Neurociências Aplicada A Educação
Neurociências Aplicada A Educação
Neurociências Aplicada A Educação
SUMÁRIO
3.5 Epigenética......................................................................................... 34
3.7 Epigenética pode ser a chave para muitas doenças humanas .......... 36
3
11 A NEUROEDUCAÇÃO E SUAS TRANSFORMAÇÕES ........................ 86
4
1 O QUE É NEUROCIÊNCIA?
Fonte: www.agenda.unict.it
6
Neurociência comportamental: ligada à psicologia comportamental, é a área
que estuda o contato do organismo e os seus fatores internos, como
pensamentos e emoções, ao meio e aos comportamentos visíveis, como fala,
gestos e outros.
Neurociência cognitiva: estudo voltado à capacidade cognitiva, em que estão
inclusos comportamentos ainda mais complexos, como memória e
aprendizado.
Fonte: encrypted-tbn0.gstatic.com
7
São várias as finalidades das pesquisas na área da neurociência. Entre elas,
destaque para o entendimento de como nossas vivências são capazes de alterar o
cérebro e como interferem no seu desenvolvimento. Dessa forma, essa disciplina
abrange a inteligência, o raciocínio, a capacidade de sentir, de sonhar, comandar o
corpo, tomar decisões, fazer movimentos, entre outros.
Alguns setores específicos também se utilizam da neurociência, como é o caso
dos profissionais em engenharia médica, no desenvolvimento de equipamentos e
soluções a portadores de necessidades especiais. Da mesma forma, podemos citar
profissionais da informática que desenvolvem softwares, para viabilizar as atividades
de pessoas com algum tipo de limitação intelectual ou física.
Para compreender esse complexo mecanismo, os cientistas consideram a
forma como funcionam os processos a nível cognitivo, principalmente no que se refere
à decodificação e transmissão de informação realizadas pelos neurônios, bem como
suas respectivas funções e comportamentos.
Durante as últimas décadas, com o avanço de equipamentos que permitem
mapear o cérebro com maior riqueza de detalhes, os estudos médico-científicos
tiveram um aumento significativo procurando entender com maior clareza de que
forma a atividade cerebral influi no nosso comportamento.
Dentro desta análise pode-se dizer que a Neurociência procura estudar as
variações entre o comportamento e a atividade cerebral. Porém trata-se de um campo
interdisciplinar que abrange várias outras “disciplinas’: - neuroanatomia,
neurofisiologia, neuroquímica, neuroimagem, genética, neurologia, psicologia,
psiquiatria, pedagogia.
Todas essas ciências reunidas formam a Neurociência e juntas procuram
investigar o sistema nervoso procurando entender como ele se desenvolve, como ele
é parecido ou diferente entre indivíduos e entre espécies ou como ele deixa de
funcionar. As Neurociências nos revelam como o cérebro produz nosso
comportamento, porque nos emocionamos, porque precisamos comer, dormir, de que
forma tomamos decisões, enfim como somos e o que somos.
Através das Neurociências procura-se perceber a individualidade de cada um,
e a partir disso, entender como as lesões no cérebro interferem no modo de ser dos
indivíduos. Através dos estudos de Luria, que durante a Segunda Guerra Mundial,
desenvolveu um estudo de indivíduos portadores de lesão cerebral, no qual catalogou
8
cada paciente, mapeou as respectivas lesões cerebrais e anotou as alterações no
comportamento, tendo como objetivo específico o estudo das bases neurológicas do
comportamento, ocorreram mudanças significativas no experimento médico-cientifico,
modificando muito dos tratamentos que era ofertado aos pacientes com lesões
cerebrais, pois durante vários anos as doenças mentais eram incompreendidas e
vistas numa dimensão mais psicológica:
Fonte: www.disc.com.br
10
em nossa vida se relaciona ao cérebro, essa multidisciplinaridade é plenamente
justificável.
Fonte: encrypted-tbn0.gstatic.com
11
a fisiologia e psicologia, o cérebro é visto de uma perspectiva unitária pois influencia
ao mesmo tempo ambos os aspectos: as doenças mentais têm as suas
consequências físicas e as doenças físicas provocam alterações a nível emocional no
indivíduo.
A neurociência procura estudar de que forma, por exemplo, as nossas vivências
e experiências e a idade, modificam os circuitos neurais e interferem no
desenvolvimento mental. A inteligência, o raciocínio, a capacidade de sentir, a
capacidade de sonhar, a capacidade de tomada de decisões, a capacidade de
comandar o corpo e literalmente todo e qualquer movimento, são aspectos
intrinsecamente ligados à disciplina e que há muito os neurocientistas tentam decifrar.
De forma a compreender o complexo mecanismo que está por detrás de cada
ser humano, cientistas têm estudado ao pormenor todos os detalhes anatómicos e
fisiológicos do sistema nervoso, tentando desta forma evoluir no sentido de perceber
que mecanismos nos regem e de que forma o fazem, ansiando encontrar respostas
para tão difícil tarefa. Neurocientistas trabalham deste modo com o objetivo de
compreender o cérebro humano, a sua estrutura, o seu funcionamento, o seu
comportamento, a sua evolução e a tradução de todas as suas características e
modificações no comportamento do indivíduo, passando por um aspecto de inexorável
importância e delicadeza: a investigação de doenças neurológicas e distúrbios
mentais e a procura do respectivo tratamento e cura.
Para percebermos como trabalha o cérebro é necessário compreender de que
modo funcionam os processos a nível cognitivo, dentro dos circuitos neurais do
sistema nervoso. É importante identificar funções, atividades e comportamentos,
descodificar a linguagem dos neurónios na comunicação entre circuitos e
compreender de que forma se transmite informações entre estes (sinapses).
12
fato de que esse é o órgão mais complexo do corpo humano, constituído por milhares
de células.
Os filósofos da Grécia desenvolveram teorias sobre o cérebro através de
simples observações, já os romanos iniciaram seus estudos dissecando animais. No
século XVIII, levado pelo Iluminismo, surgiram os estudos mais aprofundados do
sistema nervoso.
A teoria da evolução de Charles Darwin também contribuiu significativamente
para o entendimento da estrutura e funcionamento cerebrais. Mas foi o surgimento de
tecnologias como Raio X e tomografias computadorizadas que otimizou as pesquisas
na área e inaugurou efetivamente a Neurociência.
Atualmente, a cibernética também tem oferecido contribuições para essa
disciplina, principalmente por meio da neurociência computacional. O seu principal
objetivo é compreender e imitar o funcionamento do sistema nervoso para o
desenvolvimento de máquinas que auxiliem o ser humano em diversos campos.
Como todas as grandes áreas a neurociência teve grandes cientistas que
mudaram o rumo da humanidade e da medicina com suas descobertas dentre eles os
que receberam premiação Nobel em fisiologia ou medicina;
1906 - Golgi recebeu premiação por estudos sobre a estrutura do sistema
nervoso, esse foi dividido com Ramón y Cajal que também propôs a maneira pela qual
os axônios crescem e que as células neurais poderiam estar envolvidas na detecção
de sinais químicos.
Outro ganhador do Nobel foi Charles Scott Sherrington que explicou sobre o
arco reflexo e flexão-extensão dos músculos ao provar que a excitação de um grupo
muscular era inversamente proporcional a do grupo muscular oposto.
Em 1952 Alan Hodkin publicou sua teoria e de Andrew Huxley baseada no
potencial de ação dos nervos, onde os impulsos elétricos enviados pelas células
nervosas eram capazes de controlar a atividade do organismo e em 1963 recebeu o
Nobel com Huxley e John Eccles por sua descrição sobre as sinapses, e ainda
sugeriram a hipótese de canais iônicos que foi confirmada anos depois.
Dentre os neurocientistas atuais ganhadores do Nobel estão; Kandel,
Greengard e Carlsson ganhadores do prêmio de 2000 revelando os aspectos
essenciais no processo de formação de memória.
13
Fonte: www.grupokronberg.com.br
14
Fonte: encrypted-tbn0.gstatic.com
2.2 Grécia:
Surgem as perguntas mais sistematizadas sobre onde está a mente e como ela
interage com o corpo.
Demócrito (460 – 370 AC) e Hipócrates sugerem que a mente está no cérebro
e que os nervos são ocos. Essas intuições filosóficas foram baseadas na
instrumentação clínica, pois à época, não se dissecava os cadáveres.
- Hipócrates (460 – 379 AC) acreditava que o cérebro estava envolvido com as
sensações e que era a sede da inteligência.
- Aristóteles (384 – 322 AC) propôs que o coração era a sede da inteligência e
o cérebro, uma espécie de radiador responsável pelo resfriamento do sangue. Pelo
coração ter alterações durante eventos emocionais, só podia ser nele a origem da
mente. Ele tinha essa ideia por observação, pois uma pessoa com uma emoção forte
fica com o coração acelerado, por exemplo. Disso ele fez a associação inversa de
causa e efeito. Essa constatação Aristotélica tem heranças até hoje. Por exemplo,
quando falamos que decoramos um texto de cor, significa que decoramos o texto de
coração, situando a memória também no coração e não no cérebro.
15
2.3 Idade Média
Fonte: tutores.com.br
Galeno pela primeira vez refuta o que diz Aristóteles a partir da dissecação de
animais. Na época, o animal que ele tinha como escolha era o Boi.
Galeno (130 - 200 DC) aceitou as ideias de Hipócrates - Sugeriu que o cérebro
fosse responsável pelas sensações e o cerebelo pelo controle dos músculos;
Galeno associou a imaginação, a inteligência e a memória com a substância
cerebral, atribuindo ao cérebro o papel fundamental de sede de todas as faculdades
mentais.
2.4 Raio X:
16
Fonte: ined21.com
Fonte: i2.wp.com/www.ineditacursos.com.br
17
2.6 Tomografia Computadorizada por Emissão de Pósitrons:
Em 1973, o primeiro PET, porém, devido ao alto preço, seu uso ficou limitado
até 1990. Também conhecida pela sigla PET, é um exame imagiológico da medicina
nuclear que utiliza radionuclídeos que emitem um positrão no momento da sua
desintegração, o qual é detectado para formar as imagens do exame. A PET é um
método de obter imagens que informam acerca do estado funcional dos órgãos e não
tanto do seu estado morfológico como as técnicas da radiologia propriamente dita. A
PET pode gerar imagens em 3D ou imagens de "fatia" semelhantes à tomografia
computorizada.
Fonte: fundacaotelefonica.org.br
18
2.8 Projeto Conectoma
Fonte: nucleo-ppa.com.br
Fonte: imageproxy-observadorontime.netdna-ssl.com
19
2.9 Paciente tem 75% de seu crânio substituído com impressão 3D em
operação pioneira
Fonte: www.revide.com.br
TONS DE VERMELHO
DIREÇÃO: da esquerda para a direita
O vermelho-escuro mostra as fibras mais associadas ao corpo caloso, que liga
os dois hemisférios cerebrais.
TONS DE VERDE
DIREÇÃO: da frente para trás
O verde-limão representa as fibras que conectam os olhos ao córtex cerebral
TONS DE AZUL
DIREÇÃO: do topo do cérebro para a medula espinhal
O azul-escuro representa, grosso modo, as fibras que vão do córtex até a
medula.
21
2.10 Da linguagem ao conectoma
Fonte: blog.cienciasecognicao.org
3.1 Neuroplasticidade
O caso relato a história de uma garota onde o hemisfério cerebral esquerdo não
se desenvolveu então, o direito assumiu todas as funções. Segundo Cosenza, o
cérebro que se desenvolveu de forma diferente por fatores genéticos ou que sofreu
modificações devido a condições da gestação apresentará comportamentos
diferentes e necessitará de estratégias pedagógicas distintas durante a
aprendizagem. Enfim, há necessidade do investimento em muitos estímulos para que
ocorra a neuroplasticidade.
22
A endorfina (endo=interno e morfina=analgésico) famosa por ser liberada após
grande esforço físico, é um neurotransmissor – que auxilia a comunicação no sistema
nervoso. Quando estimulada gera uma grande sensação de bem-estar.
Fonte: abrilvip.files.wordpress.com
NEUROLINGUÍSTICA
DISTRIBUIÇÃO DE FUNÇÕES
23
Fonte: encrypted-tbn0.gstatic.com
CONSCIÊNCIA
MEMÓRIA
Fonte: www.cloudcoaching.com.br
24
PLASTICIDADE
RESSONÂNCIA
Fonte: agenciagdm.com.br
Dor fantasma
A neurociência teria como explicar como pode um membro ausente trazer tanta
dor?
25
Fonte: www.innovia.com.br
Você já ouviu falar sobre membro fantasma? Existem relatos desde o século
XVI, deste fenômeno, trata-se da percepção continuada que algumas pessoas têm de
seus membros que foram amputados. Embora estes membros não estejam mais
ligados ao corpo, parecem que ainda estão. Por exemplo, alguém pode perder um
braço, perna, pé, seio, mão, dedos e até órgãos internos e continuar a senti-lo. Às
vezes, além de ter a sensação da existência deste membro, a pessoa ainda sente
dores mesmo que ele não existe mais! Possivelmente o cérebro não processou a
perda dele, e continua vendo-o como uma realidade existente.
Depois de uma amputação, alguns pacientes podem ainda sentir o membro
ausente como uma sensação fantasma (formigamento, quente ou frio, dormência ...)
ou dor fantasma (facada, tiro, ardor, dores ...), sendo que no caso da dor, ocorre em
50 a 80% das pessoas amputadas. Estes sentimentos são na sua maioria transitória,
mas pode ser torturante. Essa dor é difícil de controlar, mas pode diminuir com o
tempo, entretanto, ela pode comprometer a vida de uma pessoa tanto física como
psicossocial.
Dor fantasma é neuropática: é uma dor crônica resultante de lesão no sistema
nervoso. Como tal, é muito difícil de tratar. Ela representa um verdadeiro desafio
médico, pois cada paciente deve ser analisando individualmente. Lent (2009) enfatiza
que “suas manifestações podem variar desde um calor prazeroso até uma intensa
coceira que não tem solução... porque não há o que coçar. ” Por exemplo, na
ausência de nervos periféricos, alguns sinais de dor não são inibidos e, portanto, são
continuamente transmitidas ao cérebro através dos neurónios da espinal medula.
Além disso, a nível cerebral, vários estudos, foram realizados pelo médico Vilayanur
26
Ramachandran e mostraram que numa amputação as áreas cerebrais ativadas eram
as que anteriormente representavam o membro ausente. Ramachandran e seus
colaboradores constataram que a amputação não fez desaparecer as áreas cerebrais
correspondentes, mas que essas áreas passaram a receber informação de outras
partes do corpo. Pois nosso cérebro é cheio de mapas de localizações.
Para testar sua teoria, Ramachandran criou uma "caixa espelho" - um aparato
que cria a ilusão visual de duas mãos para pessoas que na realidade só têm uma.
Colocando os braços do amputado nos dois lados de um espelho - com o membro
amputado ficando no lado não reflexivo da caixa - o paciente vê o reflexo de sua mão
normal superposta no local onde deveria estar sua mão que não existe.
Os voluntários viram sua mão normal sendo espetada e relataram uma
sensação real de que a mão faltante estava sendo espetada. Em outro experimento,
quando eles viram a mão de outra pessoa sendo tocada, eles começaram a
experimentar a sensação de toque em sua mão faltante.
Ramachandran afirma haver uma espécie de “plasticidade neuronal”,
“plasticidade cortical” ou ainda “plasticidade neural” no cérebro, de modo que este
pode se readaptar às mudanças sofridas pela imagem do próprio corpo, dado a
maleabilidade que o cérebro possui em se reorganizar. Essa tese é defendida por
outros autores, os quais afirmam que a representação cortical do membro sofre
alteração após a amputação de modo que o cérebro aprende a lidar com a nova
imagem do corpo devido a uma reorganização da rede neuronal.
