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14-22)
Laodicéia foi fundada pelo rei selêucida Antíoco II (261-246 a.C.) e recebeu esse nome em
homenagem a sua mulher, Laodice. Essa igreja é mencionada em Cl 2.1; 4.13ss como uma das
igrejas do vale do Lico, junto com as de Colossos e Hierápolis; as três foram provavelmente
fundadas por Epafras durante o ministério de Paulo em Éfeso. A igreja em Laodicéia não é marcada
nem por lealdade e perseverança nem por deslealdade intencional, mas por uma auto-satisfação
confortável que a tornava incapaz de dar o verdadeiro testemunho de Cristo.
v. 14. do Amém-. Aquele em quem a revelação de Deus encontra sua resposta e cumprimento
perfeitos (cf. 2Co 1.19,20). Uma conexão com o hebraico ’amon em Pv 8.30 tem sido sugerida por
alguns intérpretes porque a parte final desse título tríplice de Jesus, o soberano da criação de Deus
(lit. “o início da criação de Deus”), vem do mesmo contexto em Pv 8.22 (cf. Cl 1.15ss). Jesus fala
aqui na posição da Sabedoria Divina, a testemunha fiel e verdadeira: Cf. 1.5. v. 15. você não éfrio
nem quente-, A escolha da figura da mornidão para caracterizar a ineficiência ou falta de zelo
dos laodicenses pode ter sido sugerida pelo suprimento de água da cidade, que provinha das fontes
termais de Denizli ao sul, que ainda estava morna depois de correr por oito quilômetros em canos de
pedra — diferentemente da água fria que refrescava seus vizinhos em Colossos ou da água quente
cujas propriedades terapêuticas eram muito apreciadas pelos habitantes de Hierápolis. Cf. M. J. S.
Rudwick e E. M. B. Green, “The Laodicean Lukewarmness”, Exp T 69 (195758), p. 176. v. Estou
rico, adquiri riquezas e não preciso de nada'. A igreja de Laodicéia evidentemente refletia o caráter
da cidade como um todo, que era famosa por sua riqueza. Quando foi destruída por um
terremoto em 60 d.C., os cidadãos recusaram ajuda de Roma e reconstruíram a cidade com
seus próprios recursos. Mas, por admirável que essa independência possa ser nas questões materiais,
no domínio espiritual a auto-suficiência significa destruição; a verdadeira suficiência de uma igreja
precisa vir de Deus (cf. 2Co 3.5), que é o único que supre riquezas, vestimentas e saúde espirituais
(v. 18). v. 18. roupas brancas-, Laodicéia era famosa pela manufatura de mantos de lã preta
chamados laodicia; as ovelhas pretas das quais a lã era obtida sobreviveram nessa região até os
nossos dias.
Para cobrir a sua vergonhosa nudez-. Cf. 16.15. colírio para ungir os seus olhos-. Havia uma
famosa escola médica perto de Laodicéia em que a “pedra da Frigia” era triturada para produzir
colírio (gr. kollyrion), que parece que era misturado com óleo e aplicado aos olhos como ungüento.
