou o sorriso perpetu-
amente e o seu palhaço virou um personagem realmente bastante caricato do jeito que Jean-
nine gostava – faz o Poncho – pedia e ele imediatamente a atendia pintando o rosto com
tinta acrílica e sorrindo torto,
mas agora o que ela acharia do Ponchito? que se tornou um palhaço patético exatamente
como se referiu o desconhecido.
Ele tirou a roupa, ligou o chuveiro e enquanto aquela água fria envolvia seu corpo lembrou
da última vez em que viu Jeannine. Foi em uma noite fria e de chuva e eles discutiram, não se
lembrava exatamente quais as palavras dela, apenas de seu rosto angustiado e ele sabia que
não importava a piada que contase não iria provocar nela aquele mesmo sorriso de tantas
vezes. E nunca mais soube dela. É engraçado como um – até logo – pode soar como um –
adeus – talvez não fosse engraçado mas ele como palhaço que era nunca perdia a oportuni-
dade de contar uma piada mesmo que fosse para si mesmo.
E quando deitou na sua cama envolvido pelo lençol foi como entrar em uma lona de circo.
Em seus sonhos ouvia as pessoas conversando ansiosas pelo seu número, escutou o an-
fitrião devidamente caracterizado com seu terno desbotado anunciar – Com vocês o filho de
Pirro nosso querido Ponchito! – ele então avançou orgulhoso de si mesmo e reverenciou o
seu público que o recebeu aos aplausos ansioso pelo que ele iria lhes apresentar essa noite. A
cada piada que desferiu ouvia alto o som das risadas escandalosas que chegava a balançar o
picadeiro a elas se misturaram aplausos quando ele usando de uma habilidade malabarística
se pos no ar feito um ginasta enquanto fingia estar tonto de bêbado e quando foi executar o
salto novamente rompeu a lona e ouviu o som de rasgar. Então percebeu o buraco que fizera
em seu lençol enquanto dormia o despertador ainda não apitará, apesar do sonho bom ele
não tinha vontade de voltar a dormir.
44
Saiu da cama e começou a sua rotina, ensaiava as falas com o rosto já maquiado de
frente para o espelho treinando ao mesmo tempo as caretas, um palhaço precisa ter os
músculos faciais tão elásticos quanto uma massinha de modelar. Fingiu um sorriso, na
verdade, fazia tempos em que não abria um sorriso que não fosse mecânico mas sentia
tamanha satisfação em seu trabalho que apesar de tudo, de todos os tomates não conse-
guia se imaginar em outro papel e bem – Tomate faz bem pra pele – disse e repetiu com a
cara marcada de vermelho para a parca plateia daquele mesmo estabelecimento que dessa
vez riu e este pode então prosseguir com as suas anedotas por que até mesmo para ele a
vida se tornará dramática demais.
45
Entrevista
46
afirmaram ter interesse em adquirir meu futuro Para uma segunda tiragem ou um novo livro, con-
livro, reuni o material para a publicação e comecei tinuaria de modo independente, ou procuraria uma
a fazer orçamentos. editora? Recomenda o self-publish?
Quando o banco de dados atingiu um número de
pessoas que já era suficiente para pagar a tiragem Jean: Já negociei com a Madrepérola a segunda tira-
foi o momento em que senti segurança para poder gem do meu livro, que provavelmente ficará pronta
efetivamente lançar o livro. no começo de março. Também tenho ideias para
As mídias sociais são de extrema importância. Sem publicar um novo livro ainda este ano, mas ainda
elas eu acredito que nem estaria escrevendo até não sei como será a publicação. Quanto ao modo
hoje. O apoio dos leitores e as mensagens que de publicação, acredito que não há uma fórmula
recebi e recebo até hoje sempre servem para in- que se aplique atodos que pretendem publicar. Há
centivar a produção. E como as mídias sociais são métodos que funcionam melhor em um caso, há
os principais veículos de comunicação contem- outros que funcionam melhor em outros. Cada au-
porâneos, encontrei nelas a melhor forma de dis- tor deve considerar quais são as suas necessidades
seminar meu trabalho. e possibilidades e depois procurar a melhor forma
Praticamente todas as vendas foram feitas pelas de suprí-las.
mídias. As pessoas entravam em contato comi-
go, eu informava os procedimentos de compra e
fechávamos por ali mesmo. Inicialmente eu usava Por, Diego Guerra
o Mercado Livre para poder proporcionar paga-
mentos em boleto e cartão, mas atualmente faço
isso pelo PagSeguro. Os livros estão à venda em
apenas uma livraria, numa cidade da minha região.
47
Resenha - J.R.R. Tolkien ~ O Senhor da Fantasia
Em comemoração aos 125 anos do nascimento de J.R.R. Tolkien, a editora Darkside resolve
dar de presente aos fãs uma edição mais que especial, lindíssima e luxuosa em capa dura
num tom verde com uma aparência rústica e um pôster exclusivo da terra média.
