Dunas

Fazer download em doc, pdf ou txt
Fazer download em doc, pdf ou txt
Você está na página 1de 57

Dunas

         

  Localização e Caracterização
  Fauna e Flora

Localização e Caracterização             


 
Dunas são pequenas elevações de areia formadas pelos ventos que vêm do mar.
Os ventos carregam a areia fina até que as dunas venham a ser estabilizadas por
vegetação pioneira.

As dunas costeiras formaram-se durante os últimos 5.000 anos pela interação


entre o mar, o vento, a areia e a vegetação. As correntes marítimas litorâneas
transportam grandes quantidades de areia. Parte destes grãos são depositados nas
praias pelas marés altas. A areia acumulada é transportada pelos ventos
dominantes para áreas mais elevadas da praia.

Esse complexo ecossistema estende-se por 600 km no litoral gaúcho, desde o


Arroio Chuí, ao sul, até o Rio Mampituba, ao norte, formando o maior sistema de
praias arenosas do mundo. As dunas servem de barreira natural à invasão da água
do mar e da areia em áreas interiores e balneários. Também protegem o lençol de
água doce, evitando a entrada de água do mar.

Fauna e Flora             

Fauna

A fauna é um pouco escassa neste ambiente, devido a altas taxas de salinidade,


baixas taxas de umidade, instabilidade térmica; sendo assim, poucos animais são
adaptados a este hábitat. Um exemplar típico é tuco-tuco, que é um pequeno
roedor que habita galerias escavadas nas areias. Caules e raízes da vegetação
nativa compõem sua alimentação.

Alguns animais vivem em tocas, como o Ocypode. Ainda podemos encontrar


bactérias e larvas de insetos, como a libélula.

Flora

Nas dunas há uma vegetação nativa, composta principalmente por gramíneas e


plantas rateiras que desempenham importante papel na formação e fixação das
dunas.

São plantas adaptadas às condições ambientais, com extremas quantidades de


salinidade, e ao atrito dos grãos e movimentos de areia.

A medida que a vegetação pioneira cresce, as dunas ganham volume e altura.


Com o passar do tempo, outras plantas colonizam o local, mantendo o equilíbrio
ecológico e a estabilidade do cordão de dunas litorâneas. Podemos encontrar uma
grande quantidade de espécies pioneiras, como o cipó-de-flores, entre outras.
Resolução mínina de 800 x 600 © Copyright 2000 - Todos os direitos reservados.
É proibida a reprodução do conteúdo desta página sem autorização do ambientebrasil.

Índice :

- Organização e participantes
- Resumo do projecto
- Aula teórica
- 1ª Saída de Campo
- 2ª Saída de Campo
- Famílias na Meia-Praia
- Trabalhos produzidos
- Fotografias

Trabalhos Produzidos

Os alunos participantes neste projecto revelaram-se uns verdadeiros repórteres!


Uma das actividades da aula teórica consistiu na elaboração de pequenas notícias
sobre as dunas, e os resultados merecem ser lidos:

Turma 7º F EB 2,3 nº1 Lagos

No dia 22 Abril de 2005, pelas 11:40 um grupo de turistas reparou que as dunas
estavam poluídas porque algumas pessoas não as respeitavam. Então decidiram
contribuir, colocando mais baldes do lixo e placas informativas.
Autores: Elizabete, Tatiana, Marisa, Vanessa

Chorão – o “Impiedoso”
Hoje, dia 22 de Abril, foi descoberto que o desenvolvimento em excesso do chorão
resulta na destruição de uma vasta quantidade de ninhos de Andorinha-do-mar-anã,
espécie que agora é considerada em perigo de extinção. O governo está a tomar
medidas imediatas e está a sinalizar as zonas com chorões para que as pessoas
possam ver esta praga.
Autores: Hugo, João, Fábio

Ontem à tarde os alunos da escola foram proteger as plantas que são típicas das
dunas, fizeram uma plantação e colocaram uma rede à volta para as pessoas não
pisarem.
Autores: Edelene, Cindy, Catarina

Notícia de última hora - Destruíram as dunas de Lagos


No dia 8 de Março, pelas 23h, o presidente da Câmara de Lagos, Sr. Hugo Hortelã,
destruiu as dunas para construir habitações para ganharem dinheiro. Agora a
população está revoltada e pede que seja feita qualquer coisa porque sem dunas não
há turistas.
Autores: Francisco, Wilson

Grande Manifestação na Câmara Municipal


No dia 4 de Julho houve uma grande manifestação em frente à Câmara Municipal.
Um grupo ambientalista manifestou o seu descontentamento devido à construção de
casas em cima das dunas. Esta situação está a destruir a fauna e flora que lá
existem. A manifestação tem o propósito de acabar com esta construção. Esperamos
que esta notícia sensibilize o leitor.
Autores: Andreia, Joana, Filipe, Tânia, Pedro

Invasão do Homem nas dunas e revolta da população


Ocorreu uma destruição nas dunas no dia 20 de Abril de 2001, porque o Homem
queria fazer casas, hotéis e vivendas nas dunas. Quem ordenou foi o governo para
receber mais turistas. Mas a população resolveu manifestar-se para que não haja
mais destruição das dunas. Porque os animais que lá existem estão adaptados ao
meio em que vivem, e a invasão do homem faz com a vida que lá exista seja
destruída.

Turma 7º E EB 2,3 nº1 Lagos

Os alunos junto com a Câmara Municipal, no dia 1 de Junho fizeram um estudo sobre
a protecção e a destruição das dunas. No entanto, chegaram à conclusão que as
dunas não têm protecção suficiente. Viram vários ninhos e plantas destruídas. Para
ajudar, os alunos contribuíram na limpeza das dunas, porque queriam ajudar o
ambiente.
Autores: Inês Gomes, Ana Teresa, André, Rogério

No Verão do ano passado os turistas apanharam camaleões na Meia-Praia. E agora


cada vez há menos camaleões, estão assim a desaparecer e estão ameaçados.
Autores: Carla Pinto, Sara Felosa, Vera Araújo

No dia 1 de Junho de 2005, a escola EB 2,3 nº 1 de Lagos dirigiu-se à Meia-Praia e


fez um estudo sobre dois animais que vivem nas dunas que são a chilreta e o
borrelho. Este estudo contribuiu para ajudar as associações SPEA e A Rocha no
estudo sobre as dunas.
Autores: Ana M., Ana C., Filipa

No dia 17 de Maio de 2004 deu-se uma destruição das dunas na Meia-Praia por
causa da Câmara Municipal deixar construir mais casas. Os alunos decidiram ajudar
a limpar as dunas.
Autores: Dário Araújo, Fábio Eugénio, Tiago, Fernanda Melo
Turma 6º E EB 2,3 das Naus Lagos

Os da weasel tinham acabado de fazer o concerto sábado à noite em Lagos e foram


dormir para as dunas da Meia-Praia. De manhã o Borrelho-de-coleira-interrompida
não os deixou dormir. Levantaram-se furiosos e pisaram os ninhos
Autores: Francisca, Rui, Ivan, João, Carlos

Jornal Dunas Choque – notícias de última hora


Principal suspeito presta declarações
“ Eu só os quero proteger. Explora-los e ver qual é o seu comportamento”
José Diogo, foi descoberto a tirar camaleões do seu próprio meio natural para colocá-
los na sua habitação, embora os queira proteger. Este crime foi cometido no dia 8 de
Abril pelas 17:43 nas dunas da Meia-Praia. José Diogo é aluno da escola EB 2, 3 das
Naus.
Autores: Luciana, Soraia, João Diogo, Vanessa, Maria

Notícia de última hora


Ontem à tarde, várias pessoas pisaram os ninhos nas dunas da Meia-Praia. Este
acontecimento deve-se à ausência de passadeiras, e tem como consequência a
destruição de vários habitats. Os estudos feitos pela DRAOT comprovaram que, se os
ninhos continuarem a ser destruídos, no ano de 2609 não haverá mais aves típicas
das dunas. A câmara Municipal garante que serão colocadas passadeiras nessa área.
Autores: José Diogo, Mário, Carolina, Joana, Inês, Floriane.