v. 19. Repreendo e disciplino aqueles que eu amo: Com base em Pv 3.12 (cf. Hb 12.6). seja
diligente e arrependa-se: Esse é o quinto chamado ao arrependimento nessas cartas (cf. 2.5,16,21;
3.3); somente Esmirna e Filadélfia não são assim desafiadas. O arrependimento de Laodicéia
substituiria a complacência pelo zelo e preocupação, v. 20. Eis que estou à porta e bato-. Cristo não
tem lugar na vida da igreja de Laodicéia e quer entrar; mesmo que a igreja como um todo não dê
atenção a esse chamado, os membros que o fizerem vão desfrutar da mútua comunhão com ele. A
linguagem lembra Jó 14.23. v. 21. darei o direito de sentar-se comigo em meu trono, assim como eu
também venci e sentei-me com meu Pai em seu trono-, Cf. a promessa de Jesus em Lc 22.28-30 aos
que tinham permanecido ao lado dele nas suas “provações”. A vitória deles, como a de Jesus, é
conquistada por meio do sofrimento e da morte (5.5,6; 12.11); os que sofrem com ele reinam
com ele (2Tm 2.12). A mesma promessa foi feita com outras palavras no final da carta a
Tiatira (2.26-28). Cristo sentado no trono do Pai é sua exaltação à direita de Deus, da qual ele falou
na sua resposta ao sumo sacerdote (Mc 14.62) e que foi proclamada desde o início da pregação
apostólica e na confissão de fé da igreja (At 2.33ss; 5.31; Rm 8.34; Ef 1.20; Cl 3.1; Hb 1.3 etc.; IPe
3.22). “O direito mais elevado que o céu oferece é dele, é dele por direito”; mas a participação na
sua soberania é concedida a seu povo (cf Ef 2.6). v. 22. o que o Espírito diz às igrejas-, A outras
igrejas além das sete, sendo as sete, sem dúvida, representantes de todas; e, com as
devidas adaptações, às igrejas do século XXI tão claramente quanto às do século I.comentário NVI
F. Bruce.
Cartas de Cristo às Sete Igrejas (capítulos 1—3)
Contexto. O apóstolo João identifica este livro como a “revelação de Jesus Cristo”
(1.1). Embora a construção do texto em grego nos permita interpretar a frase
como significando uma revelação que é dada por Jesus Cristo, é melhor
interpretá-la como “revelação de”, significando uma revelação de Jesus como Ele
era então e como é agora, glorificado com o Pai no céu.
Aqui é surpreendente ver a reação de João. Este discípulo “a quem Jesus amava”
(Jo 13.23), que aproveitava cada oportunidade para estar perto de seu Senhor,
fica profundamente impressionado com a visão de Cristo como Ele é, sem
disfarces. Ele cai aos pés de Jesus “como morto” (1.17), aterrorizado e apavorado
pela impressionante exibição de Jesus em sua divindade.
Cristo levanta João e lhe ordena: “Escreve as coisas que tens visto, e as que são,
e as que depois destas hão de acontecer” (1.19). Os futuristas vêem este como o
versículo chave do livro, definindo seu conteúdo. “As coisas que tens visto” é
Jesus glorificado, descrito em 1.9-18. “As que são” é a condição das sete igrejas a
quem João deve escrever, registrada nos capítulos 2 e 3. E “as que hão de
acontecer” é o restante do livro, registrado nos capítulos 4 a 22. Desta forma, as
visões de João são colocadas diretamente dentro da tradição apocalíptica judaica,
como descrições proféticas e simbólicas do final da história.
O foco desta seção do livro, entretanto, está “nas [coisas] que são”. Aqui temos
uma série de sete cartas a sete igrejas existentes na Ásia Menor. Cada carta des-
creve a igreja destinatária, apresenta um aspecto particular de Cristo e incentiva
uma resposta específica. Embora estas cartas sem dúvida se refiram à situação
corrente na época de João, elas foram interpretadas, por gerações de pregadores,
como típicas das igrejas de todos os tempos. A tipologia, com as características
das igrejas, a descrição que João faz de Jesus, e a resposta desejada, estão
resumidas no quadro a seguir.
Padrão das Notas Para as Sete Igrejas. As mensagens enviadas às igrejas seguem
um padrão comum:
■ Cada nota é dirigida ao “anjo” da igreja, que talvez possa ser interpretado como
uma referência ao “espírito predominante” da congregação, a algum guardião
sobrenatural ou líder humano.
■ Cada nora a seguir identifica Cristo com uma expressão específica, mas
diferente. Na carta a Éfeso, quem faia é “aquele que tem em sua destra as sete
estrelas, que anda no meio dos sete castiçais de ouro” (2.1), ao passo que na
carta a Filadélfia quem fala é “o que é santo, o que é verdadeiro, o que tem a
chave de Davi” (3.7). Fica claro que em cada caso a identificação destaca um
aspecto do caráter ou do papel de Cristo que corresponde à sua avaliação da
igreja, ou ao seu chamado para a reforma.
