Aula 2 - Pregando o Antigo Testamento

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PRE GA NDO O A N T I GO T E STA ME N TO

Um guia para proclamação das escrituras.

Aula 2

PREGANDO
NAS NARRATIVAS
DO ANTIGO
TESTAMENTO

I- INTRODUÇÃO
Metade da Bíblia é composta por histórias. Com toda certeza, esse é o
gênero textual preferido do Antigo Testamento. O Antigo Testamento
narra a história de Israel e do Messias, fazendo com que a história seja o
principal elemento da identidade do povo de Deus. E nós, por sermos seres
históricos, acabamos fazendo da história nosso gênero predileto também.
As histórias são memoráveis, envolvem emoção, e inspiram ação e crença.
Elas lembram as pessoas que elas não estão sozinhas e, além disso, o
próprio Jesus contou histórias em seu ministério terreno. Da perspectiva
do púlpito, você pode ver uma mudança inconsciente na postura corporal
da congregação quando diz “Deixe-me contar uma história”. A congrega-
ção se inclina ligeiramente para a frente, em uma posição de relaxamento.

“Lembre-se de algumas cenas bíblicas memoráveis: o


cutelo na mão de Abraão em um instante parado no
tempo antes de sacrificar Isaque, as águas furiosas do
mar Vermelho obedecendo mansamente ao cajado levan-

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tado de Moisés, a voz divina de trovão reverberando do


monte Sinai abaixo para os ouvidos temerosos de Israel,
a pedrada certeira de Davi que derrubou Golias como
uma árvore. Lembre-se de alguns personagens bíblicos
inesquecíveis: a astuta Rebeca conspirando para ganhar
para o jovem Jacó a bênção da primogenitura, o sagaz
Labão ludibriando ao apaixonado Jacó na sua noite de
casamento, o ousado Moisés dizendo “não” para Deus
quando foi avisado de seus planos de destruição, a
enlutada Rispa enxotando os urubus e os chacais dos
corpos do seus dois filhos. Hollywood nem chega perto
da bíblia no que diz respeito às grandes histórias e aos
personagens vividos. Muito mais do que isso,
geralmente nos enxergamos dentro delas.”¹

Em sua essência, a literatura narrativa se comunica sutilmente. Decla-


rações proposicionais não empurram rapidamente o significado para a
superfície. Em vez disso, a mensagem emerge da própria história, por meio
da caracterização, desenvolvimento do enredo, comentários do narrador e
outras ferramentas do escritor.

Como visto na primeira aula, apesar do Antigo Testamento parecer um


pouco mais enigmático, como pregadores da palavra, não podemos per-
mitir que a narrativa do Antigo Testamento permaneça misteriosa. Não
podemos apenas reconhecer seu poder e então ignorá-lo por causa de sua
perplexidade. Muito menos proclamá-lo como uma simples história de
pessoas como nós, que mesmo em situações diferentes, nos ensinam algu-
mas lições ou nos passam algumas informações práticas . Devemos pro-
clamar o Antigo Testamento como parte de todo o conselho de Deus (At
20:27), como uma mensagem poderosa e relevante para os dias de hoje.

1 KLEIN Willian, BLOMBERG Craig, HUBBAR Robert. Introdução à interpretação bíblica. Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2017,
pg.520.

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Para isso, precisamos entender os elementos literários de uma narrativa


e os princípios chaves de uma exposição em narrativa. Os livros que são
compostos por narrativas são: Gênesis, Josué, Juízes, Rute, 1 e 2 Samuel, 1
e 2 Crônicas, Esdras, Neemias, Daniel, Jonas e Ageu. Para isso, é necessá-
rio; um narrador ou narradora, personagem, enredo, tempo, e espaço.

II. DIRETRIZES PARA INTERPRETAR


UMA NARRATIVA.