Quando alguém perde uma perna, uma mão ou um braço, as mensagens do
córtex motor na parte frontal do cérebro continuam a enviar sinais para os músculos
do membro ausente. Posteriormente, uma parte do cérebro que controla os
movimentos “não sabe” que o membro se foi. Muito provavelmente esses comandos
do movimento são simultaneamente monitorados pelos lobos parietais que afetam a
imagem do corpo. Em pessoas normais, mensagens do lobo frontal são enviadas em
conjunto ou através do cerebelo para o lobo parietal, que monitora os comandos e
simultaneamente recebem o feedback do membro sobre a sua posição e velocidade
do movimento. No caso do membro ausente, não há feedback do membro fantasma,
é claro, mas a monitoração dos comandos motores pode continuar a ocorrer no lobo
parietal, e assim o paciente tem a vívida sensação de movimento do membro fantasma
(Ramachandran).
27
É importante que se diga que o cérebro demora a reconhecer que houve a
perda de uma parte do corpo, e na tentativa de se readaptar, passa a organizar uma
nova imagem corporal (Ramachandran)
O cinema nos convence de que o diálogo vem da boca dos atores em vez dos
alto-falantes espalhados pela sala. Na dança, os ritmos do corpo imitam ritmos
sonoros cineticamente e visualmente, parecendo ser uma só coisa...
Conforme o filósofo David Chalmers, dentro da neurociência o estudo do
cérebro tem ajudado a superar alguns estigmas que nos foram apresentados por mais
de séculos. No decorrer da história existem diversas situações em que pessoas não
tinham explicações para fatos ocorridos com elas.
Um exemplo típico disso seria o caso dos sinestetas. Já ouviu falar?
Dê uma olhada na imagem... consegue encontrar algum triângulo nela?
Fonte: www.icb.ufrj.br
28
Fonte: www.icb.ufrj.br
Fonte: www.geekonomics.com.br
29
Também é comum perceberem o alfabeto e os números com cores
diferenciadas, sendo que no caso da banana, a escrita também poderia aparecer para
eles desta forma...
Fonte: centrosuzukiindaiatuba.com
1) sinestesia não é doença (pois não diminui a qualidade de vida), e sim uma
variação da maneira como o cérebro processa sinais dos sentidos;
30
2) a sinestesia é herdada geneticamente, e, portanto, muito mais comum em
famílias que já têm um ou mais sinestetas;
3) não tem tratamento (e por que teria, ou por que deveria ter, se é apenas uma
maneira de processar estímulos? O que percebemos como sons, afinal, não são uma
propriedade do estímulo que chega às orelhas, e sim de como o cérebro processa
esse estímulo);
4) não é simples associação, memória, nem "modo de dizer", como algumas
pessoas acham um som "macio" ou um aroma "pungente": é a capacidade que
algumas pessoas têm de processar um estímulo como se fosse - SEMPRE - dois ou
mais ao mesmo tempo.
A quantidade de progressos em relação às pesquisas sobre sinestesia nos
últimos anos tem aumentado. O futuro está repleto de possibilidades para mais
descobertas. A revelação de algumas pessoas famosas que ditas sinestésicas, tais
como os cientistas Nikola Tesla e Richard Feynman e a aceitação desta condição por
parte da ciência, abrem caminho para que mais pessoas venham a falar sobre isso e
talvez algumas se descubram sinestésicas e venham contribuir para pesquisas
relacionadas a este enfoque.
Download de aulas para o cérebro pode soar como ficção científica, mas,
segundo alguns pesquisadores, a tecnologia que ativa padrões neurais em breve
poderá nos ajudar e a prática poderá ser adquirida durante o sono.
Fonte: www.psicocast.com.br
31
Em uma cena bem conhecido da Matrix, Neo (interpretado por Keanu Reeves)
encontra-se na cadeira de uma dentista, coberto com tiras de alta tecnologia sobre
uma variedade de eletrodos, então, “baixa” uma série de programas de treinamento
de artes marciais em seu cérebro. A informação é transferida através do córtex visual.
Depois, ele pisca os olhos e fala: "Sei kung fu!"
A “aprendizagem automática” é um sonho antigo da subcultura Cyberpunk (A
palavra “Cyberpunk” vem, não surpreendentemente, de uma junção dos termos
“cibernética” e “punk”), e a maioria das pessoas pensava que permaneceriam neste
reino ficcional por mais algum longo tempo. No entanto, graças a pesquisas recentes,
aquilo que tinha sido considerado “ficção científica” em breve pode tornar-se um “fato
na ciência”. Uma pesquisa recente da Universidade Brown, nos EUA, liderada pelo
neurocientista Takeo Watanabe, está demonstrando que a ficção científica pode se
tornar fato científico. Suas descobertas revelam que é possível atingir os padrões de
ondas cerebrais de especialistas como atletas e músicos, e depois para induzir esses
padrões no cérebro de um sujeito passivo, através de estímulos visuais. O resultado:
os participantes melhoraram o desempenho de uma tarefa.
"Visualmente, os adultos, possuem muita plasticidade para permitir a
aprendizagem da percepção visual", disse o pesquisador.
Para entender o avanço de Watanabe, é preciso conhecer um pouco sobre o
sistema visual. Vinte anos atrás, o neurobiólogo israelense Dov Sagi descobriu que
com treinamento intensivo em determinadas tarefas visuais, tais como orientação de
destino (a capacidade de olhar para um ponto na parede, olhar para longe, em
seguida, olhar para trás, local exato do ponto de), pessoas muito mais velhas podem
melhorar seu desempenho nessas tarefas. O "aprendizado perceptual" estudado por
Sagi, em 1994 derrubou o conceito do sistema de visão rígida. A aprendizagem não
se manifesta, de repente, como aconteceu com Neo. Mas em 2011, Watanabe
imaginou a possibilidade de treinar o sistema de visão, sem o conhecimento do
indivíduo e sem o uso de estímulos. Como isso?
Da seguinte maneira: um grupo de participantes tiveram seus cérebros
escaneados por uma Máquina de Ressonância Magnética Funcional (fMRI) enquanto
olhavam fixamente para uma tela de computador. Nela havia uma imagem simples,
composta por uma série de linhas diagonais. Simplesmente analisando essas linhas,
32
um padrão de ativação muito específico foi produzido no córtex visual, codificado e
armazenado pela FMRI.
No dia seguinte, ocorreu a segunda parte da pesquisa. Indivíduos olharam
novamente para uma tela de computador enquanto seus cérebros eram digitalizados
por Ressonância Magnética. Agora, em vez de linhas, a imagem tinha um pequeno
disco. O objetivo dos participantes era fazer com que o disco ficasse maior, porém
mentalmente – os cientistas não disseram a eles como aumentar o disco. Portanto, a
solução estava longe de ser óbvia. A única maneira de aumentar o tamanho do disco
era fazer com que o cérebro produzisse um padrão, o mesmo gerado quando eles
olharam fixamente para as linhas diagonais no dia anterior.
Fonte: cabecadigitalmarketing.com.br
Muitos podem achar a tarefa impossível, mas na verdade não foi. Tentando
solucionar um problema aparentemente insolúvel, o nosso cérebro automaticamente
repete padrões de percepção recentemente adquiridos, no caso dos participantes da
pesquisa, incluíam o padrão produzido por essas linhas diagonais observadas.
Quando o cérebro deles processou este padrão, o disco começou a se expandir sem
a necessidade de treinamento. "Quanto mais semelhante o padrão de ativação
cerebral era", diz Watanabe, "quanto maior o disco se tornou."
A partir deste ponto, as coisas ficam ainda mais interessantes. O primeiro
padrão de ativação consistia apenas em informação sem sentido. Mas, de maneira
hipotética, isso não precisa funcionar desta forma. Teoricamente, se a sequência
produzida ao olhar para essas primeiras linhas realmente continha informações
significativas – como uma série de treinamentos de kung fu, por exemplo –, então o
33
indivíduo automaticamente repetiu esse padrão, praticando cada vez que o cérebro
tentou ampliar o disco.
Entretanto, a técnica ao estilo de Matrix, onde o conhecimento é baixado
diretamente no cérebro, exigirá muito mais do que apenas gravar e reproduzir padrões
de ativação do córtex visual. A ciência ainda não sabe dizer se este tipo de fenômeno
surge também em áreas como o córtex motor ou córtex auditivo do cérebro, que viria
a ser útil no domínio de habilidades físicas ou linguísticas.
Watanabe pensa que futuramente este método pode ser utilizado para curar a
depressão. "Eu acho que nós poderíamos facilmente treinar pessoas para ser feliz",
diz ele. "Basta mostrar fotos de bebês e gatinhos e outras imagens conhecidas para
elevar o humor, gravar e usar esse padrão como o gatilho para o “alargamento do
disco”. Então, quando os assuntos executar esta tarefa, eles estariam se tornando
feliz também. "Eu acho que nós poderíamos usar a técnica para apagar memórias,
como a remoção de 12 meses de vida de uma pessoa”, diz Watanabe. Dessa forma,
quando o sinal é dado, o assunto seria lembrar a memória implantada ao invés da
memória do real.1
3.5 Epigenética
Fonte: i2.wp.com/institutobazzi.com
1 Fonte: Discovermagazine
34
A ideia de que o ambiente pode alterar nossa herança celular não é nova e tem
nome: epigenética. Ela é um campo da biologia que estuda interações causais entre
genes e seus produtos que são responsáveis pela produção de fenótipo. Ela investiga
a informação contida no DNA, a qual é transmitida na divisão celular, mas que não
constitui parte da sequência do DNA. A epigenética trata de modificações no DNA que
sinalizam aos genes se eles devem se expressar ou não. Esses marcadores não
chegam a alterar nossa genética, mas deixam uma marca permanente ao ditar o
destino do gene: se um gene não se expressa, é como se ele não existisse.
Enquanto a genética está associada à sequência do DNA, o termo epigenética
refere-se às informações reversíveis que são introduzidas nos cromossomos e
replicadas estavelmente durante as divisões celulares, mas que não modificam as
sequências de nucleotídeos e dessa forma alteram o fenótipo sem mudar o genótipo
(KENDREW, 1994). Mais recentemente, a epigenética foi definida como o estudo de
processos que produzem um fenótipo herdável, mas que não dependem estritamente
da sequência de DNA (LIEB et al., 2006). Este termo (epigenética) deriva do prefixo
grego epi, que significa literalmente "on" ou "acima", e assim define o que está
ocorrendo no suporte físico dos genes, a cromatina. (A cromatina é uma estrutura
presente em todas as células que possuem núcleo. Na cromatina se encontra o DNA
– a sede da informação genética – em um complexo com proteínas que inclui as
histonas, as proteínas não histônicas e, possivelmente, pequenos RNAs. Quando uma
célula não está se dividindo, chamamos esse conjunto de cromatina. Quando a célula
está se dividindo, chamamos esse conteúdo de cromossomos)
Em um artigo publicado pela Veja, em 12.12.2012, Carvalho, traz a seguinte
explicação para a epigenética: Epigenética — Imagine o material genético humano
como um manual de instruções. Os genes formariam o conteúdo do livro, enquanto
as epimarcas ditariam como esse texto deveria ser lido. "A epigenética altera e regula
a forma como os genes se expressam", explica a geneticista Mayana Zatz, do
departamento de Genética e Biologia Evolutiva da Universidade de São Paulo (USP).
É por meio dos comandos epigenéticos, por exemplo, que o pâncreas fabrica apenas
insulina, apesar de as células nesse órgão terem genes para a produção de muitos
outros hormônios. Acreditava-se que os traços da epigenética não eram hereditários,
sendo apagados e recriados a cada passagem de geração. Como pesquisas nas
últimas décadas mostraram que uma fração de epimarcas é, sim, passada de pais
35
para filhos, Friberg, Rice e Gavrilets julgaram ter encontrado a peça que faltava para
montar o quebra-cabeça.
Para entender esse fato se faz necessário lembrar que o genótipo = o padrão
de genes herdados (o mapa genético) e fenótipo = as características observáveis do
indivíduo. Osgenes são transmitidos dos pais para os filhos de acordo com relações
complexas que incluem o padrão dominante-recessivo, herança poligênica, imprinting
genético, herança mitocondrial e herança multifatorial.
Em 1905, o geneticista britânico, Wiliam Bateson (1861-1926) cunhou o termo
da genética como o termo relacionado à hereditariedade e variação dos organismos,
baseado nos trabalhos de Gregor Mendel (1822-1884). Três décadas depois (1942),
o geneticista, biólogo e filósofo Conrad Hal Waddington (1905-1975) definiu
"epigenética" como "o ramo da biologia que estuda as interações causais entre genes
e seus produtos, que trazem o fenótipo a ser". Quando Waddington cunhou o termo
paisagem epigenética (“epigenetic landscape”), a natureza física dos genes e seu
papel na hereditariedade não eram conhecidos, ele usou-a como uns modelos
conceituais de como os genes podem interagir com o ambiente para produzir um
fenótipo. E demonstrou que as ideias de herança apresentadas por Jean-Baptiste
Lamarck (1744-1829) poderiam, pelo menos em princípio, ocorrer. Todas estas teorias
foram fundamentadas nos estudos de Lamarck sobre assimilação de caracteres
adquiridos por informação ambiental.
36
A pesquisa mostrou a síndrome de Rett foi causada por uma mutação no gene
MECP2. A proteína MeCP2 se liga e desliga genes com marcas epigenéticas. Sem
função MeCP2 adequada, alguns genes ficar fora de sincronia. Ao identificar e
manipular outras proteínas que desempenham funções semelhantes às MeCP2, os
pesquisadores esperam que um dia melhorar as opções de tratamento para a
síndrome de Rett.
Investigação em curso é saber que epigenética pode ser um fator chave nas
outras doenças cerebrais, como a esquizofrenia, autismo, e doença de Alzheimer, o
que indica a importância de identificar padrões epigenéticos por todo o genoma e
como elas são alteradas pela doença. Ao contrário de mutações genéticas, as marcas
epigenéticas podem ser revertidas. Na verdade, os EUA Food and Drug Administration
já aprovou várias drogas que trabalham para melhorar os resultados de saúde,
modificando estas marcas.
Como muito do que sabemos agora sobre epigenética, muitas dessas drogas
foram inicialmente identificadas por pesquisadores de câncer. Os cientistas do cérebro
estão trabalhando para desenvolver drogas mais seguras e eficazes para melhorar a
função cognitiva e do comportamento nas pessoas.
37
Fonte: montessorispace.com
39
córtex com maior espessura, do que as crianças da mesma faixa etária (Keverne,
2004).
Às vezes a pessoa fica frustrada porque não obtém a cooperação, que precisa,
dos familiares, amigos, colegas de trabalho da empresa ou escola onde trabalha
arduamente das segundas às sextas-feiras. Zanga-se porque eles parecem não
aquilatar a importância das coisas, que fazem e parecem agir irracionalmente. Tal
40
comportamento pode ter uma explicação simples: está em franca atividade o “cérebro
reptiliano”.
A teoria do “cérebro triádico”, idealizada por Paul MacLean, postula, que
evolutivamente, o ser humano possui “três cérebros”, formados por camadas
sobrepostas, ou seja, algo no formato, contemporaneamente, pode-se dizer “três em
um”. Esta teoria talvez possa explicar, em parte, nosso comportamento e daqueles
que nos cercam nos locais de trabalho e no ambiente em geral, inclusive o educacional
(Lambert, 2003).
Fonte: abrilsuperinteressante.files.wordpress.com
41
Naquele mundo primevo da sobrevivência do mais apto ou mais sagaz, essa
porção do cérebro canalizava ações de como obter comida e não ser “alimento” de
predador eventual, enfrentar oponente, ou parlamentar, ou dependendo fugir. Esta
porção do cérebro é mais movida pelo “medo/temor” e assume o controle do que fazer,
quando a pessoa se sente ameaçada (real ou imaginariamente) ou quando percebe a
sensação iminente de morte. Com o passar do tempo evolutivo, uma camada de
neurônios de características “olfatórias” sobrepôs-se à estrutura do cérebro primitivo.
A capacidade expandida do sensorial olfatório, baseada em feromonas nos
organismos mais simples, melhorou a possibilidade de sobrevivência do indivíduo. O
animal aprendeu a discriminar alimento comestível do tóxico, avaliar melhor presa de
predador, e consequentemente a tomada de decisão frente a situações, do que comer
ou evitar (Cartwright, 2001).