■ Cada nota então relata o que Cristo “sabe” sobre aquela igreja. Isto é, as
características da congregação estão definidas, como na carta a Éfeso, em que o
remetente diz: “Eu sei as tuas obras, e o teu trabalho, e a tua paciência, e que
não podes sofrer os maus; e puseste à prova os que dizem ser apóstolos e o não
são e tu os achaste mentirosos” (2.2). Esta é, basicamente, uma avaliação das
realizações da igreja, e serve conto um elogio, exceto no caso das igrejas de
Sardes e Laodicéia, em que não se encontra nenhuma indicação de elogio.
■ Cada nota, então, contém uma ordem direta e clara, que define o que a
igreja deve fazer para corrigir as falhas de seu modo de vida, ou os erros que nela
penetraram para corrompê-la.
Apocalipse
Autor:
O autor se identifica como João (1.1, 4, 9; 22.8). Ele era bem conhecido entre as
igrejas da Ásia Menor (1.9; “Data e Ocasião” abaixo). Já no século dois d.C., Justino
Mártir, Irineu, e outros identificaram o autor como sendo o apóstolo João. No entanto, no
século três, Dionísio, bispo de Alexandria, comparou o estilo e os temas de Apocalipse
com o evangelho de João e concluiu que os dois deveriam ter tido autores diferentes.
Ainda assim, é provável que o apóstolo João seja o autor. O livro de Apocalipse enfatiza o
fato de que a sua mensagem e conteúdo são derivados, no cômputo final, de Jesus Cristo
e de Deus Pai (1.1, 10, 11; 22.16, 20). O livro possui plena autoridade divina (22.18, 19).
Data e Ocasião:
O livro de Apocalipse foi escrito durante uma era de perseguição, provavelmente
perto do final do reino do imperador romano Nero (54-68 d.C.) ou durante o reino de
Domiciano (81-96 d.C.). A maior parte dos estudiosos concorda com uma data em torno
de 95 d.C.
O livro é dirigido a sete igrejas na Ásia Menor (1.4, 11), uma área que atualmente é
parte da Turquia ocidental. Cada igreja recebe repreensões e encorajamentos de acordo
com a sua condição (2.1—3.22). Havia muita perseguição sobre alguns cristãos (1.9; 2.9,
13) e haveria mais pela frente (2.10; 13.7-10). Oficiais romanos tentariam forçar os
cristãos a adorar ao imperador. Ensinamentos heréticos e fervor decrescente tentariam os
cristãos para que se envolvessem com a sociedade pagã (2.2, 4, 14, 15, 20-24; 3.1, 2, 15,
17). O livro assegura aos cristãos que Cristo conhece as suas condições e que ele os
chama para permanecerem firmes contra todas as tentações. A vitória dos cristãos já foi
assegurada pelo sangue do Cordeiro (5.9, 10; 12.11). Cristo virá em breve para derrotar
Satanás e todos os seus agentes (19.11—20.10) e o povo de Cristo desfrutará da paz
eterna em sua presença (7.15-17; 21.3, 4).
Dificuldades de Interpretação:
1. Abordagens ao livro. Os intérpretes discordam com relação ao período de
tempo e à maneira em que as visões de 6.1–18.24 são cumpridas. Os "preteristas"
pensam que o cumprimento ocorreu na queda de Jerusalém (isto se Apocalipse foi escrito
em 67-68 d.C.), na queda do império romano, ou em ambos. Os "futuristas" acham que o
cumprimento ocorrerá num período de crise final logo antes da segunda vinda. Os
"historicistas" pensam que o trecho 6.1–18.24 oferece um esboço cronológico básico do
curso da história eclesiástica do primeiro século (6.1) até a segunda vinda (19.11). Os
"idealistas" acham que as cenas do Apocalipse não descrevem eventos específicos, e
sim, princípios de guerra espiritual. Estes princípios estão em operação no transcurso da
era eclesiástica e podem ser alvo de repetições análogas.