A. Identifique o enredo da narrativa

Chamamos de enredo a forma como os eventos são selecionados e organi-


zados pelo autor da narrativa. Ele é o assunto central, ou seja, aquilo que
gera movimentação na história, pois as narrativas se constituem de come-
ço, meio e fim. Qual a história, qual assunto, qual a trama? Leia a história
e pergunte “Esta história está falando a respeito de que?” Este enredo
estará diretamente relacionado a mensagem da história. Um enredo básico
começa com uma pessoa em seu ambiente, e então acontece algo que os tira
dessa “normalidade”. Em consequência disso, surgem problemas que
levam a um conflito final, ou “clímax” da história, que é então seguido pela
“ação de queda” ou “resolução”, que leva à conclusão, onde o personagem
retorna a um “novo normal”, como alguém que foi afetado pelos eventos
da história.

“ Alguns enredos tem um formato complexo, mas a


maioria dos enredos bíblicos emprega um único enredo
que forma um “padrão clássico de pirâmide”. Partindo
de uma situação inicial pacífica, a ação se dirige a um
clímax, até repousar novamente em uma situação tran-
quila. Bar-Efrat exemplificou este padrão de pirâmide
de Gênesis 22, onde a história começa com o tranquilo
pedido de Deus para que Abraão sacrificasse Isaque. A
ação culmina com o quase sacrifício de Isaque, e então
se acalma novamente, quando o menino e seu pai descem

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do monte Moriá. Um exemplo mais completo é a histó-


ria de Isaque e Jacó, em Gênesis 27. O clímax é quando
Isaque quase descobre o engano em que seu filho o está
colocando. A ação se acalma quando Isaque abençoa
Jacó, que estava fingindo ser Esaú. Mas outro clímax é
imediatamente encontrando, quando Esaú entra e pede a
benção de seu pai, que a tinha acabado de dar. Um novo
ponto de calmaria na ação da história é alcançado
quando Jacó deixa seu lar e alguma distância é inserida
entre os irmãos hostis.”²

É provável que o enredo da narrativa se torne o assunto do sermão. No


capítulo 22 de Gênesis, por exemplo, aparece em muitas bíblias com o
título: “Deus prova Abraão”, ou seja o assunto do capítulo é o teste da fé de
Abraão. Tudo o que será contado no texto é a história deste enredo. Assim,
o assunto do sermão será sobre uma fé que é testada por Deus.

B. Identifique as cenas da narrativa.

As narrativas se organizam ao redor de cenas, diferentemente dos textos


Paulinos por exemplo, que são organizados ao redor de ideias. Uma cena
apresenta o que aconteceu em um determinado momento e lugar. Elas são
blocos de construção básicos. As cenas devem ser entendidas no contexto
do enredo maior. Uma história pode parecer ter um ponto muito diferen-
te se você não sabe o que está acontecendo nela, - quando e por que em
uma narrativa - e isso acontece o tempo todo quando as pessoas lêem a
Bíblia. Precisamos aprender como defini-las e discernir quando a cena
muda. Normalmente, cenas são marcadas por mudanças de tempo ou
lugar, como por exemplo: Gênesis 22:1-8:

2 JUNIOR, Walter C. Kaiser. Pregando e Ensinando a partir do Antigo Testamento - Um guia para a igreja. Rio de Janeiro: CPAD, 2009, pg 79

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“ 1Depois dessas coisas, sucedeu que Deus provou Abraão,