No próximo Domingo, dia 24 de Abril às 7:30, os alunos da escola das Naus, com a
ajuda da Câmara Municipal de Lagos, a associação ambientalista e a DRAOT vão
realizar o arranque de plantas exóticas na Meia-Praia com enxadas e pás. Esta
actividade deve-se aos problemas que elas provocam: não fixam as areias nas dunas
e são uma praga, evitando o crescimento de outras plantas que são indispensáveis
às dunas.
Autores: Joana Pires, Catarina, Ana, Joana, Verónica, Luís Carlos

----------------------------------
Turma 6º C EB 2,3 das Naus Lagos

No dia 25 de Abril, os alunos da escola EB 2, 3 das Naus vão até às dunas tentar
fazer uma campanha de sensibilização, para que os cidadãos de Lagos nãos
destruam os ninhos das aves nidificantes nas dunas, porque algumas dessas aves
são espécies raras, que só nidificam nas dunas de Lagos.
Autores: Joana, Rodrigo Silva

No mês de Abril, a Câmara Municipal de Lagos fez um projecto para colocar os


passadiços na Meia-Praia e fez uma campanha de sensibilização para as pessoas não
andarem em cima das dunas. Os trabalhadores da câmara andarão de porta em
porta para sensibilizar as pessoas.
Autores: Maria Jeus, Tatar Cristina, Yevgeniya

------------------------

EB1 nº1 de Lagos


O crime dos ninhos
No dia 25 de Abril às 23:15 houve uma destruição de ninhos na Meia-Praia. Foi uma
velhota chamada Miraldina, que cometeu este crime, porque a casa dela era lá muito
perto dos ninhos e fez isso para não ouvir os pássaros a piar. Foi com uma pistola e
com uma bengala e assim nunca mais os ouviu piar.
Autores: João Carlos, Lúcia Silva, Andreia Gonçalves

Limpeza as praias
No dia 25 de Abril de 1974, o Bruno Duarte, um colega da escola, fez um crime. O
que aconteceu foi que à meia-noite, na Meia-Praia, poluiu a praia com cigarros e
pacotes. Foi um crime, uma pessoa que gosta de poluição e que não tem
sentimentos.
Autores: Matilde Sambado, Madalena Sambado, João Ricardo, José Correia, Bruno
Duarte

No Domingo, às 16:00 na Meia-Praia o meu tio apanhou um camaleão e não devia


ter apanhado. A partir desse dia, passou a ser um criminoso de animais, de 1ª
classe. Mais conhecido por misterioso. Ele não deve apanhar camaleões porque eles
estão em via de extinção.
Autores: Ana Rita, Joana Filipa, Angelina Varda

O arranque de chorões
No dia 25 de Abril, os alunos foram arrancar chorões, porque não se aguentavam
nas dunas. E ao fazer isso estão a ajudar as dunas porque os chorões ocupavam
muito espaço e não deixam as outras plantas terem espaço nenhum. E assim vamos
continuar a ajudar a dunas e as outras plantas de lá.

Autores: Miguel Custódio, Gimberley, Joana Rita, Elliot, Ana Paula

Na tarde de 25 de Abril às 17:00, uma associação ambientalista limpou o lixo que as


pessoas deixam e as plantas estragadas, com uma pá e uma vassoura. Esta
associação de ambiente limpou as praias porque assim os animais e plantas podem
viver com alegria e em paz.
Autores: João Augusto, Adriano Filipe

EB1 da Praia da Luz


Colocar de passadeiras
No mês de Janeiro, os alunos do 4º ano da escola da Luz e a Direcção Regional de
Ambiente e Ordenamento do Território do Algarve colocaram passadeiras nas dunas
da Meia-Praia. Colocaram as passadeiras para as pessoas passarem sempre pelo
mesmo sítio. Assim, protegemos as dunas, os animais e plantas que lá vivem.
Autores: Mário Maurício, Renato Correia, David Moisão, Alexandra Bass.

Proteger os ninhos
No mês passado mês de Junho, mil alunos do 1º ciclo do concelho de lagos foram à
Meia-Praia proteger ninhos, colocando placas dizendo: CUIDADO CEGUETAS NÃO
PISEM OS NINHOS DAS ANDORINHAS-DO-MAR-ANÃ E DO BORELHO-DE-COLEIRA-
INTERROMPIDA!!!

No dia 9 de Maio, os alunos do agrupamento nº1 de lagos, foram à Meia-Praia


arrancar os chorões. Eram 72 alunos que com o apoio da Câmara Municipal de Lagos
arrancaram uma parte dos chorões, porque estavam a ocupar espaço e a matar as
outras plantas, mais importantes para as dunas.
Autores: João Arribanço, Jéssica Gomes, Tiago Duarte

Quando as pessoas vão às praias pisam as dunas, mas isso acabou porque a escola
EB1 da Luz construiu 2 passadeiras em cada concelho do Algarve. Colocaram as
passadeiras para as pessoas não pisarem as plantas das dunas do distrito de Faro.
Autores: Sérgio Toma, Lucas Jesus, Pedro Batista, Tiago Alves

No dia 28 de Abril de 2005, fomos às dunas da Meia-Praia arrancar chorões. Foi o


Domingos, a Carolina e a Catarina que quiseram arranca-los porque eles tiram
espaço às plantas lá existentes, que são muito importantes. Não plantem chorões na
Meia-Praia.
Autores: Carolina, Domingos, Catarina

EB 1 da Meia-Praia

Hoje, dia 26 de Abril tivemos uma aula diferente, estivemos a falar sobre as dunas e
as suas aves. E vimos imagens de aves que não conhecíamos. Veio à nossa escola
uma senhora chamada Rita que veio ensinar-nos coisas sobre as dunas. E
aprendemos que devemos proteger os animais e as plantas que lá vivem.
Autores: Dário, Nádia, Ivanbolho

Hoje, dia 26 de Abril, na escola da Meia-Praia tivemos uma aula diferente. E foi
muito divertido, estivemos a aprender como se trata o ambiente.

Veio uma senhora da Câmara Municipal de Lagos explicar-nos que é muito


importante saber proteger as dunas, porque há aves que põem lá os seus ovos e
também lá vivem algumas plantas.
Autores: Mauro Espada, Fábio Ferreira

No Verão eu vou à praia tomar banho e para ir tomar banho, eu piso as plantas das
dunas. Assim, estou a destruir as plantas. Em vez disso tenho que ir pelas
passadeiras que existem nas dunas.
Autores: Márcio, Cátia

A Câmara Municipal de Lagos está a proteger os ninhos das aves que têm lá os seus
ninhos. Puseram uma corda à volta para as pessoas não destruírem e partirem os
ninhos.
Autores: Cintia Espada, Alexandre Espada

Hoje, dia 26 de Abril, tivemos uma aula diferente porque veio uma senhora chamada
Rita, que nos veio ensinar como é importante proteger as dunas, porque lá vivem
aves que fazem lá os ninhos e algumas plantas.
Autores: Milton, João

No Verão os turistas apanharam camaleões das dunas da Meia-Praia para cuidar


deles. Mas a casa dos camaleões é nas dunas e não na casa das pessoas. Nós
achamos que deviam proteger os camaleões.
Autores: Luís, Gonçalo, Amado

Eu hoje vi aves nas dunas a fazerem o seu ninho. Vou dizer a alguém para os
proteger do mal, para não destruírem os ninhos e os ovos.
Autores: Daniel Nascimento

No Verão, a escola da Meia-Praia, protegeu os ninhos nas dunas da Meia-Praia. Eles


disseram que gostavam da maneira como os pássaros faziam os ninhos. Nós já
vimos uma Andorinha-do-mar-anã a fazer um ninho nas dunas da Meia-Praia.
Autores: Amélia, Pedro

EB1 nº 3 de Lagos

No dia 29 de Abril de 2005 os alunos e a Câmara Municipal de Lagos fizeram uma


campanha de sensibilização para as dunas da Meia-Praia, para proteger o camaleão.
Este animal está a ser ameaçado e para as pessoas perceberem isto (a sua
protecção) anunciaram com placas, cartazes, etc.
Autores: Catarina Baião, Fernanda, Raquel, Michaela
4º C EB1 nº3 de Lagos

No dia 2 de Maio de 2005, os alunos e a Câmara Municipal de Lagos fizeram uma


campanha de sensibilização, contra a plantação de plantas exóticas. Esta acção
passou-se na Meia-Praia, porque estas plantas exóticas ocupam muito espaço
enquanto outras plantas típicas poderiam estar no lugar delas.
Autores: Cristiana, Ana Rita, Micoelo Chirila, Sara.
4º C EB1 nº3 de Lagos

No dia 29 de Abril de 2005, os alunos foram à Meia-Praia colocar pontes e passadiços


para proteger as Andorinhas-do-mar-anã porque elas têm lá os ninhos e as pessoas
ião destruíam tudo.
Autores: Jessica, Catarina, Elisabete, Marcelo, Alexandre
4º C EB1 nº3 de Lagos

No dia 25 de Abril de 2005, a Câmara Municipal de Lagos, com a ajuda dos alunos do
4º ano, colocou passadeiras para não pisarmos as plantas que lá existem.
Autores: Rubem, David, Diogo
4º C EB1 nº3 de Lagos

Índice :

- Organização e participantes
- Resumo do projecto
- Aula teórica
- 1ª Saída de Campo
- 2ª Saída de Campo
- Famílias na Meia-Praia
- Trabalhos produzidos
- Fotografias

Organização e participantes

Organização:
- Câmara Municipal de Lagos
- Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA)

Responsáveis:
Carolina Bloise,Rita Silva e Vanda Miravent (sócias da SPEA)

Colaboração:
Associação A Rocha

Financiamento:
- Câmara Municipal de Lagos

Participantes:
231 alunos, das seguintes escolas do concelho de Lagos:

