A Importância Do Processo de Avaliação Na Prática Pedagógica

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A importância do processo de avaliação

na prática pedagógica*
Renato Melher Portásio
Especialista em Administração Escolar
Professor e Coordenador da Rede Pública Estadual de Ensino do Estado de São Paulo
e-mail: [email protected]

Anterita Cristina de Sousa Godoy


Doutora em Educação - UNIMEP
Coordenadora e professora do curso de Pedagogia e do curso de Especialização em
Administração Escolar do Centro Universitário Anhanguera - Unidade Pirassununga
e-mail: [email protected]

Resumo Abstract

A avaliação escolar tem provocado muitas reflexões na The school evaluation has been provoking a lot of
área pedagógica, tornando-se uma discussão intensa e reflections in the pedagogic area, becoming an intense and
interminável entre pedagogos e gestores educacionais, cada endless discussion among educators, managers, each one trying
qual procurando enfatizar o que considera mais importante para to emphasize what considers more important for the students.
os educandos. A situação atualmente vivida no sistema escolar, The situation now lived in the school system, in evaluation
em termos de avaliação, ainda é problemática visto que terms, it is still problematic seen that prepared educators to
educadores preparados para criticar a própria prática criticize the own pedagogic practice. Like this, we believed in
pedagógica. Assim, acreditamos na importância do papel dos the importance of the education manager’s paper in the
gestores educacionais no processo de avaliação. A avaliação, evaluation process. The evaluation it is gone back to the future
como proposta emancipatória, está voltada para o futuro que that it intends, starting from the critic of the solemnity-
pretende, a partir da crítica do auto-conhecimento, da autonomia knowledge, of the autonomy for socket of conscious decisions,
para tomada de decisões conscientes, levar o educando a to take the student to describe his own walk and to propose
descrever sua própria caminhada e propor alternativas de ação. action alternatives. In that context we intend to investigate and
Nesse contexto nos propomos a investigar e refletir sobre as to contemplate on the proposals of evaluation in the context of
propostas de avaliação emancipatória no contexto da prática, the practice, understanding their different conceptions through
compreendendo suas diferentes concepções por meio de um a referential that also makes possible the construction of a new
referencial que possibilite também a construção de um novo one to look for the manners of evaluating.
olhar para os modos de avaliar.
Key-words: Evaluation, Pedagogic Practice, Education
Palavras-chave: Avaliação, Prática Pedagógica, Gestor Manager.
Educacional.

Introdução (VASCONCELOS, 1994, p. 15). Se considerarmos,


entretanto, o avanço técnico e científico associados às
A questão da avaliação é muito delicada e traz em cobranças da globalização, pode-se perceber o quanto
si “pré-conceitos” que assombram alunos e professores. as preocupações acerca da qualidade do ensino e do
É imprescindível, por isso, encará-la a partir dos processo de avaliação vão tornando-se cada vez mais
contextos escolar e social, já que faz parte de “um sistema importantes e ocupando lugar de destaque neste século
social educacional, inserido num sistema social XXI.
determinado que impõe certos valores desumanos (...) Olhando para o nosso contexto notamos, ainda,
que estão incorporados em práticas sociais, cujos uma sociedade excludente, com poucos compromissos
resultados colhemos em sala de aula” éticos, na qual o homem preocupa-se somente com o
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que é de seu interesse, deixando de lado tudo o que tem um referencial que possibilite a construção de um novo
importância para o coletivo. A predominância desse olhar para os modos de avaliar.
modelo social torna a avaliação um veredicto final à
sentença de excluir: na escola um registro marca o aluno O conceito de Avaliação
por toda sua vida.
Embora discursos em defesa de uma concepção É interessante perceber a correlação existente, no
de avaliação escolar como instrumento de emancipação senso comum, entre o conceito de avaliação e a
esteja presente na política educacional, prevalece ainda, atribuição de notas. Parece até redundante afirmar que
na prática escolar, uma didática essencialmente a avaliação vai além da ação de atribuir notas e que
instrumental e ações pedagógicas sustentadas por uma conceituá-la, ou discutir sobre ela, é fazer uma abordagem
racionalidade técnica, que vê o professor um depositário da prática educacional frente às modificações sociais e
e cobrador de conteúdos por meio de verificações que a realidade da educação brasileira. Esteban (2001)
exigem dos alunos “decorebas” isentas de compreensão destaca que “refletir sobre avaliação tem nos levado
(FREIRE, 1998). Esteban (2002) destaca que nesses constantemente a abrir novas portas” (p. 169), são por
casos “o exame funciona como um procedimento que elas que decidimos adentrar ao nos propor a tarefa de
circunscreve o sujeito nos marcos do poder e do saber construir um novo olhar sobre esse processo.
pela possibilidade de avaliação que carrega” e, apoiando- Segundo Ferreira (1990), a avaliação consiste no
se em Foucault, ressalta que “o exame combina com as “ato ou efeito de avaliar, apreciação, análise; valor
técnicas da hierarquia que vigia e a sanção que normaliza determinado pelos avaliadores” (p. 164). Sua raiz
(...) permitindo qualificar, classificar e castigar” (p. 107). etimológica está no verbo latino valere, que significa
A discussão acerca da avaliação escolar está direta “ter valor”, portanto, a avaliação traz em si a prestação
e intimamente ligada ao processo de ensinar e aprender, de um juízo de valor ou o julgamento da atividade do
ou seja, à prática pedagógica docente, portanto, podemos outro. A capacidade de alterar as práticas já solidificadas
tranquilamente afirmar que trata-se de uma ação humana dos procedimentos de avaliação no âmbito educacional,
e como tantas outras é acompanhada de dúvidas, portanto, é algo é complicado e complexo, porque
angústias, incertezas e incoerências. Por assim ser, envolve a faculdade de julgar de cada pessoa: para uns
podemos dizer que o processo de avaliação constitui-se é como um problema, para outros um desafio ou mesmo
em um marco crucial, de tomada de decisão, tanto para uma desmotivação. Podemos entender que é o modo
quem avalia quanto para quem está sendo avaliado. de encarar a avaliação que determina a sua importância
Olhando com certa distância para o e, ainda, que esse modo de se relacionar com o processo
desencadeamento desse processo, podemos visualizar avaliativo tem muito a ver com as diferentes experiências
que os sistemas de ensino delegam às instituições avaliativas vividas pelos sujeitos. Olhar por esse prisma
escolares a competência de conferir notas e certificados nos instiga à reflexão, desafiando-nos, como gestores
que atestem o conhecimento do aluno. No cotidiano escolares (professores, coordenadores e diretores) na
escolar essa é uma das tarefas que está sob a construção de um modo de proceder e desenvolver o
responsabilidade do professor que, para desenvolver um processo de avaliação que seja capaz de “interessar-se
processo de avaliação condizente com a proposta em que o educando aprenda aquilo que está sendo
político-pedagógica assumida pela escola, precisa estar ensinado” (LUCKESI, 1990, p. 80).
comprometido com o seu papel social. Um dos principais desafios educacionais e sociais
Em outro viés, também o professor é é esclarecer às pessoas que são avaliadas que elas não
continuamente avaliado por seus superiores - estão passando por um processo de punição, mas de
coordenadores e diretores - e por si mesmo, em vista “[re]direcionamento da aprendizagem e seu conseqüente
da melhoria aprendizagem de seus alunos, pois, desenvolvimento” (LUCKESI, 1999, p. 77).
considera-se que a avaliação busca a qualidade da Desmistificar esse conceito talvez se constitua no maior
docência, na tentativa de inovar a pratica educativa, isso desafio encontrado, pois o “processo avaliativo é de
significa que não se avalia para classificar, distinguir ou suma importância em todos os âmbitos do processo
discriminar. educacional para nortear as decisões pedagógicas e
A partir desses pressupostos, neste trabalho, retroalimentá-las, exercendo um papel essencial nas
objetiva-se refletir sobre propostas de avaliação adaptações curriculares” (MEC/PCN, 1999, p. 57).
emancipatória, no contexto de sua prática, e Ainda hoje a avaliação é usada como uma forma
compreender suas diferentes concepções por meio de de amedrontar ou punir em qualquer setor da sociedade,

