Dunas
Dunas
Dunas
Localização e Caracterização
Fauna e Flora
Fauna
Flora
Índice :
- Organização e participantes
- Resumo do projecto
- Aula teórica
- 1ª Saída de Campo
- 2ª Saída de Campo
- Famílias na Meia-Praia
- Trabalhos produzidos
- Fotografias
Trabalhos Produzidos
No dia 22 Abril de 2005, pelas 11:40 um grupo de turistas reparou que as dunas
estavam poluídas porque algumas pessoas não as respeitavam. Então decidiram
contribuir, colocando mais baldes do lixo e placas informativas.
Autores: Elizabete, Tatiana, Marisa, Vanessa
Chorão – o “Impiedoso”
Hoje, dia 22 de Abril, foi descoberto que o desenvolvimento em excesso do chorão
resulta na destruição de uma vasta quantidade de ninhos de Andorinha-do-mar-anã,
espécie que agora é considerada em perigo de extinção. O governo está a tomar
medidas imediatas e está a sinalizar as zonas com chorões para que as pessoas
possam ver esta praga.
Autores: Hugo, João, Fábio
Ontem à tarde os alunos da escola foram proteger as plantas que são típicas das
dunas, fizeram uma plantação e colocaram uma rede à volta para as pessoas não
pisarem.
Autores: Edelene, Cindy, Catarina
Os alunos junto com a Câmara Municipal, no dia 1 de Junho fizeram um estudo sobre
a protecção e a destruição das dunas. No entanto, chegaram à conclusão que as
dunas não têm protecção suficiente. Viram vários ninhos e plantas destruídas. Para
ajudar, os alunos contribuíram na limpeza das dunas, porque queriam ajudar o
ambiente.
Autores: Inês Gomes, Ana Teresa, André, Rogério
No dia 17 de Maio de 2004 deu-se uma destruição das dunas na Meia-Praia por
causa da Câmara Municipal deixar construir mais casas. Os alunos decidiram ajudar
a limpar as dunas.
Autores: Dário Araújo, Fábio Eugénio, Tiago, Fernanda Melo
Turma 6º E EB 2,3 das Naus Lagos
No próximo Domingo, dia 24 de Abril às 7:30, os alunos da escola das Naus, com a
ajuda da Câmara Municipal de Lagos, a associação ambientalista e a DRAOT vão
realizar o arranque de plantas exóticas na Meia-Praia com enxadas e pás. Esta
actividade deve-se aos problemas que elas provocam: não fixam as areias nas dunas
e são uma praga, evitando o crescimento de outras plantas que são indispensáveis
às dunas.
Autores: Joana Pires, Catarina, Ana, Joana, Verónica, Luís Carlos
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Turma 6º C EB 2,3 das Naus Lagos
No dia 25 de Abril, os alunos da escola EB 2, 3 das Naus vão até às dunas tentar
fazer uma campanha de sensibilização, para que os cidadãos de Lagos nãos
destruam os ninhos das aves nidificantes nas dunas, porque algumas dessas aves
são espécies raras, que só nidificam nas dunas de Lagos.
Autores: Joana, Rodrigo Silva
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Limpeza as praias
No dia 25 de Abril de 1974, o Bruno Duarte, um colega da escola, fez um crime. O
que aconteceu foi que à meia-noite, na Meia-Praia, poluiu a praia com cigarros e
pacotes. Foi um crime, uma pessoa que gosta de poluição e que não tem
sentimentos.
Autores: Matilde Sambado, Madalena Sambado, João Ricardo, José Correia, Bruno
Duarte
O arranque de chorões
No dia 25 de Abril, os alunos foram arrancar chorões, porque não se aguentavam
nas dunas. E ao fazer isso estão a ajudar as dunas porque os chorões ocupavam
muito espaço e não deixam as outras plantas terem espaço nenhum. E assim vamos
continuar a ajudar a dunas e as outras plantas de lá.