42
4.4 O neocortex
Fonte: ericarubio.com.br
43
4.5 Evolução e psique
45
pensamento difuso, nebuloso de lidar com a imprecisão e a ordem & desordem das
coisas e eventos (Herbert, 1993; Harth, 1993; Greenpan & Benderly, 1997). Essa
forma de pensamento busca alternativas por meios de raciocínio “desconstrutivo”,
conduzindo a criatividade (Hofstadter, 1980; Demo, 2002; Edelman, 2006).
O binômio cérebro & mente é uma entidade biológica. A cognição pode ser vista
como uma função do cérebro, a semelhança de como a regulação cardiovascular é
uma função do sistema cardiovascular, dependente das variáveis de pressão
sanguínea, frequência cardíaca e resistência periférica. Assim, estímulos do ambiente
disparam mecanismos biológicos já presentes no sistema nervoso, e como
consequência alterações na estrutura e função neural. A relação entre estímulo e
resposta é de caráter evolutivo acumulado na história de cada espécie animal ou
vegetal. Por exemplo, a experiência altera a estrutura dos neurônios, a taxa de
potencial sináptico, a circuitária do cérebro. Então, a informação de entrada, captada
pelos órgãos sensoriais, modifica a descarga de neurotransmissores, a estrutura dos
elementos pré & pós-sinápticos e, portanto, a informação de saída no circuito ou
coluna neural. Em suma, o meio-ambiente seleciona características e processos já
existentes no sistema nervoso do indivíduo levando a alterações.
A organização da estrutura neural pode ser dividida nos níveis da genômica,
molecular, sináptico, celular os quais estão subjacentes e geram o comportamento e
as funções mentais do indivíduo (Black, 1992). Em termos de aplicação para pessoas
com altas habilidades, significa que um maior número de áreas cerebrais é usado na
codificação inicial da informação de entrada, memória de trabalho mais “eficiente” e
atenção para resolver problemas complexos (a informação fica mais tempo na mente).
Manifesta-se por realce no reconhecimento e recordação de padrão, prática e
repetição leva a perfeição, como por exemplo, aprendizagem manual bilateral:
pianistas versus não-pianistas. Usam várias áreas cerebrais para tarefas especiais,
por exemplo, prodígio em matemática resolvendo tarefa complexa. Maior número de
associações e analogias pode resultar em processamento da informação mais lento,
porém com inúmeras ligações, maiores possibilidades de escolhas. Há tendência de
focar em lacunas do conhecimento (Dehaene & Cohen, 2007). Sob a perspectiva de
46
atenção “criativa” pode desenrolar na elaboração de metas, planos e tomadas de
decisão. Além disso, grau de abstração, simplificação de situações complexas,
elaboração de análises, prioridades de ideias, convergência de pontos em comum. O
indivíduo de altas habilidades aprecia “sistemas”, categorias, raciocínio dedutivo
verbal, aprendizagem por conceitos, exatidão e dedução por formalismo matemático,
e muitas vezes dotado de notável memória verbal e semântica (Moraes & Torre, 2004).
47
4.9 Crianças com altas habilidades e talentosas e a Neurocognição
48
(exemplo,
matemática,
música, artes).
Emoção Problemas com ajuste Mostram
emocional. modesta e ou falta
de emoção.
Desenvolvimento Falam e leem em idade Confiança
precoce, antes das crianças normais em padrão
concreto e literal
de pensamento e
ação.
Cognição de alto Compreensão & comunicação Raciocínio
nível com uso de linguagem muito além de abstrato ausente
seus pares de mesma idade. ou mínino.
*Adaptado de: Geake, 2003.
49
Quais são os efeitos do sono na aprendizagem?
Há alguma evidência neural nos “estilos de aprendizagem”?
Como a predisposição genética que expressa a neuroplasticidade, interage com o
contexto de aprendizagem e o ambiente social?
Será que há rede neural distinta que se correlaciona com o currículo aritmético (ex.
decimais, frações)?
Como diferem os cérebros de estudantes com altas habilidades dos estudantes
“normais”?
Pode a neurociência fornecer um melhor entendimento da memória &
conhecimento?
Que tipos de aprendizagem escolar e aprendizagem informal podem ser
explicados pelos modelos da sinapse de Donald Hebb?
Qual é a dinâmica dos neurotransmissores da “memória de trabalho”?
Quais são os alimentos que podem fornecer precursores dos neurotransmissores
relacionados com os circuitos de aprendizagem?
Diante do exposto propõe-se um currículo que possa atender às crianças com altas
habilidades
Prover as crianças com várias tentativas similares nos assuntos que levem,
pela repetição consolidar os itens de memória, no formato de conexões neurais;
Promover pensamento integrado (ex. integrar tópicos comuns de BIOQUIFIS -
Biologia, química, física);
Currículo “tipo espiral”, i. e. os conceitos importantes “core” abordados
repetidamente, mas em diferentes contextos para manter o interesse.
“Profundidade” e não “extensão” enciclopédica no formato de espiral
contextualizada;
Assim, o reforço de um novo circuito que representa o conceito correto. Por
exemplo: criança de 10 anos avalia comprar quais brinquedos na mercearia da
50
esquina; 12 anos, lida com o orçamento hipotético da família; 14 anos planeja as
compras mais importantes, como móveis, o carro da família;
Outra alternativa, estudar a hierarquia: sais, íons, neurônio, sinapse,
neurotransmissores, circuitos neurais, mapa neural e finalmente o comportamento
de um organismo (ser humano? Outros animais/vegetais);
Apresentar os conceitos/conteúdos de forma múltipla [vídeo, DVD, livro,
educação informal, teatro, jogos, história em quadrinhos (vários temas), trabalho
de campo];
Para pré-adolescentes criar práticas que envolvam o funcionamento do córtex
pré-frontal (função executiva), por exemplo: labirinto, puzzle-grow, palavras
cruzadas, mapa conceitual/mental, resolução de casos, instrução programada
(Geake, 2009).
Em Biologia, para estudante de alta habilidade e talentoso, empregar estudo
de casos tais como:
a- “Seguindo as pegadas dos Neandertais” (resolução de caso);
b- Resolução de “Caso” célula;
c- Resolução de “Caso” coração;
d- Resolução de “Caso” árvore & planta;
e- Resolução de “Caso” inseto; entomologia forense (caso);
51
Memória: sem repetição a memorização não acontece, a rememoração falha,
perde-se a informação, o tempo e a motivação. A quantidade de repetição vai
depender da emoção envolvida na passagem da informação. Quanto mais emoção
maior a chance da informação ficar cravada na memória dos seus alunos.
Conhecimento prévio: dificilmente vai haver aprendizagem se a informação
nova não está contextualizada e conectada a conhecimentos que já existem no
cérebro da criança.
Do concreto para o abstrato: o lobo frontal, sede do nosso pensamento
abstrato, demora mais a se desenvolver, como vimos aqui isso se estende até a
segunda década de vida. Dessa forma, parta de exemplos concretos para atingir
ideações abstratas.
Práticas: quando uma informação é colocada em prática ela se torna patente
em nosso cérebro. Mas certifique-se de que na prática a criança realmente entendeu,
ela deve ser capaz de falar e escrever sobre um conceito que praticou.
Estórias ou histórias: elas ativam muitas áreas cerebrais, mexem conosco, com
nossas emoções, memórias e ideias. Elas têm início, meio e fim, o que também
estimula o desenvolvimento de habilidades de sequenciação e organização (córtex
pré-frontal).
Computadores e outras tecnologias: muitos sentidos são estimulados quando
os estudantes trabalham em grupos fazendo pesquisas no computador. O trabalho é
bastante visual, auditivo e cinestésico, além de estimular habilidades sociais.
O cérebro procura por padrões: a informação é guardada em nosso cérebro
através de padrões de reconhecimento. Daniel Pink (2005) ressalta que a era atual
requer uma forma de pensar que inclua a capacidade de detectar padrões e criar algo
novo. É fundamental que o Educador apresente a nova informação, auxilie o aluno a
identificar o padrão, associar esse padrão a padrões já armazenados por ele em seu
cérebro e aí seja capaz de criar novos padrões. Dois métodos principais funcionam
muito bem para isso, um é o uso de organizadores gráficos como mapas mentais e
diagramas de Venn, outro é através da organização da informação em blocos lógicos
e contextualizados.
O estresse inibe a aprendizagem: numerosas evidências apontam para isso,
sobretudo os efeitos do cortisol (hormônio do estresse) provocando a morte de
neurônios no hipocampo (área da memória de longo prazo). Nesse sentido ofereça
52
um ambiente de ensino seguro, confortável e acolhedor. Estabeleça rotinas, regras,
objetivos e procedimentos padrão. Os rituais de sala de aula podem contribuir para
reduzir o estresse.
O cérebro é um órgão social: a interação e desenvolvimento de habilidades
sociais são fundamentais no processo de aprendizagem. Nossas crianças da era
digital encontram-se talvez mais aptas a se relacionar através de um teclado do que
com a fala, o olhar e o toque. É importante para elas desenvolver a linguagem não
verbal, reconhecer sentimentos através da face e dos gestos, interagir com diferentes
grupos sociais, aprender a escutar, expressar suas emoções e ser empática.
Arte e atividade física melhoram o desempenho intelectual: explore essas
atividades o mais que puder.
Contrabalance tecnologia e criatividade, utilize música e muito, muito visual!
53
aprendizagem, bem como de que maneira os estímulos chegam ao cérebro, da forma
como as memórias se consolidam e de como temos acesso a essas informações
armazenadas.
Fonte: 2.bp.blogspot.com
55
de aprendizagem do seu aluno, (e isso não está longe de termos na formação de
nossos educadores) o professor saberá quais estratégias mais adequadas utilizar e
certamente fará uso desse grande e inigualável meio facilitador no processo ensino –
aprendizagem.
Outra grande descoberta das neurociências é que através de atividades
prazerosas e desafiadoras o “disparo” entre as células neurais acontece mais
facilmente: as sinapses se fortalecem e redes neurais se estabelecem com mais
facilidade.
Mas como desencadear isso em sala de aula? Como o professor pode ajudar
nesse “fortalecimento neural”? Todo ensino desafiador ministrado de forma lúdica tem
esse efeito: aulas dinâmicas, divertidas, ricas em conteúdo visual e concreto, onde o
aluno não é um mero observador, passivo e distante, mas sim,
participante, questionador e ativo nessa construção do seu próprio saber.
O conteúdo antes desestimulante e repetitivo para o aluno e professor ganha
uma nova roupagem: agora propicia novas descobertas, novos saberes, é dinâmico e
flexível, plugado em uma era informatizada aonde a cada momento novas
informações chegam ao mundo desse aluno. Professor e aluno interagem ativamente,
criam, viabilizam possibilidades e meios de fazer esse saber, construindo juntos a
aprendizagem.
Uma aula enriquecida com esses pré-requisitos é mágica, envolvente e
dinâmica. É saber fazer uso de uma estratégia assertiva onde conhecimentos
neurocientíficos e educação caminham lado a lado. Mas como isso é possível? O que
fazer em sala de aula? A seguir veremos algumas sugestões que podem ser adotadas:
56
sempre com o conteúdo inserida nelas. A criação de músicas sobre conteúdo é uma
forma divertida de aprender. Talentos apareceram em sala de aula. E quem não gosta
de cantar? A aula fica muito rica e prazerosa!
3- Reserve um lugar com almofadas e tapete, para momentos de descanso e
reflexão. O “cantinho da leitura” é fundamental na sala de aula na ausência de uma
biblioteca. Relaxar após o trabalho prazeroso significa dar tempo para o cérebro
escanear todo o conteúdo que vai ser assimilado, ativar o hipocampo (região
responsável pelas memórias) e consolidar o que se aprendeu.
4- Estabeleça rotinas onde possam realizar trabalhos individuais, em dupla e
em grupo. Rotinas estabelecidas reforçam comportamentos assertivos e organização.
Crianças com TDAH, que apresentam mal funcionamento das funções executivas se
beneficiam com rotinas e regras pré-estabelecidas). Os trabalhos em equipe são
extremamente prazerosos, ativa as regiões límbicas (responsáveis pelas emoções) e
como sabemos que o aprender está ligado à emoção, a consolidação do conteúdo se
faz de maneira mais efetiva. (Hipocampo)
5- Trabalhar o mesmo conteúdo de várias formas possibilita aos alunos
oportunidades de vivenciarem a aprendizagem de acordo com suas possibilidades
neurais. Dê aos mais rápidos, atividades que reforcem ainda mais esse conteúdo, que
os mantenham atentos e concentrados, para que aqueles que necessitem de maior
tempo para realizar as atividades não sejam prejudicados com conversas e agitação
dos mais rápidos.
6- A flexibilidade em sala de aula permite uma aprendizagem mais dinâmica e
melhor percebida por todos os alunos. O professor que ministra bem os conflitos em
sala de aula, que tem "jogo de cintura" e apresenta o conteúdo com prazer, mantém
seus alunos "plugados" na aula.
Desta forma, sabedores deste mecanismo neural que impulsiona a
aprendizagem, das estratégias facilitadoras que estimulam as sinapses e consolidam
o conhecimento, desta magia onde cada estrutura cerebral se interliga para que todos
os canais sejam ativados. Assim, como numa orquestra afinadíssima, onde a melodia
sai perfeita, estar de posse desses importantes conhecimentos e descobertas será
como reger esta orquestra, onde o maestro saberá o quão precisamente estão
afinados seus instrumentos e como poderá tirar deles melodias harmoniosas e
suaves!
57
A neurociência se constitui assim em atual e uma grande aliada do professor
para poder identificar o indivíduo como ser único, pensante, atuante, que aprende de
uma maneira toda sua, única e especial. Desvendando os mistérios que envolvem o
cérebro na hora da aprendizagem, a neurociência disponibiliza ao educador moderno
(neuroeducador), impressionantes e sólidos conhecimentos sobre como se
processam a linguagem, a memória, o esquecimento, o desenvolvimento infantil, as
nuances do desenvolvimento cerebral desta infância e os processos que estão
envolvidos na aprendizagem a ele proporcionada. Tomarmos posse desses novos e
fascinantes conhecimentos é imprenscindível e de fundamental importância para uma
pedagogia moderna, ativa, contemporânea, que se mostre atuante e voltada às
exigências do aprendizado em nosso mundo globalizado, veloz, complexo e cada vez
mais exigente.
Conceitos como neurônios, sinapses, sistemas atencionais (que viabilizam
o gerenciamento da aprendizagem), mecanismos mnemônicos (fundamentais para
o entendimento da consolidação das memórias), neurônios espelho, que possibilitam
a espécie humana progressos na comunicação, compreensão e no aprendizado e
plasticidade cerebral, ou seja, o conhecimento de que o cérebro continua
a desenvolver-se, a aprender e a mudar não mais estarão sendo discutidos
apenas por neurocientistas, como até então imaginávamos. Estarão agora, na
verdade, em sala de aula, no dia a dia do educador, pois uma nova visão de
aprendizagem está a se delinear. O fracasso e insucesso escolar têm hoje um novo
olhar, já que uma nova e fascinante gama de informações e conhecimentos está à
disposição do educador moderno.
Graças a neurociência da aprendizagem, os transtornos comportamentais e
da aprendizagem passaram a ser mais facilmente compreendidos pelos educadores
uma vez que proporciona mais subsídios para a elaboração de estratégias
mais adequadas a cada caso. Um professor qualificado e capacitado, um método
de ensino adequado e uma família facilitadora dessa aprendizagem são
fatores fundamentais para que todo esse conhecimento que a neurociências nos
viabiliza seja efetivo, interagindo com as características do cérebro de nosso aluno.
Esta nova base de conhecimentos habilita o educador a ampliar ainda mais as
suas atividades educacionais, abrindo uma nova estrada no campo do aprendizado e
da transmissão do saber.
58
6.1 Relação entre memória e aprendizagem
Fonte: www.researchgate.net
59
6.2 Sistema Nervoso Autônomo e Aprendizagem
Fonte: www.innovia.com.br
60
O sistema Nervoso Autônomo pode apresentar as seguintes subdivisões:
Sistema Nervoso Autônomo Parassimpático (SNAp), Simpático (SNAs) e Entérico ou
Visceral.