Escolas:

- EB1 Nº1 de Lagos (4º ano, Prof.ª Ana Cristina Lopes)


- EB1 da Luz (4º ano, Prof.ª Ana Silvério)
- EB1 Nº3 de Lagos (4º ano, Prof.ª Elisabete Barata)
- EB1 da Meia Praia (4º ano, Prof.ª Tânia Marreiros)
- EB2,3 das Naus de Lagos (5ºC, Prof. Alexandre Nunes; 6ºC, Profs. Rogério Pires e
Manuela Abreu; 6ºE, Profs. Filomena Carmo e Manuela Sota)
- EB 2,3 Nº 1 de Lagos (7ºA, Prof.ª Madalena Silva; 7ºE e 7ºF, Prof.ª Ana Cláudia
Canas)

Topo

Resumo do projecto
Este projecto decorreu de Abril a Junho de 2005 e teve como tema as dunas da
Meia-praia. Estas dunas constituem um exemplo típico de um cordão dunar litoral,
que forma uma barreira natural entre o estuário e a baía de Lagos. É habitat para
muitas espécies de fauna e flora, algumas das quais endémicas. À semelhança da
maior parte da linha da costa algarvia, as dunas da Meia-praia têm sido alteradas, e
muitas das vezes destruídas, quer por factores naturais (por exemplo a erosão), mas
sobretudo por factores humanos, como o urbanismo desordenado, o pisoteio, a
introdução de exóticas, entre outros. Estes e outros assuntos foram trabalhados
pelos alunos envolvidos, ao longo de 3 sessões (cada turma), divididas entre 1 aula
teórica e duas saídas de campo ao local de estudo.

Algumas das acções dinamizadas no projecto foram integradas num estudo realizado
pela associação A Rocha, e que visou a monitorização da nidificação da Chilreta e do
Borrelho-de-coleira-interrompida e a aplicação de medidas de conservação para
estas duas espécies. No final foram promovidas actividades para os familiares dos
alunos, num grande encontro no início de Junho de 2005.

Topo

Aula teórica
- O que são dunas?
- Como se formam as dunas?
- Importância das dunas
- Fauna e flora das dunas
- Actividades positivas e negativas que ocorrem nas dunas
- Elaboração de notícias

1ª Saída de Campo

Animais das dunas:

 Insectos
 Aves e mamíferos
 Borrelho-de-coleira-interrompida e Chilreta: espécies a proteger!
 Bivalves e as suas conchas
A 1ª saída de campo teve como objectivo de dar a conhecer a fauna e decorreu
com várias actividades, todas elas práticas e de descoberta, para envolver os alunos
na observação e contacto directo com a diversidade de espécies animais que
habitam as dunas.

Começando pela duna secundária, foi aí que teve lugar a actividade sobre os
insectos. Os alunos tiveram que capturar insectos de diferentes espécies (e mantê-
los vivos e bem tratados para depois os devolver à natureza!). Escaravelhos,
borboletas, libélulas, formigas e gafanhotos, são alguns exemplos dos muitos
insectos encontrados. Foi contabilizado o número total de espécies diferentes de
cada grupo de insectos e analisado o seu habitat e comportamento. Para os
escaravelhos, o grupo de insectos com mais espécies encontradas, foram observadas
as adaptações específicas para a vida nas dunas: forma das patas, forma das asas e
comportamentos adaptados a um meio com muito calor e pouca água.

Escaravelho "Corta-unhas" na areia.

Escaravelho verde a alimentar-se na espiga do estorno.

A segunda actividade, sobre as aves e mamíferos, decorreu no caminho para a duna


primária. Durante o percurso os alunos tiveram que procurar e encontrar vestígios
de aves e mamíferos: pegadas, excrementos, penas, etc.

Foram encontrados diversos vestígios de Coelhos, Cotovias, Poupas, Maçarico-


galego, Cães (fora dos trilhos...) e, já quase junto à praia, as pequenitas pegadas do
Borrelho-de-coleira-interrompida. Este último, sendo uma ave que
nidifica nas dunas, por vezes foi possível de observar ao longe,
juntamente com as suas minúsculas crias.

Pegadas do Borrelho-de-coleira-interrompida

Depois duma breve pausa na praia, para falar do Borrelho-de-coleira-interrompida e


da Chilreta, duas das espécies que nidificam nas dunas e que urge proteger, seguiu-
se para a última actividade: identificação das conchas.

Caminhando ao longo da praia os alunos apanhavam várias conchas de diferentes


formas, tamanho e cor. Com a ajuda dum guia puderam identificar a espécie de
bivalve a que pertence cada uma dessas conchas. No fim, discutiu-se ainda a
importância destes seres na nossa alimentação (do Homem) e o perigo de poluir os
habitats aquáticos onde vivem os bivalves, seres filtradores que estão na base da
nossa cadeia alimentar, e de muitos outros animais.

A 1ª saída chegou ao fim e, na hora de regressar, os alunos atravessaram as dunas


para uma última despedida, mas caminhando sempre pelos trilhos!

2ª Saída de Campo

Plantas das dunas:

 Plantas naturais das dunas


 Jogo da água
 Impactos e ameaças nas dunas da Meia-Praia
 Apanha controlada do chorão

Na 2ª saída de campo ocorreram várias actividades e jogos relacionados com as


plantas naturais das dunas e os factores que ameaçam o seu habitat,
nomeadamente o da presença de Chorão, uma planta exótica invasora.
Na primeira actividade o objectivo foi dar a conhecer as principais espécies de
plantas e mostrar as suas adaptações ao clima inóspito que se faz sentir nas dunas
(calor intenso, ventos fortes e falta de água). Para isso os alunos utilizaram um
pequeno guia com o qual identificaram sete das principais espécies de plantas, as
quais marcaram com uma placa de identificação. Uma vez identificadas as plantas,
foram observadas algumas das suas características (altura, cor, forma de
crescimento, forma da folha, etc), e analisadas aquelas que são uma adaptação à
vida nas dunas.

Algumas das espécies de plantas identificadas:

Durante esta actividade os alunos foram construíndo um


herbário com as folhas das espécies estudadas, para levarem
para a escola e servir como painel de identificação das principais
“Plantas naturais das Dunas”.
Uma vez na praia, os alunos passaram ao divertido “Jogo da água”. O tema
continuou a ser o das plantas e a sua dificuldade em obter água, mas agora sentindo
como poderá ser grande essa dificuldade! Neste jogo, as equipas que representavam
plantas tinham que tentar armazenar o máximo de água (enchendo um grande
recipiente com pequenos copos de água) e ao mesmo tempo fugir dasequipas que
representavam o Sol e o Vento - factores ambientais que dificultam o
armazenamento da água.

Na terceira actividade os alunos tiveram que andar de “olhos


bem abertos”, para detectar os impactos ou ameças que
estivessem a afectar os habitats da Meia-Praia (praia, duna e
ria). Realizando um percurso com início na praia, passando
pela duna e finalmente ao longo da ria, os alunos chegaram à
conclusão que o impacto mais frequente é a presença de lixo,
em todos os habitats, e que as dunas são o habitat mais
ameaçado, por ser o mais sensível e sofrer mais impactos, entre os quais: cães e
pessoas a caminharem fora dos trilhos, carros a atravessarem a duna, presença de
invasoras (chorão) e construções sobre a areia (campo de golf).

Por último, e depois de bem discutidas e analisadas as razões pelas quais o chorão
constitui uma ameaça à duna, realizou-se a apanha controlada desta espécie. Esta
actividade decorreu numa zona de duna adjacente à ria, e para a realizarem os
alunos utilizaram luvas e alguns utensílios de jardinagem (sacho, ancinho e pá). O
chorão retirado das dunas foi metido em sacos do lixo para posteriormente ser
recolhido pela Câmara Municipal de Lagos.

E a 2ª saída chegou ao fim, sendo altura de deixar as dunas da Meia-Praia. Cansados


mas bem dispostos os alunos regressam lentamente ao autocarro que os levará de
volta à escola.

Famílias na Meia-Praia

- Passeio activo - "Na rota das dunas"


- Colocação das placas de aviso (para proteger as aves que nidificam nas
dunas)

Nos dias 4 e 5 de Junho este projecto sobre o Litoral realizou as actividades


destinadas ao pais e famílias dos alunos.

Pais, alunos e professores, juntamente com as monitoras do projecto e as


associações ambientais envolvidas, SPEA e A ROCHA, puderam passar um "dia de
praia" bastante diferente e divertido!

As actividades começaram com um agradável passeio entre a belíssima Ria de Alvor


e a Meia-Praia. No decorrer deste passeio, denominado "Na Rota das Dunas", pais e
alunos realizaram vários jogos de descoberta sobre a vida existente no ecossistema
da ria e das dunas. A descoberta e identificação, das plantas das dunas e das
conchas da praia, foram os jogos mais activos. Apesar dos pais e professores terem
podido utilizar pequenos guias, os alunos foram a sua maior ajuda! Aqui os alunos
ajudaram a encontrar e identificar as espécies pedidas, e mostraram bem o que já
tinham aprendido!