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mas, é importante destacar que foi durante os séculos função da escola diante da sociedade e no
XVI e XVII que surgiu, na escola moderna, o termo redirecionamento dos objetivos e metas propostas, a fim
avaliação. Todas as expressões e experiências de que a avaliação seja vista como um instrumento de
pedagógicas desse período vêm das práticas da verificação das dificuldades em favor da aprendizagem.
pedagogia jesuíta. A sociedade burguesa daquela época Nas escolas é importante desencadear ações que
era marcada pela exclusão e marginalização. Na escola, visem a reconstrução do significado do ato de avaliar,
isso era expresso nos exames e provas que excluíam numa ação conjunta e contínua. Hoffmann (1991),
parte significativa dos alunos pela reprovação. As ações destaca que “a construção do ressignificado da avaliação
avaliativas eram feitas através de julgamentos, delimitando pressupõe dos educadores um enfoque crítico da
não apenas o acesso, mas, a permanência do aluno na educação e do seu papel social” (p. 112), e Luckesi
escola. (1998), que “a avaliação da aprendizagem [deva ser]
as finalidades e funções das provas e exames como um ato amoroso, no sentido de que a avaliação,
são compatíveis com a sociedade burguesa as por si, é um ato acolhedor, integrativo” (p.33).
da avaliação as questionam e que exatamente Buscar os significados que atribuídos a esse
por essa herança cultural que hoje torna-se difícil processo nos permite contribuir para que a avaliação
realizar a avaliação na integralidade de seu
gere possibilidades de aprendizagem, pois, não é punindo
conceito, no exercício de atividades educacionais
o alunos que a avaliação cumprirá sua função na
(LUCKESI, 1998, p. 171).
educação, afinal seu papel é voltar-se para a melhoria
Podemos afirmar, então, que a prática avaliativa
da qualidade do ensino e da prática escolar, pois a
de hoje é uma herança desse período, que restringia a
Avaliação deve ser um processo abrangente da
avaliação às provas e exames e, visando a classificação existência humana, que implica uma reflexão
e a seleção, a avaliação provoca um distanciamento entre crítica sobre a prática, no sentido de captar seus
alunos e professores, impedindo o desenvolvimento de avanços, suas resistências, suas dificuldades e
um relacionamento que favoreça o desenvolvimento do possibilitar uma tomada de decisões sobre as
processo de aprendizagem do aluno, quando deveria atividades didáticas seguinte. De acordo com ele,
auxilia[r] no esclarecimento das metas e dos a avaliação deveria acontecer acompanhando a
objetivos educacionais na medida em que o pessoa em seu processo de crescimento e ser
desenvolvimento do aluno está se processando encarada com um instrumento facilitador de tal
da maneira desejada, sendo também um sistema processo, e não como inibidor do mesmo,
de controle de qualidade pelo qual se pode marcando as pessoas de forma negativa pelo
determinar a cada passo do processo de ensino- resto de suas vidas. Ela deveria possibilitar nosso
aprendizagem, se este está ou não sendo eficaz, crescimento, porque aponta limites da ação e
indicando mudanças a serem feitas para provoca a descoberta de novos posicionamentos.
assegurar sua eficácia. (VASCONCELOS, 1998, (VASCONCELOS, 1998, p.44)
p. 35)
Na verdade, a avaliação representa um processo Por que avaliamos? Por que temos que ser
contínuo e sistemático dentro do processo de ensino e avaliados?
aprendizagem, visando o processo de construção do
conhecimento. Primeiramente, porque a Lei de Diretrizes e Bases
A avaliação como prática de investigação não da Educação Nacional, nº 9.394/96, prevê esse
se limita à distinção entre saber e não saber, que processo tornando-o obrigatório. Nela, a avaliação é
reduz a dimensão processual da construção de vista de forma contínua, que prioriza a qualidade do
conhecimentos, investe na busca do ainda não
ensino e a aprendizagem, já que reza que os aspectos
saber, que trabalha com a ampliação do
qualitativos devem prevalecer sobre os quantitativos.
conhecimento e desconhecimentos. O ainda não
saber abre espaço para a multiplicidade sem Infelizmente, os fatores que levam à avaliação,
colocar e estimular a reflexão sobre os diversos entretanto, foram historicamente e culturalmente
percursos possíveis, valorizando a assimilados como punição em relação a um ato
heterogeneidade e a produção do novo considerado errado. Por muito tempo, e ainda hoje,
(ESTEBAN, 2001, p. 166). escutamos, principalmente em momentos de indisciplina
A proposta, de olhar para o saber e o não-saber na sala de aula, que no dia da avaliação hão de receber
do aluno ajuda o professor a repensar na sua posição, o “troco”. Apesar do discurso emancipatório, acabamos
na sua função social dentro da instituição escolar, na nos esquecendo que “para avaliar é preciso ir além da