Metring (2011) enfatiza que o SNAs quando nascemos já começa a atuar e vai
continuar atuando até o final de nossas vidas, mas o SNAp precisa ser treinado, e isso
quer dizer que estamos organicamente prontos para manter estado de vigília, alerta,
mas não para relaxarmos.
Segundo o autor estamos sempre em estado de alerta, sendo que as funções
viscerais estão preocupadas somente com a manutenção da vida, agimos
instintivamente sem muitas vezes recorrer ao uso das funções mentais superiores. E
eis aí onde a escola pode colaborar: - treinar o SNAp, instruindo os alunos de como
manter o organismo em situação de equilíbrio, repouso relativo, para que assim as
funções mentais superiores, tão necessárias à aprendizagem, possam ser melhor
utilizadas.
Ambientes que coloquem o aprendiz em situação de estresse ativarão as
atividades do SNAs, fazendo com que a adrenalina seja despejada na corrente
sanguínea que fará com que haja alterações em todo sistema cardiorrespiratório,
alterações nos sistemas de apoio (digestão, produção de hormônios, etc). Ao cérebro
apenas restará uma parcela de sangue suficiente para manter a musculatura irrigada
e alimentada para a situação de luta ou fuga.
Entretanto, Metring (2011) alerta que o cérebro é um grande consumidor de
energia, que por sua vez é alimentada pelo sangue, sendo assim: menos sangue =
menos energia, menos energia = menos capacidade cognitiva, então a aprendizagem
é dificultada e em casos mais graves impossibilitada.
O SNAp estimula principalmente atividades relaxantes, como as reduções do
ritmo cardíaco e da pressão arterial, entre outras do Parassimpático que tem ação
vasodilatadora mediante a libertação de acetilcolina.
Diante ao que foi relatado o autor propõe que as escolas deveriam preparar o
ambiente de tal forma que se obtivesse o melhor aproveitamento do cérebro na
61
aprendizagem, proporcionando assim atividades relaxantes, exercícios respiratórios a
fim de evitar situações estressantes.
62
Faz-se mister entender os mecanismos atencionais e comportamentais de
nossas crianças padrão das crianças TDAH e estudar suas funções executivas e
sistema de comando inibitório do lobo pré-frontal, hoje muito relevante na educação.
Compreender as vias e rotas que norteiam a leitura e escrita (regidas
inicialmente pela região visual mais específica (parietal) que reconhecem as formas
visuais das letras e depois acessa outras áreas para a codificação e decodificação
dos sons para serem efetivadas.
Penetrar nos mistérios da região temporal relacionado à percepção e
identificação dos sons onde os reconhece por completo (área temporal verbal)
possibilitando a produção dos sons para que possamos fonar as letras. Não esquecer
a região occipital, que abriga como uma de suas funções o coordenar e reconhecer
os objetos, assim como o reconhecimento da palavra escrita.
Assim, cada órgão se conecta e interliga-se no processo, onde cada estrutura
com seus neurônios específicos e especializados desempenham um papel na base
do Aprender.
Estudos na área neurocientífica centrados no manejo do aluno em sala de aula
nos esclarece que o processo aprendizagem ocorre quando dois ou mais sistemas
funcionam de forma inter-relacionada (conectada). Assim podemos entender como é
valioso aliar a música, os jogos, e movimentos em atividades escolares e ter a
possibilidade de trabalhar simultaneamente mais de um sistema: auditivo, visual e até
mesmo o sistema tátil com atividades lúdicas, esportivas, e todos os movimentos
surgindo de dentro para fora (psicomotricidade), desempenho este que nos leva ao
Aprender
Podemos então deferir, desta forma, que o uso de estratégias adequadas em
um processo de ensino dinâmico e prazeroso provocará consequentemente
alterações na quantidade e qualidade destas conexões sinápticas melhorando assim
o funcionamento cerebral, de forma positiva e permanente, com resultados
satisfatórios e eficazes.
Os games (adorados por crianças e adolescentes) ainda em discussão no
âmbito acadêmico são fantásticos na forma de manter os alunos “plugados” e podem
ser mais uma ferramenta mediadora que possibilita estimular o raciocínio lógico,
atenção, concentração, conceitos matemáticos através de atividades como:
63
cruzadinhas, caça-palavras e jogos interativos que desenvolvem a ortografia, de forma
desafiadora e prazerosa para alunos.
O grande desafio dos educadores é viabilizar uma aula que “facilite” esse
disparo neural, este gatilho, a sinapse e o funcionamento desses sistemas, sem que
necessariamente o professor tenha que saber como lidar individualmente com cada
aluno. Quando ciente da modalidade de aprendizagem do aluno, (e isso não está
longe de ser inserida na grade de formação de nossos educadores) o professor saberá
quais e melhores estratégias utilizar e certamente fará uso desse meio facilitador no
processo Ensino – Aprendizagem.
Outra descoberta é que através de atividades prazerosas e desafiadoras o
“disparo” entre as células neurais acontece mais facilmente: as sinapses fortalecem-
se e as redes neurais são estabelecidas com mais rapidez (velocidade sináptica).
Fonte: www.bancodasaude.com
Todo ensino desafiador ministrado de forma lúdica tem esse efeito: aulas
dinâmicas, divertidas, ricas em conteúdo visual e concreto, onde o aluno não é um
mero observador de o seu próprio saber o deixam “literalmente ligado”, plugado,
antenado.
64
O conteúdo antes desestimulador e cansativo para o aluno é substituído por
um professor com nova roupagem que propicia novas descobertas, novos saberes; é
dinâmico e flexível, plugado em uma área informatizada, aonde a cada momento
novas informações chegam ao mundo desse aluno. Professor e aluno interagem
ativamente, criam, viabilizam possibilidades e meios de fazer esse saber, construindo
juntos a aprendizagem com todas as rotas: auditivas, visuais, táteis e neste universo
cheio de informações, faz-se a nova Educação e um novo modelo de aprender.
Uma aula enriquecida com esses pré-requisitos é envolvente e dinâmica: é o
saber se utilizar de possibilidades onde conhecimento Neurocientífico e Educação
caminham lado a lado.
Mas como isso é possível? O que fazer em sala de aula?
A seguir algumas sugestões adotadas:
(1) estabelecer regras para que haja um convívio harmonioso de todos em sala
de aula, onde alunos sejam responsáveis pela organização, limpeza e utilização dos
materiais. Ao opinar e criar regras e normas adotadas, eles se sentirão responsáveis
pela sala e espaço escolar.
(2) utilizar materiais diversificados que explorem todos os sentidos. Visual:
mural, cartazes coloridos, filmes, livros educativos; Tátil: material concreto e objeto de
sucata planejado. Há uma riqueza de sites na internet que nos disponibilizam
atividades produtivas e prazerosas. A criatividade aflora e a aula torna-se muito
divertida; Auditivo: música e bandinhas feitas com material de sucata, sempre com o
conteúdo pedagógico inserida nelas. A criação de músicas e paródias sobre conteúdo
é uma forma muito divertida de aprender. Talentos apareceram em salas de aula. E
quem não gosta de cantar? Aulas com dinâmica treinam as memórias de curto prazo
e a auditiva (elas são trabalhadas em áreas hipocampais) e assim retidas em memória
de longo prazo, efetivando o Aprendizado!
3) o cantinho da “leitura” é um pedaço de criar ideias, deixar o “Novo” entrar na
mente, através dos signos e símbolos. (Significados e significante)
4) estabelecer rotinas onde possam realizar trabalhos individuais, em dupla, em
grupos (rotinas estabelecidas reforçam comportamentos assertivos e organização).
Crianças com TDAH, que apresentam mal funcionamento das funções executivas se
beneficiam com rotinas e regras pré-estabelecidas. O trabalho em equipe é relevante,
ativa as regiões límbicas (responsáveis pelas emoções) e como sabemos o aprender
65
está ligado à emoção, e a consolidação do conteúdo se faz de maneira mais efetiva.
(Hipocampo)
(5) Trabalhar o mesmo conteúdo de várias formas possibilita aos alunos “mais
lentos” oportunidades de vivenciarem a aprendizagem de acordo com suas
possibilidades neurais. Dê às mais rápidas atividades que reforcem ainda mais esse
conteúdo, mantendo-os atentos e concentrados para que os alunos com processos
mais lentos não sejam prejudicados com conversas e agitação do outro grupo de
crianças.
A flexibilidade em sala de aula permite uma aprendizagem mais dinâmica e
melhor percebida por toda a classe. O professor que administra bem os conflitos em
sala de aula possui “jogo de cintura” e apresenta o conteúdo com prazer, mantendo
seus alunos “plugados”, com interesse em aprender mais, movidos pela novidade: o
prazer faz uma internalização de conceitos de maneira lúdica e eficaz.
Desta forma, somos sabedores deste mecanismo neural que impulsiona a
aprendizagem, das estratégias facilitadoras que estimulam as sinapses e consolidam
o conhecimento, da magia onde cada estrutura cerebral interliga-se para que todos os
canais sejam ativados. Como numa orquestra afinadíssima, onde a melodia sai
perfeita, de posse desses conhecimentos e descobertas, será como reger uma
orquestra onde o maestro saberá o quão precisamente estão afinados seus
instrumentos e como poderá tirar deles melodias harmoniosas e perfeitas!
A Neurociência veio para ser grande aliada do professor na atualidade, em
identificar o indivíduo como ser único, pensante, atuante, que aprende de uma
maneira pessoal, única e especial. Desvendar os segredos que envolvem o cérebro
no momento do Aprender, facilita nosso professor.
Surge um novo professor (neuroeducador), a buscar conhecimento sobre como
se processam a linguagem, memória, esquecimento, humor, sono, medo, como
interagimos com esse conhecimento e conscientemente envolvido na aprendizagem
formal acadêmica. Em posse desses novos conhecimentos é imprescindível
desenvolver uma pedagogia moderna, ativa, contemporânea, que capacite novos
professores, para formar novos alunos às exigências do aprendizado em nosso
mundo globalizado, veloz, complexo e cada vez mais exigente.
Conceitos como neurônios, sinapses, sistemas atencionais, (que viabilizam o
gerenciamento da aprendizagem), mecanismos mnemônicos (consolidação das
66
memórias), neurônios espelho (que possibilitam na espécie humana progressos na
comunicação e compreensão no aprendizado), plasticidade cerebral (ou seja, o
domínio de como o cérebro continua a desenvolver-se e a sofrer mudanças) serão
discutidos por neurocientístas, neuropedagogos e família. A sala de aula será palco
da ciência e neurociência, onde o educador domina os processos do cérebro para
aprender, e assim possibilita criar novas estratégias para ensinar.
Através desta neurociência, os transtornos comportamentais e de
aprendizagem passam a ser vistos e compreendidos com clareza pelos educadores,
que aliados a esta novidade educacional encontram subsídios para a elaboração de
estratégias mais adequadas a cada caso.
Um professor qualificado e capacitado, com método de ensino adequado e uma
família facilitadora dessa aprendizagem são fatores para que todo o conhecimento
que a neurociência nos viabiliza seja efetivo, interagindo com as características do
cérebro de nosso aluno e do professor. Esta nova aliada habilita o educador a ampliar
suas atividades educacionais, abrindo uma nova rota no campo do aprendizado e da
transmissão do saber, cria novas faces do Aprender, consolida o papel do educador,
como um mediador e o aluno como participante ativo do pensar e aprender.
67
respeito, para que se obtenham melhores resultados no processo de ensino-
aprendizagem, especialmente, na educação básica.
A metodologia utilizada caracteriza-se como uma abordagem exploratória do
tema alicerçada em pesquisa bibliográfica em autores pertinentes, dentre os quais
foram citados Assmann (2001), Bear, Connors, Paradiso (2002), Demo (2001),
Fernàndez (1991), Johnson & Myklebust (1983), Markova (2000), Morim (2007; 2002),
Smith (1999), Soares (2003), Sternberg & Grigorenko (2003) e Vygotsky (1991).
Assim, descrevem-se a função e as finalidades da Neurociência; a relação entre o
cérebro e a aprendizagem e as disfunções cerebrais verbais e não verbais.
68
O futuro da neurociência é brilhante. O perigo é que se está no pé da montanha
e muitas pessoas pensam que já completamos a escalada. É uma grande montanha
e vai levar um século [para que a escalemos]. Não se trata, contudo, de negar a
contribuição das neurociências para a esfera pedagógica. A própria história da
pedagogia como disciplina acadêmica construiu seus alicerces a partir do diálogo com
diferentes saberes. Traz em sua natureza contribuições que vão da filosofia
rousseauniana à Escola Nova da psicologia experimental; da psicogênese descrita
por Piaget (1983); aos estudos antropológicos e, no caso da pedagogia infantil e,
também, à visão recente da sociologia da infância, difundida na década de 1990, com
quase um século de atraso.
A questão não é condenar as neurociências. O importante é saber se serão
encontradas nelas as contribuições para o que parece central: conhecer o papel da
educação infantil. Seu agir educativo deve moldar-se a partir das referências do
ensino fundamental ou buscar caminhos para construir sua própria identidade?
Enfatizar o que a criança já é ou valorizar o que lhe falta?
Há conflitos de sobra que precisam ser resolvidos e proposições que parecem
transcender a esfera pedagógica e caminhar para um debate que é também
ideológico. Afinal, quais são os mitos e as verdades extraídos das recentes
descobertas das neurociências e o que de tudo isso interessa à educação, em
particular à educação infantil?
Por enquanto, os conhecimentos oferecem mais perguntas do que respostas,
mas cremos que a pedagogia neurocientífica está sendo gerada para responder e
sugerir caminhos para a educação do futuro, mas, como alertou o pensador Morin
(2007) em palestra realizada em São Paulo, a neurociência, como outros aspectos da
evolução humana, carrega em si uma promessa e uma ameaça. A promessa é de um
melhor entendimento dos processos cerebrais. A ameaça é bastante cinzenta: a de
que esse conhecimento possa levar à pior manifestação totalitária, a de controlar
seres humanos com informações advindas do conhecimento científico.
O foco da educação tem sido o conhecimento a ser ensinado de maneira
mecânica e igual a todos os alunos, sem a devida atenção à individualidade, numa
demonstração de total falta de consciência da força que possuem os modelos mentais
e da influência que eles exercem sobre o comportamento. Por sua vez os alunos,
acostumados a perceber o mundo a partir da visão do docente, aceitam passivamente
69
essa proposta pedagógica, desempenhando um papel de receptor de informações, as
quais nem sempre são compreendidas e geram conhecimento. Muitas pesquisas no
campo educativo apontam o professor como um dos principais protagonistas da
educação (DEMO, 2001; ASSMANN, 2001; MORIN, 2002).
Entretanto, proporcionar uma boa aprendizagem para o aluno não depende só
do professor, pois é fundamental para uma educação que pretende ajudar o aluno a
perceber sua individualidade, tornando-o também responsável pelo ato de aprender,
proporcionar a otimização de suas habilidades, facilitar o processo de aprendizagem
e criar condições de aprender como aprender. Nesse contexto conhecer o seu padrão
de pensamento pessoal e saber como usá-lo é o primeiro passo para ser um
participante ativo no processo de aprender. A compreensão de como podemos lidar
com certas características pessoais ajudará o aluno a identificar, mobilizar e utilizar
suas características criativas e intuitivas, pois cada um aprende no seu próprio ritmo
e à sua maneira.
É fundamental que professores estimulem individualmente a inteligência das
crianças, empregando técnicas que permitam a cada aluno aprender da maneira que
é melhor para ele, aumentando sua motivação para o aprendizado, pois cada pessoa
tem de encontrar seu próprio caminho, já que não existe um único para todos
(STERNBERG & GRIGORENKO, 2003). Considerando que alunos diferentes
lembram e integram informações com diferentes modalidades sensoriais, analisar
como as pessoas se relacionam, atuam e solucionam problemas, identificar os estilos
específicos da aprendizagem, torna-se bastante útil (WILLIAMS, apud MARKOVA,
2000).
Partindo desse pressuposto, ao professor cabe oferecer, através de sua
prática, um ambiente que respeite as diferenças individuais permitindo que os
aprendizes se sintam estimulados do ponto de vista intelectual e emocional. Daí a
necessidade do educador, consciente de seu papel de interventor responsável pela
mediação da informação, buscar estruturar o ensino de modo que os alunos possam
construir adequadamente os conhecimentos a partir de suas habilidades mentais. E
para isso, é imprescindível que conheçam os significativos estudos da neurociência,
uma vez que esses, sem dúvida, influenciam na compreensão dos processos de
ensino e de aprendizagem.