O passeio terminou na praia e passámos à actividade mais importante do dia: a


colocação das placas de aviso, nas dunas.

Os alunos de cada turma tinham feito, ao longo do projecto, 4 a 5 painéis com


desenhos e mensagens alusivos à conservação do Borrelho-de-coleira-interrompida e
da Chilreta, duas aves que nidificam nas dunas e que se encontram ameaçadas
devido à grande pressão humana que se faz sentir sobre este habitat.

Com A Rocha, associação que está a desenvolver um projecto de monitorização das


populações daquelas duas espécies de aves, e que foi a responsável pela vedação
duma área de duna com cordas e estacas, pais e alunos puderam fixar as tais placas
de aviso.

Estas placas servirão para informar os utentes da praia sobre a razão pela qual não
devem caminhar sobre as dunas (fora dos trilhos), nem deixar os seus cães à solta.
É que estas aves colocam os seus ovos no chão, directamente sobre a areia, com a
qual se confundem, pelo que é muito fácil pisar um ninho. Por outro lado, quando as
crias nascem ainda não conseguem voar e são por isso uma presa fácil para qualquer
cão que por ali passe.

Depois da colocação das placas muitos foram dar um mergulho e outros apanhar um
pouco mais de sol.
A actividade chegou ao fim, e todos partiram com a convicção de que esta acção irá
ajudar as pequenas aves que nidificam nas dunas,  para que elas tenham as suas
crias em maior segurança e possam voltar todos os anos à Meia-Praia para se
reproduzir.

Nós também tivemos de partir, desejando que no espírito de todos tenha ficado a
mensagem:

Protege as dunas!

Topo
Sobre a importância da preservação
dos sistemas dunares
 

Os sistemas dunares ocupam cerca de 450 quilómetros da linha de costa portuguesa. Com
especial importância, entre outras, refira-se a ria de Aveiro, o sector compreendido entre
Tróia e Vila Nova de Milfontes, o sotavento algarvio e, em particular, a Paisagem
Protegida da Arriba Fóssil da Costa de Caparica.
As dunas são estruturas móveis resultantes da acumulação de areias transportadas pelo
vento, nas quais as plantas têm um papel fundamental no seu processo de formação.
Constituem ecossistemas costeiros que estabelecem a transição entre os sistemas marinho
e terrestre e são uma barreira natural de protecção à paisagem humanizada adjacente.
Deste modo, devem ser protegidas.

Como se originam e evoluem as dunas

As correntes existentes ao longo da costa, a acção dos ventos e da ondulação marítima,


originam fenómenos de erosão e movimentação de sedimentos muito complexos, dos
quais poderão resultar o aparecimento de zonas de acumulação sedimentar submersos
vulgarmente chamados de Bancos de Areia.
Estas zonas de acumulação sedimentar fornecem a areia que irá alimentar as praias e
entrar no processo de formação das dunas. Assim, acima das cotas alcançadas pela água
do mar (área de areia permanentemente seca) na sua dinâmica natural, a areia depois de
seca ao sol é transportada para o interior
pela acção do vento. Os grãos de areia
rolam uns sobre os outros à superfície do
solo, parando quando encontram
vegetação ou outros obstáculos que
possibilitem a sua acumulação formando
uma pendente suave para o lado do
oceano (barlavento) e um declive mais
acentuado no lado oposto (sotavento).
São estas pequenas acumulações que se
denominam por Dunas de Obstáculo (fig.
1).
Esta pequena duna de obstáculo que de
princípio apresenta um pequeno declive, vai aumentando a sua inclinação devido à
acumulação de areia, podendo atingir do
lado de onde sopra o vento uma
inclinação da ordem dos 5 a 12°. Do lado
contrário ao sentido dos ventos
dominantes a rampa é muito mais rápida
podendo atingir os 34°. Quando este
declive alcança um ângulo superior a 34°,
a massa do talude desliza bruscamente e a
duna avança alguns centímetros. A
chamada Pré-Duna está formada e sobre
ela começa a surgir um agrupamento
vegetal constituído por Gramíneas,
assumindo particular importância o Feno
das Areias. Estas plantas ao instalarem-se favorecem o crescimento em altura da duna
devido à deposição de areias junto aos obstáculos que elas formam e dá-se assim origem
à Duna Primária. (fig.2).
Normalmente as dunas primárias constituem um cordão paralelo à linha de costa de
dunas frontais transversais. A duna primária apresenta normalmente uma elevada
diferença entre os seus flancos. O flanco marítimo é geralmente caracterizado por um
agrupamento vegetal espesso de gramíneas onde assume particular importância o
Estorno.
Por evolução natural se a acção nefasta do homem não se fizesse sentir, a pré-duna e a
duna primária apresentariam um dinamismo anual próprio (o que se verifica em áreas que
se mantém em equilíbrio), observando-se geralmente no Outono um recuo da frente
dunar por erosão dos sedimentos, que atinge o seu máximo no Inverno (se alcan-çada
pelo mar). Na Primavera dá-se o início do avanço da frente dunar por reposição dos
sedimentos, estando no Verão totalmente reposta a duna primária.
Para a manutenção do equilíbrio dos sistemas dunares deveria impedir-se qualquer
utilização de carácter contínuo e persistente da duna primária, sendo absolutamente
necessário interditar qualquer actividade na linha de cumeada da duna primária, assim
como no flanco de exposição marítima. No entanto, com o grande número de veraneantes
que todos os anos utilizam as praias, e apesar da existência de legislação que regula a
utilização destas áreas, as dunas são sistematicamente destruídas. Os efeitos desta acção
destruidora são bastante significativos a vários níveis.

Factores de degradação: o caso da Área da Paisagem Protegida da Arriba Fóssil da


Costa de Caparica
Pisoteio: a construção de parques de estacionamento na zona posterior à duna, o
campismo selvagem, a prática de
actividades motorizadas e a falta de
estruturas aéreas de acesso às praias são
factores que levam à destruição da
vegetação dunar e consequentemente
aumenta por falta de protecção a
vulnerabilidade da duna à acção dos
agentes erosivos.
Construções: as edificações sobre as

dunas constituem factor de grande erosão,


porque sendo um obstáculo à
movimentação constante das areias
interrompe assim o seu ciclo natural de
deposição e transporte (fig. 3).

Captação de água: A abertura de poços pode provocar o abaixamento do nível do lençol


freático a um nível tal que não permita a vida da vegetação dunar que assim devido à sua
escassez oferece menor protecção ao sistema (fig. 4 ).
Vegetação infestante: espécies alógenas aos sistemas dunares como, por exemplo, o
chorão e as acácias, contribuem para a redução das espécies endógenas das dunas, que
devida às suas características fisiográficas protegem-nas da acção dos ventos (fig. 5).
Obras de engenharia costeira: esporões e molhes, por exemplo, são estruturas que
alteram completamente as correntes costeiras, constituem obstáculos ao transporte litoral
de areias (deriva litoral), que em Portugal se faz preferencialmente, de Norte para Sul, no
litoral Ocidental e de, Oeste para Leste, no litoral meridional. Assim, há retenção de
areias a Norte ou a Oeste, respectivamente, daquelas estruturas e com erosão acrescida a
Sul e a Este. As consequências são erosão das praias e das frentes dunares (fig. 6).

Que comportamentos para proteger as dunas?


O facto de os sistemas dunares serem formações FITOGEODINÂMICAS em permanente
equilíbrio dinâmico, intimamente dependente do coberto vegetal vivo, implica que
qualquer factor externo ao sistema terá consequências desequilibrantes e dificilmente
compensáveis (pisoteio, vegetação infestante, obras de engenharia costeira, etc.). Caso a
vegetação fixadora das dunas seja degradada e destruída, todo o sistema dunar será
afectado negativamente. A areia nua facilmente será arrastada para o interior do território,
quer pela acção do mar quer, essencialmente pela acção eólica, podendo invadir e mesmo
cobrir terrenos agrícolas, explorações, habitações e caminhos. Em épocas de tempestade
podem mesmo ocorrer catástrofes em que o mar não encontrando obstáculos ao seu
avanço, destrói culturas e construções que antes estavam protegidas das dunas.
Estes são fenómenos que todos os invernos acontecem e que acabamos por ser com eles
confrontados pelo menos através dos media. Como forma de contrariar esses fenómenos
indesejáveis todos nós, enquanto utentes das praias, deveremos ter comportamentos
adequados no sentido de evitar a degradação das dunas:
- utilizar as passadeiras aéreas quando existam, caso contrário utilizar os trilhos já
existentes sobre a duna (nunca traçar novos trilhos) (Fig. 7);
- não passear ou apanhar banhos de sol nas dunas, não andar a cavalo e de veículos
motorizados;
- não colher a vegetação das dunas;
- chamar a atenção de amigos e familiares para a correcta utilização das dunas;
- tomar conhecimento e respeitar a legislação que existe para efeitos de protecção das
dunas .
A protecção do ambiente começa em cada um de nós pela adopção de comportamentos
correctos e educando os outros!