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medida, recorrendo a indicadores mais complexos e a compreensão ativa e responsiva, sujeitos às experiências
indícios de competência, tendo em vista que não se avalia e habilidade que ela já domina” (p. 19).
por avaliar, mas para fundamentar uma decisão” Na escola, as interações são deliberadas e
(MACHADO, 2000, p.23). Encarar a avaliação como explícitas, ou seja, vai-se à escola para a aquisição de
uma atividade de controle, marcada pelo momento da conhecimentos e é nesse processo, de ensinar e aprender,
entrega de notas e provas está tão enraizada em nós que que o professor assume um papel fundamental e uma
apenas discursamos que o ato de avaliar vai além desses mediação deliberada de induzir a criança a utilizar-se
momentos e que é preciso acompanhar o processo de das operações intelectuais, das possibilidades e dos
desenvolvimento do educando, mas não agimos assim. modos de dizer. E, nesse processo, a avaliação precisa
Esquecemos, pois que o “sentido fundamental da ação ser necessariamente contínua.
avaliativa é o movimento, a transformação o que implica Modificar um conceito perpetuado durante
num processo de interação educador e educando, num gerações é um desafio a ser superado. Preocupado com
engajamento pessoas” (MACHADO, 2000, p. 110). essa situação, o MEC, em conjunto com diversas
Esse poderia ser o segundo motivo pelo qual entidades públicas e privadas, buscou tentativas de
avaliamos, ou seja, para se ter um instrumento que solucionar o pesadelo dos altos índices de reprovações
possibilite apreender indícios do processo de elaboração e, conseqüentemente, da exclusão escolar, definindo que
do conhecimento, a fim de que seja possível potencializar a avaliação, a princípio, deveria perder seu conceito de
os avanços e as necessidades que devem ser superadas quantificar o conhecimento das pessoas, para tentar
junto ao aluno. “A avaliação propicia a mudança, o perceber o desenvolvimento qualitativo do processo via,
progresso e a aprendizagem. Por isso, é considerada, por exemplo, habilidades a serem alcançadas pelo
processual, contínua, participativa, diagnóstica e educando.
investigativa” (HOFFMANN, 2001, p. 78). Uma das estratégias é a implantação do Exame
Perrenoud (1999) lembra que “a avaliação Nacional do Ensino Médio (ENEM) que é sustentado
tradicional, não satisfeita em criar fracassos, empobrece pelo princípio da interdisciplinaridade, portanto,
as aprendizagens e induz, nos professores, didáticas prevendo um ensino trabalhado de forma integral e não
conservadoras e, nos alunos, estratégias utilitaristas” (p. isolado ou compartimentalizado. Embora a
18) e destaca que a avaliação não é um fim em si, mas interdisciplinaridade tenha uma dispersão de significados
um processo didático em funcionamento. que vai desde seu entendimento como “integração de
Embora o conceito de mediação seja utilizado disciplinas”, concretizado “em trabalhos práticos a partir
atualmente para designar as atividades do professor, da justaposição de conteúdos/disciplinas, do uso de
infelizmente ele é erroneamente compreendido. Enuncia- métodos/técnicas comuns e/ou da assunção de uma
se que mediar consiste no ensinamento, no qual o aluno atitude interdisciplinar” (GODOY, 1999, p. 33), até sua
busca solucionar os problemas auxiliados por seu compreensão como “mediadora da comunicação entre
professor, que por sua vez, deve estimular seus alunos a diferentes disciplinas”, pela qual entende-se “que as várias
buscar o conhecimento, não por imposição, mas por ciências devem contribuir para o estudo de variados
necessidade de dominar o saber do contexto temas que orientam o trabalho escolar, respeitando a
educacional. Mas, o conceito de mediar, segundo especificidade de cada área e empreendendo-se em uma
FONTANA (2000) sustenta-se em Vygotsky e Bakthin, construção de saberes continuamente perseguida e
para quem “a ação do sujeito sobre o objeto é mediada ampliada na busca de novas partes e novas relações”
socialmente pelo outro e pelos signos. A atividade (Idem, Ibid.), ela provoca mudanças no desenvolvimento
cognitiva é intersubjetiva e discursiva” (p.11). Ou seja, é do trabalho pedagógico do professor.
no curso das relações sociais que os indivíduos vão se As provas do ENEM buscam confrontar diversas
apropriando, produzindo e transformando as mais habilidades, independente da matéria, o que não apenas
diferentes práticas simbólicas em circulação na sociedade possibilita ao professor o desenvolvimento de um
de inserção, é dessa forma que vão se constituindo como trabalho interdisciplinar, como, de certa forma, cobra-
sujeitos, ao internalizar esses modos de ação e lhe essa prática pedagógica.
elaboração próprios. A comunicação entre adultos e Essa proposta de mudança não atinge somente as
crianças difere em sua elaboração mental, mas ela escolas da rede pública de ensino, ela se estende,
possibilita, na criança, o desenvolvimento de conceitos, também, às instituições particulares. É interessante