dizendo-lhe: Abraão! E ele respondeu: Estou aqui. 2”E Deus
prosseguiu: Toma agora teu filho, o teu único filho, Isaque, a quem
amas; vai à terra de Moriá e oferece-o ali em holocausto sobre um
dos montes que te mostrarei.” 3”Na manhã seguinte Abraão
levantou-se cedo, preparou o seu jumento e tomou dois de seus
servos e Isaque, seu filho; e, tendo cortado lenha para o holocausto,
partiu para o lugar que Deus lhe havia mostrado.” 4Ao terceiro
dia Abraão levantou os olhos e viu o lugar de longe. 5”Então
Abraão disse a seus servos: Ficai aqui com o jumento; eu e o moço
iremos até lá e, depois de adorar, voltaremos.” 6”Abraão pegou a
lenha do holocausto e colocou-a sobre Isaque, seu filho; levou
também o fogo e a faca; e foram caminhando juntos.” 7Então
Isaque disse a Abraão, seu pai: Meu pai! Respondeu Abraão: Estou
aqui, meu filho! Isaque perguntou: O fogo e a lenha estão aqui, mas
onde está o cordeiro para o holocausto? 8Abraão respondeu: Meu
filho, Deus mesmo proverá o cordeiro para o holocausto. E os dois
iam caminhando juntos.”

a) Cena 1: 22:1,2 - Deus falando com Abraão


b) Cena 2: 22:3 - Abraão saindo de casa - Perceba que neste momento há
a utilização da palavra “Na manhã seguinte”, ou seja, essa expressão é
chave, pois marca a mudança de cena.
c) Cena 3:22:4-8. Aqui temos a utilização das palavras, “ao terceiro dia”,
sugerindo novamente uma mudança de cena. Outras expressões também
sugerem mudança de cena como, “e aconteceu”, “enquanto isso” “depois
dessas coisas”. Além de perceber qual o enredo está sendo desenvolvido,
é essencial perceber as cenas pois elas podem marcar os pontos principais
da sua mensagem.

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C. Identifique os elementos da narrativa

1. Quais são os personagens? Como o autor os descreve? Como eles se


descrevem?

2. Que situação está ocorrendo?

3. Há algum diálogo? É particularmente importante prestar atenção àqueles


momentos em que um personagem repete uma parte ou o todo do que o outro
personagem acabou de dizer. Nestas repetições, frequentemente, há uma pequena
e ligeira alteração, uma inversão de ordem, melhoria, supressão ou alguma outra
diferença.³ Isto pode dar ao intérprete uma indicação de alguma coisa que
pode ser a chave para compreender o personagem ou o evento descrito.
Robert Alter apresenta duas regras importantes e úteis sobre o uso do
diálogo quando interpretamos uma narrativa. A primeira seria observar o
ponto em que o diálogo é introduzido, pois este é, frequentemente, um mo-
mento importante que revela o caráter do orador. E talvez possa ser mais
importante do que a substância do diálogo. A segunda regra importante é
observar, também, onde o narrador escolheu introduzir diálogo, em detri-
mento da narração. Essa dinâmica onde o narrador passa da narrativa ao
diálogo, e vice-versa, faz parte do efeito que é criado. E na troca de pala-
vras entre eles, o relacionamento entre os personagens e Deus, assim como
o relacionamento de um com o outro, será esclarecido.

4. Há alguma ênfase? Uma ideia principal que está sendo enfatizada? Há


elementos da história que são desconhecidos para o público de hoje? Ri-
chard Rowman dirá que o caráter da narrativa bíblica é apresentado de
quatro diferentes maneiras: 1. através dos atos do personagem e suas inte-
rações com os demais personagens; 2. através das palavras do personagem;
3. através das palavras dos outros personagens a respeito de um perso-

3 JUNIOR, Walter C. Kaiser. Pregando e Ensinando a partir do Antigo Testamento - Um guia para a igreja. Rio de Janeiro: CPAD, 2009, pg 85
4 BOWMAN, Richard, “Narrative Criticism: Human Purpose in Conflict with Divine Presente”, em Judges and Method: New Approaches in
biblical Studies, Ed. Gle A Yee, Minneapolis: Fortress, 1995, pg. 29

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nagem específico, e 4. através dos comentários específicos do narrador a


respeito de um personagem4

Veja esse exemplo em Gênesis 22

a) Quais os personagens em Gênesis 22?