70
No cérebro humano existem aproximadamente cem bilhões de neurônios
(unidade básica que processa a informação no cérebro) e, cada um destes pode se
conectar a milhares de outros, fazendo com que os sinais de informação fluam
maciçamente em várias direções simultaneamente, as chamadas conexões neurais
ou sinapses (BEAR, CONNORS, PARADISO, 2002, p. 704).
Se os estados mentais são provenientes de padrões de atividade neural, então
a aprendizagem é alcançada através da estimulação das conexões neurais, podendo
ser fortalecida ou não, dependendo da qualidade da intervenção pedagógica.
A pesquisa e o interesse em neurociências têm crescido em resposta à
necessidade de, não somente entender os processos neuropsicobiológicos normais,
mas também para respaldar a ciência da educação.
É sabido que ocorrem dificuldades de comunicação entre neurocientistas e
educadores devido à linguagem diversa empregada em suas terminologias
específicas profissionais, bem como a utilização de temas, métodos, lógicas e
objetivos diferentes. No entanto, novos desafios históricos têm redimensionado e
emergidos novos paradigmas, os quais impulsionam a ciência e a todos aqueles que
se preocupam com a integridade humana, nos aspectos físico, emocional e, em
particular, sociocultural. Nesse âmbito atuam os processos sócio educacionais, cujos
reflexos encontram eco na plasticidade das células cerebrais.
Todas as reflexões desta pesquisa tiveram como intuito maior compreender e
ainda que minimamente, contribuir na discussão e na procura de respostas de como
instrumentalizar o professor do ensino fundamental, através do conhecimento das
conexões neurais e plasticidade cerebral envolvidos no processo de aprendizagem,
visto ser este de vital importância para todos os seres humanos. Através da
aprendizagem, o indivíduo constrói e desenvolve os comportamentos que são
necessários para sua sobrevivência, pois não há realizações ou práticas humanas que
não resultem do aprendizado.
O estudo dos processos de aprendizagem e de todos os fatores que os
influenciam, constitui um dos maiores desafios para a educação, pois ao entendê-lo e
explicitá-lo, ocorre o desenvolvimento do sujeito dentro do contexto sociohistórico, e
é através dele que se forja a personalidade e a racionalidade humana para que o
indivíduo esteja apto a exercer sua função social.
71
Durante todo ensino fundamental I, o professor é visto pelo aluno como um
exemplo a ser seguindo e sua opinião é de extrema consideração para o aprendiz.
Assim, todo e qualquer parecer do professor em relação ao aluno, torna proporções
determinantes para a formação da autoestima do estudante.
Para a sala de aula, para a educação a Neurociência é e será uma grande
aliada para identificar cada ser humano, como único e para descobrirmos a
regularidade, o desenvolvimento, o tempo de cada um.
A Neurociência traz para a sala de aula o conhecimento sobre a memória, o
esquecimento, o tempo, o sono, a atenção, o medo, o humor, a afetividade, o
movimento, os sentidos, a linguagem, as interpretações das imagens que fazemos
mentalmente, o "como" o conhecimento é incorporado em representações
dispositivas, as imagens que formam o pensamento, o próprio desenvolvimento
infantil e diferenças básicas nos processos cerebrais da infância, e tudo isto se torna
subsídio interessante e imprescindível para nossa compreensão e ação pedagógica.
Os neurônios espelho, que possibilitam a espécie humana progressos na
comunicação, compreensão e no aprendizado.
A plasticidade cerebral, ou seja, o conhecimento de que o cérebro continua a
desenvolver-se, a aprender e a mudar, até à senilidade ou à morte também altera
nossa visão de aprendizagem e educação. Ela nos faz rever o fracasso e as
dificuldades de aprendizagem, pois existem inúmeras possibilidades de
aprendizagem para o ser humano, do nascimento até a morte.
72
o objeto do conhecimento, e dessa forma, então, proporcionar ao sujeito a capacidade
de perceber o mundo que o cerca e seu significado nesse contexto.
Podemos dizer que o Neurocientista é um especialista que trará uma sublime
contribuição para a ação pedagógica por compreender as estruturas e o
funcionamento do Sistema Nervoso Central, "palco" da aprendizagem. Conhecer as
conexões neurais do educando é imprescindível para que sejam elaboradas
atividades que desenvolvam suas funções motoras, sensitivas e cognitivas. É de suma
importância que os profissionais envolvidos na educação compreendam que a ação
comportamental de seu educando é fruto de uma atividade cerebral dinâmica.
O maior desafio, no entanto, é quebrar a fôrma triangular da clássica Equipe
Pedagógica e incluir em seus moldes o quarto elemento chamado Neurocientista,
esse profissional especializado de tanta relevância quanto, que, logicamente
contribuirá de maneira significativa para que seja possível a tão sonhada
aprendizagem eficaz.
A neurociência e a pedagogia juntas oferecem uma inovadora parceria,
respeitando as especificidades de cada ciência, elas se completam ao conduzir este
aprendente a um novo sistema, através do qual biologicamente se constrói a fonte de
novas conexões neurais.
Segundo Relvas (2009), o encéfalo encontra-se localizado no interior do crânio,
protegido por um conjunto de três membranas, que são as meninges. E constituído
por um conjunto de estruturas especializadas que funcionam de forma integrada para
assegurar unidade ao comportamento humano. E formado por Bulbo raquidiano,
Hipotálamo, Corpo caloso, Córtex cerebral, Tálamo, Formação reticular, Cerebelo e
Hipófise.
73
área da ciência é preciso sempre preocupar-se em estar se atualizando. RELVAS diz
que,
74
Para Hipócrates, a mente estava no cérebro. Já o Aristóteles considerou que a
alma não era substancialmente diferente do corpo, embora as suas funções: a
alimentação, a sensação, a motricidade e a intelecção, fossem similares. Defendeu a
hipótese que a mente tinha sede no coração e o cérebro resfriava o sangue, tipo um
sistema hidráulico, os nervos ocos que circulavam o espírito animal.
Galeno, médico grego completou a doutrina de Hipócrates, foi o primeiro que
fez correlação entre forma e função, ao distinguir quatro temperamentos e ao defender
que os espíritos se formavam em órgãos diferentes: os espíritos naturais, no fígado,
os espíritos vitais, no coração e os espíritos animais, no cérebro. Suas experiências
contribuíram para aumentar os seus conhecimentos sobre a anatomia do cérebro e
para a criação da hipótese cefalocêntrica. Ele teorizava que se retirassem as
ramificações de suporte dos ventrículos, ficava o esférico e que o poder da sensação,
do movimento fluía no cérebro e ainda o que é racional na alma tem ali a sua
existência. A sua teoria de localização do espírito no fluído dos ventrículos perdurou
por vários séculos.
No Brasil, o Imperador Pedro II, amante das artes e das ciências se
correspondeu com o eminente fisiologista alemão Du Bois Reymond, acerca
da fundação de um instituto de "physiologia" na cidade do Rio de Janeiro, mas que
jamais teve efetividade prática. A história da neurociência no Brasil se confunde com
a própria história da fisiologia brasileira.
O estudo experimental e sistemático da Fisiologia começou, sem dúvida, com
irmãos Álvaro e Miguel Ozório de Almeida, no Rio de Janeiro, os quais também
iniciaram (principalmente Miguel Ozório) as pesquisas em neurofisiologia.
Álvaro Ozório criou uma escola nesse campo, que culminou com seu discípulo
Paulo Enéas Galvão, que foi para o Instituto Biológico de São Paulo e tornou-se o
segundo professor de Fisiologia da recém-criada Escola Paulista de Medicina,
substituindo outro discípulo carioca, Thales Martins que, em parceria com Ribeiro do
Valle, ajudou fundar a neuroendocrinologia brasileira. Miguel Ozório de Almeida,
entretanto, pesquisou a vida toda fisiologia e fisiopatologia do sistema nervoso,
disseminando apaixonados pelas descobertas cientificas.
O Brasil foi agraciado com vários pesquisadores que lutaram para postular o
conhecimento científico em solo brasileiro, permitindo a sociedade atual o contato com
a: Neurofisiologia, Neurobiologia, Fisiologia, Biofísica dentre outras.
75
O sonho que norteia os pesquisadores em desvendar a máquina humana, os
códigos, os sinais e os circuitos pelos quais trafega a informação vital dos seres
humanos, permitiu à humanidade evoluir e tomar consciência acerca da concepção
da natureza e da sua relação com o corpo, sua evolução biológica, adaptativa para a
manutenção e sobrevivência da espécie. Forneceu melhoria na qualidade de vida da
sociedade atual, avanços na medicina que disponibilizam tratamentos efetivos não
somente para as doenças degenerativas, mais os quadros Psiquiátricos,
psicossomáticos. Ressaltando também o desenvolvimento das tecnologias que
auxiliam para a visualização das imagens do funcionamento cerebral e mapeamento
direto da atividade neuronal em suas especificidades. Toda pesquisa pode levar a
infindáveis benefícios para a humanidade, bem como podem levar à sua decadência,
se mal-empregadas.
76
Queixam-se professores de um lado, aborrecem-se alunos de outro e todos juntos
perpetuam uma situação escolar praticamente insustentável, como se fosse uma
fatalidade cuja a resolução não lhes dissesse respeito.
Esquecem-se ambos de que existem os direitos e deveres do profissional
Professor, descritos no seu estatuto; existem os direitos e deveres da criança e do
adolescente, recém garantidos pela nossa constituição. Para além deles existem os
interesses dos professores que podem querer formar em seus alunos este ou aquele
tipo de consciência, deste ou daquele modo, seja apenas informando os alunos, seja
orientando experiências participativas para este aprendizado. Existem os interesses
dos alunos, próprios de suas idades e do momento de seu processo de maturação, e
que os faz vibrar, se envolverem, se empolgarem e aprenderem muito mais, quando
são sujeitos ativos e participativos do que quando são apenas leitores ou ouvintes.
Portanto o desenvolvimento da cidadania, a formação da consciência do eu tem
na escola um local adequado para sua realização através de um ensino ativo e
participativo, capaz de superar os impasses e insatisfações vividas de modo geral pela
escola na atualidade, calcado em modos tradicionais.
É preciso usar o conhecimento que o professor já dispõe sobre o trabalho
escolar com a informação baseada no livro que atesta a importância que as
informações da neurociência trazem a educação. Vivemos em uma sociedade em que
o conteúdo está em baixa, temos muitas informações, mas pouco conteúdo,
sutilmente estamos sempre defasados ao que acontece no mundo, as informações
são muitas, pouco se apreende. É a neurociência que seria este norteador para nos
mostrar as possíveis falhas do sistema Educacional. O princípio básico desse
profissional é a compreensão das respostas cerebrais aos estímulos externos e assim,
o desenvolvimento das potencialidades. Em geral, o neurocientista é responsável por
investigar a integração do indivíduo com o meio ambiente, detectando os processos
físicos e químicos, que desencadeiam respostas musculares e glandulares.
Dentre as mais diversas formas de investigação, um dos principais objetivos do
neurocientista é interpretar as mais variadas mudanças que possa ocorrer no
comportamento fixo ou variante e, através da análise, contribuir para modificar esse
comportamento. Essa mudança chama-se: aprendizado. Ela ocorre no sistema
nervoso e pode ser chamada de plasticidade cerebral.
77
Fundamentalmente a neurociência possibilita um aprofundamento do estudo
dos processos da percepção, da consciência e da cognição. Em sua máxima,
consciência é o atributo pelo qual o indivíduo se integra ao mundo. É a percepção dos
fenômenos internos, afetivos, volitivos, intelectuais e das realizações externas.
Nas últimas décadas a neurociência tem se tornado uma ciência amplamente
pesquisada e bastante reconhecida, contribuindo de maneira significativa para o
desenvolvimento de soluções de diversas doenças e transtornos, sobretudo
educacionais.
O profissional em Neuropedagogia tem como princípio compreender as
respostas cerebrais que surgem através dos estímulos externos. É responsável pela
investigação e integração deste individuo com o meio onde ele está inserido,
observando seu processo físico e químico e as respostas que emanam deste
sujeito. O Neurocientista deve interpretar as mais variadas mudanças que ocorre em
todo processo em volta do indivíduo desde seu comportamento fixo há suas variantes.
Em suma o neuropedagogo através de seu olhar visa observar:
Processo interno:
- A Cognição;
- A Decisão;
- O Fazer;
- O Aprender;
Processo externo:
- A Adaptação;
- A forma de adequação ao novo ambiente
- Habilidades de adaptação;
- Alterações no processo de interação
78
não foram ainda decifradas onde o cérebro em algumas áreas continua uma incógnita
para todos principalmente para aqueles que se propõe estudá-lo a nível científico.
O aprender e o lembrar do estudante ocorre no seu cérebro, conhecer como
este cérebro funciona não é a mesma coisa do que saber qual é a melhor maneira de
ajudar os alunos a aprender. A aprendizagem, a Neurociência e a educação estão
intimamente ligadas ao desenvolvimento cerebral o qual se molda aos estímulos do
ambiente, o estudo da aprendizagem une a educação com a Neurociência.
A aprendizagem é afinal um processo fundamental da vida. Todo individuo
aprende e, por meio da aprendizagem, desenvolve os comportamentos que o
possibilitam viver. Todas as atividades e realizações humanas exibem os resultados
da aprendizagem. (CAMPOS, apud PORTO, 2007, P.15)
Há décadas que as neurociências não são mais de longe uma ciência
puramente básica, hoje praticamente ela elabora o conteúdo das ciências que a
dedica ao estudo do sistema nervoso, sua anatomia e fisiologia bem como
patologia. Pesquisadores em educação tem tido postura otimista de que as
descobertas em neurociências contribuam para a teoria e práticas educacionais
O corpo, emoção e razão são indivisíveis e inseparáveis, é uma visão integra e
holística, a razão de ser nos últimos tempos as investigações da neurociência revelou
dados surpreendentes sobre o funcionamento do cérebro, o crescimento de novos
neurônios, outra afirmativa é que a inteligência não é única e nem fixa e muito menos
reside em um local determinado no cérebro como se afirmava no passado, a
inteligência é concebida como uma função do cérebro e várias partes dele estão
envolvidas em qualquer ação inteligente.
A inteligência muda com o tempo e os estímulos disponíveis no meio ambiente.
É preciso que estar atentos pois o mundo de hoje e de amanhã, somente poderá ser
enfrentado com sucesso, pela fantástica capacidade do cérebro humano, existe uma
grande ênfase no desenvolvimento da inteligência, do talento e das competências das
pessoas.
O cérebro é único não existindo outro igual, cada indivíduo tem o seu de forma
distinta resultando na interação dinâmica entre natureza e ambiente, respectivamente
genética e estimulação onde tudo que o sujeito realiza acontece a partir de uma
comunicação entre os neurônios. As pessoas aprendem de forma diferentes onde um
único método não é o ideal para todos os alunos, necessário se faz, várias estratégias
79
diferentes de ensinar daí, permitir ao educando sempre que possível a escolha, não é
uma proposta revolucionária, necessita de professores preparados, sintonizados e
comprometidos com a educação e com o método a aplicar ao desenvolver um ensino
diversificado e diferenciado, capaz de identificar, respeitar e aproveitar o estilo de
aprendizagem preferencialmente mais adequado para seus alunos.
Segundo FERNANDEZ e PAIN, "Para aprender são necessários dois
personagens, o ensinante e o aprendente e um vínculo que se estabelece entre
ambos"
A experiência escolar permite concluir que um dos grandes diferencias do
processo educativo é o vínculo estabelecido entre educadores e educandos. O ideal
é trabalhar com a premissa de que havendo vinculo é mais fácil que o professor
desenvolva a capacidade de escuta do que o aluno pretende transmitir e possibilite a
ele que se sinta compreendido e entendido em seu sofrimento mesmo porque
indisciplina e incompreensão caminham juntas.