assim, “a mediação do outro desperta na mente da destacar que já existem escolas utilizando o sistema de
criança um sistema de processos complexos de avaliação por habilidades e competências. Entretanto, é
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preciso cuidado na compreensão dessa nova proposta se possível quantificadas. Isto explica a valorização dos
porque ela não envolve apenas mudanças nos testes e provas aplicadas para avaliar (quantificando) o
instrumentos a serem utilizados nesse processo. É aluno e o uso de critérios formalistas para definição e
preciso, para uma efetiva mudança nos princípios teóricos seleção de um bom educador. O critério de competência
e metodológicos que sustentam a prática docente para do educador deixou de ser “sobre fazer” para “saber
que, por exemplo, não se transforme em uma prática planejar o que fazer” no papel. É por isso que devemos
neo-tecnicista, ou seja, numa ação de valorar mais a estar alerta quanto ao uso de habilidades e competências
aquisição (ou não) das competências postas do que o no processo avaliativo. Se não se muda os pressupostos
processo de aquisição de conhecimentos ou os processos epistemológicos e metodológicos da prática docente, o
educativos escolares que “se configuram como espaços que é um processo extremamente complicado e difícil,
de articulação com o conhecimento socialmente visto que mexe diretamente nas concepções e crenças
produzido, enquanto produtos, e como espaço de docentes, não se altera os modos de avaliar, embora ele
apreensão das categorias de produção desse possa ser “maquilado”. Assim, o que se vê nas escolas é
conhecimento, enquanto processos metodológicos” um discurso bastante inovador, no qual o educador se
(KUENZER, 2002, p. 15). mostra motivado para mudar seu modo de agir e de
avaliar, e uma prática oposta, ou seja, conservadora.
A prática pedagógica e a Avaliação Hoffmann (1991) acredita que a contradição entre
o discurso e a prática de alguns educadores e sua ação
Como já dissemos, a avaliação é uma das etapas classificatória e autoritária exercida, encontra explicação
da atividade escolar, mas associado a esse processo na concepção de avaliação do educador, reflexo de sua
estão fatores que apontam para o fracasso escolar, pois história como aluno e professor. Existe a vontade de fazer
os critérios e procedimentos de avaliação, muitas vezes, diferente, porém não se sabe como fazer. Assim, o
não condizem com a realidade vivida pelo aluno no primeiro passo seria tomar consciência destas influências
processo de construção dos conhecimentos. para que não se venha a reproduzir o que se contesta no
Pode-se entender que, embora não discurso: o autoritarismo e a arbitrariedade.
deliberadamente, o próprio professor torna-se o A partir dessa nova abordagem tanto o objeto do
responsável pela exclusão e inclusão do aluno na escola. conhecimento quanto os sujeitos - professor e aluno -
Normalmente, a culpa pelo fracasso escolar é atribuída passam a ser valorizados a partir de suas experiências,
às políticas públicas, ao sistema ou aos próprios alunos, valores e condições sociais de produção, como sujeitos
mas, dificilmente, o educador repensa sua prática capazes de construir sua própria resposta, ao invés de
educacional, nem mesmo nos momentos em que tem em submeter-se a uma resposta já fabricada. Ou seja, a
suas mãos a avaliação de seus alunos. Repensar o próprio avaliação deve favorecer o desenvolvimento individual,
fazer não é uma prática comum entre os professores e, isso significa, considerar todas as atividades
até mesmo, entre os formadores de professores, visto desenvolvidas pelos alunos, os registros das observações
que os cursos de formação não ensinam o futuro e das discussões com alunos, os comentários sobre fatos
professor a pensar ou a questionar a sua própria prática. considerados relevantes, entre outros, de forma que
Envoltos em um processo no qual a prática pedagógica também a família possa acompanhar o processo.
é muito mais reproduzida, o fracasso escolar é tido como Nessa perspectiva, o educador é o representante
normal, embora se levante as bandeiras da aceleração, dos valores universais, e por isso, tem como obrigação
da inclusão, do acesso à escola, da democratização do garantir a todos os alunos uma igualdade de
ensino. O que não se coloca em pauta é a permanência oportunidades para que estes revelem as suas
do aluno na escola, para isso é preciso olhar para o que capacidades, recompensando o êxito de qualquer um
cada aluno já sabe e para as suas reais necessidades e, que se mostre capaz.
isso significa olhar para a prática e para a teoria que Já a escola é uma agência de socialização, onde
sustenta essa prática. se experimenta o sistema institucionalizado de
Apesar de toda produção científica em torno do diferenciação com base na realização individual, o que
processo de aquisição do conhecimento e da busca por cobra da criança a aceitação das regras próprias da
um processo avaliativo mais condizente com as idéias estrutura. Na busca da socialização, através do