Proteger os ninhos
No mês passado mês de Junho, mil alunos do 1º ciclo do concelho de lagos foram à
Meia-Praia proteger ninhos, colocando placas dizendo: CUIDADO CEGUETAS NÃO
PISEM OS NINHOS DAS ANDORINHAS-DO-MAR-ANÃ E DO BORELHO-DE-COLEIRA-
INTERROMPIDA!!!
Quando as pessoas vão às praias pisam as dunas, mas isso acabou porque a escola
EB1 da Luz construiu 2 passadeiras em cada concelho do Algarve. Colocaram as
passadeiras para as pessoas não pisarem as plantas das dunas do distrito de Faro.
Autores: Sérgio Toma, Lucas Jesus, Pedro Batista, Tiago Alves
EB 1 da Meia-Praia
Hoje, dia 26 de Abril tivemos uma aula diferente, estivemos a falar sobre as dunas e
as suas aves. E vimos imagens de aves que não conhecíamos. Veio à nossa escola
uma senhora chamada Rita que veio ensinar-nos coisas sobre as dunas. E
aprendemos que devemos proteger os animais e as plantas que lá vivem.
Autores: Dário, Nádia, Ivanbolho
Hoje, dia 26 de Abril, na escola da Meia-Praia tivemos uma aula diferente. E foi
muito divertido, estivemos a aprender como se trata o ambiente.
No Verão eu vou à praia tomar banho e para ir tomar banho, eu piso as plantas das
dunas. Assim, estou a destruir as plantas. Em vez disso tenho que ir pelas
passadeiras que existem nas dunas.
Autores: Márcio, Cátia
A Câmara Municipal de Lagos está a proteger os ninhos das aves que têm lá os seus
ninhos. Puseram uma corda à volta para as pessoas não destruírem e partirem os
ninhos.
Autores: Cintia Espada, Alexandre Espada
Hoje, dia 26 de Abril, tivemos uma aula diferente porque veio uma senhora chamada
Rita, que nos veio ensinar como é importante proteger as dunas, porque lá vivem
aves que fazem lá os ninhos e algumas plantas.
Autores: Milton, João
Eu hoje vi aves nas dunas a fazerem o seu ninho. Vou dizer a alguém para os
proteger do mal, para não destruírem os ninhos e os ovos.
Autores: Daniel Nascimento
EB1 nº 3 de Lagos
No dia 25 de Abril de 2005, a Câmara Municipal de Lagos, com a ajuda dos alunos do
4º ano, colocou passadeiras para não pisarmos as plantas que lá existem.
Autores: Rubem, David, Diogo
4º C EB1 nº3 de Lagos
Índice :
- Organização e participantes
- Resumo do projecto
- Aula teórica
- 1ª Saída de Campo
- 2ª Saída de Campo
- Famílias na Meia-Praia
- Trabalhos produzidos
- Fotografias
Organização e participantes
Organização:
- Câmara Municipal de Lagos
- Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA)
Responsáveis:
Carolina Bloise,Rita Silva e Vanda Miravent (sócias da SPEA)
Colaboração:
Associação A Rocha
Financiamento:
- Câmara Municipal de Lagos
Participantes:
231 alunos, das seguintes escolas do concelho de Lagos:
Escolas:
Topo
Resumo do projecto
Este projecto decorreu de Abril a Junho de 2005 e teve como tema as dunas da
Meia-praia. Estas dunas constituem um exemplo típico de um cordão dunar litoral,
que forma uma barreira natural entre o estuário e a baía de Lagos. É habitat para
muitas espécies de fauna e flora, algumas das quais endémicas. À semelhança da
maior parte da linha da costa algarvia, as dunas da Meia-praia têm sido alteradas, e
muitas das vezes destruídas, quer por factores naturais (por exemplo a erosão), mas
sobretudo por factores humanos, como o urbanismo desordenado, o pisoteio, a
introdução de exóticas, entre outros. Estes e outros assuntos foram trabalhados
pelos alunos envolvidos, ao longo de 3 sessões (cada turma), divididas entre 1 aula
teórica e duas saídas de campo ao local de estudo.