10 INTERVENÇÕES NEUROEDUCACIONAIS
80
Desenvolver pessoas não é apenas dar-lhes informação para que elas
aprendam novos conhecimentos, habilidades e destrezas e se tornem mais eficientes
naquilo que fazem. É sobretudo, dar-lhes a formação básica para que elas aprendam
novas atitudes, soluções, ideias, conceitos e que modifiquem seus hábitos e
comportamentos e se tornem mais eficazes naquilo que fazem. Formar é muito mais
do que simplesmente informar, pois representa um enriquecimento da personalidade
humana". (Chiavenato, 1999)
O aprender e o lembrar do estudante ocorre no seu cérebro, conhecer como
este cérebro funciona não é a mesma coisa do que saber qual é a melhor maneira de
ajudar os alunos a aprender. A aprendizagem, a neurociência e a educação estão
intimamente ligadas ao desenvolvimento cerebral o qual se molda aos estímulos do
ambiente, o ensino bem-sucedido provoca alterações significativas na taxa de
conexões sinápticas.
Inúmeras áreas do córtex cerebral são simultaneamente ativadas no transcurso
de nova experiência de aprendizagem, situações que reflitam o contexto da vida real,
de forma que a informação nova se junte a compreensão anterior. A neurociência
oferece um grande potencial para nortear a pesquisa educacional e futura aplicação
em sala de aula.
É fundamental que professores entendam que os sentimentos que impulsionam
a aprendizagem positiva ou negativamente, devem compreender que o ser humano é
um ser emocional, que pensa coerente com esta nova visão, é primordial que os
educadores aprendam a ler e entender as emoções, alegria, tristeza, raiva, medo de
seus alunos e principalmente a lidar adequadamente de forma competente com elas.
Sob este aspecto considera-se como importante em primeiro lugar criar um
ambiente seguro e convidativo para a aprendizagem, livre de desrespeito, ofensas e
humilhações. Em ambiente de medo e insegurança, o aluno torna-se passivo além de
perturbar a disciplina naturalmente indesejáveis em sala de aula além de que caso
uma criança seja ridicularizada por erro, irá se sentir em perigo logo, o cérebro desta
criança reagirá imediatamente adotando uma postura de fuga ou ataque, ao contrário
de que quando o erro é aceito e tratado de forma natural como parte do processo de
crescimento, o estudante aprende com ele, deve-se incrementar um clima emocional
positivo dentro da escola e da sala de aula com alegria, respeito mútuo, elogios e
brincadeiras sadias.
81
Neste aspecto, vários fatores influenciam a ação do professor em sala de aula
e suas ações dificultando o processo ensino\aprendizagem, o uso de metodologia
inadequada, a falta de recursos didáticos, as condições insatisfatórias de trabalho,
sem contar a dinâmica emocional do ser humano soma-se a isto, os desajustes
familiares na vida do aluno, a violência hoje presente tanto fora como dentro da escola
e o lugar do fracasso ocupado apenas pelo aluno, quando deveriam lá estar, o
professor, o aluno e a escola.
Uma nova concepção educacional propõe montagem de ambientes
enriquecidos centrados no desabrochar da criatividade e da inteligência de cada um
dos jovens e crianças os quais motivados possam mais e com melhor qualidade e, ao
fazerem isto, possam desenvolver ao máximo o seu talento dispostos a estudar e
felizes.
Segundo a Neuropedagoga ISABEL S.W.Azevedo "Não existem "fórmulas
mágicas" na prática pedagógica, juntos podemos reunir as pesquisas em
Neurociência com a prática pedagógica que melhor se adaptará aos nossos
alunos". Neste contexto recai também, o uso da ludicidade como ferramenta
pedagógica em sala de aula o que facilitará a transformação diária em uma vivência
criativa e rica diante da qual os alunos serão os primeiros a se interessarem por ir à
escola, a pedagogia e a Neurociência promovem o desenvolvimento cognitivo, pois
através da aprendizagem o sujeito é inserido de forma mais organizada no mundo
cultural e simbólico.
O professor deve se aproveitar de meios e recursos no sentido de que o seu
aluno tenha motivação com a finalidade especifica que a aprendizagem venha
acontecer de forma plena e eficaz, deve ainda conhecer a bagagem que o aluno traz
incentivando-o para que seja sempre capaz de produzir e criar.
A motivação nada mais é que criar motivos, causar entusiasmo e ânimo,
entusiasmar o indivíduo fazendo-o chegar até a eficácia do conhecimento. E mais
ainda, cabe criar nestes indivíduos a vontade de aprender através de estratégias e
estímulos a fim de que estes indivíduos se sintam motivados em aprender,
naturalmente a realização dos objetivos propostos, implica que sejam praticados
sempre uma vez que não se desenvolve uma capacidade sem exercê-la ás vezes
exaustivamente.
82
Existe um desconhecimento da anatomia e da fisiologia do sistema nervoso
central e periférico, são questionamentos a fim de saber por onde passam todos os
processos da aprendizagem do ser humano e como ocorre a alfabetização na mente
das crianças.
A educação em nossos dias deve ser trabalhada com grupos multidisciplinares,
é necessário que se faça uma releitura e reelaboração do desenvolvimento das
práticas curriculares, criar atividades de acordo com cada faixa etária trabalhada onde
a atividade seja focada principalmente sob aspecto afeto cognitivo, a questão familiar
também deve ser inserida neste contexto mostrando ao aluno, a importância dos
valores educacionais na vida de seus filhos, ela é o primeiro núcleo do vínculo.
Na busca do conhecimento, estabelecemos relações com objetivos físicos,
concepções ou outros indivíduos. Afeto e cognição se constituem em aspectos
inseparáveis, estando presentes em qualquer atividade a ser desenvolvida, variando
apenas as suas proporções (LAJONQUIERE, 1998).
O afeto e a inteligência se estruturam nas ações e pelas ações dos indivíduos,
tanto a inteligência quanto a afetividade são mecanismos de adaptação, permitindo
ao indivíduo construir noções sobre os objetivos, as pessoas e as situações,
conferindo-lhes atributos, qualidade e valores.
As questões pedagógicas estão relacionadas a transformação e modificação
do indivíduo através da teoria e da prática educacional tendo de um lado o aluno e do
outro a ação neuropedagógica onde o professor é o agente representante que detém
o domínio pedagógico que tem como função, guiar o aluno ao saber.
Segundo MARTA Relvas, "As equipes multidisciplinares e interdisciplinares só
tem sucesso quando agem de forma integrada com a família e a escola a fim de
otimizar resultados e focar o melhor desempenho da aprendizagem".
"Hoje não basta saber quem eu sou, é preciso também saber quem eu não sou
para então saber quem eu posso ser". Há um consenso hoje em dia que o conteúdo
dos nossos pensamentos deriva dos padrões de ativação de vastas redes neuronais.
As manifestações da cultura mostram que as áreas do conhecimento são de
vital importância uma vez que influencia na vida de todos desde os primeiros anos de
vida até a velhice tendo a escola como elemento central onde projeta, planeja e
executa todos os procedimentos educacionais.
83
As ciências são instrumentos imprescindíveis na caracterização da diversidade
de situações e na legitimação de suas demandas, as tecnologias de informações,
ampliam a capacidade humana na comunicação, no tempo e no espaço, naturalmente
dão uma nova e valiosa contribuição no processo ensino\aprendizagem.
Nos adolescentes e jovens, exerce um enorme fascínio e influência ao
despertar não só o seu lado curioso como além da disponibilidade de vários
equipamentos, o contato com o novo, a facilidade de aquisição e os resultados
imediatos. O uso da tecnologia é um recurso bastante significativo ao desenvolver
conhecimentos, porém, deve ser usada de forma correta, tornando-se um auxilio
fabuloso na aprendizagem ao proporcionar aos estudantes a oportunidade de
desenvolver habilidades tecnológicas básicas do mundo de hoje.
As competências escolares de formar ao longo da história, não significa que
elas mudam a cada ano letivo, é preciso compreender de que maneira elas afetam o
ensino e entender até que ponto aquilo que orientava professores de uma geração
continua útil ou não para a geração seguinte. É preciso analisar, refletir e se
necessário intervir neste contexto, pois o cérebro existe para pensar e não a máquina
pensar por ele.
No espaço escolar, se nivela o processo educacional, é lá que todos são iguais,
e que a inclusão se concretiza, não deve haver diferenciação na formação do
profissional\educador para as classes de ensino regular, das classes especiais já que
toda a educação é especial uma vez que a educação do ser humano deve ser
independente de qualquer atributo individual.
A tarefa de educar implica necessariamente o diálogo crítico e livre entre
educadores e educandos, como forma de se permitir que o conhecimento surja e seja
construído a partir de interações coerentes vivendo o outro com diferentes modos de
pensar, agir com suas múltiplas expectativas exercitando a autonomia do indivíduo, a
liberdade de pensar seus sentimentos sua imaginação a fim de que possa desenvolver
talentos e que ele possa tanto quanto possível ser dono do seu próprio destino.
No mundo de mudanças constantes, não devemos ensinar o que os outros
pensam ou pensaram, devemos desenvolver técnicas e métodos que possam
municiar nossos docentes a formação da consciência de que o aprendizado é
permanente e o conhecimento na sociedade contemporânea é volátil.
84
Ao partilhar os nossos saberes, estamos dividindo os nossos conhecimentos
com o outro ao construir novos saberes para este outro e naturalmente para nós
mesmos, estamos interagindo sempre com o meio que nos cerca fazendo,
construindo, revendo, analisando, definindo e ensinando para toda vida, isto é, ensinar
é aprender a ensinar.
O cérebro humano é uma maravilhosa máquina que transforma uma simples
sensação em pensamento, é um órgão complexo, desvendado parcialmente pela
ciência, composto por células nervosas e glândulas. Dentro desta complexidade é
importante ressaltar as funções do encéfalo e dos neurotransmissores, o encéfalo
diferente do cérebro, é um conjunto de estruturas que estão anatomicamente e
fisiologicamente ligadas, são estruturas especializadas que funcionam de forma
integradas, para assegurar, unidade ao comportamento humano. Possui uma
constituição elaborada ao receber mensagens que informam ao homem a respeito do
mundo que o cerca além de receber um permanente fluxo de sinais de outros órgãos
que o capacita a controlar os procedimentos vitais do indivíduo, batimento cardíaco, a
fome e a sede, as emoções, o medo, a ira, o ódio e o amor tudo iniciando no encéfalo
tendo o cérebro, a parte maior e mais importante.
Na aprendizagem a criança tem na concentração e atenção aspectos
importantes e fundamentais para o desenvolvimento cognitivo e motor, o aprendizado
depende de alguns outros fatores, estimulo, interesse e da funcionalidade adequada
das estruturas que irão receber tais estímulos e principalmente da atenção desta
criança. Se a atenção é fundamental para a aprendizagem é através do desempenho
de uma estrutura complexa localizada na parte central do tronco encefálico
denominada de formação reticular (age como se fosse um filtro), que mantém o córtex
em condições para que possa receber novos estímulos, decodifica-los e interpretá-los
principalmente os sensitivos que devem ser selecionados onde somente os estímulos
importantes passam por este "filtro", chegando ao córtex o que os torna conscientes
impedindo que os constantes bombardeios não venham atingir o córtex de forma
indiscriminada.
Quanto aos neurotransmissores, são substancias químicas produzidas pelos
neurônios, as células nervosas, por meio delas podem enviar informações a outras
células, podem também estimular a continuidade de um impulso ou efetivar a reação
final no órgão ou músculo alvo, elas agem nas sinapses que são o ponto de junção
85
do neurônio com outra célula. Os Neurotransmissores possibilitam que os impulsos
nervosos de uma célula influenciem os impulsos nervosos de outra permitindo assim
que as células do cérebro por assim dizer, "conversem entre si".
O corpo humano desenvolve um grande número dessas mensagens químicas
para facilitar a comunicação interna e a transmissão de sinais dentro do cérebro, são
substancias que funcionam como combustível cerebral, nos deixam mais felizes e são
fundamentais para o bom funcionamento do organismo. O interesse dos
neuropesquisadores, suas descobertas, tem crescido em resposta á necessidade de,
não somente entender os processos neuropsicobiológicos normais mais
principalmente para respaldar a ciência da educação. Modernas técnicas estão
começando a revelar como o cérebro tem conseguido a notável proeza da
aprendizagem, as ciências cognitivas modernas, estão sendo capazes de estudar
objetivamente muitos componentes do processo mental tais como atenção, cognição
visual, linguagem, imaginação mental etc. (Cardoso, Sabbatinni, 2000, "Cérebro e
Mente".
Novos desafios terão pela frente, certamente novas conquistas, possivelmente
os obstáculos existentes entre neurocientistas e educadores serão ultrapassados,
novos paradigmas irão impulsionar a ciência principalmente a aqueles que se
preocupam com a educação sob novos olhares.
86
aperfeiçoando suas operações das matrizes de inteligência, possibilitando a
expressão máxima da sua potencialidade: a genialidade pessoal.
Segundo a Neuropedagoga ADRIANA Peruzo, "apostar nos estudos da
neurociência pedagógica é apostar numa evolução crescente e segura, é vincular o
educador a ideias, a comportamentos e a pensamentos complexos, é levar ao
educando a noção do sujeito do processo da aquisição e da produção do
conhecimento".
A neurociência pedagógica é um ramo da ciência que compatibiliza o cognitivo
(técnica de ensino) e o cérebro humano, adequando o funcionamento do cérebro para
melhor entender a forma como este recebe, seleciona, transforma, memoriza, arquiva,
processa e elabora todos as sensações captadas pelos diversos elementos sensoriais
para a partir deste entendimento poder adaptar as metodologias e técnicas
educacionais a todas as crianças e principalmente aquelas com as características
cognitivas emocionais diferenciadas.
A Neuroeducação entre várias funções torna o ato de estudar, frequentar a
escola, ler, enfim aprender, interessante, prazeroso e fácil, as pessoas vêm sendo
trabalhadas com esta ciência tanto para eliminar incapacidades de aprendizagem
como para expandir conhecimentos específicos, é uma ferramenta moderna e
eficiente na construção e transformação do aprendente.
A união entre a neurociência e a pedagogia, está dando origem a estratégias
educacionais inovadoras, a plasticidade cerebral, a aquisição da linguagem e a
formação da mente simbólica, são analisadas em profundidade, é um extenso e
fascinante universo de potencialidades que cada um de nós tem, o nosso cérebro.
O cérebro se modifica aos poucos fisiológica e estruturalmente como resultado
da experiência, a aprendizagem, a memória e emoções ficam interligadas quando
ativadas pelo processo de aprendizagem. Entre os modos e oportunidades em que o
cérebro se modifica e desenvolve a sua estrutura para atender as novas exigências
de desempenho, uma delas está em aprender. Estas modificações também são
extensivamente estudadas pela neurociência sob vários aspectos tidos como
plasticidade cerebral.
A característica plástica de uma estrutura pode ser definida utilizando-se como
ponto de partida a possibilidade de alteração estrutural, adaptabilidade a nova
morfologia ou funcionabilidade ou ainda capacidade de transformação.
87
Antigamente admitia-se que o tecido cerebral não tinha capacidade
regenerativa e que o cérebro era definido geneticamente, no entanto, como explicar o
fato de pacientes com graves lesões, obterem com auxílio de terapias e estímulos, a
recuperação da função cerebral, a ciência tem comprovado através de pesquisas que
com o aumento do conhecimento sobre o sistema cerebral e que sendo ele mais
maleável e flexível do que se imaginava ao se modificar sob efeito da experiência das
percepções, das ações e do comportamento.
O avanço dos neurocientistas na descoberta no que diz respeito à plasticidade
cerebral oferece uma nova visão de como acontece o processo de aprendizagem e
de aquisição de novas habilidades cerebrais, a plasticidade cerebral pode ser aplicada
à educação, deve-se considerar a facilidade do sistema nervoso em se ajustar diante
das diferenças e influências do ambiente por ocasião do desenvolvimento infantil e
também na fase adulta.
Segundo MARTA Relvas, " A plasticidade em um organismo normal é o
processo de aprendizado que se desdobra em duplo aspecto: o motor, que se dá num
nível inconsciente e se faz de forma automática e o segundo nível, o consciente que
depende da memória, seja emocional, seja cultural.