A verdadeira interpretação provavelmente se encontra em uma combinação destes
pontos de vista. As imagens de Apocalipse são multi-facetadas, e são, em princípio,
capazes de variadas interpretações. Os idealistas mantêm que no livro temos a expressão
de certos princípios gerais. Se isto for verdade, aqueles princípios tinham uma relevância
específica às sete igrejas e às suas tribulações durante o primeiro século (1.4, "Data e
Ocasião" acima), mas os mesmo princípios também virão a ter o ápice de sua expressão
na crise final da segunda vinda (22.20. cf. 2Ts 2.1-12). Os cristãos, ao longo da história,
estão envolvidos na mesma guerra espiritual e conseqüentemente devem aplicar os
princípios a si mesmos e ao seu próprio tempo (1.3, nota). Sendo assim, muitas
passagens teriam, pelo menos, três aplicações principais: ao primeiro século, à crise final,
e à época vivida por qualquer cristão.
Por outro lado, suponhamos que os preteristas estejam basicamente corretos em
pensar que o Apocalipse se refere, em sua maior parte, a eventos do período da igreja
primitiva. Eles podem facilmente reconhecer que os princípios básicos de conflito têm
uma aplicação mais ampla. Sendo assim, os resultados práticos serão semelhantes à
abordagem idealista. Paciência e humildade são necessárias quando lidamos com
diferenças de opinião sobre estas questões. Nesse meio tempo, Apocalipse oferece várias
lições amplas das quais podemos nos beneficiar.
2. O milênio. O período de mil anos do reinado de Cristo descrito em 20.1-10,
normalmente chamado de "milênio", é entendido de várias maneiras pelos intérpretes. Os
"pré-milenistas" acreditam que os mil anos vêm depois da segunda vinda descrita em
19.11-21. Depois da segunda vinda, Satanás está preso e Cristo traz um longo período de
paz e prosperidade na terra. Alguns pensam nisso como sendo um período literal de mil
anos e outros acham que o número significa um longo período de tempo. Os cristãos
recebem corpos ressurretos no começo do milênio, mas o julgamento final para todos
acontece no final, depois de uma rebelião liderada por Satanás. No segundo século,
Justino Mártir e Papias estavam entre aqueles que tinham esta visão premilenar.
Os "amilenistas" entendem o milênio como sendo uma figura do reino presente de
Cristo e dos santos no céu (análogo a 6.9, 10). A "primeira ressurreição" (20.5) é ou a vida
de cristãos que morreram e que estão com Cristo no céu, ou a vida em Cristo que começa
com o novo nascimento espiritual (Rm 6.8-11; Ef 2.6; Cl 3.1-4). Satanás foi preso através
do triunfo de Cristo na sua crucificação e ressurreição (Jo 12.31; Cl 2.15).
Os "pós-milenistas" crêem que o reino de Cristo e da igreja irá experimentar uma
expansão muito maior na terra antes da segunda vinda. Os mil anos são tidos como
sendo um período final de triunfo cristão na terra, vindo depois da propagação do
evangelho (19.11-21, nota). Outros concordam com os amilenistas e identificam 20.1-6
com o período inteiro que começa com a ressurreição de Cristo.
A discussão, em parte, tem a ver com a relação cronológica entre 20.1-10 e 19.11-
21. Pré-milenistas acreditam que os eventos descritos em 20.1-10 simplesmente seguem
a segunda vinda, que é descrita em 19.11-21. Mas 20.1-15 pode também representar um
sétimo ciclo de julgamento que leva à segunda vinda (ver "Caraterísticas e Temas: Forma
literária"). A batalha final em 20.7-10 parece ser a mesma batalha final em 16.14, 16;
17.14; 19.11-21. Uma linguagem semelhante à de Ez 38; 39 é usada nas várias
descrições. O julgamento de Satanás em 20.10 segue em linhas paralelas com os
julgamentos contra a Babilônia (caps. 17; 18) e contra a Besta e o Falso Profeta (19.11-
21). Estes inimigos de Deus são destinados ao castigo eterno, e as visões que descrevem
o seu julgamento podem ser descrições paralelas, e não eventos diferentes em
seqüência. Certas características em 20.11-15 correspondem à descrições anteriores da
segunda vinda (6.14; 11.18). O que é mais importante, todos os inimigos de Cristo têm
sido julgados em 19.11-21. Se 20.1-6 representa eventos que vêm depois, não haveria
pessoas para Satanás enganar em 20.3.