Algumas das acções dinamizadas no projecto foram integradas num estudo realizado
pela associação A Rocha, e que visou a monitorização da nidificação da Chilreta e do
Borrelho-de-coleira-interrompida e a aplicação de medidas de conservação para
estas duas espécies. No final foram promovidas actividades para os familiares dos
alunos, num grande encontro no início de Junho de 2005.
Topo
Aula teórica
- O que são dunas?
- Como se formam as dunas?
- Importância das dunas
- Fauna e flora das dunas
- Actividades positivas e negativas que ocorrem nas dunas
- Elaboração de notícias
1ª Saída de Campo
Insectos
Aves e mamíferos
Borrelho-de-coleira-interrompida e Chilreta: espécies a proteger!
Bivalves e as suas conchas
A 1ª saída de campo teve como objectivo de dar a conhecer a fauna e decorreu
com várias actividades, todas elas práticas e de descoberta, para envolver os alunos
na observação e contacto directo com a diversidade de espécies animais que
habitam as dunas.
Começando pela duna secundária, foi aí que teve lugar a actividade sobre os
insectos. Os alunos tiveram que capturar insectos de diferentes espécies (e mantê-
los vivos e bem tratados para depois os devolver à natureza!). Escaravelhos,
borboletas, libélulas, formigas e gafanhotos, são alguns exemplos dos muitos
insectos encontrados. Foi contabilizado o número total de espécies diferentes de
cada grupo de insectos e analisado o seu habitat e comportamento. Para os
escaravelhos, o grupo de insectos com mais espécies encontradas, foram observadas
as adaptações específicas para a vida nas dunas: forma das patas, forma das asas e
comportamentos adaptados a um meio com muito calor e pouca água.
Pegadas do Borrelho-de-coleira-interrompida
2ª Saída de Campo
Por último, e depois de bem discutidas e analisadas as razões pelas quais o chorão
constitui uma ameaça à duna, realizou-se a apanha controlada desta espécie. Esta
actividade decorreu numa zona de duna adjacente à ria, e para a realizarem os
alunos utilizaram luvas e alguns utensílios de jardinagem (sacho, ancinho e pá). O
chorão retirado das dunas foi metido em sacos do lixo para posteriormente ser
recolhido pela Câmara Municipal de Lagos.
Famílias na Meia-Praia
Estas placas servirão para informar os utentes da praia sobre a razão pela qual não
devem caminhar sobre as dunas (fora dos trilhos), nem deixar os seus cães à solta.
É que estas aves colocam os seus ovos no chão, directamente sobre a areia, com a
qual se confundem, pelo que é muito fácil pisar um ninho. Por outro lado, quando as
crias nascem ainda não conseguem voar e são por isso uma presa fácil para qualquer
cão que por ali passe.
Depois da colocação das placas muitos foram dar um mergulho e outros apanhar um
pouco mais de sol.
A actividade chegou ao fim, e todos partiram com a convicção de que esta acção irá
ajudar as pequenas aves que nidificam nas dunas, para que elas tenham as suas
crias em maior segurança e possam voltar todos os anos à Meia-Praia para se
reproduzir.
Nós também tivemos de partir, desejando que no espírito de todos tenha ficado a
mensagem:
Protege as dunas!
Topo
Sobre a importância da preservação
dos sistemas dunares
Os sistemas dunares ocupam cerca de 450 quilómetros da linha de costa portuguesa. Com
especial importância, entre outras, refira-se a ria de Aveiro, o sector compreendido entre
Tróia e Vila Nova de Milfontes, o sotavento algarvio e, em particular, a Paisagem
Protegida da Arriba Fóssil da Costa de Caparica.
As dunas são estruturas móveis resultantes da acumulação de areias transportadas pelo
vento, nas quais as plantas têm um papel fundamental no seu processo de formação.
Constituem ecossistemas costeiros que estabelecem a transição entre os sistemas marinho
e terrestre e são uma barreira natural de protecção à paisagem humanizada adjacente.