António Jorge Gabriel


Maria Carolina Farias

DUNAS:

As dunas e a praia protegem a terra do avanço do mar, das areias e do vento, principalmente
durante as tempestades.

Espécies de plantas aÍ existentes: cardo - marítimo (Eryngium maritimum), o estorno (ammophila


arenaria), a arméria (armeria sp.) e os cordeiros do mar (Otanthus maritimus), estabilizam as
dunas através duma densa rede de raízes.
Ao sistema dunar encontra-se associada uma fauna variada, destacando-se alguns insectos, como a
borboleta (Cynthia cardui) e algumas aves, como o pilrito- sanderlingo (Calidris alba), a gaivota-
argêntea ( Larus argêntatus).

Projecto Dunas
Vivas

Reutilizar em favor do
ambiente

Estamos a preparar o arranque de um


projecto pioneiro de recuperação de
dunas que promove a reutilização de
pneus. Será criado um parque
experimental na Reserva Ornitológica
de Mindelo.

Pneus velhos são utilizados para criar as


condições necessárias à recuperação dunar.
Pouco tempo depois de colocado o pneu
praticamente desaparece nas dunas e a
tinta e a colagem de areia evita um efeito
visual negativo na fase inicial. Após a
estabilização da duna o pneu é retirado.

Esta pequena duna central (acima) tem


cerca de 3 anos e mostra como uma
pequena duna embrionária cresce num
corredor de vento e de pisoteio acabando
por se unir as dunas vizinhas rompendo com
o ciclo de destruição que se verificava.

Esta imagem é do campo onde foram feitas


as experiências e o pneu foi
propositadamente colocado dentro da linha
das marés vivas para se verificar se seria
arrastado pelas ondas; o que se verificou foi
que a pequena duna embrionária que se
formou cresceu e continua no local.

O projecto “Dunas Vivas” é uma


iniciativa de Paulo Flores (tm
965579550).

Mais informações: litoral | protecção dunar

Uma duna pode demorar 50 anos a


recuperar de uma só passagem de uma
moto 4 ou jipe.
A circulação automóvel nas dunas e praias
é proibida por lei. Denuncie estas
situações.

As zonas húmidas fazem parte dos biótopos mais importantes para a preservação da
biodiversidade. Estas são locais de refúgio e nidificação de muitas espécies de aves. Os
diferentes subecossistemas promovem a existência de muitas espécies. Simultaneamente,
os biótopos dunares, actuam como protecção contra a erosão dos litorais.
 

A 6 de Março de 1979 foi criada a Reserva Natural das Dunas de S.Jacinto pelo Decreto
Lei nº 41/79 no pressuposto de estas formações dunares serem zonas altamente sensíveis,
manifestando-se interesse na sua protecção e fixação como forma de impedir o avanço do
mar, a salvaguarda dos terrenos de cultura e também a conservação do património
faunístico, donde se destacava a colónia de garças mais setentrional  do País, assim como 
a conservação do património florístico das dunas, consideradas das mais bem
conservadas da Europa.   Em 1997, foi estabelecida uma reclassificação da RNDSJ pelo
Decreto Regulamentar nº 46/97 de 17 de Novembro. Aproximadamente 99 % da área
abrangida pela reserva pertence ao Estado. Hoje a reserva está inserida em redes
internacionais de conservação estando germinada com a Baie de Canche (França). É
considerada uma Zona de Protecção Especial de Aves (Directiva 79/409/CEE) e Biótopo
Corine C12100011. Apesar da sua importância, verificam-se intenções no sentido da
perda do seu estatuto de Reserva Natural.
 

Ainda segundo o Decreto Lei nº 41/79 estabeleceram-se diferentes áreas (Fig. 1). A
Reserva Natural Integral com uma área de 102.5 ha, incluindo toda a zona de areal. É
limitada a poente pelo mar e a nascente pela zona de dunas. Esta é uma área de acesso
restrito. A Reserva Natural Parcial com uma área de 473.5 ha, é constituída por toda a
área florestada, à excepção da reserva de recreio. É uma área de acesso condicionado. A
Reserva de Recreio com uma área de 90 ha, inclui as duas zonas de praia desde o oceano
até às dunas, assim como a zona de mata entre a E.N. 327 e a linha de alta tensão. Esta é
uma área de livre acesso e desembarque.
 
 

Fig. 1 - Mapa de classificação das diferentes áreas na reserva (mapa cedido pela sede da
RNDSJ).
A mata é atravessada por uma rede de corta-fogos que a dividem em cerca de 40 talhões.
Para além do controle de incêndios através da abertura de aceiros é exercido controle
através de uma torre de vigia. Foram criados artificialmente vários charcos, como locais
de nidificação e refúgio para determinadas espécies de aves. Estes charcos são também
bastante úteis para os diversos anfíbios que habitam o parque, por sua vez bastante
importantes no controle das populações de insectos, dos quais se alimentam em
abundância. Actualmente, essas zonas húmidas criadas artificialmente são frequentadas
por várias espécies de anatídeos, ocorrendo a nidificação de outras aves e verificando-se
longas permanências por parte das garças (Henriques, 1994).
 

No interior da reserva não existem actividades económicas. A reserva apresenta carreiros


artificiais onde se realizam percursos pedestres por diferentes trilhos de interpretação e de
descoberta da natureza. Existe a possibilidade de solicitar o acompanhamento de guias da
própria reserva. No entanto esta actividade tem vindo a ser descuidada e os trilhos não
são utilizados na sua totalidade e a sua manutenção é deficiente. Um percurso pedestre
por estes trilhos é suficiente para entendermos da importância e da beleza da RNDSJ.
 

Para além de outras convenções específicas a cada área, é proibido em toda a Reserva,
constituindo contravenção, o sobrevoo por aeronaves que circulem com o tecto de voo
inferior a 1000 pés (Decreto Regulamentar nº 46/97); a utilização de aparelhos de
amplificação sonora e de radiodifusão, excepto quando usados no interior de edifícios e
desde que não audíveis no exterior; construir, reconstruir, ampliar ou alterar construções
existentes, bem como efectuar qualquer obra de aterro ou escavação sem autorização
prévia. É ainda proibido transitar fora dos caminhos, arrifes e aceiros devidamente
sinalizados; caçar ou capturar qualquer espécie; destruir ou danificar luras e ninhos e
apanhar ovos; colher plantas ou parte de plantas; introduzir espécies animais ou vegetais
exóticas; instalar barracas, tendas de campismo ou caravanas fora das zonas para o efeito
indicadas; fazer lume fora dos locais para o efeito estabelecidos; abandonar detritos ou
lixo fora dos recipientes para esse fim.
 

A fauna e flora da Reserva encontra-se dispersas de uma forma desigual nos seus
diferentes sub-ecossistemas, consequência da diferente afinidade de cada espécie ao
meio. Uma possível forma de divisão será: zona de marés, duna primária, zona
interdunar, duna secundária, charcos artificiais e pateira.
 
 
Fig. 2  - Diferentes sub-ecossistemas desde a  zona de marés até
          à duna secundária progressivamente ocupada pela mata.

Na duna primária encontram-se plantas que fixam as dunas e que têm que resistir ao
vento, à salinidade, às grandes amplitudes térmicas, à grande luminosidade, à falta de
água doce no solo e ao soterramento constante. No lado virado para o mar destaca-se o
estorno (Ammophila arenaria), planta que apresenta grande resistência ao vento e
salinidade e, sobretudo ao soterramento, fruto da sua grande capacidade de regeneração.
 
 
Fig. 3 - Pormenor da flora na reserva.

Segundo Reis (1993), na face da duna primária virada ao mar a vegetação espontânea é
extremamente variada, e para além do já referido estorno, encontram-se ainda a atanásia-
marítima (Otanthus maritimus), a soldanela (Calystegia soldanella), o cardo-marítimo
(Eryngium maritimum), a eruca-marítima (Cakile maritima), o narciso-das-areias
(Pancratium maritimun) e a madorneira (Artemisia campestris). Estas espécies são no
entanto dominadas por outras espécies que foram introduzidas pelo homem com o
objectivo de consolidar as dunas tais como a acácia e o chorão. A acácia tem dificultado
o desenvolvimento da flora nativa e por consequência o número de espécies animais
associadas, criando segundo Henriques (1996), um povoamento homogéneo,
paisagisticamente monótono. A acácia encontra-se por toda a reserva, tanto nas dunas
como na mata. Aliás, esta situação verifica-se por grande parte do litoral. É imperativo o
restabelecimento com flora primitiva ou mesmo com outra não autóctone, desde que
precedida de estudos técnicos competentes, de forma a se manterem os biótopos dunares.
O declíneo destes biótopos, com consequências nefastas para as populações, são
evidentes, e consequência de intervenções humanas não equacionadas, como a construção
de esporões que retêm as areias no seu lado norte, prejudicando o litoral a sul dessas
infraestruturas. Os biótopos dunares são ainda progressivamente ocupados por estruturas
habitacionais ou mesmo por parques de estacionamentos como faz exemplo mais a norte
a Aldeia de Mindelo, junto à Rua de Sagres. Neste espaço, próximo da Reserva
Ornitológica de Mindelo, é óbvio estar condenada à partida uma recolonização das
espécies responsáveis pela estabilização da duna, não se incluindo nestas a espécie
vulgarmente apelidada de chorão. Um exemplo mais próximo, é a Praia da Maceda, onde
à natural erosão costeira é ainda somada os efeitos resultantes da construção de esporões.
O pinhal começou já a ser afectado, podendo-se facilmente encontrar os pinheiros mais
próximos das águas do mar tombados, resultado da intrusão salina no solo, anteriormente
protegido pelas estruturas dunares.
 