prevalecentes sobre o ensinar e o aprender, alguns desenvolvimento dos trabalhos, a escola deve buscar
educadores ainda acreditam que as mudanças valorizar a independência e o individualismo, já que os
comportamentais dos alunos devam ser observadas e diferentes segmentos sociais estão sempre em busca de
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pessoas capazes de realizar tarefas por si só. Assim, as memorização de informações prontas e o aluno é visto
atividades coletivas requerem o cuidado e a atenção para como um ser passivo e receptivo.
que sejam desenvolvidas pelo grupo e não por um único Dentro das pedagogias contemporâneas, a
componente. Isso significa que é preciso ensinar aos avaliação é concebida como experiência de vivência
alunos trabalhar sozinhos e em grupos, e também assumir multiplicada e variada, tendo em vista o desenvolvimento
seu trabalho com responsabilidade, o que faz com que motor, cognitivo, objetivo do aluno. Nessa abordagem,
eles comecem a sentir-se como partes integrantes de o aluno é um ser ativo e dinâmico, que participa da
um grupo e de um contexto social. construção de seu próprio conhecimento. Nessa visão,
No que diz respeito à avaliação, é possível a avaliação contempla outras dimensões não se reduzindo
entender que ao assumir a responsabilidade pelo seu a apenas atribuir notas.
aprendizado e pelo seu desempenho o aluno vai A avaliação assume, por exemplo, uma dimensão
construindo sua independência e sua autonomia, fatores orientadora, pois permite que o aluno tome consciência
que contribuem para que o processo avaliativo seja mais de seus avanços e dificuldades para continuar
tranqüilo e, mais eficiente. No entanto, progredindo na construção do conhecimento. Outra
a prática escolar é orientada, organizada e dimensão pode ser chamada de investigativa, pois
dirigida por finalidades e objetivos e sendo assim, avaliação passa a constituir-se em um processo de coleta
o ato de ensinar está mergulhado em explícitas e análise de dados, acompanhar o desenvolvimento do
(ou implícitas) opções políticas, opções teórico- aluno, respeitando suas características individuais e o
metodológicas que fazem da escola um local de
ambiente em que ele vive. É por conta disso que torna-
confronto entre as classes privilegias e
se importe levantar o conhecimento prévio dos alunos,
desprivilegiadas economicamente (NUNES,
no momento do planejamento, não apenas para verificar
2000, p.17).
o que já foi aprendido, mas também para identificar as
O ato de avaliar envolve muito a responsabilidade
dificuldades, fazer diagnósticos das possíveis causas da
pelo seu avaliador, uma vez que o que está sendo avaliado
não aprendizagem.
é o resultado de um trabalho individual ou de um trabalho
No início do ano letivo, o educador deve
coletivo, por ele proposto. Diante disso, todo cuidado é
estabelecer com seus alunos o conteúdo a ser
pouco, principalmente, por que a função seletiva da
desenvolvido, bem como as habilidades que devem ser
escola “também pode ser explicada pela forma como os
alcançadas. O conhecimento das habilidades, por parte
conteúdos e metodologias de ensino são trabalhadas no
dos alunos, já consiste em uma preparação para as
interior da sala de aula (NUNES, 2000, p.17).
avaliações que aconteceram no decorrer do ano letivo,
Realmente, o processo avaliativo é muito mais complexo
assim, o ato de avaliar fornece dado que permite também
do que parece, pois
A falta de conhecimento mais amplo em relação apreciar a qualidade do processo de ensino. Nesse
ao aluno, as dificuldades de transformar os sentido a avaliação tem uma função de feedback, porque
elementos qualitativos em número, a ausência fornece dados para que se possa repensar e replanejar
de espaços para reflexão sobre o assunto, a frágil a atuação didática, visando aperfeiçoá-la, para que os
fundamentação teórica que subsidia a prática da alunos obtenham êxito durante a aprendizagem.
avaliação, a visão do erro como fracasso e não É possível perceber que o aluno sente-se mais
como algo que faz parte de uma construção. São estimulado a trabalhar quando percebe que há uma
elementos apontados como empecilho para que finalidade na proposta do educador, e que seus
o professor tenha mais clareza, uma prática mais resultados são valorizados, que seu desempenho é
avançada e possa praticar uma avaliação mais
comparado com ele próprio e, ainda, que seus progressos
justa e coerente com o que o aluno é e representa
e dificuldades são vistos a partir de seu próprio padrão
(NOGARO, 2002, p. 353/354).
de desempenho, necessidades e possibilidades.
Avaliação da aprendizagem e/ou do rendimento O educador é o principal agente educativo e,
escolar sendo assim, a instituição educacional deve capacitá-
los, para que ele possa desenvolver de modo mais
O termo avaliar está diretamente associado às eficiente e possível às atividades didático-pedagógicas.
expressões como: fazer prova, fazer exame, atribuir Deve também incentivar o desenvolvimento de seu