É preciso cuidado porque as diferentes posições milenares dependem da
interpretação dos textos proféticos do Antigo Testamento assim como destes versículos
de Apocalipse. Além disso, como a maior parte do livro de Apocalipse, 20.1-10 usa uma
linguagem que, em princípio, pode ser legitimamente possível de múltiplos cumprimentos.
Estes fatos tornam difícil a interpretação precisa (é a prerrogativa de Deus revelar
somente o quanto for bom para nós sabermos sobre a ordem dos eventos futuros — At
1.7). O ponto principal é que Satanás será finalmente derrotado, e que, mesmo antes
disso, Deus já toma conta dos seus santos e os abençoa através do seu reinado
triunfante. Esta certeza deve confortar os cristãos, qualquer que seja a sua posição
milenar.
Características e Temas:
1. Conteúdo. Na visão de abertura, Cristo aparece como o Rei e Juiz majestoso do
universo e o Soberano das igrejas (1.12-20). Em 2.1—3.22 Cristo trata de necessidades
específicas de cada igreja. As suas promessas poderosas também lembram às igrejas da
extensão e profundidade de sua chamada (2.7, 10, 11, 17, 26-28; 3.5, 12, 21). A escolha
de exatamente sete igrejas sugere a relevância maior da mensagem (1.4, nota).
Em 4.1–22.5 as repreensões e os encorajamentos de Cristo tomam uma nova
forma. Através de Cristo e dos seus anjos (22.8, 9, 16) João recebe uma série de visões
cuja intenção é abrir os olhos dos cristãos para a majestade e condição de Deus como rei,
a natureza da batalha espiritual, os julgamentos de Deus sobre o mal, e o resultado do
conflito final. Deus e o seu exército devem ganhar a batalha (17.14; 19.1, 2), mas as suas
forças recebem oposição da parte de Satanás, o "dragão grande", (12.3), que conduz o
mundo inteiro para a perdição (12.9). Satanás tem dois agentes, a "besta" e o "falso
profeta," que juntos com ele formam uma trindade falsa (cap. 13; 16.13; ver
"Características e Temas: Outros aspectos" abaixo). Em oposição a estas ameaças os
santos devem manter um testemunho verdadeiro e fiel, até ao martírio (12.11), e devem
manter a pureza espiritual verdadeira (14.4; 19.8). No novo céu e na nova terra, o seu
testemunho encontra o cumprimento na luz final da verdade de Deus (21.22-27), e a sua
pureza se torna perfeita na noiva imaculada do Cordeiro (21.9).
O tema principal de Apocalipse é que Deus reina sobre a história e que a trará a
um clímax triunfante em Cristo. No centro estão as visões de Cristo (1.12-16) e de Deus
(4.1—5.14). Deus demonstra a sua majestade, autoridade e justiça como o Soberano e
Juiz do universo (1.12-20, nota). Estas visões centrais já prevêem a consumação da
história, quando a glória de Deus encherá todas as coisas (21.22, 23; 22.5; 4.1—5.14,
nota). Elementos detalhados nas visões expandem estas verdades, e devem ser vistas
como parte de uma visão mais ampla. O livro de Apocalipse é, assim, um livro de figuras,
uma apresentação dramática para equipar os cristãos para que tenham uma visão da
história centralizada em Deus. Ele não é um livro de quebra-cabeças para servir de fonte
para cálculos misteriosos.