O termo aprendizagem não é falar somente o que acontece entre paredes de
sala de aula, sob o ponto de vista da neurociência, é entender que cada um de nós é
único em seu conjunto e ao mesmo tempo peculiar no quadro de suas capacidades e
de atributos que suas múltiplas inteligências podem lhes trazer.
É principalmente, mudança de comportamento e de vista, sob olhares da
neurociência, é o movimento dos neurônios que se interligam criando ligações
(sinapses), trajetórias e redes de circuitos que se reforçam e se sustentam pela
repetição e pela necessidade do "uso" e, sobretudo, da busca incessante pela
exploração de si mesmo, do meio ambiente e do outro. De maneira geral, existe um
certo desconhecimento da anatomia e da fisiologia do SNC e periférico, são alguns
questionamentos para saber por onde passam todos os processos da aprendizagem
do ser humano e como ocorre a alfabetização no cérebro das crianças.
O aluno não pode ser tratado de maneira igual, o tratamento das diferenças
direciona melhor o ensino, e oferece qualidade na aplicação do método, não se trata
de preferência nem tampouco privilégio, é preciso envidar esforços ao qualificar o
trabalho pedagógico e consequentemente a melhoria do padrão de ensino, saber que
88
todos possuem diferenças essenciais e conduzi-la de forma eficiente, demonstra
competência e habilidade consolidando o trabalho escolar. Assim, conhecer a
anatomia e a fisiologia da aprendizagem, expurga os conceitos errôneos e os pré-
julgamentos de que a criança está sempre errada, é incompetente ou até mesmo
relapsa, é preciso associar o processo de aprendizado e desenvolvimento humano ao
funcionamento do cérebro e sua plasticidade. É necessário constantemente buscar a
harmonia no que se faz, naturalmente a partir das semelhanças e diferenças de cada
um, ser claro nos objetivos, com as pessoas envolvidas, ouvir atentamente e perceber
o que os outros dizem.
Efetivamente educar é, portanto, fugir dos determinismos estabelecendo a
cultura humana como processo sob permanente transformação forçando o homem a
se livrar das "amarras" do mundo, do autoritarismo, da arrogância e da
mesmice. Caminhos e métodos, procura-se o sentido de ser e de verdade, é um
contínuo interrogar, o que são e como são os alunos, indagando sobre o ser das
pessoas, suas verdades e modo de configurá-las, possibilidade de conhecer implica
a possibilidade do existir, transita de um modo de conceituar o mundo para um modo
de ser-no-mundo, habitá-lo, viver nele, sentir a si mesmo e aos outros num contínuo
que é dialógico.
Não se pode afirmar categoricamente que tal método e tal tendência é melhor
ou pior, o mais importante é conhecer qual o público alvo a se atingir, suas
necessidades, suas carências, o meio em que vive, sua situação econômica e social,
é preciso buscar formas e métodos que possam se adequar a estes alunos uma vez
que as dificuldades por eles enfrentadas os tem colocados a margem do
conhecimento. "Os conteúdos-métodos de apropriação ativa do saber implicam uma
relação dinâmica entre a ação cientificamente fundamentada do professor, a vivência
e a participação do educando" (LIBÂNEO, 2006.p.105).
Libâneo cita com muita propriedade que a educação antes de ser um processo
de formação cultural, é um fenômeno social. A educação é um processo através do
qual o indivíduo toma a história em suas próprias mãos a fim de mudar o rumo da
mesma, como, acreditando no educando, na sua capacidade de aprender, descobrir,
criar soluções, desafiar, enfrentar, propor, escolher e assumir as consequências de
sua escolha.
89
Há décadas que os neurocientistas não são de longe uma ciência permanente
básica, hoje praticamente ela elabora o conteúdo das ciências que se dedicam ao
estudo do sistema nervoso, pesquisadores em educação tem tido postura otimista de
que as descobertas em neurociências contribuam para as teorias e práticas
educacionais.
A construção do conhecimento já não é produto unilateral de pessoas isoladas,
mas de uma vasta colaboração cognitiva distribuída, da qual participam aprendizes
humanos, sistemas cognitivos naturais e "artificiais", o indivíduo está no centro pois o
conhecimento é a moeda desta nova era que por sua vez, é incorporado ao indivíduo,
ou seja, não é impessoal. Como preparar o indivíduo para atuar neste novo contexto?
O destino do cérebro depende de estímulos, da escola, da família e do meio
ambiente, além de elementos essenciais que influenciam na aprendizagem, ambiente,
idade, genética, nutrição, psicológico, áreas corticais e principalmente motivação.
É fundamental que educadores professores, escolas, universidades, entendam
que são os sentimentos que impulsionam a aprendizagem positiva ou negativamente,
compreendendo que o aluno é um ser emocional que pensa, coerente com esta nova
visão é importante que os mestres aprendam a "ler e entender" as emoções de seus
alunos procurando lidar de forma adequada, com elas o aluno constrói através de
diálogo, conhecimentos com colegas, professores e pessoas desenvolvendo
competências e valores essenciais a fim de que possa viver junto à família, a
sociedade e no futuro ao exigente mundo do trabalho.
90
sobre a evolução humana e o funcionamento do cérebro, fruto da revolução científica
de diferentes áreas da biologia, da fisiologia, neurologia ...
Muitas das descobertas científicas recentes sobre a mente humana chocam-se
com muitas as práticas pedagógicas tradicionais que vêm sendo desenvolvidas há
anos e que não levam em consideração como o cérebro evoluiu e como está
organizado nos seres humanos. Não há duas pessoas com o mesmo perfil, para tanto
se deve procurar conhecer o estilo de aprendizagem de cada sujeito para criar
modelos pedagógicos que permitam que cada um aprenda mais e melhor do seu jeito.
Não conseguiremos, de um momento para outro, romper com uma longa tradição
centrada em ensinar e avaliar de uma única maneira, de forma padronizada. O que
alimenta nossa esperança é que pela primeira vez em toda história da humanidade
temos conhecimentos que nos permitem entender e demonstrar que isso é possível e
produz resultados mais palpáveis e melhores na aprendizagem. Não se trata de um
conhecimento que sirva somente para compreendermos e estudarmos as crianças
com perfis irregulares (como num primeiro momento se pensou em função dos casos
analisados e estudados), mas para todas.
Com o avanço da Neurociência determinados procedimentos e acontecimentos
pedagógicos não mais serão vistos da forma: “eu acho que meu aluno aprende melhor
seu eu fizer desse jeito do que daquele”. Passa-se a ter dados objetivos para afirmar
que x funciona melhor que y no que se refere aos métodos de ensino, portanto surge
a demonstração de quais estratégias de ensino podem ser usadas com melhores
resultados.
Passa a ser possível ensinarmos o que é importante de ser aprendido de
maneiras diferentes, utilizando linguagens diferentes, a arte, o humor, a imagem, o
desenho, contando histórias para criarmos as condições para que mais sujeitos
consigam aprender. Quantos mais conseguirem aprender maiores serão as
possibilidades de converterem isso para outras linguagens e para o meio onde vivem,
reestruturando outras redes neurais (oportunizando novas sinapses[5]) e quanto
maior for a ativação de novas redes neurais maior será seu entendimento sobre a vida
e as coisas.
Como ignorar o que ocorreu com o cérebro humano quando nosso trabalho
envolve esta evolução e seus progressos, quando ele é afetado diretamente por eles?
Por exemplo: crianças que não aprendem, que apresentam dislexia[6], de posse das
91
imagens de seu cérebro torna-se possível tratá-las e também orientar educadores
sobre como agir para explorar o potencial intelectual não comprometido do cérebro ou
como obter resultados por meio da intervenção adequada a partir do conhecimento
das características desta criança ou adolescente.
Outro exemplo e campo onde a neurociência pode auxiliar é o que diz respeito
às transformações provocadas pela revolução digital na mente humana que tem
impacto profundo na educação, pois as redes neurais formadas como resultado do
uso das novas tecnologias possibilitam mensagens instantâneas e multitarefas, o que
dificulta a atenção ao foco e ao que deve ser aprendido. O digital passa a ser um
“competidor” com as atividades de estudo da escola. Como criar mecanismos para
resgatar a atenção e concentração no que deve ser aprendido? É neste momento que
deverá aparecer a criatividade e a arte do professor.
O aprendizado contínuo durante uma vida inteira e com instrumentos cada vez
mais sofisticados diferencia as novas gerações de outras anteriores, das quais,
algumas nem sequer tinham educação institucionalizada. O cérebro humano
aprendeu rapidamente isso desenvolvendo a capacidade de adquirir
permanentemente novas informações que geram uma dinâmica interna de ciclo
contínuo de expansão e ativação de novas sinapses, deixando-o cada vez mais ativo
num processo de permanente retroalimentação, o que alguns estudiosos denominam
de neuroplasticidade do cérebro.
Ao conhecer o funcionamento do sistema nervoso, os profissionais da
educação podem desenvolver melhor seu trabalho, fundamentar e melhorar sua
prática diária, com reflexos no desempenho e na evolução dos alunos. Podem intervir
de maneira mais efetiva nos processos de ensinar e aprender, sabendo que esse
conhecimento precisa ser criticamente avaliado antes de ser aplicado de forma
eficiente no cotidiano escolar. Os conhecimentos agregados pelas neurociências
podem contribuir para um avanço na educação, em busca de melhor qualidade e
resultados mais eficientes para a qualidade de vida do indivíduo e da sociedade.
(COSENZA, 2011, p. 145).
Há muito por vir no que diz respeito ao conhecimento sobre o cérebro humano,
há muitos questionamentos em aberto ainda, quem sabe o que virá no futuro poderá
até desconstruir muitas das “verdades” de hoje, isto não nos autoriza a ignorar sua
importância para quem quer trabalhar como professor. Sem este conhecimento nossa
92
prática poderá se tornar ainda mais pobre e enclausurada. Como as possibilidades da
genética e da biologia ainda são limitadas (apesar do uso de substâncias e
medicamentos), quem sabe a grande alternativa seja mudar as condições e o
ambiente da aprendizagem.
A neurociência é o estudo do sistema nervoso. Ele contempla diversas áreas
como a medicina, química, biologia, matemática, engenharia, linguística, entre outras.
Com tantas ciências envolvidas, é no mínimo um desafio pensar como as pesquisas
de laboratório podem estar presentes em sala de aula. Porém, como os exemplos a
seguir deixam claro, o relacionamento entre a educação e as pesquisas é uma
realidade que tem aprimorado cada vez mais o processo de aprendizagem e ensino.
Como a neurociência está ajudando a educação:
1. Ensino cognitivo
3. Variedade no aprendizado
93
Muitas pessoas acreditam que a repetição é melhor maneira de aprender e
reter conteúdos, mas pesquisas recentes mostram que os estudantes aprendem mais
quando suas aulas são espaçadas em horários diferentes, ao invés de concentradas
em um único episódio. Os resultados desses estudos têm sido colocados na prática
por professores que apresentam as informações de maneiras diferenciadas, pedindo
aos alunos que resolvam problemas usando múltiplos métodos e não memorizando
apenas uma maneira de solucioná-los.
4. Aprendizado personalizado
A anatomia de nossos cérebros pode ser similar, mas a maneira como cada um
aprende não é. Sabemos isso por experiência pessoal, mas a neurociência começa a
demonstrar cientificamente. Ferramentas de ensino são desenvolvidas para que
adaptem às necessidades individuais de cada um e professores procuram encorajar
maneiras personalizadas que os alunos podem usar para aprender melhor e com mais
eficiência.
5. A perda de informações
Uma experiência vivida por muitos estudantes quando voltam das férias é a
sensação de que se esqueceram de tudo que foi aprendido no semestre anterior.
Pesquisas mostram que isso é realmente verdade. Os resultados revelam que, além
disso, pessoas que costumam manter o hábito de exercitar seus cérebros
continuamente, por exemplo, com livros mais difíceis, possuem mais conexões e
variedades de ligações neurais. Como consequência, muitas escolas estão
diminuindo o tempo de férias ou desenvolvendo cronogramas de atividades anuais
para que os alunos reduzam o tempo que passam fora da escola e não prejudiquem
sua memória e rendimento.
6. Problemas de aprendizado
94
As pesquisas realizadas pela neurociência estão facilitando o processo de
identificação de alunos com problemas de aprendizado, como a dislexia, e ajudando-
os a identificar intervenções que podem melhorar seus desempenhos.
9. Neuroeducação
95
11.2 Vias neurais e aprendizagem
97
As aulas de educação física apresentam função importante dentro do contexto
escolar, pois através de exames de neuroimagens podemos verificar o quanto o
cérebro se mantém ativo durante estas atividades.
O que uma criança faz na escola caminha lado a lado com o que acontece em
sua casa. A escola, certamente, tem procurado da melhor forma possível, integrar as
descobertas da neurociência no currículo, porém o sucesso disso tudo só será
plenamente realizado quando os pais desempenharem um papel na consolidação
deste desenvolvimento.
98
alimentação produz profundos efeitos nas funções motoras e cognitivas. O ion Fe++
indiretamente participa da síntese de neurotransmissores, mielinização das fibras
nervosas e dos processos de codificação da memória no hipocampo (Moura, 1994,
Nathanielsz, 1999).
99
Porção considerável do desenvolvimento cerebral se dá na fase embrionária.
No início do desenvolvimento, cerca de duas semanas após a concepção, forma-se o
tubo neural o qual irá constituir o cérebro e a medula espinhal (Hepper, 2001). A
maioria dos neurônios é produzido entre o 4º e 6º meses da gestação.
Uma vez formados os neurônios são programados para migrar para certos
sítios no cérebro onde exercerão sua função. Mutações nos genes que controlam a
migração podem criar destinação incorreta destes, provocando distúrbios como
epilepsia e retardo mental e suspeita-se dislexia (Kapczinski, et al., 2000, van Hout &
Estienne, 2001). Uma migração maciça tem lugar quando o feto está com 4,5 meses.
O feto a termo vem ao mundo com bilhões de neurônios e células de sustentação e
manutenção a glia (Fields, 2004), os quais deverão formar quatrilhões de conexões
para que o sistema nervoso central (cérebro e medula espinhal) e o sistema nervoso
periférico funcionem efetivamente.
Em resposta a estímulos ambientais, por exemplo língua (sabores), pele
(toque), os neurônios localizados nas partes específicas do cérebro, formam ligações
eletroquímicas- as sinapses- que permitem ao cérebro, reconhecer a codificação dos
sinais oriundos dos receptores sensoriais (Costanzo, 2004). Há uma intensa produção
de sinapses e vias neurais na vida uterina e 1º ano de vida da criança, com progressivo
decréscimo até os 10 anos, embora para certas funções se estenda ao longo da vida
(Conel, 1939). Ainda que haja múltiplas formações de circuitos, se observa um
importante “podamento” de neurônios, sinapses e mesmo vias neurais, que não são
estimulados. Aquelas estruturas neurais que não são usadas ou são pouco eficientes
são eliminadas. É como se houvesse um “suicídio” programado de neurônios, cujo
mecanismo começa a ser desvendado. Este processo de racionalização do número
dos componentes da rede neuronal, é como se fossem esculpidos pela evolução na
expectativa de estímulos ambientais naturais e para a emergência de reconhecimento
de novos padrões. O reconhecimento de faces, animais, vegetais, parece ser
filogenético, isto é, um conhecimento inato que partilhamos com os outros animais
(Cosmides & Tooby, 1997). Na eliminação do tecido nervoso, leva-se em conta a
“economia” cerebral, pois este é uma entidade metabolicamente voraz (consumo
comparativamente elevado de oxigênio e glicose, 10% quando o cérebro está em
repouso, 50% durante atividade mental).
100
13 PRODUÇÃO DE SINAPSES E EDUCAÇÃO INFANTIL
101
crítico”, quando o estímulo luminoso atuando sobre os olhos, induzisse a formação da
circuitaria direcionada ao córtex visual, tornando-o funcional.
Esta descoberta pioneira relatada acima estabeleceu critérios e conceitos para
novas investigações:
As vias neurais de aferência sensorial desempenham papel crucial no
desenvolvimento do cérebro nos primeiros anos de vida da criança;
Há um período “crítico ou sensível” bastante regular para a ativação das vias
neurais sensoriais, a fim de estimular a formação de circuitos neurais nas partes
específicas do córtex;
Quando a estimulação visual não está disponível no “período crítico” o déficit
ocorre no desenvolvimento regular da área do córtex visual não sendo passível
de correção em estágios posteriores.