Deste modo, devem ser protegidas.
DUNAS:
As dunas e a praia protegem a terra do avanço do mar, das areias e do vento, principalmente
durante as tempestades.
Projecto Dunas
Vivas
Reutilizar em favor do
ambiente
As zonas húmidas fazem parte dos biótopos mais importantes para a preservação da
biodiversidade. Estas são locais de refúgio e nidificação de muitas espécies de aves. Os
diferentes subecossistemas promovem a existência de muitas espécies. Simultaneamente,
os biótopos dunares, actuam como protecção contra a erosão dos litorais.
A 6 de Março de 1979 foi criada a Reserva Natural das Dunas de S.Jacinto pelo Decreto
Lei nº 41/79 no pressuposto de estas formações dunares serem zonas altamente sensíveis,
manifestando-se interesse na sua protecção e fixação como forma de impedir o avanço do
mar, a salvaguarda dos terrenos de cultura e também a conservação do património
faunístico, donde se destacava a colónia de garças mais setentrional do País, assim como
a conservação do património florístico das dunas, consideradas das mais bem
conservadas da Europa. Em 1997, foi estabelecida uma reclassificação da RNDSJ pelo
Decreto Regulamentar nº 46/97 de 17 de Novembro. Aproximadamente 99 % da área
abrangida pela reserva pertence ao Estado. Hoje a reserva está inserida em redes
internacionais de conservação estando germinada com a Baie de Canche (França). É
considerada uma Zona de Protecção Especial de Aves (Directiva 79/409/CEE) e Biótopo
Corine C12100011. Apesar da sua importância, verificam-se intenções no sentido da
perda do seu estatuto de Reserva Natural.
Ainda segundo o Decreto Lei nº 41/79 estabeleceram-se diferentes áreas (Fig. 1). A
Reserva Natural Integral com uma área de 102.5 ha, incluindo toda a zona de areal. É
limitada a poente pelo mar e a nascente pela zona de dunas. Esta é uma área de acesso
restrito. A Reserva Natural Parcial com uma área de 473.5 ha, é constituída por toda a
área florestada, à excepção da reserva de recreio. É uma área de acesso condicionado. A
Reserva de Recreio com uma área de 90 ha, inclui as duas zonas de praia desde o oceano
até às dunas, assim como a zona de mata entre a E.N. 327 e a linha de alta tensão. Esta é
uma área de livre acesso e desembarque.
Fig. 1 - Mapa de classificação das diferentes áreas na reserva (mapa cedido pela sede da
RNDSJ).
A mata é atravessada por uma rede de corta-fogos que a dividem em cerca de 40 talhões.
Para além do controle de incêndios através da abertura de aceiros é exercido controle
através de uma torre de vigia. Foram criados artificialmente vários charcos, como locais
de nidificação e refúgio para determinadas espécies de aves. Estes charcos são também
bastante úteis para os diversos anfíbios que habitam o parque, por sua vez bastante
importantes no controle das populações de insectos, dos quais se alimentam em
abundância. Actualmente, essas zonas húmidas criadas artificialmente são frequentadas
por várias espécies de anatídeos, ocorrendo a nidificação de outras aves e verificando-se
longas permanências por parte das garças (Henriques, 1994).
Para além de outras convenções específicas a cada área, é proibido em toda a Reserva,
constituindo contravenção, o sobrevoo por aeronaves que circulem com o tecto de voo
inferior a 1000 pés (Decreto Regulamentar nº 46/97); a utilização de aparelhos de
amplificação sonora e de radiodifusão, excepto quando usados no interior de edifícios e
desde que não audíveis no exterior; construir, reconstruir, ampliar ou alterar construções
existentes, bem como efectuar qualquer obra de aterro ou escavação sem autorização
prévia. É ainda proibido transitar fora dos caminhos, arrifes e aceiros devidamente
sinalizados; caçar ou capturar qualquer espécie; destruir ou danificar luras e ninhos e
apanhar ovos; colher plantas ou parte de plantas; introduzir espécies animais ou vegetais
exóticas; instalar barracas, tendas de campismo ou caravanas fora das zonas para o efeito
indicadas; fazer lume fora dos locais para o efeito estabelecidos; abandonar detritos ou
lixo fora dos recipientes para esse fim.