(1) Deus, Abraão, Isaque e os servos.

b) Como descrever a situação dentro do contexto?


(1) A aliança de Deus.
(2) A promessa do descendente vindo de Sara.
(3) A promessa de Isaque.
(4) A prova de fé.

c) Quais os diálogos que ocorrem e qual a importância deles?


(1) O diálogo de Abraão com Deus.
(2) O diálogo de Abraão com os servos
(3) O diálogo de Abraão com Isaque.

d) Quais a ênfases?
(1) “teu único filho”
(2) “a quem amas”
(3) “voltaremos”

5. Há algum elemento desconhecido para o leitor? O que significa ho-


locausto? O que é rachar lenha? Por que são dois servos e não três?
Precisamos pesquisar esses elementos que podem ser desconhecidos para
o público de hoje, para poder fornecer mais informações que ajudaram na
compreensão da narrativa.

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III. PRINCÍPIOS CHAVES DE EXPOSIÇÃO


EM NARRATIVA

A. Narrativas geralmente compõem grandes porções, então prepare-se


para pregar em grandes porções de texto, dando preferência para pregar
cena por cena e não verso a verso. Não podemos pregar uma narrativa da
mesma forma que pregamos um texto de Paulo ou dos evangelhos, onde
as narrativas são curtas e os parágrafos são curtos. Faça a leitura de toda
a narrativa e depois vá recontando a história. Porém, não fique lendo no-
vamente.

B. Quanto aos elementos éticos presentes na história, é necessário analisar


a narrativa à luz de textos normativos.

Texto normativo é aquele que integra um conjunto de


regras, normas e preceitos. Destina-se a reger o funcio-
namento de um grupo ou de uma determinada atividade.
Normativo = que estabelece regras ou normas.

O que isso significa? Que é interessante notar o que está sendo ensinado
naquela cena, porém quando formos ensinar princípios morais é neces-
sário tomar o cuidado para não forçar nada ao texto e fazermos interpre-
tações moralistas. Por exemplo, dizer que o fato de Abraão ter levantado
de madrugada mostra sua disposição e por isso devemos ter disposição
também, não é algo que está sendo ensinado pelo texto.
Para evitar isso é necessário entender que, quando retirarmos princípios
morais das narrativas, precisamos procurar textos que não são narrativos
e sim normativos, assim podemos realizar afirmações. Por exemplo, deve-
mos olhar para as cartas do Novo Testamento, para a lei, os evangelhos, os
ensinos de Jesus e pensar se em algum lugar nesses livros é nos dito que
precisamos acordar cedo. Nem tudo o que uma narrativa diz que acon-

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teceu, significa que é o que deve acontecer. As narrativas relembram o


que aconteceu e não necessariamente o que devia ter acontecido, ou o que
deve acontecer todo o tempo. Portanto, nem todas as narrativas têm uma
aplicação moral a ser identificada. Precisamos julgar os textos narrativos a
luz dos textos normativos, até mesmo porque a Bíblia narra diversos erros
de seus “heróis”.

Numa outra ocasião, em minhas jornadas, encontrei dois


cristãos evangélicos num debate acalorado, discutindo
se devemos ou não mentir em certas situações. Indepen-
dentemente da discussão sobre a possível legitimida-
de de uma inverdade ou omissão da verdade em certas
situações (como o caso de mentir ou omitir para salvar
uma vida), o que estamos discutindo é o uso de textos
bíblicos de maneira indevida. O argumento dos debaten-
tes era o de que Abraão, servo do SENHOR, e amigo de
Deus, em uma situação de necessidade, mentiu
(Gn 12.18-20), o que legitimaria o procedimento. A
questão aqui não é tão difícil: o simples relato de um
texto histórico não o define como norma. Muitas vezes
o texto bíblico conta-nos os erros e falhas de seus per-
sonagens exatamente para enaltecer o poder de Deus na
vida de um ser humano frágil. Muita gente, porém, tenta
ver méritos e qualidades especiais em cada detalhe de
vida do personagem bíblico, sem contrastar o comporta-
mento dos mesmos com as normas divinas. Assim, com
base nos fatos de que Moisés ficou irado, Abraão men-
tiu, Jacó enganou Labão, Raabe mentiu em Jericó, Davi
foi polígamo, etc, alguns tentam justificar seus pecados,
afirmando que homens e mulheres de Deus do passado