O livro é um relançamento da biografia de Tolkien escrita por Michael White que a editora já
havia lançado em 2013.
Essa biografia em especial contou com uma rápida participação da equipe do site Tolkien
Brasil fornecendo informações sobre a bibliografia, aspectos da vida de Tolkien e detalhes.
Por isso vale muito mesmo a pena ler o livro e tê-lo já que esta edição está mais para um
presente para os leitores que o livro em si.
Segundo o jornal “The Independent” esta biografia apresenta Tolkien como alguém vivaz e
amante do riso...uma biografia cativante.
Essa edição comemorativa de 125 anos é limitada e só estará a venda nas lojas Submarino e
Americanas.
48
Quem é Michael White?
Michael White é autor de mais de 20 livros e ex-editor de ciências da revista britânica GQ e coluni-
sta do Sunday Express em Londres. Entre suas obras estão os Best-Sellers internacionais Stephen
Hawking - Uma vida para a ciência, biografia sobre C.S Lewis, Maquiavel, Galileu e Isaac Newton.
J.R.R. Tolkien
Sou completamente suspeita para falar de Tolkien porque sou fã de suas obras desde os 9 anos de
idade. Mas me atrevo mesmo assim pois acho que como fã e como resenhista posso ser a porta voz
de muitos de vocês leitores.
Eu e você fã de Tolkien ou você que só ouviu falar ou que está conhecendo mais desse escritor
fantástico sabemos que as obras dele ainda impressiona e influencia milhares de mentes por todo
o mundo. Existe uma diversidade infinda de pessoas que admiram as aventuras pela terra média ou
que alguma vez já sonhou em viver as aventuras de O Hobbit com Frodo e seu Tio Bilbo no con-
dado. Quem nunca quis ter uma amigo fiel como Sam ou andar pelas terras dos Elfos, lutar com
dragões ou mesmo carregar o anel.
O que talvez vocês nunca pararam para se perguntar ou mesmo pensar é...quem será Tolkien?
Sabemos que foi ele quem escreveu todas essas histórias fascinantes e que por inúmeras vezes me
fez viajar para a Terra Média e muitos de vocês também...mas quem era ele? Como se tornou esse
gênio da Literatura Fantástica, o Senhor da Fantasia e influenciou e influencia tantas gerações?
Ele foi Professor meus caros, e um dia corrigindo provas, inclinou-se para trás em sua cadeira e
olhando em volta da sala, de repente, seus olhos foram atraídos pelo carpete próximo a um pé da
mesa. Ele observa um minúsculo buraco no tecido e fixa-se nele por um longo momento, sonhando
acordado. Então ele volta a atenção para o papel à sua frente e começa a escrever: “em uma toca
no chão vivia um hobbit...” e assim dá inicio a essa história fantástica que abre as portas para o
mundo que nos foi apresentado como O Hobbit, Silmarillion e O Senhor dos Anéis e Contos Ina-
cabados.
Tolkien dedicou mais de 60 anos de sua vida para esta criação única.
Mas quais foram as influências que desencadearam a criação? E o que manteve Tolkien imerso e
absorvido por tanto tempo?
Essas questões são complexas e alguns aspectos, difíceis de explicar, mas devemos ao menos tentar
seguir o pensamento de Tolkien e procurar as raízes e os estímulos. (pg 81)
Um dos aspectos mais surpreendentes da mitologia de Tolkien é que, como as antigas tradições nas
quais se baseava, ele descreve um mundo destituído de cristianismo. A Terra Média é um mundo
que, em linguajar cristão, havia ‘caído em desgraça”, mas não havia se redimido. Em outras pala-
vras, é o mundo da primeira infância de Tolkien, um tempo e um lugar anterior ao encontro de sua
mãe com a igreja; Sarehole talvez, ou Bloenfontein, mundo no qual sua mãe é jovem e saudável,
um mundo onde eles estão juntos. Em seu subconsciente, a cada noite em que Tolkien retomava
seu manuscrito, a cada noite que deslizava o papel por sua máquina de escrever, ou começava uma
ilustração com tinta e aquarela, ele retornava para os braços de sua mãe. Mas quem poderia cen-
surá-lo? A morte de sua mãe e suas razões foi algo inconsciente, isso não iria nos dar apenas a Terra
Média pois ele encontrou a força para seguir a diante em seu escritório tarde da noite pois retorna-
va ao começo de sua infância moldando uma mitologia inteira, produzindo personagens e enredos
convincentes e então estruturar uma vasta variedade de material da forma mais legível possível. (pg
86, 87)
49
Essa Biografia conta a vida até a morte de Tolkien em detalhes fascinantes os quais nos causa ainda
mais admiração pelo professor que nos cativou com sua Literatura Fantástica.
Deixo a curiosidade de vocês aguçada para que o que mais quiserem saber sobre esse grande Escri-
tor e essa obra maravilhosa vocês possam conferir no Livro.
50
Lançamentos
51
Indicação
52
www.revistaliterese.com
Abril 2017