A fauna e flora da Reserva encontra-se dispersas de uma forma desigual nos seus
diferentes sub-ecossistemas, consequência da diferente afinidade de cada espécie ao
meio. Uma possível forma de divisão será: zona de marés, duna primária, zona
interdunar, duna secundária, charcos artificiais e pateira.
Fig. 2 - Diferentes sub-ecossistemas desde a zona de marés até
à duna secundária progressivamente ocupada pela mata.
Na duna primária encontram-se plantas que fixam as dunas e que têm que resistir ao
vento, à salinidade, às grandes amplitudes térmicas, à grande luminosidade, à falta de
água doce no solo e ao soterramento constante. No lado virado para o mar destaca-se o
estorno (Ammophila arenaria), planta que apresenta grande resistência ao vento e
salinidade e, sobretudo ao soterramento, fruto da sua grande capacidade de regeneração.
Fig. 3 - Pormenor da flora na reserva.
Segundo Reis (1993), na face da duna primária virada ao mar a vegetação espontânea é
extremamente variada, e para além do já referido estorno, encontram-se ainda a atanásia-
marítima (Otanthus maritimus), a soldanela (Calystegia soldanella), o cardo-marítimo
(Eryngium maritimum), a eruca-marítima (Cakile maritima), o narciso-das-areias
(Pancratium maritimun) e a madorneira (Artemisia campestris). Estas espécies são no
entanto dominadas por outras espécies que foram introduzidas pelo homem com o
objectivo de consolidar as dunas tais como a acácia e o chorão. A acácia tem dificultado
o desenvolvimento da flora nativa e por consequência o número de espécies animais
associadas, criando segundo Henriques (1996), um povoamento homogéneo,
paisagisticamente monótono. A acácia encontra-se por toda a reserva, tanto nas dunas
como na mata. Aliás, esta situação verifica-se por grande parte do litoral. É imperativo o
restabelecimento com flora primitiva ou mesmo com outra não autóctone, desde que
precedida de estudos técnicos competentes, de forma a se manterem os biótopos dunares.
O declíneo destes biótopos, com consequências nefastas para as populações, são
evidentes, e consequência de intervenções humanas não equacionadas, como a construção
de esporões que retêm as areias no seu lado norte, prejudicando o litoral a sul dessas
infraestruturas. Os biótopos dunares são ainda progressivamente ocupados por estruturas
habitacionais ou mesmo por parques de estacionamentos como faz exemplo mais a norte
a Aldeia de Mindelo, junto à Rua de Sagres. Neste espaço, próximo da Reserva
Ornitológica de Mindelo, é óbvio estar condenada à partida uma recolonização das
espécies responsáveis pela estabilização da duna, não se incluindo nestas a espécie
vulgarmente apelidada de chorão. Um exemplo mais próximo, é a Praia da Maceda, onde
à natural erosão costeira é ainda somada os efeitos resultantes da construção de esporões.
O pinhal começou já a ser afectado, podendo-se facilmente encontrar os pinheiros mais
próximos das águas do mar tombados, resultado da intrusão salina no solo, anteriormente
protegido pelas estruturas dunares.
Em certas zonas baixas da mata (Reis, 1993) em que se verifica acumulação frequente de
água, ocorrem choupos-negros (Populus nigra), amieiros (Alnus glutinosa) e salgueiros
(Salix, sp.), enquanto que noutras áreas, como pequenas clareiras encharcadas, valas de
drenagem e charcos artificiais, aparecem espécies espontâneas típicas das zonas húmidas
como as que existem nos terrenos marginais da Ria de Aveiro: caniço (Phragmites
australis), junco (Juncus sp.), tábua-larga (Typha latifolia) e salgueiro-anão (Salix
repens).