2. Forma literária. O título grego de Apocalipse é Apokalypsis, que significa
"revelação" ou "desvelamento". Sendo assim, o livro é uma revelação que diz respeito ao
objetivo final da história. O livro de Apocalipse faz parte do que é conhecido como
“literatura apocalíptica”; assim como porções de Ezekiel, Daniel, e Zacarias, ele contém
visões com muitos elementos simbólicos. Usando imagens visuais além de promessas e
advertências verbais, ele entrelaça em uma tapeçaria poética temas relacionados de toda
a Escritura. A sua profundidade é demonstrada em todas as suas múltiplas alusões. Ainda
assim, como revelação ou desvelamento, ele se destina a nutrir a todos os que são
servos de Cristo (1.1).
O prólogo de Apocalipse (1.1-3) explica o seu propósito básico. Ap 1.4–22.21 é
uma carta com uma saudação (1.4, 5), corpo (1.5–22.20), e despedida (22.21). Os
elementos formais desta estrutura genérica também se encontram nas cartas de Paulo.
A porção principal do livro (4.1–22.5) consiste em sete ciclos de julgamento, cada
um contendo, como desfecho, uma descrição da segunda vinda (4.1–8.1; 8.2–11.9; 12.1–
14.20; 15.1–16.21; 17.1–19.10; 19.11-21; 20.1-15). A oitava porção final apresenta a visão
suprema da Nova Jerusalém (21.1–22.5). Cada ciclo pode ser melhor entendido como
uma descrição da mesma batalha espiritual, mas de um ponto de vista diferente. Os ciclos
que vêm posteriormente concentram-se cada vez mais nas fases mais intensas do conflito
e na segunda vinda em si.
Personagens simbólicos são introduzidos no drama um a um, e os seus destinos
são revelados na ordem inversa, a seguir:
A. O povo de Deus apresentado figuradamente como a imagem da luz e da criação
(12.1, 2)
B. O dragão Satanás (12.3-6)
C. A Besta e o Falso Profeta (13.1-18)
D. A noiva: o povo de Deus como imagem de pureza sexual
(14.1-5)
E. A Babilônia prostituta (17.1-6)
Biblia Genebra.
Apocalipse de João
Análise
A chave deste livro se encontra no versículo inicial: "Revelação de Jesus Cristo". O propósito
principal é revelar a pessoa do Senhor Jesus Cristo como Redentor do mundo e conquistador do
mal, e apresentar, de forma simbólica, o programa mediante o qual Ele dará prosseguimento a
Sua obra.
A estrutura do livro de Apocalipse se funda sobre quatro grandes visões, cada uma delas
principiando com a frase "no espírito", e contendo algum aspecto da pessoa de Cristo e Sua
suprema capacidade, como juiz do mundo. Cada visão aparece numa cena diferente e cada qual
avança mais um passo no desenvolvimento da idéia central do livro.
O livro de Apocalipse começa com cartas enviadas pelo Senhor a sete igrejas existentes no período
apostólico, e que servem de tipos das igrejas de todos os tempos. Nessas cartas, Ele expressa
Seus louvores e Suas críticas, concluindo com uma advertência e uma promessa.
Começando pelo quarto capítulo, o vidente é transferido para o céu, e contempla coisas que
devem "acontecer depois destas coisas" (4.1). Através de uma série de julgamentos, os selos, as
trombetas e as taças, a terra é castigada por causa do seu pecado, e o grande dia da ira de Deus
é inaugurado. Nenhuma indicação é dada sobre a duração desse processo, embora pareça que
será acelerado quando estiver se aproximando do fim.
Nos capítulos dezessete a vinte, nos são fornecidas visões detalhadas sobre a consumação desta
dispensação. O retorno de Cristo, gloriosamente, em companhia dos exércitos do céu (19.11-21),
o estabelecimento do Reino e sua conclusão por ocasião do julgamento final do trono branco
(20.1-15), e a criação de um novo mundo (21.1-8), tudo é descrito. A última visão dá
prosseguimento à terceira, ao descrever de modo mais completo a natureza da cidade de Deus
(21.9-22.5).
A conclusão do livro consiste em uma chamada à devoção. Se Cristo retomará então a santidade e
a indústria são coisas obrigatórias para o Seu povo. A oração no final do livro deveria expressar o
desejo íntimo de todos os crentes: "Amém. Vem Senhor Jesus" (22.20).
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