5 Luiz Sayão - Extraido de: https://bereianos.blogspot.com/2011/03/biblia-mal-compreendida-problema-serio.html

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fizeram tais coisas e não foram punidos por isso. O equí-


voco é muito claro. Não podemos fazer isso: um texto
narrativo não é necessariamente normativo.5

Muita gente tem sofrido com seus familiares ao ler o conhecidíssimo texto
de Atos 16.31: “Crê no Senhor Jesus, e tu e tua casa sereis salvos” . O pro-
blema desse texto é que muitas pessoas pensam que estamos diante de uma
promessa divina de que todos os nossos parentes próximos serão salvos.
A verdade é que o texto não ensina isso! Em primeiro lugar, é importante
destacar que como texto narrativo histórico, o versículo não pretende ser
normativo. Ou seja, o relato de alguma coisa que acontece não necessa-
riamente é norma para toda a igreja. Aqui vemos uma promessa que foi
dada ao carcereiro de Filipos e não para todos! A ele foi dito que ele e “os
de sua casa” seriam salvos. No caso dele, isso talvez tivesse incluído ser-
vos ou empregados, já que a “casa” de alguém nos tempos bíblicos incluía
gente que não era da família de sangue. Portanto, a verdade é que ninguém
pode assegurar a conversão de seus parentes com base nesse texto. Se esse
fosse o caso, ninguém veria um parente próximo morrer sem converter-se
a Cristo na história, mas sabemos que isso não se verifica. Além disso, o
próprio Jesus deixou claro que muitos cristãos até perderiam suas famílias
por causa do evangelho: “E todo o que tiver deixado casa, ou irmãos, ou
irmãs, ou pai, ou mãe, ou mulher, ou filhos, ou campos, por minha cau-
sa, receberá cem vezes mais e herdará a vida eterna.”. Leia também Ma-
teus 10.35,36. Como se vê, se nos fosse prometida a conversão de todos os
parentes próximos estes textos de Mateus não fariam sentido.

C. Conecte a sua audiência ao ambiente histórico da narrativa.

Muitos pregadores cometem o erro de ler a narrativa e logo saltar para


alegorização e aplicação, e deixam de transportar aquelas pessoas para
aquela história, para que elas se imaginem como parte dela. As narrativas
devem ser pregadas como elas são, histórias, por isso, procure conectar as
pessoas à história, mostrando a situação que estava ocorrendo e relacio-
nando-a à situação dos dias de hoje. Se a história for muito longa é inte-

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ressante contar em vez de ler. Contar a história envolve as pessoas de uma


nova maneira e, muitas vezes será como se eles nunca tivessem ouvido isso
antes. As pessoas precisam que sua imaginação seja estimulada, e as histó-
rias irão causar esse efeito na congregação. As pessoas querem imaginar
como seria ter participado da fuga do Egito, presenciar o mar se abrindo,
ou até mesmo sentir como seria viver na época do Rei Davi.
Em um esforço correto para ser preciso e evitar o emocionalismo, muitos
acabam caindo no erro de não ter emoção nenhuma em seus sermões, e
frequentemente, a imaginação dos ouvintes não é tocada. Uma boa narra-
tiva é uma maneira de capturar a imaginação da congregação, atraindo-os
para ver as escrituras de uma nova maneira.
Portanto, uma boa parte do tempo de preparação da pregação deve ser
gasto aprendendo a contar a história. Pense em possíveis perguntas que as
pessoas possam ter sobre a história e se esforce para respondê-las.