Nesta zona de duna secundária, encontra-se o charco maior, também denominado pateira,
dado o número de anatídeos que o frequentam. A vegetação é a típica das zonas húmidas
como já adiantado. Na pateira foi construída uma estrutura em madeira que permite a
observação das aves de uma forma camuflada. É de aconselhar a sua utilização.
Fig. 8 - A pateira - refúgio para inúmeras espécies.
Nas águas do oceano em frente à reserva (zona de marés), ricas em fitoplâncton e peixe,
observam-se concentrações mistas de patos-negros (Melanita nigra), gaivotas-de-asas-
escuras (Larus fuscus), guinchos (Larus ridibundus), andorinhas-do-mar-comum (Sterna
hirundo), gansos-patolas (Sula bassana) e corvos-marinhos-de-faces-brancas
(Phalacrocorax carbo). Segundo Reis (1993), à excepção do pato-negro e do ganso-
patola, todas as espécies podem ser vistas em maior ou menor número nas águas da Ria
de Aveiro. Ainda segundo o mesmo autor, os patos da superfície (Anas sp. e Aythya sp.),
em certos períodos deslocam-se da ria para o mar, podendo ser facilmente observados da
praia da reserva flutuando na ondulação fraca. Limícolas vários podem também ser
observados nesta zona de marés. É o caso do borrelho-de-coleira-interrompida
(Charadrius alexandrinus), do pilrito-sanderlingo (Calidris alba) e dos ostraceiros
(Haematopus ostralegus).
Na mata da reserva, identificam-se várias espécies como o chapim-real (Parus major), o
chapim-carvoeiro (Parus ater), o chapim-de-poupa (Parus cristatus), o tentilhão
(Fringilla coelebs), o papa-moscas-cinzento (Muscicapa striata), o papa-moscas-preto
(Ficedula hypoleuca), a toutinegra-de-barrete-preto (Sylvia atricapilla) e a felosa-do-
mato (Sylvia undata). Podem ainda ocorrer algumas aves de rapina como a águia-de-asa-
redonda (Buteo buteo), a coruja-do-mato e o açor (Accipiter gentilis). Estas aves não só
caçam na mata como, juntamente com o peneireiro-de-dorso-malhado (Falco
tinnunculus), podem obter as suas presas sobre as dunas (Reis, 1993). Outras espécies
nidificantes na mata são, por exemplo, os pombos-torcazes (Columba palumbus), as
rolas-comuns (Streptopelia turtur) e os gaios (Garrulus glandarius).
Nos charcos artificiais podem observar-se tritões e uma ou outra espécie de libélula
comum da ria. Os charcos artificiais são também um refúgio para os patos da Ria de
Aveiro e mais um incentivo ao retorno das garças. Foram criados também a pensar nos
anfíbeos como a rã, o sapo, o pleurodelo, a rela (Hyla arborea) e o tritão que
conjuntamente com as aves exercem controle sobre as populações de insectos.
A Pateira da reserva é frequentada por aves aquáticas da ria (anatídeos e ardeídos) que a
utilizam como refúgio contra as muitas pressões de que são alvo no estuário. Realce-se
que de entre os princípios gerais contidos na Directiva 79/409/CEE destaca-se o conceito
básico de que as aves selvagens que ocorrem naturalmente no território europeu dos
Estados-membros constituem um património comum, de natureza essencialmente
transfronteiriça e com grande significado no plano comunitário. Assim, a Directiva impõe
aos Estados-membros da comunidade a obrigatoriedade legal de respeitar nos respectivos
territórios um património avifaunístico comum, de que são considerados depositários e
gestores, mas não proprietários.
São todos os diferentes biótopos da RNDSJ ou próximos, como a zona de marés, a Mata,
os charcos artificiais, a Pateira, etc., em conjunto com outros não reclamados para a
reserva, como o Lugar da Ribeira do Mar na Madalena, a Barrinha de Esmoriz e a Ria de
Aveiro, que promovem a diversidade de espécies assinaladas.