notas, repetir ou passar de ano. Esta associação é espírito crítico, para que ele possa formar o aluno para
resultante de uma concepção pedagógica tradicional. esse fim; fornecer condições de trabalho digno, tais como
Nela a educação é concebida como mera transmissão e salário, plano de carreira etc, e, jamais esquecer de
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chamá-lo a participar ativamente nas decisões desse Se a avaliação não assumir a forma diagnóstica,
processo. ela não poderá estar a serviço da proposta
política – “estar interessado que o educando
Avaliar sob a perspectiva de emancipar aprenda e se desenvolva” –, pois se a avaliação
continuar sendo utilizada de forma classificatória,
A avaliação como parte do ato educativo e do como tem sido até hoje, não viabiliza uma tomada
de decisão em função da construção de
processo de aprendizagem serve para diagnosticar
resultados esperados (LUCKESI, 1998, p. 32).
avanços e entraves, para agir, problematizar, interferir e
Esta mudança na prática avaliativa implica uma
redefinir os rumos e caminhos a serem percorridos.
mudança de paradigmas e, no que se refere ao
Percebe-se também a contradição entre a teoria e a
aprendizado e ao ensino, há, por conta disso, a
prática de alguns educadores que, por um ou outro
necessidade de harmonizar as expectativas da avaliação
motivo precisam entender que a avaliação é um meio,
entre família e escola e entre os diferentes níveis de ensino,
ou recurso que o educador dispõe para verificar se a
bem como sobre a questão do tempo e dos recursos
aprendizagem ocorreu ou não.
que ajudam ou impedem a implementação de novas
A avaliação escolar está a serviço da prática
práticas de avaliação nas rotinas das escolas.
pedagógica como um mecanismo social que busca
Avaliar sob a perspectiva de emancipar implica
superar as raízes existentes na sala de aula, tentando dar
uma avaliação autêntica, direta e profunda, pois em um
autonomia ao educando.
processo de educação transformador é necessário que
Hoffmann (1991, p 114) diz que “a reconstrução
o educando e educador participem de todas as fases
da avaliação não acontecerá por experiências isoladas,
desse processo educativo, inclusive da avaliação e da
mas por uma ação continuada e que ultrapasse os muros
determinação do valor representativo que o sistema
das instituições”. Esse é sem dúvida o maior desafio da
escolar impõe.
educação, buscar meios para se efetivar na prática uma
Essa abordagem envolve o diálogo com e entre
avaliação sob a perspectiva emancipatória.
os estudantes, incluindo uma reavaliação
O objetivo do desafio que se enfrenta, quanto a
constante, uma auto-avaliação contínua e uma
uma perspectiva mediadora da avaliação é
avaliação mútua entre os colegas. Os estudantes
principalmente, a tomada de consciência coletiva
contribuem de maneira ativa, engajada e
dos educadores sobre sua prática, desvelando-
desafiadora para o seu próprio aprendizado
lhes princípios coercitivos e direcionando a ação
(HARGREAVES, 2002, p.59).
avaliativa no caminho das relações dinâmicas e
dialógicas na educação (HOFFMANN, 1991,
p. 81). A avaliação, portanto, encontra seu sentido no
A redefinição da prática avaliativa só é possível processo de interação constituindo-se processo de
mediante um compromisso com a democratização do conquista do conhecimento de forma dialógica.
Nesse tipo de abordagem, é importante que os
ato pedagógico, participativo, assinalando estratégias que
critérios de avaliação sejam transparentes,
ajudam tanto educandos quanto educadores a
igualmente disponíveis para todos e publicamente
compreender e intervir no processo coletivo de contestáveis em sua aplicação; que os critérios
construção de conhecimentos. de avaliação sejam conhecidos pelos estudantes
A avaliação como prática de investigação pode e, em geral, desenvolvidos com eles de maneira
ser uma alternativa às propostas excludentes por colaborativa, para que um melhor entendimento
buscar uma ação coerente com a concepção de possa ser desenvolvido e o poder na sala de aula
conhecimento como processo dinâmico, possa ser redistribuído; que os julgamentos de
dialógico, fronteiriço, constituído nos marcos das avaliação sejam atos de negociação explícita
múltiplas tensões sociais (ESTEBAN, 2001, p. entre todos os envolvidos; que os processos de
185). avaliação movam-se em muitas direções, de
É necessário compreender e realizar uma avaliação estudante para estudante e de estudante para
comprometida com o ato pedagógico, como um professor, e entre pais e professores, por
instrumento de compreensão, diagnosticando sua exemplo, assim como de professor para o aluno
situação e redefinindo estratégias para sua aprendizagem. (HARGREAVES, 2002, p.59 - 60).
De acordo com Luckesi (1998), considera-se que a É por isso que a avaliação emancipatória se apóia
avaliação esteja comprometida com uma proposta na colaboração e no comprometimento, ou seja, em um
pedagógica histórica-crítica. trabalho planejado e executado com a participação de