 

Fig. 4 - Resultados da erosão costeira em Abril de 1998 na Praia da Maceda.

Na zona interdunar já se encontra o pinheiro-bravo, postrado e com reduzido crescimento


por se encontrar exposto à humidade, ao vento e à salugem. Esta zona situada entre as
dunas primária e secundária, é também chamada de camarinheira visto a espécie
predominante ser a camarinha também referida como camarinheira (Corema album),
planta esta que também ocorre no interior da mata.
 

Na duna secundária, encontra-se essencialmente o pinheiro-bravo (Pinus pinaster) mas


ocorrendo também outras espécies tais como as austrálias (Acacia melanoxylon e Acacia
longifolia) e o samouco (Myrica faya).
 
 
Fig. 5 - Um bonito exemplo da flora na duna.

Em certas zonas baixas da mata (Reis, 1993) em que se verifica acumulação frequente de
água, ocorrem choupos-negros (Populus nigra), amieiros (Alnus glutinosa) e salgueiros
(Salix, sp.), enquanto que noutras áreas, como pequenas clareiras encharcadas, valas de
drenagem e charcos artificiais, aparecem espécies espontâneas típicas das zonas húmidas
como as que existem nos terrenos marginais da Ria de Aveiro: caniço (Phragmites
australis), junco (Juncus sp.), tábua-larga (Typha latifolia) e salgueiro-anão (Salix
repens).
 

Um pouco por toda a mata da reserva surgem também os cogumelos, especialmente na


Primavera e no Outono. Apresentam as formas e os tamanhos mais variados e as cores
mais diversas (Fidalgo, 1989). Os cogumelos asseguram a decomposição de matéria
orgânica pelo que desempenham um papel muito importante na reserva ao nível dos
ciclos biogeoquímicos.
 
 
Fig. 6 - Pormenor da manta morta no solo da mata da reserva.

Na área florestal existem ainda outras espécies dignas de registo: as sabinas-das-areias


(Juniperus phoenicea), a giesta (Spartium junceum) e mais uma vez o pinheiro-
manso(Pinus pinea). Segundo Reis (1993),  a primeira e a terceira devem ser realçadas,
dado o pequeno número de exemplares existentes e a segunda por ter sido uma espécie
pioneira na recuperação de áreas degradadas.
 
 
 
Fig. 7 - Exemplo de flora no interior da mata da reserva de S.Jacinto.

Nesta zona de duna secundária, encontra-se o charco maior, também denominado pateira,
dado o número de anatídeos que o  frequentam. A vegetação é a típica das zonas húmidas
como já adiantado. Na pateira foi construída uma estrutura em madeira que permite a
observação das aves de uma forma camuflada. É de aconselhar a sua utilização.
 
 
Fig. 8 - A pateira - refúgio para inúmeras espécies.

As aves são a maior relíquia faunística da reserva. No caso dos passeriformes


insectívoros, bem adaptados à obtenção de alimento nos ramos das árvores e nas folhas,
constituem-se como importantes predadores dos agentes das pragas florestais,
contribuindo decisivamente para a sanidade do povoamento vegetal (Reis, 1993). Esta
função ainda se verifica pelo que se mantêm uma das justificações iniciais de criação da
reserva.
 

Nas águas do oceano em frente à reserva (zona de marés), ricas em fitoplâncton e peixe,
observam-se concentrações mistas de patos-negros (Melanita nigra), gaivotas-de-asas-
escuras (Larus fuscus), guinchos (Larus ridibundus), andorinhas-do-mar-comum (Sterna
hirundo), gansos-patolas (Sula bassana) e corvos-marinhos-de-faces-brancas
(Phalacrocorax carbo). Segundo Reis (1993), à excepção do pato-negro e do ganso-
patola, todas as espécies podem ser vistas em maior ou menor número nas águas da Ria
de Aveiro. Ainda segundo o mesmo autor, os patos da superfície (Anas sp. e Aythya sp.),
em certos períodos deslocam-se da ria para o mar, podendo ser facilmente observados da
praia da reserva flutuando na ondulação fraca. Limícolas vários podem também ser
observados nesta zona de marés. É o caso do borrelho-de-coleira-interrompida
(Charadrius alexandrinus), do pilrito-sanderlingo (Calidris alba) e dos ostraceiros
(Haematopus ostralegus).
 
Na mata da reserva, identificam-se várias espécies como o chapim-real (Parus major), o
chapim-carvoeiro (Parus ater), o chapim-de-poupa (Parus cristatus), o tentilhão
(Fringilla coelebs), o papa-moscas-cinzento (Muscicapa striata), o papa-moscas-preto
(Ficedula hypoleuca), a toutinegra-de-barrete-preto (Sylvia atricapilla) e a felosa-do-
mato (Sylvia undata). Podem ainda ocorrer algumas aves de rapina como a águia-de-asa-
redonda (Buteo buteo), a coruja-do-mato e o açor (Accipiter gentilis). Estas aves não só
caçam na mata como, juntamente com o peneireiro-de-dorso-malhado (Falco
tinnunculus), podem obter as suas presas sobre as dunas (Reis, 1993).  Outras espécies
nidificantes na mata são, por exemplo, os pombos-torcazes (Columba palumbus), as
rolas-comuns (Streptopelia turtur) e os gaios (Garrulus glandarius).
 

Ainda na mata, encontram-se as raposas (Vulpes vulpes) e as genetas (Genetta genetta).


Existem ainda outros mamíferos como ratos e coelhos.
 

Nos charcos artificiais podem observar-se tritões e uma ou outra espécie de libélula
comum da ria. Os charcos artificiais são também um refúgio para os patos da Ria de
Aveiro e mais um incentivo ao retorno das garças.  Foram criados também a pensar nos
anfíbeos como a rã, o sapo, o pleurodelo, a rela (Hyla arborea) e o tritão que
conjuntamente com as aves exercem controle sobre as populações de insectos.
 

A Pateira da reserva é frequentada por aves aquáticas da ria (anatídeos e ardeídos) que a
utilizam como refúgio contra as muitas pressões de que são alvo no estuário. Realce-se
que de entre os princípios gerais contidos na Directiva 79/409/CEE destaca-se o conceito
básico de que as aves selvagens que ocorrem naturalmente no território europeu dos
Estados-membros constituem um património comum, de natureza essencialmente
transfronteiriça e com grande significado no plano comunitário. Assim, a Directiva impõe
aos Estados-membros da comunidade a obrigatoriedade legal de respeitar nos respectivos
territórios um património avifaunístico comum, de que são considerados depositários e
gestores, mas não proprietários.
 

Durante os meses de Outono e Inverno, e após a chegada de largas centenas de patos


vindos do norte da Europa, a pateira enche-se com estas espécies que se vêm juntar a
outras residentes como as galinhas-de-água (Gallinula chloropus) e os mergulhões-
pequenos (Tachybaptus ruficolis). Algumas espécies acidentais como o ganso-de-faces-
brancas (Branta leucopsis), o colhereiro (Platalea leucorodia), patos-reais (Anas
platyrhynchos), marrequinhos (Anas crecca), piadeiras, frisadas (Anas strepera),
negrinhas (Aythya  fuligula), arrábios (Anas acuta), patos-trombeteiros e a coruja-do-
mato podem aumentar ainda mais o interesse deste habitat.
 

Já em 1993 as garças-reais (Ardea cinerea) e as garças-brancas-pequenas (Egretta


garzetta) utilizavam a pateira como local de descanso no Inverno (Reis, 1993). Entre
1952  e 1979 existiu na mata de S.Jacinto uma colónia mista de garças-brancas-pequenas
(Egretta garzetta) e garças boieiras (Bubulcus ibis). Esforços no sentido de voltar a captar
estas aves têm sido implementados. Infelizmente regra geral o que o homem altera num
curto espaço de tempo revela-se moroso na sua recuperação. Algumas garças já
regressam, por vezes permanecendo durante períodos de tempo relativamente longos.
 
 

Fig. 9 - Etapas gerais na formação de um sistema dunar e papel da flora na


implementação da mesma (in Oliveira, 1997).