D. Procure entender a teologia que está sendo ensinada no texto.

As narrativas do Antigo Testamento nem sempre ensinam diretamente.


Elas enfatizam a natureza e a revelação de Deus de maneiras especiais que
as porções legais ou doutrinárias da Bíblia nunca poderiam, permitindo-
-nos viver empaticamente por meio de eventos e experiências, em vez de
simplesmente aprender sobre um assunto.
Cada narrativa ou episódio individual dentro de uma narrativa não tem
necessariamente uma moral própria. Elas não podem ser interpretadas
isoladamente, como se cada afirmação, cada evento, cada descrição pudes-
se, independentemente das outras, ter uma mensagem especial para o lei-
tor. Tentar encontrar significado em cada detalhe ou cada evento único
na narrativa não funcionará se não for lido à luz do contexto e da história
mais ampla.
Mas apesar disso as narrativas do Antigo Testamento não são apenas
histórias. Eles são relatos históricos contados deliberadamente para de-
monstrar a fidelidade de Deus às Suas promessas e Sua soberania sobre
a história humana, portanto devemos nos perguntar, à luz deste texto, o
que Deus demanda de nós? À luz deste texto, o que aprendemos sobre

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o plano redentor de Deus? Como esta passagem desafia seu entendi-


mento sobre quem é Deus e como Ele é? O que podemos aprender de
Deus e de nós mesmos? Existe alguma atitude, comportamento ou
pensamento que você precisa mudar?

As pessoas não apenas amam uma boa história, mas


também podem ser mudadas por ela!

Como parte de nosso envolvimento com a história e parte de nossa respos-


ta a ela, precisamos perguntar como a narrativa envolve as necessidades
humanas, desejos, anseios, pecados, fracassos, ambições, emoções, todas
aquelas coisas que fazem parte da existência humana . Como isso nos en-
volve na história? Nas narrativas os personagens costumam nos represen-
tar de alguma forma, nem sempre diretamente, mas como participantes da
experiência humana. Por isso, precisamos nos perguntar como a história
aborda essas dimensões humanas da perspectiva do relacionamento com
Deus. Em outras palavras, precisamos ter em mente em nossa resposta à
história que todas as narrativas bíblicas são finalmente teologia.

E. Relacione o ensino da narrativa à realidade que estamos em Cristo na


Nova Aliança.

Alguns elementos são alterados por causa da realidade de Jesus no Novo


Testamento. Procure entender elementos que eram realidade naquela épo-
ca, mas mudaram com a vinda de Jesus. Por exemplo, para entrar em pacto
com Deus, não precisamos cortar animais e passar no meio deles como
Abraão (Gn 17), mas crer no sangue de Jesus.

CUIDADO COM O ANACRONISMO!


Quando se trata de compreender os textos bíblicos, anacronismo significa

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tentar encaixar à força as Escrituras e Jesus em nossa situação histórica.


De modo geral, anacronismo é atribuir qualquer costume, evento ou obje-
to a um período de tempo ao qual não pertence.
Vamos tomar como exemplo o texto de 1Coríntios 13:12 onde Paulo diz:
“Agora, pois, vemos apenas um reflexo obscuro, como em espelho; mas, então, vere-
mos face a face”. Se o intérprete pensar em espelhos do século XXI prova-
velmente sua interpretação do texto estara errada, pois os únicos espelhos
conhecidos por Paulo eram de metal polido, tornando o “reflexo obscuro”.
Isso seria um anacronismo.

F. Escolha uma abordagem homilética para o sermão.

Abordagem 1: Separe o texto em cenas, identifique o ensino de cada bloco,


elabore para cada bloco um ponto de seu sermão e faça aplicações.
Abordagem 2: Leia a narrativa e reconte toda a história identificando os
ensinos gerais de toda ela e, ao final, faça aplicações

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