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todos em vista obtenção de resultados concretos. Reconstruir a cultura escolar é reverter o processo
Nesse sentido, o educador pode valer-se de que incide sobre a avaliação tornando o que era fracasso
diferentes instrumentos avaliativos, desde que sob a em sucesso. Esse, talvez seja o segundo maior desafio
perspectiva de discutir com os alunos os resultados dos gestores e dos educadores: romper com a visão
obtidos. A avaliação sob a perspectiva de emancipação distorcida que prevalece sobre a avaliação. Assim como
utiliza-se de abordagem qualitativa, que se caracteriza- o gestor,
se por métodos dialógicos e participantes. Assim, é o professor deve assumir a responsabilidade de
fundamental que se “reúna habilidades de relacionamento refletir sobre toda a produção de conhecimento
interpessoal, uma vez que a proposta enfatiza, em todos do aluno, promovendo o movimento, favorecendo
os seus momentos, o trabalho coletivo” (SAUL, 2001, a iniciativa e a curiosidade no perguntar e no
responder e construindo novos saberes junto com
p. 68
os alunos (HOFFMANN, 1991, p. 75).
Isso significa que na educação é preciso atitudes
É importante que gestores e educadores estejam
que transforme a sociedade, a política, portanto, buscar
cientes de que a identificação das dificuldades de
a crítica educativa é propor não somente processos, mas
aprendizagem serve para reorientar os estudos e os
resultados que impliquem em mudanças. Sendo assim,
rumos tomados pela escolar. Por isso, usar de debates,
“mudar a avaliação é mudar a sociedade”
trabalhos em equipe, diálogos, são recursos disponíveis
(VASCONCELOS, 1998, p. 35).
para o conhecimento da prática pedagógica vigente, na
intenção de assumir a avaliação como instrumento para
O gestor no processo de avaliação
acompanhamento da aprendizagem dos alunos e para a
O gestor dentro do processo educativo tem por o reorientação e reorganização do planejamento escolar
função mediar as relações entre educadores e educandos, e de ensino.
ajudando os professores a pensar tanto sobre seus Diante desse posicionamento, avaliar não implica
processos de avaliação quanto o desenvolvimento de reprovar, aprovar, punir, ao contrário, é apenas a forma
sua prática pedagógica. Então, ele deve ficar muito atento de acompanhar o percurso da própria escolar diante de
às mudanças educacionais, uma vez que as mesmas não suas metas, pois o gestor como líder de um grupo de
acontecem de um dia para o outro, mas gradativamente, trabalho, tem responsabilidade de, sadiamente,
o que de certa forma possibilita uma preparação (ou um coordenar essa construção do projeto escolar
planejamento) por parte da direção escolar e do (LUCKESI, 1992, p. 125), que trabalhe a avaliação
educador. dentro dos fins para o qual se proporciona.
Sendo as transformações educacionais fatos A avaliação, como crítica de um percurso de ação,
inevitáveis, não se justifica dizer que educador e gestor será então um ato amoroso, um ato de cuidado, pelo
não estão diretamente envolvidos e, como a avaliação é qual todos verificam como estão criando o seu “bebê” e
uma conseqüência dessas transformações, ela deve ser como podem trabalhar para que ele cresça... Enquanto
vista como um instrumento de avanço, de busca por o planejamento é o ato pelo qual decidimos o que
rumos alternativos. construir, a avaliação é o ato crítico que nos subsidia na
Uma das tarefas mais árduas de um gestor que se verificação de como estamos construindo o nosso
preocupa com o trabalho do professor, e com o processo projeto. (LUCKESI, p.125, 1992).
de desenvolvimento de seus alunos, é tornar o professor Assim, faz-se necessário que cada qual –
comprometido com sua prática pedagógica, com a professores e gestores – assuma um posicionamento
aprendizagem do aluno e com o repensar sobre sua pedagógico claro na construção de um elo entre a teoria
função social dentro do ambiente escolar. Pois, um e a prática que forma a unidade na ação para a
educador necessita estar disposto a caminhar em sua transformação, assumindo a avaliação como um
prática pedagógica principalmente, no realinhamento da instrumento dialético de avanço que identifica os rumos
avaliação escolar, buscando com isso, novos rumos às da prática educativa.
práticas antigas, e ao mesmo tempo buscando soluções
Considerações finais
aos problemas que lhe surgem. Luckesi (1998) destaca
que “para esta mudança acontecer é preciso que o Rever a concepção de avaliação implica retomar,
educador assuma um posicionamento pedagógico claro sobretudo, as concepções de conhecimento, de ensino,
e explícito, tendo em vista que enquanto avalia exerce de educação e de escola que cada educador traz consigo.
um ato político, mesmo quando não pretende”(p.74). Exige pensar um novo projeto político-pedagógico
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apoiado em princípios e valores comprometidos com a da progressão continuada: questões teóricas-
criação do cidadão crítico, pensante, emancipado e, práticas”. In : Formação do educador e Avaliação
principalmente, ansioso por mudanças. Educacional. São Paulo: Unesp, 1999
Já passa da hora de substituirmos a pedagogia do ESTEBAN, Maria Teresa, O que sabe quem erra?
Reflexões sobre avaliação e fracasso escolar, DP&A