São todos os diferentes biótopos da RNDSJ ou próximos, como a zona de marés, a Mata,
os charcos artificiais, a Pateira, etc., em conjunto com outros não reclamados para a
reserva, como o Lugar da Ribeira do Mar na Madalena, a Barrinha de Esmoriz e a Ria de
Aveiro, que promovem a diversidade de espécies assinaladas.
 

O projecto "Dunas: conhecer e conservar", iniciativa do Parque Biológico de Gaia em


parceria com a Câmara Municipal de Gaia e com o apoio do Programa Life (União
Europeia)., equaciona a proposta de dirigir ao Estado Português e à União Europeia o
lançamento de uma Bandeira Amarela, sinalizadora de acções de recuperação e
conservação de dunas, a exemplo das Bandeiras Verde (Praias Fluviais) e Azul (Praias
Marítimas). Este programa visa sensibilizar a população para a defesa do cordão dunar e
contribuir para tornar as opções de autarcas e outros decisores mais favoráveis à
conservação das dunas, na óptica do desenvolvimento sustentável.
 

De realçar em S.Jacinto a existência de um agrupamento de escuteiros fazendo sede num


parque onde se verificam actividades com a colocação de ninhos e plantação de pinheiros
bravos. De repensar a colaboração deste agrupamento com a sede da reserva de forma a
se constituir mais um foco de preservação da RNDSJ. Esta colaboração torna-se ainda
mais importante pelo facto de este tipo de associações envolverem jovens e desta forma
se cumprir mais um dos objectivos da RNDSJ: a educação ambiental.
 
Relativamente a outras actividades humanas importa referir o desaparecimento
progressivo de actividades tradicionais como a arte da xávega e a apanha do moliço. A
arte da xávega, é uma forma de pesca que consiste em puxar de terra uma rede de dois
longos panos de malha larga e um saco de malha apertada, lançada previamente ao mar a
partir de um barco. Para se capturar o pescado, utilizava-se então a sirga (Oliveira, 1997),
um cabo que se puxava, a partir das margens, à força de braços ou de gado. Este tipo de
pesca é praticada ainda em alguns locais como Esmoriz, e mais longe, a sul, na Nazaré.
No entanto, a força humana ou animal foi substituída pelos vulgares tractores. Os
moliceiros são barcos característicos da Ria de Aveiro. O moliço é recolhido da Ria com
ancinhos. Os moliceiros são ainda utilizados para o transporte de sal. A diminuição na
actividade de colecta de moliço, tem influência na qualidade das águas que sofrem de um
processo de eutrofização resultante dos adubos utilizados na agricultura e de outras
actividades humanas. A recolha de moliço compensa, pelo menos parcialmente, a
acumulação dos nutrientes e consequentemente o processo de eutrofização da Ria. A
qualidade das águas tem uma relação directa com a sobrevivência e o desenvolvimento
dos peixes de que se alimentam as aves quer da ria quer da reserva. Por outro lado, a
dragagem do leito da Ria de Aveiro, é de grande interesse, de forma a permitir a livre
circulação das águas nos canais e a dispersão dos nutrientes e/ou contaminantes. Segundo
Reis (1993), as zonas a dragar deverão ser cuidadosamente trabalhadas, de forma a
preservar os bancos de areia considerados fundamentais para as aves limícolas. Aquando
das dragagens, dever-se-á ter ainda em atenção os locais de acção de forma a não
pertubar o natural desenvolvimento das espécies que os utilizam durante parte ou
totalidade do seu ciclo de vida.
 

Também em declíneo e quase inexistentes neste litoral são os palheiros. As casas de


telhados em colmo, similares às que se podem observar em outras zonas como a lagoa de
St. André em que o colmo servia de cobertura não só aos telhados mas também a outras
estruturas das casas, são um reflexo do abandonar dos costumes, que reflectem
claramente as alterações, resultado do "progresso". Será só nostalgia? É de notar, a
idealização destas habitações que eram elevadas por meio de estacas de forma a permitir
o natural transporte das areias pelo vento e a ocupação do solo pelas águas dos charcos
temporários de Inverno. O espaço decorrente da elevação das casas permitia ainda a
recolha de barcos ou outros apetrechos de pesca. Actualmente, e como referido por
Oliveira (1997), os palheiros são raros, e os que sobrevivem foram, na maioria dos casos,
transformados em casas de férias, por vezes bastante mutilados na sua arquitectura
primitiva. Esta prática é consequência directa do grau de aculturação da população
portuguesa e espelho dessa lacuna assim como da difusão da nossa própria cultura.
 
 
Fig. 10 - Parque de dunas da Aguda (repare-se que a construção na areia é semelhante à
dos palheiros).

A legislação existente não é a mais indicada e, como regra geral no nosso país, revela-se
em muitos casos ineficaz em diversas situações. Esta deverá ser alterada não só tendo em
conta todos todos estes espaços de elevado interesse, mas também redefinida para cada
um desses mesmos espaços. Este ponto é de extrema importância, na medida em que cada
um destes espaços necessita de cuidados especiais. Veja-se o exemplo da qualidade das
águas. O respeito por determinados índices de parâmetros de qualidade da água num
determinado local não será necessáriamente aplicável a outro mesmo. Aborde-se ainda
um outro exemplo e penso estar justificado esta necessidade: a caça. A abertura de épocas
de caça em outros locais que não a reserva de S.Jacinto, não é a meu ver, justificação do
início da mesma actividade nesta mesma. Na minha opinião, em S.Jacinto, este tipos de
agressões à sua fauna, não deveriam ser permitidas. Poder-se-á contrapor: a caça já não é
permitida na RNDSJ. Exacto! Em S.Jacinto. E nas suas proximidades? Quem estará para
julgar de que lado da "fronteira" cairá a espécie abatida? Para que interessa proteger
dentro dos limites da reserva, se a poucos Km´s desta não dispomos de mecanismos de
proteção das mesmas espécies que albergamos na reserva? E relembro uma vez mais a
Directiva 79/409/CEE. Esta é uma reflexão necessária a todos os que detêm o poder de
interferir e não excluindo deste processo as próprias associações de caça.
 

Já em 1993, segundo Reis (1993), no que respeita à vida selvagem, destacavam-se como
medidas urgentes o disciplinamento da actividade cinegética, com a criação de áreas de
caça interdita em zonas particularmente sensíveis, bem como a inclusão de determinadas
áreas da Ria de Aveiro na lista das Zonas Húmidas de Importância Internacional
(Convenção de RAMSAR assinada a 2/2/1971 e aprovada pelo governo português pelo
Decreto-Lei nº 101/80 de 9 de Outubro).
 
A RNDSJ tem uma vantagem em relação a outros Parques Naturais, o facto de abranger
uma área relativamente pequena permite um controle razoavelmente eficaz. Esse controle
deverá ter em atenção um problema da RNDSJ: o turismo na sua vertente de educação
ambiental. O pisoteio constante é mais um dos perigos a que a reserva está sujeita, com
graves consequências no desenvolvimento da flora.
 

Os fogos tem consequências negativas na RNDSJ. A rede de corta-fogos minoriza este


perigo assim como a vigilância da torre de controle da reserva. Esta rede de corta-fogos
não será eficiente se não for limpa periodicamente. Caso este cuidado não se verifique,
ela não funciona e não poderá ser utilizada por veículos de combate a incêndios. A torre
de vigia necessita também de reparações.
 

Os voos rasos de aeronaves consideram-se agressões à fauna existente na reserva.


 

Resumindo, segundo Reis (1993), poder-se-ão atribuir à reserva três funções essenciais: a
função de conservação da estrutura dunar, a de educação ambiental e a de protecção da
avifauna aquática da Ria de Aveiro e na opinião dos autores deste trabalho também a da
própria reserva.
 

O primeiro ponto será de fácil concretização desde que para isso a área classificada como
Reserva Integral, o seja de facto (Reis, 1993). O segundo ponto não deverá pôr em causa
os outros dois sendo sujeito a um controle rigoroso. Quanto ao terceiro ponto, e em
consonância com autores como Reis (1993) e como já foi discutido neste trabalho, se nos
habitats próximos da RNDSJ, não se verificarem as medidas de protecção necessárias,
muitas aves desaparecerão ou não regressarão após a expulsão, consequência da
actividade humana.

As Dunas um bem precioso !


article

Printable version

As Dunas um bem precioso !

No dia 18 de Fevereiro do ano de 2005, as turmas A e B do décimo ano de


escolaridade do Colégio Dr. Luís Pereira da Costa, partiram a caminho da praia do
Pedrógão juntamente com as professoras de Biologia e Geologia Margarida Santos e
Susana Ferreira.