Períodos críticos (grau de plasticidade cerebral) são estágios de
desenvolvimento para funções específicas do cérebro. São tipo “janelas de
oportunidade” nos primórdios da vida, quando o cérebro da criança está
particularmente susceptível às entradas de estimulação sensorial, para o
amadurecimento de sistemas neurais mais desenvolvidos.
Cores, movimento, sons e afetividade são estímulos sensoriais básicos na
primeira infância (1 aos 3 anos). As consequências da privação visual nos primeiros
anos são sempre mencionadas como provas de importância capital da estimulação
visual para a educação infantil. Todavia, estudos posteriores sugeriram que algum
grau de recuperação é possível, dependendo da extensão do período e das
circunstâncias do fato (Chow & Stewart, 1972; Mitchel, 1989). A maioria dos
neurocientistas atualmente acredita que os “períodos críticos” não são tão rígidos e
inflexíveis. Interpretam como períodos “sensíveis” pelo que passa o cérebro na sua
capacidade de ser alterado e moldado pelas experiências ao longo da vida. Estímulos
como manipulação de objetos, e sons como o da fala humana, estão disponíveis em
quase todos os meios ambientes. É desconhecido se existem períodos críticos para o
conhecimento transmitido culturalmente, como aqueles responsáveis pela leitura e
aprendizado da aritmética.
102
13.2 Desenvolvimento cognitivo da criança pré-escolar
103
* o córtex é uma área extremamente complexa formada de 6 camadas de
neurônios, responsável pelos sistemas de cognição, planejamento e linguagem;
* a área do sistema límbico é responsável por aspectos da emoção, incluindo a
manifestação do apego infantil;
* a área do mesencéfalo interage com o tronco cerebral nos estados
motivacionais do alerta, controle do apetite e do sono;
* o tronco cerebral é responsável pela regulação da temperatura corporal,
frequência cardíaca e pressão sanguínea.
A constatação de que a maior parte da estrutura básica e funcionamento do
cérebro se estabelece no começo da infância, desencadeou uma série de
questionamentos sobre como a emoção e padrões de resposta aos estímulos
externos ou ao estresse se desenvolvem (Joseph, 1999). Parece que uma vez que os
sistemas de regulação, por exemplo o emocional se organiza nos primórdios da vida,
é difícil modificá-los mais tarde.
O tronco cerebral completa seu desenvolvimento já no feto a termo, ao passo
que outras estruturas continuam sendo passíveis de plasticidade neuronal durante
toda vida (Fisher & Rose, 1998).
104
Tabela 2. Tempo de aprender. Períodos “críticos” mais propícios ao
desenvolvimento de habilidades
Funções Faixa ótima de
desenvolvimento
Visão 0-6 anos
Controle emocional 9 meses-6anos
Formas comuns de reação 6 meses-6 anos
Símbolos 18 meses-6anos
Linguagem 9 meses-8 anos
Habilidades sociais 4 anos-8 anos
Quantidades relativas 5 anos-8 anos
Música 4 anos-11 anos
Segundo idioma 18 meses-11anos
Reformulado de Doherty, 1997
Uma das coisas mais fascinantes para a criança é perceber que está sempre
aprendendo. A importância de desenvolver o conceito de “aprendizagem” implica a
criança ficar ciente de como o cérebro recebe continuamente informações, por meio
dos órgãos sensoriais. Para crianças do “Jardim de Infância” (educação infantil, I, II,
106
III) é importante que comecem a entender como aprendem sem se darem conta
exatamente como isto acontece (MEC, 1994).
É importante salientar para o educador que a informação nova se “ancora”
naquela já existente em algum lugar do cérebro da criança.
107
e as situações prazerosas da vida originam-se da atividade dos circuitos neuronais no
cérebro (Johnston, 1999; LeDoux, 2002).
Nossa habilidade de pensar e armazenar lembranças depende de atividades
físico-químicas complexas que ocorrem nos circuitos neuronais (Dudai, 1989; Rose,
1992; Schacter, 1996; Fields, 2005). Os circuitos neuronais existentes no cérebro e
medula espinhal programam todos nossos movimentos, desde colocar fio no buraco
da agulha até chutar uma bola na partida de futebol. Este entrelaçado de processos
neuronais também controla inúmeras funções no organismo humano. Por exemplo, a
manutenção da temperatura corporal, as pressões sanguíneas são controladas
automaticamente, fazendo com que nosso corpo fique em atividade, sem que
tomemos conhecimento do que os circuitos neuronais estão fazendo.
São funções autônomas orquestradas pelos circuitos neuronais, e ocorrem de
forma não consciente (Rocha, 1999; Beatty, 2001). A biologia elementar mostra
claramente que qualquer animal é o produto de complexa interação entre sua genética
e os fatores ambientais (Werner, 1997). Nos primórdios da história dos seres vivos
elementares, a evolução aquinhoava vantagens competitivas aos animais cujo
sistema nervoso pudesse fazer projeções antecipadas, de acontecimentos baseadas
em correlações do passado. O cérebro que aprende confere vantagens adaptativas
ao seu possuidor na procura de alimentos, parceiros sexuais, localização de abrigos
e evitar perigos, garantindo maior longevidade (Churchland & Churchland, 2002;
Churchland, 2004).
108
1- Uso do conhecimento em neurociência para a concepção de ambientes para
a participação social de indivíduos portadores de características específicas de
processamento pelo sistema nervoso;
2- Tomada de decisões esclarecidas em caráter pessoal ou familiar em relação
à saúde, como suporte para o bom funcionamento do sistema nervoso na faixa etária
de criança a adulto;
3- Aplicação do conhecimento neurocientífico para o bom desenvolvimento e
funcionamento do cérebro de recém-nascidos, crianças, adolescente e adultos;
4- O entendimento e o desenvolvimento de postura crítica frente a pesquisa e
material neurocientífico veiculado pela mídia (adaptado de Zardetto-Smith et al.,
2002).
109
preferência recai em aspectos de memória, consciência, emoção e desenvolvimento
do sistema nervoso (Herculano-Houzel, 2003). Observa-se que crianças estão mais
interessadas no funcionamento normal do cérebro, do que no cérebro doente,
indicando, portanto, que políticas educacionais devem ser implementadas neste
sentido. Os currículos devem incentivar a alfabetização científica (Zardetto-Smith et
al., 2000).
110
14.4 Neurociência cognitiva e Educação.
111
14.5 Neurociência e prática educativa.
Fonte: espacodamente.com
112
Na atualidade a neurociência tem sido a menina dos olhos de muitas pessoas.
Todos querem compreender e aprender sobre este órgão chamado cérebro. André
Palmini em entrevista ao Programa Mãos e Mentes, menciona que cada vez mais o
cérebro está sendo interessante: “De um órgão que as pessoas viam com uma
reverência excessiva, e quase não fazendo parte do jargão do dia a dia, hoje, cada
vez mais as pessoas comentam sobre doenças cerebrais, sobre mecanismos
cerebrais, sobre o quanto de determinada pessoa é assim, o quanto se fala da questão
de temperamento de cada um, porque a cabeça de determinada pessoa é assim, e a
de outra é de outro modo... Tudo isso é a neurociência do imaginário do dia a dia das
pessoas, de forma que esse é um assunto que permeia a sociedade, se
acompanharmos as publicações leigas (jornais, revistas...) volta e meia eles trazem
assuntos relacionados a este contexto, logo pesquisas sobre o funcionamento do
cérebro é um assunto cada vez mais interrelacional.
No âmbito educacional Roberte, além de enfatizar que as escolas deveriam
preparar o ambiente de tal forma que se obtivesse o melhor aproveitamento do
cérebro na aprendizagem, proporcionando assim atividades relaxantes, exercícios
respiratórios a fim de evitar situações estressantes também menciona que em todas
suas palestras pergunta: - Quem está na sala de aula? E ele diz que muitas são as
respostas, mas raríssimas vezes alguém fala que o corpo do aluno e toda sua
configuração psicobiologica está presente e quanto ao sistema nervoso, nunca houve
uma só resposta sobre sua presença em uma sala de aula até hoje. (METRING, 2011)
Segundo Nicolelis (2011) em entrevista para o Jornal Diário Regional, “o
neurocientista estuda como o cérebro aprende, esse diálogo com os educadores é
fundamental, porque os educadores estão tentando ensinar cérebros. ”
Em educação estamos em constantes mudanças, idas e vindas, o que deu
certo em determinada época pode não fazer efeito no momento atual, entretanto com
as descobertas das neurociências, não podemos mais levar na perspectiva de ensaio
x erro, mas sim o que realmente pode ser eficaz dentro da educação. Nesse
sentido venho compartilhar as contribuições de neurocientista Edouard Gentaz, onde
as crianças francesas já no ensino pré-escolar, aqui no Brasil, seria a Educação
Infantil, utilizam-se de leitura sensorial, pois aprendem a ler com os dedos, ou
seja, além dos olhos e dos ouvidos, usam o sentido do tato (o trabalho do mesmo
chega até a lembrar os antigos períodos preparatórios ofertados pelo “Pré-Primário” e
113
o 1º ano de alfabetização que foram abolidos com a inserção de correntes teóricas da
época).
Eles projetaram exercícios os quais as crianças com os olhos vendados tinham
que tatear letras em relevo. O desempenho dos alunos que participaram desses
treinamentos foi então comparado com os de outras crianças que receberam a
formação tradicional. Resultado, aqueles que foram treinados no reconhecimento
visual e tátil das letras tiveram uma melhor compreensão do princípio alfabético do
que os outros. "Estes exercícios também facilitam o reconhecimento das letras
espelho, porque o fato de traçar as letras com os dedos ajuda a diferenciar ", completa
a psicóloga envolvida no processo.
Apesar de ser um novo método, ele já vem evidenciando melhoras na forma de
aprender, pois nesta idade o toque é um dos sentidos mais desenvolvidos. Conforme
Edouard Gentaz: “O grande desafio para as crianças do ensino básico é compreender
a relação entre a forma visual de uma letra, que é tratada pelo córtex visual, e os sons
correspondentes, que são tratados pelas zonas auditivas. Para facilitar esta
associação adicionamos a zona de toque. Desta forma, melhoramos a relação entre
a forma visual da letra e o som correspondente. ”
Os professores que cursam a Neuropedagogia estão aprendendo a estimular
novas zonas do cérebro e criar ligações, auxiliando as crianças no reconhecimento
mais eficaz das palavras e procurando errar menos.
Esta descoberta ajuda a explicar um problema comum enfrentado por crianças
quando aprendem o alfabeto muitos deles confundem as letras consideradas
"espelho" como "b" e "d". Esta abordagem "multissensorial" do alfabeto não é em si
uma novidade: a educadora italiana Maria Montessori já recomendou no início do
século XX. Mas Edouard Gentaz e seus colegas foram capazes de provar
cientificamente a sua relevância para as crianças do jardim de infância.
Além deste trabalho pautado na educação sensorial, existe todo outro trabalho
feito com adolescentes procurando desenvolver o controle emocional, pois os
neurocientistas comprovam que os adolescentes são muito dominados pelas
emoções. Então a pergunta é: - Como podem ser controlados? E a resposta veio no
ato de surpreender os alunos para provocar uma ligação, a que os cientistas chamam
de “emoção positiva”.
114
Segundo Dominique Fargues, Professor de Física: “Colocamos um pequeno
vídeo ou uma imagem, por vezes texto, que capta a sua atenção. Imediatamente eles
têm uma emoção positiva e começam a ouvir a aula, é realmente
interessante. Depois, quando se percebe que num determinado ponto estão
distraídos, então, novamente, colocamos um outro vídeo e recriamos uma emoção
positiva entre eles, que dura mais um determinado período de tempo. ”
Quando o cérebro sente uma emoção positiva, libera dopamina, conhecida
como o hormônio do prazer que nos desperta o desejo de aprender. Por outro lado,
se emoções negativas como o estresse ou medo se acumulam no sistema límbico, o
cérebro bloqueia e a informação não circula em direção ao córtex pré-frontal: a casa
da memória de longo prazo e da capacidade de pensar.
Desta forma assustar ou intimidar os estudantes é contra produtivo. A
Neuropedagogia utiliza técnicas de memorização mais eficazes. Por exemplo: Os
alunos estudam determinado texto “O Vermelho e o Negro” de Stendhal e trabalham
por associação de ideias, traçando um “mapa mental”.
O objetivo é ligar o texto a imagens e memórias personalizadas, porque está
provado que o cérebro cria conexões e se lembra da informação mais facilmente.
Então fica a dica: - muita atividade multissensorial, vídeos para criar um estado
emocional positivo e "mapa mental" para criar associações de ideias
115
método), dedicar a ATENÇÃO (para aquilo que se está fazendo, não há como fazer
duas coisas ao mesmo tempo, pois nosso foco fica alternando entre uma coisa e outra)
e o principal é a MOTIVAÇÃO (se o indivíduo não tiver interesse, poderá até praticar,
mas o resultado não será tão eficiente).
116
15 BIBLIOGRAFIA
Aamodt, S.; Wang, S. (2009). Bem-vindo ao seu cérebro. São Paulo: Editora
Pensamento Cultrix.
Bailey jr., D. B.; Bruer, J. T., Symons, F. J.; Lichtman, J. W. (2001). Critical thinking
about critical periods. Baltimore: Paul H. Brookes Publishing Co., Inc.
Barodes, S. H. (1998). Mood genes: hunting for origins of mania and depression. New
York: W. H. Freeman Co.
Barrett, L., Dunbar, R., Lycett, J. (2002). Human evolutionary psychology. Houndmills:
Palgrave Macmillan.
Begley, S. (2008). Treine a mente mude o cérebro. Rio de Janeiro: Editora Objetiva.
Blakemore, S-J., Frith, U. (2005). The learning brain: lessons for education. Oxford:
Blackwell Publishing.
Bransford, J. D., Brown, A. L., Cocking, R. R. (2000). [eds.] How people learn: brain
mind, experience, and school. Washington, DC: national Academy Press.
Bruer, J. T. (1999). The myth of the first three years: a new understanding of early
brain development and lifelong learning. New York: The Free Press.
GIANINI, Tatiana. A mente ao vivo e em cores. REVISTA VEJA. Edição 2311/ Ano
46/ nº 10 / 6 de março de 2013.
118
Herculano-Houzel, Suzana. Sinestesia: ver sons e cheirar imagens não é
doença. Disponível online
em: http://www.suzanaherculanohouzel.com/journal/2009/8/2/sinestesia-ver-sons-e-
cheirar-imagens-no-e-doenca.html
LIEB, J. D.; BECK, S.; BULYK, M. L.; FARNHAM, P.; HATTORI, N.; HENIKOFF, S.;
LIU, X. S.; OKUMURA, K.; SHIOTA, K.; USHIJIMA, T.; GREALLY, J. M. Applying
whole genome studies of epigenetic regulation to study human disease. Cytogenetic
and Genome Research, v. 114, n. 1, p. 1-15, 2006.
119
MIETTO, Vera e BIANCHI, Lana. http://www.projetogatodebotas.org.br/-
artigo: “Dislexia: Como Suspeitar e Identificar Precocemente o Transtorno na
Escola”,2010 acesso em 03-01-2010
Mithen, S. (1998). A pré-história da mente: uma busca das origens da arte, da religião
e da ciência. São Paulo: Editora Unesp.
Revista Cérebro & Mente – O livro do cérebro – no 1 e 2 – São Paulo-SP: Dueto, 2009
Saint-Onge, M. (1999). O ensino na escola: o que é, como se faz. São Paulo: Edições
Loyola.
Silberg, J. (2003). 125 brincadeiras para estimular o cérebro do seu bebê. São Paulo:
Editora Ground.
120
STERNBERG, R. J. & GRIGORENKO, E. L. Inteligência Plena: ensinando e
incentivando a aprendizagem e a realização dos alunos. Porto Alegre: ARTMED,
2003.
VYGOTSKY, L.S.A Formação social da mente. Trad. José Cipólio Neto et al. São
Paulo: 1991.
121