fracasso e da repetência pela pedagogia da permanência,
Editora, 3ª edição, 2002.
do sucesso e da promoção de oportunidades escolares
FERREIRA, Aurélio. Novo Dicionário da Língua
para todos. A avaliação, nessa perspectiva, assume um Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990
papel importante pois a “educação que deseja a FONTANA, Roseli A.C. Mediação pedagógica na sala
emancipação política e social do homem objetivará a de aula. Campinas (SP): Autores Associados, 2000.
competência do educando naquilo que o torna cidadão FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. Rio de
digno e emancipado” (CAMARGO, 1999, p.170). Para Janeiro: Paz e Terra, 1998.
tanto, a escola precisa constituir-se em um ambiente GODOY, Anterita C. Sousa. (Des)Caminhos da
estimulador, onde os alunos possam construir sua interdisciplinaridade na formação do(a) professor(a)
aprendizagem aprendendo, pesquisando e reconstruindo polivalente. Piracicaba: UNIMEP, 1999. Dissertação
e, principalmente, aceitando a avaliação como sendo (Mestrado em Educação), Faculdade de Educação,
Universidade Metodista de Piracicaba, 1999.
um processo natural e fundamental.
HARGREAVES, Andy. Aprendendo a mudar: o ensino
Os educadores precisam reconhecer a importância
para além dos conteúdos e da padronização. Porto
do erro, assim como do refazer e do reconstruir e Alegre: Artmed, 2002.
descobrir que refletir, além de primordial é inerente ao HOFFMANN, Jussara. Avaliar para promover: as retas
seu trabalho. do caminho. Porto Alegre: Mediação: 2001.
Podemos questionar: é possível este KUENZER, Acácia Z. Conhecimento e competências
redimensionamento da prática avaliativa com vistas à no trabalho e na escola. Sessão especial da 25ª ANPED,
emancipação? Acreditamos que sim, porém, 2002. Texto obtido em 02/mar/ 2006, no site
primeiramente é preciso que os educadores estejam www.anped.org.br/25/sessoesespeciais
dispostos a (re)pensar suas práticas cristalizadas e aos LUCKESI, Cipriano. Avaliação da aprendizagem
poucos livrar-se dos velhos ranços pedagógicos para escolar: estudos e proposições. São Paulo: Cortez, 1998.
_________________ Prática docente e avaliação.
poder avançar. Nesta perspectiva, o educador passa a
Rio de Janeiro: ABT, 1990.
ser assumir como problematizador e mediador,
_________________ “Verificação ou avaliação: o
desafiando os alunos por meio de diálogos significativos. que se pratica na escola?”. In: CONHOLATO, Maria
Uma educação como prática de liberdade deve negar o Conceição (coord.) A construção do projeto de ensino
conceito de isolamento e abstração do ser humano e e a avaliação - Caderno Idéias nº 8. São Paulo: FDE,
tornar o mundo uma presença constante em seu diálogo. 1990.
Segundo Freire (1998), ninguém educa ninguém, MACHADO, Nilson José. Educação: Projetos e
ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre Valores. São Paulo: Escrituras Editora, 2000.
si, mediatizados pelo mundo, ou seja, a educação NOGARO, Arnaldo. Teoria e saberes docentes: a
formação de professores na Escola Normal e no Curso
problematizadora e como prática da liberdade exige de de Pedagogia. Erechim: EdiFAPES, 2002.
seus personagens uma nova concepção de NUNES, Cely do Socorro C. “A função social da escola
comportamento. Ambos são educadores e educandos, e sua relação com a avaliação escolar e objetivos do
aprendendo e ensinando em conjunto, mediatizados pelo ensino”. In: Trilhas, Belém, v. 1, n. 2, nov/2000.
mundo. MEC/PCN. PARÂMETROS CURRICULARES
Concluindo, lembremos que a avaliação NACIONAIS; Introdução, Secretária de Educação
emancipatória é um ato político-pedagógico que Fundamental. Rio de janeiro: DP&A, 1999.
proporciona a mudança, o avanço, a transformação, a PERRENOUD, Philippe. Construir as competências
aprendizagem, a autonomia e a iniciativa, não apenas a desde a escola. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999.
_____________________. “Não mexam na minha
atribuição de notas ou conceitos para reprovar ou
avaliação! Para uma abordagem sistêmica da
aprovar o educando, sem possibilidades de crescimento.
mudança pedagógica.” In: ESTRELA, Albano;
NOVOA, Antonio. Avaliações em educação. Lisboa:
Referências Bibliográficas
Educa, 1992.
_____________________ Avaliação da excelência
CAMARGO, Alzira Leite Carvalhais. “Mudanças na
à regulação das aprendizagens - entre duas lógicas.
avaliação da aprendizagem escolar na perspectiva
Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999.
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_____________________.Ofício de aluno e sentido
do trabalho escolar. Porto: Porto, 1995.
SAUL, Ana Maria. Avaliação Emancipatória: desafios
à teoria e à prática de avaliação e reformulação de
currículo. São Paulo: Cortez, 2001.
VASCONCELLOS, Celso dos S. Superação da lógica
Classificatória e excludente da avaliação. Do “é
proibido reprovar” ao é preciso garantir a
aprendizagem. São Paulo. Libertad:1998.

Notas

Artigo resultante da Monografia de Especialização em


Administração Escolar - Habilitação: Diretor de Escolar
- Centro Universitário Anhanguera – “A Prática Pedagó-
gica e a sua importância no processo de Avaliação Esco-
lar”.

Recebido em 30 de junho de 2007 e aprovado em


12 de setembro de 2007.

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