A legislação existente não é a mais indicada e, como regra geral no nosso país, revela-se
em muitos casos ineficaz em diversas situações. Esta deverá ser alterada não só tendo em
conta todos todos estes espaços de elevado interesse, mas também redefinida para cada
um desses mesmos espaços. Este ponto é de extrema importância, na medida em que cada
um destes espaços necessita de cuidados especiais. Veja-se o exemplo da qualidade das
águas. O respeito por determinados índices de parâmetros de qualidade da água num
determinado local não será necessáriamente aplicável a outro mesmo. Aborde-se ainda
um outro exemplo e penso estar justificado esta necessidade: a caça. A abertura de épocas
de caça em outros locais que não a reserva de S.Jacinto, não é a meu ver, justificação do
início da mesma actividade nesta mesma. Na minha opinião, em S.Jacinto, este tipos de
agressões à sua fauna, não deveriam ser permitidas. Poder-se-á contrapor: a caça já não é
permitida na RNDSJ. Exacto! Em S.Jacinto. E nas suas proximidades? Quem estará para
julgar de que lado da "fronteira" cairá a espécie abatida? Para que interessa proteger
dentro dos limites da reserva, se a poucos Km´s desta não dispomos de mecanismos de
proteção das mesmas espécies que albergamos na reserva? E relembro uma vez mais a
Directiva 79/409/CEE. Esta é uma reflexão necessária a todos os que detêm o poder de
interferir e não excluindo deste processo as próprias associações de caça.
Já em 1993, segundo Reis (1993), no que respeita à vida selvagem, destacavam-se como
medidas urgentes o disciplinamento da actividade cinegética, com a criação de áreas de
caça interdita em zonas particularmente sensíveis, bem como a inclusão de determinadas
áreas da Ria de Aveiro na lista das Zonas Húmidas de Importância Internacional
(Convenção de RAMSAR assinada a 2/2/1971 e aprovada pelo governo português pelo
Decreto-Lei nº 101/80 de 9 de Outubro).
A RNDSJ tem uma vantagem em relação a outros Parques Naturais, o facto de abranger
uma área relativamente pequena permite um controle razoavelmente eficaz. Esse controle
deverá ter em atenção um problema da RNDSJ: o turismo na sua vertente de educação
ambiental. O pisoteio constante é mais um dos perigos a que a reserva está sujeita, com
graves consequências no desenvolvimento da flora.
Resumindo, segundo Reis (1993), poder-se-ão atribuir à reserva três funções essenciais: a
função de conservação da estrutura dunar, a de educação ambiental e a de protecção da
avifauna aquática da Ria de Aveiro e na opinião dos autores deste trabalho também a da
própria reserva.
O primeiro ponto será de fácil concretização desde que para isso a área classificada como
Reserva Integral, o seja de facto (Reis, 1993). O segundo ponto não deverá pôr em causa
os outros dois sendo sujeito a um controle rigoroso. Quanto ao terceiro ponto, e em
consonância com autores como Reis (1993) e como já foi discutido neste trabalho, se nos
habitats próximos da RNDSJ, não se verificarem as medidas de protecção necessárias,
muitas aves desaparecerão ou não regressarão após a expulsão, consequência da
actividade humana.
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O ambiente dunar é de extrema importância, uma vez que são as dunas que
impedem a areia de se deslocar para o interior. Para que as dunas possam suportar
a acção do vento com maior intensidade era aconselhável a plantação de vegetação
característica deste ambiente particular.
Praia de Pedrogão
Fonte : C. M. de Leiria
Resoluções
Edição Número 213 de 03/11/2003
Ministério do Meio Ambiente Conselho Nacional do Meio Ambiente
VII - haver oitiva prévia das populações humanas potencialmente afetadas em Audiência
Pública; e
III - os bancos de areia que atuam como áreas de expansão do ecossistema manguezal e
de restinga;
Presidente do Conselho