Esta viagem à Praia de Pedrógão e sucessivamente à Lagoa da Ervedeira tinha como


objectivo uma análise à fauna e flora características destes ambientes.
Quando chegámos à praia, as turmas dividiram-se. Assim, a turma A ficou na parte
dunar e a turma B na parte florestal. Quando a nossa turma foi para a zona dunar da
praia, constatámos, de imediato, que a sua formação é realizada através da acção do
vento sobre a areia, arrastando-a e formando as dunas. São também as dunas que
fazem a transição entre o mar e a terra, para além de constituírem um ecossistema
que tem uma grande variedade de animais e plantas.

Existem dois tipos de dunas : as dunas primárias, que se encontram em constante


formação, e as dunas secundárias, que se encontram no lado posterior das primárias
e que são mais estáveis.

O ambiente dunar é de extrema importância, uma vez que são as dunas que
impedem a areia de se deslocar para o interior. Para que as dunas possam suportar
a acção do vento com maior intensidade era aconselhável a plantação de vegetação
característica deste ambiente particular.

Apesar da sua importância, as dunas são constantemente destruídas através do


pisoteio, da extracção de areias, da poluição, da construção de habitações, e de
estradas. Para que esta situação se altere todos devemos colaborar. Deve-se evitar
andar ou circular em veículos motorizados sobre as dunas, exigir a proibição e a
vigilância da extracção de areias, não poluir e colocar recipientes próprios para o
lixo, e ainda, não construir sobre dunas ou qualquer praia, exigindo a proibição de
licenças para estes fins.

Praia de Pedrogão
Fonte : C. M. de Leiria

Em suma, é possível considerar que as dunas têm uma grande importância,


principalmente para as pessoas que habitam perto ou mesmo nas praias,
principalmente em períodos de precipitação e frio, em que o nível do mar aumenta
tendencialmente, assim como a intensidade e a velocidade das ondas marítimas.

Resoluções
Edição Número 213 de 03/11/2003
Ministério do Meio Ambiente Conselho Nacional do Meio Ambiente

RESOLUÇÃO N o 341, DE 25 DE SETEMBRO DE 2003

Dispõe sobre critérios para a caracterização de atividades ou empreendimentos turísticos


sustentáveis como de interesse social para fins de ocupação de dunas originalmente
desprovidas de vegetação, na Zona Costeira.

O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE-CONAMA, no uso das


competências que lhe são conferidas pelos arts. 6 o e 8 o da Lei n o 6.938, de 31 de
agosto de 1981, regulamentada pelo Decreto n o 99.274, de 6 de junho de 1990, e tendo
em vista o disposto nas Leis n os 4.771, de 15 de setembro de 1965, 9.433, de 8 de
janeiro de 1997, e no seu Regimento Interno, Anexo à Portaria n o 499, de 18 de
dezembro de 2002, e

Considerando o disposto no art. 1 o , § 2 o , inciso V, da Medida Provisória n o 2.166-


67/2001, que define interesse social;

Considerando o disposto na Lei n o 7.661, de 16 de maio de 1988, que estabelece o Plano


Nacional de Gerenciamento Costeiro (PNGC), e dá outras providências, em especial o art
3 o onde diz que o PNGC deverá prever o zoneamento de usos e atividades da Zona
Costeira e dar prioridade à conservação e proteção das dunas, entre outros bens;

Considerando que as dunas desempenham relevante papel na formação e recarga de


aqüíferos;

Considerando a fundamental importância das dunas na dinâmica da zona costeira e no


controle do processo erosivo;

Considerando a necessidade de controlar, de modo especialmente rigoroso, o uso e


ocupação dunas na Zona Costeira, originalmente desprovidas de vegetação, resolve:

Art. 1 o Acrescentar à Resolução CONAMA n o 303, de 20 de março de 2002, publicada


no Diário Oficial da União de 13 de maio de 2002, Seção 1, página 68, os seguintes
considerandos:

"Considerando a conveniência de regulamentar os arts. 2 o e 3 o da Lei n o 4.771, de 15


de setembro de 1965, no que concerne às Áreas de Preservação Permanente;

Considerando ser dever do Poder Público e dos particulares preservar a biodiversidade,


notadamente a flora, a fauna, os recursos hídricos, as belezas naturais e o equilíbrio
ecológico, evitando a poluição das águas, solo e ar, pressuposto intrínseco ao
reconhecimento e exercício do direito de propriedade, nos termos dos arts. 5 o , caput
(direito à vida) e inciso XXIII (função social da propriedade), 170, VI, 186, II, e 225,
todos da Constituição Federal, bem como do art. 1.299, do Código Civil, que obriga o
proprietário e posseiro a respeitarem os regulamentos administrativos;

Considerando a função fundamental das dunas na dinâmica da zona costeira, no controle


dos processos erosivos e na formação e recarga de aqüíferos.

Considerando a excepcional beleza cênica e paisagística das dunas, e a importância da


manutenção dos seus atributos para o turismo sustentável."

Art. 2 o Poderão ser declarados de interesse social, mediante procedimento


administrativo específico aprovado pelo Conselho Estadual de Meio Ambiente,
atividades ou empreendimentos turísticos sustentáveis em dunas originalmente
desprovidas de vegetação, atendidas as diretrizes, condições e procedimentos
estabelecidos nesta Resolução.

§ 1 o A atividade ou empreendimento turístico sustentável para serem declarados de


interesse social deverão obedecer aos seguintes requisitos:

I - ter abastecimento regular de água e recolhimento e/ou tratamento e/ou disposição


adequada dos resíduos;

II - estar compatível com Plano Diretor do Município, adequado à legislação vigente;

III - não comprometer os atributos naturais essenciais da área, notadamente a paisagem, o


equilíbrio hídrico e geológico, e a biodiversidade;

IV - promover benefícios socioeconômicos diretos às populações locais além de não


causar impactos negativos às mesmas;

V - obter anuência prévia da União ou do Município, quando couber;

VI - garantir o livre acesso à praia e aos corpos d'água;

VII - haver oitiva prévia das populações humanas potencialmente afetadas em Audiência
Pública; e

VIII - ter preferencialmente acessos (pavimentos, passeios) com revestimentos que


permitam a infiltração das águas pluviais.

§ 2 o As dunas desprovidas de vegetação somente poderão ser ocupadas com atividade ou


empreendimento turístico sustentável em até vinte por cento de sua extensão, limitada à
ocupação a dez por cento do campo de dunas, recobertas ou desprovidas de vegetação.

§ 3 o A declaração de interesse social deverá ser emitida individualmente para cada


atividade ou empreendimento turístico sustentável, informando-se ao Conselho Nacional
do Meio AmbienteCONAMA em até dez dias após a apreciação final pelo Conselho
Estadual de Meio Ambiente, de que trata o caput deste artigo.

Art. 3 o As dunas passíveis de ocupação por atividades ou empreendimentos turísticos


sustentáveis declarados como de interesse social deverão estar previamente definidas e
individualizadas, em escala mínima de até 1:10.000, pelo órgão ambiental competente,
sendo essas aprovadas pelo Conselho Estadual de Meio Ambiente.

§ 1 o A identificação e delimitação, pelo órgão ambiental competente, das dunas


passíveis de ocupação por atividade ou empreendimento turístico sustentável declarados
de interesse social deverão estar fundamentadas em estudos técnicos e científicos que
comprovem que a ocupação de tais áreas não comprometerá:

I - a recarga e a pressão hidrostática do aqüífero dunar nas proximidades de ambientes


estuarinos, lacustres, lagunares, canais de maré e sobre restingas;

II - a quantidade e qualidade de água disponível para usos múltiplos na região,


notadamente a consumo humano e dessedentação de animais, considerando-se a demanda
hídrica em função da dinâmica populacional sazonal;

III - os bancos de areia que atuam como áreas de expansão do ecossistema manguezal e
de restinga;

IV - os locais de pouso de aves migratórias e de alimento e refúgio para a fauna estuarina;


e

V - a função da duna na estabilização costeira e sua beleza cênica.

§ 2 o A identificação e delimitação mencionadas no caput deste artigo deverão ser


apreciadas pelo Conselho Estadual de Meio Ambiente com base no Plano Estadual de
Gerenciamento Costeiro, quando houver, e de acordo com o Plano Nacional de
Gerenciamento Costeiro, nos termos da Lei n o 7.661, de 16 de maio de 1988.

tArt. 4 o Caracteriza-se a ocorrência de significativo impacto ambiental na construção,


instalação, ampliação e funcionamento de atividade ou empreendimento turístico
sustentável declarados de interesse social, de qualquer natureza ou porte, localizado em
dunas originalmente desprovidas de vegetação, na Zona Costeira, devendo o órgão
ambiental competente exigir, sempre, Estudo Prévio de Impacto Ambiental-EIA e
Relatório de Impacto Ambiental-RIMA, aos quais dar-se-á publicidade.

Parágrafo único. O EIA/RIMA deverá considerar, em cada unidade de paisagem, entre


outros aspectos, o impacto cumulativo do conjunto de empreendimentos ou atividades
implantados ou a serem implantados em uma mesma área de influência, ainda que
indireta.

Art. 5 o Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.


MARINA SILVA

Presidente do Conselho

Você também pode gostar